Clima e solo desafiaram engenharia nas obras da BR-163

Crédito: Exército Brasileiro
Em pleno carnaval de 2019, uma cena mostrada nos principais telejornais do país surpreendeu os brasileiros. Foi a que trazia caminhões atolados no trecho norte da BR-163, entre Sinop, no Mato Grosso, e Miritituba, no Pará. Para acabar com esse entrave no transporte da região, o governo federal agiu rápido. Em um ano, pavimentou 51 quilômetros da rodovia, facilitando o fluxo de cargas entre os dois estados.
A obra custou 158 milhões de reais e teve a engenharia do exército à frente do projeto. O clima extremamente quente e chuvoso, aliado a um solo mole, esteve entre os desafios para a pavimentação, que contou ainda com a construção de duas importantes pontes de concreto no trecho. Uma de 50 metros, sobre o rio Samurai, e outra de 100 metros, sobre o rio Itapecurazinho.
As obras no trecho norte da BR-163 foram executadas pelo 8º Batalhão de Engenharia de Construção (8° BEC). Os militares realizaram trabalhos de terraplanagem, drenagem, lançamento de sedimentos, reforço de solo, compactação, reconformação de plataforma, perfurações de rochas, serviço de britagem, trabalhos topográficos e asfaltamento com 6,5 centímetros de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ).
A pista, com 12 metros de largura, incluindo também os acostamentos, já está liberada para o tráfego desde o fim de 2019. No entanto, o exército segue atuando na obra, para concluir a segunda camada de asfalto - chamada de "faixa C" ou capa de rolamento - e para instalar bueiros, meios-fios, valetas e executar as sinalizações horizontais e verticais.
Aproximadamente 3 mil carretas transitam pela rodovia diariamente
O exército estima que finalizará todo o serviço em agosto de 2020. O diretor de Obras de Cooperação do Exército, General Paulo Roberto Viana, destaca a importância da obra. “Existe um grande volume de veículos que percorre diariamente a BR-163. O trecho dá acesso aos terminais fluviais de Miritituba e Santarém, ambos no Pará. São em torno de 3 mil carretas que transitam nessa rodovia por dia. Hoje, aquela região é um dos mais importantes eixos de exportação do nosso PIB para portos da Ásia e da Europa, principalmente”, declara.
Roberto Viana lembra que durante a execução da pavimentação a incidência de chuva foi o dobro da média. Por isso, se tornou necessário manter um contingente permanente de 500 militares do 8º BEC no trecho em obras para que o cronograma fosse cumprido.
Além do asfaltamento, também foi realizada manutenção em 1.300 quilômetros na rodovia, de Sinop-MT a Santarém-PA. Na região amazônica, a BR-163 é conhecida como Rodovia Cuiabá-Santarém. No entanto, a estrada tem início na cidade de Tenente Portela-RS e se estende até a cidade de Santarém-PA. No total, são 3.579 quilômetros, sendo que o trecho de Cuiabá-MT a Santarém-PA tem aproximadamente 1.600 quilômetros.
Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, existe a possibilidade de criar concessões da rodovia. Ele revela que o ministério ainda faz estudos sobre a viabilidade da privatização. “A intenção é redirecionar a logística do país para o norte, porque teremos menores distâncias para os mercados consumidores da Ásia e da Europa”, avalia.
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Veja o que muda no Minha Casa Minha Vida com nova gestão

Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil
Rogério Marinho, que ocupava a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, foi galgado ao cargo de ministro do Ministério do Desenvolvimento Regional. É essa pasta que coordena o Minha Casa Minha Vida (MCMV). O que pode mudar no programa habitacional com a nova gestão? Em sua posse, o novo ministro disse que vai reestruturar o programa e agradou o setor. Afirmou que a prioridade é reformular o MCMV e que a construção civil precisa ser tratada como parceira do governo federal, pois gera emprego e renda.
Uma das propostas de mudança em estudo é a possibilidade de dar ao beneficiário do programa mais liberdade para definir como será o imóvel. No atual formato, quem é contemplado, em qualquer das faixas do Minha Casa Minha Vida, recebe a casa pronta da construtora. Com o novo programa, que deve mudar de nome, o beneficiário receberá um voucher (comprovante que dá direito a um produto) para definir como ele quer a obra, qual engenheiro assinará o projeto e como será a arquitetura do imóvel.
O voucher mínimo seria de 60 mil reais e a prioridade são as famílias com renda mensal de até 1.200 reais. Os terrenos onde serão feitas as construções não estão incluídos no voucher. A proposta é que estados e municípios dividam esse custo. Essa prática substituiria a atual faixa 1 do programa, destinada aos que necessitam de habitações de interesse social, e que atualmente encontra-se sem contratar novos projetos, por falta de dinheiro. Para definir as famílias com direito ao voucher, o governo utilizará a base de dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
Para 2020, o orçamento do MCMV prevê repasse de 2,7 bilhões, mas podem ocorrer cortes
O Minha Casa Minha Vida sofreu um esvaziamento de recursos desde que o Congresso Nacional, em 2019, votou pelo orçamento impositivo - retirando poderes de gestão do Executivo. Para 2020, o orçamento do MCMV prevê repasse de 2,7 bilhões, desde que o governo não precise fazer contingenciamentos ao longo do ano. Emergencialmente, logo que assumiu o Ministério do Desenvolvimento, Rogério Marinho autorizou a liberação de 47 milhões de reais para atender parte da demanda das famílias enquadradas na faixa 2 do programa (entre 2.600 reais e 4 mil reais).
