Ponta de estoque chega ao setor imobiliário

Apartamentos que não conseguem ser vendidos de imediato pelas incorporadoras podem ser comprados com desconto de até 30%

Por: Altair Santos

O conceito ponta de estoque ou outlet chega ao mercado imobiliário. O  modelo começou a ser adotado por incorporadoras e construtoras para negociar imóveis que, por algum motivo, ficam sem encontrar compradores. Pode ser aquele apartamento mal posicionado na planta, com algum defeito no acabamento ou que teve a negociação de venda interrompida, seja por desistência do interessado ou não aprovação do financiamento.

Rogério Santos, da RealtON: alto estoque de imóveis estimula outlet no setor imobiliário

Esses imóveis estocados acabam gerando encargos extras para as construtoras e incorporadoras, principalmente quando os edifícios já estão concluídos. São taxas, IPTU, manutenção e condomínio, que levam as empresas a preferir vendê-los com descontos a mantê-los fora do mercado. Por isso, a necessidade  de se adotar um novo tipo de venda, que tem sido experimentado em São Paulo/SP através da RealtON. A imobiliária inovou ao concentrar esse modelo de negócio através de parcerias que ajudam as incorporadoras a desonerar seus custos.

O processo de venda também procura ser econômico. A RealtON disponibiliza todas as ofertas na internet e em redes sociais. "Os interessados tiram as dúvidas online e só depois da convicção da compra é que eles são acompanhados por consultores até a unidade à venda. Isso poupa gasto com deslocamentos e visitas incansáveis a muitos imóveis. Quando a compra é negociada, a intermediação é feita por um corretor", explica Rogério Santos, que trouxe esse novo conceito ao mercado imobiliário.

Segundo ele, a ponta de estoque de imóveis é uma tendência impulsionada pelo fato de as companhias terem aberto seus capitais e se virem forçadas a aumentar significativamente o número de lançamentos e, consequentemente, de estoque. "Estima-se que hoje as companhias abertas acumulem um estoque superior a R$ 35 bilhões. A necessidade de caixa que se seguiu após todos os lançamentos incentivou as empresas a darem mais liquidez aos seus estoques. Daí o surgimento da RealtON", diz Rogério Santos.

Em São Paulo, o modelo outlet negocia imóveis de 20 grandes construtoras com capital aberto. Entre março e abril de 2012, foram vendidos, em média, cinco apartamentos por dia. Os descontos variam de 5% a 30%, definidos a partir de cada negociação com a incorporadora e tipo de imóvel. "Temos casos de negociações com descontos muito bons, que chegam a ficar duas horas no site e são arrematados rapidamente", diz o diretor da RealtON. Os imóveis negociados têm valores que variam de R$ 300 mil a R$ 4 milhões e 60% dos compradores são investidores.

Outra característica do negócio é que não são colocados à venda imóveis que tenham pendências com agentes financeiros. "Trabalhamos diretamente com as incorporadoras. Os imóveis em estoque dependem da avaliação de cada incorporadora. Em geral, são disponibilizados entre seis e oito meses após a data de lançamento. Estimamos que 60% dos imóveis comercializados pela RealtON estão prontos. Os demais, em construção", revela Rogério Santos, que estuda abrir o mesmo modelo de empreendimento nas cidades de Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Manaus/AM, Salvador/BA e Curitiba/PR.

Entrevistado
Rogério Santos, CEO da RealtON, imobiliária especializada em venda de ponta de estoque de imóveis
Currículo
- Formado em marketing pela ESPM e pós-graduado pela FGV
- Atua há 25 anos no mercado imobiliário e já trabalhou como diretor de marketing de empresas como Cyrela do Brazil Realty S/A e Abyara Brokers Intermed. Imobiliária S/A
- É o fundados da RealtON, outlet de imóveis
Contato: www.realton.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Curva ABC é antídoto contra desperdício de cimento

Gráfico ajuda não apenas a controlar gastos com insumos e outros materiais, como favorece planejamento de custo com mão de obra

Por: Altair Santos

Orçar uma obra é tarefa básica para quem constrói. Cumprir o orçamento, porém, nem sempre é fácil. Por isso, no setor construtivo, dissemina-se a utilização de gráficos que projetam os custos futuros e ajudam a controlá-los durante a execução de um empreendimento. Entre os modelos, o que mais é usado é a Curva ABC. São cálculos que permitem priorizar os gastos com insumos, mão de obra e equipamentos.

Carlos Torres Formoso, professor da UFRGS: cursos de engenharia civil precisam enfatizar uso de ferramentas gerenciais.

Pela sua relevância na construção civil, o cimento é um dos materiais que ocupam o topo da Curva ABC. "Ela é muito eficiente para o controle do cimento, principalmente para evitar perdas e ajudar na negociação com o fornecedor. Se a construtora administra bem o estoque, ela ganha margem para fazer uma compra com melhores prazos e descontos", explica o professor Carlos Torres Formoso, do Grupo de Gestão e Economia da Construção da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Segundo Carlos Torres Formoso, algumas construtoras utilizam apenas o conceito da Curva ABC, usando-a informalmente, e outras aplicam a técnica dispondo de recursos gráficos e softwares para fazer o controle de materiais, equipamentos e mão de obra dentro do canteiro. "Quanto melhor ela for aplicada, mais resultados gera", explica.  "A Curva ABC facilita o controle do que é consumido na obra, mas ela não é a única ferramenta gerencial. Sozinha, não traz ganhos relevantes. O ideal é ela ser empregada com outros sistemas de planejamentos, sistemas de controle de qualidade e gestão da cadeia de suprimentos", completa.

O nome Curva ABC explica como ela funciona. O método hierarquiza insumos e serviços em A, B ou C. Os materiais, negociações e cotações mais relevantes ocupam o topo da tabela (A). As intermediárias se distribuem na faixa B e as que requerem menos prioridades distribuem-se na parte inferior da planilha (C). "O conceito da Curva ABC deve ser usado em todas as etapas do andamento da obra. Ela nasce com o projeto, com o planejamento de layout do canteiro, no caso dos empreendimentos preocupados em controlar perdas", ressalta o professor da UFRGS.

