Pavimento urbano de concreto rompe barreiras

Alex Maschio (centro) visita rua urbanizada com blocos de concreto na cidade de Piraquara-PR, junto com comitiva da Paranacidade. Crédito: Sedu/Paranacidade
Alex Maschio (centro) visita rua urbanizada com blocos de concreto na cidade de Piraquara-PR, junto com comitiva da Paranacidade.
Crédito: Sedu/Paranacidade

A ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) tem realizado um trabalho importante para disseminar o uso de pavimento urbano de concreto nos municípios brasileiros. O principal desafio é quebrar barreiras culturais, enraizadas principalmente no poder público, que ainda vê o asfalto como a solução para urbanizar as cidades. Com seminários e treinamento, esses obstáculos começam a ser superados. 

Para reforçar esse trabalho, a ABCP e suas associadas criaram uma comissão que busca difundir nacionalmente o pavimento urbano de concreto. A coordenação está a cargo do engenheiro civil Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da associação, que explica quais objetivos serão buscados com o grupo de trabalho. Veja na entrevista a seguir:

Quais serão as atribuições da comissão criada na ABCP para difundir o pavimento de concreto urbano?
Apesar de termos muitos exemplos no Brasil do uso do pavimento de concreto urbano em vias de menor tráfego, a cultura predominante é o asfalto. Na prática, isso significa que grande parte dos projetistas, empreiteiros e técnicos de prefeitura ainda não vivenciaram o uso do concreto nessa aplicação. Para iniciarem especificação e atividade nessa tecnologia, eles irão precisar de um certo nível de orientação. Nesse quadro, entendemos que seja necessário gerar uma série de especificações e recomendações para que as experiências tenham êxito e tornem a solução tão comum quanto é hoje o asfalto. A comissão tem essa função principal: criar condições para que o pavimento de concreto urbano seja projetado e executado com boa qualidade.

Como se dará o trabalho junto ao poder público e quais os objetivos a serem alcançados?
Temos várias frentes de ação, mas vou destacar as duas principais para 2020: treinar técnicos municipais e gerar vitrines de boa utilização do nosso pavimento. São duas ações que têm vida longa e são independentes do calendário eleitoral. Claro que com o tempo outras ações de promoção, comunicação e normalização serão desenvolvidas.

A comissão também vai buscar soluções técnicas para tornar o pavimento de concreto urbano ainda mais competitivo?
Entendemos a competitividade como um composto de variáveis. Facilitar a realização de projetos a partir de ferramentas de fácil uso, envolver e capacitar cadeias produtivas locais e demonstrar a viabilidade de custo no curto e longo prazo em relação ao asfalto são temas que estão no centro de nosso planejamento. Além disso, estamos avaliando exemplos internacionais que usaram pavimentos de menor espessura.

 “Na Argentina, por exemplo, existe uma tradição de muitas décadas de uso do pavimento de concreto urbano. Lá, especificar concreto é usual.”  

Por que países como Argentina, Chile e México têm o pavimento de concreto urbano como referência, e o Brasil não?

Na Argentina, o conceito de ruas do futuro, sem meio-fio, e que facilita a mobilidade dos pedestres, já é realidade. Crédito: ABCP
Na Argentina, o conceito de ruas do futuro, sem meio-fio, e que facilita a mobilidade dos pedestres, já é realidade.
Crédito: ABCP

Nesse caso, cada país tem sua história e suas variáveis específicas. Na Argentina, por exemplo, existe uma tradição de muitas décadas de uso do pavimento de concreto urbano. Lá, especificar concreto é usual. No México, por outro lado, a história é bem mais recente e o concreto tem sido especificado em muitas obras de requalificação do espaço urbano. No Chile, o uso de soluções mais delgadas parece ser uma arma para que o concreto ganhe mercado. Enfim, aspectos como cultura, presença de uma empresa petrolífera, condição do solo e tecnologia adotada vão caracterizando de forma particular a situação em cada país.

 A comissão passa a ter caráter permanente?
Aqui na ABCP acreditamos muito em parcerias. Há mais de 16 anos adotamos a metodologia de trabalhar plataformas que unem diversos agentes da cadeia produtiva, e que pactuam objetivos comuns. Foi assim na Comunidade da Construção, no trabalho com fabricantes de artefatos e no Grupo Parede de Concreto. O Grupo Parede de Concreto, por exemplo, está junto desde 2007 e é o grande responsável pelo maior salto de ganho de market share da história recente da construção. Hoje já são mais de 140 participantes no Grupo Parede de Concreto. Entre eles, e compartilhando a coordenação conosco, estão a ABESC e o IBTS, ambas entidades que também estão somando forças nessa nova frente. Esse entrosamento e experiência que adquirimos previamente certamente serão facilitadores para a realização dos objetivos do Pavimento Urbano de Concreto. 

Regionais da ABCP também atuam para ajudar a propagar o pavimento rígido

Além do trabalho nacional da ABCP, as regionais da associação também têm papel preponderante na tarefa de propagar o uso do pavimento rígido. No Paraná, o gerente da regional sul da ABCP, o engenheiro civil Alex Maschio, está à frente desse trabalho. Existem também bons resultados no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Na entrevista a seguir, Maschio conta como se dá o convencimento sobre as vantagens do pavimento urbano de concreto. Confira:

O pavimento urbano de concreto, salvo todas as vantagens conhecidas, ainda enfrenta resistência das prefeituras brasileiras por “questões culturais”. Como superar essa barreira?
Apesar de todas as vantagens ambientais e sociais e, principalmente, econômicas, o pavimento de concreto ainda enfrenta certa resistência no ambiente urbano. Não é simples superar uma cultura tão enraizada e construída ao longo de várias gerações. A única forma de vencer essa barreira é por meio da disseminação de conhecimento, através de seminários e treinamentos, mostrando as vantagens do pavimento rígido e, mais importante: desmistificar os paradigmas do custo elevado e da dificuldade de manutenção. Esse é o caminho. Evidentemente, esse trabalho deve vir junto com um forte trabalho institucional junto aos governos municipais, estaduais e federal, exigindo políticas públicas adequadas e que contemplem outras soluções, além do tradicional asfalto. 

