Norma populariza parede de concreto moldada “in loco"
Com a publicação da ABNT NBR 16055, expectativa é que em 2012 sejam executadas 200 mil unidades com esse modelo construtivo.
Com a publicação da ABNT NBR 16055, expectativa é que em 2012 sejam executadas 200 mil unidades com esse modelo construtivo
Por: Altair Santos
Em vigor desde maio de 2012, a NBR 16055:2012 (Parede de concreto moldada “in loco” para a construção de edificações – Requisitos e Procedimentos) surge para popularizar a tecnologia. Antes da norma, empresas que empregavam esse método construtivo precisavam se submeter às diretrizes do Sistema Nacional de Aprovações Técnicas (Sinat) para obter o Documento de Avaliação Técnica (DATec). A partir de agora, isso tornou-se dispensável e o modelo de construção passa a ser igual a outros já convencionais. “Antes da norma, já existia uma força produtiva intensa. A partir da NBR 16055, a expectativa é que o mercado de construtoras absorva ainda mais a tecnologia e ela ganhe mercado”, analisa o engenheiro civil Arnoldo Wendler, que foi o coordenador da nova norma.
Livre das limitações burocráticas que cercam tecnologias inovadoras, o sistema de paredes de concreto moldadas “in loco”, através de fôrmas removíveis, pode ser utilizado por qualquer construtora que tenha mão de obra qualificada. Segundo Arnoldo Wendler, que é consultor da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o treinamento básico é simples. “Pode ser feito, inclusive, com pessoas que não têm experiência anterior na construção civil. Para formar o que a gente chama de montador leva 15 dias. Neste sistema, não existe a figura de pedreiro ou servente. Todos são montadores de fôrmas e para uma turma nova entrar no ciclo de produção (desformar, formar e concretar) leva cerca de um mês”, garante.
Pela facilidade da execução do sistema, comparativamente à alvenaria convencional, a expectativa do setor é que o programa Minha Casa, Minha Vida se beneficie amplamente da tecnologia, sobretudo em sua etapa 2 – voltada para habitações de interesse social. “O sistema traz significativa agilidade a uma construção muito comum no Minha Casa, Minha Vida, que são prédios de quatro pavimentos. Se no concreto armado, a estrutura e o fechamento é feito em até seis meses, e se na alvenaria estrutural faz-se em dois meses, em paredes de concreto você demora dez dias. Com isso, custos diretos e indiretos da obra diminuem brutalmente”, diz o coordenador da norma NBR 16055, que levou um ano para ser elaborada e publicada e envolveu o trabalho de 50 especialistas.
Desde que a nova norma de fato impulsione o sistema de paredes de concreto moldadas “in loco”, através de fôrmas removíveis, Abece e ABCP estimam que a produção de unidades habitacionais construídas através da tecnologia pode quadruplicar em 2012. Hoje, produz-se no país 50 mil. A expectativa é que feche o ano em 200 mil. Além disso, a projeção é também multiplicar por três o número de empresas especializadas neste modelo construtivo. Neste caso, as atuais 20 passariam para 60 em todo o Brasil.
Resumo da NBR 16055
A norma se aplica às paredes concretadas com todos os elementos que farão parte da construção final, tais como detalhes de fachada (frisos, rebaixos), armaduras distribuídas e localizadas, instalações (elétricas e hidráulicas) quando embutidas, além de considerar as lajes incorporadas ao sistema por solidarização com as paredes, tornando o sistema monolítico (funcionamento de placa e membrana).
A normalização leva em consideração um edifício construído em paredes de concreto de até cinco pavimentos, com lajes de vão livre máximo de 4 m e sobrecarga máxima de 300 kgf/m², que não sejam pré-moldadas. Além disso, o piso máximo da construção deve ser de até 3 m e as dimensões em planta de no mínimo 8 m.
De acordo com o documento, as paredes de cada ciclo construtivo de uma edificação são moldadas em uma única etapa de concretagem, permitindo que, após a desforma, as paredes já contenham, em seu interior, vãos para portas e janelas, tubulações ou eletrodutos de pequeno porte, além de elementos de fixação para coberturas.
Entrevistado
Arnoldo Wendler, engenheiro civil, coordenador da NBR 16055 e consultor da Abece e da ABCP
Currículo
– Graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1977)
– Possui pós-graduação em engenharia de estruturas pela mesma universidade
É engenheiro titular da Wendler Projetos, desde 1980
Contato: franca@wendlerprojetos.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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