RioMar, em Recife, é obra do ano eleita pela Abcic

Shopping center consumiu 21.500 m³ de pré-fabricados de concreto e é o maior centro de compras do país executado com esse tipo de sistema construtivo

Por: Altair Santos

Um shopping center cuja estrutura foi totalmente construída com peças pré-fabricadas de concreto é a obra do ano eleita pela Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto). Trata-se do RioMar Shopping, em Recife-PE, que graças à tecnologia da construção foi erguido em tempo recorde: 14 meses. “Isso comprova que nosso sistema pode ser muito bem adaptado em situações que exigem técnica rara, como foi o caso do RioMar Shopping, onde foi necessário um grande esforço de logística para viabilizar uma obra deste porte num grande centro urbano, aliando as necessidades de um cronograma ousado e os requisitos de sustentabilidade”, afirma Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic.

RioMar Shopping, da JCPM: 295 mil m² de área construída

A obra do ano, que ocupa uma área construída de 295 mil m², é o maior shopping center da região nordeste do país. Para erguê-lo, foram empregados 21.500 m³ de concreto pré-fabricado, distribuídos em 3.480 vigas, algumas delas chegando a 20 metros de comprimento, além de 12.800 lajes alveolares, e 1.117 pilares de até 35 metros de altura. “O RioMar Shopping é uma obra emblemática, que agrega inovações tecnológicas importantes em termos de conceitos estruturais. Para nós, receber o prêmio da Abcic é o coroamento de um trabalho. A premiação pertence a toda equipe, os engenheiros, a superintendência e todos os funcionários que participaram da construção”, disse José de Almeida, diretor-presidente da T&A Pré-Fabricados, responsável pelo fornecimento da estrutura de pré-fabricados.

A envergadura do empreendimento fez do RioMar o primeiro shopping do Brasil a receber, nas fases de concepção e projeto, a certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) concedida pela Fundação Vanzolini. A própria localização do shopping exigiu que ele tivesse uma construção limpa, com baixíssima geração de resíduos, o que favoreceu a escolha de sistemas pré-fabricados de concreto para a execução do projeto. O RioMar encontra-se às margens do encontro entre o rio Capibaribe e o mar, na Bacia do Pina, em Recife. O complexo abriga 354 lojas, além de salas de cinema, um teatro com 720 lugares e estacionamento para 6.200 vagas (70% cobertas). Com 40 mil m² de área verde, o prédio aproveita 80% da iluminação natural, 70% dos resíduos destinados à reciclagem e compostagem e com a reutilização da água, economiza 50% do que é consumido pelos seus frequentadores.

Além da obra em Recife, que é o maior centro de compras do país executado com pré-fabricados de concreto, a Abcic conferiu menção honrosa a outros três empreendimentos que se destacaram no uso de pré-fabricados: o Shopping Contagem, em Contagem-MG; um datacenter em Mogi Mirim-SP, e o hotel Linx International Airport Antonio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro-RJ. O prêmio Obra do Ano prestigia as empresas pré-fabricadoras e confere destaque aos arquitetos e engenheiros projetistas que usam o sistema construtivo em seus projetos. Criado em 2011, no ano de comemoração de 10 anos de atividades da Abcic, conta com o apoio institucional da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Entrevistado
Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) (via assessoria de imprensa)
Contatos
www.abcic.org.br
meccanica@meccanica.com.br

Crédito: Divulgação/JCPM

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Carga fiscal impacta na qualidade da obra

Informalidade, subcontratação e emprego de materiais em não-conformidade tentam driblar excesso de tributos, mas põem em risco as construções

Por: Altair Santos

A excessiva carga fiscal que afeta os setores produtivos do Brasil, entre eles a construção civil, é um empecilho para o crescimento. Mais do que isso, atrapalha os avanços tecnológicos, a especialização da mão de obra e os métodos que agreguem qualidade e redução de custo. A construção industrializada, por exemplo, sofre bitributação, enquanto informalidade, subcontratação e materiais fora da conformidade seguem encontrando ambiente favorável dentro da cadeia produtiva.

Juliano Okawa: é preciso estímulo para o incremento de qualidade nas construções

A qualidade da obra está no cerne do problema gerado pelo excesso de tributos, quando o assunto é construção civil. Essa é a opinião do advogado Juliano Okawa, do escritório Madrona Hong Mazzuco (MHM) especialista na área de consultoria tributária. Ele palestrou recentemente no Seminário do Mercado Imobiliário e da Construção Civil (SEMICC 2013) e alguns dos temas abordados estão na entrevista a seguir. Confira:

A carga tributária que incide sobre a construção civil é maior que em outros setores da economia?
Se realizado um comparativo entre outros setores, o da construção civil não é o que possui a maior carga tributária no Brasil. Pelo contrário, se considerarmos o Regime Especial de Tributação (RET) voltado especificamente ao setor de incorporação imobiliária, verifica-se uma carga fiscal relativamente baixa se comparada a outros setores da economia que não possuem o mesmo tipo de incentivo.

Dentro da cadeia da construção civil, existem setores que são mais ou menos tributados?
É difícil especificar, mas diria que o que mais traz ônus ao setor de construção civil são os encargos previdenciários (mão de obra) e o ISS.