Carlos Torres Formoso cita que um engenheiro civil bem qualificado tem plenas condições de organizar uma Curva ABC, apesar de atualmente as construtoras contarem com engenheiros de produção para desempenhar essa tarefa. "Boas escolas de engenharia civil têm enfatizado cada vez mais a produção enxuta, reforçando conceitos como Just in Time e conceitos de gestão de suprimentos, nos quais a Curva ABC é muito importante. Ela é ensinada dentro da gestão de Curvas, mas hoje em dia tem especializações em nível de mestrado e doutorado sobre esse conceito", finaliza.

Confira estudo da UFRGS sobre perdas na construção civil: Clique aqui

Entrevistado
Carlos Torres Formoso, coordenador do Grupo de Gestão e Economia da Construção do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE), da UFRGS
Currículo
- Bolsista de produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A
- Possui graduação em engenharia civil pela UFRGS (1980), mestrado em engenharia civil pela UFRGS (1986), doutorado em engenharia civil pela University of Salford (1991) e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA (1999-2000)
- Atualmente é professor associado II da UFRGS e coordenador do Grupo de Gestão e Economia da Construção do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE).
- É docente permanente do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFRGS
- Tem atuado como consultor ad hoc da FINEP, FAPESP, CAPES, CNPq, CYTED, entre outras agências de fomento
- Também é membro do Grupo de Assessoramento Técnico do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), liderado pelo Ministério das Cidades
- Atua na área de gerenciamento na construção civil, principalmente nos seguintes temas: projeto e gestão de sistemas de produção, produção enxuta (lean production), gestão da segurança do trabalho, aprendizagem organizacional, medição de desempenho de empresas e empreendimentos de construção, habitação de interesse social e gestão do processo de desenvolvimento do produto.
Contato: formoso@ufrgs.br

Créditos foto: Miguel Ângelo/CNI

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Novos engenheiros ampliam foco na sustentabilidade

A 8ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia mostrou que preocupação com o "crescer sem agredir" aumenta entre empresas e futuros profissionais

Por: Altair Santos

Anualmente, um grupo de empresas multinacionais voltadas à construção civil, coligadas com universidades de vários países, promove a Maratona Global de Engenharia e Tecnologia. Em 2012, o evento teve sua 8ª edição. O Brasil participou pela quinta vez do encontro, cujo tema sustentabilidade esteve no centro dos debates. "Tanto empresas quanto instituições de ensino têm fomentado as questões relacionadas à sustentabilidade, o que se reflete nos estudantes e profissionais das áreas de engenharia e tecnologia. Sustentabilidade já é uma realidade para algumas empresas e se tornou tendência para outras. Portanto, é imprescindível que os novos profissionais entenda m os conceitos envolvidos", diz Katia Hamada, líder regional de engenharia da DuPont Brasil, e uma das palestrantes da maratona.

Eleanor Allen, diretora de Desenvolvimento da CH2MHILL América Latina: Brasil é hoje um dos principais polos mundiais da construção civil.

Em 2012, o evento aconteceu na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para o Brasil, além de a sustentabilidade ser o ponto central das palestras, também foram abordadas as oportunidades de carreira para os jovens engenheiros do país. Houve uma conferência específica sobre engenharia civil, através da palestrante Eleanor Allen, diretora de desenvolvimento da CH2MHILL América Latina - uma das maiores construtoras do mundo. A executiva falou sobre oportunidades e desafios para os jovens engenheiros no Brasil, contextualizando o cenário global e local. "Há muito a fazer no Brasil, seja na área de infraestrutura, energia, saneamento, industrial ou de meio ambiente. Por isso, o país é hoje um dos pólos da construção civil no mundo", discursou Eleanor Allen.

A engenheira civil norte-americana enfatizou aos estudantes a importância de participar de programas de intercâmbio acadêmico. "É relevante entender como funciona o mundo fora da faculdade e do Brasil, assim como é importante se inspirar na carreira de alguém para traçar metas. Entendam que a faculdade dá ferramentas para o futuro, ensina a pensar como resolver problemas, amplia a visão e desenvolve o raciocínio lógico, mas ela não é o fim", afirmou Eleanor Allen, que palestrou para cerca de 200 estudantes de engenharia na PUC-SP. A conferência também foi transmitida online para estudantes dos Estados Unidos, China, Índia, países da América Latina, Europa, África e Oriente Médio. "Esse tipo de evento global oferece a oportunidade para pessoas alavancarem aprendizados com base nos desafios e soluções das diferentes sociedades", completa Katia Hamada.

Só mulheres

A 8ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia teve uma peculiaridade. As conferências foram todas ministradas por mulheres, porque a data do evento coincidiu com o Dia Internacional da Mulher. "Todas as apresentações foram feitas por mulheres influentes em suas áreas de atuação. O intuito foi homenagear as profissionais com carreiras em engenharia e tecnologia e mostrar que essas áreas têm atraído cada vez mais profissionais do sexo feminino", finalizou Hamada.

Saiba mais sobre a Maratona de Engenharia e Tecnologia: Clique aqui

Entrevistada
Katia Hamada, líder regional de engenharia da DuPont Brasil
Currículo

- Graduada em engenharia mecânica pela Universidade de São Paulo (USP) com especialização em administração pela Fundação Getúlio Vargas, com MBA em finanças, RH, marketing e operações
- Tem experiência em coordenação de equipes multidisciplinares, para resolução de problemas em uma ampla gama de fluxos de trabalho, como operações químicas vegetais, desenvolvimento de novas aplicações do produto, formação de equipes e projetos de capital
- Também pode atuar como consultora para projetos de energia de redução de custos e técnicas de resolução de problemas grupos focais
Contato: katia.r.hamada@bra.dupont.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Financiamento imobiliário segue com viés de alta

Inadimplência residual, desemprego em baixa e crédito farto mantêm otimismo do setor e também da Caixa Econômica Federal para 2012

Por: Altair Santos

Estudo realizado pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo) revela que o crédito para financiamento imobiliário seguirá com viés de alta ao longo de 2012. Sustentam a projeção dados como uma das menores taxas de inadimplência do setor, estimulada pelo baixo índice de desemprego e por saldo crescente da caderneta de poupança. A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) corrobora a expectativa e estima que, através da caderneta de poupança, os recursos para crédito imobiliário ultrapassem os R$ 100 bilhões este ano.

