Brasil precisa de engenheiros que saibam diagnosticar RAA
Em 2021, o CT 201 (comitê técnico 201 do Instituto Brasileiro do Concreto [IBRACON]) ganha uma nova denominação. Deixa de se chamar comitê técnico de RAA (reação álcali-agregado) e passa a adotar o nome de comitê técnico de Reações expansivas no concreto, dividindo-se em dois subcomitês: Reação álcali-agregado, que será coordenado pelo geólogo e doutor em engenharia civil, Claudio Sbrighi Neto, e Formação de Etringita Tardia (DEF), coordenado pelo gerente de tecnologia da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o também geólogo Arnaldo Forti Battagin.
O porquê dessa divisão Battagin explica no webinar “Medidas preventivas para evitar manifestações patológicas no concreto pela reação álcali-agregado (RAA)”, promovido pela ABCP. “Existe no Brasil uma equipe muito pequena de pesquisadores e especialistas em diagnosticar RAA e DEF. A ideia do comitê do IBRACON é ampliar o número de profissionais, e também ajudar a capacitar laboratórios no país”, revela. A preocupação em expandir esse conhecimento é diretamente proporcional aos danos que a RAA costuma causar às estruturas de concreto quando não é prevenida ou diagnosticada ainda no início.
No jargão do meio técnico, a reação álcali-agregado é também chamada de “câncer do concreto”. Pior: em recente pesquisa, descobriu-se que no Brasil 60% das obras que têm algum tipo de estrutura de concreto não realizam ensaios de prevenção. Da mesma forma, cerca de 60% dos engenheiros civis que estão no mercado desconhecem a patologia. Por esse motivo, em 2018 foi publicada norma técnica específica sobre RAA: a ABNT NBR 15577 (Agregados - Reatividade álcali-agregado) que conta com 7 partes. No mesmo ano, o IBRACON publicou o Guia de prevenção de reação álcali-agregado.
Patologia age indiscriminadamente: de elementos não-estruturais a obras de grande porte
Para Arnaldo Forti Battagin, um dos autores do guia, o mais importante agora é alertar sobre os riscos da RAA e como preveni-la. A patologia, como mostra o gerente de tecnologia da ABCP, age indiscriminadamente no concreto. Pode ser desde a RAA do tipo A, que atinge elementos não-estruturais e tem consequências insignificantes, como pode ser a do tipo D, que tem grande potencial de destruição quando se manifesta em obras de grande porte, como pontes, viadutos, estádios, hidrelétricas, estruturas nucleares e barragens. “O diagnóstico sobre RAA precisa sempre analisar o tipo de estrutura, as condições ambientais e as dimensões estruturais”, ensina.
Descoberta em 1940, na Califórnia-EUA, a reação álcali-agregado provoca uma série de efeitos deletérios nas estruturas de concreto: fissuração, desplacamento, perda de estanqueidade, perda de aderência da argamassa, movimentação ou abertura de junta, entre outras. Por isso, Arnaldo Forti Battagin reforça a importância de se fazer a análise de risco da obra. “Quem faz isso? O proprietário do empreendimento é o responsável por requisitá-la, seja para o engenheiro-projetista, para o engenheiro responsável pela obra ou para um engenheiro contratado especificamente para fazer essa análise”, completa. Daí, a necessidade de se formar profissionais especializados no diagnóstico da RAA.
Assista à íntegra da palestra do gerente de tecnologia da ABCP, Arnaldo Forti Battagin
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Medidas preventivas para evitar manifestações patológicas no concreto pela reação álcali-agregado (RAA)”, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
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Pujança do mercado imobiliário vai continuar em 2021?

