9 razões que fazem o pavimento de concreto ser competitivo

Marcos Dutra, da ABCP: não existe mais o paradigma de que o pavimento de concreto é mais caro do que o de asfalto Crédito: Mecânica Comunicação Estratégica
Marcos Dutra, da ABCP: não existe mais o paradigma de que o pavimento de concreto é mais caro do que o de asfalto
Crédito: Mecânica Comunicação Estratégica

Na Paving Expo, realizada de 27 a 29 de agosto em São Paulo-SP, o coordenador do Núcleo de Pavimentação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Marcos Dutra de Carvalho, apontou 9 razões que fazem o pavimento de concreto ser mais competitivo que o asfalto. Além das características tecnológicas, que asseguram melhor desempenho e maior durabilidade, o pavimento rígido passou a ter um custo menor que o asfalto. Essa vantagem se consolida atualmente não apenas ao longo da vida útil, mas desde a execução do projeto. “Isso é consequência de uma relativa estabilidade nos preços do concreto, ao mesmo tempo em que se registrou uma elevação nos preços do asfalto”, explica Marcos Dutra.

Estudo abrangente da ABCP, comparando 6.060 planilhas de projetos de pavimento rígido com o pavimento asfáltico, mostra que na “largada” o concreto já é 16% mais barato que o asfalto. Esse percentual pode chegar a 41% ao longo de 20 anos, dependendo das características de cada projeto. “É notável a competitividade do pavimento de concreto no custo inicial da rodovia, derrubando categoricamente o paradigma de que se trata de um pavimento mais caro do que o asfáltico”, afirma o engenheiro civil, que possui mais de 40 anos de experiência com a pavimentação em concreto nas rodovias e nas vias urbanas brasileiras. “Se levarmos em consideração outras questões, como sustentabilidade e segurança, as vantagens só aumentam”, reforça.

ABCP, IBRACON e ABESC mostraram na Expo Paving que a tecnologia de pavimento de concreto está muito desenvolvida no Brasil Crédito: Expo Paving
ABCP, IBRACON e ABESC mostraram na Expo Paving que a tecnologia de pavimento de concreto está muito desenvolvida no Brasil
Crédito: Expo Paving

Em sua palestra, Marcos Dutra mostra dados sobre o quanto o Brasil ainda carece de pavimentação de estradas. “Vivemos em um país continental e com um grande caminho a percorrer no sentido de pavimentar rodovias. Segundo a mais recente pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), o Brasil possui 1 milhão e 700 mil quilômetros de rodovias, dos quais apenas 212 mil quilômetros são pavimentados. Em termos comparativos, os Estados Unidos têm 6 milhões de quilômetros de rodovias e 4,3 milhões são pavimentados. Isso significa que temos um amplo mercado a ser explorado pelo pavimento de concreto, considerando que essa tecnologia já está muito bem desenvolvida no Brasil”, diz.

Para Marcos Dutra, as 9 razões que fazem o concreto ser mais competitivo do que o asfalto são as seguintes:


1. Desempenho e durabilidade
O concreto não sofre as deformações típicas do pavimento asfáltico. Também não amolece quando esquenta. No prazo mínimo, o pavimento rígido presta serviço de 20 anos contra o máximo de 10 anos do asfalto.


2. Economia e custo
Desde 2018 caiu o paradigma de que o pavimento de concreto é mais caro. A matéria-prima do pavimento asfáltico encareceu absurdamente.


3. Análise de longo prazo
Considerando o pavimento rígido para rodovia, com espessura de 25 centímetros, no primeiro ano de execução ele já se torna 16% mais competitivo do que o asfalto. Ao longo de 20 anos, esse percentual pode chegar a 41%.


4. Economia de combustível da frota circulante
Para veículos pesados, o pavimento de concreto oferece economia de até 20%.


5. Tempo de execução
O Brasil possui atualmente 30 pavimentadoras de concreto que podem ser deslocadas para qualquer região do país. Em 1998, havia apenas duas.


6. Segurança do usuário
O pavimento rígido possibilita menor distância de frenagem. Na superfície molhada, chega a 40%. Por ter melhor refletância, permite que a via ou a rodovia receba 30% a menos de postes.


7. Redução de ilhas de calor
Há redução comprovada de até 5 °C no ambiente. O recorde mundial foi registrado no Arizona-EUA, onde se chegou a 11 °C de redução.


8. Projetos mais precisos
O pavimento de concreto tem uma execução e um controle de obra mais rigorosos. Os projetos executivos são inspecionados em cada uma das etapas: lançamento e espalhamentos, adensamento e acabamento, texturização e cura e selagem.