O setor da construção industrializada sempre fala que um dos empecilhos para crescer está na carga tributária, inclusive com bitributação. Há solução para isso?
Acredito que a mencionada bitributação refere-se, justamente, ao ISS (Imposto Sobre Serviços). É muito comum nesse setor haver a subcontratação, com a tomada de serviços de diversos fornecedores para uma única obra. Nessas circunstâncias, o ISS vira um custo direto e é cobrado tanto do tomador dos serviços quanto do subcontratado, ocorrendo um efeito, digamos, cumulativo do imposto em relação à estrutura do negócio. Há, em alguns municípios, a previsão na legislação de poder deduzir da base de cálculo do imposto o valor da subcontratação de mão de obra para, justamente, evitar esse efeito “cumulativo”. Porém, por se tratar de tributo municipal, nem todos os municípios trazem essa possibilidade, o que acaba gerando um efeito financeiro negativo para o setor. Além disso, a legislação federal, que poderia uniformizar a questão, é deficiente. Isso porque, anteriormente, o decreto-lei n° 406/68 previa a dedução do valor dos materiais e das subempreitadas da base de cálculo do ISS. A redação da lei complementar nº 116/03, contudo, excluiu do preço dos serviços apenas o valor dos materiais empregados, o que fez com que parte dos municípios passasse a cobrar o imposto sobre o valor das subempreitadas. Embora o STF já tenha admitido a exclusão do valor das subempreitadas com base na regra do DL 406/68, considerando que a mesma ainda está em vigor, o fato é que a legislação atual cria tratamento desigual entre contribuintes, o que resulta em um cenário de grande insegurança jurídica. Idealmente, para evitar esse tipo de situação, seria recomendável alteração na legislação federal que trata do ISS para trazer essa disposição de forma específica, o que faria com que os contribuintes não ficassem na dependência de cada município para poder realizar a dedução da mão de obra da base de cálculo do tributo. Outro aspecto que também pode ser considerado como bitributação é a existência de conflitos de competência entre os diversos municípios, quando há a execução de obras no setor de construção civil e as dúvidas sobre a aplicação das regras previstas na LC nº 116 sobre a resolução dos conflitos de competência.

A desoneração de folha de pagamento destinada à construção civil, que entrou em vigor no dia 1º de novembro de 2013, traz alívio significante ao setor?
Apesar do governo, ao instituir o regime, ter anunciado que a medida voltava-se ao alívio do setor, a verificação de maior eficiência fiscal dependerá de uma análise financeira da empresa e não pode ser afirmada sem tal análise. O recolhimento do INSS sobre o faturamento, ao invés da folha, pode ser mais vantajoso, ou não, a depender do seu custo de folha versus o faturamento, o que pode variar para cada empresa. Por isso, ainda que o governo tenha anunciado tratar-se de uma medida de desoneração, ela deve ser avaliada com cautela. Se considerado esse fator, verifica-se que, na realidade, a medida procura facilitar a fiscalização e o recolhimento da contribuição previdenciária no setor, evitando-se a informalidade nas relações de trabalho, já que o recolhimento será baseado no faturamento e não no valor da folha. Ou seja, mesmo que haja a contratação de empregados na informalidade, isso será irrelevante para determinação da contribuição previdenciária do empregador que dependerá apenas do seu faturamento. Cumpre salientar que esta medida (INSS sobre o faturamento) não se aplica a todas às empresas do ramo de construção. Ficaram de fora, por exemplo, as construções de obras de infraestrutura

Essa desoneração irá até o final de 2014. Medidas pontuais são a melhor solução para enfrentar essa questão tributária sobre o setor produtivo?
Medidas pontuais podem ajudar o setor, mas não são a solução. É preciso fazer um estudo adequado do setor e soltar um pacote de medidas de incentivo permanente, dando maior segurança para o segmento.

Mesmo com todos esses entraves tributários, a construção civil, até 2012, vinha conseguindo crescer acima do PIB nacional. O que seria se a questão tributária ajudasse o setor?
Acho que muito mais importante do que pensar nas margens de lucros e crescimento, precisamos enxergar a qualidade da construção civil no Brasil. A tributação é apenas mais um item dos custos das empresas que atuam no setor. Se em compensação às medidas de desoneração houvesse estímulo para o incremento na qualidade e, mais importante, na eficiência das obras de construção, o país todo se beneficiaria. A falta de qualificação técnica da mão de obra e a ineficiência nos métodos de construção civil empregadas no Brasil, se comparado com outros países, é que deve ser o foco.

A terceirização tornou-se imprescindível à construção civil. Foi a pressão tributária que a empurrou para essa situação ou a legislação trabalhista?
Acredito que uma combinação de ambos. Com a mudança na legislação sobre a contribuição previdenciária acredito que haverá uma diminuição da informalidade nas contratações de mão de obra. Porém, sem uma reforma na legislação trabalhista e, mais importante, uma mudança de pensamento da Justiça do Trabalho não vejo solução de curto prazo para essa situação.

Entre os entraves da construção civil, a questão tributária é o principal deles?
Se não é o principal, é um dos maiores problemas com certeza. Mas isso não é algo limitado ao setor da construção civil. A carga fiscal, em geral, é um problema de todos os setores e um impasse ao crescimento.

Quais seriam as soluções tributárias para que a construção civil pudesse ter um crescimento consistente por longo prazo?
Os problemas de ineficiência fiscal devem ser devidamente debatidos com o setor e as medidas a serem propostas devem estar fundamentadas em estudos sobre os benefícios que tais mudanças trariam ao setor. Não só para incremento de margens de lucros, mas para a sociedade como um todo.

A questão tributária tem qual parcela de culpa pelas obras serem tão caras no Brasil?
O problema da carga fiscal não é restrito ao setor de construção civil. É um problema geral do país e representa um alto custo para o setor empresarial.