O dinheiro será repassado à Caixa Econômica Federal, para desafogar pedidos de financiamento. O banco havia pedido 160 milhões, mas a solicitação não foi atendida. Os recursos liberados fazem parte da contrapartida da União na concessão de subsídios do FGTS para os beneficiários do programa que têm condições de assumir financiamento da casa própria. Criado em 2009, o Minha Casa Minha Vida já entregou 4,1 milhões de moradias e 1,4 milhão encontra-se com as obras paralisadas e sem prazo para que sejam retomadas. Atualmente, apenas os projetos ligados à faixa 3 do programa têm conseguido viabilidade econômica para serem executados.
Entrevistado
Ministério do Desenvolvimento Regional (via assessoria de imprensa)
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Ponte Salvador-Itaparica será 1ª “obra chinesa” no Brasil

Crédito: André Curvello/GOVBA
O consórcio formado por três empreiteiras chinesas - China Railway 20 Bureau Group Corporation (CR20), CCCC South America Regional Company S.Á.R.L (CCCC SOUTH AMERICA) e China Communications Construction Company Limited (CCCCLTD) - venceu o leilão para construir a ponte que ligará Salvador à Ilha de Itaparica, na Bahia. Será oficialmente a 1ª “obra chinesa” no Brasil.
O projeto prevê um complexo rodoviário com 21,41 quilômetros, dos quais 12,4 quilômetros sobre lâmina d’água. Isso faz a ponte tornar-se a maior do Brasil com esse perfil, já que a Rio-Niterói tem 8,83 quilômetros sobre lâmina d’água, de um total de 13,29 quilômetros de extensão. O investimento será de 5,4 bilhões de reais, com contrapartida de 1,5 bilhão de reais do Estado da Bahia.
A estrutura ocupará a 23ª posição no ranking mundial de pontes e estará listada entre as 100 maiores obras de infraestrutura do planeta. A obra está inclusa no Sistema Viário do Oeste, que também contempla a construção de túneis e viadutos, para ligá-la com Salvador. Já a conexão com Vera Cruz será através de uma nova rodovia expressa na BA-001. Haverá ainda a integração com a Ponte do Funil, que também será revitalizada pelo consórcio.
A construção da ponte encurtará o tempo de deslocamento para a capital baiana em cerca de 100 quilômetros, beneficiando de imediato 250 municípios e 10 milhões de pessoas das regiões oeste, sudoeste, sul e extremo sul do estado. A homologação do consórcio aconteceu dia 24 de janeiro de 2020, com a publicação no Diário Oficial do Estado da Bahia. A gestão e administração do complexo rodoviário Salvador-Itaparica terá duração de 30 anos.
Empreendimento deverá consumir até 1 milhão de m³ de concreto

Crédito: Banco de Imagens
O consórcio chinês terá um ano para elaborar o projeto e mais quatro anos para construir a infraestrutura. Não está confirmado ainda se o projeto do engenheiro civil Catão Francisco Ribeiro será utilizado. Ele apresentou a concepção arquitetônica e estrutural em 2013. Se for seguido esse projeto, a ponte será 100% em concreto. Segundo Catão, a maresia na Baía de Todos os Santos é alta e o aço não suportaria as condições adversas. Pelos cálculos iniciais do projetista, o empreendimento deverá consumir até 1 milhão de m³ de concreto.
A CCCCLTD encabeça o consórcio. Desde 2017 no Brasil, a empreiteira chinesa entrou no mercado nacional ao adquirir o controle da Concremat Engenharia e Tecnologia. As três vencedoras do leilão são especializadas em construção de grandes pontes. O grupo participou diretamente do desenvolvimento e implantação de seis das dez pontes sobre o mar com as maiores extensões do mundo, incluindo a que liga Hong Kong, Macau e Zhuhai (maior ponte marítima existente, com mais de 50 quilômetros), na província de Cantão, na China.
No Brasil, uma das metas da CCCCLTD é investir em concessões e projetos privados de infraestrutura de transportes, disponibilizando suas quatro expertises, que são projeto, construção, operação e financiamento. A empresa tem faturamento global de 80 bilhões de dólares.
