Caminho está aberto para empreiteiras estrangeiras
Professor da USP, Paulo Roberto Feldmann entende que reserva de mercado na construção civil contribui com atraso do Brasil em sua infraestrutura
Por: Altair Santos
Com as maiores empreiteiras do país envolvidas no escândalo da Operação Lava-Jato, uma questão que entrou no debate do setor da construção civil é se a abertura de mercado para empresas estrangeiras não seria salutar ao Brasil. Um dos principais defensores desta tese é o professor do departamento de administração da FEA USP, Paulo Roberto Feldmann. Para ele, três motivos já seriam suficientes para que construtoras internacionais passassem a disputar licitações de obras públicas no país: a chance de tirar do atraso a infraestrutura nacional, contratos mais baratos e a entrada de novas tecnologias, equipamentos e sistemas construtivos. “Haveria competição. Hoje há muita acomodação no setor. O dia que houver competição elas vão ter que se desenvolver tecnologicamente para enfrentar as estrangeiras”, avalia.

Paulo Roberto Feldmann explica que, ao contrário do que se pensa, a lei 8.666 (Lei das Licitações) não impede nem dificulta a entrada de construtoras estrangeiras. O problema, segundo ele, é uma espécie de cartel do setor. “As empreiteiras brasileiras exigem de quem promove a licitação que coloque cláusulas no edital que dificultam a participação das estrangeiras. Por exemplo, inclui-se a seguinte cláusula: só pode participar da presente licitação quem apresentar pelo menos 20 obras realizadas no Brasil. Acabou. Ao colocar uma cláusula destas, mata as estrangeiras. Então, o problema não é a lei, mas o fato de que as empreiteiras brasileiras fazem, ou pelo menos faziam, o edital de licitação junto com o governo federal, com os governos estaduais e com as estatais, impondo cláusulas de barreira às estrangeiras”, analisa.
Gigantes de R$ 30 bilhões
O professor Paulo Roberto Feldmann entende também que a abertura do mercado brasileiro da construção civil para multinacionais do setor passa pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato e pelas mudanças nas regras de financiamento para campanhas políticas. “Será difícil mudar, enquanto as empreiteiras estiverem contribuindo com campanhas eleitorais de deputados, senadores, governadores e presidente. Se a Operação Lava-Jato impor punições severas, e isso influenciar na reforma política, aí sim haverá mudanças”, cita, lembrando que o sistema atual prejudica o país. “Concorrência resulta não apenas em preços mais baixos para o governo, mas também em melhor qualidade nos serviços prestados e na busca, pelas empresas concorrentes, das melhores e mais avançadas tecnologias à disposição no mundo”, completa. O mesmo trecho, Feldmann enunciou no artigo “Chega de choradeira: não devemos temer punir as empreiteiras”, escrito para a revista Época.
As grandes empreiteiras brasileiras atuam nos Estados Unidos, em outros países sul-americanos, assim como na África, na Europa, no Oriente Médio e em várias nações asiáticas. Em 2014 - segundo ranking da revista O Empreiteiro -, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS tiveram receita bruta de R$ 30,07 bilhões. Equivale a quase 50% de tudo o que as 25 maiores empresas do setor arrecadaram no ano passado (R$ 60,5 bilhões). Por essas cifras dá para se ter ideia de quão fortes se tornaram essas empresas. Por isso, analistas avaliam que a Lava-Jato poderá pulverizar esses lucros, fazendo com que, não apenas as construtoras estrangeiras, mas também as empreiteiras médias do Brasil, passem a ser protagonistas nas grandes obras nacionais.
Entrevistado
Engenheiro civil, mestre e doutor em administração, Paulo Roberto Feldmann. Autor de três livros, atualmente é professor do departamento de administração da FEA USP.
Contato: feldmann@usp.br
Crédito foto: Divulgação/USP
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Uso de concreto em mobilidade garante prêmio para BH
Capital mineira destaca-se por investir em pavimento rígido, tanto para corredores de ônibus quanto para ciclovias, e também em calçamento em paver
Por: Altair Santos
Com 23 quilômetros de corredores exclusivos para BRT (Bus Rapid Transit) e outros 27 de ciclovias, além do fechamento de ruas para priorizar o pedestre, Belo Horizonte ganhou o prêmio Sustainable Transport Award. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro também foram escolhidas, porém BH destacou-se pelo investimento em pavimento de concreto, tanto para vias exclusivas para ônibus quanto em ciclovias, e também pelo calçamento em paver. O organizador do prêmio – o ITDP (sigla em inglês para Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) – avalia o pavimento rígido como mais sustentável que o asfalto e concede pontuações extras para cidades que o adotam.