9. Controle tecnológico
Atualmente, os corpos de provas em pavimento rígido são prismáticos. Além disso, existe uma normalização atualizada para todos os tipos de pavimento de concreto, que levam em consideração espessura, resistência e conforto de rolamento.

Entrevistado

Reportagem com base na palestra “Estado da Arte da Pavimentação Urbana e Rodoviária de Concreto no Brasil”, concedida pelo coordenador do Núcleo de Pavimentação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Marcos Dutra de Carvalho, na Paving Expo.

Contato: marcos.dutra@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Conflitos entre engenharia e suprimentos: como saná-los?

Quanto maior a obra, mais integração deve haver entre os departamentos de engenharia, suprimentos e financeiro Crédito: Banco de Imagens
Quanto maior a obra, mais integração deve haver entre os departamentos de engenharia, suprimentos e financeiro
Crédito: Banco de Imagens

Engenharia e suprimentos concentram a maior parte das operações relacionadas à obra. A sintonia entre os dois departamentos impulsiona a rotina diária do canteiro. Porém, quando há conflitos, os problemas podem se acumular. A batalha entre as duas áreas está relacionada com prazos e custos. Se o suprimento falha, falta insumo na obra, estoura o orçamento e surgem problemas com fornecedores. Se a engenharia falha, os pedidos chegam incompletos e a compra de insumos e a definição dos fornecedores se complica. Geralmente, a solução para esses problemas passa pela melhoria da comunicação entre os departamentos.

Atualmente, a tecnologia auxilia nessa interação entre engenharia e suprimentos, com a existência de softwares que monitoram a solicitação de compra, a compatibilidade com o orçamento, a quantidade de materiais, a lista de fornecedores, a entrega e o registro das notas fiscais. Para o engenheiro de software, especialista em cadeia de suprimentos da construção civil e CEO do Coteaqui, Alyson Tabosa, esse tipo de ferramenta não é gasto, mas investimento. “O departamento de suprimentos na construção civil tem alto potencial de aumentar a lucratividade de um empreendimento. Consequentemente, o custo dessas ferramentas é facilmente revertido na forma de investimento”, avalia.

Independentemente da tecnologia disponível, o fluxo entre as áreas é fundamental para que exista sintonia fina no andamento da obra. Por isso, o procedimento padrão recomendado é que o engenheiro da obra defina a demanda de materiais necessários no canteiro e indique uma lista de fornecedores confiáveis. Feito isso, ele repassa para um encarregado, que vai registrar o pedido e encaminhar ao departamento de suprimentos, que irá realizar a cotação, verificar preços, definir as condições de pagamento e executar a compra. Em seguida, já na fase de entrega dos materiais, o encarregado deve receber a compra no canteiro de obras, conferir, cadastrar a nota fiscal e usar as ferramentas adequadas para que o financeiro seja comunicado e efetue o pagamento.

Uso de ferramentas adequadas organiza a comunicação entre as áreas e minimiza erros

Para Delton Quadros, que atua na implantação de softwares de controle de suprimentos na construção civil, o uso de ferramentas adequadas organiza a comunicação entre os departamentos e minimiza os erros mais comuns, que são os seguintes: executar pedidos por emails, e que muitas vezes se perdem entre outras mensagens; fazer solicitação de compra por papel, também sujeito a extravio, ou até por aplicativos como WhatsApp, e que corre o risco de se perder entre outras informações. “O uso de uma ferramenta adequada para integrar engenharia e suprimentos, desde que ela faça, de fato, parte do processo, é o melhor caminho”, recomenda.

Para os especialistas, os departamentos de engenharia, suprimentos e financeiro têm objetivos comuns com relação à obra, que é alcançar os resultados projetados. Por isso, todos devem evitar compras urgentes, por duas razões específicas: atrapalha os processos e aumenta o custo final do empreendimento. Para o gestor de negócios imobiliários e da construção civil, André Freitas, uma palavra resume o risco causado por compras urgentes. “Evite”, diz. A prevenção, afirma, deve vir do setor de engenharia, que precisa realizar corretamente a solicitação de materiais. Assim, reduz o risco de faltar insumos na obra e facilita o trabalho das áreas de compra e financeiro. “A sincronia entre esses departamentos representa o sucesso da obra”, define.

