180 escolas do Paraná produzirão energia que consomem

Crédito: SEDU
O Green Building Council Brasil e o Governo do Paraná assinaram convênio de readequação energética para 180 escolas de 6 municípios do estado. A meta é que os colégios gerem 100% de toda a energia consumida, através da conversão de energia solar em energia elétrica. A estruturação das parcerias entre todos os agentes envolvidos ficará a cargo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR). Para definir as cidades contempladas serão usados dados do Atlas de Energia Solar do Paraná, que aponta que a maior incidência solar do estado acontece em seis municípios das regiões noroeste e central: Maringá, Paranavaí, Cianorte, Campo Mourão, Umuarama e Goioerê.
As escolas selecionadas servirão de protótipo para o programa batizado Zero Energy. Dependendo dos resultados no primeiro ano de implantação, o plano será estendido para as 4 mil escolas estaduais do Paraná, a fim de que elas se tornem autossuficientes em geração de energia, através do uso de painéis fotovoltaicos. Logo no primeiro ano de operação, a perspectiva é de que sejam economizados quase 9,5 milhões de reais em contas de luz. Para viabilizar a adequação dos colégios, a Agência de Fomento do Paraná abrirá uma linha de crédito de 30 milhões de reais. Esse dinheiro também será utilizado para que a Copel (Companhia Paranaense de Energia) implante o Programa de Eficiência Energética em cada uma das escolas escolhidas.
Califórnia, nos Estados Unidos, lidera em número de escolas autossuficientes em energia
A companhia de energia elétrica vai analisar as necessidades de cada unidade e modernizar as instalações elétricas, preparando-as para receber as placas fotovoltaicas. Além disso, haverá a troca por lâmpadas LED e adequações nos sistemas de ar-condicionado. Após o consumo mínimo ser alcançado, começa a implantação do programa Zero Energy. A expectativa é de que as 180 escolas selecionadas já iniciem o ano letivo de 2020 usando recursos da energia solar. O Green Building Council Brasil e as prefeituras também atuarão na adaptação dos prédios. Segundo o diretor-executivo do GBC Brasil, Felipe Faria, a experiência atende a um desafio da ONU de criar a certificação Zero Energy em escolas brasileiras.
O programa de geração de energia solar em escolas públicas do Paraná fará o estado se tornar a segunda região do mundo com mais edificações de ensino autossuficientes em energia. O primeiro lugar é ocupado pela Califórnia-EUA, que soma mais de 300 escolas com o mesmo perfil de projeto. Atualmente, o Brasil produz 2 mil MW de potência operacional via sistemas de geração centralizados na energia solar. A fonte alternativa ocupa a 7ª posição entre as matrizes energéticas brasileiras. De acordo com números do setor, o Paraná é o 6º estado que mais produz energia solar distribuída (energia gerada no local do consumo) no país, com 52,9 MW. “A posição do Paraná (latitude e longitude) possibilita uma insolação sempre em bons níveis. Esse é um diferencial que tem que ser aproveitado”, explica o coordenador da câmara de engenharia elétrica do CREA-PR, Edson Luiz Dalla Vecchia.
Entrevistado
Green Building Council Brasil, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR) e Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas do Paraná (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Estrutura da obra é 30% do custo e 100% da segurança

Crédito: SPPC/UFPR
Independentemente do tipo de obra - residencial, comercial ou de infraestrutura -, o projeto estrutural, e sua execução, é que irá definir o sucesso do empreendimento. O alerta é do professor-doutor da Poli-USP, Paulo Helene, que recentemente participou do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, evento que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove anualmente. Em sua palestra, Helene deixa claro que a estrutura representa 30% do custo total de uma obra e 100% de sua segurança. “Quando isso não ocorre, marquises caem, prédios caem, viadutos e pontes caem”, destaca.
Em sua participação no simpósio, Paulo Helene listou uma série de obras que tiveram problemas no Brasil e no exterior, por causa de falhas de projeto ou de execução das estruturas. Sobre marquises, o professor-doutor destacou que, na maioria das vezes, elas dão problemas por erros de execução. “Se a armadura é montada na posição errada, ela não terá a ancoragem necessária, apresentará deformação, fissura e ruptura frágil até romper de uma vez. Por isso, as boas leis municipais sobre inspeção de marquises determinam que elas sejam verificadas a cada dois anos”, alerta.
