Falta d’água estimula uso de agentes de cura do concreto
Produto retarda evaporação, aumenta durabilidade e reduz formação de fissuras. Com crise hídrica, obras residenciais também aderem à mistura química
Produto retarda evaporação, aumenta durabilidade e reduz formação de fissuras. Com crise hídrica, obras residenciais também aderem à mistura química
Por: Altair Santos
Conhecidos por retardar a evaporação da água e por proporcionar processos de secagem sem formação de fissuras, os agentes de cura do concreto estão em alta durante a crise hídrica. Por promoverem economia de água no canteiro de obras, passaram a ser mais requisitados. Dependendo da marca, da área concretada e das condições meteorológicas, esses produtos podem gerar economia de até dois mil litros de água para cada 100 m² construídos. Mais usados em obras de infraestrutura ou grandes empreendimentos, como shopping centers e galpões logísticos, a falta d’água passou a fazer com que os agentes de cura ganhassem espaço em construções residenciais.
Aplicados sobre a superfície do concreto fresco, logo após o desaparecimento da água de exsudação – o que pode ocorrer entre meia hora e duas horas após o alisamento do concreto, dependendo das condições meteorológicas -, os agentes de cura têm elementos que, ao contato com o concreto, formam uma película uniforme e flexível sobre o material e que funcionam como filtros para os raios solares. Alguns possuem até propriedades antirraios UV (ultravioleta), considerados nocivos ao concreto novo por estimularem o surgimento de fissuras. “Existem diferentes bases de agentes de cura, cada uma adequada para determinadas características de clima e de superfície do concreto”, explica o tecnólogo Fábio Pires, da Camargo Química, um dos fabricantes de agentes de cura no Brasil.
Comprovadamente eficientes para a cura do concreto, os agentes precisam ter a aplicação bem distribuída e controlada para que suas propriedades possam ser cumpridas de forma adequada. “Por isso, é indicada a aplicação com pulverizadores, que proporcionam distribuição uniforme. A aplicação de forma desigual é mais prejudicial ao concreto do que a utilização em excesso. Também não é recomendado diluí-lo, o que também prejudica o desempenho do produto”, orienta Fábio Pires, lembrando que cada tipo de concreto exige um agente de cura específico. “Mas não é apenas a superfície do concreto que irá definir o agente de cura a ser usado. As condições meteorológicas também são relevantes para que o produto desempenhe sua função e gere economia de água no processo de cura”, complementa.
Ensina o engenheiro civil Rubens Curti, coordenador do laboratório de concreto e argamassa da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), que há outros procedimentos, além do uso de agentes, que podem impedir o desperdício de água durante o processo de cura. Entre eles:
• Manter úmida a superfície do concreto construindo-se pequenas barreiras nas bordas da superfície (horizontal) para que ocorra o represamento de uma lâmina de água.
• Manter úmida a superfície do concreto com auxílio de sacos de aniagem umedecidos, mantas de bidim umedecidas, camada de areia úmida, camada de serragem úmida e sacos de cimentos umedecidos.
• No caso das superfícies verticais, também se pode fazer a cura com aspersão de água através de “chuveirinhos”. Outra alternativa, neste caso, está na utilização de mantas de bidim umedecidas para envolver as peças verticais.
Importância da cura do concreto
Em cursos promovidos pela ABCP, Rubens Curti orienta que agentes de cura são recomendáveis para grandes superfícies em concreto, como estradas em pavimento rígido, pistas e pátios de aeroportos e superfícies verticais, além de paredes de concreto – após a retirada das formas. Neste caso, ele lembra que agentes de cura são à base de parafinas, ceras ou acrílicos que podem dificultar a aderência de argamassas de revestimentos nas paredes de concreto. Por isso, antes de revesti-las, o agente de cura deve ser removido. Normalmente, com o uso de escovas de aço. Essas e outras orientações sobre a cura do concreto e o uso de agentes de cura estão inseridas em duas normas técnicas: ABNT NBR 14931 – Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento – e ABNT NBR 16055 – Parede de concreto moldada no local.
Também nas aulas que ministra na ABCP, Rubens Curti ressalta a importância da cura. “O concreto é composto por cimento, água, agregados miúdos e graúdos e, eventualmente, aditivos. A única reação química que se processa com esses materiais é a do cimento com a água. Portanto, tem que ter água suficiente para que a reação ocorra. Se não houver uma perfeita hidratação do cimento não vai ocorrer a formação dos C-S-H (Silicatos de Cálcio Hidratados) que se originam na principal fase de hidratação do Cimento Portland e têm grande influência na maioria das propriedades físicas e mecânicas dos materiais cimentícios”, professa.
Reforçando a importância da cura nesta época de crise hídrica, o tecnologista em concreto, e consultor da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), Arcindo Vaquero y Mayor, reforça que contratar concreteiras credenciadas, que tenham suporte técnico, além de obedecer as normas técnicas, também fazem parte dos procedimentos adequados para se economizar água no canteiro de obras.
Entrevistados
-Tecnólogo em concreto Fábio Pires, diretor da Camargo Química
– Engenheiro civil Rubens Curti, coordenador do laboratório de concreto e argamassa da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) (via assessoria de imprensa)
– Engenheiro civil Arcindo Vaquero y Mayor, consultor na área de tecnologia do concreto da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)
Contatos
fabio@camargoquimica.com.br
dcc@abcp.org.br
www.abesc.org.br/contato.html
Crédito fotos: U.S. Navy/Demetrius Kennon/Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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