Assista aos web seminários

https://www.sienge.com.br/thank-page-reduzindo-os-conflitos-entre-engenharia-e-suprimentos-integrando-as-areas/

https://www.sienge.com.br/thank-page-de-quem-e-a-responsabilidade-saiba-como-fazer-as-equipes-de-suprimentos-e-financeiro-trabalharem-juntas/

Entrevistado
Reportagem com base nos web seminários “Reduzindo os conflitos entre engenharia e suprimentos: integrando as áreas” e “De quem é a responsabilidade? Saiba como fazer as equipes de suprimentos e financeiro trabalharem juntas”

Contato: ciclosiegne@softplan.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Kumar Mehta deixa legado em pesquisas de cimento e concreto

Kumar Mehta esteve no Brasil para participar de duas edições do Congresso Brasileiro do Concreto, em 2007 e 2009 Crédito: ACI
Kumar Mehta esteve no Brasil para participar de duas edições do Congresso Brasileiro do Concreto, em 2007 e 2009
Crédito: ACI

Povindar Kumar Mehta, professor-emérito do departamento de engenharia dos materiais da Universidade de Berkeley, morreu dia 7 de agosto de 2019, aos 88 anos. Ele deixa um legado de muitas pesquisas sobre cimento e concreto. Por isso, era considerado um dos ícones entre os que trabalham com esses materiais. 

O professor ministrou cursos em matérias como tecnologia avançada do concreto e construção com concreto. Escreveu o livro "Concreto: estrutura, propriedades e materiais" (Prentice-Hall, 1986) - referência mundial - e contribuiu com capítulos para outros livros sobre as propriedades do concreto.

Ao todo, publicou quase 250 artigos científicos e quatro livros. Entre eles, “Concreto: microestrutura, propriedades e materiais” (2006), e que teve como coautor o brasileiro Paulo Monteiro, professor-titular do departamento de engenharia civil da Universidade de Berkeley, na Califórnila-EUA.

Kumar Mehta esteve no Brasil para participar de duas edições do Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto). Em 2007, em Bento Gonçalves-RS, lançou o livro em coautoria com o professor Paulo Monteiro; em 2009, em Curitiba-PR, palestrou sobre a sustentabilidade da indústria de cimento.

Pesquisador tornou-se sócio-honorário do ACI e também do IBRACON

Metha tornou-se também referência mundial no desenvolvimento de "concreto verde". Em 1988, o American Concrete Institute (ACI) concedeu a ele a prestigiosa medalha Wason para pesquisa de materiais. Em 1993, recebeu a mais alta honraria da Universidade de Berkeley, por suas contribuições no campo do concreto: a Berkeley Citation. 

Já, em 2006, foi contemplado com o prêmio “Lifetime Achievement Award from the Coal Combustion Products Partnership”, em reconhecimento às suas pesquisas sobre o uso de cinzas volantes no concreto estrutural. Por décadas estudou métodos de como economizar energia na fabricação de cimento, através do uso de materiais residuais

Sócio-honorário do ACI (American Concrete Institute) e também do IBRACON, Kumar Mehta ministrou cursos sobre o uso de materiais pela engenharia civil, tecnologia avançada de concreto e construção de concreto. Nascido na Índia ingressou para o quadro de professores da Universidade de Berkeley em 1964.

A formação acadêmica de Kumar Mehta inclui graduação em engenharia química na Universidade de Nova Delhi, na Índia; mestrado em engenharia cerâmica pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e doutorado em engenharia de ciências dos materiais pela Universidade de Berkeley.

Entrevistado
Reportagem com base na biografia de Povindar Kumar Mehta, publicada pela Universidade de Berkeley

Contato: info@ce.berkeley.edu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Para o varejo da construção civil, inovação está nos detalhes

Ananda Maia Betonio, do SEBRAE-SP: é necessário entender o cliente para agradar ao cliente. Crédito: Concrete Show 2019
Ananda Maia Betonio, do SEBRAE-SP: é necessário entender o cliente para agradar ao cliente.
Crédito: Concrete Show 2019

 

Entender o cliente e buscar agradá-lo é considerada uma ação inovadora dentro do varejo. O conceito engloba o setor que envolve a venda de materiais de construção. É o que afirma Ananda Maia Betonio, analista de negócios do SEBRAE-SP, e que recentemente palestrou na Concrete Show 2019. Segundo a especialista, o bom atendimento é insubstituível, não apenas para o varejista de material de construção, mas também para quem trabalha com obras.   

A analista do SEBRAE-SP cita cases de construtoras que inovaram ao fazer o acompanhamento do pós-obra e da entrega das chaves, ao longo de 5 anos. Mesmo para unidades que não apresentaram nenhum problema, as empresas procuraram alertar sobre as manutenções periódicas, como pintura, e também orientaram sobre o uso correto de materiais de limpeza em porcelanatos e cerâmicas. “Ligar e orientar sobre a manutenção, e como fazê-la, é inovação”, diz.

Para o varejo, Ananda Maia Betonio faz o alerta de que, atualmente, é importante que o setor crie pontes entre o consumidor e os prestadores de serviço. Um exemplo: se o cliente compra tinta na loja de material de construção e não conhece nenhum pintor, a loja pode disponibilizar uma lista de prestadores cadastrados por ela. “Isso é usar persuasão e rede de contatos”, revela.