Dentro do padrão de qualidade definido pelo comitê técnico do ITDP para corredores exclusivos de BRT, a qualidade do pavimento pode representar até dois pontos a mais na avaliação do sistema. Quanto maior a vida útil, maiores as chances de obter uma graduação maior no ranking, que estabelece selos ouro, prata, bronze e básico. “O ITDP recomenda que o pavimento suporte uma vida útil de 30 anos”, diz Clarisse Linke, diretora do ITDP no Brasil. “Nosso padrão de qualidade para corredores exclusivos de ônibus foi criado em 2012 e aprimorado em 2014. Ele se baseia nas melhores práticas internacionais e é usado em todas as avaliações que fazemos”, completa.
Em sua 10ª edição, o Sustainable Transport Award pela primeira vez premiou três cidades. Belo Horizonte, no entanto, destacou-se por ter desenvolvido um plano de mobilidade urbana que se tornou referência no país. Criado entre 2003 e 2010, ele antecipou-se às principais diretrizes da lei n°12.587/2012, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana e define os modos de transporte coletivo e ativos (como andar a pé e de bicicleta) que devem ser priorizados no planejamento de uma cidade. “Belo Horizonte mostrou ser viável um plano municipal de mobilidade focado no transporte urbano sustentável”, ressalta Clarisse Linke.
BRT de Belo Horizonte: ônibus circulam sobre pavimento de concreto, o que rendeu pontos extras na premiação

BRT: mais barato, mais eficiente
Já São Paulo foi premiada por expandir a infraestrutura cicloviária (meta de 400 quilômetros até o final de 2015) e implementar 320 quilômetros de vias exclusivas para ônibus – alguns trechos sobre pavimento de concreto. Por outro lado, o Rio de Janeiro tem investido em transporte de alta capacidade e está fazendo progressos permanentes com a implementação do BRT Transcarioca (corredor com 39 quilômetros e que atende 270.000 passageiros/dia). “Tornar o transporte mais eficiente caminha de mãos dadas com a melhoria da qualidade de vida e a redução da desigualdade. As cidades que enfrentarem seus desafios em mobilidade urbana vão dar um salto de desenvolvimento à frente das outras”, avalia a diretora do ITDP.
Nas avaliações do ITDP, sistemas de BRT projetados para receber entre 25 mil a 35 mil pphps (passageiros por hora e por sentido no pico) revelam-se mais eficientes, e a um custo menor, do que VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e metrô. “Não há, no mundo, sistemas de VLT que ultrapassem a demanda de 20 mil passageiros transportados por hora”, cita Clarisse Linke, completando que o metrô, pelo seu alto custo, precisa ser projetado para uma capacidade instalada de 80 mil pphps. No entanto, na maioria dos sistemas em funcionamento no país, a média é de 45 mil passageiros por hora, ou seja, em boa parte do dia opera com ociosidade. “A falta de informação resulta, frequentemente, em preferência pelos sistemas de transporte sobre trilhos. Mas o BRT é a alternativa com melhor custo-benefício. Equivale a 10% dos custos para a implantação de metrôs e a 60% do custo para implantar VLT”, finaliza Clarisse Linke.
Cidades que já ganharam o Sustainable Transport Award
Bogotá - Colômbia (2005)
Seul - Coreia do Sul (2006)
Guayaquil - Equador (2007)
Paris - França (2008)
Londres - Reino Unido (2008)
Nova York - Estados Unidos (2009)
Ahmedabad - Índia (2010)
Guangzhou - China (2011)
Medelín - Colômbia (2012)
São Francisco - Estados Unidos (2012)
Cidade do México - México (2013)
Buenos Aires - Argentina (2014)
Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro – Brasil (2015)
Entrevistada
Clarisse Linke, mestre em políticas sociais, e diretora do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) no Brasil
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Crédito foto: Divulgação/ITDP
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Infraestrutura ruim faz Brasil ser menos competitivo
Ranking anual, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, mostra que país perde posições em importantes quesitos que movimentam economia
Por: Altair Santos
O ranking “Competitividade Brasil: comparação com países selecionados”, publicado anualmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), faz uma abordagem posicionando o país em relação a outras 14 nações com economia forte ou moderada, porém relevantes para o mundo (Canadá, Coreia do Sul, Austrália, China, Espanha, Chile, África do Sul, Rússia, Polônia, Índia, Turquia, México, Colômbia e Argentina). O documento foi publicado pela primeira vez em 2010 e, novamente, em 2012 e 2013. Esta é a quarta edição do relatório, com dados de 2014. Nela, fica explícito que a falta de investimento em infraestrutura foi decisiva para puxar o Brasil para a antepenúltima colocação na lista, à frente apenas da Argentina.