Sob o ponto de vista técnico, o pavimento urbano de concreto já está pronto para competir de igual para igual com o asfalto ou ainda faltam avanços?
Está pronto. A solução tem plenas condições técnicas e de competitividade, o que possibilita que seja utilizada com muitos ganhos em qualquer município brasileiro. O ponto é fazer uma comparação justa e séria entre soluções e técnica, e que preze pelo bom uso do recurso público. Óbvio que uma solução não elimina outra. Não existe uma solução única. Há espaço para todas as boas soluções técnicas e devemos prezar pela engenharia do processo. De qualquer forma, avanços e evolução tecnológica sempre são necessários e bem-vindos. Essa é uma busca constante por parte da indústria do cimento.

No Paraná, parece haver cases bem consolidados e boa parte dos municípios já está ciente das vantagens do pavimento urbano de concreto. Como se deu esse trabalho de conscientização?
O trabalho está avançando. Por conta de uma parceria com o Governo do Estado (através de Termo de Cooperação Técnica com o Paranacidade) a ABCP está promovendo treinamentos específicos para os técnicos (engenheiros, arquitetos e gestores) de todos os municípios do Estado. Esses treinamentos ocorrem via associações de municípios e têm o propósito de desmistificar o pavimento de concreto como solução para vias urbanas. Para se ter ideia, em 2019 foram realizados 7 treinamentos, dos quais participaram 304 profissionais de 129 prefeituras diferentes. A meta para 2020 é atingir todos os 399 municípios do Paraná. Esses treinamentos começam a gerar resultados e já há cases definidos em Guaíra, Ponta Grossa, Araucária e Fazenda Rio Grande, que devem ser executados ainda no primeiro semestre. 

“Não é mais aceitável investir em soluções mais caras e que tenham menor durabilidade, como o asfalto.”

Nos outros estados, como está esse trabalho?

Em Cachoeiro do Itapemirim-ES, a prefeitura rompeu paradigmas e decidiu urbanizar as ruas de bairros com pavimento de concreto. Crédito: PMCI
Em Cachoeiro do Itapemirim-ES, a prefeitura rompeu paradigmas e decidiu urbanizar as ruas de bairros com pavimento de concreto.
Crédito: PMCI

Para cada estado há uma estratégia diferente em função das possibilidades existentes. No Paraná, existe o fato de o organismo responsável por grande parte dos financiamentos de infraestrutura aos municípios (Paranacidade) interessar-se pela tecnologia, o que facilitou muito a evolução. Mas essa realidade não se repete na maioria dos Estados, necessitando a existência de outras estratégias. De qualquer maneira, cases começam a surgir. Entre os quais, podemos destacar os de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, e Rio de Janeiro.

Ao que parece, o foco da ABCP para disseminar o pavimento urbano de concreto está concentrado primeiramente nos municípios pequenos e médios. Há alguma razão para isso?
Estamos trabalhando todas as possibilidades, inclusive as grandes cidades. Ocorre que, invariavelmente, os grandes municípios estão aparelhados para o asfalto (possuem usinas, equipamentos, estrutura de manutenção, etc) dificultando ainda mais a geração de cases para o pavimento de concreto urbano. Além disso, agrega dificuldade também o suposto entendimento de que dentro das grandes prefeituras há especialistas com conhecimento suficiente de todas as soluções e técnicas disponíveis no mercado, o que nem sempre se confirma. Já nas cidades pequenas e médias, por sua vez, além de uma incidência menor desse aparelhamento para o asfalto, normalmente há uma melhor receptividade, facilitando o acesso.

O ano de 2020 envolve as eleições municipais. O pavimento urbano de concreto vai entrar na pauta das discussões para a melhoria das cidades?
Precisa entrar na pauta. Não é mais aceitável que continuemos a investir em soluções mais caras e que tenham menor durabilidade, sem que nada seja feito. A própria Constituição Federal de 1988 - Lei Maior que rege nosso país - traduz isso em dois princípios: 1) Princípio da Eficiência: “O serviço público deve ser prestado de forma rápida e eficiente, sem onerar os cofres públicos ao ponto de causar desperdícios”; 2) Princípio da Economicidade: “Obtenção do melhor resultado estratégico possível de uma determinada alocação de recursos financeiros”. Olhando de forma direta para a questão da pavimentação, com a atual condição de preço do asfalto e sua altíssima manutenção, podemos dizer que os municípios que não olharem atentamente para pavimentos mais duradouros e de baixo custo inicial, como o de concreto, podem estar descumprindo a lei, o que é gravíssimo do ponto de vista administrativo. Isso pode gerar sérias sanções por parte dos organismos competentes.

Entrevistados
Engenheiros civis Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da ABCP, e Alex Maschio, gerente da regional sul da ABCP

Contatos
valter.frigieri@abcp.org.br
alexsander.maschio@abcp.org.br
www.abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Maior edifício em 3D do mundo é inaugurado em Dubai

Canteiro de obras do prédio serviu como um laboratório para aperfeiçoar a impressão 3D em concreto. Crédito: Apis Cor
Canteiro de obras do prédio serviu como um laboratório para aperfeiçoar a impressão 3D em concreto.
Crédito: Apis Cor

Um prédio público com 6.400 m2, que abrigará parte da burocracia da prefeitura de Dubai, foi finalizado no final de janeiro de 2020 e se transformou na maior edificação do mundo construída com impressão 3D em concreto. Superou o prédio de 5 pavimentos erguido em 2015 na cidade chinesa de Shuzhou, e que usou a mesma tecnologia.  