A palestrante também tocou em um ponto que é importante para os lojistas de bairro, em especial os que atuam na área de materiais de construção. “Esse tipo de comércio tem que sempre estar atento ao público-alvo, ao segmento do mercado que ele atende e qual o cliente que quer atingir”, relata. “É necessário entender o cliente para agradar ao cliente”, completa.

Empreendedor precisa ter foco em treinamento e capacitação

Sobre como alcançar os objetivos, Ananda Maia Betonio afirma que é preciso ter foco em treinamento e capacitação. “A busca por inovações que envolvam comportamento e pessoas requer processos de treinamento e capacitação, pois o feedback pode desencadear outras inovações”, comenta. A analista do SEBRAE-SP também destaca que isso deve funcionar como um hábito para o empreendedor. “É importante separar momentos do dia para trabalhar esse aprendizado, e não apenas se dedicar às tarefas diárias da empresa”, reforça.

Ela frisa, porém, que a gestão de ideias e a busca pela inovação têm que ser condizentes com a realidade da empresa e com as tendências de quem frequenta a loja de material de construção ou busca um produto de determinada construtora. “Olhar para todo o processo que está no entorno e acrescentar um detalhe é inovação”, realça a palestrante, ao destacar que antes as ideias vinham de dentro para fora e eram impostas ao mercado.  “Hoje, as ideias vêm do entendimento das necessidades do mercado, e é isso que gera a inovação”, conclui. 

Entrevistado

Reportagem com base na palestra “Inove para ganhar mais na Construção Civil”, da analista de negócios do SEBRAE-SP, Ananda Maia Betonio

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Cimento do futuro será o Cimento Portland

Arnaldo Battagin: nenhum cimento ainda consegue competir com o Cimento Portland em larga escala Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Arnaldo Battagin: nenhum cimento ainda consegue competir com o Cimento Portland em larga escala
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Em sua palestra na Concrete Show 2019, intitulada “Cimento do Futuro”, o gerente de laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Arnaldo Battagin, fez um relato das pesquisas mais relevantes para se chegar a um produto que substitua o Cimento Portland em larga escala de consumo, desempenho e, principalmente, com menores emissões de CO2. Até agora, todos os materiais estudados focaram na mitigação do impacto ambiental, mas não conseguiram se tornar viáveis economicamente.  

Por outro lado, a indústria de Cimento Portland tem agregado cada vez mais inovações, a fim de aumentar o desempenho do material e diminuir as emissões de gases. Com isso, se sobrepõe aos desafios que crescem ano a ano. “Certa vez ouvi em uma palestra que a indústria de cimento teria futuro sustentável se a taxa de inovações fosse maior que a taxa de restrições. O investimento em tecnologia faz o setor superar os desafios referentes a desempenho e agora a tecnologia tem trabalhado para mitigar as emissões e superar as restrições ambientais impostas”, diz. 

Em 1990, apenas na Europa, havia 19 regulamentações de meio ambiente exclusivas para a indústria de cimento. Em 2010, segundo a estatística mais atualizada, esse número subiu para 635. Para se adequar às normas ambientais, o Cimento Portland encontrou no incremento de teores de adições uma fórmula de sucesso. De acordo com Battagin, no futuro a captura de carbono poderá se mostrar mais eficaz, mas por enquanto ela esbarra nas mesmas restrições que dificultam a substituição do Cimento Portland por outro material: a inviabilidade econômica.

Como exemplo, o gerente de laboratórios da ABCP citou o cimento desenvolvido a partir de 2007 no Imperial College London, na Grã-Bretanha. Usando silicato de magnésio como ligante, o material foi testado em concreto estrutural e artefatos pré-fabricados de cimento. Em 2010, foi premiado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e havia a promessa de que entraria em escala comercial em 2014. No entanto, todo o planejamento foi paralisado. “Apesar do forte apelo tecnológico, esbarrou na questão do custo. No futuro, poderá vir a ocupar um nicho de mercado”, afirma Arnaldo Battagin.

Graças ao Cimento Portland, um quilo de concreto custa menos que um litro de água

Outro exemplo é o de um cimento desenvolvido há mais de 20 anos nos Estados Unidos, com comportamento que se assemelha à cerâmica. Testado na estabilização de resíduos radioativos e como selante de poços petrolíferos, o material também não alcançou competitividade comercial para substituir o Cimento Portland. Atualmente, desponta como um produto para uso restrito na construção civil.