Desta vez, a lista excluiu potências como Estados Unidos, Alemanha e Japão, a fim de obter uma comparação mais realista para o Brasil. Mesmo assim, em relação ao ranking com dados de 2013, o país caiu duas posições no quadro geral. O levantamento divide o tema competitividade em sete subgrupos: disponibilidade e custo da mão de obra, disponibilidade e custo do capital, infraestrutura e logística, peso dos impostos, ambiente macroeconômico, ambiente microeconômico, educação e tecnologia e inovação. “Todos esses fatores englobam a agenda da competitividade, mas o momento atual do país aponta que o governo precisaria trabalhar em três frentes: a redução da burocracia, a melhoria da infraestrutura e a questão tributária”, resume Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa e competitividade da CNI.
No quesito infraestrutura e logística, o país perdeu uma posição em relação ao ranking anterior. Agora é o penúltimo. A queda é resultado, especialmente, da piora do subfator eficiência nos processos de liberação alfandegária, capacidade logística, pontualidade no cumprimento de prazos e rastreabilidade. “Tudo passa pela questão das infraestruturas rodoviária, ferroviária, portuária e aeroportuária. O Brasil pode atacar isso com eficiência, se convocar os agentes privados para atuar nesta reestruturação”, analisa Fonseca, lembrando que isso reflete no custo do capital para gerar negócios, onde o país também caiu no ranking. Agora, ocupa a última colocação neste subgrupo.
Mão de obra barata
Em todos os quesitos avaliados na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, o único em que o Brasil avançou posições foi o que aponta a disponibilidade e o custo da mão de obra. O país surge na 4ª colocação, atrás de México, Chile e Colômbia. “Embora tenha boa oferta de mão de obra, o potencial competitivo do Brasil nesse fator fica comprometido pela baixa produtividade do trabalhador, que só é melhor do que a da Índia e a da China”, ressalta o estudo, que aponta o país na 9ª posição. A colocação inferior se deve a dois fatores: queda no número de estudantes matriculados no ensino médio e qualidade da educação, ainda que o levantamento tenha apontado aumento de recursos para esse setor estratégico para a nação. "O contraste entre essas dimensões é observado desde o relatório de 2010 e põe em questão a eficiência e a eficácia do gasto público no país", diz o relatório.
Obviamente, isso reflete em outro ponto estratégico para o país, que é tecnologia e inovação. No ranking, o Brasil é o 8º da lista neste quesito. Posição melhor que as ocupadas quando são analisados o ambiente macroeconômico (o país caiu do 10º lugar para o 12º) e o ambiente microeconômico (subiu de 13ª para a 11ª posição). “Tivemos um aquecimento da concorrência no mercado doméstico, mas insuficiente para que o país ganhe competitividade entre seus concorrentes lá fora”, finaliza Renato da Fonseca.
Confira aqui o relatório completo da pesquisa da CNI
Entrevistado
Economista Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa e competitividade da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
Contatos
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Crédito foto: José Paulo Lacerda/CNI
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
ABNT NBR 12655: o que muda no preparo do concreto
Principal norma técnica relacionada ao material passou por recente processo de revisão e seu novo texto entra em vigor dia 15 de fevereiro de 2015
Por: Altair Santos
A ABNT NBR 12655 - Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento – é considerada a principal norma técnica sobre o material. Após processo de revisão, ela estará em vigor a partir de 15 de fevereiro de 2015. Publicada originalmente em 1996, a NBR 12655 já passou por um processo revisional em 2006. O secretário da comissão que participou recentemente da revisão desta norma técnica, o engenheiro civil Carlos Britez, fala qual o impacto das mudanças no mercado das concreteiras. Confira:

Revisada, ABNT NBR 12655 entra em vigor dia 15 de fevereiro. Quais as principais mudanças na norma?
Ela continua com o mesmo contexto de sua revisão anterior, de 2006, mas foram feitas algumas melhorias. A principal ocorreu na parte da amostragem do concreto. Ela também fez todas as compatibilizações necessárias com as outras normas relacionadas ao concreto e teve uma mudança quanto à aceitação de um concreto não-conforme (aceitação do concreto). Neste caso, a orientação é consultar a ABNT 7680 (ABNT NBR 7680 - Extração de Testemunhos Estruturais de Concreto) para saber o que fazer: se uma verificação de projeto, uma extração de testemunho ou até um reforço estrutural. Também no anexo A da ABNT NBR 12655 foram inseridas considerações referentes a concreto em contato com solo agressivo.
Havia a possibilidade de a revisão da ABNT NBR 12655 entrar no âmbito das adições pozolânicas. Como ficou essa questão na revisão da norma?
Houve até um debate inicial sobre adições, mas como existe uma norma específica sobre o assunto se resolveu tratá-lo dentro dela (ABNT NBR 12653 – Materiais Pozolânicos – Requisitos) para não haver conflito.
Desde o texto original, quais as principais mudanças agregadas à norma?
As principais alterações se referem às questões de amostragem, à inclusão do anexo referente ao concreto em solo agressivo, melhorias das tabelas que tratam de cloretos e sulfatos, e, no final, a indicação explícita para que se consulte a ABNT NBR 7680, a fim de orientar de que forma o usuário da norma deve proceder a partir de um concreto não-conforme (aceitação do concreto). Observa-se que quando a norma 12655 for lançada em 15 de fevereiro, automaticamente será suprimida a 12654.
A norma mexe com todos os tipos de concreto – do convencional ao autoadensável – ou atinge alguns especificamente?
Logo em seu escopo, ela é bem clara: se aplica a concretos normais, pesados e leves. Não se aplica a concretos massa, concretos aerados, concretos espumosos e com estrutura aberta. No caso do concreto autoadensável, existe uma norma específica para ele, que é a ABNT NBR 15823.
O senhor secretariou a comissão de estudos que revisou a norma 12655. Quantos profissionais se envolveram nesta revisão?
Foram 53 profissionais e 36 entidades.
Os debates foram amplos e se chegou a um texto consensual ou o senhor acredita que a norma deve passar por futuras revisões?
Ocorreram seis reuniões antes de ela ser colocada em consulta pública. Depois teve uma reunião de análise de votos. Então, pelo padrão ABNT, ela está bem consolidada. Entende-se, portanto, que a norma anterior teve uma boa aceitação no mercado. Então, o que ocorreu foram melhorias para agregar mais valor à norma. Agora, a ABNT propõe que a cada cinco anos ocorram revisões das normas técnicas. Então, em 2020 provavelmente vamos reavaliá-la.
Por que a NBR 12655, junto com a NBR 6118 e a NBR 14931, é considerada uma das normas-mães do concreto?
No Brasil, são concebidas muitas estruturas de concreto. Então, é pré-requisito para um engenheiro civil ter conhecimento sobre projeto, execução, materiais e manutenção de uma estrutura. E estas normas, de certa forma, estão correlacionadas. A 6118 (Projeto de estruturas de concreto – Procedimento) trata de projetos e está vinculada com a 12655, que também está relacionada com a 14931 (Execução de Estruturas de Concreto – Procedimentos). Elas são complementares e não há como aplicá-las isoladamente no contexto de uma obra.
A ABNT NBR 6118 passou recentemente por um processo de revisão, e tende a passar novamente. Isso afeta a NBR 12655 futuramente?
Não vai afetar porque acompanhamos ativamente a revisão da 6118. Teve um momento em que a revisão da 12655 coincidiu com a revisão da 6118. Mas tivemos acesso às informações e à leitura das atas para saber o que estava acontecendo e ver aquilo que poderia impactar. Tudo foi previamente analisado.
Com essas revisões, o Brasil, em termos de normalização, tem condições de fabricar alguns dos melhores concreto do mundo?
Certamente, como já fazemos.
Para o mercado que produz concreto, o que muda na prática com a nova NBR 12655?
O uso da norma vai possibilitar detectar as não-conformidades, se houver. Na prática, quem cumpre a norma está automaticamente buscando qualidade, segurança e vida útil para seu projeto.
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Britez, com doutorado pela EPUSP e professor-assistente do PECE-USP na disciplina Patologia, recuperação e reparo de estruturas de concreto. Também é diretor da PhD Engenharia Ltda. e secretário da revisão da ABNT NBR 12655.
Contato: carlos.britez@concretophd.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Sri Lanka constrói maior edifício-jardim do mundo
Torre com 46 andares e 164 apartamentos se destaca pelos imensos terraços com plantas e por atender conceitos internacionais de sustentabilidade
Por: Altair Santos
Situado em uma ilha ao sul da Índia, o Sri Lanka, até então, era conhecido como um país ideal para quem procura turismo exótico. Desde 2014, porém, passou a chamar a atenção da construção civil e da arquitetura. Nos arredores da capital Colombo está nascendo o maior edifício-jardim do mundo. A torre com 46 andares e 164 apartamentos se destaca pelos imensos terraços com plantas. Uma equipe de paisagistas escolherá criteriosamente a ornamentação, para que ela cumpra a função de refrigerar o ambiente, já que o Sri Lanka tem temperatura média anual de 27 °C. Além disso, o prédio atenderá conceitos internacionais de sustentabilidade para credenciar-se com um exemplo global de prédio-verde.

A um custo equivalente a R$ 165 milhões, o Clear Point Residence - nome do edifício - foi projetado pelo escritório Milroy Perera Associates e sua construção está a cargo da Mäga Engineering. Para conseguir a certificação LEED Platinum – o mais alto nível dos selos de sustentabilidade -, a edificação ganhou uma central de concreto em seu canteiro de obras para processar os quase 60 mil m³ de material que serão consumidos por suas estruturas. O cimento e o concreto usados para erguer o prédio precisam comprovar a baixa emissão de dióxido de carbono. Além disso, sistemas de reúso de água e de baixo consumo de energia elétrica fazem parte do projeto da torre verde.
A água utilizada nos chuveiros, nas pias e nas lavanderias será levada a uma estação de tratamento instalada no prédio e, em seguida, misturada à água da chuva. O volume coletado e armazenado servirá para as descargas dos banheiros e ao sistema de irrigação dos jardins. A variedade de plantas e árvores a serem plantadas nos terraços também irá agregar ao perfil do empreendimento. Paisagistas foram contratados para pensar em variedades com folhas que atuem como filtros e ainda funcionem como um ar-condicionado natural dos apartamentos. Os moradores também terão o direito de definir as plantas que querem em seus imóveis.

