Gestão de compras em momentos de crise: como agir?
Na construção civil, é hora de adquirir materiais de qualidade, gerenciando inflação, limitações de caixa, frete caro e dificuldades de crédito
Por: Altair Santos
A engenheira civil Rosana Leal, consultora especializada em gestão de compras na construção civil, avalia que o momento da economia brasileira é uma grande oportunidade para que departamentos de compras das empresas estabeleçam relações ganha-ganha com os fornecedores. “O cenário atual normalizou a relação, onde um quer comprar e o outro quer vender. Antes, principalmente entre 2007 e 2012, vimos um clima de euforia descambando para um clima de gincana, em que havia uma demanda forte para comprar, e que levou os fornecedores a escolher para quem queriam vender. Então, o que hoje chamam de crise, nada mais é do que o estabelecimento da normalidade, gerando um momento bom para fidelizar, firmar parcerias e aprofundar uma relação ganha-ganha”, diz.

A especialista fez sua análise no Web Seminário “Gestão de compras em momento de crise”, realizado em 13 de maio de 2015. No encontro, ela sublinhou várias vezes que a cadeia produtiva da construção civil - sobretudo as construtoras - não está vivendo uma crise, mas um realinhamento em seus negócios. “É o ônus por desfrutar do bônus. Por que hoje há escassez de projetos? Por que no passado recente houve um grande volume de obras concentrado em um período curto de tempo. Chegamos ao ponto de faltar mão de obra, faltar equipamentos, faltar insumos e faltar até energia elétrica. Isso gerou um enorme estoque de imóveis. Por isso, experimenta-se hoje uma queda acentuada nas vendas e nos negócios”, explica. “Isso está mais para uma readequação de modelos de gestão do que uma crise”, completa.
Estocar não é a solução
Para Rosana Leal, crise foi o que o país viveu nos anos 1980 e 1990. “Naquele período, a construção civil experimentou períodos recorrentes de depressão. Vimos a extinção do BNH (Banco Nacional de Habitação), o que deixou o país sem um programa habitacional, taxas de inflação superiores a 2.700% ao ano, como a de 1993, e índices de desemprego beirando os 40%. Aquilo sim pode ser definido como crise”, cita. Segundo a engenheira civil, as dificuldades atuais ocorrem também pelo motivo que boa parte das construtoras não fez a lição de casa, ou seja, não desenvolveu um sistema eficiente de controle de compras. Em pesquisa que ela coordenou na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), apenas 5% das empresas consultadas disseram realizar gestão de compras de materiais.
O mau gerenciamento desta área, segundo a especialista, resulta em comprar mal. “Existem muitas empresas que realizam compras desnecessárias. Agora, com a volta da inflação, há quem entenda que a solução é estocar. Mas estoque não é solução. Quem faz gestão de materiais sabe que não é interessante estocar revestimentos cerâmicos e outros produtos de acabamento, por exemplo. Para esses casos, é melhor ter gestão de compras do que administrar estoque. E é aí que entra a negociação ganha-ganha com o fornecedor. Se ele cumpre prazos, armazena a compra até entregar no local da obra e faz a gestão do transporte, não há por que estocar”, define. Rosana Leal realça que momentos como o atual exigem gestão. “Não é hora do jeitinho brasileiro”, recomenda.
Clique aqui e assista à palestra da consultora Rosana Leal.
Entrevistada
Engenheira civil Rosana Leal, professora na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e consultora especializada em gestão de compras na construção civil
Contato
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
América Central e Caribe viram eldorado do concreto
Região consome atualmente alguns milhares de m³ do material. Além da expansão do Canal do Panamá, há metrôs, rodovias e hidrelétricas em obras
Por: Altair Santos
Além da expansão do Canal do Panamá - obra que, sozinha, está consumindo mais de 1,5 milhão de m³ de concreto -, a América Central e o Caribe reúnem um conjunto de empreendimentos que transformam a região na que mais consome cimento no continente americano atualmente. Honduras, Guatemala, Costa Rica, El Salvador e Nicarágua viabilizam desde linhas de metrô até rodovias, passando por hidrelétricas e construções para melhorar a mobilidade de suas principais cidades. Nestes países também avançam as chamadas carreteras - rodovias para alto tráfego -, boa parte delas construídas com pavimento rígido.

No Brasil, segundo dados da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), há 165 mil quilômetros de estradas pavimentadas, dos quais 2% revestidos em concreto. Significa que o pavimento rígido predomina em 3.300 quilômetros no país. Só El Salvador conta atualmente com 6.700 quilômetros de rodovias concretadas. Na Costa Rica, são 7.800 quilômetros. Entre eles, inclui-se a carretera entre Cañas e Libéria, considerada uma das obras rodoviárias mais modernas atualmente em construção.
A estrada recebe quase R$ 600 milhões de investimento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e a opção pelo pavimento rígido se deu quando especialistas em geologia e geotecnia comprovaram, através de um equipamento desenvolvido na Universidade da Costa Rica - o Simulador Pesado de Veículos -, que só o revestimento em concreto suportaria o tráfego pesado de caminhões. O projeto da rodovia prevê que ela só irá precisar de manutenção daqui a 20 anos.
Atraindo investimentos
Em Honduras - um dos países mais pobres da região - existem 700 quilômetros de estradas com pavimento rígido. Na Nicarágua, entre 2007 e 2014, foram construídos mil quilômetros por ano de estradas revestidas pelo concreto, ou seja, atualmente a malha rodoviária mais resistente passa de 7 mil quilômetros. Na Guatemala, o grande empreendimento rodoviário está em obra: é a Red Vial. Trata-se de um grande anel viário com 1.500 quilômetros de extensão, que circunda a Cidade da Guatemala – capital do país. A pista é inovadora, pois utiliza concreto de alta resistência de quase 200 MPa.