Crédito: Banco de Imagens
A expectativa do mercado imobiliário é de que o ano de 2021 bata o recorde de financiamentos de imóveis e de lançamentos. Caso se confirme a previsão, terá superado 2012 e 2013, que até hoje sustentam o título de anos mais promissores para o mercado imobiliário em duas décadas. Quem faz essa análise são os sócios da Brain Inteligência Estratégica, Marcos Kahtalian e Fábio Tadeu Araújo. “O ano de 2021 tem grandes chances de superar 2012 e 2013, principalmente no segmento de luxo e de outros tipos de imóveis não-vinculados ao Casa Verde e Amarela. Em 2020 nunca foi tão positivo vender imóvel no Brasil, e deve continuar em 2021”, avaliam, em participação no webinar “Como será o desempenho do Mercado Imobiliário em 2021: perspectivas e desafios”.
A previsão se baseia em três pilares: 1. Será um ano com menos impactos negativos, haja vista que a sociedade já aprendeu a conviver com a pandemia de COVID-19 e está na expectativa de um processo de vacinação em massa; 2. A política de juros baixos e de intensa oferta de crédito imobiliário tende a continuar; 3. O consumidor segue estimulado a fazer um upgrade em sua moradia, a fim de se adaptar ao modelo home office e oferecer mais conforto à família. “Em nossa mais recente pesquisa, a intenção de compra de imóveis encontra-se no patamar do período pré-pandemia. Antes de março de 2020, 43% dos entrevistados diziam que queriam adquirir uma nova moradia. Agora, são 41%. O percentual encontra-se dentro da margem de erro”, cita Fábio Tadeu Araújo.
Mudanças comportamentais estimulam a compra de imóveis
Dessa porcentagem que indica pretensão de comprar um outro imóvel, 45% dizem querer uma moradia nova. Outro detalhe que chama a atenção na pesquisa apresentada pela Brain Inteligência Estratégica é que 78% desse público está voltado para o segmento residencial. “A construção imobiliária residencial puxou a economia e a geração de empregos em 2020 e vai continuar em 2021”, analisa Marcos Kahtalian. No ano passado, 450 mil imóveis foram financiados com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e do FGTS em todo o país. Isso movimentou 123 bilhões e 970 milhões de reais. Um detalhe nesse volume de recursos é que ele estimulou a compra da casa para morar, e não para investir. Apenas 14% tiveram a intenção de usar o imóvel adquirido para locação.
Marcos Kahtalian e Fábio Tadeu Araújo também comentaram as mudanças comportamentais que a pandemia desencadeou no mercado imobiliário. “O setor tornou-se mais tecnológico. Adaptou-se rapidamente às ferramentas de venda online. Quanto ao consumidor, cresceu a busca por casas em rua e imóveis diferenciados. Só não muda um detalhe no comportamento de quem busca um imóvel novo: o amor à primeira vista. A pesquisa mostra que quase 1/3 dos que foram às compras só visitaram um imóvel para fechar o negócio. Ou seja, o comprador pesquisou pela internet, se informou, se encantou e se apaixonou quando fez a visita física”, comenta Kahtalian.
Assista ao vídeo para ver gráficos da pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica
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Reportagem com base no webinar “Como será o desempenho do Mercado Imobiliário em 2021: perspectivas e desafios”, promovido pela Brain Inteligência Estratégica
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Norma de concreto dosado em central está em consulta pública
A nova nomenclatura da ABNT NBR 7212 foi proposta pelo integrante da comissão do CB-018, o engenheiro civil Lydio Bandeira. “Desta forma, ao tomarem conhecimento do seu título, as construtoras entenderão que a norma técnica também trata de questões referentes ao fornecimento de concreto e, consequentemente, estabelece regras para a relação concreteira-construtora”, explica.
Sem sofrer atualização desde 2012, a ABNT NBR 7212 tornou-se prioridade entre as normas que estão sob os cuidados do Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados. Um dos motivos é que na década passada houve um avanço tecnológico significativo na produção e no transporte do concreto. Além disso, a revisão permitirá que novas tecnologias sejam incorporadas ao concreto dosado em central.
Nova ABNT NBT 7212 vai contribuir para aumentar a produtividade no canteiro de obras
O presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) o engenheiro civil Jairo Abud, cita o que já ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, onde sistemas automatizados para dosagem, mistura e transporte têm elevado a qualidade do concreto dosado em central. “Lá já ocorre a medição eletrônica do slump (consistência) do concreto, ainda dentro da betoneira, com o uso de sensores instalados em todo o balão”, relata.
Para Jairo Abud, a nova ABNT NBT 7212 também vai contribuir para aumentar a produtividade no canteiro de obras. Ele salienta ainda que para se chegar a uma norma técnica eficaz é necessário ter consenso entre construtoras, fabricantes de aditivos e concreteiras. “Todos os agentes precisam estar em comum acordo para que tenhamos as melhores práticas possíveis. Por isso, esse processo de revisão é demorado”, explica.
A expectativa é de que, se o período de consulta pública não gerar muitas objeções técnicas ao texto da nova norma, a ABNT NBR 7212:2021 possa entrar em vigor ainda no 1º semestre deste ano. Em seu novo texto, a norma técnica estabelece os requisitos para o preparo de concreto dosado em central, incluindo controle de qualidade dos materiais, dosagem, mistura, transporte e entrega do concreto, bem como para as operações de controle e análise do seu processo do preparo. Vale lembrar que, quando aprovada, ela cancela e substitui a ABNT NBR 7212:2012.
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CB-018 (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
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Jeddah Tower: obra do prédio mais alto do mundo parou. Por quê?