Entrevistado
Advogado Juliano Okawa, sócio do escritório Madrona Hong Mazzuco – Sociedade de Advogados (MHM). Especialista em consultoria tributária e, entre outros cargos, conselheiro do CONJUR (Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos) da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
Contato: juliano.okawa@mhmlaw.com.br

Crédito: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Quantidade de engenheiros na contramão da qualidade

Estudo do Ipea revela que falta tempo para que profissionais adquiram competências específicas. Dados servem de reflexão para o Dia do Engenheiro

Por: Altair Santos

A profissão de engenheiro civil comemora, neste 11 de dezembro de 2013, 80 anos de regulamentação. A data, já consagrada como o Dia do Engenheiro, é propícia para reflexões em torno da capacitação técnica de quem atua nesta área. Recentemente, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) abordou essa temática, através de ampla pesquisa sobre o mercado de trabalho para este profissional no Brasil. Comandado por seis pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) o estudo conclui que não faltam engenheiros no Brasil, mas que o volume de profissionais vai na contramão da qualificação e da experiência.

Maior dificuldade do mercado é contratar engenheiros civis experientes para liderar projetos e obras

Na pesquisa liderada por Mário Sergio Salerno, Leonardo Melo Lins, Bruno César Pino Oliveira de Araújo, Leonardo Augusto Vasconcelos Gomes, Demétrio Toledo e Paulo Meyer Nascimento, o Ipea procurou avaliar o mercado da engenharia sob a percepção dos agentes econômicos e concluiu que quem contrata está muito preocupado com a qualidade dos engenheiros civis formados. "A evolução na quantidade não foi acompanhada pela mesma evolução na qualidade. Criou-se um hiato geracional, o que dificulta a contratação de profissionais experientes para liderar projetos e obras. Há déficits em competências específicas e em regiões localizadas", diz o estudo.

Um item apontado na pesquisa, e que pode explicar o distanciamento entre quantidade e qualidade, está ligado à inovação. "A engenharia está profundamente ligada ao desenvolvimento econômico e à inovação. Neste aspecto, o Brasil apresenta baixo índice e é necessário mobilizar o sistema de educação superior, de que o país já dispõe, para que sejam satisfeitas as demandas emergentes, que se expressam no debate cotidiano sob termos como escassez, apagão e semelhantes", diagnostica o Ipea, apontando que as áreas de engenharia da produção, engenharia civil e engenharia da computação mostram ser as mais preocupadas com a qualificação. Por isso, são as que mais diversificaram as habilitações nos cursos e as que mais buscam parcerias com o setor privado.

Para o presidente do sistema Confea/Crea, José Tadeu da Silva, o problema para dar mais impulso à qualificação está no âmbito governamental. Nos três níveis (federal, estadual e municipal) menos de 10% da alta cúpula burocrática é formada por engenheiros, enquanto na China esse percentual chega a 80%. "Isso gera carência de gestão, planejamento e projetos para alavancar o segmento nacional de serviços e obras públicas", escreveu em artigo recentemente publicado, intitulado "Excelência da engenharia brasileira". Para o dirigente, "a luz no final desse túnel" se vislumbra por meio do PLC 13/13 (Projeto de Lei Constitucional) que caracteriza como essenciais e exclusivas de Estado as atividades exercidas por engenheiros, arquitetos e engenheiros agrônomos ocupantes de cargo efetivo no serviço público federal, estadual e municipal.

Mercado de trabalho

Segundo o estudo do Ipea, a expectativa é de que, até 2020, o número de engenheiros requeridos pelo mercado de trabalho formal, dependendo do cenário econômico, atinja entre 600 mil e 1,15 milhão de profissionais. A pesquisa traz também a evolução do salário médio dos engenheiros em relação aos dos demais profissionais com educação de nível superior. “Os engenheiros e profissionais afins recebem salários sistematicamente acima dos demais empregados com escolaridade superior. Entre 2000 e 2009, os setores que mais apresentaram elevação do salário pago a engenheiros foram os de cimento, álcool, artefatos de couro e calçados, serviços imobiliários e aluguel e construção", aponta.

O levantamento ainda aponta que, atualmente, o Brasil tem 18,8 ingressantes em engenharia civil para cada 10 mil habitantes, número acima da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é 15,3. Entretanto, o número total de candidatos aos cursos ainda é a metade da média desses países - 44,5 para cada 10 mil habitantes no Brasil e 78,5 em média para cada 10 mil habitantes nos países da OCDE. "Ainda há muito a fazer, mas estamos no caminho certo", finaliza o estudo do Ipea.

Confira o estudo completo do Ipea

Parte 1 - Evolução da formação de engenheiros e profissionais técnico-científicos no Brasil entre 2000 e 2012
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convite/debate_brasil_escassez_gusso.pdf

Parte 2 - Uma proposta de sistematização do debate sobre falta de engenheiros no Brasil
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convite/debate_brasil_escassez_td_sal.pdf

Parte 3 - A demanda por engenheiros e profissionais afins no mercado de trabalho formal
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convite/debate_brasil_escassez_demanda.pdf

Entrevistado
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) (via assessoria de imprensa)
Sistema Confea/Crea (via assessoria de imprensa)
Contatos
ascom@ipea.gov.br
gco@confea.org.br

Crédito foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Churrasqueira pré-fabricada domina mercado

Há cerca de 200 fabricantes deste equipamento no Brasil. Kits à base de concreto utilizam materiais com propriedades isolantes e refratárias

Por: Altair Santos

Churrasqueiras tornaram-se acessórios indispensáveis em projetos de casas e apartamentos. Pela customização e facilidades para a montagem, o equipamento construído em pré-fabricado de concreto ganhou mercado e hoje predomina nas obras. As vantagens sobre as churrasqueiras em alvenaria, segundo explica José Maria Vicente Dobignies, da Dobeton, é que elas são pré-calculadas, pré-dimensionadas e pré-testadas na indústria. "O projeto tem funcionamento garantido pela larga escala de produção. Já uma churrasqueira ou lareira em alvenaria carece de alto grau de conhecimento técnico para sua execução, por parte do artesão. O mínimo erro, a menor variação dimensional ou fuga do projeto original provocará invariavelmente mau funcionamento, tornando o equipamento inutilizável", alerta.