Suely Yara Perez Molinari, gerente regional de habitação e construção civil da Caixa: inadimplência imobiliária é uma das mais baixas da história do banco.

Além de Secovi-SP e Abecip, a Caixa Econômica Federal também tem números que indicam a sustentabilidade do financiamento imobiliário. "Atualmente, a inadimplência da carteira imobiliária da Caixa está em 1,7%. Comparativamente, é uma das menores da história do banco. Em junho de 2003, chegou a 3%. E em tempos de inflação desmedida, a 15%. O setor de crédito imobiliário possui um crescimento sustentável em função da disponibilidade de crédito, aliado a qualidade com que se constitui a carteira, a agilidade da economia e a diminuição do desemprego", avalia Suely Yara Perez Molinari, gerente regional de habitação e construção civil da Caixa.

Outro instrumento que estimula o financiamento imobiliário é a garantia trazida pela lei 9.514, que a partir de 2007 passou a ser aplicada pelo mercado e que instituiu a alienação fiduciária em substituição à hipoteca, cujo processo judicial de retomada do imóvel é mais demorado. Com a alienação, a propriedade do imóvel é transferida para o banco como garantia e só é repassada para o comprador após a quitação da dívida. Em caso de atraso, a retomada do bem é permitida após 90 dias de inadimplência.

Todos esses componentes estimulam a Caixa Econômica Federal a projetar que em 2012 os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) irão financiar mais do que as 493 mil unidades de 2011. Explica Suely Yara Perez Molinari, que o SBPE é uma linha de crédito imobiliário para operações enquadradas no Sistema Financeiro Habitacional (SFH), para imóveis com valor até R$ 500 mil, e financiamentos fora do SFH com valor superior a esse. As taxas variam de 9,5% a 12% ao ano.

O SBPE, portanto, não abrange financiamentos de habitações de interesse social. "O financiamento de habitações de interesse social possui linhas específicas mais adequadas a atender as necessidades dessa faixa da população, que é o caso de recursos do OGU (Orçamento Geral da União) e do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial) utilizados na faixa I do MCMV (Programa Minha Casa, Minha Vida) e do FGTS, para imóveis com valor até R$ 150 mil (no caso de Curitiba/PR)", diz Suely Yara Perez Molinari.
Sistemas construtivos

O bom momento do crédito imobiliário também tem aberto oportunidades para que sistemas construtivos inovadores obtenham financiamento na Caixa Econômica Federal. Atualmente, o banco já tem credenciados 36 modelos tecnológicos para a construção civil. "O mercado imobiliário tem buscando alternativas econômicas e sustentáveis e a Caixa sempre apoia as inovações tecnológicas para o setor habitacional, quando elas são devidamente certificadas pelos organismos competentes", completa a gerente regional de habitação e construção civil da Caixa Econômica.

Entrevistada
Suely Yara Perez Molinari, gerente regional de habitação e construção civil da Caixa Econômica Federal
Currículo

- Formada em administração de empresas e pós-graduada em Gestão de Negócios
- Atua como gerente regional de habitação e construção civil da Caixa Econômica Federal em Curitiba
Contato: comunicacaoregional.pr@caixa.gov.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Plaenge ocupa topo do ranking das construtoras

Empresa paranaense lidera lista na região sul e aparece em 9º lugar entre as que mais constroem empreendimentos no Brasil

Por: Altair Santos

A 8ª edição do ranking da ITC (Inteligência Empresarial da Construção) revela que a construtora Plaenge tornou-se a maior do setor habitacional na região sul do país. A empresa paranaense desponta também entre as dez maiores da construção civil brasileira, de acordo com a área total construída em m² no ano de 2011.  Segundo Roberto Melquíades, diretor financeiro da Plaenge Empreendimentos, a posição destacada da construtora é fruto de estratégias de crescimento adotadas com base nas tendências de mercado.

Roberto Melquíades, diretor financeiro da Plaenge: empresa também constrói no Chile.

Entre elas, o dirigente cita a criação da Vanguard Home - marca focada no comprador do primeiro imóvel - e na decisão da empresa de manter o sistema de capital fechado. "Isso teve forte influência na performance da empresa, pois nos protegeu de pressões do mercado e contribuiu para que a expansão dos negócios e operações ocorresse de forma estruturada e organizada", revela. "Por isso, é motivo de muito orgulho integrar este ranking que apresenta o panorama do mercado brasileiro em nosso setor", completa Melquíades.

Alia-se a esse desempenho da Plaenge o fato de a empresa estar há 42 anos no segmento da construção e focada no excelente momento do mercado imobiliário brasileiro. Isso tem permitido que a construtora amplie seus negócios. Além de concentrar seus empreendimentos nas cidades de Curitiba/PR, Londrina/PR, Maringá/PR, Ponta Grossa/PR, Joinville/SC, Campo Grande/MS, Cuiabá/MT e Dourados/MS, a Plaenge, desde 2009, internacionalizou-se e passou a operar no Chile e na Venezuela.

Por isso, de acordo com Roberto Melquíades, há espaço para crescer mais em 2012 e galgar mais posições no ranking da ITC. "O cenário favorável para a economia brasileira, com aumento de renda da população e forte incremento nas operações e no volume de financiamentos, aliados ao déficit habitacional do Brasil, ao crescimento da população e a preferência sócio cultural pela casa própria, têm ampliado a demanda por imóveis residenciais no Brasil. Isso proporciona espaço para a continuidade de desempenho positivo da Plaenge", avalia.