Arnaldo Battagin também relatou outros cimentos que tendem a se tornar nichos de mercado, como o cimento com nanotubos de carbono, o cimento modificado energeticamente (EMC, do inglês energetically modified cement) e o cimento de sulfalominato de cálcio, com tempo de pega de 10 minutos e cuja resistência máxima é atingida nas primeiras 12 horas. “Trata-se de um cimento que possui norma técnica na Europa, mas que a confiança sobre a durabilidade ainda não está madura”, expôs o palestrante. 

Para finalizar, Battagin concluiu sua fala com a seguinte reflexão: “Nenhum cimento ainda consegue competir com o Cimento Portland em larga escala. Graças ao Cimento Portland, um quilo de concreto custa menos que um litro de água. Por isso, por longo tempo, continuará como produto-chave para a indústria da construção civil. Não significa que não buscará atingir menores níveis de emissão de gases, o que virá através do clínquer coprocessado e de maiores níveis de adições. É o cenário que se desenha até 2050, pelo menos.”

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Cimento do Futuro”, do gerente de laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Arnaldo Battagin, dentro da Concrete Show 2019

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

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Construir é oferecer conforto, estética, tecnologia e durabilidade

Glécia Vieira: consumidor está muito mais bem informado do que se possa imaginar sobre Norma de Desempenho e tecnologias construtivas Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Glécia Vieira: consumidor está muito mais bem informado do que se possa imaginar sobre Norma de Desempenho e tecnologias construtivas
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

O consumidor está cada vez mais informado sobre a moradia que pretende comprar. Consequentemente, mais exigente. O que ele busca no imóvel é que as construtoras atendam 4 requisitos: conforto térmico e acústico, estética na arquitetura, emprego de tecnologias que melhorem a forma de construir e a durabilidade da edificação. Para cumprir com essas exigências sem comprometer o custo, a solução está em industrializar o canteiro e estimular a integração entre arquitetura e engenharia na obra. É o que observa a engenheira civil Glécia Vieira, coordenadora de projetos na regional nordeste da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Ela palestrou recentemente na Concrete Show 2019.

Em sua análise, o consumidor está muito mais bem informado do que se possa imaginar sobre Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) e tecnologias construtivas. Isso, destaca a engenheira civil, deve fazer parte da percepção das construtoras. Para Glécia Vieira, as empresas, enfim, estão voltando a se conectar com o usuário. “Antes do boom imobiliário no Brasil, o projeto tinha grande peso, mas não havia muita preocupação com o sistema construtivo que seria empregado, desde que ele atendesse ao projeto. Durante o boom imobiliário (2009 a 2013), sistemas que tivessem produtividade e economia dominaram. Foi neste período, por exemplo, que a tecnologia de paredes de concreto cresceu. No pós-boom imobiliário, desempenho, qualidade e projeto estão em destaque, o que é bom para o mercado e para o consumidor”, diz.

Tecnologias do concreto são importantes no novo modo de pensar a obra

Glécia Vieira relata que o elo entre arquitetura e engenharia foi restabelecido quando as construtoras passaram a usar programas de racionalização da obra. “Racionalizar é adotar boas práticas que aliem diminuição do emprego da mão de obra com o aumento da produtividade. Ela também está relacionada com reduzir custo e tempo da obra. É aqui que se dá o elo da integração entre engenharia e arquitetura. Isso também obriga trazer a cadeia de suprimentos para dentro do projeto, pois a especificação de produtos é que vai garantir qualidade. A solução é compatibilizar o projeto com as várias áreas envolvidas na obra. Isso leva a um produto melhor”, assegura.

Para a coordenadora de projetos na regional nordeste da ABCP, as tecnologias do concreto são importantes nesse novo modelo de pensar a obra. “No novo desenho, a arquitetura entende os apelos do usuário, especifica e faz o projeto. Já a engenharia vai buscar boas práticas de produção para reduzir prazo e custo”, explica. Neste cenário, a engenheira civil entende que sistemas como o de paredes de concreto ainda são muito competitivos. “As paredes de concreto permitem aumentar sensivelmente a produtividade, com tecnologia e durabilidade. Agregadas a outras técnicas, possibilitam também atingir conforto e estética”, completa.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Integração: Arquitetura, Concreto e Engenharia”, da engenheira civil Glécia Vieira, coordenadora de projetos na regional nordeste da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), dentro da Concrete Show 2019

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Argamassa cimentícia garante desempenho ao concreto

Marcelo Borba Guimarães, da ABAI: novas argamassas cimentícias dispensam chapisco, emboço e reboco Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Marcelo Borba Guimarães, da ABAI: novas argamassas cimentícias dispensam chapisco, emboço e reboco
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