Entrevistado
China Communications Construction Company Limited (CCCCLTD) (via assessorial de imprensa)
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Cidade de São Paulo volta a despertar para prédios altos

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As tragédias desencadeadas pelos incêndios nos edifícios Andraus, em 1972, e Joelma, em 1974, inibiram a construção de edifícios altos em São Paulo-SP. A maior cidade da América Latina ficou praticamente 4 décadas sem construir prédios com mais de 30 pavimentos ou que ultrapassassem os 100 metros de altura - sobretudo, os residenciais. Porém, a escassez de terrenos e a necessidade de renovar o estoque de imóveis - sejam residenciais ou corporativos - recolocam o território paulistano na rota dos projetos de grandes arranha-céus.
Em 2019, planos de construir edifícios altos foram desengavetados, principalmente em bairros das regiões sul e leste da cidade. A expectativa é de que para 2020 projetos semelhantes ganhem corpo em São Paulo-SP. Dados do Secovi-SP mostram que, em 2019, 36 mil unidades começaram a ser construídas em futuros prédios residenciais da cidade. O organismo diz ser o maior número desde 2004. Boa parte destas edificações terá mais de 100 metros de altura quando concluídas. Um exemplo está na zona leste, no bairro Tatuapé: o Figueira Altos, com 52 pavimentos, 170 metros de altura e que será entregue em 2021.
Quando pronto, o prédio se tornará o mais alto residencial da cidade de São Paulo, se igualando ao mais alto comercial, que é o Palácio W. Zarzur - popularmente chamado de Mirante do Vale. Para o engenheiro civil e professor da Universidade Secovi-SP, Hamilton de França Leite Júnior, ainda falta uma legislação que possibilite a São Paulo crescer verticalmente. “São necessárias legislações urbanísticas baseadas em critérios técnicos sem preceitos ideológicos, que permitam construir edifícios superaltos em algumas regiões, localizadas fora dos corredores de tráfego aéreo”, salienta.
Região próxima da Radial Leste vai concentrar novos edifícios altos de São Paulo-SP
Para o professor, o governo municipal erra ao não incentivar edifícios superaltos em São Paulo-SP. “A cidade deseja esse tipo de edificação, tem recursos financeiros e capacidade técnica e empresarial. Talvez falte visão, no sentido de aprovar legislações que permitam a verticalização. Deveria haver incentivos e parcerias público-privadas, com o objetivo de suplantar os custos adicionais inerentes a este tipo de empreendimento. Os prédios superaltos são, hoje, símbolos urbanos contemporâneos”, reforça.
Por enquanto, para conseguir transpor as barreiras impostas pelo município, as construtoras têm recorrido a projetos antigos que já haviam sido aprovados na prefeitura paulistana, a alvarás especiais e, em alguns casos, a decisões judiciais favoráveis à construção de prédios altos. A Porte Engenharia, por exemplo, se vale de projetos legalizados antes da entrada em vigor do plano-diretor da cidade de São Paulo, que ocorreu em 2014. O Figueira Altos é de 2013. Já o Platina 220, que pertence à mesma construtora, é um empreendimento em uma área especial da cidade - o chamado Eixo Platina -, que é uma faixa paralela à Radial Leste onde estão autorizadas as construções de edifícios altos.
O Platina 220 terá 46 andares de salas corporativas e, contando com outros pavimentos para abrigar hotel, cinemas e teatro, sua altura vai ultrapassar os 170 metros e superar o Mirante do Vale, tornando-se o edifício comercial mais alto de São Paulo-SP. A previsão é que fique pronto em 2022, a um custo de 1,9 bilhão de reais.
Veja quais são os prédios mais altos em cada estado do Brasil
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Engenheiro civil e professor da Universidade Secovi-SP, Hamilton de França Leite Júnior
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Quer empreender na construção civil? Veja as melhores dicas

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A construção civil oferece muitas oportunidades para empreender. Não necessariamente o negócio pode estar ligado diretamente ao canteiro de obras. Há boas opções para todos os perfis profissionais e também para o potencial financeiro do empreendedor. A oportunidade pode estar em uma empresa de limpeza pós-obras, na coleta e reaproveitamento de materiais recicláveis ou em um escritório que domina a ferramenta BIM e oferece consultoria para construtoras pequenas e médias. Existem também franquias, startups, projetos de construção sustentável e vendas online.
Se você busca empreender no setor, veja como se posicionar:
Limpeza pós-obra, coleta e reaproveitamento de materiais recicláveis
Esse serviço não se limita mais a retirar entulhos e resíduos do local da obra que acabou de ser finalizada. Atualmente, é interessante que ele esteja ligado a conceitos de reciclagem e logística reversa. Muitos materiais deixados no pós-obra podem servir de agregados para novos produtos ou retornarem à origem (fabricantes), como são os casos das latas vazias de tinta e os sacos vazios de cimento. Por isso, a limpeza pós-obra pode também estar vinculada com a coleta e a destinação correta dos materiais recolhidos.