Crédito: Jeddah Economic Company
O projeto do Jeddah Tower foi lançado em 2013 com a pretensão de ser o prédio mais alto do mundo. Prevê alcançar 1.008 metros e consumir 515 mil m³ de concreto, superando o Burj Khalifa, que tem 828 metros de altura e 330 mil m³ de concreto em suas estruturas. O início da construção sofreu atrasos, mas acelerou em 2015 e seguiu até o começo de 2018, quando paralisou. A previsão era que o edifício fosse inaugurado no final de 2020, mas agora nem os construtores nem o governo da Arábia Saudita arriscam dizer quando as obras serão concluídas.
Quem passa pela cidade de Jeddah vê que apenas 1/4 da edificação está em pé. A torre inacabada chegou aos 256 metros de altura e enfrenta outro obstáculo: a pandemia de COVID-19. Os recursos para viabilizá-la reduziram sensivelmente por causa de outras prioridades para combater a doença. Além disso, um de seus incorporadores é a Bill Gate’s Cascade Investment Management, com 47,5% de participação. A empresa leva o nome de Bill Gates, o 3º homem mais rico do mundo. O problema é que o multibilionário mudou o foco: passou a investir em projetos com baixa emissão de carbono, o que não é o caso da Jeddah Tower.
O diretor do escritório Thornton Tomasetti, Robert Sinn - responsável pelo projeto estrutural do prédio -, confirma que atualmente é impossível estabelecer uma data para a conclusão da obra. “O projeto da torre foi interrompido há cerca de dois anos, mas temos esperança de que recomece este ano (2021)”, comenta. Para não dizer que a construção está 100% paralisada, o projeto de urbanização em torno da edificação segue em andamento, mas em ritmo lento. Estima-se que a produtividade do canteiro de obras, na comparação com o que seria se o Jeddah Tower estivesse em execução plena, não chegue a 10%.
Mesmo com futuro incerto, estrutura já construída do edifício é superlativa

Crédito: Jeddah Economic Company
Mesmo com a obra praticamente interrompida, a estrutura já construída é superlativa. Possui 270 estacas de concreto armado com 1,8 metro de diâmetro e resistência de 115 MPa, que atingem até 105 metros de profundidade. Elas sustentam uma fundação em formato de jangada, também em concreto armado, com 5 metros de espessura. Esse conjunto foi projetado para suportar uma carga de 860.000 toneladas.
Outra característica do edifício é que ele não possui pilares. Como o desenho arquitetônico lembra um “Y”, o Jeddah Tower tem um núcleo de concreto de onde partem paredes de concreto com resistência de 85 Mpa, e que formam o corpo da estrutura. Com a tecnologia de paredes de concreto, os projetistas estimavam que poderiam consolidar um pavimento a cada 14 dias. No entanto, os primeiros 25 andares avançaram ao ritmo de 1 pavimento a cada 35 dias.
Além da Bill Gate’s Cascade Investment Management, a incorporação do edifício também tem a participação da Jeddah Economic Company. Já a empreiteira responsável pela execução é a Saudi Binladin Group. Há ainda um pool de empresas britânicas, alemãs e norte-americanas ligadas ao projeto, para fornecer tecnologias que serão agregadas à construção. No auge da obra, entre 2015 e 2017, o canteiro de obras do Jeddah Tower chegou a empregar 9 mil trabalhadores da construção civil.
Entrevistado
Saudi Binladin Group e Jeddah Economic Company (via departamentos de comunicação)
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No mundo, 150 cidades inteligentes estão em construção