Churrasqueiras pré-fabricadas à base de concreto: mais eficientes do que as feitas em alvenaria

A construção de churrasqueiras pré-fabricadas usa cálculos físicos de mecânica de fluidos e termodinâmica. Os equipamentos também requerem matérias-primas com propriedades isolantes e refratárias, para que o produto resista a temperaturas de até 400 graus Celsius em determinadas regiões de seu corpo. "Por isso, o recomendado é que o equipamento pré-fabricado não seja uma peça única e sim um kit composto por várias peças que, justapostas entre si, formem um conjunto harmônico e tecnicamente concebido para atender as funções às quais foi projetado, ou seja, controlar fogo e brasa dentro de um nicho que tem a função específica de proceder a cocção dos alimentos, enviando toda a fumaça para o interior da chaminé, complemento da churrasqueira", explica José Maria Vicente Dobignies.

Churrasqueiras pré-moldadas também devem atender princípios técnicos no tocante à largura e ao tamanho da área de fogo, apesar de no Brasil não existir uma norma específica para a fabricação destes equipamentos. Por isso, os fabricantes utilizam como referência a DIN 4705-10 - norma internacional que define cálculos para a construção de chaminés, tubos de ventilação e dutos.  "Valem os princípios físicos da geometria do equipamento e as matérias-primas corretamente especificadas e aplicadas para resistir a altas temperaturas", afirma o diretor-geral da Dobeton, assegurando que, para uso contínuo, as churrasqueiras em pré-fabricado são as mais recomendadas. "São produtos que não correm o risco de variações dimensionais ou de utilização de matérias-primas inadequadas ou inconstantes", completa.

Existe no Brasil cerca de 200 fabricantes de churrasqueiras pré-fabricadas em concreto. A maioria é formada por indústrias de artefatos de cimento de pequeno e médio portes. Quanto ao custo, o kit tende a ser mais caro do que o equipamento em alvenaria, mas o fabricante dá a garantia do perfeito funcionamento, além de todas as orientações técnicas de instalação que devem acompanhar o produto. Os mesmos critérios valem para quem adquire uma lareira em pré-fabricado de concreto. "Os princípios de fabricação destes dois produtos (churrasqueira e lareira) são exatamente os mesmos em se tratando de kits pré-fabricados. Já os princípios de funcionamento são razoavelmente diferentes", define José Maria Vicente Dobignies, esclarecendo que equipamentos à base de artefatos de concreto também podem receber revestimentos em pedras ou cerâmicas, seja com tijolos, argamassas e até pintura final.

Entrevistado
José Maria Vicente Dobignies, diretor-geral da Dobeton Lareiras e Churrasqueiras
Contatos
josemaria@dometal.com.br
www.lareirasechurrasqueiras.com.br  

Crédito foto: Divulgação/Dometal

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Obras de mobilidade chegam às rodovias do PR

Estradas sob a jurisdição do DER serão equipadas com calçadas, ciclovias e passarelas, em seus trechos urbanos, para reduzir atropelamentos

Por: Altair Santos

Os trechos urbanos de algumas das principais rodovias do Paraná começam a ganhar obras de mobilidade urbana. O projeto prevê a construção de 200 quilômetros de calçadas em paver e 90 quilômetros de ciclovias, além de passarelas em pré-fabricado de concreto. O primeiro corredor a ser atendido é o que envolve os 31 quilômetros de duplicação da PR-417, mais conhecida como Rodovia da Uva, no município de Colombo-PR. Também já saiu do papel a remodelagem das ligações entre Maringá e Paiçandu (PR-323) e entre Londrina e Cambé (PR-445).

Projeção de como ficará trecho urbano de rodovia após receber calçadas e ciclovias

A expectativa é de que todas as obras de mobilidade previstas no projeto estejam concluídas até o final de 2016, com orçamento estimado de R$ 30 milhões. Além das rodovias estaduais, o DER-PR (Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná) priorizará também os entroncamentos com as estradas federais.   O objetivo é reduzir sensivelmente o número de atropelamentos nos trechos selecionados. "O DER trabalha com a previsão de que poderá cair em até 90% o volume de acidentes por atropelamento, com a implantação deste sistema de mobilidade", afirma a assessoria de imprensa do organismo.

Para o diretor geral do DER-PR, Nelson Leal Junior, o projeto de mobilidade adotado pelo organismo mostra também uma mudança conceitual para as estradas paranaenses.  “A questão da mobilidade passou a integrar as obras rodoviárias, ao contrário do que vinha sendo feito anteriormente. A intenção é proporcionar mais segurança aos demais modais de transporte, permitindo que os pedestres e ciclistas possam conviver em segurança ao longo da malha rodoviária estadual”, diz.

O plano do DER-PR vai atender mais de 20 municípios paranaenses, priorizando as regiões metropolitanas de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Outra medida é utilizar as obras para estimular os produtores locais de artefatos de concreto, fazendo com que eles participem das licitações para fornecimento de materiais para calçamento e construções de passarelas. Segundo dados mais recentes da Mineropar (Minerais do Paraná S/A) há cerca de 1.100 indústrias voltadas para esse segmento em todo o Estado. A ideia do DER é contemplar tanto a indústria ligada ao cimento quanto a de asfalto.