Paulo Helene destaca que problemas de projeto e de execução acontecem em todo o mundo. “O Brasil tem uma engenharia de concreto de primeira linha. Compete mundialmente. E esses erros acontecem até em países de primeiro mundo. Nos Estados Unidos, um edifício em Las Vegas precisou ser demolido quando já estava na fase de acabamento. Motivo: descobriram um erro grosseiro de projeto. Então, eu volto a destacar que engenharia civil é responsabilidade, é conhecimento, é liderança, é visão e é ética”, frisa o professor-doutor, que completa: “Em uma obra tem que ocorrer um matrimônio entre o projetista e o engenheiro-construtor.”
Exercer a engenharia civil é seguir as normas técnicas
Em sua palestra, Paulo Helene lembra que também é papel da engenharia andar ao passo de seu tempo para viabilizar obras. Um caso emblemático citado pelo professor-doutor foi o do Palácio de Convenções do Parque da Gameleira, que em 1971 desabou na fase de construção em Belo Horizonte-MG. Para ele, tratava-se de um projeto muito ousado para a tecnologia da época. “Oscar Niemeyer estava uns 30 anos à frente da engenharia de materiais e da engenharia de concreto. Não havia tecnologia do concreto na época para esse tipo de construção. Mesmo assim, a engenharia atuou perante a arquitetura da mesma forma que um operário da construção civil quando recebe uma missão: eu vou fazer, eu vou fazer. O resultado dessa ousadia resultou em uma tragédia”, diz.
Falando para uma plateia formada em sua maioria por estudantes de engenharia civil, Paulo Helene ressaltou que exercer a engenharia é seguir as normas técnicas. “Qual o papel do engenheiro civil? É encontrar a realidade do projeto, compatibilizar sonhos, realizar expectativas, liderar operários, dar exemplo, saber fazer. Para atingir esses objetivos, a atividade profissional é regida por normas técnicas de projeto, de materiais, de controle e de manutenção. Sempre que ver uma obra fora da norma, o engenheiro precisa intervir para evitar que erros se transformem em danos, acidentes e tragédias”, finaliza.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Aprendendo com acidentes”, do professor-doutor da Poli-USP Paulo Helene, dentro do 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções
Contatos
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Concretagem não precisa ser ponto crítico da obra

Crédito: Banco de Imagens
A concretagem é uma etapa decisiva da obra. Além da qualidade do concreto, a programação para que o material chegue dentro do prazo no canteiro também é crucial. Para que tudo dê certo, é importante que haja sintonia entre fornecedor e construtora. Mas nem sempre isso ocorre. Seja por falha da concreteira ou da construtora, problemas na programação são comuns. Na maioria das vezes, os obstáculos são fáceis de resolver. Porém, ao se tornarem recorrentes evidenciam problemas de planejamento e acabam impactando no cronograma da obra.
Por isso, a escolha do fornecedor é fundamental. A opção por empresas com capacidade de auxiliar a construtora a elaborar um plano de concretagem é relevante para evitar que essa etapa se transforme em um ponto crítico da obra. Foi o que abordou o engenheiro civil Eduardo Tassi Damião, especialista em desenvolvimento tecnológico da Tecnisa, e que na Concrete Show 2019 concedeu a seguinte palestra: “Relação entre construtora e fornecedor de concreto: impactos sobre a produtividade das concretagens e sugestões de melhoria”. “É importante mapear a sequência de acontecimentos que prejudicam a produtividade das concretagens para conseguir solucioná-las”, diz.
O engenheiro estuda o tema desde a sua dissertação de mestrado na USP, no fim da década de 1990. Ele apontou 70 fatores que podem prejudicar a concretagem na obra. Alguns começam com problemas no projeto da edificação, mas a maioria tem a ver com programação, contratos e a concretagem em si. “Boa parte diz respeito ao relacionamento entre o fornecedor e a construtora. Um dos mais comuns ocorre quando o fornecedor agenda muitas entregas, contando que algum cliente irá cancelar, mas isso não ocorre e ele acaba atrasando a concretagem em alguma das obras agendadas”, relata.