Projetos e sistemas de construção sustentável
O segmento da construção sustentável cresce exponencialmente no Brasil. Sistemas que captam e reaproveitam a água da chuva, utilizam ao máximo a luz solar e geram conforto térmico e acústico para as edificações, estão cada vez mais presentes nos projetos e nas práticas construtivas. A vantagem de atuar no setor da construção sustentável é que ele permite ampla diversificação dos negócios. É possível se especializar em telhados verdes, paredes vivas, painéis solares ou na fabricação de artefatos que atendam aos requisitos das certificações que norteiam esse mercado.
Consultoria em tecnologia BIM para pequenas e médias construtoras
A tecnologia BIM automatiza e compatibiliza processos de construção. Entre as principais virtudes da ferramenta estão: evitar retrabalho, dar precisão ao orçamento da obra e, consequentemente, acelerar a execução do projeto. A ferramenta não se limita a empreendimentos de infraestrutura e pode ser usada em todas as construções que necessitem eliminar incompatibilidades entre sistemas (hidráulicos, elétricos e alvenaria) e projetos (estruturais e arquitetônicos). A tecnologia requer especialização e é um bom nicho para engenheiros civis e arquitetos que estão entrando no mercado de trabalho e buscam empreender.
Startups e franquias
Na construção civil, as startups são conhecidas como construtechs. São empresas que oferecem algum tipo de inovação para processos construtivos. Projeções estimam que até 2050 elas influenciarão todas as etapas da obra: do projeto ao processo de compras entre fornecedores e construtores, passando pelo canteiro de obras, segurança no trabalho e gestão da manutenção predial. Atualmente, as que se projetam no mercado nacional estão ligadas a mapeamento e inspeção por meio de drones, construção modular e softwares para projetos e gestão de obra. Já as franquias mais bem-sucedidas dentro da cadeia da construção civil são as relacionadas com reformas. Mas começam a surgir oportunidades relacionadas a sistemas construtivos.
Varejo e vendas online de materiais e equipamentos para construção
O Varejo 4.0 já é realidade no mercado brasileiro, incluindo a construção civil. No setor, ele engloba desde a venda de materiais até o aluguel de equipamentos. Outras modalidades, como m-commerce (venda online via smartphone) e omnichannel (venda online vinculada com a retirada do produto na loja física), chegam para tornar o Varejo 4.0 uma janela de oportunidades para quem quer empreender.
Entrevistado
Reportagem com base em estudo sobre oportunidades para empreender na construção civil, realizado pelo Sebrae
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Com novo marco, obras de saneamento tendem a sair do papel

Crédito: José Paulo Lacerda/Agência CNI de Notícias
O Brasil não investe por ano nem metade dos recursos necessários para suprir as demandas por serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto. O mínimo para conseguir universalizá-los até 2033, como definem as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), seria 21,6 bilhões de reais anualmente. Se mantido o ritmo atual, o objetivo só será atingido daqui a 45 anos. Falta levar a totalidade desses serviços a um contingente de 99 milhões de brasileiros. Por isso, a aprovação do marco regulatório do saneamento pela Câmara dos Deputados gera a expectativa de que o quadro atual possa ser revertido.
O projeto de lei, que agora se encontra no Senado, abre caminho para que a iniciativa privada invista em projetos na área de saneamento básico. O governo federal entende que, sem a participação do capital privado - incluindo investidores estrangeiros -, não será possível atingir a meta de universalização até 2033, cujo custo estimado pelos técnicos do ministério da Economia é de 700 bilhões de reais. Boa parte desses recursos também vai beneficiar a construção civil, principalmente dentro da cadeia que envolve os fabricantes de tubos e aduelas de concreto, que são elementos pré-fabricados muito utilizados em obras de saneamento.
O marco regulatório do saneamento não apenas permite a entrada de empresas privadas nacionais e estrangeiras em novos negócios como possibilita que estatais sejam privatizadas. Em nota, a APeMEC (Associação das Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil) revela por que é favorável ao projeto de lei. “As estatais têm carregado um peso impeditivo à melhoria e à expansão de suas redes. Algumas ostentam indicadores vergonhosos de coleta de esgoto, como no Pará (6,3%) e em Rondônia (4,5%)”, afirma. A perda de capacidade de investimento das estatais de saneamento é mais gritante na coleta e no tratamento de esgoto, onde 52,4% e 38,6% da população do país, respectivamente, não é atendida.
Brasil ocupa a 106ª posição no ranking mundial de saneamento básico
Há ainda outro dado preocupante: o que envolve a falta de manutenção das tubulações, o que acarreta na perda de 38,3% da água potável produzida, antes que ela chegue ao consumidor. São números que fazem o Brasil ocupar a posição número 106 no ranking mundial de saneamento básico, segundo os mais recentes números apresentados no 30º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental que a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) promoveu em 2019.
Por isso, a importância do marco regulatório do saneamento básico. O texto aprovado na Câmara prevê o fim dos chamados contratos de programa, assinados sem licitação entre prefeituras e empresas estaduais. Eles serão substituídos pelos contratos de concessão, permitindo a participação do setor privado nas concorrências. A expectativa é que, a partir de março de 2020, o projeto de lei comece a tramitar no Senado. Se houver modificações, o texto retorna para a Câmara para nova aprovação. Se não sofrer alterações, e for aprovado pelos senadores, vai à sanção da Presidência da República.