A empresa que gerenciou a impressão foi a startup Apis Cor, com sede em Boston-EUA.  Apesar da tecnologia 3D, o projeto utilizou sistemas convencionais de construção. A fundação usou concreto armado, assim como o radier em que foram assentadas as paredes, os pilares e as vigas. As colunas que sustentam a edificação também foram viabilizadas com concreto armado.

Junto com a tecnologia 3D, projeto utilizou sistemas convencionais de construção. Crédito: Apis Cor
Junto com a tecnologia 3D, projeto utilizou sistemas convencionais de construção.
Crédito: Apis Cor

A impressora 3D atuou diretamente no canteiro de obras e concentrou-se em erguer as paredes de vedação e estruturais, utilizando uma argamassa que misturou cimento, gesso, água e areia refinada. Foram deixados os espaços para a cofragem, que foi preenchida manualmente com concreto armado. Já as lajes usadas na obra são pré-fabricadas. 

Para a Apis Cor, o canteiro de obras do prédio público de Dubai serviu também como um laboratório, pois antes de a construção iniciar foi realizado um P&D dedicado a testar o material que seria usado na impressora, a fim de ver se ele resistia às condições climáticas adversas dos Emirados Árabes Unidos. 

Obra permite aperfeiçoar várias etapas das construções que usam impressoras 3D

Todo o processo de construção ocorreu em área descoberta, com o objetivo de testar o impacto dos requisitos críticos do ambiente sobre os materiais usados na impressora 3D. O projeto utilizou a ferramenta BIM para os cálculos estruturais, que levaram em consideração os seguintes fatores: ações sísmicas, ações verticais, estudos do solo, análise modal, efeitos de torção acidentais, forças de cisalhamento, deslocamentos e forças internas das estruturas.

Prédio público de Dubai tem 6.400 m2 e se tornou o maior do mundo a ser construído com impressão 3D em concreto. Crédito: Apis Cor
Prédio público de Dubai tem 6.400 m2 e se tornou o maior do mundo a ser construído com impressão 3D em concreto.
Crédito: Apis Cor

Para Nikita Cheniuntai, CEO e fundadora da Apis Cor, a obra em Dubai permitirá aperfeiçoar várias etapas das construções que utilizam impressoras 3D. “A tecnologia de impressão 3D para construção está apenas nos estágios iniciais de desenvolvimento. O projeto em Dubai nos deu conhecimento e experiência inestimáveis para melhorar nossa tecnologia e desenvolver uma nova versão de nossa impressora 3D”, diz.

A CEO da Apis Cor ainda avalia que a versão aprimorada da impressora 3D será mais confiável e eficiente em termos de tempo. “Trabalhamos para que ela seja duas vezes mais rápida. Além disso, o projeto de Dubai permitiu chegar a uma argamassa mais eficaz. Foi um grande avanço na indústria de impressão 3D em concreto", completa.

Dubai atualmente é o que mais investe em projetos de construção 3D. Até 2030, o objetivo do governo local é substituir 1/4 dos atuais edifícios públicos por construções erguidas 100% com a tecnologia 3D em concreto. A razão é a redução de custos. Pelos cálculos, o tempo necessário para construir cairá em 80%, assim como o uso de mão de obra, que pode ser minimizada em até 70%. Com isso, estima-se que o valor de cada obra ficará até 90% menor.

Veja vídeo sobre a construção do edifício, com uso de tecnologia 3D

Entrevistado
Apis Cor (via assessoria de imprensa)

Contato
press@apis-cor.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Vinícolas optam pelo concreto para obter vinho mais puro

Barris em formato oval são os mais utilizados pelos vinicultores, principalmente na França e nos Estados Unidos. Crédito: Barrel+Ink
Barris em formato oval são os mais utilizados pelos vinicultores, principalmente na França e nos Estados Unidos.
Crédito: Barrel+Ink

A ideia não é nova. Já no século 19, vinícolas francesas armazenavam vinho em tonéis de concreto. Agora, em pleno século 21, o material volta a conquistar vinicultores e enólogos, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. A alegação é que a fermentação, o amadurecimento e o armazenamento em tanques de concreto geram um vinho mais puro, por causa da micro-oxigenação. Os barris de carvalho e de aço inoxidável também possibilitam esse processo, mas influenciam no aroma e no sabor do vinho. 

O que mudou nas experiências de armazenar vinho em recipientes de concreto foi a tecnologia de fabricação dos tonéis e a produção do material, que transfere cada vez menos impurezas à bebida. Na França, na região de Borgonha, está o principal produtor de barris de concreto do mundo. A Nomblot exporta seus artefatos em formato oval, cilíndrico, cônico ou poliédrico. Cada um atende a diferentes variedades de vinhos. No entanto, boa parte dos compradores da Nomblot prefere o tonel em formato oval.

As vantagens são explicadas por alguns vinicultores dos Estados Unidos, que são os principais compradores dos barris de concreto. "O concreto permite a oxigenação gradual do vinho, semelhante aos barris de carvalho, mas sem os sabores adquiridos dos barris de carvalho", diz James Mantone, da Syncline Wine Cellars. Já Mike MacMorran, da Mark Ryan Winery, trocou reservatórios de aço inoxidável pelos de concreto. “O concreto produz vinhos com um perfil aromático mais fresco e limpo, semelhante ao aço inoxidável, porém sem as sensações de palato mais severas e mais duras que recebemos do aço inoxidável”, revela.