A Plaenge atualmente está com 73 empreendimentos em execução, somando 160 torres, 11.411 unidades e 1.802.552,50 m² em construção. Isso no atendimento ao setor habitacional, pois no âmbito industrial a empresa atua com a Emisa Plaenge, com obras entregues em 19 estados brasileiros e na Venezuela. "Entre nossos clientes, estão Coca-Cola, Unilever, Philip Morris, Sig Combibloc, Matte Leão, Atlas Schindler, Dixie Toga, Beaulieu, Michelin e Adams", revela Roberto Melquíades.

A inovação também impulsiona os negócios da Plaenge. A empresa foi pioneira no país em ofertar plantas flexíveis aos clientes e a garantir o cronograma através do seguro da entrega da obra. Além disso, há o programa de otimização de processos e o portal do cliente, que aprimoram o desempenho do canteiro de obras e o relacionamento com os compradores. "Buscamos inovar constantemente, embasados nas pesquisas de mercado e suas principais tendências, proporcionando produtos diferenciados e reais soluções para nossos consumidores", garante o diretor financeiro.

Veja as construtoras que se destacaram no ranking do ITC:

Confira o ranking das 100 principais construtoras brasileiras: Clique aqui

Entrevistado
Roberto Melquíades, Diretor Financeiro da Plaenge Empreendimentos
Currículo
- Graduado em economia pela Universidade Estadual de Londrina, com formação em AMP (Advanced Management Program) pela IESE Business School
- Atua no mercado imobiliário há 42 anos, com forte experiência na área financeira, tendo ocupado por 15 anos vários cargos executivos no SindusCon Norte do Paraná
Contato: r.melquiades@plaenge.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Construção civil será protagonista na Rio+20

Conferência da ONU, que acontece em junho, servirá para que setor mostre avanços ecoeficientes, principalmente em sua indústria cimenteira

Por: Altair Santos

Em junho, na cidade do Rio de Janeiro, acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - a Rio+20. A construção civil estará no centro dos debates. No caso do Brasil, o setor terá bons exemplos a mostrar. A indústria cimenteira nacional, considerada a mais ecoeficiente do planeta, levará à Rio+20, junto com outros organismos como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), o projeto Construção Sustentável. Ele engloba um conjunto de ações do setor para racionalizar a construção e diminuir perdas.

Mario Willian Esper: da Eco92 à Rio+20, indústria cimenteira nacional tornou sua produção sustentável.

O processo de elaboração do projeto já dura 3 anos e tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e de bancos multilaterais.  A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) também integra a elaboração do plano, como revela o gerente de relações institucionais da ABCP, Mario William Esper, na entrevista a seguir:

Em junho, ocorre a Rio+20. O que a indústria cimenteira nacional irá apresentar no evento, haja vista que ela é considerada a mais ecoeficiente do planeta, em comparação a outros países?
Será destacado, entre os avanços tecnológicos que se refletem na preservação ambiental, o papel fundamental da indústria de cimento na destinação final de resíduos industriais, que, até pouco tempo, iam para os aterros industriais e são hoje coprocessados em fornos de cimento. O parque industrial nacional de produção de cimento se caracteriza pelo avanço tecnológico, merecendo destaque, inclusive, se comparado aos melhores do mundo. O impulso para esses avanços veio da automação do processo e da busca constante pela redução do consumo de energia térmica e elétrica. Hoje, incluímos nos processos produtivos vários tipos de resíduos como matéria-prima ou combustível alternativo, eliminando, assim, o contraditório ambiental gerado por uma produção industrial em franca e bem vinda ascensão.

Como estão hoje os indicadores de sustentabilidade de produção de cimento no Brasil?
É preciso dividir essa resposta em quatro partes:

Energia
No Brasil, a indústria do cimento possui um parque industrial moderno e eficiente, com instalações que operam com baixo consumo energético. Praticamente todo o cimento no país é produzido por via seca, processo industrial que garante a diminuição do uso de combustíveis em até 50% em relação a outros processos. Os fornos via seca, no Brasil, são responsáveis por 99% da produção de cimento, enquanto, em escala mundial, esses fornos, de acordo com dados do CSI, representaram somente 81% em 2009. Como resultado dessa modernização tecnológica, estudo elaborado pela IEA (International Energy Agency) analisando o potencial de redução de consumo energético dos principais países produtores de cimento, identificou o Brasil como tendo um dos menores potenciais de redução, considerando as melhores tecnologias existentes.

Água
Na produção de cimento, a água é utilizada nas torres de arrefecimento e injeção nos moinhos para resfriamento do material, representando um consumo de 100 litros por tonelada de cimento. A água empregada para resfriamento dos gases é absorvida no processo e liberada na forma de vapor, sem nenhum contaminante. Já aquela utilizada para resfriar equipamentos, passa por separadores de óleo e é reaproveitada. A água consumida na maioria das fábricas é praticamente 100% recirculada, não havendo, portanto, a geração de efluentes líquidos industriais.

Coprocessamento
Em fornos devidamente licenciados para essa finalidade, são utilizados resíduos sólidos industriais e urbanos como substitutos de materiais combustíveis ou matérias-primas, no processo de produção. Atualmente, existem no país 37 plantas licenciadas para realizar o coprocessamento. A indústria de cimento coprocessa cerca de 1 milhão de toneladas por ano. No período de 1991 a 2010, foram coprocessados 7 milhões de toneladas de resíduos. A expectativa é de que esse volume caia, em breve, para 2,5 milhões de tonelada por ano. Somente em 2010, estima-se, foram coprocessadas 183 mil toneladas de pneus usados, o equivalente a 36 milhões de pneus que, enfileirados, iriam do Rio de Janeiro a Tóquio. No período de 2003 a 2008, foram coprocessados aproximadamente 1 milhão toneladas de pneus, equivalente a 210 milhões de pneus usados.