Somada a quilometragem de pavimento rígido em todos os 20 países que formam a América Central e o Caribe, ela passa de 42 mil quilômetros. Se depender dos recursos para construir principalmente estradas, esse número tende a aumentar. Pesquisa encomendada pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), em conjunto com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mostra que cinco países da região têm a preferência dos investidores internacionais, quando o assunto é injetar dinheiro em obras de infraestrutura. São eles: Panamá, Guatemala, Costa Rica, El Salvador e Honduras. No mesmo estudo, que envolve 20 nações latino-americanas, o Brasil aparece na 13ª posição.
Entrevistados
CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) - (via assessorias de imprensa dos escritórios dos organismos no Brasil)
Contato
oecddirect@oecd.org
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Fabricon propõe quebra de juros altos na construção civil
Evento realizado recentemente em Blumenau-SC discutiu rompimento com paradigma econômico para que setor volte a crescer no Brasil
Por: Altair Santos
A Feira Brasileira de Fabricantes da Construção Civil (Fabricon), realizada entre 20 e 24 de maio em Blumenau-SC, confirmou uma tendência que se consolida em eventos deste porte: a de que os expositores querem atrair o público certo, para fechar negócios. “Diante da crise, as feiras têm sido usadas como ferramentas de venda e não de marketing institucional, para reafirmar a marca. Assim, o objetivo é mobilizar quem realmente quer comprar e, dentro do evento, realizar promoções que, de fato, concretizem negócios”, afirma Júlio César de Oliveira, diretor da Via Ápia Eventos - empresa promotora da Fabricon e da Fenahabit.

O evento em Blumenau mostrou a disposição dos expositores em baixar preços. Para vendas realizadas dentro da feira, fabricantes de maquinários e fornecedores de serviços e produtos conseguiram linhas de crédito mais baratas e ofereceram descontos entre 10% a 15% para quem comprasse à vista. “Este ano, as feiras envolvendo a cadeia produtiva da construção civil terão essa tendência: a de criar um viés contrário ao dos juros e dos preços altos. Isso é uma forma, mesmo que limitada ao ambiente da feira, de demonstrar que é possível propor uma quebra nos juros altos, através de linhas de crédito alternativas”, explica Júlio César de Oliveira.
Esse modelo fez com que a Fabricon fechasse negócios na ordem de R$ 120 milhões. O valor superou em 20% a expectativa inicial. Durante os cinco dias da feira, 86 expositores de mais de 150 marcas receberam 21.900 visitantes. “É a demonstração de uma nova tendência das feiras em períodos de crise. Elas investem no credenciamento online, direcionando o foco para especialistas, corpos técnicos e áreas comerciais das empresas, que são realmente os que fecham negócio. Isso, combinado com um ambiente favorável para comprar, através de promoções e linhas de crédito mais baratas, ainda que momentâneas, tende a fazer das feiras um ambiente com menos público, mas com mais negócios fechados”, avalia o promotor da Fabricon.

Inovações
Em 2015, as feiras - em especial as relacionadas com a cadeia produtiva da construção civil – tendem a investir maciçamente em inovações. “No caso da Fabricon, tudo que gerasse mais produtividade e menor tempo para a conclusão da obra atraiu mais interessados. Os construtores estão em busca de soluções tecnológicas que os façam ganhar tempo e reduzir custos. Isso também é uma forma de baratear o preço final e fugir dos juros altos”, entende Júlio César de Oliveira.
Entre os produtos expostos na Fabricon, os que obtiveram maior volume de venda foram argamassas de secagem rápida e para acabamento – boa parte delas produzidas em fábricas instaladas em Santa Catarina. À base de cimento, combinado com aditivos que aceleram a evaporação da água, o material serve tanto para assentar tijolos cerâmicos e blocos de concreto quanto para fazer o reboco e o acabamento final de paredes de vedação.
Foram expostas três linhas de produtos. A mais potente é recomendada para fixar portas e janelas, grades, motores de portões, ganchos e suporte de máquinas elétricas. Uma segunda linha é indicada para tampar furos originários de quadros afixados em paredes e recuperar quinas danificadas ou fissuras. Outro tipo de produto é usado para preencher buracos em ambientes internos e externos, fixar eletrodutos e canos hidráulicos e ainda se mostra eficiente para fixação de buchas.

Entrevistado
Júlio César de Oliveira, diretor da Via Ápia Eventos - empresa promotora da Fabricon e da Fenahabit
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Créditos fotos: Divulgação/Fabricon
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Ferramenta BIM protagoniza disciplina na Poli-USP
Essencial à nova engenharia, ainda são poucas as universidades brasileiras que ensinam graduandos a elaborar projetos usando o software
Por: Altair Santos
Contam-se nos dedos das mãos o número de escolas de engenharia e de arquitetura espalhadas pelo Brasil que possuem em sua grade curricular uma disciplina que ensine a realizar projetos com o software BIM (Building Information Modeling). A ferramenta permite visualizar, em uma plataforma virtual em 3D (tridimensional), os principais projetos de uma obra: arquitetônico, estrutural, hidrossanitário e elétrico. São atualmente nove universidades preocupadas em ensinar seus alunos pelo menos os princípios básicos de operação do BIM. Entre elas, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a Poli-USP.

O núcleo à frente da disciplina, chamada de Introdução ao Projeto na Engenharia, além de formar novos engenheiros civis com noções básicas sobre a ferramenta, também desenvolverá outras ações para promover o uso do BIM no Brasil. Entre elas, a orientação de alunos de mestrado e doutorado e a coordenação da comissão da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que irá criar normas para a plataforma. “Hoje há dificuldade para encontrar fornecedores de serviços experientes com o BIM, o que eleva o custo da implantação, o custo do software e prejudica também o treinamento da equipe”, cita o professor-doutor Eduardo Toledo Santos, do Departamento de Engenharia de Construção Civil (PCC) da USP.
É ele quem está à frente da nova disciplina da universidade, e que procura já envolver os graduandos desde o início do curso. “A matéria começa para alunos do segundo período”. Portanto, ainda sem nenhum conhecimento técnico de engenharia. Dessa forma, trata-se de uma disciplina introdutória, onde os alunos aprendem os conceitos básicos de BIM e a fazer a leitura de projetos (arquitetônicos, de estruturas e de instalações hidrossanitárias e elétricas) e sua modelagem em aplicativos BIM. Também trabalham com a interoperabilidade entre aplicativos. Essa primeira disciplina vai preparar os alunos para usar o BIM em disciplinas de projetos que eles terão adiante no curso”, explica Eduardo Toledo Santos.