A argamassa clássica, com areia, cimento, cal e água, não atende mais à construção civil moderna. As novas argamassas cimentícias priorizam o desempenho térmico e o desempenho acústico, a fim de que a obra atenda requisitos da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho). São materiais que trocaram a aderência mecânica pela aderência química, com foco em sistemas industrializados à base de concreto, como alvenaria estrutural com blocos de cimento e paredes de concreto

As novas argamassas cimentícias dispensam chapisco, emboço e reboco. Para fachadas externas, algumas usam minúsculos grãos de EPS (Poliestireno Expandido) ou vermiculita como agregados leves, o que melhora os fatores termoacústicos. Para revestimento interno, não é diferente. Já existem argamassas cimentícias para acabamento fino. São produtos que aderem ao concreto ou ao bloco pré-fabricado de cimento. Aplicados com camadas milimétricas ficam prontos para receber as demãos de tinta, após serem lixados.

Segundo o representante da ABAI (Associação Brasileira da Argamassa Industrializada), o engenheiro químico Marcelo Borba Guimarães, que palestrou na Concrete Show 2019, as vantagens dessas novas argamassas para fachadas externas e acabamento interno é que, além de atender a Norma de Desempenho, elas apresentam alta resistência à umidade. Em sua apresentação, ele ainda mostrou argamassas especiais, para o uso em grandes obras de infraestrutura. 

Como as argamassas cimentícias com polímeros orgânicos, que permitem que elas se autorreparem. O produto usa o mesmo tipo de bactéria testada na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, para a regeneração do concreto. “Essas bactérias geram carbonato e fecham as fissuras que venham a surgir na argamassa. Apesar de mais cara, sua aplicação diminuiria muito o custo de manutenção de viadutos e pontes, principalmente nas cidades”, avalia Marcelo Borba Guimarães. 

Evolução das argamassas veio para atender à industrialização da construção civil

O engenheiro químico citou também argamassas com propriedades antichamas e anticorrosivas, assim como as que aprisionam elementos tóxicos e radioativos. “Em Fukushima (Japão), onde uma usina nuclear teve vazamento após ser atingida pelo tsunami, foi usada uma argamassa com gel polimérico para selar o vazamento, e com excelentes resultados”, revela.

Marcelo Borba Guimarães lembra ainda que a evolução das argamassas cimentícias vem para atender aos processos de industrialização da construção civil, aos novos sistemas construtivos e ao grande espectro de texturas que envolvem os novos materiais de construção. “Hoje se sabe que uma argamassa de fachada externa tem propriedades únicas, da mesma forma que as argamassas para revestimento e as argamassas para áreas úmidas, como os banheiros. Por isso, a aderência química revolucionou o setor de argamassas, o que garante cada vez mais durabilidade à obra”, relata.

O representante da ABAI concluiu sua palestra na Concrete Show 2019 com um alerta sobre quais devem ser características das novas argamassas. “Aderência melhorada, deformação melhorada e proteção contra a entrada da água. Essas são as três propriedades das novas argamassas para atender aos requisitos da construção civil moderna”, finaliza.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Como ampliar o desempenho de argamassas cimentícias”, do engenheiro químico Marcelo Borba Guimarães, representante da ABAI (Associação Brasileira da Argamassa Industrializada), dentro da Concrete Show 2019

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Da escola até a obra, agregados merecem mais atenção

Eduardo Pereira no simpósio da UFPR: agregado não deve ser visto apenas como material de enchimento do concreto e precisa ser melhor estudado Crédito: SPPC/UFPR
Eduardo Pereira no simpósio da UFPR: agregado não deve ser visto apenas como material de enchimento do concreto e precisa ser melhor estudado
Crédito: SPPC/UFPR

No 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, evento que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove anualmente, o professor-doutor Eduardo Pereira, da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), palestrou sobre o papel dos agregados na durabilidade do concreto de Cimento Portland. Mestre no assunto, ele alertou que, desde as primeiras aulas nas graduações de engenharia civil até a execução das obras, boa parte dos profissionais da construção civil dá pouca importância a esses materiais. “Dentro do contexto do concreto, a maioria vê o agregado apenas como material de enchimento, sem saber que ele pode ser o gerador de várias patologias”, diz.

O professor-doutor da UEPG começou questionando em sua palestra a importância dada aos estudos dos agregados nos cursos de graduação em engenharia civil. “Será que as disciplinas estão atualizadas sobre a importância desses materiais na qualidade do concreto? A avaliação é que não. Existe desatualização nas disciplinas e também na grade curricular. Em geral, as graduações dedicam de duas a quatro aulas para descrever sobre as propriedades físicas dos agregados”, ressalta. Eduardo Pereira destaca também que até a literatura passou a se preocupar com o assunto apenas recentemente. “Só a literatura atual, de pouco mais de 10 anos para cá, começou a dar importância ao agregado na mesma proporção dada ao cimento.”