Crédito: Eko Atlantic
Levantamento da revista Forbes aponta que 150 cidades inteligentes estão em construção no planeta. A lista leva em conta projetos lançados na década passada (2011-2020) e que buscam revolucionar o jeito de viver em meios urbanos. As obras acontecem em 40 países, mas as nações localizadas no Oriente Médio e na Ásia lideram o movimento, que se expande também pela África e pela América Latina.
Na Nigéria, por exemplo, está em construção um dos projetos mais ousados: a Eko Atlantic. Para viabilizar a obra foi necessário fazer um aterro que movimentou 95 milhões de m³ de areia, sobre o Oceano Atlântico. A cidade também é cercada por uma muralha de 8 quilômetros de extensão, que recebeu 100 mil blocos de concreto do tipo accropode. O objetivo é blindá-la de tsunamis.
No Equador, avança o projeto da Yachay Tech. O propósito é erguer uma cidade universitária focada na pesquisa tecnológica e na inovação científica. A execução da obra começou em 2012 e a previsão é que seja concluída em 2040. Nada, porém, se compara ao projeto NEOM, em construção na Arábia Saudita. Com investimento de 500 bilhões de dólares, os sauditas querem transformá-la no “Vale do Silício” do Oriente Médio. A pretensão é que seja um polo avançado de pesquisas voltadas à energia renovável, à biotecnologia e à mídia.

Crédito: Qatar2022
Será a maior cidade inteligente do mundo. Localizada na província de Taruk, às margens do Mar Vermelho, NEOM ocupa uma área 33 vezes maior que Nova York, nos Estados Unidos. Dentro delas serão construídas outras 16 cidades inteligentes, que funcionarão como satélites da metrópole. Entre elas, a mais ousada é a The Line. O projeto lançado no começo de 2021 prevê uma cidade linear, com extensão de 170 quilômetros. Nela não haverá espaço para nenhum veículo movido à combustão. O pedestre, as bicicletas e os transportes públicos elétricos terão 100% de prioridade.
Grandes corporações também entram nesse concorrido mercado imobiliário
Paralelamente à NEOM, a Arábia Saudita constrói a King Abdullah Economic City. Os países árabes competem entre si por projetos de cidades inteligentes. Os Emirados Árabes Unidos estão finalizando dentro da região metropolitana de Abu Dhabi a inovadora Masdar, cuja meta é viabilizar o primeiro centro urbano do mundo com emissão zero de carbono. Já o Catar acelera a execução da cidade de Lusail, que será o principal legado urbanístico da Copa do Mundo Fifa 2022.

Crédito: Toyota Woven City
Mas há também cidades inteligentes bancadas por grandes corporações. A Toyota lançou recentemente o projeto da Woven City. A ideia é que ela seja habitada principalmente por pesquisadores. Em troca, eles terão que desenvolver tecnologias inovadoras no campo da robótica, mobilidade, construção 4.0 e casas inteligentes. A cidade terá uma área de 708.200 m², localizada na base do Monte Fuji, no Japão. A Tesla, gigante dos veículos elétricos, é outra que planeja construir não uma, mas várias cidades inteligentes nos Estados Unidos e na Europa: as TeslaCities.
O Brasil, apesar do pioneirismo na construção de uma cidade inteligente, quando viabilizou Brasília no final dos anos 1950, atualmente não possui nenhum projeto que abranja o stricto sensu do conceito. O país tem se concentrado mais em construir bairros inteligentes. O projeto mais conhecido é o da Smart City Laguna, localizado no município de São Gonçalo do Amarante, no Ceará. No mundo, outras cidades inteligentes relevantes são as seguintes: Alamein New City (Egito), Cyberjaya (Malásia), Cidade Econômica do Egito (Egito), Gujarat International Finance Tec City (Índia), Iskandar Malásia (Malásia), Jazan Economic City (Arábia Saudita), Kabul New City (Afeganistão), Konza Technology City (Quênia), Lavasa (Índia), Mohammed VI Green City (Marrocos), Rawabi (Palestina), Sejong (Coreia do Sul), Songdo (Coreia do Sul), Sri City (Índia) e Tatu City (Quênia).

Crédito: NEOM
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Reportagem com base em relatório da organização NewCities, e em publicação da revista Forbes
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Por que a resolução 64/2020 causa tanta polêmica?

