Casa a partir de entulhos de obras ganha protótipo no RS

Modelo faz parte de um projeto testado na região metropolitana de Porto Alegre e pode integrar segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida

Por: Altair Santos

Uma cidade do tamanho de Porto Alegre produz por hora 242 toneladas de Resíduos de Construção e Demolição (RCD), segundo dados da escola de engenharia civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nem sempre o destino para este material é o correto, apesar de, desde 2002, haver resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) sobre o assunto. O fato é que boa parte do RCD acaba se misturando aos lixões das cidades, quando poderia ser reciclado e transformado em matéria prima para habitações de baixa renda.

Josely Rosa: diretor-presidente do grupo Baram

É isso que um projeto iniciado na cidade de Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, tenta disseminar. A tecnologia consiste em utilizar entulhos de demolição de obras para a construção de um imóvel com 52 m², com dois dormitórios, cozinha, sala e banheiro. A casa custa cerca de R$ 45 mil e só se tornou viável graças ao desenvolvimento de um kit de máquinas, que permite reciclar o entulho e, a partir dos resíduos, fabricar tijolos. Com 32,8 toneladas de RCD é possível produzir 8.640 blocos - o suficiente para erguer a residência popular.

O tijolo feito exclusivamente com agregados reciclados, nome que se dá, nome que se dá aos restos de obras depois que estes passam pela máquina de reciclagem de entulhos e sobras de concreto, é três vezes mais resistente do que o tijolo tradicional, de cerâmica, apresentando 7,5 MPa - unidade usada para medir o grau de resistência. Além disso, a quantidade de blocos necessários para a construção de uma casa permite que se evite despejar na atmosfera 3.996 kg de CO2, conforme dados do Ministério de Minas e Energia. Isso significa também uma economia equivalente a 21 árvores.

Segundo o empresário Josely Rosa, que preside o grupo Baram, as máquinas recicladoras fazem todo o processo de separação do entulho. “Todos os restos de construção são processados na máquina, seja argamassa, areia, cerâmica, concreto, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos e tintas. Ela faz a separação e gera um agregado que permite a construção dos tijolos. Já os fragmentos mais grossos podem ser usados como material para o contrapiso da residência”, explica.

O próximo passo do empreendedor é conseguir colocar o sistema construtivo da casa à base de entulho reciclado entre os que estão aptos a integrar o programa Minha Casa, Minha Vida. Projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, e que estimulam a reutilização de RCD, podem facilitar a produção em série deste tipo de habitação. Um deles é o que determina que para participar de licitações de obras públicas as empresas de construção civil terão de usar resíduos reciclados.

Pelo projeto, as empresas privadas que investirem em capacitação tecnológica para reduzir a quantidade de resíduos ou utilizar material reciclado terão as seguintes vantagens:
- Regimes especiais facilitados para o cumprimento de obrigações tributárias acessórias
- Prazos especiais para pagamento de tributos
- Incentivos fiscais à importação de produtos ou tecnologias necessárias à reciclagem de resíduos
- Inserção nos programas de financiamento com recursos de fundos existentes ou a serem criados
- Parceria com órgãos ou entidades da administração federal, estadual ou municipal

Ainda de acordo com o projeto que tramita na Câmara, cada região poderá criar um Fundo de Resíduos da Construção Civil, que será constituído por doações de entidades nacionais e internacionais, pessoas físicas ou outras receitas eventuais. Esse fundo terá, entre outros objetivos, o de recuperar áreas degradadas pela disposição inadequada de resíduos e incentivar estudos e pesquisas que desenvolvam técnicas de reciclagem, como o protótipo da casa desenvolvida em Sapucaia do Sul. “Mais de 90% dos resíduos oriundos da construção civil podem ser reaproveitados com o emprego de agregados com características muito similares às do produto original”, completa Josely Rosa..

Casa reciclada: tijolos feitos a partir de resíduos de construção e demolição é opção barata para habitações populares
Equipamento que tritura os entulhos de construção faz a separação e gera agregados para a fabricação de tijolos

Entrevistado
Josely Rosa, empresário e diretor-presidente do grupo Baram
Currículo

Empreendedor e dirige a Baram Equipamentos desde a sua fundação, em 2000. A empresa é líder nacional na fabricação de andaimes suspensos e máquinas para a construção civil.
Contato: camejo@camejo.com.br (assessoria de imprensa) / @joselyrosabaram (Twitter)

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Cloud computing é viável em processos de gestão de obras

Tecnologia, que permite portabilidade de sistemas através da computação em nuvem, pode aposentar softwares até então imprescindíveis nas construções

Por: Altair Santos

A tecnologia cloud computing (computação em nuvem) começa a revolucionar a construção civil. Algumas companhias já a testam em processos de gestão de obras, dispensando softwares e hardwares - até então imprescindíveis. A vantagem é a dinâmica que pode ser dada a determinadas etapas de um empreendimento. Como as empreitadas costumeiramente ficam distantes das sedes administrativas das empresas, a computação em nuvem permite que as áreas de suprimento, administração e comercial se comuniquem em tempo real por tablets, smartphones, ipads, ipods ou iphones, dispensando o deslocamento de volumosos equipamentos de informática para o canteiro de obras.

Rodrigo Jorge Resegue, da Blue Service: construção civil tem perfil para se aproveitar das vantagens da computação em nuvem.

No Brasil, a opção das empresas ligadas à construção civil tem sido pelo modelo SaaS (Software as a Service ou software como serviço) para cloud computing. As companhias contratam software, hardware e todos os serviços agregados de um fornecedor, que oferece um sistema 100% web, ou seja, tudo acessado pela internet, em troca de uma assinatura mensal. A solução SaaS é indicada principalmente para pequenas e médias empresas, pois permite que elas tenham acesso a boas soluções de tecnologia sem que façam grandes investimentos em hardware e infraestrutura.

Segundo Rodrigo Jorge Resegue, diretor executivo da Blue Service - empresa que atua no desenvolvimento e licenciamento de softwares corporativos, consultoria em tecnologia da informação e desenvolvimento de sistemas para internet -, não só o canteiro de obras ganha com cloud computing. A gestão de relacionamento com o cliente (CRM, em inglês) também. “A parte de prestação de serviço das construtoras ganha muito, seja o sistema de incorporação, de controle de vendas ou CRM. Consegue-se fazer tudo em tempo real e sem custo de software instalado. A grande vantagem é a portabilidade do sistema”, diz.

Depois de começar pelos usuários comuns, que hoje utilizam ferramentas como MSN, Twitter, Orkut e Facebook por sistemas em nuvem, a cloud computing atualmente já é bem explorada pelas áreas de prestação de serviço e financeira. A próxima onda começa a se espalhar pela indústria e também pelas áreas de governo, com as chamadas nuvens públicas. Por isso, estima-se que 2011 termine com investimento quatro vezes maior em cloud do que em outros setores da tecnologia da informação (TI), segundo dados da Gartner Group – tradicional empresa norte-americana de consultoria e pesquisa na área de TI.

Mas o que é cloud computing?

O conceito de cloud computing é disponibilizar sistemas via internet, sem que eles estejam fisicamente instalados numa máquina. A internet, em diagramas globais de rede, é simbolizada por uma nuvem. Daí deriva a denominação computação em nuvens. A vantagem é que as empresas podem contratar o serviço em vez de despender grandes recursos com departamentos de TI. Outro aspecto positivo é a portabilidade. A desvantagem, segundo alegam profissionais de tecnologia da informação, é a segurança. “Acho que tudo depende do sistema de segurança do data center que vai prestar o serviço de cloud. Talvez não seja a questão de a computação em nuvem ser menos segura, mas ter um sistema de segurança mais caro. E isso vai ser embutido no custo do serviço”, avalia Rodrigo Jorge Resegue.