Faltam professores
No Brasil, o BIM tem um campo consolidado no estado de São Paulo e busca espaço em outras regiões do país. Tende a avançar, a partir do momento em que organismos governamentais, como o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre), passaram a exigir projetos em BIM em suas licitações. “Grandes obras envolvem orçamentos maiores e grandes quantidades de serviços e materiais. Portanto, erros de projeto ou de planejamento nesse tipo de obra (infraestrutura) trazem consequências. A aplicação do BIM gera economia, pois em uma obra rodoviária, por exemplo, pode reduzir o volume de movimentação de terra”, relata o professor da USP.
Ainda que bem aplicada barateie obras, a tecnologia BIM no Brasil não se compara ao estágio em que ela se encontra em nações como Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, países nórdicos e Singapura. Parte deste relativo atraso se deve à demora do software ser estudado nas universidades. “A grande dificuldade é que o corpo docente geralmente não está preparado para ministrar esse novo conceito, nem sabe exatamente como implementá-lo no curso”, finaliza Eduardo Toledo Santos.
Entrevistado
Professor-doutor Eduardo Toledo Santos, do departamento de engenharia de construção civil da Escola Politécnica da USP
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eduardo.toledo@poli.usp.br
Crédito fotos: Divulgação/USP/Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Itambé lança aplicativo Cimento Certo e site na versão mobile
Novas ferramentas surgem para propagar conhecimento e reforçar compromisso de oferecer mais serviços e conveniências
Por: Altair Santos
Qual o cimento certo? Esse é um dilema mais comum do que se imagina no ambiente da construção civil. A fim de responder a essa pergunta, que influencia diretamente na qualidade da construção, a Cia. de Cimento Itambé oferece uma nova ferramenta. Trata-se do aplicativo Cimento Certo para computadores desktop e notebook. A novidade vem conectada a outro serviço: a versão mobile do site da empresa e também da revista digital Massa Cinzenta, permitindo o acesso ao conhecimento tecnológico que envolve a engenharia e a construção civil através de smartphones.

Segundo Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, tanto o aplicativo Cimento Certo quanto a versão mobile do site da empresa, reforçam o compromisso de oferecer mais serviços, mais informações e mais conveniências. “O objetivo da Itambé é ser muito mais que cimento”, diz. Atualmente, além das novas ferramentas, a Itambé disponibiliza vídeos sobre o processo de fabricação do cimento e sobre ensaios de cimento e concreto. O serviço de assessoria técnica aos Clientes e outros aplicativos, como o que orienta sobre os tipos de cimento e o que explica as patologias do concreto, fornecem dados importantes para os usuários do cimento.
Sobre o Cimento Certo, Rodrigo Turra, CEO da Redirect - responsável pelas ações da Cia. de Cimento Itambé no ambiente online e offline -, destaca a funcionalidade do aplicativo. “Em uma única tela, sem necessitar navegar por páginas diferentes, o cliente encontra a descrição detalhada e a melhor aplicação dos produtos Itambé na obra. Também é possível comparar os vários tipos de cimento e encontrar de forma simples e descomplicada a escolha certa”, explica.
O desenvolvimento do aplicativo foi realizado com a ajuda da assessoria técnica da Cia. de Cimento Itambé. Ele leva em consideração as normas técnicas da ABNT, as principais características de cada tipo de cimento, as aplicações mais adequadas, além de relatórios de ensaios realizados nos laboratórios da empresa. A ferramenta é um complemento da assessoria técnica que a Itambé presta diretamente aos clientes dos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Sobre a versão mobile para o site da empresa, Turra entende que a Itambé se antecipa a uma tendência de mercado. “Devido ao grande crescimento da base de smartphones no Brasil, e o crescente acesso à internet por meio desses dispositivos, a empresa criou uma nova solução para seu site e para a revista digital Massa Cinzenta. Assim, usuários que buscam conteúdo no site da Itambé irão fazê-lo por uma nova interface, com navegação e arquitetura de informação próprias, e que privilegiam o acesso aos serviços da empresa”, destaca.
Conheça o aplicativo Cimento Certo
www.cimentoitambe.com.br/cimento-certo
Entrevistados
Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé
Rodrigo Turra, CEO da Redirect
Contato
www.cimentoitambe.com.br
www.redirectdigital.com.br
Créditos fotos: Divulgação/Divulgação/Itambé/Divulgação/Redirect
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Impermeabilização deve vir contemplada no projeto
Infiltrações, carbonatações e desplacamentos estão entre as patologias mais comuns quando o isolamento de paredes e lajes apresenta problemas
Por: Altair Santos
Patologias com origem em erros no projeto de impermeabilização são mais comuns do que se imagina. Quem garante é a engenheira civil Virginia Pezzolo, com vasta experiência no assunto e que recentemente participou do webseminário organizado pela e-Construmarket, intitulado “Patologias decorrentes de falhas na impermeabilização”. “Vários fatores influenciam na impermeabilização. Desde climáticos e ambientais, passando por outros projetos envolvidos na construção, como o arquitetônico, o hidráulico e o elétrico. O paisagismo também tem grande influência”, resume.

Infiltrações, carbonatações e desplacamentos estão entre as patologias mais comuns quando a impermeabilização apresenta problemas. Por isso, em sua palestra, Virginia Pezzolo listou os cuidados que se deve ter para que o projeto não deixe espaço para falhas. “Ele precisa resistir às degradações devidas às influências climáticas, térmicas, químicas e biológicas; resistir às pressões hidrostáticas de percolação, coluna d’água, gases ou atmosféricas; apresentar aderência, flexibilidade, resistência, estabilidade físico-mecânica e vida útil compatíveis com as solicitações previstas no projeto, além de atender premissas da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) e de certificações Acqua e LEED, se assim for requerido”, explica.
A primeira norma de impermeabilização no Brasil surgiu em 1975, motivada pelas obras do metrô de São Paulo. Atualmente, os projetos devem seguir a ABNT NBR 9575/10 (Impermeabilização – Seleção e Projeto). A norma interage com outras normas técnicas, principalmente nos quesitos que envolvem projetos hidráulicos e elétricos. Também precisa levar em consideração os sistemas construtivos da obra. “A estrutura influencia diretamente no projeto de impermeabilização. Alvenaria convencional, concreto ou drywall pedem projetos diferenciados”, diz Virginia Pezzolo.