Crédito: Banco de Imagens
Em dezembro de 2020, o ministério da Economia publicou a resolução 64/2020. Atendendo princípios da lei de liberdade econômica, a medida busca desburocratizar a construção civil e facilita a obtenção de licenciamentos como alvará de construção e Habite-se para obras de baixo risco. Representantes do mercado imobiliário comemoram a decisão. Alegam que o tempo para a execução e a venda de um empreendimento deve se tornar entre 40% e 60% mais rápido, dependendo das leis de cada município.
Já organismos como Confea/CREA e CAU entendem que a resolução pode dificultar a fiscalização e estimular o exercício ilegal da profissão de arquitetura e urbanismo e engenharia civil. O primeiro efeito da polêmica foi o adiamento da entrada em vigor da 64/2020, que estava prevista para 1º de março de 2021 nas cidades de São Paulo-SP, Rio de Janeiro-RJ e Distrito Federal, 1º de junho nas demais capitais e 1º de setembro em todos os municípios do país.
Dia 3 de fevereiro, o ministério da Economia emitiu nota em que confirma a postergação da 64/2020. “Dada a complexidade e abrangência da medida fica estabelecida a intenção de que a resolução seja revisada antes de sua entrada em vigor”, diz trecho da publicação. Junto com integrantes do Confea/CREA e do CAU, organismos do governo vão formar um grupo de trabalho com duração de 30 dias para adequar o texto. “O projeto gerou bastante debate e visões divergentes”, admite o presidente do Confea/CREA, o engenheiro civil Joel Krüger. Já o CAU chegou a alegar que a medida era inconstitucional.
Com a formação do grupo de trabalho, o foco estará em 5 pontos:
1. Desenvolvimento de um canal para licenciamento declaratório de obras e edificações de baixo risco, aplicado somente aos municípios que vierem a aderir à proposta.
2. Valorização da responsabilidade técnica de profissionais habilitados, tais como arquitetos, urbanistas e engenheiros, no processo de licenciamento declaratório.
3. Criação de um balcão único para o encaminhamento de informações, de forma a alimentar todos os organismos governamentais envolvidos (municípios, estados e União).
4. Preservação integral do exercício de poder de polícia (fiscalização e punição) de todos os organismos governamentais envolvidos, bem como da autonomia de municípios e Corpo de Bombeiros em definir os conceitos de baixo risco aplicáveis às suas jurisdições.
5. Integração e transparência de dados, a fim de valorizar os cidadãos de boa-fé e monitorar os efeitos da resolução nas suas diversas esferas.
Mercado imobiliário compara resolução à chegada do Uber no Brasil
Em seu texto original, a 64/2020 define como obras de baixo risco aquelas com até 1.750 m², e com máximo de 3 pavimentos. Para empreendimentos com essas características, bastaria ao construtor e ao incorporador fazer uma declaração por meio digital, fornecendo dados do projeto, que estaria dispensado da burocracia para requerer alvará de construção e, consequentemente, Habite-se quando a obra fosse concluída. A medida também abrange reformas e demolição e deixa em aberto para que municípios e estados estabeleçam outros parâmetros técnicos que definam obras de baixo risco.
Ao baixar a resolução, o ministério da Economia alega a necessidade de desburocratizar a construção civil brasileira, a fim de torná-la mais produtiva e competitiva e tirá-la da posição 170 do ranking de ambiente de bons negócios do Banco Mundial. Em parceria com o Serpro, o governo chegou a publicar um guia para orientar o procedimento dentro da 64/2020. Trata-se do “Obra Legal” . Para o mercado imobiliário, a 64/20202 é vista como o “Uber da construção civil brasileira”.
Acesse a íntegra da resolução 64/2020
Veja o que pensa o mercado imobiliário sobre a 64/2020
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Ministério da Economia, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea/CREA), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e IBREP (Instituto Brasileiro da Educação Profissional do Mercado Imobiliário) (via assessoria de imprensa)
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Conheça as melhores obras pré-fabricadas dos EUA

Crédito: PCI
A edição 2021 da PCI Design Awards elegeu as 26 melhores obras concluídas em 2020 nos Estados Unidos, e que utilizaram a tecnologia de pré-fabricados e pré-moldados de concreto. A votação ocorre anualmente, e é promovida pelo Precast/Prestressed Concrete Institute (PCI) (Instituto do Concreto Pré-fabricado e Pré-moldado). O resultado foi divulgado dia 26 de janeiro de 2021 e o evento de premiação acontece dia 21 de maio.
Nos EUA, a Precast/Prestressed Concrete Institute equivale à Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto) no Brasil. “Mais uma vez, a indústria de concreto pré-moldado deu o seu melhor e entregou muitos produtos inspiradores e projetos impressionantes”, diz o CEO da PCI, Bob Risser. Além das 26 obras premiadas, 12 receberam menção honrosa.