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ABTC (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos de Concreto), APeMEC (Associação das Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil) e ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) (via assessorias de imprensa)
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Saiba quais são as 10 maiores obras em execução no mundo

Crédito: Leslie Jones Architecture
Os países árabes e a China são atualmente as regiões do mundo que mais concentram grandes obras, juntamente com Inglaterra, Japão, Estados Unidos e Líbia. Essas nações empreendem atualmente os 10 maiores megaprojetos de engenharia civil em execução no mundo. São construções que, somadas, têm orçamentos que passam de 400 bilhões de dólares.
A expansão do aeroporto internacional Al Maktoum, em Dubai, prevista para ser concluída em 2030, está entre as 10 maiores obras de infraestrutura do mundo. O aeroporto poderá receber 130 milhões de passageiros por ano e 200 aeronaves por hora. As obras envolvem uma área de 34 km², a um custo de 36 bilhões de dólares.
O tamanho da obra do Al Maktoum só é inferior à do aeroporto internacional de Pequim. A primeira fase foi concluída para as Olimpíadas de 2008. A etapa de expansão, programada para ser concluída em 2025, está estimada em 17,47 bilhões de dólares. O projeto é da arquiteta Zaha Hadid, que morreu em 2016.
Outra obra em Dubai que também surge na lista de grandes construções globais é a Dubailand - o parque temático da Walt Disney nos Emirados Árabes. Trata-se de um empreendimento com 1.393 hectares de área construída (13.930.000 m²) ao custo de 64 bilhões de dólares. A construção inclui o projeto do maior hotel do mundo, com 6.500 quartos, e um shopping de 929 milm². A conclusão está prevista para 2025.
Também entra na lista a Jubail II, que começou a ser construída em 2014 e será a nova cidade industrial da Arábia Saudita, com capacidade para receber 100 plantas industriais. A obra, calculada em 11 bilhões de dólares, será autossuficiente em energia e abastecimento de água, graças a uma usina capaz de dessalinizar 800 mil m³ de água do mar por dia e uma refinaria de petróleo com capacidade para 350 mil barris por dia. A obra estará acoplada a um amplo complexo rodoviário e ferroviário e deve ser concluída em 2024.
Expansão da estação espacial internacional é a obra mais cara do planeta
A expansão da estação espacial internacional também aparece entre as 10 maiores obras do mundo, e com uma peculiaridade: é a mais cara do planeta, com custo estimado de 66 bilhões de dólares. O orçamento é rateado por um consórcio de 15 países e gerenciado por 5 agências espaciais. A expansão é necessária para que novas viagens à Lua e a planejada missão Marte possam se tornar realidade.
A estação espacial internacional pode perder o título de obra mais cara conforme o canal de transferência de água sul-norte, na China, avança. A primeira fase, concluída em 2014, já consumiu 17,5 bilhões de dólares. Ao todo são quatro canais, sendo que o de menor extensão, e que foi concluído há 6 anos, percorre 965 quilômetros. O mais longo alcançará quase 2 mil quilômetros. Quando a obra estiver 100% concluída, em 2050, poderá ter consumido 80 bilhões de dólares. O objetivo é transferir 44,8 bilhões de m³ de água por ano dos rios Yangtsé, Amarelo, Huaihu e Haihe, para abastecer as regiões sem recursos hídricos do país.
Outro projeto de irrigação que aparece na lista das maiores obras do mundo em execução é o que está em curso na Líbia. Batizado de "Great Man-Made River" (grande rio feito pelo homem), o projeto se propõe a irrigar mais de 350.000 acres de terra arável e aumentar o fornecimento de água potável para os centros urbanos do país. A construção industrializada do concreto é que viabiliza a obra, que se estende por quase 4 mil quilômetros e se propõe a transportar 2 milhões de m³ de água por dia. A fonte é o aquífero subterrâneo de Núbio. O projeto está programado para ser concluído em 2030, a um custo de 26,5 bilhões de dólares.
Inglaterra, Estados Unidos e Japão investem em linhas férreas urbanas
Na Europa, destaca-se o Crossrail. Trata-se de um trem que percorrerá 108 quilômetros, dos quais 21 de forma subterrânea, sob túneis de concreto. O plano é ligar o leste de Londres com a região oeste da capital inglesa. A obra está atrasada. Deveria entrar completamente em funcionamento em 2019, mas foi adiada para 2021. O orçamento também estourou. Já se aproxima dos 30 bilhões de dólares, dos 23 bilhões previstos inicialmente.