Emissão de CO²
A indústria do cimento no Brasil possui um parque industrial moderno e eficiente, com unidades que operam com baixo consumo de combustíveis e, consequentemente, uma menor emissão de CO², quando comparada a outros países. A crescente utilização, desde longa data, de adições ao cimento, no Brasil, tem representado uma das mais eficazes medidas de controle e redução das emissões de CO² da indústria. Levantamento da CSI (Cement Sustainability Initiative) coloca o Brasil como referência internacional na busca por cimentos com menor emissão. O Brasil também é o país que mais utiliza biomassa (considerada carbono neutra) na produção de cimento, também conforme levantamento do CSI, com cerca de 9% de participação na sua matriz energética.

Para a Rio+20, organismos ligados à construção civil elaboram o projeto Construção Sustentável, que engloba um conjunto de ações do setor para racionalizar a construção e diminuir perdas. A ABCP participa deste projeto?
Sim, a ABCP participa do projeto como representante da indústria cimenteira brasileira.

Quais propostas a ABCP pretende acrescentar no projeto Construção Sustentável a ser apresentado na Rio+20?
A ABCP apresentará ações desenvolvidas pela indústria cimenteira e os desafios de tornar o setor cada vez mais sustentável.

Antes da Rio+20, deverá ocorrer um pré-evento denominado “Setor Industrial e a Rio+20". Já se sabe quais linhas serão abordadas no encontro?
Serão abordados cases do setor que podem ser tomados como exemplo de ecoeficiência, seja na diminuição do consumo de energia e da emissão de CO², seja na destinação correta dos resíduos industriais por meio do coprocessamento. Serão abordadas as iniciativas da indústria como um todo, que têm o objetivo de contribuir com o crescimento do país de forma sustentável.

A tendência é que a construção civil esteja no centro dos debates da Rio+20?
Sim, pois o aumento da demanda deste setor, devido à realização dos megaeventos esportivos mais importantes do mundo e ao avanço dos programas do governo federal - Minha Casa, Minha Vida e obras do PAC, além do advento do bicentenário da independência do Brasil, que será comemorado em 2022 -, gera a necessidade de uma produção que atenda esse crescimento e os investimentos necessários em infraestrutura. Portanto, a construção civil deve ser uma pauta bastante discutida durante o evento.

É possível que a partir da Rio+20 se fortaleça a ideia de que é preciso industrializar a construção civil, principalmente no Brasil?
A tendência de se pensar em sistemas construtivos industrializados já vem se desenvolvendo há algum tempo. Exemplo disso são as obras do PAC, que impulsionaram o Brasil a desenvolver e a criar a consciência da necessidade de se pensar processos produtivos que deem conta da escassez de mão de obra e da necessidade de rapidez na execução das obras.

Há gargalos no país que impedem processos mais sustentáveis na construção civil? Caso sim, quais são eles?
Sim, exemplo disso é que o governo federal lançou em 3 de abril a segunda etapa do programa Brasil Maior. Trata-se de um conjunto de medidas de incentivo à indústria nacional. No caso da construção civil, o objetivo do programa é tornar o setor mais competitivo, visando minimizar os gargalos do setor, como: capacitação da mão de obra, burocracia cartorária, inovação tecnológica, gestão da tecnologia da informação, normalização e padronização de materiais e adoção de sistemas construtivos industrializados entre outros.

Da Eco92 à Rio+20, quais evoluções são as mais evidentes, em termos de sustentabilidade, na construção civil brasileira?
Há 20 anos, as ações da indústria cimenteira brasileira, visando a ecoeficiência, estavam no estágio inicial. Hoje, as iniciativas estão consolidadas e garantem uma produção sustentável. No que diz respeito à indústria de cimento, houve uma evolução muito grande tanto na diminuição das emissões de CO² quanto na utilização do coprocessamento para eliminar resíduos industriais e passivos ambientais. Já no que diz respeito à construção civil a ao desenvolvimento de sistemas construtivos e produtos sustentáveis, a ABCP busca competitividade, sem tirar o foco da construção sustentável. Exemplo disso é que a ABCP tem desenvolvido soluções como os pavimentos permeáveis, que permitem a infiltração de água na sua estrutura e funcionam como um sistema de drenagem sustentável. Desta forma, a ABCP contribui para a sustentabilidade da construção civil ajudando a desenvolver sistemas construtivos que sejam mais competitivos, gerem menos entulho e causem menos danos ao meio ambiente.

A correta destinação de resíduos sólidos da construção deverá ter uma atenção especial na Rio+20?
Sim, a iniciativa impacta na sustentabilidade da construção civil e de diversos outros setores da economia. A gestão de resíduos sólidos terá grande destaque durante o evento, seja no campo da inovação e da gestão, seja no desenvolvimento da consciência da sociedade em relação ao tema.

Entrevistado
Mario William Esper, gerente de relações institucionais da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Currículo

- Possui graduação e mestrado em engenharia civil pela Poli-USP
- Construiu carreira sólida ao longo de 38 anos de atividade no setor
- Atua na Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) desde 1974
- Atualmente é responsável pela área de relações institucionais da ABCP e integrante de diversas entidades ligadas à indústria da construção, como: Departamento da Indústria da Construção e Departamento de Competividade e Tecnologia, ambos da Fiesp
- Além disso, integra o Comitê Brasileiro de Normalização (CBN) e é membro do Conselho Curador do FGTS
Contato: mario.william@abcp.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Parede dupla de concreto potencializa industrialização

Sistema é recente no Brasil, e ganha espaço em projetos de galpões industriais e shopping centers por causa da rapidez na montagem

Por: Altair Santos

Criado na década de 1990, na Alemanha, o sistema de paredes duplas de concreto começa a tornar-se competitivo no Brasil para construções de galpões industriais e shopping centers. No país, a tecnologia chegou apenas em 2009 e em três anos experimenta uma demanda crescente. "A nossa fábrica está com produção totalmente comprometida até julho de 2012, o que demonstra o crescimento do volume de obras", relata Fábio Marcello Casagrande, diretor da Sudeste Pré-Fabricados, com sede em Americana, no interior de São Paulo.

Parede dupla de concreto: tecnologia customiza aberturas para portas, janelas e sistemas elétricos e hidráulicos.