Crédito: PCI
Entre os projetos contemplados está o novo estádio do Texas Rangers, que disputa a principal liga de beisebol dos EUA. O projeto original previa que a fachada fosse revestida com tijolo cerâmico artesanal, assentado um a um. Isso inviabilizaria o cronograma. A solução foi criar uma fachada pré-fabricada que imita os tijolos aparentes idealizados pela arquitetura. Os elementos estruturais do estádio também são pré-fabricados. Ao todo, 1.650 componentes, como vigas, colunas e paredes estruturais, sustentam a obra.

Crédito: PCI
A inovação também esteve presente na construção do novo museu da Academy Awards, em Los Angeles, que reúne a história do cinema produzido em Hollywood. A obra tem o formato de uma esfera de concreto com cúpula de vidro. As peças foram pré-moldadas in loco, pois produzi-las em uma fábrica tornaria a logística de transporte muito onerosa. O desafio para construir o museu se concentrou no tipo de cimento usado no concreto. Foi necessário que o fabricante produzisse um lote único do material, com agregados da mesma fonte, para que não houvesse variação de cor na produção das peças.
Projetos em BIM, impressão 3D e estruturas imunes a patologias do concreto
Já o resort Juno Winter Park, na Flórida, foi premiado por causa da precisão dos elementos usados na estrutura do condomínio de prédios T+6 (térreo mais 6 pavimentos). Concebida dentro do conceito de construção modular em concreto a obra foi toda projetada em BIM. Isso permitiu que as 268 unidades que compõem os edifícios fossem executadas em tempo recorde: 11 meses. Os painéis foram pré-moldados com concreto protendido.

Crédito: PCI
No estado de Vermont, duas pontes sobre o rio Williams também foram reconhecidas pela PCI como modelares em construção industrializada. Projetadas para ter vida útil mínima de 100 anos, as obras de arte receberam peças pré-moldadas produzidas com concreto de 70 MPa e armaduras em aço inox. Motivo: como a região tem alta umidade, causada por nevascas no inverno e chuvas nas estações mais quentes, as pontes precisavam ter suas estruturas protegidas de patologias como RAA (reações álcali-agregadas) que, aliás, causaram a falência das pontes antigas que estavam no local, e que foram demolidas.
Outra obra emblemática é o edifício alto erguido em Nova York, o One South First. O prédio com 42 pavimentos teve sua fachada produzida com impressão 3D. Foi usado cimento branco e as 2.500 janelas da edificação foram acopladas durante a produção das peças de concreto. O resultado foi uma redução drástica na quantidade de homens-hora para montar a fachada. No sistema convencional, os projetistas estimavam até 60 homens-hora. O número baixou para 14 homens-hora.

Crédito: PCI
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Precast/Prestressed Concrete Institute (PCI) (via assessoria de comunicação)
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Pontes precisam ser funcionais, seguras, duráveis e bonitas

Crédito: Éditions Timée
Conhecido internacionalmente por seus projetos estruturais, o engenheiro civil britânico Ian Firth aponta que o atual desafio de pontes e viadutos é superar o dilema “inovação versus risco”. Ao participar da conferência “Future of Bridges”, o projetista cita que os engenheiros precisam avançar nos conceitos de construção, usufruindo de novos materiais e tecnologias, mas também têm que estar prontos para “dar um passo atrás”. “Os engenheiros estão caminhando sobre uma linha em que precisam seguir as lições já aprendidas, mas também são estimulados a inovar. Encontrar o equilíbrio é o desafio. Por isso, é importante dar um passo à frente, mas continuar olhando para trás”, diz.
Para Ian Firth, 5 adjetivos definem se uma obra de arte será bem-sucedida ou não. “As pontes precisam ser funcionais, seguras e duráveis, mas também devem ser elegantes e bonitas”, resume. Segundo o engenheiro-projetista britânico, o modelo mais bem acabado de sua análise é o Viaduc de Millau, na França. Trata-se da ponte estaiada mais alta do mundo, com 343 metros de altura, e localizada no vale do rio Tam, no sudoeste francês. “Nessa obra houve uma sinergia perfeita entre engenharia estrutural, arquitetura e inovação”, avalia. Por outro lado, Firth alerta para o uso de materiais e tecnologias que não foram devidamente testados e que causam o aumento de risco nas obras de arte.
Projetos de pontes e viadutos precisam prever o que vai acontecer daqui a 100 anos
Ele cita o caso da passarela para pedestres que desabou em Miami-EUA, em 2018, e que era a primeira construção estrutural do mundo a usar concreto autolimpante. O engenheiro afirma que o mesmo vale para tecnologias que pregam o uso de grafeno no lugar de armaduras de aço, assim como sensores, concreto regenerativo, estruturas com baixa emissão de carbono, impressão 3D e outras inovações que já estão disponíveis para a construção de pontes e viadutos. “O contratante da obra pode querer usar uma série de novidades, mas o projetista precisa avaliar se elas são fundamentais para a qualidade e a vida útil do projeto. Tem ainda a questão do custo”, cita Firth.
O engenheiro-projetista britânico também alerta para o outro lado da moeda, ou seja, o contratante que quer baratear o preço da obra e incentiva o uso de materiais de baixa qualidade. “Precisamos ajudar os clientes a entender a importância da segurança, do valor da vida, e usar isso como base para a tomada de decisões. A esperança é que isso leve a pontes de melhor desempenho”, completa. Firth finaliza a palestra realçando que projetos de pontes e viadutos precisam prever o que vai acontecer daqui a 100 anos. “O mundo necessita de pontes. Temos a obrigação de fazê-las bonitas e bem construídas. Além disso, precisamos projetá-las para durarem no mínimo 100 anos. Até onde se sabe, só há um material capaz de cumprir esses requisitos: o concreto”, conclui.
Veja vídeo com palestra de Ian Firth
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Reportagem com base na conferência “Future of Bridges” e na palestra “Pontes precisam ser bonitas”, do engenheiro-estrutural britânico Ian Firth
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Paraná fará parte de projeto-piloto do Casa Verde e Amarela