Entenda o que é computação em nuvem. Fonte: Sienge

Entrevistado
Rodrigo Jorge Resegue, diretor executivo da Blue Service
Currículo

Atua desde 1996 em desenvolvimento de Internet em 1996. Atuou como web designer, programador, analista de planejamento, atendimento a clientes e gerente de projetos, passando por todas as áreas, tendo dirigido o desenvolvimento de mais de 100 projetos de tecnologia web, para clientes de todos os portes e setores.
Contato: rodrigo@blueservice.com.br

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Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Brasil precisa de capital humano para se consolidar como polo de negócios

Relatório mostra que país tem barreiras educacionais a serem superadas, como universalização do ensino médio e o baixo índice de matrículas nas universidades

Por: Altair Santos

Relatório produzido pela Brasil Investimentos e Negócios (BRAiN) avalia que nesta década o país deve se tornar o novo polo de desenvolvimento do mundo. Para isso, precisará produzir talentos e capital humano para justificar a expectativa. Há barreiras a serem superadas, como a universalização do ensino médio e o baixo índice de matrículas no ensino superior. Além disso, é considerado baixo o alinhamento entre o ensino de idiomas e as necessidades do mercado de trabalho, assim como é baixo também o alinhamento da produção acadêmica às necessidades dos setores industrial, de serviços e financeiro.

Paulo Oliveira, diretor-presidente da BRAiN: próximos 30 anos serão decisivos para o Brasil

Para mudar esse quadro, o diretor-presidente da BRAiN, Paulo Oliveira, avalia que o momento para o Brasil reverter essa desvantagem é agora. Atualmente, segundo ele, o país dispõe de uma enorme vantagem competitiva, que é o “bônus demográfico”. Trata-se de um período em que a População Economicamente Ativa (PEA) supera largamente o número de crianças, idosos e dependentes, que ainda não estão no mercado de trabalho. Essa margem de capital humano disponível deve durar por 30 anos, analisa Paulo Oliveira, que na entrevista a seguir relaciona os gargalos que o Brasil precisa superar para se consolidar como um polo de negócios.

Confira:
Para o Brasil se tornar um novo polo de desenvolvimento do mundo ele precisa produzir talentos e capital humano. Quais os gargalos a serem superados para que o país atinja esse objetivo?

Embora nos últimos anos o país tenha evoluído no acesso à educação, especialmente no ensino básico, ainda há desafios de ordem quantitativa e qualitativa. A taxa de matrícula no ensino superior, por exemplo, ainda é inferior à média mundial de 38%, segundo dados da Unesco. Nos 10 países com maiores taxas, o percentual médio é de 79%. No aspecto qualitativo, a questão é ainda mais complexa. Se tomarmos como referência o Programme for International Student Assesment (PISA), uma prova aplicada pela OCDE a estudantes de 15 anos em 65 países, a pontuação dos estudantes brasileiros fica em 54.º lugar, abaixo da de nações como México, Chile, Rússia e China. Outra questão é a do baixo alinhamento do ensino superior com as necessidades do mercado. Esse assunto foi tratado no relatório “Atratividade do Brasil como Polo Internacional de Investimentos e Negócios”, lançado pela BRAiN em junho e disponível no nosso site (www.brainbrasil.org). Em breve, a entidade deverá lançar um relatório específico sobre talentos.

O governo federal tem lançado programas para produzir capital humano, entre eles enviar 100 mil estudantes para complementar os estudos no exterior. Essa é uma boa prática ou precisa mais?
O programa “Ciência para Todos”, que prevê esse tipo de intercâmbio, é uma iniciativa positiva e mostra que o governo percebe a importância da internacionalização na formação profissional. Atualmente, o país envia para intercâmbio um número menor de estudantes que Índia, México e China.  Por isso, na opinião da BRAiN a medida é da maior importância.

Quais os setores da economia que mais carecem de capital humano e talentos, para que o Brasil possa competir com outras nações industrializadas?
O país carece de capital humano em setores de nível superior, especialmente nos ligados à tecnologia. Mas a principal carência é no ensino técnico, na indústria e no setor de serviços, que, por sua vez, emprega a maior parte da mão de obra com formação superior: 25% dos empregados nesse setor têm ensino superior, ante apenas 9% nas outras áreas. Há ainda a questão do ensino de línguas. A percepção do mercado quanto ao alinhamento do ensino de línguas às suas necessidades (demonstrada pelo World Competitiveness Yearbook, do IMD) ainda é baixa, inferior à média mundial. Países como Chile, Índia e Cingapura apresentam resultado melhor que o do Brasil.

Há modelos adotados por outros países que poderiam servir de exemplo para o Brasil formar capital humano?
Cingapura e Coreia do Sul são países que estavam no mesmo patamar do Brasil há 50 anos e hoje estão em níveis equivalentes aos dos Estados Unidos e Reino Unido. Algumas das medidas adotadas envolvem a preparação e valorização dos professores, a busca pelo alinhamento da educação superior com o mercado e a profissionalização na gestão das escolas públicas. Os Emirados Árabes, por exemplo, desenvolveram um projeto de revisão do sistema educacional, mapeando as projeções de crescimento e de setores específicos, bem como da mão de obra qualificada. Esse estudo deu origem a um plano detalhado de investimentos e ações na área da educação, utilizando as melhores práticas de outras nações.

O modelo de ensino brasileiro, sobretudo do ensino médio até as universidades, está preparado para formar cabeças e dar ao Brasil esse volume de talento e capital humano que ele necessita?
Antes de avançar na questão, é preciso ressaltar que o Brasil dispõe de uma enorme vantagem competitiva no mundo para as próximas décadas: o chamado “bônus demográfico”, um período em que a População Economicamente Ativa (PEA) superará largamente o número de crianças, idosos e dependentes, que ainda não estão no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo em que é uma vantagem, essa situação gera um desafio do ponto de vista de qualificação dos talentos. Mas hoje já existe um trabalho excelente de qualificação no ensino médio, por meio de entidades como o Sesi, Sesc e Senac.

Um dos desafios da escola brasileira não seria o fato de que ela estimula pouco o empreendedorismo?
O empreendedorismo não é abordado no nível de graduação nas escolas. No entanto, temos bons exemplos de capacitação para o empreendedorismo no Sebrae, por exemplo. Paralelamente, entidades como a BM&F Bovespa vêm realizando um trabalho de estímulo ao empreendedorismo, por meio de parcerias com o Babson College, dos Estados Unidos, uma referência mundial na questão.