Workshops são aliados no estreitamento da relação entre construtora e fornecedor
Eduardo Tassi Damião destaca que o inverso também ocorre, ou seja, a construtora agenda duas datas de concretagem, prevendo que a primeira tem boas chances de ser cancelada, e acaba encavalando a programação do fornecedor. “Um bom relacionamento com o fornecedor de concreto é o primeiro passo para não gerar esse tipo de bloqueio. Alinhar a programação é fundamental”, defende. Além disso, o engenheiro civil ressalta que construtora e fornecedor devem ter um histórico de concretagem para não repetir erros anteriores. “O que eu chamo de ecossistema do fornecimento de concreto deve ser controlado pelas duas partes”, afirma.

Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Em sua palestra, Eduardo Tassi Damião fez questão de realçar os problemas gerados por contratos mal redigidos. “Na minha pesquisa para a dissertação, assim como no meu trabalho, percebi que existem muitas cláusulas abertas, e que dão margens para diferentes interpretações. O ideal é que o contrato estreite a parceria entre fornecedor e construtora. Para chegar a um bom termo, na Tecnisa realizamos workshops com fornecedores para entender os pontos que podem ser melhorados. Mas avalio que a tecnologia também pode ser uma aliada neste caso. Uma sugestão é a criação de um app inspirado nos aplicativos de transporte de passageiros, e que possa melhorar a produtividade do fornecimento de concreto na obra”, propõe.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Relação entre construtora e fornecedor de concreto: impactos sobre a produtividade das concretagens e sugestões de melhoria”, do engenheiro civil Eduardo Tassi Damião, na Concrete Show 2019.
Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com
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Entre países emergentes, cresce uso de painéis estruturais

Crédito: Prilhofer
Painéis estruturais pré-fabricados de concreto estão modificando a indústria da construção em países emergentes da Ásia. A tecnologia não é nova, e na Europa já é usada há pelo menos 40 anos. Mesmo assim, ainda se mostra inovadora na forma de construir. Na Tailândia, por exemplo, o principal programa habitacional é todo sustentado por esse tipo de sistema. Sua maior vantagem é que a industrialização permite construir um volume maior de habitações em comparação à alvenaria convencional.
Os painéis são todos fabricados em galpões e montados no canteiro de obras. A unidade onde fundações, lajes, paredes estruturais, paredes de vedação, escadas, sacadas e outros elementos são produzidos tem capacidade de entregar 110 mil m2 por mês. Isso possibilita que no canteiro de obras sejam montadas até 16 moradias por dia. A primeira fábrica foi inaugurada em Bangcoc, em 2004. Atualmente, através de parcerias com a iniciativa privada, existem 12 fábricas espalhadas pela Tailândia para atender a demanda do programa habitacional do país.
As plantas permitem construir oito tipos de modelos de habitações. Desde unidades térreas geminadas, passando por casas e sobrados, até edifícios com 5, 8, 10, 12 e 16 pavimentos. Outra característica das unidades industriais montadas na Tailândia é que, apesar de serem bastante automatizadas, elas empregam mão de obra local que, a princípio, não era qualificada. Os trabalhadores são treinados na própria fábrica.

Crédito: Prilhofer
O governo tailandês importou tecnologia alemã para montar as fábricas no país. Desde a instalação da primeira unidade, há 15 anos, o sistema apresentou evoluções em todas as suas etapas. Houve melhorias na qualidade das fôrmas, aprimoramento da logística e avanços na especificação do concreto usado para a produção dos elementos. O desenvolvimento das etapas de fabricação também já permite que as esquadrias das janelas e as portas sejam instaladas na linha de montagem. Os banheiros também são construídos à parte e depois encaixados aos outros compartimentos das edificações.
