De suposto inimigo, concreto vira melhor amigo do aço
Em palestra na UFPR, professor-doutor Paulo Helene explica o “milagre” que permite ao material manter as armaduras passivadas
Em palestra na UFPR, professor-doutor Paulo Helene explica o “milagre” que permite ao material manter as armaduras passivadas
Por: Altair Santos
Em palestra no Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, promovido recentemente pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o professor-doutor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Helene, afirmou que, apesar das patologias, nenhum outro material preserva tanto o aço quanto o concreto. “É um milagre divino, já que o aço teria todas as condições para ser corroído pelo concreto. Afinal, trata-se de um material com ambiente úmido, poroso e onde a combinação água-oxigênio leva à ferrugem”, afirma, explicando a razão de isso não acontecer: “O motivo é que a armadura se mantém quimicamente protegida dentro do concreto e fica passivada”. Então, diz o especialista, o que os engenheiros precisam cuidar é de que essa passividade não seja interrompida.
Paulo Helene aproveitou para criticar os organismos de normalização – não apenas no Brasil, mas em boa parte dos países – por não existirem normas técnicas que abranjam métodos para o combate à carbonatação e a penetração por cloretos, por exemplo. “O Eurocode possui uma norma muito complicada sobre o tema. Mas no Brasil, por exemplo, que tem uma extensa faixa litorânea e uma quantidade enorme de edificações expostas à chamada névoa salina, não há nem especificações que definam métodos para ensaios acelerados em condições superagressivas. O mesmo ocorre no Canadá e nos Estados Unidos, onde eles têm o problema do degelo com sal. Só nos Estados Unidos, a NACE International (National Association of Corrosion Engineers) estima que os gastos anuais gerados por corrosão de armadura cheguem a US$ 400 bilhões”, revela.
Das patologias aos superconcretos
Em sua palestra, Paulo Helene afirmou que, no passado, antes de as pesquisas sobre patologias do concreto evoluírem, havia a sensação de que as obras eram eternas. “Hoje, temos informações inimagináveis há alguns anos. Entre elas, que a corrosão da armadura é capaz de gerar tensões dentro da estrutura do concreto que podem chegar até a 15 MPa. Essas descobertas levaram à evolução da tecnologia do concreto. Hoje é possível produzir concreto de até 800 MPa. Nenhuma rocha na natureza tem 800 MPa. O granito tem 120 MPa, e a natureza levou milhões de anos para produzir. Nós conseguimos produzir em 28 dias. Eu mesmo já produzi concreto de 125 MPa. Além disso, a tecnologia do cimento evoluiu muito no sentido de conseguir passivar quimicamente o aço”, destaca.
Apesar de todas as pesquisas e dos avanços tecnológicos, Paulo Helene destaca que erros em procedimentos de limpeza e de manutenção podem desencadear patologias graves. Ele citou o exemplo dos edifícios revestidos por pastilha, onde boa parte apresenta corrosão de armadura. O especialista disse que não se trata de erro no projeto estrutural ou no projeto de revestimento. O problema está nos procedimentos de manutenção. “As empresas usam ácido muriático, que é ácido clorídrico, para a limpeza das pastilhas. Esse produto, que é altamente corrosivo, penetra o concreto e atinge as armaduras. Por isso, os vários casos de corrosão em prédios pastilhados. Não é a pastilha que é uma péssima protetora da fachada, mas sim o uso de produtos que ajudam a despassivar a armadura”, alerta.
Entrevistado
Engenheiro civil Paulo Roberto do Lago Helene, professor-doutor titular da Poli-USP, consultor e diretor da PhD Engenharia. (texto com base na palestra concedida no Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, promovido pela UFPR)
Contato
paulo.helene@poli.usp.br
www.concretophd.com.br
Crédito Fotos: Cia. de Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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