Pontos críticos
A engenheira civil revela que há também projetos especiais que exigem impermeabilizações específicas. “Em uma cozinha industrial, onde o piso ficará exposto a ácidos láticos e gorduras, o projeto precisa atender a resistência química à ação destes elementos altamente corrosivos. Da mesma forma, em uma cidade como São Paulo, onde a chuva tem acidez por causa da poluição, os revestimentos também exigem impermeabilização diferenciada”, afirma. Incluem-se no rol de projetos especiais de impermeabilização obras como câmaras frigoríficas, lagoas de efluentes industriais, caixas d’água, heliportos, áreas industriais sujeitas a derramamento de produtos químicos e áreas expostas às ações de ozônio ou gases.
As normas técnicas brasileiras de impermeabilização, incluindo os produtos impermeabilizantes, são regidas pelo CB-22 da ABNT. No entanto, quando usados materiais importados sem norma vigente no país, Virginia Pezzolo comenta que não há empecilho em se utilizar normas internacionais. Atualmente, além de materiais cada vez mais eficientes, há equipamentos que detectam patologias provenientes de problemas com a impermeabilização. Juntas de dilatação, ralos, ar-condicionado e áreas com paisagismo estão entre os pontos frágeis e mais propensos a patologias. “Um ralo com falhas na impermeabilização para escoar a água é um caminho livre para a carbonatação, mesmo em obras jovens”, alerta a engenheira.
Assista a palestra de Virginia Pezzolo
Patologias decorrentes de falhas na impermeabilização
Entrevistada
Engenheira civil Virginia Pezzolo, graduada pela Escola de Engenharia Mauá-SP e sócia-gerente e responsável técnica da Proassp Assessoria
Contato
proassp@proassp.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Soft-skills e hard-skills: como eles mudam a empresa?
Trata-se de habilidades interpessoais, que, bem utilizadas, podem agilizar negociações, facilitar gerenciamento de conflitos e gerar motivação
Por: Altair Santos
A importância de procedimentos e ferramentas para auxiliar o gerenciamento de projetos não pode sobrepor o fator humano. Equipes de alto desempenho ainda são relevantes, sobretudo por causa das relações interpessoais que elas estabelecem. Estes colaboradores se dividem em dois tipos de gestão: soft-skills e hard-skills. Para o especialista Vitor Luiz Massari, os modelos são complementares. “As duas gestões se completam. Elas aliam alto conhecimento técnico com fortes habilidades interpessoais. Isso traz grandes benefícios para a empresa, pois teremos indivíduos motivados e com conhecimento técnico para ajudar a companhia a atingir seus objetivos estratégicos”, define.

Os profissionais soft-skills possuem habilidades que podem ser utilizadas em negociações, gerenciamento de conflitos, resolução de problemas e motivação de equipes. Já os hard-skills dominam as habilidades técnicas dentro do seu campo de atuação. São exemplos clássicos os especialistas em TI (Tecnologia de Informação) e os engenheiros. “Tradicionalmente, os hard-skills são maioria em empresas tecnológicas ou ligadas à construção civil. Creio que o grande desafio deles é alinhar conhecimento técnico com habilidades de comunicação, relacionamento interpessoal, liderança e motivação”, avalia Vitor Luiz Massari.
Termo surgiu nas forças armadas dos EUA
O especialista aponta também que esse equilíbrio deve ser perseguido não só por engenheiros, mas por todos os profissionais. “A busca deve ser pelo equilíbrio entre hard-skills e soft-skills. Mas não é fácil, principalmente para o hard-skills adquirir virtudes do soft-skills. O soft-skill é mais intuitivo. Neste ponto é que o gestor e o departamento de RH (recursos humanos) podem ajudar. De que forma? Oferecendo cursos e promovendo palestras que incentivem o desenvolvimento das habilidades interpessoais e técnicas de cada colaborador”, aponta Vitor Luiz Massari.
Os termos soft-skills e hard-skills surgiram em 1972, em manuais de treinamento das forças armadas dos Estados Unidos. O objetivo era humanizar os militares, fazendo com que eles prestassem serviço com foco no cidadão, fossem mais maleáveis e promovessem uma gestão mais agradável. Transportado para as empresas, os conceitos agregaram habilidades de comunicação, habilidades interpessoais, qualidades pessoais, ética e habilidades cognitivas. Atualmente, algumas companhias definem contratações com base nestes modelos. “Soft-skills e hard-skills andam lado a lado. Um profissional somente técnico (hard-skills), mas que não sabe se relacionar, pode ter dificuldades no mercado. Assim como um profissional extremamente habilidoso no trato com pessoas (soft-skills) não se sustenta sem conhecimento técnico”, explica o especialista.
No Brasil, as empresas conhecidas como startups – voltadas para tecnologia e inovação – são as que mais adotam as gestões soft-skills e hard-skills para realinhar seus quadros de colaboradores.
Entrevistado
Vitor Luiz Massari, graduado em matemática e sócio-diretor da Hiflex Consultoria. Ministra palestras e treinamentos voltados para gerenciamento ágil de projetos e soft-skills. É autor do livro Gerenciamento Ágil de Projetos, lançado pela Editora Brasport
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contato@hiflex.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construção industrializada chega às paredes-diafragma
Estruturas pré-moldadas têm melhor controle de qualidade e estanqueidade mais eficiente do que as produzidas in loco, tradicionalmente usadas no Brasil
Por: Altair Santos
A escassez de terrenos, combinada com projetos de edifícios cada vez mais altos, tem aumentado a presença de paredes-diafragma em canteiros de obras. Elas são fundamentais para permitir escavações profundas e para conter deslizamentos que possam vir a prejudicar não só o empreendimento em construção, como prédios no entorno – em se tratando de obra em áreas urbanas.
O avanço tecnológico da construção industrializada trouxe mais agilidade ao processo de instalação das paredes-diafragma. Também agregou maior qualidade ao sistema, melhorando a segurança, o controle e reduzindo o emprego de mão de obra. Essa evolução, e outros benefícios acrescentados pelas paredes-diafragma pré-fabricadas, são analisadas pelo engenheiro civil, e especialista no tema, Luiz Antônio Naresi Júnior. Confira a entrevista a seguir:

Quais as vantagens de se usar paredes-diafragma pré-fabricadas em vez de paredes-diafragma construídas no local da obra?
A técnica de paredes-diafragma tem passado por constantes inovações. A mais importante atualmente refere-se à utilização de painéis pré-moldados de concreto armado ou protendido. O painel pré-moldado pode ter um recobrimento menor - normalmente 3 centímetros - e concreto com fck (resistência) superior a 25 MPa. A parede pré-moldada tem um controle de qualidade mais fácil de ser executado, pois é feita antes da introdução na escavação. Desta forma, a resistência estrutural é substancialmente superior a da moldada no local, que, por outro lado, tem um controle de qualidade e tecnológico mais difícil de ser acompanhado e demanda uma equipe maior para esta finalidade, principalmente junto à fiscalização. Além disso, a parede pré-moldada gera baixa perda de concreto, enquanto a moldada in loco tem muita perda, principalmente nas escavações onde existe solo de baixa resistência ou solo mole.
Fora do país, esta tecnologia parece ser bastante utilizada. E no Brasil?
A tecnologia de execução de parede-diafragma pré-moldada é utilizada em todo o mundo, porém no Brasil, apesar de termos uma defasagem de poucos anos em relação aos países desenvolvidos, onde esta técnica surgiu, estamos bem atualizados. Há, inclusive, empresas que possuem equipamentos modernos de fundação para esta finalidade. Porém, a complexidade para a execução de obras deste tipo é muito grande. Não são obras usuais e têm alto custo executivo. A geologia do terreno, o estudo de riscos e os custos com elaboração de cronogramas de obra é que influenciam na escolha desta técnica de execução. Escavações profundas, cortes verticais e aterros de grandes dimensões são cada vez mais importantes para a implantação de empreendimentos, especialmente em áreas urbanas, onde há escassez de terrenos para construir. Isso torna a etapa de execução de paredes-diafragma pré-moldadas uma das mais críticas durante a execução da obra. Vale lembrar que, em função dos riscos que a movimentação de terra envolve, erros de dimensionamento, de projeto e de execução podem ser fatais, em função da grandeza de equipamentos e guindastes envolvidos na obra.

Ao se optar pela construção de paredes-diafragma deve se levar em conta quais fatores?
É necessário fazer as seguintes análises: 1) Local e acesso à obra; 2) Resultados de ensaios de laboratórios de solos e rochas e interpretação do perfil geológico e geotécnico do terreno por meio de sondagens rotativas; 3) Tipo e tamanho dos terrenos e espaço físico da obra; 4) Estudo do fator de segurança e da estabilidade global da escavação subterrânea; 5) Fator de risco da segurança contra o colapso ou deslizamento sobre outras estruturas, com risco ao usuário final, seja em edificações, rodovias ou ferrovias; 6) Fator técnico-financeiro, estudo de viabilidade da parede diafragma pré-moldada, e 7) Impactos ambientais e de segurança do trabalho.
Com relação à evolução dos equipamentos e produtos, construir paredes-diafragma ficou menos perigoso?
Nos anos recentes, em resposta ao surgimento de projetos mais complexos e cronogramas mais enxutos, o segmento de execução de paredes diafragmas pré-moldadas evoluiu. Essa metodologia deu um salto com o avanço de maquinários como as hidrofresas, aposentando gradativamente o clam shell mecânico - convencionalmente utilizado no Brasil desde os anos 1960-1990. Assim, sem comprometer a segurança e a velocidade, e com relativa redução de ruído, aumentou- se a capacidade e a profundidade das escavações, incluindo a adoção de paredes mais espessas. A substituição da lama bentonítica por polímeros biodegradáveis, como fluídos estabilizantes, tem se firmado como tendência. Diferentemente da lama (coulis), os polímeros, por serem biodegradáveis, podem ser descartados em qualquer bota-fora ou até em galerias de águas pluviais, desde que não contenham sólidos em suspensão. As empresas também vêm investindo em tecnologias para diminuição do volume de bentonita e de resíduos gerados nas obras. A própria bentonita já pode ser tratada com uso de centrifugação, de sistema filtro prensa ou ainda tratamento químico.