Principal desafio da indústria de pré-fabricados no Brasil é romper paradigmas
A tecnologia foi mostrada na recente edição da Concrete Show 2019, que aconteceu em agosto na cidade de São Paulo-SP. A intenção é trazê-la para países da América Latina, região onde o déficit habitacional é crescente. Para o Brasil, em função de sua dimensão continental, os fabricantes alemães apresentaram um modelo de fábrica itinerante, que pode ser instalada no mesmo terreno do canteiro de obras do empreendimento.

Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Segundo o engenheiro civil Martin Maass, do Progress Group, e que na Concrete Show concedeu a palestra “Inovação tecnológica em processos para a indústria de pré-fabricados”, o principal desafio brasileiro é romper paradigmas para aceitar novas tecnologias na construção civil. “No Brasil, existem milhares de empresas que produzem pré-fabricados. Em grande parte, são pequenas e utilizam baixo grau de tecnologia e muita mão de obra. Para mudar isso, é preciso mudar a forma de pensar a indústria de pré-fabricados no país”, diz.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Inovação tecnológica em processos para a indústria de pré-fabricados, do engenheiro civil alemão Martin Mass, apresentada na Concrete Show 2019.
Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construção civil precisa qualificar 1,3 milhão em 4 anos

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Segundo o indicador Mapa do Trabalho Industrial, publicado recentemente pelo SENAI, até 2023 o Brasil terá de qualificar 10,5 milhões de trabalhadores em ocupações industriais para fazer frente às mudanças tecnológicas e à automação dos processos de produção. Os números destacam que a construção civil é o terceiro setor que mais vai exigir especialização, depois das chamadas profissões transversais e da metalmecânica. Nos próximos 4 anos, segundo a pesquisa, 1,3 milhão precisarão ser treinados para atuar nos canteiros de obras. “Esse resultado reflete as exigências cada vez maiores por profissionais na área de implementação de processos robotizados”, diz relatório do estudo.
A demanda por qualificação engloba trabalhadores que já estão empregados e, em parcela menor (22%), aqueles que precisam de capacitação para ingressar no mercado de trabalho. Em relação aos novos empregos que devem surgir na construção civil, o Mapa do Trabalho Industrial aponta que as maiores taxas de crescimento envolvem condutores de processos robotizados e pesquisadores de engenharia e tecnologia. “O mundo vive a quarta revolução industrial e o levantamento mostra que o Brasil, mesmo diante das dificuldades econômicas, está se inserindo aos poucos na Indústria 4.0. Por isso, é importante que as pessoas conheçam as tendências para que possam adequar seus projetos de vida às necessidades do mundo do trabalho”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.
Formação técnica terá mais oportunidades em ocupações ligadas ao canteiro de obras
As projeções do Mapa do Trabalho Industrial coincidem com dados trazidos em outras pesquisas, como o Mapa do Ensino Superior, divulgado no fim de 2018, e que aponta os novos profissionais que devem ser incorporados à construção civil. Entre eles, gestor de novos negócios em inteligência artificial, gestor de resíduos, especialista em impressão 3D de grande porte, engenheiro climático e técnico de manutenção de robôs. Mas as novas profissões não se restringem às graduações. O estudo do SENAI aponta que a formação técnica terá mais oportunidades em ocupações industriais, diante das mudanças em curso no mercado de trabalho. A estimativa é que até 2023 deverão ser capacitados quase 1,2 milhão de técnicos, com a construção civil absorvendo 1/3 desse volume de novos trabalhadores.
O indicador Mapa do Trabalho Industrial mostra que o Brasil acompanha uma tendência mundial na construção civil: a de que as vagas no setor serão ocupadas por quem tiver curso técnico e ensino médio. Com capacitação, esses profissionais, não raramente, conseguem salários tão competitivos quanto os que concluem a universidade. Além disso, nos países em que o ensino profissionalizante está acoplado ao ensino médio, o acesso dos estudantes às universidades politécnicas é facilitado. Isso permite que pedreiros-construtores se tornem engenheiros civis, por exemplo. Para especialistas em educação, esses profissionais tecnólogos serão fundamentais para consolidar a quarta revolução industrial.