Comparativamente com outras décadas, o Brasil tem formado mais ou menos talentos?
Há indicadores que mostram que o processo de formação de talentos vem avançando. Um exemplo: de 1920 e 2010 a taxa de escolarização aumentou de 9% para 86%. Já o índice de alfabetização subiu de 30% para 90% e o número de matrículas nos ensinos fundamental e médio saltou de 1 milhão para 42 milhões. Permitir um maior acesso ao ensino é pressuposto básico para identificar e preparar os talentos.  No já mencionado exame PISA, embora esteja abaixo da média mundial, o Brasil foi, em 2009, o terceiro país com melhor índice de crescimento entre os 65 avaliados. E há iniciativas bastante positivas no aumento da formação de talentos, tanto no âmbito privado quanto no público. Por exemplo, o governo vem trabalhando no estímulo à formação com programas como o PROUNI (Programa Universidade para Todos), que prevê a concessão de bolsas de estudo integrais para cursos de graduação e sequenciais, e o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que tem como objetivo ampliar a oferta de cursos técnicos. No Estado de São Paulo, a Fundação Paula Souza é referência no ensino técnico-profissionalizante. Já o Rio de Janeiro estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de inglês e espanhol nas escolas públicas, além de aumentar o tempo de ensino desses idiomas. Na área privada, temos exemplos como o movimento Todos Pela Educação e os trabalhos do Instituto Ayrton Senna e Unibanco e da Fundação Bradesco.

No âmbito da engenharia, o relatório da BRAiN faz alguma ressalva, já que trata-se de uma das áreas que mais têm carência de capital humano?
Sim. O já mencionado relatório “Atratividade do Brasil como Polo Internacional de Investimentos e Negócios” mostra que, numa comparação com 12 países, o Brasil está em último lugar no quesito disponibilidade de engenheiros e gestores de qualidade, fundamental para atrair empresas que queiram se instalar num país. Um exemplo da dificuldade nessa área é o fato de que Petrobrás calcula que, se não forem adotadas medidas para qualificar trabalhadores, a cadeia produtiva de petróleo poderá chegar a 2015 com um déficit de 200 mil profissionais. A maioria desses profissionais está ligada à área de engenharia.

Qual a análise sobre o porquê de o Brasil ter deixado para trás formações tão estratégicas para o país, como a engenharia?

O país passou por diversas crises nas décadas de 1980 e 1990, período em que os investimentos em infraestrutura diminuíram. Esse cenário, por sua vez, gerou uma baixa atratividade nos jovens para carreiras técnicas, por natureza, mais difíceis de serem cursadas. No momento atual, a situação é a inversa, com grande demanda nessas áreas e pouca oferta de profissionais.
Há um prazo para que o Brasil consiga produzir esse capital humano necessário ou seria para ontem?
Analisando a pirâmide etária, em 30 anos o país não contará mais com o bônus demográfico já mencionado. Temos de preparar a atual geração, da qual dependeremos, para que o Brasil tenha um crescimento consistente. Por isso, é preciso intensificar esse trabalho desde já.

Saiba mais
O que é o PISA
O PISA (Programme for International Student Assesment) é um programa internacional de avaliação de alunos, realizado a cada três anos com a finalidade de produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais. O exame abrange escolas públicas e privadas, avaliando estudantes de 15 anos de idade, matriculados a partir da 7.ª série do ensino fundamental. Além de avaliar o aprendizado de Matemática, Ciências e Leitura, o PISA examina a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e aplicar o conhecimento adquirido em sua vida diária.
Na prova de 2009, participaram do PISA 50 mil estudantes de 990 escolas públicas e particulares das áreas rural e urbana, em 587 municípios. O exame é elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), para oferecer aos países participantes indicadores de comparação internacional, que servem de parâmetro para a melhoria da educação. O Brasil é a única nação da América do Sul que participa do PISA desde a primeira edição, em 2000. A próxima será em 2012.

Outros países que participam do PISA:
Albânia, Austrália, Argentina, Áustria, Chile, República Tcheca, Emirados Árabes Unidos, França, China, Indonésia, Itália, Cazaquistão, Liechtenstein, Letônia, República da Moldávia, Nova Zelândia, Peru, Catar, República da Sérvia, Eslováquia, Suécia, Tailândia, Turquia, Reino Unido, Azerbaijão, Bulgária, Colômbia, Dinamarca, Estônia, Alemanha, Hungria, Irlanda, Japão, Coréia, Lituânia, República de Montenegro, Noruega, Polônia, Romênia, Eslovênia, Suíça, Trinidad Tobago, Estados Unidos, Bélgica, Canadá, Croácia, República Dominicana, Finlândia, Grécia, Islândia, Israel, Jordânia, Quirguistão, Luxemburgo, México, Holanda, Panamá, Portugal, Rússia, Singapura, Espanha, Taiwan, Tunísia e Uruguai.

Entrevistado
Paulo Oliveira, presidente da BRAiN (Brasil Investimentos e Negócios)

Currículo

Engenheiro civil formado pela Universidade Politécnica de São Paulo (Poli-USP). Antes de assumir a presidência da BRAiN, foi diretor de Desenvolvimento de Fomento e Negócios da BM&F Bovespa.
Lançada em março de 2010, a BRAiN (Brasil Investimentos e Negócios) é uma entidade multissetorial de caráter privado que tem como objetivo articular e catalisar a consolidação do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios, com foco regional na América Latina, mas com projeção e conexões globais.
A BRAiN conta com 13 associados: ANBIMA, BM&F Bovespa, FEBRABAN, Fecomercio, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Banco Votorantim, BTG Pactual, CETIP, Citibank, HSBC e Itaú-Unibanco.
Contato: contato@brainbrasil.org / dvivan@brainbrasil.org (assessoria de imprensa)

Crédito Foto: Divulgação

Por: Altair Santos

Código de vestuário vai além da entrevista por emprego

Empresas passaram a ter mais atenção com o visual dos colaboradores

Por: Altair Santos

No mundo corporativo, tanto quanto o desempenho profissional, a imagem pessoal também está sob constante avaliação.  Neste caso, a impressão que um funcionário vai causar no ambiente vai além da entrevista por um emprego. Passa por um conjunto de componentes que engloba autoconhecimento, relacionamento interpessoal, qualificação e princípios éticos.  São virtudes que na maioria das vezes se expressam na forma de vestir do colaborador. O traje assume o papel de emissor de conceitos e valores do profissional, assim como da organização.  É o que se chama de dress code - código de vestuário -, cada vez mais integrado à vida das empresas brasileiras.

Fernanda Medeiros de Campos

Todas as organizações têm um código de bem vestir. Em algumas, é formal e abertamente especificado; em outras, informal. Isso obriga os recém-contratados a observarem os funcionários mais antigos para interpretar os elementos culturais dominantes na empresa. “Hoje em dia, as empresas possuem culturas extremamente distintas. Portanto, para saber qual é a aparência mais adequada é preciso descobrir como é o ambiente de trabalho. Dessa maneira, o profissional deverá resistir ao padrão habitual de suas escolhas e apresentar-se em um traje compatível não apenas com a empresa, mas também com as pessoas com quem se reunirá e com a função a ser desempenhada”, explica Fernanda Medeiros de Campos, especialista em gestão de capital humano.

Cada vez mais relevante nas organizações, o código de vestuário já integra programas de trainee e também incentiva executivos a buscarem profissionais especialistas em consultoria de imagem. Motivo: antes primordial em contratações, ele agora é também decisivo em promoções. “As promoções são realizadas por meritocracia, conforme as competências e os resultados trazidos pelo profissional à empresa. Porém, se o profissional que é competente não sabe fazer seu marketing pessoal, os demais, inclusive a chefia, podem não perceber suas qualidades e seu esforço em realizar projetos. A roupa faz parte do pacote do marketing pessoal, pois expressa postura, seriedade, criatividade e demais qualidades do profissional”, define a especialista em gestão de capital humano.