Crédito: Guilherme Santos/Cohapar
Em painel promovido pelo SindusCon-PR, dia 25 de janeiro de 2021, o secretário nacional de habitação do ministério do Desenvolvimento Regional, Alfredo Santos, revelou que o Paraná está entre os estados escolhidos para viabilizar projetos-pilotos do programa Casa Verde e Amarela.
O projeto será escolhido através de concurso público e a informação foi confirmada pelo presidente da Cohapar, Jorge Lange. “Estamos com uma parceria muito estreita com a secretaria nacional de habitação, e esse projeto terá a participação do Paraná. Ele começa pela doação de terrenos nos municípios que aderirem ao Casa Verde e Amarela”, revela.
Segundo Alfredo Santos, o concurso vai selecionar 3 projetos. O que irá pesar são itens como inovação, sustentabilidade, emprego de tecnologias e construção industrializada do concreto. “Ainda que a gente construa com qualidade, a maior parte de nossas obras habitacionais é tijolo a tijolo. Isso gera passivos ambientais e atrasos no cronograma. Precisamos reduzir prazos e reduzir custos. Por isso, lançaremos o concurso nacional de projetos para encontrarmos uma nova forma de construir”, diz.
O regulamento do concurso contará com a assessoria técnica da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). Trata-se de uma agência alemã de desenvolvimento sustentável na área habitacional. O trabalho da GIZ será induzir soluções que enquadrem as habitações de interesse social no Brasil à Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575). A participação alemã no projeto foi confirmada em outubro de 2020, durante o evento online do 67º Fórum Nacional de Habitação de Interesse Social.
No painel promovido pelo SindusCon-PR, Alfredo Santos expôs números sobre o quadro habitacional no Paraná, e que ajudaram o estado a ser um dos escolhidos para receber projetos-pilotos do Casa Verde e Amarela. O secretário nacional de habitação ressaltou ainda que o Paraná é um dos mais eficazes no uso do orçamento para habitação popular destinado pelo governo federal, através de recursos do FGTS.
Déficit habitacional no Paraná é um dos mais baixos do país
Por isso, o déficit habitacional no estado é baixo se comparado à estatística nacional. O Brasil, segundo dados de 2019 da fundação João Pinheiro, tem carência de 5 milhões e 900 mil unidades habitacionais. “Para o país zerar esses números, e ainda atender a demanda de novas famílias que surgem, precisa produzir 1 milhão e 250 mil de unidades por ano”, alerta Alfredo Santos. Já o Paraná tem déficit habitacional de 248.555 unidades, das quais 144.118 atenderiam famílias que comprometem mais de 30% da renda mensal com pagamento de aluguel, 62.595 para quem reside em domicílios precários e 5.702 para quem vive em coabitação.
Pelos dados trazidos pela secretaria nacional de habitação, o principal problema do Paraná na área de habitação é a inadequação de domicílios, que chegam a 1.105.720 unidades em todos o estado. São casas sem banheiro, sem piso, sem reboco ou com escassez de janelas. As que se enquadram nesse grupo somam 770.953. Tem também as que se encontram na situação de inadequação fundiária, ou seja, não possuem registro de imóvel, e que chegam a 108.371. Por fim, as carentes de infraestrutura. Essas são 392.883, e não contam com água encanada, ligação com rede de esgoto, fornecimento adequado de energia elétrica, rua asfaltada ou calçadas. O Casa Verde e Amarela promete regularizar essas habitações.
Veja a íntegra do painel promovido pelo SindusCon-PR
Entrevistado
Reportagem com base no painel “O novo programa Casa Verde e Amarela”, promovido pelo SindusCon-PR
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Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
Com concreto tudo é possível. Até construir uma ilha em NY