Entrevistado
Reportagem com base no relatório do Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023, publicado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
Contato: imprensa@cni.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Reação Álcali-Agregado: 60% das obras não previnem patologia

Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Um dado preocupante foi apresentado na Concrete Show 2019: 60% das obras viabilizadas no Brasil não realizam testes de laboratório para se prevenir contra uma das patologias mais agressivas para as estruturas de concreto: a Reação Álcali-Agregado (RAA). Pior: cresce o volume de estruturas jovens, com idade entre 5 anos e 10 anos, que já manifestam a patologia. O alerta foi dado pelo engenheiro-laboratorista Raphael Holanda em palestra no evento.
Durante a palestra “A Reatividade Álcali-Agregado (RAA): o câncer do concreto”, o engenheiro destacou que cada 1 real investido em ensaios para prevenir RAA gera uma economia de 125 reais, caso a patologia se desencadeie em uma obra. “Uma bateria de ensaios para RAA está na faixa de 6 mil reais. Se fizermos a conta, dá para ver o quanto a ausência de um teste desse tipo vai custar para a construtora, se a patologia se manifestar”, avalia Raphael Holanda.
O engenheiro-laboratorista também chamou a atenção para o grande número de construtores que desconhecem a patologia. “O mesmo percentual dos que não realizam testes de laboratório é semelhante aos que não têm conhecimento aprofundado da RAA, que são 60%”, diz. Para esses, Raphael Holanda recomenda ver a norma ABNT NBR 15577 - Reatividade álcali-agregado. “A norma foi subdividida em 7 partes e contempla todas as informações necessárias para o correto estudo da RAA”, alerta.
Outra recomendação dada pelo palestrante é o livro “Guia de prevenção da RAA”, que foi coordenado pelo diretor do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), Cláudio Sbrighi Neto, e reúne vários estudos sobre Reação Álcali-Agregado. A publicação suscitou a realização de um workshop, em julho de 2019, promovido pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), pelo IBRACON e pela ABCP (Associação Brasileira de Concreto Portland), e que reuniu 120 profissionais com atuação na área de construção civil. O objetivo do evento foi disseminar conhecimento sobre a patologia.
Cimento CP IV-32 RS é o mais recomendado para mitigar RAA

Crédito: Selmo Chapira Kuperman
A Reação Álcali-Agregado (RAA) é uma reação físico-química que pode provocar a deterioração das estruturas de concreto sob determinadas condições de exposição. A patologia ocorre a partir da combinação de 3 fatores: álcalis (hidróxidos alcalinos), agregado reativo e presença constante de umidade. A RAA causa a expansão de uma substância gelatinosa pelos poros do concreto, levando à ruptura gradual da estrutura.
No Brasil, os primeiros casos foram detectados nos anos 1970. A prevenção, ensina o Guia, tem 5 passos: classificar a estrutura, determinar o grau de reatividade do agregado, cruzar a informação com as dimensões da estrutura e seu grau de exposição, estabelecer a intensidade da medida preventiva e escolher as opções de mitigação em função dessa intensidade.
Entre os tipos de cimento, o mais recomendado para mitigar RAA é o CP IV-32 RS. O Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos tem baixo calor de hidratação, o que o torna bastante recomendável na concretagem de grandes volumes e sob temperaturas elevadas. O teor de pozolana reduz os riscos gerados por agregados reativos e ambientes de ataque ácido. É altamente eficiente em argamassas de assentamento e revestimento (com adequada redução do efeito de eflorescência), e em concreto magro, concreto armado, concreto para pavimentos e solo-cimento.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “A Reatividade Álcali-Agregado (RAA): o câncer do concreto”, do engenheiro-laboratorista Raphael Holanda, na Concrete Show 2019.
Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mario Franco, o decano da engenharia estrutural brasileira

Crédito: ABECE
A engenharia estrutural brasileira está de luto. Morreu dia 4 de setembro de 2019, aos 90 anos, o engenheiro civil Mario Franco. Nascido em Livorno-Itália, em 1929, ele viabilizou mais de 2 mil projetos com seus cálculos precisos. Também ajudou a formar gerações de engenheiros e arquitetos no período em que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP), entre 1971 e 1998. Franco lecionou no departamento de engenharia de estruturas e fundações da Poli e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
Seu escritório, o KPMF - fundado em 1952, junto com o também engenheiro estrutural Julio Kassoy, que morreu em 2016, aos 93 anos - assina obras icônicas, principalmente na cidade de São Paulo. Entre elas, o Othon Palace Hotel, o Palácio das Convenções do Anhembi, o CENU (Centro Empresarial Nações Unidas), o Hotel Unique, o edifício Rochaverá, o Instituto Tomie Ohtake e, mais recentemente, o Pátio Victor Malzoni e o complexo comercial e hoteleiro Cidade Matarazzo , ainda em construção na capital paulista.
O Cidade Matarazzo tornou-se mundialmente conhecido por preservar a capela Santa Luzia, construída em 1922 e tombada pelo patrimônio histórico do estado de São Paulo. Foi Mario Franco quem teve a ideia de sustentá-la sobre pilares independentes, o que permitiu a escavação do terreno sem afetar a antiga construção. Primeiro, a capela foi assentada sobre uma laje de concreto e depois sustentada por 8 pilares, cada um com 31 metros de altura e mais 23 metros encravados no solo. Cada pilar tem 1 metro de diâmetro e recebeu 54 m3 de concreto.
Engenheiro viveu todas as fases da engenharia estrutural: da régua de cálculo ao BIM
Mario Franco também assina vários projetos que contribuíram para a infraestrutura da cidade de São Paulo, como pontes e viadutos. Em 2003, a ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) concedeu a ele o título de “associado honorário”, pelo reconhecimento aos relevantes serviços prestados à engenharia estrutural brasileira. O IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) também agraciou Mario Franco com o prêmio “Emilio Baumgart”.
Além da matemática, o concreto era a matéria-prima de Mario Franco. Ele foi um dos primeiros engenheiros estruturais do mundo a projetar edifícios esbeltos, quando a principal ferramenta dos projetistas era a régua de cálculo. Em palestra concedida em 2012, Franco relatou a evolução dos equipamentos que permitiram o aprimoramento dos cálculos e, consequentemente, projetar edifícios com mais precisão, robustez e arrojo arquitetônico. “Com a chegada do computador, e de softwares como o BIM, vivemos uma época gloriosa para os calculistas”, disse, na época, o decano da engenharia estrutural brasileira.
Entrevistado
Reportagem com base na biografia do engenheiro estrutural Mario Franco
Contato: jkmf@jkmf.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Curitiba se destaca em obras com selo Zero Energy

Crédito: Lex Kozlik
O USGBC (United States Green Building Council), organismo que avalia os empreendimentos ambientalmente sustentáveis em todo o mundo, concedeu o selo LEED Zero Energy Building para a sede da Petinelli Engenharia, em Curitiba. A chancela atesta que a edificação é autossuficiente ao produzir toda a energia elétrica que consome ao longo de sua operação anual. Com o reconhecimento, a capital paranaense se destaca como a cidade brasileira com mais construções certificadas como autossuficientes no país.
São quatro as obras em Curitiba que asseguraram o selo Zero Energy Building. Além da Petinelli Engenharia, a RAC Engenharia, o escritório De Paola & Panasolo Sociedade de Advogados e a Residência M&L. Essa liderança é destacada pelo CEO do USGBC, Mahesh Ramanujam. “Com mais essa chancela, Curitiba serve como modelo global. Os projetos LEED Zero estão contribuindo para reconfigurar o futuro e aprimorar a saúde e o bem-estar”, comenta.
O conceito de edificações energia zero vai além da instalação de painéis fotovoltaicos. É preciso preparar o edifício para que ele tenha desempenho térmico. Isso inclui posicionamento em relação à insolação e ao sombreamento, dimensionamento das janelas e um sistema eficiente de iluminação, climatização e ventilação - todos adequados ao volume de energia que o empreendimento vai gerar. O objetivo é que a construção faça uso zero da energia elétrica fornecida pela operadora local e, se possível, ganhe créditos ao devolver o excedente do que produz para a rede elétrica de sua região.