Tonéis de concreto são pré-moldados com espessura de 10 centímetros

Barris cilíndricos também são usados para a produção de vinhos, competindo com tonéis de carvalho e de aço inoxidável. Crédito: Jonathan Cristaldi
Barris cilíndricos também são usados para a produção de vinhos, competindo com tonéis de carvalho e de aço inoxidável.
Crédito: Jonathan Cristaldi

Os maiores elogios aos barris de concreto vêm dos produtores de vinhos brancos. “O cubo de concreto nos proporciona uma fermentação lenta e fria”, observa Chris Dowsett, que também é vinicultor norte-americano. Para chegar à excelência que os tonéis de concreto exigem, os fabricantes pré-moldam o material com espessura de 10 centímetros. Na parte interna, os barris recebem revestimento neutro de epóxi, que é aplicado a frio e sem solvente. 

Assim, o tanque é capaz de manter uma temperatura constante de forma natural, mesmo durante os picos de calor gerados pela fermentação. Isso só é possível porque o concreto é um isolante térmico. No caso dos barris fabricados pela Nomblot, eles não utilizam aditivos químicos. Para produzir o concreto, usam areia e seixos de rios selecionados, além de água mineral não clorada e cimentos da categoria CP-II.

Quanto às eventuais desvantagens dos barris de concreto, estão o custo da importação - comparável aos melhores tonéis de carvalho -, a movimentação dos tonéis na vinicultura, já que eles precisam de empilhadeiras especiais, e uma técnica mais exigente de limpeza. Elementos como água com muito cloro devem ser evitados, por causa das patologias que podem ser desencadeadas no concreto. No entanto, são adversidades que os produtores assimilam por perceber que os barris de concreto asseguram maior pureza e qualidade ao produto.

Entrevistado
Winepedia e Nomblot Concrete Wine Tanks, pertencente ao grupo Beton Concept (via assessoria de imprensa)

Contato
winepedia@wine.com.br
contact.helicave@beton-concept.fr

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Era digital impõe novos desafios à arquitetura

Arquitetura digital incorpora Inteligência Artificial e Realidade Virtual aos projetos. Crédito: Reprodução
Arquitetura digital incorpora Inteligência Artificial e Realidade Virtual aos projetos.
Crédito: Reprodução

A arquitetura também chega à era digital. Assim como o BIM revoluciona a engenharia civil, existem softwares que modificam a forma de projetar e que exigem dos arquitetos cada vez mais interação com novas tecnologias. Esses programas personalizam projetos e são capazes de - eles mesmos - alterarem cômodos e refazerem cálculos para ajustar hidráulica e elétrica às mudanças propostas pelos clientes. É a chamada arquitetura digital, um processo que une os conhecimentos arquitetônicos com o uso intensivo da Tecnologia da Informação (TI). 

Para se integrar a essa nova realidade, o arquiteto precisa imergir no campo da tecnologia e ter desempenho multidisciplinar. Por isso, o programa Sebrae Inteligência Setorial elaborou um miniguia sobre “o que é a arquitetura digital”. Ele sugere que os profissionais desenvolvam as seguintes habilidades: saber coordenar, melhorar a comunicação, ter ampla formação multidisciplinar e domínio da tecnologia digital.

Sob o ponto de vista do cliente, a arquitetura digital permite a realização de testes que mostram a viabilidade das ideias e sua aplicabilidade. Possibilita ainda avaliar o comportamento de um elemento em uma unidade residencial e verificar cada hipótese em diferentes fases, independentemente da dimensão do projeto. Isso garante uma relação mais integrada entre o usuário e o criador do espaço.

Duas novas tecnologias estão no escopo da arquitetura digital: Inteligência Artificial e Realidade Virtual. Elas permitem refazer projetos automaticamente, asseguram maior precisão no volume e nas especificações dos materiais e, consequentemente, reduzem custos e geram ganho de tempo. Além disso, os softwares que incorporam essas inovações podem ser municiados com informações sobre o preço dos materiais empregados e, de imediato, calcularem quantidades e valores. Sem contar que os programas possibilitam que os arquitetos tenham mais tempo para se dedicar à criação.

Google é o que mais oferece produtos voltados para a arquitetura digital

Estima-se que o uso da arquitetura digital gere 20% de economia no custo final de um projeto, segundo dados do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo). Por isso, a tecnologia é requisitada em licitações de empresas estatais e das forças armadas, que exigem que as propostas incorporem ferramentas de arquitetura digital, pelas facilidades de execução, acompanhamento de todas as fases do processo e de fiscalização que elas possibilitam. 

Entre as chamadas Big Techs, o Google é o que mais concentra esforços para atuar na arquitetura digital. A empresa já disponibiliza diversos produtos que apresentam simulações de projetos. Entre os arquitetos, o pioneiro no uso dessas ferramentas é Frank Gehry, que em 1992 criou seu próprio software: o Digital Project. Ele usou o programa para projetar o edifício que é considerado o primeiro da era da arquitetura digital, o Beekman Tower. Trata-se de um prédio residencial com 76 andares, localizado em Manhattan, Nova York-EUA. A edificação foi inaugurada em 2011.

Veja o miniguia completo sobre arquitetura digital

Assista ao vídeo-demonstração de arquitetura digital

Entrevistado
Reportagem com base no miniguia elaborado pelo programa Sebrae Inteligência Setorial, sobre arquitetura digital

Contato
imprensa@sebrae.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Síndrome do edifício doente: entenda o que é isso

Sistema de ar-condicionado sem manutenção e estanqueidade das janelas desencadeiam a síndrome do edifício doente. Crédito: Banco de Imagem
Sistema de ar-condicionado sem manutenção e estanqueidade das janelas desencadeiam a síndrome do edifício doente.
Crédito: Banco de Imagem

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 60% dos escritórios no mundo não se enquadram na categoria de arquitetura saudável, ou seja, os prédios onde estão instalados sofrem da síndrome do edifício doente. É quando uma edificação tem problemas com alta umidade, acúmulo de sujeira e poeira, infiltrações e estanqueidade excessiva em relação à qualidade do ar.