Construção civil
Antes pouco relevante para o setor, o código de vestuário já marca presença na construção civil. Isso se dá, em parte, ao aquecimento do mercado imobiliário, o que tem exigido um relacionamento mais estreito com clientes, fornecedores e agentes financeiros. A ponto de incorporadoras como Cyrela e Lopes já terem manuais de dress code. “Porém, diferentemente das empresas da área financeira, as construtoras têm mais flexibilidade de código de vestuário, pois possuem diferentes públicos de contato, de acordo com suas áreas. Por isso, a vestimenta varia conforme a posição do profissional dentro da construtora. Por exemplo, uma pessoa do comercial que lida com clientes precisa ter uma determinada postura, que é menos formal que um gerente financeiro, que terá contatos com bancos e precisa de um vestuário mais austero”, diz Fernanda Medeiros de Campos.

As instituições financeiras juntas com os setores que atuam na área jurídica são as que têm os mais rigorosos códigos de vestuário. Alguns bancos impõem regras até para as cores dos esmaltes e o cumprimento das unhas que as funcionárias devem usar. Porém, para descomprimir, boa parte das organizações que seguem dress code austeros usam o casual day para liberar seus colaboradores de vestuários formais. Normalmente isso ocorre na sexta-feira e vésperas de feriados. No entanto, o estilo informal de se vestir também é regulado por um manual.

Saiba mais
Segurança também faz parte do vestuário do chão da fábrica
Além de dar identidade e estilo aos trabalhadores que atuam no chão da fábrica, as empresas, por lei, precisam “vestir” seus colaboradores com equipamentos de segurança. São os chamados EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

Dependendo do tipo de atividade ou dos riscos que poderão ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador, os EPIs mais comuns no chão da fábrica são:
Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;
Proteção respiratória: máscaras e filtro;
Proteção visual e facial: óculos e viseiras;
Proteção da cabeça: capacetes;
Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes;
Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;

Entrevistada
Fernanda Medeiros de Campos, especialista em gestão de capital humano
Currículo

- Sócia-diretora da Mariaca (empresa especializada em gestão de capital humano e consultoria empresarial
- Bacharel em Letras pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, estudou nos Estados Unidos durante o 2º grau, no Rockinghan County Senior High School, na Carolina do Norte
- Trabalhou na área de Marketing e Vendas das empresas DuPont e Unifibers e há mais de quinze anos atua em recrutamento de executivos. Acumulou experiência no atendimento de empresas dos setores industrial, consumo e serviços, nas áreas administrativa, financeira, vendas e marketing, supply chain (cadeia de fornecimento) e tecnologia
Contato: mkt@mariaca.com.br / camila03@lide.com.br (Camila Rocha, assessoria de imprensa)

Crédito: Divulgação/Mariaca

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Indústria da construção civil vê plano Brasil Maior como ponto de partida

Para setor, agenda da competitividade é de longo prazo e programa de estímulo lançado pelo governo federal deveria avançar sobre gargalos como câmbio, juros e carga tributária

Por: Altair Santos

O governo federal lançou no começo de agosto de 2011 o plano Brasil Maior. O objetivo é dar competitividade à indústria nacional, incluindo a construção civil. Produtos feitos no Brasil serão beneficiados com a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por mais um ano e bancos estatais vão privilegiar a liberação de recursos a quem utilizar fornecedores locais. Um exemplo são os financiamentos do programa Minha Casa, Minha Vida. Construtoras que tomarem linhas oferecidas pela Caixa Econômica Federal não poderão mais usar materiais importados ou em desconformidade com os padrões.

A medida foi comemorada pelos organismos ligados ao setor, mas entendida apenas como um primeiro passo rumo à competitividade sustentável. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvin Fox, avalia que a isenção do IPI deveria ser permanente. "Sugerimos ao ministro Guido Mantega que essa redução se tornasse permanente ou que, pelo menos, tivesse um prazo indeterminado, porque o programa Minha Casa, Minha Vida vai até 2014 e os descontos ajudariam na sua execução. Ele se mostrou disposto a estudar", explicou.

A mesma linha de raciocínio tem o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. Segundo ele, o plano é “um pontapé inicial”, mas que carece de “outras medidas pontuais”, alinhando entre elas a possibilidade de laboratórios privados também certificarem produtos importados, função restrita pelo plano ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). “O plano é positivo, mas não será capaz de tirar a indústria do sufoco, porque persistem problemas a serem sanados, como o câmbio, os juros altos e a elevada carga tributária”, completou.

Para Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) o plano Brasil Maior deveria vir acompanhado de uma política nacional de qualificação de mão de obra. “Nós temos uma cultura de qualificar mão de obra nos canteiros de obras. Então, o que acontece? A mão de obra existe, mas falta mão de obra qualificada. Os empresários estão investindo bastante na qualificação nos próprios canteiros, mas não sei se isso vai surtir efeito ou não. Na minha visão, o governo tem que criar uma política nacional de qualificação”, realçou.

Segundo Paulo Godoy, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) as medidas contemplam uma parte dos problemas enfrentados pelo setor e o importante é avançar em novas ações que signifiquem menores custos e mais competitividade. “A competitividade da indústria depende de uma gama enorme de ações, em diversas áreas: da tributação excessiva ao custo do crédito, da flexibilidade das relações trabalhistas à melhoria da infraestrutura, de reforços na educação e na inovação. Por isso, a agenda da competitividade da indústria é uma agenda de longo prazo, que se confunde com a agenda de reformas econômicas e estruturais e com a agenda da infraestrutura”, explicou.

Enic
O 83º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que também aconteceu em agosto de 2011, teve o programa Brasil Maior como um dos temas debatidos. No discurso de abertura do evento, em São Paulo, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão Safady, abordou as conquistas e os desafios que se colocam ao setor a partir de agora, entre eles a industrialização, que é um dos pontos que o Brasil Maior quer estimular. “Tem sido um enorme desafio repensar uma atividade com as características da indústria da construção, tradicionalmente artesanal e marcada pela elevada informalidade.

Encontramos obstáculos em temas relativos à tributação, treinamento e capacitação de trabalhadores, modulação e desenvolvimento de pesquisa. Precisamos recuperar com urgência o tempo perdido”, concluiu, apostando que o programa governamental será o ponto de partida para essa guinada.

Lançamento do Brasil Maior, em Brasília, no começo de agosto: incentivos à indústria para produzir mais, gerar mais emprego e continuar crescendo.

Brasil Maior
Medidas mais importantes para a construção civil

Defesa comercial
• Intensificação da defesa comercial: antidumping, salvaguardas e medidas compensatórias:
- Redução de prazos: de 15 para 10 meses (investigação) e de 240 para 120 dias (aplicação de direito provisório).

• Combate à circunvenção:
- Extensão de direitos antidumping ou de medidas compensatórias a importações cujo objetivo seja reduzir a eficácia de medidas de defesa comercial em vigor.

• Combate à falsa declaração de origem:
- Indeferimento da licença de importação no caso de falsa declaração de origem, após investigação.

• Combate a preços subfaturados:
- Fortalecimento da fiscalização administrativa dos preços das importações, para identificação de casos de subfaturamento.

• Aperfeiçoamento da estrutura tarifária do Imposto de Importação com foco na Política:
- Apoiar, no âmbito do Mercosul, a proposta de criação de mecanismo para permitir aumento do imposto de importação.