Para obter o selo Zero Energy Building, edificação é monitorada durante 12 meses
Para obter o selo Zero Energy Building, a edificação é monitorada durante 12 meses. Neste período, precisa comprovar o quanto ela produz de energia e o quanto consome. Se esse número ficar zerado, ou se a produção for maior, considera-se que a construção atende aos requisitos da certificação. “Dificilmente viabiliza-se um projeto de edifício zero energia sem que a edificação adote sistemas e materiais eficazes para a redução do consumo de energia”, explica o professor-doutor da Poli-USP, Alberto Hernandez Neto.
No caso da mais recente edificação de Curitiba a obter a certificação Zero Energy Building, o que houve foi a transformação de um antigo barracão industrial da década de 1980 em uma edificação autossuficiente em consumo de energia. O processo levou três anos e o investimento chegou a 60 mil reais. A expectativa da Petinelli Engenharia é que o custo se pague em, no máximo, 5 anos.
O retrofit envolveu as seguintes ações: isolamento térmico do telhado; troca de janelas para melhorar a estanqueidade e evitar a troca de calor; instalação de 90 m² de painéis fotovoltaicos que garantem geração anual de 223 MWh de energia; sistema de iluminação e de ar-condicionado com sensores de presença, e eliminação de servidores e a troca de desktops por notebooks nas áreas de trabalho.
Entrevistado
USGBC (United States Green Building Council (via assessorial de comunicação)
Contato: info@usgbc.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Nova ABNT NBR 6120 se adapta à vida moderna

Crédito: Fernando Alvim
Em processo de revisão desde 2014, a ABNT NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações - concluiu o processo de consulta pública e aguarda sua publicação até o fim de 2019. Segundo o coordenador da nova norma técnica, o engenheiro civil João Alberto Vendramini, uma das atualizações mais importantes está no fato de que a nova ABNT NBR 6120 se adapta à vida moderna dos brasileiros.
Por exemplo, as cargas exercidas pelo maior volume de eletrodomésticos dentro das residências, assim como móveis planejados, varandas gourmet e carros blindados, foram levadas em consideração na revisão da norma. “A mudança no estilo de vida dos brasileiros influenciou a norma”, diz Vendramini. O novo texto também considera as novas tecnologias construtivas, assim como os novos materiais de construção.
Antes do processo de revisão, o texto da ABNT NBR 6120 continha 5 páginas e havia sido elaborado entre 1978 e 1980. A publicação da norma, como era conhecida até então, aconteceu em novembro de 1980 - portanto, com 39 anos de defasagem. Agora, o texto que entrará em vigor conta com mais de 60 páginas e terá uma nova nomenclatura. A nova norma irá se chamar “ABNT NBR 6120 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações”.
Em palestra recente no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro-RJ, João Alberto Vendramini, que também exerce o cargo de presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), disse que uma das virtudes da norma revisada é que ela leva em consideração as ações variáveis. Ou seja, reconhece que determinadas construções não estão expostas à mesma carga o tempo todo. São os casos de aeroportos, shopping centers, estádios e outras estruturas. “Em determinadas situações, esses espaços estarão vazios e, em outras, com carga de multidão. Saber projetar uma obra com carga variável é um grande mérito”, destaca Vendramini.
Norma está ancorada em outras normas e em vasta pesquisa sobre o estudo de cargas
Há um ano, no Instituto de Engenharia, em São Paulo-SP, o coordenador da norma também palestrou sobre as alterações na norma. Ele lembrou que a ABNT NBR 6120 agora possui um histórico de referências, o que facilitará o trabalho para novas revisões, e também define critérios mais específicos para determinados tipos de obras, como edifícios-garagem, edificações industriais e helipontos. “As cargas exercidas pelos vários tipos de veículos que trafegam no país, assim como as cargas dos vários produtos estocados em galpões logísticos e das aeronaves que pousam nos helipontos, agora possuem tabelas que influenciam nos projetos estruturais dessas obras”, ressalta.