Para combater esse mal, engenheiros civis, arquitetos, profissionais de medicina e outros especialistas ligados à saúde se uniram para criar conceitos de arquitetura saudável. Trata-se de medidas que são levadas em conta quando se elabora o projeto de uma edificação. Entre elas, tratamento de temperatura dos ambientes, umidade, luz e tudo que possa influenciar diretamente na vida dos usuários de um ambiente construído.

A concentração de profissionais envolvidos com os estudos sobre a síndrome do edifício doente levou à criação da certificação Healthy Building Certification (HBC). Vinculado à Universidade da Flórida, o HBC concentra-se na tese de que é preciso “projetar de forma saudável”. “Projetar com a arquitetura saudável requer responsabilidades, como uso racional da energia, valorização da sustentabilidade, planejamento ambiental, ergonomia, acessibilidade, paisagismo e materiais responsáveis”, diz a cartilha da certificação.

O HBC se expande nos Estados Unidos, e começa a chegar ao Brasil. O primeiro certificado no país é o biólogo Allan Lopes, fundador do Instituto Brasileiro de Biologia da Construção. Ele também integra organizações internacionais voltadas para o tema e ressalta a importância de engenheiros civis e arquitetos estarem conectados com o conceito de arquitetura saudável. “O profissional se torna diferenciado e aumenta sua competitividade no mercado. Também pode atuar em consultorias e agregar inovações aos projetos”, diz.

Certificações possuem índices que detectam a síndrome do edifício doente

As certificações HBC e WELL defendem que as edificações sejam construídas pensando no bem-estar de seus usuários. Crédito: Banco de Imagem
As certificações HBC e WELL defendem que as edificações sejam construídas pensando no bem-estar de seus usuários.
Crédito: Banco de Imagem

A GBC Brasil, que faz a gestão da certificação LEED no país, também possui um segmento que atua com arquitetura saudável. A certificação WELL Building Standard, por exemplo, é complementar à LEED. A ferramenta foi desenvolvida para atender as demandas por qualidade de vida, saúde e produtividade, aliadas à sustentabilidade ambiental dentro dos espaços construídos. 

Segundo Paul Scialla, diretor do WELL Building Institute, a certificação WELL abrange 7 categorias relevantes para a saúde e bem-estar dos usuários de edificações: ar, água, alimento, luz, fitness, conforto e mente. “Espaços certificados WELL podem ajudar a criar um ambiente construído que melhora a alimentação, a condição física, o humor, os padrões de sono, e o desempenho de seus ocupantes”, afirma. 

Todas as certificações possuem índices que detectam se uma construção está com a síndrome do edifício doente. Com relação à umidade, se o ambiente estiver com percentual acima de 45%, ele já começa a desenvolver mofo e é considerado “doente”. Quanto à poeira e sujeira, o maior transmissor desses elementos para dentro do ambiente são os calçados. Por isso, cuidado. Infiltrações e vazamentos são igualmente nocivos para prédios e casas e podem “transmitir” doenças aos usuários, através da umidade. Por fim, a estanqueidade também é um problema, pois impede a ventilação natural do ambiente.   

Saiba mais sobre as certificações Healthy Building Certification e WELL Building Institute.

Entrevistado
Healthy Building Certification (HBC) e WELL Building Standard (via departamentos de comunicação)

Contato
contact@hbcertificate.com
media@wellcertified.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Ponte de 45 km pode unir Escócia e Irlanda do Norte

Arquiteto Alan Dunlop foi o primeiro a esboçar no papel como poderá ser a ponte entre Escócia e Irlanda do Norte. Crédito: Alan Dunlop Architects
Arquiteto Alan Dunlop foi o primeiro a esboçar no papel como poderá ser a ponte entre Escócia e Irlanda do Norte.
Crédito: Alan Dunlop Architects

O primeiro-ministro Boris Johnson encomendou ao governo britânico o projeto de uma ponte que possa unir Escócia e Irlanda do Norte. Estima-se que o custo da obra varie entre 15 bilhões e 20 bilhões de libras - cerca de 90 bilhões e 120 bilhões de reais. Apesar do alto valor, o principal obstáculo para viabilizar o projeto é o tempestuoso Mar da Irlanda, com águas revoltosas, profundidades que chegam a 300 metros e pontos que se transformaram em verdadeiros campos minados, pela quantidade de bombas não-detonadas dos tempos da Segunda Guerra Mundial. 

Por isso, alguns engenheiros contrários à obra dizem ser mais fácil construir uma “ponte para a Lua” do que uma que ligue Escócia e Irlanda do Norte. Uma das alegações é que os pilares teriam que ficar a mais de 400 metros acima da lâmina d’água, para suportar o impacto das águas sobre as estruturas de concreto. Essa tese considera que a ponte uniria os pontos mais próximos entre os dois países, e que estão 19 quilômetros um do outro. Outros engenheiros avaliam que a melhor rota para a ponte seria entre Larne, na Irlanda do Norte, e Portpatrick, na Escócia, separadas por 45 quilômetros. O trecho é o menos acidentado do Mar da Irlanda.

Os que apoiam o projeto avaliam que a obra deveria seguir o modelo da ponte Öresund, que liga Suécia e Dinamarca e alterna trechos de ponte estaiada e túnel submarino ao longo de 16 quilômetros. Mas o mais ferrenho defensor da ponte - depois de Boris Jonhson - entende que a engenharia e a arquitetura britânica não precisam copiar nenhum projeto.  “Temos o talento da engenharia e da arquitetura e a capacidade de construir esse projeto com nossa própria inspiração”, diz o arquiteto Alan Dunlop, um dos mais respeitados do Reino Unido.