A logística para o transporte das peças pré-fabricadas é um empecilho para seu uso ou normalmente as peças são moldadas no local da obra?
Geralmente as peças são montadas em locais de grande extensão e não nas obras. O grande inconveniente é o transporte em carretas, o que exige horários alternativos, normalmente os noturnos, e com apoio da polícia de trânsito. No canteiro de obras, elas devem ser movimentadas por meio de grandes guindastes. Recomenda-se sempre fazer um check-list para receber as paredes pré-moldadas:
• Avalie a experiência da empresa prestadora de serviços, a qualidade dos equipamentos e a especialização da equipe de transportes e da empresa especializada na aplicação das paredes pré-moldadas.
• Ofereça informações completas à contratada, quanto aos problemas que podem existir no terreno, como fundações antigas que podem atrapalhar o bom andamento da perfuração da lamela para aplicação da parede pré-moldada.
• Verifique se existe alguma restrição ao tráfego de caminhões ao programar a chegada e saída dos equipamentos e de caminhões de terra, que retiram o material proveniente das escavações da lamela.
• Prepare o canteiro de obras para receber as máquinas de grande porte e as carretas com as estacas pré-moldadas. Verifique se o terreno suporta equipamentos pesados, impedindo que os mesmos atolem ou afundem. Garanta o suporte de trabalho com cascalho ou bica corrida.
• Controle o andamento da obra verificando os boletins dos painéis diariamente.
Em comparação com o método tradicional de construir paredes-diafragmas, a pré-fabricada é mais rápida, mas também mais cara?
Sem dúvida, as paredes-diafragma pré-fabricadas agilizam o processo e evitam a existência de problemas comuns de ocorrer na concretagem submersa de paredes moldadas in loco, como falta de concreto, quebra de guindaste, falta de lama bentonita, quebra da tremonha, desarenação (remoção de areia e de outros detritos sólidos minerais), dificuldades com vazamento da lama, entre outros. Mas nem por isso ela é mais barata, pois depende de um controle de qualidade e logística mais apurado, o que a torna mais cara que a parede convencional.
Em termos de envolvimento de mão de obra, a parede-diafragma requer número menor de operários no canteiro?
Em função do processo ser basicamente mecanizado, a mão de obra é bem reduzida se comparada à execução da forma tradicional. No caso das paredes-diafragma pré-moldadas, a equipe mínima exigida é a seguinte: um engenheiro, um encarregado, um operador de diafragmadora, um operador de guindaste auxiliar e sete ajudantes. As atribuições de cada um são as seguintes:
• Engenheiro
- Responder, junto com o encarregado, pelo planejamento e implantação da obra
- Analisar, junto com o encarregado, as condições de vizinhança
- Analisar, junto com o encarregado, o perfil de sondagens
- Discutir com o encarregado as condições contratuais e as responsabilidades de ambas as partes
- Analisar, junto com o cliente e outros empreiteiros, as interfaces dos serviços
- Estabelecer, junto com o encarregado, a sequência executiva e o cronograma da obra
- Supervisionar o andamento dos serviços
- Analisar os boletins de execução da parede-diafragma
- Manter contato com os projetistas, clientes e gerenciadores
- Verificar o limite do terreno para execução da mureta guia
- Conferir a armação dos painéis
- Conferir as medições dos empreiteiros
- Calcular o volume do concreto para os painéis
- Verificar os resultados tecnológicos do aço e concreto
• Encarregado
- Responder, junto com o engenheiro, pelo planejamento e implantação da obra
- Estabelecer, junto com o engenheiro, o layout do canteiro, compreendendo disposição dos equipamentos, montagem da central de lama, pátio de armação, escritório da obra, sequência executiva dos painéis e verificar as condições e manutenções operacionais do canteiro
- Verificar a qualidade da mureta guia
- Receber e conferir os equipamentos, ferramentas e acessórios
- Acompanhar, orientar e supervisionar a execução de todos os procedimentos para a execução de paredes-diafragma
- Transmitir instruções aos subordinados quanto à segurança durante a execução dos serviços, os locais que a equipe pode ou não ter acesso
- Verificar se está livre o caminho do caminhão betoneira até o painel que vai ser concretado
- Participar da amostragem do concreto e da determinação do slump test
- Verificar a cota de arrasamento do concreto
- Preencher os boletins de execução e controle
- Registrar e relatar ao engenheiro qualquer anomalia
• Operador de diafragmadora
- Operar a diafragmadora
- Responder pela sua conservação
- Manter a diafragmadora limpa e lubrificada
- Informar a manutenção dos serviços necessários e programar com o encarregado quando fazê-la
- Responder pelo livro do equipamento e sua atualização
• Operador de guindaste auxiliar
- Operar o guindaste auxiliar
- Responder pela sua conservação
- Manter a diafragmadora limpa e lubrificada
- Informar a manutenção dos serviços necessários e programar com o encarregado quando fazê-la
- Responder pelo livro do equipamento e sua atualização
• Ajudantes
- Escavação
- Acompanhar a escavação dos painéis
- Verificar o prumo da ferramenta da escavação
- Orientar o operador da diafragmadora
- Comandar o fluxo de lama bentonítica para o interior da escavação mantendo o nível da mesma sempre nos limites da mureta guia
- Medir a profundidade do painel sempre que necessário
- Retirar amostra da lama bentonítica sempre que necessário
- Instalação das armaduras, juntas e chapas-espelho
- Orientar o operador do guindaste auxiliar, durante o içamento e colocação das armaduras, juntas e chapas espelho
- Participar das operações de fixação das armaduras à mureta guia e orientar os ajudantes
- Responder pelo untamento com graxa das juntas e chapas espelho
- Preparo da lama bentonítica e tratamento da lama bentonítica antes da concretagem
- Orientar e participar do preparo da lama bentonítica (dosagem e tempo de mistura)
- Retirar amostra para ensaio
- Realizar os ensaios da lama bentonítica
- Participar e orientar a operação de desarenação, como conexão das bombas da lama, conexão dos desarenadores e operação dos registros dos tanques de lama
- Concretagem
- Participar e orientar a montagem e desmontagem do tubo tremonha
- Comandar o fluxo de concreto para o interior do painel
- Medir a profundidade da superfície de concreto durante a concretagem
- Responder pela limpeza do funil e tubos tremonha após a concretagem
- Retirada das juntas e chapas espelho
- Orientar o operador do guindaste auxiliar na retirada das juntas e chapas espelhos
- Responder pela limpeza das juntas e chapas espelho
Qual a importância, para a estrutura da obra e o bom desenvolvimento de todo o projeto, que uma parede-diafragma seja bem construída?
A importância é vital para o sucesso do empreendimento. Observe. Vazamentos são problemas recorrentes em parede-diafragma. Se houver defeito nas juntas entre os painéis, pode acontecer de vazar água e outros materiais do terreno para dentro do subsolo escavado, o que pode criar um vazio no solo do edifício vizinho e até comprometer suas fundações. Outro problema acontece quando o painel desvia para dentro da obra, causando perda de área. Quando os painéis ficam com armadura exposta também é preciso consertar. Enfim, paredes-diafragma bem construídas estão diretamente ligadas ao sucesso da obra.
Existem engenheiros e projetistas especializados em construir paredes-diafragma? Como é essa especialização?
São os engenheiros de fundações e contenções. Este profissional é especializado em solos e baseia suas atividades em rigoroso trabalho de investigação de subsolos, através da realização de sondagens geológico-geotécnicas. Ele tem que saber trabalhar com as diversas condições impostas pela natureza, incluindo-as em cálculos estruturais e comportamento de estabilidade de taludes, entre outras especializações da engenharia geotécnica. Esse setor de engenheiros e projetistas especializados só expande quando o país cresce. Ela é desenvolvida através da especialização na área da engenharia geotécnica, através de mestrados e pós-graduações. O profissional que atua em obras de contenções e fundações agrega conhecimentos das áreas de mecânica dos solos, civil, estrutura e geotecnia. Apesar de as faculdades de engenharia abordarem de forma bastante eficiente os temas teóricos, no meio acadêmico o aluno tem acesso apenas a uma parte do que é necessário à formação de um bom engenheiro de fundações. Quando se fala em geotecnia, a vivência, prática em campo e o currículo em obras contam muito. O engenheiro de fundações e contenções interage em seu dia a dia com várias disciplinas, tais como estrutura, arquitetura, planejamento, geologia aplicada a engenharia, orçamento e custos e, até mesmo, com a área de instalações enterradas. O trabalho normalmente é realizado em meio período no escritório e a outra metade em campo. Por isso, a jornada de trabalho que, em princípio, é de até nove horas, pode se transformar em 12 horas. Em alguns casos, é necessário residir no local da construção atuando inclusive como fiscal, principalmente nos períodos de pico e no começo das obras, quando existe a necessidade de passar o projeto à equipe de execução contratada da obra.
Entrevistado
Engenheiro civil Luiz Antônio Naresi Júnior, especialista em engenharia geotécnica, fundação pesada, contenção de encostas, obras de artes especiais, infraestrutura ferroviária e rodoviária. Com 25 anos de experiência, atua na empresa PROGEO Engenharia Ltda. É um dos autores do livro Parede Diafragma Moldada "In Loco" com auxílio de Lama bentonítica
Contato
naresi@naresi.com
www.naresi.com
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Em plena era digital, mercado imobiliário sai na frente
Conecta Imobi mostra que setor antecipa tendências e explora ao máximo a tecnologia para ancorar seus negócios através da internet
Por: Altair Santos
Se há um setor que a era digital não irá pegar desprevenido, este é o do mercado imobiliário. O segmento atualiza-se como poucos, investindo principalmente em ferramentas de venda pela internet. A meta é acompanhar o ritmo de penetração das mídias digitais na vida do brasileiro. Segundo o Instituto Datapopular, especializado em medir tendências da nova classe C, a internet passa por um rápido processo de massificação no país. “A internet popularizou-se, e vai se popularizar ainda mais. O índice de penetração nas classes A e B já é de 70%. Na classe C, é de 47% e nas classes D e E atinge 31%. A projeção é que daqui a oito anos a internet na classe C terá penetração igual às das classes A e B, além de crescer significativamente nas classes D e E. Estima-se que na próxima década mais 34 milhões de brasileiros estarão conectados”, diz João Paulo Cunha, gerente de pesquisa do Instituto Datapopular.