O mesmo vale para casas de máquinas de instalações industriais. Segundo o coordenador da norma, a comissão de estudos considerou um bom número de variáveis para definir as tabelas de cargas, inclusive levando em consideração outras normas brasileiras e normas internacionais. João Alberto Vendramini frisa que todas as pesquisas possuem registros, a fim de que se comprovem os parâmetros escritos na nova ABNT NBR 6120. “A revisão da norma contou com várias referências e contribuições de um bom número de profissionais, o que a torna bem mais abrangente”, conclui.
Veja palestra do engenheiro civil João Alberto Vendramini sobre a revisão da ABNT NBR 6120
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/tv-engenharia/?cod_canal=3511
Entrevistado
Reportagem com base em palestras do engenheiro civil e coordenador da ABNT NBR 6120 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações, João Alberto Vendramini, no Clube de Engenharia e no Instituto de Engenharia
Contato: abece@abece.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
IPCA passa a indexar financiamento imobiliário

Crédito: Agência Brasil
Recentes medidas do governo federal para o crédito imobiliário mostram a predisposição de atrair os bancos privados e o mercado de capitais para o setor de construção habitacional que, historicamente, sempre foi subsidiado por recursos públicos. A decisão que mais evidencia essa tendência é a que passa a oferecer crédito imobiliário corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual é usado para medir a taxa de inflação oficial do país. A mudança substitui a TR (Taxa Referencial) por um indexador mais atraente e capaz de estimular outros agentes financeiros a competirem com a Caixa Econômica Federal. O banco público responde atualmente por 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil.
A nova linha traz taxa anual de 4,95% do valor financiado, mais a correção mensal da inflação, conforme o IPCA. Já a linha de financiamento tradicionalmente usada adota a correção da TR (0% atualmente) mais 9,75% ao ano do valor financiado. O modelo inédito já está disponível e terá prazo máximo de financiamento de 360 meses. O cliente poderá usar o FGTS e financiar até 80% do preço do imóvel, desde que não ultrapasse 1,5 milhão de reais. Significa que precisará ter pelo menos 20% do valor para dar de entrada. Para o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a alternativa representa um avanço. “É uma redução do custo do crédito”, avalia.
Segundo Guimarães, o valor da prestação do financiamento imobiliário será reduzido sensivelmente. “Um imóvel de 300 mil reais, que hoje a pessoa começa pagando 3 mil reais de prestação, com a taxa de 4,95% baixará de R$ 3.168,00 para cerca de 2 mil reais”, diz. Porém, caso o mutuário não queira financiar com base no IPCA, temendo um aumento da inflação futura, ele poderá optar pela linha tradicional, ou seja, usando a TR como indexador. Para especialistas do mercado financeiro, a nova modalidade é interessante apenas se o objetivo do comprador for quitar a dívida em um prazo máximo de 10 anos. No caso de financiamentos longos, a tendência é que a operação fique mais cara se for usado o IPCA.
Para o Minha Casa Minha Vida, governo estuda novas medidas
O governo federal também estuda alternativas para o Minha Casa Minha Vida, a fim de diminuir a dependência do programa de recursos do FGTS e da caderneta de poupança. Segundo recente reportagem do jornal Valor Econômico, uma delas seria a extinção de financiamento para as faixas 1 e 1,5, substituindo por uma modalidade chamada provisoriamente de “aluguel social”. No entender da equipe econômica, isso reduziria a inadimplência e permitiria que as famílias de baixa renda quitassem suas dívidas, tornando-se donas do imóvel apenas após um período de pagamento de “aluguel social”.
Enquanto soluções definitivas não são anunciadas, paliativamente o ministério da Economia repassou ao ministério do Desenvolvimento Regional 443 milhões de reais para serem investidos no Minha Casa Minha Vida. A medida busca dar fôlego às construtoras que atuam no programa e já estavam sem recursos ou crédito para quitar os compromissos assumidos. Os atrasos de mais de 60 dias impactam cerca de 600 empresas em todo o país. Apesar da escassez de recursos, o governo mantém o plano de viabilizar 234 mil unidades em 2019.
Entrevistados
Caixa Econômica Federal e ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional (via assessoria de imprensa)
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