Confira os trechos que serão contemplados com obras de mobilidade urbana nas rodovias paranaenses:

•    Curitiba-Pinhais-Piraquara (PR-415)
•    Rodovia da Uva (PR-417)
•    Curitiba-Rio Branco do Sul (PR-092)
•    Tijucas do Sul (PR-281)
•    Londrina-Cambé (PR-445)
•    Maringá-Paiçandu (PR-323)
•    Corredor Campos Gerais (PR-151)
•    Entroncamento BR-376 (Ponta Grossa)
•    Entroncamento BR-277 (Palmeira)
•    Entroncamento BR-476 (Três Barras)
•    Corredor Norte Central - Lote 1 (PR-170)
•    Entroncamento BR-369 (Rolândia)
•    Corredor Norte Central - Lote 2 (PR-445)
•    Entroncamento PR-218 (Acesso a Três Marcos - Londrina)
•    Entroncamento PR-272/BR-376 (Mauá da Serra)
•    Corredor Norte Central - Lote 3 - PR-272/PR-466
•    Entroncamento PR-466 (Porto Ubá)
•    Corredor Norte Central - Lote 4 - PR-466
•    Furnas - Entroncamento BR-277 (Guarapuava)
•    Corredor PR-463 - Divisa PR-SP
•    Corredor da Produção Avícola (PR-180)
•    Entroncamento PR-281 (Alto Bela Vista)
•    Rio Santa Rosa (Francisco Beltrão)
•    Corredor da Produção Avícola (PR-281)
•    Entroncamento BR-373
•    Entroncamento PR-493 (Dois Vizinhos)
•    Entroncamento BR-163
•    Corredor Noroeste - Lote 1 - PR-317
•    Ponte sobre Rio Paranapanema (Divisa PR-SP)
•    Corredor Noroeste - Lote 3 - Início pista dupla (Umuarama)
•    Entroncamento PR-272, PR-182 e BR-272 (acesso a Francisco Alves)
•    Corredor Noroeste - Lote 4 - PR-182: Divisa PR/SP (Usina Hidrelétrica de Rosana)
•    Nova Londrina e Corredor do Ivaí (PR-082)

Entrevistado
DER-PR (Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná) (via assessoria de imprensa)
Contato: www.der.pr.gov.br 

Créditos fotos: Divulgação/DER

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Grafeno promete transformar história do concreto

Chamado de a "matéria-prima do século 21", ele começa a ser testado em escala industrial fora do país; no Brasil, universidades intensificam pesquisas

Por: Altair Santos

O grafeno, chamado de "a matéria-prima do século 21", por causa de sua ampla gama de potenciais aplicações, já é realidade nos laboratórios fora do país que se dedicam a estudá-lo como agregado do concreto. Na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, blocos do material foram desenvolvidos com sucesso, apresentando características como leveza, resistência e alto desempenho termoacústico. O próximo passo é viabilizar a produção em escala industrial, o que, no entender dos pesquisadores, pode acontecer a partir de 2015.

Bloco de concreto com grafeno desenvolvido nos EUA: mais leve, mais resistente e alto desempenho termoacústico

Outra aplicação do grafeno vinculado à construção civil está em desenvolvimento na Universidade de Zhejiang, na China. Trata-se do aerogel. Com uma densidade de apenas 0,16 miligramas por cm³, o material tem sido testado como antídoto contra reações álcali-agregados, como revestimento anticorrosivo de estruturas mistas (concreto e aço) e como isolante termoacústico.  Com elevada resistência mecânica e alta capacidade de recuperação elástica, o aerogel de grafeno já é considerado o produto mais leve desenvolvido em laboratório. Superou o aerogel de níquel, cuja densidade é de 0,9 miligramas por cm³.

No Brasil, se comparado com o que tem sido feito em outros países, o estudo do grafeno - e suas aplicações na construção civil - ainda é insipiente. Há poucas universidades dedicadas a investigar o material. Entre elas, destacam-se a USP, a UFRJ, a UFF (Universidade Federal Fluminense), a UFMG, a UFSCar, a UFCE e, mais recentemente, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Esta instituição inovou ao criar o MackGrafe, que é o primeiro laboratório do país exclusivamente voltado para dissecar as propriedades do grafeno.

Segundo a professora-doutora Leila Figueiredo de Miranda, diretora da Escola de Engenharia da Mackenzie, a prioridade do MackGrafe é produzir grafeno, pesquisar suas propriedades nanomateriais e, num primeiro momento, focar  em projetos de pesquisa voltados para a fotônica e a opteletrônica. "Futuramente, o MackGrafe irá se dedicar também ao uso do grafeno na construção civil , haja vista que o material tem características e propriedades físicas excepcionais para serem aplicadas em compósitos como cimento e concreto", diz.

Aerogel de grafeno: usado para corrigir imperfeições termoacústicas de paredes

O grafeno foi descoberto em 2004 e suas aplicações científicas renderam, em 2010, o prêmio Nobel de física ao russo Andre Geim - professor da Universidade Manchester, na Inglaterra. Recentemente, o estudo do material desencadeou uma corrida entre os principais centros de pesquisa do mundo. Um dos mais dedicados a esse tema é o Graphene Research Center, da National University of Singapure, com quem a Mackenzie estabeleceu parceria para instalar o MackGrafe. "Temos convicção de que esse vínculo com a Universidade Nacional de Cingapura trará ao Brasil tecnologia e conhecimento de ponta sobre o grafeno", afirma Leila Figueiredo de Miranda.