O sistema consiste na montagem de módulos, que chegam prontos ao local da obra. As paredes, com dimensões que podem atingir 13,30 m de largura x 3,20 m de altura e 37 cm de espessura, são içadas por máquinas e, em seguida, recebem preenchimento interno com concreto ou outro material, como concreto celular, poliuretano expandido ou isopor, dependendo da função do projeto. Isso garante ao sistema de vedação alto isolamento termoacústico.

Além disso, as paredes duplas de concreto dependem de menos operários no canteiro. Estima-se que, comparado com o sistema tijolo a tijolo, a tecnologia economiza até 50% de mão de obra. Consequentemente, também há redução de custos, proporcionada pelo menor tempo de execução. O serviço chega a ser 30% mais rápido que as técnicas convencionais. O sistema apresenta ainda a possibilidade de customizar o projeto, o que possibilita prever aberturas para portas, janelas e sistemas elétricos e hidráulicos.

Em prol da sustentabilidade, o processo tem desperdício zero de material e garante a reutilização das placas. As paredes são desenhadas em uma forma por um sistema a laser, que permite a projeção de peças (paredes ou lajes) 100% personalizadas. A Sudeste consegue produzir 48 placas a cada turno de 8 horas. A tecnologia foi importada da Áustria, onde as paredes duplas servem não apenas para obras industriais, mas também para prédios residenciais de até 15 pavimentos.

Estima-se que, comparado com o sistema tijolo a tijolo, a tecnologia de parede dupla de concreto economiza até 50% de mão de obra. O sistema também oferece ganhos de coeficiente ecológico, por não gerar resíduo. “Por serem pré-fabricadas, as paredes duplas não produzem entulho de material”, diz Casagrande, explicando que a pintura pode ser aplicada sem a necessidade de acabamento com argamassa ou massa fina. "Durante a produção, o concreto recebe um tratamento especial que diminui a porosidade das paredes, deixando-as extremamente lisas", explica.

A tecnologia de parede dupla de concreto tem sido apoiada e difundida pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC). A Sudeste, por exemplo, tem o selo de excelência nível 3 da ABCIC e já foi convidada a expor o sistema em eventos como o Concrete Show 2011 e a International Concrete Conference & Exhibition (ICCX) que aconteceu em março de 2012 em Florianópolis. Fábio Marcello Casagrande, alerta, no entanto, que o Brasil ainda investe muito pouco em inovações na construção civil, na área de pré-fabricados. "Talvez, com a vinda de empresas europeias focadas em automação, e com a ida de empresários brasileiros a feiras no exterior, essa situação mude nos próximos anos. Tenho noticias de investimentos em fábricas para aumento de produção, mas não há investimento em máquinas e softwares para a automação de produção, aumento de produtividade, busca da qualidade e redução de custos", avalia.

Entrevistado
Fábio Marcello Casagrande, diretor da Sudeste Pré-Fabricados
Currículo
Graduado em engenharia civil e, em 2007, após pesquisas na Europa, trouxe para o Brasil o sistema de parede dupla de concreto
Contato:  http://www.sudeste.ind.br / fabio@sudeste.ind.br / sudeste@sudeste.ind.br

Créditos foto: Divulgação / Sudeste

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Conceito de estado da arte independe da obra

Projetos e construções precisam de um período de maturação para serem alçados a esse patamar, avalia especialista

Por: Altair Santos

O dicionário define estado da arte quando um equipamento, uma obra ou uma área científica atinge o grau de obra-prima. Na construção civil, há casos em que vale mais o conceito do que a construção em si. "Por vezes, o trabalho intelectual que levou a determinado projeto é que merece ser chamado de estado da arte. Então, o alto grau de conhecimento de um profissional ligado ao setor, seja ele projetista, arquiteto ou engenheiro, é que gera o estado da arte", avalia o experiente engenheiro civil Luciano Décourt.

Museu Guggenheim, em Nova York: inaugurado em 1959, hoje é exemplo mundial de obra que atingiu o estado da arte.

Décourt é o autor do famoso trabalho que, há mais 20 anos, definiu o estado da arte do ensaio SPT (Standard Penetration Test) e que até hoje é parâmetro para o dimensionamento de fundações. "Foi um apanhado do conhecimento universal sobre o assunto, aonde eu apresentei uma síntese deste conhecimento, que, aliás, apesar de fazer vinte e tantos anos, ainda é o relatório do estado da arte que prevalece quando o assunto é SPT", explica. Na ocasião, em 1992, Luciano Décourt criou o conceito de fundação mista, na qual coloca-se uma estaca embaixo de uma sapata para que elas funcionem em conjunto. "Hoje, os grandes edifícios de Dubai são feitos dentro deste conceito", completa.

O engenheiro-pesquisador ressalta ainda que boa parte das obras hoje alçadas à condição de estado da arte carece de um tempo de maturação para serem conceituadas como tal. "Tem muito disso. Às vezes, concebe-se um projeto que é, de fato, um estado da arte, mas daí o mercado leva tempo para absorver e assimilar, ou seja, tudo o que merece o título estado da arte é algo diferenciado e, como tal, é mais difícil de ser reconhecido e absorvido", diz.

Dentro da definição de estado da arte, segundo Luciano Décourt, até o canteiro de obras integra o conceito. "Se a infraestrutura para se construir uma edificação levar em conta aspectos ambientais e sócio-econômicos, além de utilizar práticas recomendadas sob o ponto de vista tecnológico, e conseguir mitigar ações de natureza gerencial, as chances de a obra atingir o estado da arte são bem maiores", analisa.

No Brasil, entre os exemplos clássicos de construções que atingiram o estado da arte, estão o conjunto de prédios que formam a esplanada dos ministérios, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, em Brasília/DF, assim como a ponte Rio-Niterói, a estátua do Cristo Redentor e, mais recentemente, a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, construída em São Paulo/SP. Fora do país, há o Coliseu, em Roma, cujas fundações até hoje são citadas como modelo de resistência, assim como o conjunto de edifícios na praça São Pedro, no Vaticano, a sede do museu  Guggenheim, em Nova York, a ponte Vasco da Gama, em Lisboa, e o metrô de Londres.