Pelo projeto do prédio, que deverá ter sua construção finalizada no início de 2016, 45% da água utilizada nele será de reúso ou captada da chuva. "Em última instância, o objetivo é criar um espaço onde você pode não só conviver diretamente com o meio ambiente, mas contribuir ativamente com o uso sustentável de seus recursos", diz o arquiteto Milroy Perera, lembrando que ventilação e insolação também foram fatores estudados pelos projetistas. A angulação do prédio permitirá aproveitar o máximo de iluminação natural e das correntes de vento da cidade de Colombo. “O foco principal de cada apartamento será o de proporcionar uma atmosfera e um sentimento, a cada morador, de que ele estivesse residindo em uma casa com quintal", completa Milroy Perera.
Entrevistado
Arquiteto Milroy Perera e Mäga Engineering (via assessoria de imprensa)
Contato: info@clearpointresidencies.com
Crédito fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Primeiro VLT do Brasil entra em operação. Virão mais?
Veículo Leve sobre Trilhos da Baixada Santista começa a funcionar em março de 2015, enquanto Cuiabá, Fortaleza e Natal adiam projetos
Por: Altair Santos
As obras de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 previam que três VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) estariam em funcionamento durante o evento: um em Cuiabá-MT, um em Fortaleza-CE e outro em Natal-RN. O primeiro atrasou, e só vai entrar em operação parcial em 2016. Já o da capital potiguar está com seu projeto em processo de revisão e pode se transformar em um BRT (Bus Rapid Transit). Na metrópole cearense, o plano foi abandonado. Com isso, o primeiro VLT do Brasil a operar será o que liga a cidade de Santos a São Vicente, no litoral paulista.

A obra já começou a funcionar em período de teste e será integrada ao sistema de transporte coletivo das duas cidades a partir de março de 2015. O veículo tem os trilhos assentados sobre radiers de concreto. Na primeira etapa, o VLT da Baixada Santista vai percorrer 11,6 km. Quando totalmente concluído, fará um percurso de quase 55 km. Segundo o engenheiro civil Carlos Romão Martins, gerente de implantação de sistemas da EMTU/SP e responsável por gerenciar o empreendimento, uma das vantagens do VLT é que ele se utiliza do leito de uma estrada de ferro já existente - a Sorocabana -, o que praticamente igualou seu custo ao da implantação de um BRT.
O investimento total para viabilizar o novo modal da Baixada Santista é de R$ 1 bilhão, incluindo obras civis, sistemas de sinalização, comunicação e a compra de 22 veículos com tecnologia espanhola. “O VLT utiliza o antigo leito da estrada de ferro Sorocabana, que atravessa os municípios de Santos, São Vicente e Praia Grande. As principais vantagens são traçado retilíneo em quase toda a extensão, o que proporciona menor custo de manutenção e facilita a operação dos veículos, além de redução de custo com desapropriações”, explica Carlos Romão Martins.

Concreto especial
O VLT utiliza a tecnologia de fixação dos trilhos diretamente na superestrutura de concreto, dispensando dormentes. O método construtivo usado foi o top-down, onde o concreto é bombeado de baixo para cima, a fim de penetrar nos nichos das placas de apoio de fixação dos trilhos. O material, além de boa plasticidade, precisa que sua resistência final atinja 35 MPa. “É um método mais econômico e se aplica bem às vias segregadas, o que é o caso do VLT da Baixada Santista”, diz o engenheiro responsável. No trecho que entrará em operação, a obra consumiu 20 mil m³ de concreto.
A opção por um concreto com menor densidade se deu também por causa do tipo do solo na região, que exigiu soluções mais complexas para a construção da via. Além disso, a ampliação do túnel José Menino, em Santos, precisou que fosse usada a tecnologia de desmonte de rocha a frio com uso de plasma, substituindo a necessidade de detonações. Outro desafio se impôs na ampliação do viaduto Antônio Emmerich, em São Vicente, já que a antiga estrutura teve que ser demolida e o vão foi ampliado para a passagem de uma avenida de mão dupla e a instalação de uma ciclovia.
Em seu trecho inicial, o VLT da Baixada Santista irá percorrer 15 estações, entre São Vicente e Santos. A operação comercial começa em março de 2015 e será implantada de maneira gradativa, até que o viaduto sobre a rodovia dos Imigrantes seja concluído no primeiro semestre de 2016. A previsão inicial de demanda é de 30 mil usuários/dia e cada veículo terá capacidade de transportar 400 passageiros por viagem.
Veja vídeo sobre o avanço das obras do VLT da Baixada Santista

Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Romão Martins, gerente de implantação de sistemas da EMTU/SP e responsável por gerenciar o VLT da Baixada Santista
Contato: imprensa@emtu.sp.gov.br
Crédito fotos: Divulgação/EMTU/Jair Pires
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
World of Concrete: 40 anos de referência à engenharia
Principal evento global do setor reúne 1.400 expositores em Las Vegas, nos Estados Unidos, e mostra novidades relacionadas ao mundo do concreto
Por: Altair Santos
O primeiro World of Concrete ocorreu na cidade de Houston, no Texas-EUA, em 1975. No ano seguinte, mudou para Las Vegas, no estado de Nevada-EUA, onde, até hoje, reúne dezenas de milhares de profissionais. Na edição de 2015, quando o evento completa 40 anos, 674 mil pessoas visitaram os estandes dos 1.400 expositores. Paralelamente à maior feira global sobre concreto e equipamentos para construção civil, ocorre o congresso que apresentou inovações e novos procedimentos envolvendo o material e seus derivados.