Outra linha férrea inclusa na relação das grandes obras é a que será inaugurada em 2029, na Califórnia-EUA, e que conectará as 10 maiores cidades do estado norte-americano. O projeto em construção é o de um trem de alta-velocidade, batizado de California High-Speed Rail Authority. Orçada inicialmente em 64 bilhões de dólares, a obra já está em 80,3 bilhões de dólares. O plano é inaugurar o principal trecho, de Los Angeles a São Francisco, em 2022.
Mais uma linha de trem-bala em construção é a que ligará Tóquio a Nagoya, no Japão, com percurso de 286 quilômetros. Essa primeira fase da Chuo Shinkansen será concluída em 2027. Outra etapa da obra será estendida até Osaka. O equipamento usará a tecnologia de levitação magnética (também conhecido como maglev) e promete ser o trem mais rápido do mundo. O trajeto Tóquio-Nagoya está projetado para ser percorrido em 40 minutos. O trem-bala terá 86% de sua linha em túneis subterrâneos. O custo da obra é estimado em 27,2 bilhões de dólares.
Entrevistados
Departamentos de comunicação dos gestores das obras
Contato
communications@dubaiairports.ae
info@daxing-pkx-airport.com
info@dubailand.gov.ae
bremb@mofa.gov.sa
gary.j.jordan@nasa.gov
cesc@cppcc.gov.cn
emblibia@terra.com.br
pressoffice@crossrail.tfl.gov.uk
info@hsr.ca.gov
intnldiv@jftc.go.jp
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Construção civil amplia uso de PET reciclado em obras

Crédito: Logix
O mundo consome 583,5 bilhões de unidades de garrafas PET por ano. Estados Unidos, China, Índia e Brasil lideram a lista. Anualmente, segundo dados da ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET), os brasileiros deixam 1,15 milhão de toneladas de PET nas lixeiras ou jogadas no meio ambiente. Desse volume, apenas 350 mil toneladas são recicladas no país. As indústrias de artefatos plásticos e têxtil estão entre as que mais consomem PET reciclado. A construção civil começa a aumentar essa fatia com o aprimoramento de tecnologias que usam o PET em materiais ou sistemas construtivos.
O produto tem sido testado como elemento termoacústico em paredes de vedação, como sanduíche em paredes estruturais e lajes, além de substituto de areia. Outra utilidade do PET é seu uso como componente para a fabricação de fôrmas para concretagem. O polímero termoplástico também é utilizado como agregado na fabricação de blocos de concreto não-estruturais. Sem contar que o material reciclado do Polietileno Tereftalato (nomenclatura química que dá origem ao termo PET) já é utilizado na fabricação de produtos hidráulicos, como torneiras, tubos e conexões, e de decoração, como carpetes.
Nos Estados Unidos, as garrafas PET estão dando origem a um novo tipo de fôrma para concretar. Elas são conhecidas pela sigla ICF (Insulating concrete forms). Em uma tradução menos literal, podem ser chamadas de fôrmas que isolam o concreto. O material tem sido usado na construção de casas e pequenos edifícios (até 4 pavimentos). Ao contrário das fôrmas tradicionais, as ICFs não são retiradas após a cura do concreto. O material fica encapsulado dentro das estruturas plásticas, o que garante o acabamento e o desempenho termoacústico das paredes.
Construções alternativas movimentam mais de 1,5 bilhão de dólares nos EUA

Crédito: Logix
Em 2018, esses tipos alternativos de sistemas construtivos movimentaram 1,04 bilhão de dólares nos EUA. No ano passado, chegou a 1,56 bilhão e para 2020 é esperado um crescimento de 5,1%. Uma das virtudes das ICFs é que elas já vêm com as ferragens montadas, para dar sustentação às paredes. Dessa forma, cabe ao construtor apenas despejar o concreto nos vãos das fôrmas, esperar o material endurecer e seguir erguendo as paredes, como se estivesse montando um “Lego”. Em artigo na revista Forbes, a pesquisadora do GreenHome Institute, Sheri Koones, explica outra vantagem: “Essas fôrmas minimizam os custos com mão de obra, são rápidas para construir, impermeabilizam as paredes e o núcleo de concreto reforçado com aço protege a casa contra incêndio, furacões e terremotos”, diz.
Autora do livro “Downsize: Living Large In a Small House” (O mínimo necessário para viver bem em uma casa pequena), Sheri Koones pesquisou nos Estados Unidos 33 modelos de unidades residenciais pré-fabricadas com até 70 m2, construídas com sistemas alternativos, e que demonstraram o quanto podem ser confortáveis, práticas, sustentáveis e bonitas. Entre as analisadas, estavam as que utilizam fôrmas de PET reciclado que isolam o concreto. A tecnologia foi considerada a que melhor fornece isolamento térmico e acústico, de acordo com o estudo.