Entrevistado
Engenheiro civil Luciano Décourt
Currículo
- Graduado em engenharia civil (1963) pela Escola Politécnica da USP. Fez cursos de pós-graduação entre 1964 e 1965 na mesma Escola Politécnica e na Universidade de Harvard (EUA). Iniciou sua carreira no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, na seção de Solos, em 1964
- Em 1973 fundou a Luciano Décourt Engenheiros Consultores Ltda, sendo desde então seu diretor presidente
- De 1968 a 1978, lecionou Mecânica dos Solos na Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares Penteado, inicialmente como professor assistente, passando a professor adjunto e depois a professor titular
- De 1989 a 1994, foi vice-presidente da “International Society for Soil Mechanics and Foundation Engineering” (ISSMFE)
- Em 1991, foi eleito para o grau de “Fellow” da American Society of Civil Engineering (ASCE)
- Em 1982, em Amsterdã, Holanda, durante o ESOPT II (“European Symposium on Penetration Testing”) foi premiado pela melhor previsão da capacidade de carga de uma estaca pré-moldada de concreto armado, utilizando para essa previsão fórmula de sua própria autoria
- Em 2009, foi eleito para a Academia Nacional de Engenharia
Contato: decourt@decourt.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Ceará entra na era do pavimento em concreto

Anel viário no entorno de Fortaleza terá 32 quilômetros e está entre as cinco principais obras de infraestrutura do estado

Por: Altair Santos

Uma das obras mais reivindicadas pela população cearense, o Anel Viário no entorno de Fortaleza/CE começou a ser viabilizado a partir de janeiro de 2012. O empreendimento, que foi repassado do governo federal para o governo do Ceará, traz uma inovação para o estado. Pela primeira vez, rodovias cearenses receberão pavimento em concreto. A expectativa é que até 2015 o novo complexo viário esteja concluído e consuma cerca de 35 mil m³ de concreto.

Porto de Pecém: complexo viário com pavimento rígido vai facilitar escoamento da produção Cearense.

A obra terá 32 quilômetros de extensão e vai ligar as seguintes estradas: CE-040, BR-116, CE-060, CE-065 e BR-020. O investimento, orçado em R$ 200 milhões, permitirá que o fluxo de veículos que circula diariamente nestas rodovias trafegue melhor entre o distrito industrial de Maracanaú, Maranguape e Ceasa e faça a conexão com o Porto de Pecém, que também ganha obras de infraestrutura. Neste trecho, diariamente, circulam mais de 15 mil veículos. Por isso, a escolha pelo pavimento rígido.

Segundo o superintendente do DER, Sérgio Azevedo, no Ceará não havia a cultura do uso do pavimento de concreto, com exceção do trecho que liga ao Aeroporto Internacional Pinto Martins. Por isso, antes de optar por essa tecnologia, o governo estadual promoveu um seminário que contou com a participação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). “Mostramos que quando bem executado, o pavimento de concreto dura até 40 anos, com manutenção mínima. O gasto de conservação chega a ser até 10 vezes menor do que o de outras opções de pavimento”, explicou o gerente regional do Norte e Nordeste da ABCP, Eduardo Barbosa de Moraes.

Outras obras

O Ceará ocupa atualmente a quarta colocação entre os estados brasileiros que mais investem recursos em obras de infraestrutura. Além do Anel Viário, outro empreendimento de envergadura é o que amplia o terminal de múltiplo uso do porto de Pecém. A previsão é que seja inaugurado em 30 meses, a um custo de R$ 568,7 milhões. Não se trata, porém, da obra que irá receber a maior injeção de recursos nos próximos anos. As linhas Sul e Leste do metrô de Fortaleza são as que irão demandar mais investimentos.

Juntas, têm custo estimado de R$ 4,75 bilhões e fazem parte das obras da capital cearense voltadas para receber a Copa do Mundo. 
Confira os principais empreendimentos no Ceará

Porto do Pecém
Obra: ampliação do terminal de múltiplo uso (TMUT)
Custo: R$ 568,7 milhões
Prazo: 30 meses
O que será construído: uma nova ponte de acesso ao quebra-mar, com 1.520 metros de extensão; pavimentação de 1.065 metros sobre o quebra-mar e a ampliação do quebra-mar em 90 metros; construção de 600 metros de cais, com dois berços de atracação de navios cargueiros ou porta-contêineres.

Linha Sul do metrô de Fortaleza
Obra: extensão do serviço de transporte púbico da capital cearense
Custo: R$ 1,75 bilhão, incluindo recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Prazo: previsão de entrega para março de 2013
O que será construído: linha com 24,1 quilômetros de extensão em via dupla, sendo 18 km de
superfície, 3,9 quilômetros subterrâneo e 2,2 quilômetros em elevado. A linha irá receber um total de 20 trens, que formarão dez composições de 80 metros cada, e 18 novas estações.

Linha Leste do metrô de Fortaleza
Obra: extensão do serviço de transporte púbico da capital cearense
Custo: R$ 3 bilhões, incluindo recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Prazo: conclusão prevista para 2016
O que será construído: linha com 12,4 quilômetros, todos eles subterrâneos, e 12 novas estações.

Anel Viário da Grande Fortaleza
Obra: duplicação de rodovias ligando cidades da região metropolitana da capital cearense
Custo: R$ 200 milhões
Prazo: previsão de entrega em 2015
O que será construído: 32 quilômetros de pistas em pavimento de concreto, mais resistente e com maior durabilidade, além de novas pontes e viadutos.

Centro de Eventos do Ceará (CEC)
Obra: espaço acoplado ao pacote de obras voltado para a Copa do Mundo
Custo: R$ 437 milhões
Prazo: previsão de entrega no 2º semestre de 2012
O que será construído: espaço com 152,694 mil m² de área construída, será o segundo maior da América Latina e com capacidade para  até 30 mil pessoas.