O Instituto Americano do Concreto (ACI, na sigla em inglês) aproveita o World of Concrete para lançar a University ACI. Trata-se de um projeto de ensino à distância para difundir globalmente temas relacionados ao material, à construção civil, à arquitetura e ao design. O instituto também se vale do evento para apresentar novas normas técnicas sobre construções em alvenaria com blocos de concreto, que passam a vigorar nos Estados Unidos.
Para o presidente do ACI, William E. Rushing, a universidade garantirá que as futuras gerações tenham acesso aos avanços contínuos das tecnologias do concreto, que o instituto pesquisa, acredita e ajuda a dar publicidade desde 1904. “Fazer a diferença na indústria de concreto é uma tarefa difícil. Para isso, requer pesquisas sobre novos métodos, técnicas e materiais. Mas isso também significa mudar a forma como pensamos sobre esse material”, discursou em entrevista coletiva dada na abertura do World of Concrete, que acontece de 2 a 6 de fevereiro.
John Nehasil, diretor de certificação do ACI, também exaltou a ideia do instituto de propagar conhecimento. “Isso permite à ACI levar suas pesquisas ao mercado com mais eficiência”, completou, destacando também as novas certificações sobre construções em alvenaria com blocos de concreto. “O objetivo é tornar rotineiras as inspeções e os testes em laboratórios, não só das estruturas de alvenaria, mas também de argamassas, rejuntes e outros materiais correlatos”, disse.
Além de apresentar pesquisas e debater o concreto em seus seminários, o World of Concrete é mundialmente conhecido pelos equipamentos inovadores que costuma apresentar. Na edição de 2015, chamam a atenção os robôs que promovem o alisamento do concreto e aceleram a cura emitindo raio laser. Também não faltam as tradicionais competições para erguer muros com blocos de alvenaria e as manobras radicais com máquinas para a construção pesada. As apresentações sempre mobilizam torcidas e transformam o evento em um show mundial do concreto.




Entrevistados
Presidente do Instituto Americano do Concreto, William E. Rushing, e John Nehasil, diretor de certificação do ACI (via conferência de imprensa realizada no World of Concrete e transmitida pela web)
Contatos
Registration@WorldofConcrete.com
www.worldofconcrete.com
Crédito foto: Divulgação/WOC
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Hidrodemolição recupera estruturas com patologias
Robôs retiram concreto danificado sem comprometer a armação e agilizam reformas em obras como pontes, viadutos, túneis e barragens
Por: Altair Santos
Nos Estados Unidos, a recuperação de estruturas de concreto afetadas por patologias ou atingidas por incêndios tem se beneficiado cada vez mais da hidrodemolição. A tecnologia começou a ser testada em 2008, usando robôs. As máquinas evoluíram e a demanda por elas também. Usando jato d’água sob alta pressão, os equipamentos removem camadas danificadas sem prejudicar as armaduras. Outra aplicação está na remoção de tintas e na preparação da superfície para receber novas demãos.

A tecnologia aplica microjatos nas cavidades naturais do concreto, provocando o rompimento de estruturas fragilizadas. Um case emblemático ocorreu na cidade de Santa Clarita, no estado da Califórnia-EUA. Um túnel da rodovia Interstate 5 foi atingido por um incêndio, após a explosão de um caminhão, e algumas camadas de concreto foram submetidas a temperaturas que chegaram a 1.400 ºC. Com o robô, a recuperação foi concluída duas semanas antes do previsto. As camadas afetadas foram totalmente removidas, deixando a área livre para que fosse concretada novamente.
A evolução dos robôs, que são controlados via rádio, sem expor os operadores a risco, permite que concretos com até 400 MPa de resistência sejam removidos. Por isso, as aplicações dos equipamentos são cada vez mais diversificadas. Eles estão presentes em rodovias de concreto que precisam ser recuperadas e também em tabuleiros de pontes. Fora dos Estados Unidos, a hidrodemolição já foi usada em reparos no Canal do Panamá e no tratamento de patologias detectadas na hidrelétrica Guri, na Venezuela.