• Aumento da exigência de certificação compulsória:
- Instituição (ou ampliação) de tratamento administrativo para importações de produtos sujeitos à certificação compulsória e fortalecimento do controle aduaneiro desses produtos, mediante cooperação entre Inmetro, Secex e Receita Federal.
- 150 novos servidores (Inmetro)

• Fortalecimento do combate a importações ilegais:
- Acordo de cooperação MJ-MDIC para combater a violação de propriedade industrial e de certificação compulsória

• Suspensão de ex-tarifário para máquinas e equipamentos usados:
- Revisão da Resolução CAMEX suspendendo a concessão de ex-tarifário para bens usados.

• Quadruplicar o número de investigadores de defesa comercial:
- Ampliar de 30 para 120 o número de investigadores de defesa comercial.

Estímulos ao Investimento e à Inovação

Desoneração tributária

• Redução de IPI sobre bens de investimento:
- Estender por mais 12 meses a redução imediata de IPI sobre bens de capital, materiais de construção, caminhões e veículos comerciais leves.

• Redução gradual do prazo para devolução dos créditos do PIS-Pasep/Cofins sobre bens de capital:
- De 12 meses para apropriação imediata.

Financiamento ao investimento
• Extensão do PSI até dezembro de 2012 (BNDES):
- Orçamento de R$ 75 bilhões
- Taxa: de 4% a 8,7%
- Mantidos focos em bens de capital, inovação, exportação, Pro-Caminhoneiro.
- Novos setores/programas: componentes e serviços técnicos especializados; equipamentos TICs; ônibus híbridos; Proengenharia; Linha Inovação Produção.

• Ampliação de capital de giro para MPMEs BNDES Progeren:
Novas condições de crédito e prazo
- Orçamento: de R$ 3,4 para R$ 10,4 bilhões
- Taxa de juro: 10 a 13% a.a.
- Prazo de financiamento: de 24 para 36 meses
- Vigência prorrogada até dezembro de 2012
- Novos setores incluídos (para médias empresas): autopeças, móveis e artefatos

• Relançamento do Programa BNDES Revitaliza:
Novas condições de financiamento ao investimento
- Orçamento: R$ 6,7 bilhões
- Taxa fixa: 9%
- Prazos flexíveis conforme projeto
- Vigência até dezembro de 2012
- Novo setor incluído: autopeças

• Criação do Programa BNDES Qualificação:
- Orçamento de R$ 3,5 bilhões
- Apoio à expansão da capacidade de instituições privadas de ensino técnico e profissionalizante reguladas pelo MEC
- Taxa de juros máxima: 8,3% a.a.

• Criação de Programa para Fundo do Clima (MMA)/BNDES:
- Recursos para financiar projetos que reduzam emissões de gases de efeito estufa.

Financiamento à inovação
• Novos recursos para a Finep:
- Aumento de crédito de R$ 2 bilhões do BNDES para ampliar carteira de inovação em 2011. Taxa de 4% a 5% a.a.

• BNDES: crédito pré-aprovado planos de inovação empresas
- Inclusão de planos plurianuais de inovação das empresas do BNDES Limite de Crédito Inovação.

• BNDES: ampliação dos programas setoriais
- Ampliação de orçamento e condições de acesso aos programas setoriais do BNDES (Pro-P&G, Profarma, Prosoft, Pro-Aeronáutica e Proplástico), quando da sua renovação.

• BNDES: Financiamento para redução de emissões
- Apoio ao desenvolvimento tecnológico e à comercialização de bens de capital com selo de eficiência energética do Inmetro e para linhas de equipamentos dedicados à redução de emissões de gases de efeito estufa (Fundo Clima – MMA).

Marco legal da inovação

• Encomendas tecnológicas:
- Permitir contratos com cláusulas de risco tecnológico previstas na Lei de Inovação.

• Financiamento a ICTs privadas sem fins lucrativos:
- Permitir inclusão de projetos de entidades de ciência e tecnologia privadas sem fins lucrativos na utilização dos incentivos da Lei do Bem.

• Ampliar o atendimento das fundações de apoio às ICT:
- Permitir que as fundações de apoio atendam mais de uma ICT.

• Modernização do Marco Legal do Inmetro:
- Ampliação no controle e fiscalização de produtos importados.
- Ampliação do escopo de certificação do Inmetro.
- Implementação da “Rede de Laboratórios Associados para Inovação e Competitividade”.
- Maior facilidade em parcerias e mobilização de especialistas externos.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Entrevistados
Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
CNI (Confederação Nacional da Indústria)
SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo)
Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base)
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)

Contatos
: soraia@holofote.com (assessoria de imprensa da Abramat) / imprensa@cni.org.br (assessoria de imprensa)
sindusconsp@sindusconsp.com.br (assessoria de imprensa) / cintia@abdib.org.br (assessoria de imprensa)
comunica@cbic.org.br (assessoria de imprensa)

Crédito Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Parcerias com empresas transferem qualidade à engenharia civil da UFSCar

Universidade no interior de São Paulo é a 4.ª no ranking do INEP, graças às pesquisas que realiza para a iniciativa privada da construção civil

Por: Altair Santos

Hoje, no Brasil, quando se fala em pesquisa para a engenharia civil uma das escolas que vêm à tona é a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a 235 quilômetros da capital de São Paulo. Não apenas organismos como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) têm parcerias com a instituição de ensino, como a iniciativa privada também vê a UFSCar como referência para testar tecnologias antes de elas ganharem o mercado.

Guilherme Arraes Parsekian, coordenador do curso de engenharia civil da UFSCar: parceria forte também com a ABCP

Graças a essa capacidade de atuar em pesquisas é que a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) consegue agregar conhecimento ao seu curso de graduação de engenharia civil. Trata-se do 4.º melhor do país, de acordo com o ranking do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) com base no desempenho do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). “Essa permeabilidade para as pesquisas permitiu que incrementássemos nossos laboratórios, aprimorássemos nossos professores e, consequentemente, os alunos usufruem disso no dia a dia do curso”, avalia Guilherme Arraes Parsekian, coordenador da graduação em engenharia civil da UFSCar.

Fundado em 1978, o curso tem atualmente 396 alunos, mas a tendência é que em breve ultrapasse a marca dos 500 estudantes. O motivo é que a procura fez a escola aumentar o número de vagas de 50 para 80 no vestibular para engenharia civil. A UFSCar também tem parcerias com universidades de outros países. Atualmente a instituição de ensino cumpre convênios com escolas africanas.

Além disso, a demanda por engenheiros fez a UFSCar alterar sua grade curricular, tornando o último semestre da graduação de engenharia civil apenas dedicado a estágios e trabalho de conclusão do curso. “A situação dos formandos é de pleno emprego. Como as empresas já estão procurando os alunos antes de eles se formarem, utilizamos o último semestre para que eles se adaptem à vida profissional”, disse Guilherme Arraes Parsekian, completando que só não sai empregado do curso aquele aluno que prefere seguir na vida acadêmica para buscar um mestrado ou um doutorado.

Especialidade em concreto

Internacionalmente, a UFSCar é conhecida como uma das universidades brasileiras mais dedicadas ao estudo da tecnologia do concreto. A graduação em engenharia civil tem seis disciplinas voltadas para a área: Construção em concreto armado 1, 2, 3 e 4, Construção de concreto protendido e Estruturas pré-moldadas de concreto. Na pós-graduação, o curso ainda oferece estudos mais aprofundados sobre o material, o que já rendeu alguns prêmios à instituição de ensino. O mais recente foi o título de melhor dissertação brasileira na área de estruturas pré-moldadas.