Crédito: Little Island
Prevista para ser inaugurada entre abril e maio de 2021, a Little Island, em Nova York-EUA, é a prova de que o concreto é o material mais versátil do planeta. Com ele, é possível construir tudo, inclusive uma ilha artificial à beira do rio Hudson.
O projeto da obra está entre os mais ousados, sob o ponto de vista da engenharia e da arquitetura. A Little Island é formada por 267 pilares de concreto pré-moldado encravados no principal rio de Nova York. Os pilares sustentam 132 enormes peças de concreto pré-fabricado, que se encaixam como um quebra-cabeça para formar a plataforma da ilha.
Cada estrutura pesa cerca de 70 toneladas, em média. Para fabricá-las, foram criadas fôrmas de EPS recobertas com espuma de poliuretano. O concreto consumido para construir todas as peças chegou ao volume de 10.200 m3. A fim de que os elementos se encaixassem perfeitamente, os projetistas da britânica Arup usaram a ferramenta BIM para gerar scripts paramétricos em 3D. Isso guiou os processos de fabricação de cada uma das estruturas, cuja margem de erro ficou limitada a 3 milímetros.

Crédito: Little Island
A construção da Little Island é financiada com recursos privados da Hudson River Park Trust e do milionário e filantropo nova-iorquino Barry Diller, a um custo de 250 milhões de dólares. O projeto arquitetônico é do Heatherwick Studio, que venceu um concurso público realizado em 2014. Porém, em 2017, chegou a ser considerado inviável, até que as tecnologias do concreto mostraram que a obra tinha como sair do papel.
A Fort Miller Company foi responsável pela fabricação dos pré-moldados. Quando prontas, as peças foram transportadas por caminhão, da fábrica até as margens do rio Hudson, em um percurso de viagem de uma hora. Antes de serem embarcados em barcaças, os elementos eram montados e viajavam de 4 em 4 unidades até o canteiro de obras da Little Island. Um guindaste flutuante foi usado para encaixar as peças no conjunto de estacas.
Little Island é ponto de partida para a construção pré-fabricada com alta complexidade

Crédito: Little Island
Mais de cem espécies diferentes de árvores e plantas nativas adequadas ao clima de Nova York estarão na Little Island, que se encontra em fase de paisagismo. A construção ainda terá um teatro a céu aberto para 700 lugares e poderá receber até 3.500 pessoas por dia para caminhadas em suas trilhas. O espaço mede 9.800 m2.
Para os engenheiros-projetistas da Arup, Yong-Wook Jo, David Farnsworth e Jacob WiestArup, a Little Island pode ser considerada um ponto de partida inovador para a construção pré-fabricada com alta complexidade, a partir do uso do BIM e do design digital. “O principal desafio de gerar, projetar, comunicar e fabricar a geometria complexa foi superado com o uso intensivo de scripts paramétricos, automação e comunicação de dados digitais na fase de projeto e concepção dos elementos”, dizem os projetistas.

Crédito: Little Island
Para eles, a tecnologia de pré-moldados de concreto ultrapassou o convencional para viabilizar a Little Island. Por causa da complexidade do projeto, e da burocracia para conseguir liberar a construção, a obra sofreu atraso de 48 meses. “Nesse período, fizemos descobertas importantes para o futuro da construção industrializada do concreto”, completam os engenheiros.

Crédito: Little Island
Veja vídeo sobre o processo de fabricação e montagem das estruturas da Little Island
Entrevistado
Assessoria de comunicação da Little Island e da Arup Engenharia
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