Entrevistado
Reportagem com base em dados da ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET) e das informações trazidas em artigo da pesquisadora Sheri Koone na revista Forbes
Contato
faleconosco@abipet.org.br
info@greenhomeinstitute.org
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Curitiba instala comissão para vistoriar pontes e viadutos

Crédito: Rodrigo Fonseca/CMC
A prefeitura de Curitiba e a câmara de vereadores da cidade instalaram comissão para vistoriar 63 pontes, viadutos e trincheiras. A inspeção conta com o embasamento técnico do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI), do Instituto de Engenharia do Paraná e do Escritório Modelo de Engenharia (EMEA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Quatro visitas técnicas já foram realizadas. Segundo o engenheiro civil e professor-titular da UFPR, Mauro Lacerda Santos Filho, essas vistorias “apontam para algumas intervenções iniciais a serem executadas”.
Entre as obras já visitadas pelos técnicos estão os viadutos Colorado, do Orleans e os que fazem a ligação entre os contornos sul e norte, na BR-277, além da ponte de madeira do parque Tingui. “As ações do colegiado da comissão de pontes e viadutos iniciaram em novembro de 2019 com o intuito de avaliar a segurança destes dispositivos, além de sugerir melhorias viárias. Os vereadores devem se reunir em breve para definir a programação das próximas vistorias”, explica o presidente da comissão especial, vereador Mauro José Ignácio.
Sobre as obras que receberam visitas técnicas, os engenheiros civis que auxiliam a comissão fizeram as seguintes observações. Em relação ao viaduto Colorado, foi aconselhado instalar sinalização para reduzir a velocidade dos veículos, principalmente no setor da junta estrutural, até que seja feita a substituição. No viaduto do Orleans, que passa por cima da BR-277 e liga os bairros São Braz, CIC e Campo Comprido, foram encontradas rachaduras na superfície e um pouco de corrosão na parte de baixo do viaduto, o que “inspira cuidados”. Também foi sugerida manutenção e conservação dos elementos de drenagem e guarda-corpos.
Visitas técnicas às estruturas vão se estender até 19 de abril de 2020
Os viadutos que ligam os contornos sul e norte foram avaliados como “em boas condições”, porém foi recomendada manutenção preventiva. O diagnóstico técnico diz o seguinte: “Há um processo de envelhecimento nas juntas de dilatação e algumas infiltrações que acarretam a proliferação de fungos”. A respeito da ponte de madeira do Parque Tingui, a sugestão dos técnicos é que haja um monitoramento constante da estrutura, devido ao fluxo intenso de veículos e a falta de controle de carga. De acordo com o presidente da comissão, não foi recomendada nenhum tipo de interdição ou verificação de estado crítico das obras de arte até agora inspecionadas.
Mauro Ignácio salientou, porém, que podem ser sugeridas a construção de novas pontes, viadutos e trincheiras, substituindo obras antigas por estruturas mais modernas. É o caso da ponte do Parque Tingui, que o Ippuc pretende lançar licitação para reconstruí-la no valor máximo de 5 milhões de reais. “A partir das vistorias, o colegiado vai estabelecer um catálogo oficial e apresentar à prefeitura de Curitiba um relatório com o resultado das inspeções. A comissão já encaminhou relatórios parciais, mas alerta que é importante a participação da população para apontar problemas”, diz. As visitas técnicas às estruturas vão se estender até 19 de abril de 2020.
Veja vídeo de vistoria técnica no viaduto do Orleans, sobre a BR-277
Entrevistados
Engenheiro civil Mauro Lacerda Santos Filho, professor-titular da UFPR e coordenador do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI)
Vereador Mauro José Ignácio, presidente da comissão especial de pontes e viaduto
Contato
maurolacerda1982@gmail.com
mauro.ignacio@cmc.pr.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Em 50 anos, 10 tipos de concreto vão dominar o mercado
Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis, 10 tipos de concretos tendem a ganhar cada vez mais destaques nas obras. O estudo aponta que estarão em alta os seguintes materiais: concreto de alto desempenho; concreto inteligente; concreto autoadensável; concreto autolimpante; concreto de pós reativos; concreto translúcido; concreto permeável; concreto condutivo; concreto subaquático; e concreto projetado. Os motivos estão ligados ao que eles oferecem em termos de sustentabilidade, mas também quanto à qualidade e ao desempenho. Veja as principais características desses concretos especiais, e que vão se destacar nas próximas décadas:
Concreto de alto desempenho (CAD)
São concretos que incluem aditivos, sejam eles plastificantes, superplastificantes ou aditivos de alta capacidade de redução de água. Também podem receber adições minerais, como as superpozolanas, que propiciam microestruturas muito fechadas, praticamente impedindo a ação de agentes agressivos. O resultado é uma altíssima durabilidade, o que explica as vantagens do CAD em obras especiais, como pontes, viadutos e grandes estruturas. Esse concreto normalmente está atrelado a VUP (vida útil de projeto) superior a 100 anos.
Concreto inteligente
O termo está relacionado ao concreto de autocura. O material tem capacidade de se autoregenerar e bloquear a incidência de patologias. As pesquisas são cada vez mais intensas nessa área. Uma das mais famosas é a desenvolvida na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, onde pesquisadores descobriram um tipo de bactéria – proveniente da Bacillus Subtilis – que promove o processo de autocura do concreto. O organismo, criado para proliferar exclusivamente no concreto, produz calcário e entra em ação quando em contato com a água, evitando a corrosão do material.