A palestra do especialista e de outros profissionais do mercado imobiliário aconteceu no Conecta Imobi. Realizado de 12 a 13 de maio de 2015, em São Paulo, o evento foi inspirado nos principais congressos mundiais de tecnologia, inovação e vendas de imóveis. Entre os participantes, esteve Marcelo Dadian, diretor nacional de marketing da Rossi. A construtora e incorporadora, com obras em todas as regiões do país, tem ganhado sucessivos prêmios por disseminar inovações de venda no mercado imobiliário. O mais recente é o robot view. Trata-se de robô instalado em unidade decorada, e que o comprador pode conduzi-lo pelos cômodos, sem sair da sua casa. “Foi uma solução encontrada para atender quem vive nos grandes centros e não tem tempo a perder no trânsito. Através de agendamento, o cliente visita o apartamento sem deixar sua residência. Através de seu computador pessoal, ele opera remotamente o robô na unidade decorada do empreendimento que ele gostaria de visitar”, explica Dadian.
Mobile é o futuro

A Rossi tem investido também em parcerias com o Google. Recentemente, a empresa fez uso da ferramenta chamada Hangout para promover videoconferências entre seus corretores em todo o Brasil, e também desenvolver ações de marketing com clientes, através de transmissões ao vivo diretamente dos prédios em lançamento. “Queremos ir além do estande de vendas. O objetivo é tornar o processo de compra do apartamento mais rápido, desde a visitação até a finalização do negócio. Para isso, investimos em pessoas, tecnologia e processos de gestão para aprimorar a venda. Entendemos também que marketing, vendas e TI (Tecnologia da Informação) precisam andar juntos cada vez mais, pois os desafios tecnológicos impõem essa união. Enfim, as mídias de construtoras e incorporadoras mudaram muito. Saíram do anúncio em jornal para as mídias digitais”, avalia o diretor da Rossi.
As mídias digitais também estão migrando de vetores. Antes, eram pensadas para os desktops; depois, para os notebooks; agora, os protagonistas são os smartphones. Hoje, segundo dados apresentados na Conecta Imobi, de cada quatro pessoas que fazem busca na internet para encontrar imóvel, uma já o faz pelo smartphone.

“A internet é atualmente o meio de maior influência na decisão do consumidor em comprar imóvel. Por isso, construtoras e imobiliárias não podem abdicar de versões mobiles para seus sites. Algumas vão além, como a MRV. O marketing deles distribuiu, recentemente, cardboards para interessados em seus apartamentos. A ferramenta permite baixar um aplicativo e ver, através do smartphone, um filme do apartamento decorado em realidade virtual”, explica Igor Lima, head de mercado imobiliário do Google. Para ele, isso é só o começo. “Robôs, aplicativos, drones e outras ferramentas buscam um só objetivo: encontrar o consumidor, descobrir seus gostos e desejos e convencê-los a comprar”, finaliza.
Assista as palestras da Conecta Imobi (necessita de cadastramento e estarão disponíveis por 30 dias, a partir de 18/5/2015)
http://www.vivareal.com.br/conectaimobi/
Entrevistados

- João Paulo Cunha, gerente de pesquisa do Instituto Datapopular
- Marcelo Dadian, diretor nacional de marketing da Construtora e Incorporadora Rossi
- Igor Lima, head de mercado imobiliário do Google
Contato
contato@conectaimobi.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Leia também: Aplicativo cria placa virtual para imóveis
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Terceirização promoverá “seleção natural” no mercado
Especialista em gestão de pessoas avalia que PL 4330 trará qualificação, produtividade e competição a setores da economia, como a construção civil
Por: Altair Santos
Para Alberto Roitman, consultor empresarial e especialista em gestão de pessoas, a possibilidade de surgir a Lei da Terceirização (PL 4330) deverá promover uma “seleção natural” no mercado de trabalho brasileiro. De que forma: "A terceirização das atividades fim vai aumentar a competitividade. Muitos profissionais sentem-se acomodados por estarem protegidos da terceirização. Isso acaba gerando uma acomodação natural e impacta na qualidade do trabalho, que cai", diz.