Com boas reservas de grafite - só Minas Gerais produz 70 mil toneladas por ano da matéria-prima do grafeno -, o Brasil, através dos esforços de suas universidades, entra na era de produzir o material em laboratório. O MackGrafe espera ser o posto avançado desta produção. Até 2014, o centro de pesquisa terá novas instalações. O investimento para a construção do prédio, aquisição de equipamentos e formação de pesquisadores é de R$ 29,9 milhões. Entre os envolvidos no projeto, há químicos, físicos e engenheiros de materiais, todos liderados pelo professor Eunézio de Souza, que é quem coordena o MackGrafe, e supervisionados por Antonio Hélio de Castro Neto, diretor do Centro de Pesquisa de Grafeno de Cingapura.

Entrevistada
Professora-doutora Leila Figueiredo de Miranda, diretoria dos cursos de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Contatos
engenharia@mackenzie.br
leila.miranda@mackenzie.br

Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Megaobra na Turquia põe túneis imersos em evidência

Tecnologia do concreto e equipamentos de alta precisão já permitem que construções submersas possam competir com pontes em qualidade de projeto e custo

Por: Altair Santos

Na Europa ainda em crise, as megaobras reduziram sensivelmente. Entre as poucas viabilizadas neste período, a mais emblemática foi inaugurada no final de outubro de 2013, na Turquia. Trata-se do túnel imerso que cruza o estreito de Bósforo - na fronteira entre Europa e Ásia. Em seu ponto mais profundo, o empreendimento está 56 metros abaixo do nível do mar. Por isso, sua construção exigiu tecnologia de ponta, tanto no concreto empregado quanto nos equipamentos usados para viabilizar a obra. Para o presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) Hugo Cássio Rocha, a quantidade de inovações aplicadas no projeto turco coloca os túneis imersos em evidência em comparação às pontes.

Hugo Cássio Rocha, presidente do CBT: Brasil tem tecnologia do concreto e projetos, mas faltam equipamentos

Aliás, a competitividade dos túneis imersos foi tema recente de um seminário realizado pelo CBT no começo de novembro de 2013, em São Paulo, onde o Marmaray (nome oficial da obra erguida na Turquia) serviu de exemplo para futuros projetos. Hugo Cássio Rocha relaciona as novidades empreendidas na construção:

•    Foi usado um tratamento de solo com coluna de grouting, na área próxima da Ásia, pois o solo tinha potencial de liquefação. Por isso, a solução foi tratar o solo antes de apoiar o túnel.
•    A região também é uma zona sísmica, o que exigiu reforços na estrutura.
•    Outro detalhe é que a doca seca onde foram concretados os módulos, por ser muito rasa, exigiu que essa etapa fosse feita de dois modos. Foram concretadas as lajes de fundo, as tampas e as laterais, mas o teto não. Essa parte foi finalizada à parte e depois encaixada nas peças já submersas.
•    No túnel foi usada a maior escavadeira flutuante do mundo e também um sistema robotizado para o nivelamento da brita no fundo do canal.
•    Além disso, o sistema de junção entre o túnel submerso com o túnel escavado teve que ser projetado para suportar os esforços decorrentes da sismicidade local.

Túnel imerso de Marmaray: cruzando o Estreito de Bósforo, obra atinge profundidade de 56 metros

No Marmaray foi utilizada tecnologia japonesa. Segundo o presidente do CBT, um dos segredos para se fazer uma obra desta envergadura está na tipologia do concreto. "Um túnel submerso estanque precisa de um processo de cura do concreto que seja muito preciso. Para isso, é necessária uma aditivação extremamente bem controlada, para que a cura do material não apresente fissuras e, consequentemente, não deixe entrar água", afirma. Ainda de acordo com Hugo Cássio Rocha, a engenharia de túneis hoje praticada por países como Japão, Holanda e Noruega permite se construir túneis imersos em quaisquer condições.

Para o CBT, a engenharia brasileira já detém algumas tecnologias para construir túneis imersos. "A tecnologia de concreto envolvida é dominada pelo meio técnico brasileiro e os cálculos estruturais necessários para as aduelas também. Os maiores problemas são os executivos, e os detalhes executivos é que vão ditar o sucesso de um empreendimento deste tamanho. A grande dificuldade está no uso de equipamentos de alta precisão, tanto para dragagem como para o posicionamento das aduelas e juntas de selagem dos módulos", explica Hugo Cássio Rocha.

Para se ter noção do aparato tecnológico que hoje serve de apoio à construção de túneis imersos, basta comparar como era feito o encaixe das peças no passado e como esse procedimento é realizado atualmente. "Os primeiros túneis submersos eram posicionados por mergulhadores. Hoje é tudo controlado por GPS, por sistemas digitais e por raio laser", diz o presidente do CBT, cujo comitê, atualmente, está empenhado em contribuir com o projeto do túnel Santos-Guarujá, que seria o primeiro imerso do Brasil.

Saiba sobre o seminário de túneis imersos, realizado pelo Comitê Brasileiro de Túneis.

Entenda sobre a obra do Marmaray: 
CONCRET FOR DURABILITY AT MARMARAY PROJECT

QUALITY ASSURANCE FOR THE DEEPEST IMMERSED TUBE TUNNEL: MARMARAY PROJECT

Entrevistado
Geólogo Hugo Cássio Rocha, chefe do departamento de projeto civil do Metrô de São Paulo e presidente do Comitê Brasileiro de Túneis
Contato: vanda@tuneis.com.br

Créditos fotos: Divulgação/CBT/EPA/Tolga Bozoglu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Copa e Olimpíadas vão desencadear obras até 2018

Pesquisa sobre mercado da construção civil revela que nos próximos cinco anos infraestrutura esportiva receberá investimento de R$ 7,8 bilhões

Por: Altair Santos

Os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas agregaram um novo segmento à construção civil: o de infraestrutura esportiva. É o que revela pesquisa recentemente divulgada pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) onde a área desponta com capacidade de investimento de R$ 7,8 bilhões no período 2013-2018. São recursos já viabilizados para a conclusão de estádios e outros equipamentos esportivos, além de obras de mobilidade urbana previstas tanto para o torneio da Fifa, que acontece em 2014, quanto para os jogos Rio 2016. No entanto, como alguns destes projetos só deverão ser concluídos daqui a cinco anos, o estudo fez uma análise do potencial da infraestrutura esportiva até 2018.

Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema: infraestrutura esportiva tornou-se um segmento da construção civil

Segundo a pesquisa, coordenada pelas empresas Criactive e e8 inteligência, 69,9% do dinheiro destinado ao setor já está empenhado para a conclusão de estádios e outros complexos esportivos. São 5,5 bilhões para essas obras e R$ 2,3 bilhões para finalizar empreendimentos de mobilidade urbana já em andamento ou viabilizar projetos ainda não iniciados. "Na pesquisa, decidimos destacar a infraestrutura esportiva do conjunto infraestrutura porque 78% dos entrevistados disseram que esse segmento os fez lucrar em 2013", cita Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema. O setor, no entanto, pode ser considerado de pequeno investimento se comparado a óleo e gás, que até 2018 deverá receber um volume de R$ 711,7 bilhões.

O estudo da Sobratema revela que somados os oito principais segmentos da economia (óleo e gás, transporte, energia, indústria, saneamento, hotelaria e shoppping centers, habitação e infraestrutura esportiva) o Brasil tem atualmente 4.614 obras em andamento e 3.686 em intenção de construir até 2018. O volume de recursos chega a R$ 1,76 trilhão. A região sudeste concentra 57,29% destes empreendimentos, seguida do nordeste (19,06%). "O investimento poderia ser maior, não fossem os gargalos que detectamos junto aos entrevistados. Entre eles, o mais reclamado é a burocracia. Para 89%, este é o principal obstáculo para que haja mais obras de infraestrutura no país", alerta Eurimilson Daniel.

Além da burocracia, destacam-se como gargalos, segundo apontou a pesquisa, os modelos de licitação. De acordo com 67% dos entrevistados existem falhas de contratação, principalmente nas PPPs (Parcerias Público-Privado) reduzindo assim a atratividade por parte do investidor. Outro problema apontado está no "discurso x realidade". Para 56%, o governo não condiz com a realidade, os projetos não andam e as licitações não acontecem na velocidade que o Brasil necessita. Por fim, a logística também encarece e dificulta as obras, apontam 22% dos ouvidos pela pesquisa Tendências no Mercado da Construção.

Mesmo com as dificuldades, 56% das empresas disseram que, em 2014, esperam passar do patamar de crescimento experimentado em 2013. Entre os otimistas, 22% têm a expectativa de um crescimento na ordem de 10% superior ao alcançado em 2013 e 11% acreditam em um crescimento maior que 10%. Já para os realistas, 11% apontaram que provavelmente algumas obras não devem sair do papel, reduzindo, assim, o valor de investimento e, consequentemente, afetando o faturamento das empresas.

Confira detalhes da pesquisa aqui.

Entrevistado
Eurimilson João Daniel, vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)
Contato: daniel@escad.com.br

Crédito foto: Divulgação/Sobratema

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Copa une concreto e aço por mercado promissor

Estruturas mistas deram velocidade às obras de alguns estádios, e ganharam visibilidade. Meta do setor, agora, é ampliar projetos para edifícios

Por: Altair Santos

A Copa do Mundo escalou para o jogo da construção civil as chamadas estruturas mistas ou híbridas, onde aço e concreto se unem para dar agilidade à obra. As reformas de estádios como Maracanã, Mineirão e Castelão se beneficiaram deste modelo, que também é aplicado em construções de edifícios com andares múltiplos, predominantemente com mais de 30 pavimentos, assim como em obras de shopping centers, centros de logística e indústrias.

Novas arquibancadas do Maracanã foram concebidas através de estruturas mistas de aço com pré-fabricados de concreto

Segundo o especialista neste tipo de sistema construtivo, o engenheiro civil Alexandre Vasconcellos, os ganhos de produtividade e o retorno sobre o investimento compensam o custo, que é mais caro do que a alvenaria convencional e os pré-fabricados de concreto, independentemente do tipo da obra. "Se compararmos apenas as estruturas de um edifício, sempre uma estrutura mista ou de aço terá um preço maior. Mas o uso assegura diminuição do custo de fundação, diminuição das despesas indiretas, redução dos riscos operacionais e antecipação de prazo. Pode-se afirmar que a cada mês de antecipação de prazo, há um retorno de 2% sobre o custo do edifício", afirma.

Foram essas vantagens, aliadas à necessidade de aliviar a carga sobre as estruturas antigas de concreto, que levaram os engenheiros e projetistas a optar pelo uso de estruturas mistas nas novas arquibancadas do Maracanã. Além disso, o sistema de amortecimento inovador implantado no estádio exigia essa solução. Ocorre que a estrutura metálica se apoia sobre o contraforte que circunda o complexo e sustenta as peças pré-fabricadas de concreto que formam a arquibancada inferior do Maracanã. Assim, o palco da final da Copa do Mundo de 2014 conseguiu ser remodelado internamente sem que a arquitetura externa, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) sofresse alteração.