Essa notoriedade leva a UFSCar a ser parceira atuante em pesquisas promovidas pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Atualmente, três projetos se destacam:
1) A padronização de parâmetros para projetos de edifício estrutural, onde a universidade coordena um grupo de estudo de dez projetistas;
2) A produção de um livro técnico sobre alvenaria estrutural e a organização do International Brick and Block Masonry Conference (15.º Ibmac), que é o congresso internacional de alvenaria, que acontecerá em 2012 em Florianópolis;
3) Doação de um laboratório por parte da ABCP para que a universidade aprofunde pesquisas e ensaios com pré-moldados.
A UFSCar conta em seu campus com dez laboratórios para pesquisas em engenharia civil e está iniciando a construção de um novo centro de pesquisa voltado para transportes, topografia e saneamento. “São ações que aprimoram as pesquisas e melhoram a qualidade do ensino”, conclui Guilherme Arraes Parsekian.

Prédio do departamento de engenharia civil da UFSCar, em São Carlos-SP: curso de graduação agora tem 80 vagas por ano.

Saiba mais
Para saber mais sobre o congresso internacional de alvenaria, acesse: www.15ibmac.com

Entrevistado
Guilherme Arraes Parsekian, coordenador do curso de engenharia civil da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos)
Currículo

- Engenheiro civil pela UFSCar, mestre em estruturas (distinção) pela EESC-USP e doutor em construção civil pela EP-USP, com pós-doutorado pela University of Calgary
- Desde 1994 trabalha com alvenaria estrutural, tendo participado de vários projetos e pesquisas. É membro de comitês de norma de alvenaria estrutural da ABNT e norte-americana, revisor de revistas especializadas e autor de vários artigos e livros técnicos.
- Atualmente é Coordenador do Curso de Engenharia Civil da UFSCar, onde também é professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil, além de desenvolver consultorias em projeto de edifícios, avaliação experimental do desempenho estrutural e pesquisas aplicadas na área.
Contato: parsekian@ufscar.br

Créditos Fotos: Divulgação/UFSCar

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Região portuária e centro histórico do Rio viram canteiro de obras gigante

Parceria Público-Privada injeta R$ 8 bilhões na principal intervenção urbana em andamento no Brasil, e que engloba 5 milhões de metros quadrados

Por: Altair Santos

A principal intervenção urbana em andamento no Brasil acontece na região portuária e no centro histórico do Rio de Janeiro. Num espaço de 5 milhões de metros quadrados, uma Parceria Público-Privada (PPP) está injetando R$ 7,6 bilhões em um plano de infraestrutura que engloba desde a transformação do sistema viário da região até investimentos em saneamento básico e telecomunicações. Batizado de Porto Maravilha, o projeto transformou a porta de entrada da capital fluminense em um gigantesco canteiro de obras. A previsão é que permaneça assim até 2015, quando toda a revitalização da área deverá estar concluída.

Jorge Luiz de Souza Arraes, presidente da CDURP: região será interligada por um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

As obras abrangem 4 quilômetros em túneis, reurbanização de 70 quilômetros de ruas e avenidas, 650.000 metros quadrados de calçadas, reconstrução de 700 quilômetros de redes de infraestrutura urbana, além de 17 km em ciclovias.  As mudanças principais no traçado virão com a construção de uma nova avenida e a substituição do Elevado da Perimetral por uma nova via expressa, que será metade em túnel e metade em nível. “Essa mudança vai aumentar a capacidade de tráfego em 50%. Além disso, está em estudo a implantação de um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), interligando diversos pontos da região”, explica Jorge Luiz de Souza Arraes, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), responsável pela implantação do Porto Maravilha.

O empreendimento, além de envolver megaobras, é um desafio à engenharia, pois a região está repleta de prédios antigos – boa parte deles tombados pelo patrimônio histórico do Rio de Janeiro. “O maior desafio será a construção dos túneis do binário e da via expressa, pelo fato de serem subterrâneos e com profundidade média de 15 metros, para evitar interferências na infraestrutura urbana e nas estruturas dos edifícios. Entretanto, por se tratar de intervenção em uma região estratégica, por suas características históricas, sociais e econômica, os desafios são muito mais de gestão do processo de transformação”, analisa Jorge Luiz de Souza Arraes.

Quando concluídas as obras, o consórcio Porto Novo - composto pelas construtoras OAS, Norberto Odebrecht e Carioca Engenharia - terá direito a explorar a região até 2025. A primeira etapa do empreendimento deve estar finalizada até o final de 2012 e envolve, além da renovação da infraestrutura urbana, a implantação do Museu de Arte do Rio (MAR), com inauguração prevista para junho de 2012, e do Museu do Amanhã, cujas obras começaram em dezembro de 2010. A fase dois teve início em 15 de junho de 2011 e deverá ser concluída até 2015. “O objetivo do Porto Maravilha é se tornar referência de urbanização para outras cidades”, comenta o presidente da CDURP.

O projeto Porto Maravilha possibilitou também uma requalificação da região portuária do Rio. Significa que o uso do solo industrial foi transformado em residencial, comercial e empresarial, através de uma nova lei de zoneamento da área. O redesenho permite a construção de prédios de até 50 andares no local. “Essa operação urbana consorciada vai criar novas condições de trabalho, moradia, transporte, cultura e lazer para a população e fomentar expressivamente o desenvolvimento econômico da cidade”, avalia Jorge Luiz de Souza Arraes. Por conta desta intervenção urbana, o metro quadrado na região já custa mais de R$ 4,5 mil.

Área de 5 milhões de metros quadrados estará em obras até 2015.
Construção de túneis em uma área repleta de prédios históricos será o maior desafio para a engenharia no projeto Porto Maravilha.

Pavimento rígido
Nos túneis a serem executados, as obras subterrâneas serão construídas pelo método NATM (New Austrian Tunneling Method) por causa do terreno formado por material de baixa coesão, e em região de prédios antigos. O NATM consiste na escavação sequencial do maciço, utilizando concreto projetado como suporte, associado a outros elementos como cambotas metálicas, chumbadores e fibras no concreto, em função da capacidade autoportante do maciço. Quando prontos, os túneis receberão pista em pavimento rígido. Mas não será apenas nesta etapa do Porto Maravilha que o concreto estará manifesto. O material se fará presente também nas redes de drenagem, de esgoto e de telecomunicações, em forma de pré-fabricado.

Mais informações
Conheça o projeto Porto Maravilha

Confira o vídeo

Entrevistado
Jorge Luiz de Souza Arraes, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP)
Currículo

- Engenheiro civil especializado em engenharia sanitária e ambiental, em planejamento ambiental e política de urbanização.
- Coordenou projetos do Departamento de Pesquisas do Banco Nacional da Habitação (BNH), gerenciou a área de Saneamento e Desenvolvimento Urbano na Caixa Econômica Federal.
- O executivo também foi diretor imobiliário da Fundação dos Economiários Federais (Funcef).
- Atualmente é presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), responsável pela implantação do projeto Porto Maravilha.
Contato: jorge.arraes@cdurp.com.br / lubraga@cdurp.com.br (assessoria de imprensa) / www.portomaravilha.com.br Twitter:@portomaravilha

Créditos Fotos: divulgação/ CDURP/ www.cidadeolimpica.com/ Lucíola Villela

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330a

Sul mapeia gargalos para melhorar competitividade

Federações das Indústrias do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul criam Comitê de Infraestrutura e Logística para interagir com governos e sugerir soluções

Por: Altair Santos

Estudo inédito sobre a logística e a infraestrutura de transporte na região sul do Brasil pretende mapear os principais gargalos do setor, a fim de que a questão receba tratamento diferenciado dos governos estaduais e federal. Batizado de Sul Competitivo, o projeto é uma iniciativa das Federações das Indústrias dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (FIEP, FIESC e FIERGS) e conta ainda com o apoio da Confederação Nacional da Indústria. A meta é traçar uma radiografia do que há hoje e apresentar soluções integradas para o transporte de produtos através de portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias, dutovias e rodovias.