Brasil desconhece tecnologia
Na Europa, reparos em túneis, pontes e barragens têm requerido cada vez mais a hidrodemolição. No Brasil, a tecnologia ainda utiliza equipamentos operados manualmente e com capacidade de reparar poucas áreas. São máquinas que conseguem cobrir até 5 m² por hora, enquanto os robôs cobrem uma área 10 vezes maior no mesmo tempo. Se comparado com britadeiras, que dificilmente deixam de afetar as armações, a área coberta pelos robôs chega a até 50 vezes maior por hora de trabalho.
As empresas especializadas em fabricar esses robôs preparam novos passos para tornar a hidrodemolição ainda mais sintonizada com processos sustentáveis. Um deles é permitir que as máquinas utilizem água de reúso. A outra é que o equipamento colete os resíduos de concreto, a fim de que eles possam ser usados como agregados na fabricação de artefatos, como blocos de concreto e pavers.
Atualmente, o maior fabricante de robôs projetados para a hidrodemolição é a sueca Conjet. A empresa levou para a World of Concrete, que acontece de 2 a 6 de fevereiro de 2015 em Las Vegas-EUA, uma nova versão de suas máquinas. São equipamentos com scanners, que, antes de entrar em operação, fazem uma leitura do concreto danificado e mapeiam a área que deve receber os jatos d’água. “É um avanço que irá trazer ganho de tempo na recuperação de estruturas e permitirá que as máquinas forneçam um diagnóstico completo sobre as patologias a serem extraídas”, explica Mats Johansson, diretor de engenharia da Conjet.
Entrevistado
Mats Johansson, diretor de engenharia da Conjet (via assessoria de imprensa do World of Concrete)
Contato: conjet@conjet.com
Crédito fotos: Divulgação/Conjet
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
One World Trade Center conduz à nova era do concreto
Para ser bombeado a 185 metros de altura, e cumprir metas ambientais, material exigiu composição inovadora para grandes estruturas
Por: Altair Santos
Inaugurado sem alardes em 3 de novembro de 2014, o One World Trade Center é um colosso de 541,3 m de altura que agrega o que há de mais moderno e seguro em tecnologia de concreto. Construído no mesmo local das Torres Gêmeas - tragicamente destruídas em 11 de setembro de 2001 -, o novo símbolo dos Estados Unidos foi erguido em Nova York para ser inabalável. Em alguns pontos, as fundações chegam a 185 m de profundidade e se espalham em uma área de 2 milhões de m². Elas sustentam um enorme radier, cuja superestrutura consumiu 150 mil m³ de concreto.

O imenso platô de alto desempenho sustenta 105 pavimentos erguidos com estrutura mista - colunas de aço encapsuladas por um concreto altamente resistente, que alcançou 124 MPa após 56 dias de cura. Essa etapa da obra consumiu mais 61 mil m³ de concreto e envolveu um desafio inédito para edifícios construídos em território americano: bombear o material a uma altura de 185 m, de uma só vez. Além de equipamentos de alta precisão e elevada potência, a demanda também exigiu composições especiais de concreto por parte dos fornecedores: Eastern Concrete Materials, Collavino Construction Co. e Concrete Alliance Inc..
As especificações para conseguir bombear o material exigiram que o concreto tivesse no máximo 400 kg de cimento por metro cúbico, combinado com altos níveis de materiais suplementares, como cinzas volantes, escórias e sílica ativa. O controle de temperatura de hidratação do cimento e a trabalhabilidade do concreto também careceram de preparos especiais. Era imprescindível que o concreto mantivesse sua fluidez em um intervalo de duas horas. Por isso, foi usado gelo no transporte do material pelas betoneiras e boa parte da concretagem do One WTC ocorreu à noite.
Prédio verde
Como o One WTC buscou a certificação LEED Platinum - a mais exigente da construção sustentável -, o concreto precisou cumprir requisitos ambientais rígidos. Entre eles, menor produção de dióxido de carbono. Assim, o material usado na estrutura do edifício exigiu a aplicação de 40% menos cimento para economizar cerca de 33.000 t de dióxido. Da mesma forma, precisou cumprir as normativas norte-americanas no que se refere à resistência ao fogo e aos desempenhos térmico e acústico. “O One World Trade Center lança o concreto em uma nova era”, diz Robert A. Ledwith, presidente da Concrete Alliance Inc..
As obras do One WTC começaram em 2006. O projeto arquitetônico e o projeto estrutural são de responsabilidade das companhias Skidmore, Owings & Merrill e WSP Cantor Seinuk, respectivamente. “As lições do passado nos fizeram caminhar ao encontro de um superconcreto que pudesse oferecer o máximo de segurança a essa construção”, afirma o projetista Ahmad Rahimian, da WSP Cantor Seinuk. Ao contrário das Torres Gêmeas, que predominantemente eram sustentadas por estruturas metálicas, e por isso não resistiram às altas temperaturas do incêndio causado pelo impacto dos aviões contra os edifícios, o One WTC consumiu apenas 27 mil toneladas de aço.


Entrevistados
Eastern Concrete Materials, Collavino Construction Co. e Concrete Alliance Inc., Skidmore, Owings & Merrill e WSP Cantor Seinuk (através dos sites das empresas)
Contatos
parts@allianceconcretepumps.com
dbrown@us-concrete.com
BusinessDevelopment@collavinogroup.com
somnewyork@som.com
isabelle.adjahi@wspgroup.com
Crédito fotos: Divulgação/Collavino Construction Co./James Ewing/ Skidmore, Owings & Merrill/
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mercado vai exigir engenheiros-empreendedores em 2015
Ainda que setor experimente desaquecimento, consultoria entende que empresas absorverão profissionais com especialidades e domínio de tecnologias
Por: Altair Santos
Todo ano que começa leva a uma pergunta inevitável: quais profissões estarão em alta? Para respondê-la, a Innovia Training & Consulting organizou ranking de profissões e especialidades que devem obter bons resultados em 2015. O levantamento aponta que o segmento da engenharia civil, que entre 2008 e 2014 despontou com uma das qualificações com mercado ascendente, tende a desaquecer. Por dois motivos: o momento econômico do Brasil e a operação Lava Jato, que paralisou as principais empreiteiras do país. “Sem dúvida, causou reflexo negativo no setor. Não na credibilidade da profissão, mas no mercado”, avalia Ricardo M. Barbosa, diretor-executivo da consultoria, antevendo que o engenheiro civil que quiser se destacar deverá realçar seu perfil empreendedor.