Tecnologia das plataformas marítimas de petróleo seria solução para cruzar o Dique de Beaufort

Dunlop é professor de arquitetura na Robert Gordon University, em Aberdeen, e foi o primeiro a esboçar no papel como poderá ser a ponte. O arquiteto também fez uma defesa veemente da obra na Urbanism at Borders Global Conference, realizada em outubro de 2019, em Málaga-Espanha. Alan Dunlop entende que o traçado entre Larne e Portpatrick é o ideal e ataca os que criticam a obra só porque ela foi idealizada pelo primeiro-ministro Boris Jonhson.  “É preciso separar os méritos arquitetônicos, econômicos e de engenharia do ressentimento em relação a Boris Johnson", diz.

Ainda segundo Alan Dunlop, o maior desafio da estrutura seria vencer o Dique de Beaufort, uma trincheira marítima com 300 metros de profundidade e localizada bem no meio do percurso imaginário da ponte. Para ele, a solução da engenharia está nas plataformas marítimas de petróleo. “A parte acima do dique teria que flutuar, mas seria amarrada ao fundo, como uma plataforma de petróleo”, sugere. “Existem desafios geológicos e ambientais a serem superados, mas que a engenharia e a arquitetura britânicas saberão encontrar a solução”, conclui.

Entrevistado
Governo do Reino Unido (via assessoria de imprensa)
Alan Dunlop Architects (via assessoria de imprensa)

Contato
pressoffice@cabinetoffice.gov.uk
ad@alandunloparchitects.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Otimismo do varejo da construção é maior na região Sul

Para 79% dos pequenos e médios lojistas dos estados do Sul, as grandes redes de home centers da construção não ameaçam seus negócios. Crédito: Banco de Imagens
Para 79% dos pequenos e médios lojistas dos estados do Sul, as grandes redes de home centers da construção não ameaçam seus negócios.
Crédito: Banco de Imagens

Pesquisa do Instituto Quorum Brasil, que avalia as expectativas do varejo da construção civil para 2020, mostra que os lojistas da região Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) são os mais otimistas quanto à percepção de que os negócios vão crescer “acima do esperado” ou “muito acima do esperado” esse ano. Para 67% dos lojistas consultados no Sul existe essa confiança, dos quais 23% são muito otimistas na comparação ao volume de vendas de 2019 e 44% são otimistas.

Outros 32% dos varejistas de materiais de construção da região Sul disseram estar confiantes de que os negócios em 2020 ficarão “dentro da média de 2019”. Apenas 1% respondeu que as vendas ficarão “muito abaixo de 2019”. Esse pequeno pessimismo se repete entre os comerciantes das regiões Norte e Nordeste. Já Sudeste e Centro-Oeste têm um menor nível de otimismo. Na região que engloba Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, 3% avaliam que o varejo da construção civil venderá “muito abaixo de 2019” e 9% dizem que ficará “abaixo de 2019”.

No Centro-Oeste do Brasil, 51% acreditam que os negócios em 2020 terão o mesmo volume de 2019 e 37% estimam que as vendas ficarão acima ou muito acima das registradas no ano passado. Já no Sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo), são 44% que veem os negócios “acima de 2019” e 23% “muito acima de 2019”. Outro dado trazido pela pesquisa é que, independentemente da região do país, as lojas de varejo com mais de 15 anos de atuação no mercado são mais otimistas do que as que possuem menos de 15 anos.   

Também há um otimismo maior nas lojas que têm mais de 10 funcionários. Nesse segmento, 72% se mostram esperançosas com os bons negócios em 2020 contra 51% dos varejos com menos de 10 funcionários. A pesquisa frisa que “quanto maior o porte da loja maior o otimismo”. Por isso, o levantamento também quis saber como os pequenos varejistas enxergam a concorrência dos home centers. 

Grande maioria dos comerciantes admite que não compartilha informações com fornecedores

A pergunta feita na pesquisa foi a seguinte: “Você tem receio de que as grandes redes de home centers venham a engolir e tomar espaço de lojas como a sua no futuro?”. No Sul, 79% disseram que não; no Norte-Nordeste, 88%, e no Centro-Oeste, 94% também responderam não. Apenas o Sudeste teve uma resposta contrária: 74% dos pequenos varejistas da região se sentem ameaçados pelos home centers contra 26% que não veem ameaça.

A pesquisa também abrangeu questões como gestão de negócios e relação com fornecedores. Quanto à gestão, a maioria admitiu que não usa os benefícios da tecnologia para melhorar as vendas, como um software de gestão, por exemplo. A grande maioria também admitiu que não compartilha informações sobre suas vendas e estoques com fabricantes de materiais para construção. No Sul, essa falta de troca de dados abrange 71%; no Norte-Nordeste, 81%; no Centro-Oeste, 77%, e no Sudeste, 64%. 

Para os varejistas, três quesitos são relevantes para que eles demonstrem fidelidade a um fornecedor: qualidade dos produtos (41%), prazo de pagamento (33%) e prazo de entrega (26%).

Confira todos os dados da pesquisa

Entrevistado
Reportagem com base na pesquisa “Varejo da Construção Civil – Expectativas para 2020”, do Instituto Quorum Brasil

Contato
faleconosco@quorumbrasil.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Concretagem especial: quais cuidados devem ser tomados

Sergio Botassi: concretagem especial precisa de cuidados diferenciados na usinagem, no transporte, no lançamento, no adensamento e na pós-concretagem. Crédito: Vimeo/Instituto de Engenharia
Sergio Botassi: concretagem especial precisa de cuidados diferenciados na usinagem, no transporte, no lançamento, no adensamento e na pós-concretagem.
Crédito: Vimeo/Instituto de Engenharia

O engenheiro civil Sergio Botassi dos Santos, autor e coautor de quatro livros relacionados com estruturas de concreto, e publicados pelo Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), é um estudioso de concretagens especiais. Para promover seu mais recente trabalho - “Cálculo Térmico em Estruturas de Concreto” - ele palestrou recentemente no Instituto de Engenharia, em São Paulo-SP, onde fez a abordagem de fundamentos como comportamento térmico, controle do risco de fissuração, ações mitigatórias preventivas e estudo de casos.