Paulo Eduardo Rodrigues Ceschin, coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP: infraestrutura e logística se sobrepõem à questão tributária

Uma consultoria foi contratada para levantar os dados e deverá concluir o estudo até fevereiro de 2012. Neste período, uma equipe de 12 profissionais fará um amplo diagnóstico das condições de infraestrutura de transportes na região sul e nas ligações com o Mercosul (Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai). Serão pesquisadas 19 cadeias produtivas, que englobam 70 produtos agrícolas, minerais, florestais e industriais. “Serão analisados números sobre a produção atual e futura e o local de consumo de todas essas cadeias, bem como as matrizes origem-destino e o impacto destas no custo logístico”, explica Olivier Girard, diretor da Macrologística, consultoria que está à frente do desenvolvimento do estudo.

Trabalho semelhante já foi encomendado pelos estados da região Norte e só de custo com logística o projeto passou a gerar economia anual de R$ 3,8 bilhões. A expectativa é que o Sul Competitivo ofereça também dados para baratear a produção e o transporte de cargas. “Quanto mais redução houver nos custos logísticos e no lead time (período entre início da produção e a chegada do produto ao consumidor) melhor será para os nossos produtores, que terão a oportunidade de reduzir os custos e aumentar a competitividade no mercado”, avalia Paulo Eduardo Rodrigues Ceschin, coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).

Na análise de Ceschin, dependendo do setor industrial, infraestrutura e logística estão em primeiro lugar na ordem hierárquica dos problemas. “Eles afetam diretamente a produção, quer em nível micro ou macro, e muitas vezes chegam a sobrepor as questões tributárias”, diz. Especificamente sobre o Paraná, o coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP avalia que o estado trava uma corrida contra o tempo. “Ao compararmos nossa infraestrutura e facilidades logísticas com nossos concorrentes, lamentamos constatar que estamos em nítida desvantagem. Nas últimas décadas rarearam grandes investimentos em infraestrutura e logística no nosso estado. Dessa forma, temos que correr contra o tempo”, completa.

A FIEP, através do Conselho Temático de Infraestrutura, elenca quais devem ser as prioridades para que o Paraná se torne competitivo:

- Investimentos na expansão da base portuária, com ampliação da capacidade operacional dos portos.
- Ampliação da estrutura aeroportuária, com destaque para a implantação de uma nova pista do Aeroporto Internacional Afonso Pena, além da ampliação do terminal de cargas e de passageiros.
- Modernização do sistema rodoviário, com a duplicação dos corredores que ligam os principais pólos do estado.
- Construção de uma nova ferrovia ligando Guarapuava a Paranaguá.

Saiba mais
O Conselho Temático de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Paraná é composto por 30 membros, entre representantes de setores produtivos, sindicatos empresariais e de entidades de classes. Dele também participam organismos ligados à engenharia, como o Sindicato das Empresas da Construção Pesada (SICEPOT)  e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA/PR).

Projeto Sul Competitivo foi lançado no final de junho, na sede da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) em Curitiba

Portos, como o de Paranaguá, estão entre as prioridades da radiografia que o estudo irá traçar

Entrevistado
Paulo Eduardo Rodrigues Ceschin, Coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP
Currículo
- Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- Mestre em Administração e Direção de Empresas pela MDA ESADE. É presidente da empresa Geoplan do Brasil LTDA
- Ocupa o cargo de Coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP
- É membro do Conselho Temático Permanente de Infraestrutura da CNI
Contato:
pceschin@geoplan.com.br
conselhotematico@fiepr.org.br
secretaria@geogroupbrasil.com.br
eloyse.bacila@fiepr.org.br

Créditos Fotos: Mauro Frasson/Fiep, Divulgação/Fiep, Gílson Abreu/Fiep

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Com mão de obra e recursos abundantes, China vive era das megaconstruções

País ergueu em tempo recorde a maior ponte do mundo sobre o mar. No Brasil, entraves legais ainda impedem que se atinja esse nível de competitividade  

Por: Altair Santos

Os maiores empreendimentos de infraestrutura do mundo atualmente estão concentrados na China. O país tornou-se o centro das megaobras, como a recentemente inaugurada Ponte Qingdao Haiwan. Com 41,58 quilômetros, ela foi construída em quatro anos e cruza o golfo de Hangzhou, tornando-se a mais prodigiosa intervenção da engenharia sobre o mar. Projetada pelo Shandong Gausu Group, a ponte liga a cidade de Qingdao aos subúrbios da ilha de Huangdao, na baía de Jiaodhou.  

Alessandro Borges, diretor da ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura): China consegue construir tudo a baixo custo.

A megaobra custou o equivalente a R$ 85 milhões por quilômetro. O preço final foi de R$ 3,59 bilhões. Por cruzar um trecho de mar com fortes ondas, a ponte é sustentada por mais de 5 mil pilares e consumiu 450.000 toneladas de aço – o suficiente para quase 65 Torres Eiffel – e 2.300.000 metros cúbicos de concreto, o que daria para encher 3.800 piscinas olímpicas. Outro marco do empreendimento é o túnel submarino em que a ponte se transforma quando chega a Qingdao, percorrendo 3.950 metros abaixo do nível do mar. 

Depois desta obra, que foi inaugurada no final de junho de 2011, a China já se prepara para iniciar outro desafio à engenharia: em dezembro começará a construção da ponte que ligará Hong Kong a Macau, ao custo de quase R$ 15 bilhões. O valor é mais elevado do que o complexo Qingdao Haiwan, porque paralela à ponte haverá um corredor de transporte público (veículo leve sobre trilhos). O projeto terá 29,6 quilômetros de extensão, incluindo um túnel de 6,75 quilômetros. A previsão é que esse novo megaempreendimento fique pronto em 2016.  

Comparando com o Brasil, o tempo de construção e o custo das obras de infraestrutura na China são infinitamente menores. Um exemplo é a ponte sobre o rio Negro, em Manaus, que mede 3,6 quilômetros e começou a ser erguida em 2007 – mesmo ano da que liga Qingdao a Huangdao -, mas ainda não está pronta. A previsão é que seja inaugurada em outubro de 2011. Essa obra, a princípio orçada em R$ 574,8 milhões, não será concluída por menos de R$ 1,07 bilhão.  

Outro exemplo é o projeto da nova ponte sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre, que ainda não saiu do papel. Com uma extensão de 2,9 quilômetros – catorze vezes menor do que a ponte chinesa – ela está orçada em R$ 1,16 bilhão e as obras devem durar no mínimo quatro anos. Para o engenheiro civil e diretor da ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura), Alessandro Borges, há vários aspectos que diferenciam a China e o Brasil quando o assunto são obras de infraestrutura. Entre eles, recursos, mão de obra e modelos legais para a viabilização de construções. É o que o especialista explica a seguir:  

A China inaugurou recentemente a maior ponte sobre o mar. Pelo tamanho da obra, foi construída em tempo recorde. Por que eles conseguem promover esse tipo de empreendimento com tanta eficiência e o Brasil não?