Contudo, o consultor faz um alerta: “Ao mesmo tempo em que o empreendedorismo é o caminho mais rápido para o sucesso, também pode ocasionar facilmente a falência. Por isso, para quem deseja atuar como empreendedor é necessário preparo”. Dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, realizada anualmente em parceria entre Sebrae e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), revela que a cada ano são criados mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos formais no Brasil. Desse montante, 99% são micro e pequenas empresas, que sozinhas são responsáveis por mais de 60% dos postos de trabalho com carteira assinada. Apesar da relevância econômica e social, os primeiros anos de vida dessas empresas são os mais críticos. Muitas delas não completam cinco anos de existência.
Visionário e líder
De acordo com a Innovia Training & Consulting, os cinco pontos que definem um empreendedor são: 1) Iniciar um novo negócio ou projeto; 2) Observar o cotidiano das pessoas e notar necessidades ainda não exploradas; 3) Sair na frente de outros e realizar algo interessante; 4) Transformar sonhos em realidade; 5) Assumir riscos e fazer acontecer. No entanto, Ricardo M. Barbosa ressalta que um colaborador de uma empresa pode ter também uma atitude empreendedora. “O empreendedor é visionário e líder. Ele está à frente das ações a serem tomadas em uma empresa. Assim, com certeza, terá uma visibilidade maior que os demais colaboradores. Se souber utilizar isso de forma positiva, terá sucesso profissional”, diz, referindo-se a engenheiros que buscam o empreendedorismo.
A consultoria avalia que os conselhos valem para quem busca criar startups. “A palavra da moda agora é startup. Mas isso não faz com que essas empresas tenham compromissos diferentes das demais. Assim, o mercado será promissor às startups desde que elas tenham boas ideias e tenha qualidade para aplicá-las”, ressalta Ricardo M. Barbosa, para quem a engenharia civil, apesar de cenário menos favorável de anos anteriores, não corre o risco de voltar a viver um vácuo de oportunidades como o experimentado nos anos 1980 e 1990, quando muitos profissionais da área migraram para o mercado financeiro. “O momento do Brasil requer engenheiros, pois o país precisa de obras de infraestrutura. Mas creio que o mercado exigirá profissionais com cada vez mais especialidades e com domínio de tecnologias”, completa.
Áreas cotadas para obter sucesso em 2015
Gerência Financeira: a necessidade das empresas reduzirem custos e aumentar a rentabilidade é praticamente obrigatória. Isso faz com que seja crescente a procura de profissionais com capacidade de gerenciamento financeiro, para um posicionamento estratégico.
Controladoria: em período de crise, dispor de dados e saber utilizá-los é fundamental. Assim, o papel do controller, que é quem garante a qualidade das informações e sua adequada utilização, torna-se estratégico nos negócios.
Advocacia empresarial: ramos específicos da advocacia, como trabalhista e tributário, devem se valorizar. Há a necessidade de uma melhor estratégia perante impostos e para se evitar problemas relacionados com funcionários, principalmente em caso de demissões.
Empreendedorismo: períodos de dificuldades são marcados pelo aumento de pessoas que prospectam novos negócios. Assim, áreas que auxiliam esses novos empreendedores, como coaching e consultorias, devem crescer.
Marketing digital: é uma área ainda pouco explorada, e que cada vez mais demonstra ter fundamental importância para as empresas. Seja em relação a sites ou otimização de redes sociais. Os consumidores utilizam mais que nunca a internet para adquirir produtos e serviços, e esses profissionais são essenciais.
Contabilidade e consultorias contábeis: a complexidade tributária e trabalhista do país, em conjunto com a falta de mão de obra qualificada, tem como reflexo o crescimento da procura por contadores e contabilistas. O país necessita de profissionais responsáveis por administrar impostos e taxas.
Recursos humanos: a escassez de profissionais qualificados em diversas áreas de atuação faz com que o profissional de recursos humanos que pense de forma estratégica se torne primordial. Ele busca alternativas no mercado de trabalho e opções de qualificações para os contratados.
Tecnologia da Informação: esse profissional já esteve mais em alta, chegando a ser supervalorizado, porém a necessidade das empresas em melhorar a produtividade torna a TI imprescindível.
Entrevistado
Ricardo M. Barbosa, diretor-executivo da Innovia Training & Consulting, graduado em engenharia de produção, com várias especializações, e professor de programas de pós-graduação.
Contato: contato@innovia.com.br
Crédito fotos: Divulgação