Botassi começou sua exposição esclarecendo o que é uma concretagem especial. “Trata-se do material que precisa de cuidados diferenciados na usinagem, no transporte, no lançamento, no adensamento e na pós-concretagem. São também os casos em que os requisitos não estão explicitamente detalhados nas normas técnicas que tratam do concreto moldado in loco, que são a ABNT NBR 7212 (Execução de concreto dosado em central - Procedimento), a ABNT NBR 12655 (Concreto de Cimento Portland - Preparo, controle e recebimento) e a ABNT NBR 14931 (Execução de Estruturas de Concreto - Procedimento)”, diz. 

Obras que utilizam concreto autoadensável, concreto de baixa retração e concreto de alta resistência estão no grupo de concretagens especiais. Da mesma forma, os concretos que utilizam macrofibras, aditivos especiais, adições especiais, gelo e pérolas de EPS. Estão ainda nesta categoria as estruturas diferenciadas. “Hoje, por conta dos projetos de edifícios altos, é comum ter fundações cada vez mais robustas. Blocos com 300 m3 de concreto se tornaram corriqueiros nessas obras, e isso requer cuidados especiais”, afirma.

Outros elementos que devem ser tratados como concretagens especiais são os pilares-paredes, os pisos especiais, as concretagens em camadas e as concretagens noturnas. Nestes casos, podem ocorrer os chamados problemas térmicos, capazes de desencadear patologias no material. Por isso, Sergio Botassi apresentou formas que podem mitigar o risco térmico, que vão desde melhorias nas especificações técnicas do concreto até o uso de gelo para controlar a elevação de temperatura do material.

Case em Goiânia-GO foi agraciado com o ACI Excellence in Concrete Construction Awards

Concretagem das fundações de um centro comercial em Goiânia-GO rendeu premiação da ACI, em 2018. Crédito: Construtora Consciente
Concretagem das fundações de um centro comercial em Goiânia-GO rendeu premiação da ACI, em 2018.
Crédito: Construtora Consciente

Em sua palestra, o engenheiro civil mostrou também os desperdícios que ocorrem quando a obra não possui equipes preparadas para receber concretos especiais. Um fato corriqueiro, disse, é quando os operários vibram o concreto autoadensável. “O uso de concreto autoadensável requer cuidados que muitas vezes são negligenciados. Tratá-lo como concreto convencional na execução é um erro que pode trazer segregação, exudação e outras patologias”, alerta. 

Botassi ainda deixou claro que o planejamento da concretagem, antes de sua execução, é essencial para que as estruturas não venham a apresentar problemas. Foi o que o engenheiro civil fez ao prestar consultoria técnica para as obras do Nexus Shopping and Business, em Goiânia-GO. A concretagem foi premiada em 2018 com o ACI Excellence in Concrete Construction Awards, na categoria de edifícios altos. 

A edificação conta com 3 torres, com a maior atingindo 158 metros de altura. O volume de concreto chegou a 55 mil m3, com o uso de concreto armado e concreto protendido. O que rendeu a premiação da ACI (American Concrete Institute) foram as simulações em computador para que o processo de concretagem das fundações não sofresse risco térmico e fosse imunizado de Reações Álcali-Agregado (RAA), por causa do tipo de solo onde o complexo comercial foi construído.

Assista a íntegra da palestra do engenheiro civil Sergio Botassi dos Santos 

Entrevistado
Reportagem com base na palestra do engenheiro civil Sergio Botassi dos Santos, no Instituto de Engenharia

Contato
site@iengenharia.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Nunca esteve tão bom financiar a compra da casa própria

Cada ponto percentual que cai nos juros do financiamento representa até 8% a menos no valor da parcela da casa própria. Crédito: Banco de Imagens
Cada ponto percentual que cai nos juros do financiamento representa até 8% a menos no valor da parcela da casa própria.
Crédito: Banco de Imagens

A taxa Selic, que é referência para definir os juros do financiamento habitacional, está no nível mais baixo da história (4,25%). Isso levou os bancos a se voltarem para quem quer comprar a casa própria, criando novos produtos. Já existem instituições dispostas a financiar 90% do valor do imóvel, ou seja, o contratante só precisa ter 10% dos recursos para dar a entrada e pegar as chaves em mãos. Atualmente, a maior taxa de juros entre os bancos que operam com esse tipo de financiamento é de 7,30% ao ano. E a tendência é de redução. 

De acordo com analistas de mercado, cada ponto percentual que cai nos juros do financiamento representa até 8% a menos no valor da parcela da casa própria. Por isso, os observadores estimam que nunca esteve tão em conta financiar a compra de um imóvel. A percepção do consumidor é a mesma, como indica pesquisa do índice FipeZap, divulgada em fevereiro de 2020. Dos entrevistados, 38% disseram que têm intenção de comprar imóveis nos próximos meses. Na pesquisa anterior, de 2019, esse percentual era 26%.

Segundo o diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, os financiamentos imobiliários são de “alto valor e de longo prazo”. “Por isso, qualquer redução de juros, por menor que seja, sempre traz benefícios ao consumidor”, diz. De olho no aquecimento do mercado, a Caixa Econômica Federal lançou uma modalidade nova para quem busca comprar a casa própria: o crédito habitacional com taxa fixa.

As condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados, com quota de financiamento de até 80% do valor da unidade. O cliente poderá escolher entre os sistemas de amortização SAC (com parcelas decrescentes), para contratos de até 360 meses, ou Price (parcelas fixas), para financiamento de até 240 meses. As contratações estão disponíveis desde 21 de fevereiro, com juros de 8% a 9,75% ao ano, dependendo do tempo de financiamento e do relacionamento do cliente com o banco.

Caixa Econômica agora tem 3 modalidades de financiamento imobiliário

Agora, a Caixa tem 3 modalidades de financiamento imobiliário. Além da taxa fixa, oferece o crédito habitacional corrigido pela inflação, cujos juros que variam de 2,95% a 4,95%, e o tradicional crédito pela TR, com taxas que vão de 6,5% a 8,5%. Já os demais bancos com abrangência nacional continuam trabalhando com o crédito indexado pela TR e juros maiores que os praticados pela Caixa Econômica Federal. Veja:

Itaú
- Taxa mínima de juro para as linhas de crédito imobiliário a partir de 7,45% ao ano + Taxa Referencial (TR), variando de acordo com o perfil do cliente e do imóvel.
- Percentual de financiamento: até 82% do valor do bem.
- Tempo máximo de parcelamento: 360 meses.

Banco do Brasil
- Taxas a partir de 3,45% ao ano + IPCA ou 7,20% ao ano + TR, recentemente revisadas após as últimas quedas da Selic.
- Financia até 80% do valor de avaliação de imóveis residenciais e comerciais nas linhas do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e da Carteira Hipotecária.

Bradesco
- Taxas têm como banda mínima TR + 7,30 % ao ano.
- Limite de financiamento é de 80%.
- Pagamento em até 360 meses.

Santander
Taxa mínima de juros pode chegar a 7,99% ao ano + TR.
Financia até 90% do valor de imóveis residenciais na modalidade de parcelas atualizáveis (Sistema de Amortização Constante, o SAC).
- Financiamentos são parceláveis em até 420 meses.

Entrevistado
Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (via assessoria de imprensa)
Caixa Econômica Federal (via assessoria de imprensa)

Contato
eventos@anefac.org.br
impre​nsa@ca​ixa.gov.br

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Automação tende a ampliar vagas femininas na construção

Mulheres na construção civil tendem a ocupar mais vagas, conforme novas tecnologias forem chegando ao canteiro de obras. Crédito: ONU
Mulheres na construção civil tendem a ocupar mais vagas, conforme novas tecnologias forem chegando ao canteiro de obras.
Crédito: ONU

Recente relatório do McKinsey Global Institute (MGI) aborda o futuro das mulheres no mercado de trabalho e traz um capitulo especial sobre a participação feminina na construção civil. O estudo faz projeções até 2030 e estima que com a automação dos canteiros de obras, a industrialização dos sistemas construtivos e o incremento de ferramentas de projetos e de gestão, como o BIM, o setor tende a empregar mais mulheres.

O documento, intitulado “O futuro das mulheres no trabalho: transições na era da automação", detecta que a ocupação de mulheres em funções antes essencialmente masculinas se dará mais nas economias emergentes, em especial na índia e na China. “Na Índia e na China, as mulheres serão super-representadas em setores como manufatura e construção civil, em comparação ao cenário atual dessas economias”, diz o relatório.

A pesquisa faz uma projeção mundial utilizando tendências que acontecem em 10 países, dos quais 6 são economias maduras (Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) e 4 emergentes (China, Índia, México e África do Sul). Juntas, elas representam praticamente metade da população mundial e cerca de 60% do PIB global. O levantamento conclui que a participação da mão de obra feminina na construção civil pode crescer até 10% nos próximos 10 anos.

Atualmente, o gênero feminino ocupa 15% dos cargos na construção civil global. No Brasil, esse percentual é menor. Segundo o mais recente estudo do IBGE, com data de 2018, as mulheres ocupam 10,5% das vagas no setor, apesar de o mercado de trabalho ter crescido 120% em 11 anos. Em 2007, existiam 109.006 trabalhadoras registradas na construção civil; em 2018, eram 239.242. Com cursos profissionalizantes, elas preenchem mais as vagas de azulejista, pintura e eletricista. 

Mulher ocupará áreas como Inteligência Artificial, sustentabilidade e gestão de recursos 

Segundo o estudo da McKinsey Global Institute, as ondas de inovações tecnológicas vão mudar a natureza de muitas ocupações, e tendem a gerar 160 milhões de empregos nos 10 países pesquisados. Especificamente sobre a construção civil, o levantamento estima que até 2030 ocupações inteiramente novas devam surgir em áreas como Inteligência Artificial, sustentabilidade e gestão de recursos. 

O relatório ainda abrange padrões de empregos que serão mais ou menos impactados pela automação. No capítulo que trata da construção civil, os postos de trabalho são definidos como "empregos perdidos", aqueles que a automação irá substituir; "empregos ganhos", vagas impulsionadas pelo crescimento econômico, investimento, mudanças demográficas e inovação tecnológica, e "empregos alterados", cujas atividades e os requisitos de habilidades mudam para um perfil de automação parcial.

Para que as mulheres possam ocupar vagas no novo mercado de trabalho e consigam salários compatíveis, o documento reforça que investimento em educação e qualificação profissional é primordial. “A tecnologia pode derrubar muitas das barreiras enfrentadas pelas mulheres, abrindo novas oportunidades econômicas, ajudando-as a participar da força de trabalho e a atuar em condições de igualdade com o homem na era da automação. Mas é necessário que investimento público e privado em plataformas de aprendizagem digital abra essa avenida para as mulheres”, conclui o relatório.

Leia a íntegra do estudo

Entrevistado
Reportagem com base no relatório do McKinsey Global Institute, intitulado “O futuro das mulheres no trabalho: transições na era da automação"

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