Todo o conjunto de materiais usado na produção de concreto precisa ter importância similar

Para o professor-doutor, a mesma conclusão feita sobre o estudo dos agregados nas graduações de engenharia civil vale para a percepção do mercado sobre a qualidade desses materiais, e o impacto que eles causam na durabilidade do concreto com Cimento Portland. “A abordagem sobre agregados responde às necessidades do mercado? A percepção é que não. Cabe a nós, engenheiros civis, e demais profissionais envolvidos com a produção de concreto, estudar e compreender os agregados. Desde as características mineralógicas das rochas até a normalização. Tudo isso impacta no concreto usado nas obras. Por isso, precisamos evoluir esse conhecimento. Se pensar em durabilidade do concreto, todo o conjunto de materiais tem que ter importância similar”, alerta.

Eduardo Pereira entende que é preciso aprimorar a transferência de conhecimento científico para o mercado consumidor. “Existem engenheiros que passam a vida profissional trabalhando com agregados e, muitas vezes, não conhecem o material. Eu mesmo considerava o agregado como um material secundário. Com os estudos é que passei a dar protagonismo a eles. Isso se estende às patologias que podem desencadear. Um exemplo é que a maioria dos engenheiros de obras convencionais conhece muito pouco de RAA (reação álcali-agregado)”, destaca o professor da UEPG. 

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Novas perspectivas sobre o papel dos agregados na durabilidade do concreto de Cimento Portland”, do professor-doutor da UEPG, Eduardo Pereira, dentro do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções

Contatos
sppc.ufpr.civil@gmail.com
eduardopereira@uepg.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Pavimento de concreto para vias urbanas: a hora é agora

Vias exclusivas para o Metrobus ajudaram Buenos Aires a ampliar a sua já consistente malha urbana em pavimento de concreto

O Brasil é um dos países latino-americanos que menos usa o pavimento de concreto em suas rodovias e na malha urbana das cidades. Dentro do seminário internacional de pavimentação urbana em concreto, realizado no Concrete Show 2019, um grupo de especialistas procurou mostrar as vantagens do material e o quanto ele já é competitivo em relação ao asfalto. Ao fim dos 2 dias de debates e palestras, os que acompanharam o evento saíram com a sensação unânime de que a hora é agora para reverter o domínio do asfalto e passar a utilizar o concreto em vias urbanas.

Além de todas as vantagens ambientais do pavimento rígido - entre elas, a menor emissão de CO2 - o engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul, revela as razões que tornam o concreto competitivo. “Tem duas variáveis que são muito importantes. A primeira é econômica. Hoje existe um cenário de elevação de preço do asfalto, principalmente de dois anos para cá. Estudo da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) mostra que o custo do asfalto subiu mais de 100% desde 2017. Já o cimento tem mantido o preço estável, o que ajuda o pavimento rígido a se tornar competitivo em relação ao pavimento flexível”, diz.

Alexsander Maschio: pavimento rígido tem custo menor que o asfalto, em função das altas sucessivas do petróleo Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Alexsander Maschio: pavimento rígido tem custo menor que o asfalto, em função das altas sucessivas do petróleo
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

A segunda variável, explica Alexsander Maschio, é que as metodologias novas permitem um pavimento urbano de concreto mais esbelto. “Em vez de espessuras muito grandes já se trabalha com espessuras menores, usando tecnologias consagradas em todo o mundo. Com isso, o custo inicial do pavimento rígido urbano torna-se de 15% a 30% mais barato que o asfalto.

No longo prazo, esse valor chega a mais de 50%, em alguns casos”, destaca.

Argentina tem tradição de quase 100 anos em pavimentação rígida

Em sua palestra sobre a experiência latino-americana em pavimentos urbanos de concreto, o presidente da Federación Iberoamericana del Hormigón Premezclado (FICEM), Diego Jaramillo Porto, citou que a Argentina, principalmente em Buenos Aires e nos municípios no entorno da cidade, é a que tem a maior quilometragem em pavimento rígido urbano do continente. A região usa a tecnologia em 51% de sua malha. Depois vem a Colômbia, com 30% de suas ruas e avenidas revestidas por concreto. No Brasil, a situação é inversa. “Curitiba, que é uma das capitais que mais usa pavimento rígido urbano, não chega nem a 2% da malha. Temos muito a crescer no país e as perspectivas são muito positivas”, cita Alexsander Maschio.