Essa eficiência da China para construir grandes obras de infraestrutura se deve, primeiro, à quantidade de recursos de que ela dispõe. Ela não precisa importar nada. Tem aço, cimento e outros insumos todos em casa. Por conta dessa indústria de base muito boa, o país consegue viabilizar obras a um custo bem mais barato.  

O que o Brasil precisaria para atingir tal nível de excelência?

A China tem 1,4 bilhão de habitantes e, consequentemente, uma mão de obra excedente e de baixíssimo custo. Eles ainda estão naquela transição de população rural, que ainda representa 40% dos chineses, para população urbana. Some-se a isso um sistema de contratação muito diferente do nosso. Aqui no Brasil a legislação trabalhista e o controle sobre uma obra, através do TCU (Tribunal de Contas da União), são muito rigorosos. O regime de contratação de obras deles é muito mais simplificado e a legislação ambiental quase inexiste. No nosso caso, temos uma das leis ambientais mais rígidas do mundo. Então, até que uma obra no Brasil consiga atender todas as exigências legais leva-se muito tempo. Isso é que torna a China mais competitiva.  

Além disso, quais os outros entraves que mais prejudicam as obras de infraestrutura no Brasil?

Em geral, as grandes construções de infraestrutura são intensivas em mão de obra. No Brasil, o custo por empregado é de 100% a 120% do salário dele, ou seja, você contrata uma pessoa por R$ 1.000,00 e o custo para o empregador vai ser de até R$ 2.200,00, incluindo aí Previdência Social, 13.º Salário, FGTS, COFINS, etc, e tudo isso recai como custo para o empregador e será repassado para a obra. Na China não tem sistema de previdência social. O empregado chinês não tem nenhuma garantia trabalhista. Se ele está empregado, está recebendo. Terminou a obra, não tem seguro-desemprego, não tem previdência social, não tem nada. Enquanto no Brasil a gente trabalha em níveis de valorização ao trabalho, na China o trabalhador não tem amparo nenhum. No Brasil, o amparo tem seu custo, tanto para aumentar o valor da mão de obra quanto para aumentar o custo da obra em si. Outro fator importante também é o chamado Custo Brasil (carga tributária alta, juros elevados e burocracia e corrupção) que chega a onerar uma construção em até 40%. Este custo na China está em torno de 15%. Então são componentes que contribuem muito para que no Brasil o custo de obra seja mais caro se comparado com a China.  

Ou seja, não há parâmetro de comparação que possam equiparar o Brasil ao atual nível de competitividade com a China.

Os parâmetros entre Brasil e China são muito distintos. Para mudar isso envolveria mudanças muito grandes na nossa regulamentação e na nossa legislação. Não se pode pensar hoje em mudar o nosso código ambiental de um dia para o outro sem ter um amplo debate. O Brasil é um país democrático e a democracia pressupõe que para se mudar as regras do jogo deve haver debate. Na China isso não é feito, porque o governo é centralizado, não existe uma democracia de fato. Um grupo decide e isso é imposto. Aqui no Brasil a gente tem que seguir os ritos democráticos. De qualquer forma, para acelerar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) o governo recentemente propôs o RDC (Regime Diferenciado de Contratação) que é uma forma de simplificação do regime de contratação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016, que hoje é baseado na Lei 8.666/93, uma lei importantíssima, moralizadora e que trouxe rédeas curtas aos contratos de licitação. Mas a RDC tenta flexibilizar um pouco mais para que empreendimentos como o PAC andem mais rápido do que seria o normal. É uma ferramenta importante para se acelerar o processo licitatório no Brasil.   

Ponte sobre a baía de Jiaodhou, na China: 41,58 quilômetros em quatro anos.
A ponte é sustentada por mais de 5 mil pilares e sua construção consumiu 2.300.000 metros cúbicos de concreto.

Entrevistado

Alessandro Borges, diretor de comunicação da ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura) com sede em Brasília

Currículo

- Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás (1995)

- Pós graduado em Ciência da Computação  pela Universidade de Brasilia (2004)

- Pós graduado em Governança em Tecnologia da Informação pela UnICESP (2010)

- Analista de Infraestrutura da Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos, ligada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

- Diretor de Comunicação e Divulgação da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura

Contato: alessandroborges@gmail.com  

Crédito: Divulgação  

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Otimismo e inovação marcam a 14.ª edição da Construsul

Segunda maior feira da construção civil no país, evento em Porto Alegre apresentou novidades ao mercado e celebrou pujança do setor

Por: Altair Santos

Com 543 expositores, 73 mil visitantes em quatro dias e R$ 250 milhões em negócios, a Construsul maior feira da construção civil da região sul do país – realizou sua 14.ª edição em clima de otimismo. “Ela não foi maior por falta de espaço”, revelou Luís Inácio Sebenello, diretor do evento que ocorreu na primeira semana de agosto de 2011, em Porto Alegre.

Luís Inácio Sebenello, diretor da Construsul: 543 expositores, entre eles de Israel, Estados Unidos, Argentina, Equador e China

A Construsul foi também vetor de inovações, tanto em produtos quanto em equipamentos. Além disso, paralelamente à feira foi promovido o seminário “Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade na Construção Civil”. “As palestras procuraram mostrar formas de construções planejadas, mais produtivas e integradas ao meio ambiente”, disse o presidente do Sinduscon-RS (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul), Paulo Vanzetto Garcia.

O programa do seminário incluiu palestras do professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em Gerenciamento de Projetos, Aldo Dórea Mattos, que abordou a importância da utilização de produtividades realistas no orçamento e no planejamento de obras, e do representante do Sinduscon-PR, Ivanor Fantin Júnior, que tratou das discussões que tramitam na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre as revisões das normas NBR 14037 - Manual de operação, uso e manutenção das edificações, NBR 5674 - Manutenção de edificações e NBR 15575 - Edifícios Habitacionais de até 5 Pavimentos – Desempenho.

No âmbito dos negócios, a Construsul serviu para que empresários do Rio Grande do Sul anunciassem o lançamento de fábricas de artefatos de cimento voltadas para o setor de saneamento básico e infraestrutura. Também mostrou equipamentos inovadores, como o que realiza o reboco automatizado de paredes. Com um rendimento de 400 m² por dia, a máquina corresponde ao serviço de 12 operários. Essa tecnologia foi apresentada na ExpoMáquinas – evento paralelo à Construsul e voltado a equipamentos para a construção civil.

A feira também envolveu transações internacionais, já que expositores de Israel, Estados Unidos, Argentina, Equador e China participaram do evento. Mas foram os negócios internos que impulsionaram a Construsul, o que deixa o setor otimista. Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) a estimativa é que em 2011 as vendas atinjam crescimento de 6,5% superior a 2010, quando o comércio faturou R$ 49,08 bilhões. “O que se observa é que o setor da construção atingiu um ciclo de crescimento sustentável e que no segundo semestre de 2011 deve seguir em um ritmo forte”, concluiu Cláudio Richter, diretor de eventos da Construsul.

A Construsul ocorreu na primeira semana de agosto, em Porto Alegre, e atraiu 73 mil visitantes.

Entrevistados
Luís Inácio Sebenello e Cláudio Richter, diretores da Sul Eventos, organizadora da Construsul
Contato:
Jaqueline Vargas, coordenadora de comunicação da Sul Eventos: jaqueline@suleventos.com.br

Créditos: Divulgação/Construsul

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330