Apesar de agregar tecnologia, as estruturas mistas têm sido absorvidas lentamente pelo mercado brasileiro. Dos edifícios construídos no país, menos de 1% utilizam esse sistema construtivo. Para Alexandre Vasconcellos, uma das razões é que existem poucos engenheiros civis que sabem projetar e construir com estruturas em aço e concreto. "Há escassez e, sem dúvida, isso prejudica a evolução das estruturas mistas. Entretanto, como são poucas obras que utilizam esse sistema, poucos se habilitam em estudar o assunto. É um círculo vicioso", diz, afirmando que para a atual demanda há fabricantes suficientes para atendê-la. "Se o market share (participação no mercado) das estruturas mistas e de aço para edificações passar para 2%, não teremos capacidade de atendimento", completa.

Centro Empresarial Senado, no Rio: referência para quem constrói com aço e concreto

Uma possibilidade desse setor se expandir está na nova tendência da construção civil brasileira, de projetar e erguer arranha-céus. "Quanto mais alto o edifício, quanto maiores os vãos, mais indicada tornam-se as estruturas de aço e mistas. O tempo de construção também é um fator determinante. Quanto mais alto o edifício, mais rápido e seguro será construí-lo em estrutura mista ou de aço", explica Alexandre Vasconcellos, citando que, atualmente, os edifícios New Century e Centro Empresarial do Aço, em São Paulo, e o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro, são modelos no Brasil para quem constrói com aço e concreto.


Saiba mais
sobre as estruturas mistas de aço e concreto.


Entrevistado

Engenheiro civil Alexandre Luiz Vasconcellos, diretor da Método Engenharia e Construção Ltda. - empresa especializada em estruturas para edifícios de múltiplos andares no Brasil
Contato: alvasconcellos@bol.com.br

Crédito foto: Divulgação/Odebrecht/WTorre

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Pré-fabricado foi decisivo para viabilizar estádios

Sete dos doze palcos da Copa do Mundo utilizaram o sistema construtivo. Para a ABCIC, setor mostrou todo seu potencial e está consolidado no país

Por: Altair Santos

Os estádios brasileiros para a Copa do Mundo de 2014 começaram a entrar em obras no começo de 2010. Seis ficaram prontos no primeiro semestre de 2012. Outros seis devem ser concluídos até dezembro de 2013. Com o cronograma apertado, a utilização de estruturas pré-fabricadas de concreto foram decisivas para que ficassem prontos dentro dos prazos estabelecidos pela Fifa, como explica a presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) Iria Doniak. "As estruturas pré-fabricadas de concreto, sejam elas pré-fabricadas em indústrias ou pré-moldadas em canteiro, tiveram um papel determinante na viabilização do prazo sem que houvesse detrimento da qualidade destas obras", diz.

Arena Fonte Nova: considerado o estado de arte da construção com pré-fabricados de concreto.

A rigor, todos os 12 estádios se utilizaram, em maior ou menor volume, de peças pré-fabricadas. O sistema construtivo envolveu aproximadamente um milhão de metros cúbicos de concreto. Os que mais utilizaram esse modelo de estrutura foram a Arena Corinthians, em São Paulo, e a Arena Fonte Nova, em Salvador. Em cada um deles houve a utilização de inovações que se tornarão referência para a indústria de pré-fabricados daqui para frente. "No caso da Arena Corinthians, destacam as soluções encontradas para que as peças fossem emendadas. Já a Arena Fonte Nova, que é um estádio em formato circular, a modulação dos elementos pré-fabricados exigiu bastante do fabricante e foi muito bem desenvolvida e aplicada. Lembrando que, no caso da Fonte Nova, 100% das peças foram produzidas dentro da indústria", afirma Iria Doniak.

No caso da Arena Corinthians, a maior parte das peças foi desenvolvida no canteiro de obras. O estádio é o que mais utilizou elementos pré-fabricados, entre os que irão sediar jogos da Copa. Quando totalmente concluída, a obra terá consumido 3.100 estacas e estacas-raiz, 594 pilares, 3.274 vigas e 11.682 lajes. As peças pesadas, como pilares, vigas e vigas-jacaré, foram fabricadas no próprio canteiro. Já as arquibancadas e lajes alveolares, por serem mais leves, tiveram produção em uma indústria localizada em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo. Para os fabricantes do setor envolvidos na construção dos estádios, a ABCIC disponibilizou um vasto volume de informações. "Promovemos um evento em 2009, intitulado Pré-Fabricação e a Copa de 2014, e trouxemos um profissional de fora que já tinha projetado estádios com estrutura de pré-fabricados para fazer uma palestra", revela Iria Doniak.

Iria Doniak, presidente-executiva da ABCIC: Copa deu visibilidade para a indústria de pré-fabricados

Para a ABCIC, a Copa do Mundo trouxe visibilidade para a indústria de pré-fabricados de concreto, mas a expectativa é que o volume de obras que utiliza esse sistema construtivo não sofra impacto com o fim do evento. Pelo contrário, a presidente-executiva do organismo avalia que os projetos de infraestrutura que começam a se viabilizar continuarão a exigir demanda do setor. "Estamos presentes nos aeroportos de Brasília, de Guarulhos e de Viracopos, e há também novas viabilidades em outras obras, como estradas e portos. Além disso, têm os segmentos tradicionais que utilizam pré-moldado, como a indústria, shopping centers, centros de distribuição e de logística", avalia Iria Doniak, na expectativa de que nos próximos anos o setor também mostre o seu potencial no segmento habitacional. "Para isso, os jogos olímpicos de 2016 são uma janela importante. Na vila olímpica em construção no Rio de Janeiro, os edifícios em obras utilizam estruturas pré-moldadas de concreto", completa.

Entrevistada
Engenheira civil Iria Doniak, presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto)
Contato: abcic@abcic.org.br

Crédito foto: Divulgação/Odebrecht/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330