Palestrantes no seminário sobre pavimentação rígida, que aconteceu no Concrete Show: Brasil tem potencial para crescer muito sua malha em pavimento de concreto Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Palestrantes no seminário sobre pavimentação rígida, que aconteceu no Concrete Show: Brasil tem potencial para crescer muito sua malha em pavimento de concreto
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

A Argentina conseguiu construir sua malha em pavimento rígido urbano ao longo de 60 anos, entre 1927 e 1987. “Nesse período os metros quadrados de pavimentação em concreto cresceram exponencialmente. Depois houve uma redução drástica, entre 1987 e 2017, mas agora o país volta a investir na tecnologia. Isso ocorreu com base em pesquisas de opinião pública, onde 80% dos usuários do pavimento rígido urbano disseram estar muito satisfeitos. Houve também investimento em corredores de BRT (Bus Rapid Transit), que em Buenos Aires é chamado de Metrobus. Foi o que fez o pavimento de concreto predominar em nossa região”, revela Diego Calo, coordenador do departamento técnico de pavimento do Instituto del Cemento Portland Argentino (ICPA).

Entrevistado
Reportagem com base nas palestras do seminário internacional de pavimentação urbana, promovido pela ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), dentro da Concrete Show.

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Aliada da sustentabilidade, alvenaria estrutural se renova

Engenheiro civil Davidson Daena: alvenaria estrutural bem construída tem o poder de diminuir a fila no posto de saúde Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Engenheiro civil Davidson Daena: alvenaria estrutural bem construída tem o poder de diminuir a fila no posto de saúde
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

No auge do Minha Casa Minha Vida, a alvenaria estrutural com blocos de concreto serviu para impulsionar o programa. Milhares de unidades foram construídas com a tecnologia, porém com projetos e qualidade duvidosos dos artefatos. Atualmente, muitos dos conjuntos habitacionais viabilizados com alvenaria estrutural no início desta década apresentam patologias e também desencadeiam doenças em seus moradores, com paredes com fungos, baixo desempenho termoacústico e alergias respiratórias. Mas a boa engenharia tem se encarregado de salvar a reputação do sistema construtivo, aprimorando-o e tornando-o sustentável. É o que o especialista na tecnologia, Davidson Deana, mostrou no Concrete Show 2019.

Em sua palestra no evento “120 Ideias para os fortes da construção civil”, o engenheiro civil trouxe modelos internacionais de habitações de interesse social viabilizados com alvenaria estrutural, e com fortes vínculos com a construção sustentável. São os casos da Via Verde, no Bronx, em Nova York; do Hannibal Road Gardens, na Inglaterra; do Fillmore Park, em São Francisco, na Califórnia, e de projetos com as mesmas características viabilizados na Eslováquia, no Chile e no México. “A alvenaria estrutural ainda é competitiva. Chega aonde outras tecnologias não chegam e permite industrializar o canteiro de obras. Agora, com uma pegada mais sustentável, torna-se ainda mais competitiva”, afirma.

Via Verde, no Bronx, em Nova York: modelo de construção sustentável viabilizado com alvenaria estrutural Crédito: Enid Alvarez/New York Daily News
Via Verde, no Bronx, em Nova York: modelo de construção sustentável viabilizado com alvenaria estrutural
Crédito: Enid Alvarez/New York Daily News

Alvenaria estrutural agrega elementos que ajudam a preservar a saúde dos moradores

Davidson Daena relata que as edificações viabilizadas fora do Brasil passaram a integrar a alvenaria estrutural com elementos como teto verde e áreas de convivência, pensando na saúde das pessoas e em evitar doenças psicossociais. “A alvenaria estrutural bem construída tem o poder de diminuir a fila no posto de saúde”, cita o engenheiro, usando o Via Verde como exemplo. O sul do Bronx, onde está localizada a edificação, possui altas taxas de doenças pulmonares e obesidade. Os blocos habitacionais foram concebidos para que os moradores convivam com pomares, hortas e áreas verdes. Além disso, janelas e brises foram projetados para aproveitar ao máximo a luz e a ventilação naturais. O mesmo conceito inspira outras obras com as mesmas características em outros países. 

Deana cita que no Brasil o projeto Arquiteto da Família está atuando em Niterói-RJ para recuperar prédios construídos com alvenaria estrutural que desenvolveram patologias, e que passaram a afetar a saúde dos moradores. Além disso, ele avalia que a indústria de artefatos de cimento melhorou sensivelmente a qualidade dos produtos ao investir em equipamentos mais adequados e na padronização. “Atualmente, as dimensões dos blocos são respeitadas e todos saem da fábrica com números de lote, o que facilita o controle de qualidade. Agora, faltam os projetos de construção sustentável com alvenaria estrutural para que também tenhamos habitações de interesse social como as que vemos fora do país”, finaliza.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Alvenaria Estrutural Industrializada - modelos de produção”, do engenheiro civil Davidson Daena, dentro da Concrete Show 2019.

Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330