Inventado no Japão, por volta de 1983, o concreto autoadensável foi apontado como a principal inovação tecnológica do século passado, para a construção civil. No Brasil, chegou por volta do ano 2000. Havia muitos mitos em torno do material, que foram minimizados com uma norma técnica exclusiva, a ABNT NBR 15823 – Concreto autoadensável. Construções que usam a tecnologia de paredes de concreto, assim como a indústria de pré-fabricados, são as que mais se beneficiam do concreto autoadensável. Entre as principais características do material estão alta resistência ao fogo e melhoria dos desempenhos térmico e acústico.
Concreto autolimpante
O material tem dióxido de titânio (TiO2) ou partículas de Anatásio entre seus agregados e, quando exposto à luz solar, captura as partículas poluentes do ar que se depositam na superfície do concreto, promovendo a autolimpeza.
Concreto de pós reativos (CPR)

Crédito: Divulgação/ITT Performance-Unisinos
O Concreto de pós reativos (CPR) surgiu nos anos 1990, na França. Suas especificações são bem superiores às de um concreto convencional, que atinge, em média, valores na faixa de 60 MPa (600 kgf/cm²). Já o CPR está numa faixa de resistência à compressão entre 180 MPa e 800 MPa (entre 2.000 kgf/cm² e 8.000 kgf/cm²). No Brasil, o concreto de pós reativos mais eficaz foi desenvolvido no Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance), vinculado à Unisinos-RS. O material conseguiu resistência à compressão de mais de 180 MPa e resistência à tração na flexão de 40 MPa.
Concreto translúcido
Criado em 2001, na Hungria, o concreto translúcido tem um processo de fabricação relativamente simples e sua resistência é igual à do concreto comum. São inseridas fibras ópticas no interior de uma fôrma e o bloco é concretado. Em seguida, ele passa por um processo de cura e é submerso em água. Mesmo produzido em escala industrial na Europa, o bloco de concreto translúcido ainda é muito caro se comparado com o de concreto convencional. No Brasil, os estudos se limitam aos laboratórios universitários e seu preço, por causa da importação, chega a ser 900% mais caro. Sob o ponto de vista estético, o concreto translúcido permite projetar detalhes diferenciados para fachadas e ambientes internos.

Crédito: Nebrconcagg
Os Estados Unidos já testam o uso de concreto permeável em vias trafegadas por veículos leves e médios. O material é apontado como uma solução para regiões propensas a enchentes, por escoar rapidamente a água e evitar a impermeabilização do solo. O segredo do material é que os vazios devem variar entre 15% e 30%, no máximo. Abaixo do valor mínimo, a estrutura perde a capacidade de drenagem; acima, drenará rapidamente, mas perderá as propriedades essenciais para a durabilidade do concreto. Outra exigência para esse tipo de concreto é a uniformidade dos agregados. A precisão é importante para que ocorra uma drenagem eficaz.
Concreto condutivo
O concreto condutivo utiliza fibras de aço, combinadas com partículas de carbono, em concreto convencional. O objetivo é torná-lo eletricamente condutivo. As aparas de aço e as fibras de carbono conduzem a energia ao longo do material. Assim, o concreto é conectado a uma fonte elétrica e permite a circulação da corrente. Os experimentos evoluem desde 2008 e, finalmente, começam a ser testados. Na universidade de Nebrasca-Lincoln há um campo de provas. Também em Nebrasca-EUA, uma ponte com 45 metros de extensão foi pavimentada com o concreto condutivo para aquecer e provocar o degelo da neve.
Concreto subaquático
O concreto subaquático é utilizado em estruturas imersas em água, como plataformas petrolíferas, barragens, tubulações, estruturas de contenção, estacas, paredes-diafragma, blocos de fundação de pontes e pilares de cais de portos. As características da composição variam de acordo com o ambiente ao qual o material será exposto. São utilizados aditivos adequados ao tipo de água e à agressividade que o concreto irá sofrer. Por conta dos agregados e dos aditivos, o material não se dispersa na água.
O concreto projetado é a tecnologia construtiva que mais cresce no mundo. Dados recentes mostram que o volume empregado em obras aumenta a uma taxa de 25% ao ano. Os países nórdicos, encabeçados pela Noruega, consomem 1/3 do concreto projetado produzido globalmente. Por duas razões: dispensa fôrmas e é fácil de aplicar. Além disso, cumpre função importante na construção de túneis, taludes, recuperação de estruturas e em obras arquitetônicas. O material requer rigor na composição e na execução. Caso contrário, pode desencadear patologias ou causar acidentes por causa do desplacamento da superfície em que foi aplicado.
Entrevistado
Reportagem com base em estudo da Sociedade Americana de Engenheiros Civis
Contato
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


