Entrevistado
Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará (Seinfra)
Contato:
@seinfrace (Twitter) / ascom@seinfra.ce.gov.br

Créditos foto: Divulgação / Seinfra

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Brasil engessa processos criativos na construção civil

João Filgueiras Lima, arquiteto conhecido como um dos maiores especialistas em pré-fabricado, critica burocracia e excesso de normatizações

Por: Altair Santos

Aos 80 anos, o arquiteto João Filgueiras Lima - conhecido como Lelé - pertence a uma geração que atuou diretamente com Oscar Niemeyer. Especializando-se em estruturas pré-fabricadas, desde 2008 ele coordena o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat. O objetivo é estimular pesquisas que favorecem, sobretudo, a aplicação do pré-moldado em construções habitacionais.

João Filgueiras Lima, o Lelé: "Governo precisa estimular mais pesquisas voltadas à construção civil".

Nesse ponto, Filgueiras, do alto de seus mais de 50 anos de profissão, revela-se um crítico ao fato de o Brasil não aproveitar o bom momento da construção civil para investir em novas tecnologias e na industrialização. Para ele, o excesso de burocracia engessa o setor e impede processos criativos. É o que o experiente arquiteto revela na entrevista a seguir. Confira:

Como o senhor avalia o momento das construções pré-fabricadas no Brasil?
O Brasil ainda deve muito à industrialização na construção. O que ocorre é o seguinte: embora haja uma demanda grande em termos de obras habitacionais, escolas e prédios na área de saúde, o investimento é muito pequeno em processos industriais. Veja a questão da pré-fabricação. Ela precisa de investimentos em tecnologias mais leves, como a argamassa armada, para que ela possa alcançar distâncias maiores sem onerar muito o custo de transporte. É uma questão de logística. Eu propus para o programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, usinas móveis que estejam próximas da montagem para minimizar o fator transporte. Sem isso, vai ficar se construindo apenas galpões, obras viárias e viadutos em pré-fabricado, sem avançar para construções mais complexas. Mas para isso, se pressupõe investimento em industrialização.

Sob o ponto de vista de obras públicas, como hospitais e escolas, o pré-fabricado é a solução mais rápida e barata?
É. Na Rede Sarah (um complexo de hospitais de reabilitação com sedes em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Macapá, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís) tínhamos que industrializar prédios à longa distância e usamos a argamassa armada, não só como elementos estruturais como também elementos de vedação. Com isso, conseguimos uma diferença de custo incrível comparada com os custos convencionais. Mas é importante ressaltar que, no caso de obras mais complexas, como é o caso de hospitais, eles requerem uma industrialização flexibilizada. Não é, por exemplo, como na habitação, em que a gente pode reduzir a um número pequeno de elementos industriais. No caso dos hospitais a complexidade requer vários elementos pré-fabricados e vários tipos de tecnologia que têm que ser integradas.

Há um debate intenso no setor da construção civil, de que o país precisa incentivar a industrialização para superar gargalos como carência de mão de obra e custos das obras. Como o senhor vê isso?
Ainda usamos na construção civil uma mão de obra muito pouco qualificada. Quer dizer, não vejo nenhum investimento em tecnologia no próprio operário. Também está se perdendo a oportunidade de atrair empresas estrangeiras que possam transferir tecnologia. Ao invés disso, elas estão apenas querendo vender produtos. Por exemplo, atualmente fala-se muito em envelopar os prédios, ou seja, o edifício fica bonito por fora, com uma bela fachada, muito embora a construção por dentro seja péssima. Isso não é investimento em tecnologia ou industrialização. É apenas resolver um problema que não foi resolvido.

Questões tributárias e burocráticas impedem o avanço de mais projetos à base de pré-fabricados e que envolvam novas tecnologias?
A burocracia atrapalha mais que a carga tributária. A burocracia cria controles e estabelece normas que acabam engessando todos os processos criativos. Quer dizer, cria-se uma norma para fazer só aquilo e isso impede que se desenvolvam novas técnicas, novas pesquisas. O que precisa é criar mecanismos que estimulem a pesquisa. Isso é algo que o governo tem que fazer. A própria FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) devia estar estimulando pesquisas na área da construção civil que pudessem baratear e melhorar o desempenho do Minha Casa, Minha Vida, por exemplo. Mas veja o que acontece. Com a alta demanda por moradias, e sem tecnologia que acelere a produção, o preço está cada vez mais majorado. Com isso, um apartamento de caráter social já está custando o valor de um imóvel para a classe média.

O senhor criou em Salvador o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat. Quais as metas do instituto?
As metas do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat são desenvolver tecnologias adequadas à nossa cultura. É preciso saber que o nosso país é continental, tem diferenças climáticas e topográficas e, por isso, necessita que sejam desenvolvidas tecnologias adequadas para cada caso. Por isso, um dos objetivos do instituto é integrar essas demandas ao ensino e à pesquisa, através de um centro de convivência entre estudantes de engenharia e arquitetura, e outras profissões ligadas à construção, para que eles possam realizar seus estudos e aplicar novas tecnologias.

Sua história é de defesa dos pré-fabricados no Brasil. Como o senhor se sente reconhecido como um dos expoentes no uso desse material?
Eu trabalhei muito com o poder público ao longo dos últimos 50 anos e isso permitiu que estudasse bastante a questão do pré-fabricado. Só que, atualmente, estou inteiramente frustrado, pois percebo que não surgiram novas tecnologias. Bem diferente do que fazem outros países, como a China, que hoje constrói muito misturando elementos pré-fabricados com o aço.

Entrevistado
João Filgueiras Lima, arquiteto e urbanista
Currículo

- Arquiteto e urbanista graduado pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de janeiro (1957)
- É reconhecido como um dos maiores arquitetos brasileiros, pela sua preocupação pioneira com os processos de industrialização, através da utilização de elementos construtivos pré-fabricados
- Seu reconhecimento internacional é exprimido nas conquistas do prêmio da Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo, em Madri, 1998 e no Grande Prêmio Latino-Americano de Arquitetura da 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em 2001
Contato: adrianarfilgueiras@hotmail.com

Crédito foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330