Segundo o especialista, quando aprovada integralmente, a nova Lei da Terceirização deve eliminar essa zona de conforto, o que resultaria em melhor produtividade e interesse do colaborador pelo negócio do qual faz parte. “Os bons colaboradores não têm com o que se preocupar”, afirma Alberto Roitman. Ele avalia que um dos setores que mais irá avançar com a terceirização será a construção civil. Na entrevista a seguir, Roitman analisa o PL 4330, que atualmente tramita no Senado Federal, e as mudanças causadas no mercado de trabalho, caso venha a virar lei. Confira:
Recentemente, o senhor escreveu um artigo sobre a seleção natural que a terceirização irá causar no mercado de trabalho. O que sustenta esta tese?
A minha tese é sustentada pelo fato de enxergar o posicionamento dos sindicatos de trabalhadores muito fundamentados na proteção dos requisitos legais de pagamentos de garantias trabalhistas. Em nenhum momento essa fundamentação está sustentada no aumento da qualidade do serviço prestado. Além disso, existe também um consenso no mercado no que diz respeito ao gerenciamento das atividades dos colaboradores, de que o patrão, o gestor ou o empresário buscam ampliar cada vez mais a qualidade da entrega por um custo justo, não por um custo mais barato. A maior parte dos trabalhadores que critica o projeto de lei vive numa zona de conforto sabendo que a atividade fim não seria terceirizada. Com a terceirização da atividade fim muitos deles vão perder esta zona de conforto. E isso acaba gerando desconforto, pelo fato de estarem mais propensos a serem demitidos e substituídos por empregados ou colaboradores que possam prestar um serviço melhor por um preço justo.
A seleção natural será apenas no mercado de trabalho para os profissionais empregados ou para as empresas também?
Com o projeto de lei 4330, a competitividade será maior. O que vai acontecer é uma lei de economia de mercado, de regra de mercado, de empresas terceirizadas que vão se preocupar em potencializar a qualidade do serviço prestado por um preço melhor. Desta forma, todos os ramos de atividade vão se beneficiar com esta inovação. Hoje em dia, apenas as atividades meio podem ser terceirizadas e as atividades fim sofreram muitos reveses qualitativos. Além disso, as atividades fim da maior parte das empresas são aquelas que mais repercutem na justiça do trabalho, através de processos trabalhistas. Acredito que os maiores beneficiados serão o mercado financeiro, a indústria automotiva, o setor de energia e de comunicações e a indústria de serviços, principalmente a hotelaria.
Hoje há um impasse no Congresso, com o projeto aprovado na Câmara podendo ser bastante modificado no Senado. Se a lei não sair, o senhor acredita que a economia do país tende a seguir patinando?
O projeto de lei, sendo aprovado, ajudaria muito a dinamizar a economia. Não sendo aprovado não vai prejudicar a economia, mas perderíamos uma oportunidade de dar um passo à frente.
Sob o ponto de vista da reciclagem profissional e do avanço na carreira, a lei da terceirização é benéfica?
Muito. Se olharmos outros países, as atividades fim das nações desenvolvidas são todas terceirizáveis. Se o Brasil quer ser grande precisa demonstrar com atitudes que quer ser grande. Quando você olha a inserção do jovem no mercado de trabalho, se a atividade fim for terceirizada o jovem terá muito mais, e melhores chances de conquistar o primeiro emprego. Na outra ponta, outro provável beneficiado serão os aposentados. Hoje, apenas 6% das vagas são direcionadas para profissionais acima de 40 anos e apenas 1% é direcionada a profissionais com mais de 55 anos de idade, ou seja, existe uma limitação no mercado para aqueles que já tenham idade avançada. Com a terceirização da atividade fim, os maiores beneficiados serão estudantes recém-lançados no mercado de trabalho, aposentados e profissionais em vias de se aposentar. Isso fará ingressar no mercado de trabalho uma nova força motriz de atividade e outros segmentos vão usufruir disto. Até por que, a economia gira mais facilmente quando você tem um número maior de empregados.
A lei da terceirização tende a gerar perdas aos profissionais, sob o ponto de vista de perda de garantias?
A má fé sempre vai existir no mercado de trabalho. A lei procura resguardar direitos de Fundo de Garantia, INSS, 13º salário e férias, prevendo isso no projeto. É bobagem imaginar que o trabalhador vai ter perdas, até por que, acredito, haverá fiscalização. No Brasil, se fala muito que a lei pega ou não pega. Entendo que no começo vá se precisar de uma fiscalização um pouco mais rigorosa para fazer com que a lei pegue, ou seja, que os direitos e garantias do trabalhador sejam preservados, mesmo que eles sejam terceirizados. Mas não vai ser um retrocesso como o governo diz, pelo contrário, vai ser um avanço. A gente tem um CLT de 1932 que foi formulado na Carta del Lavoro italiana. A Carta del Lavoro já foi atualizada quatro vezes e o Brasil ainda insiste em manter uma relação trabalhista ultrapassada e caduca. O país ainda resiste em imaginar um processo progressista para o mercado de trabalho brasileiro.
O projeto de lei da terceirização não atinge as atividades fins no funcionalismo público. É uma falha ou foi correto preservar o serviço público?
Esta observação do funcionalismo público mexeria com o artigo 5º da Constituição, que trata dos direitos e garantias individuais. Um projeto lei do ponto de vista constitucional, é menor do que uma constituição. Então, se ela estendesse a terceirização para o serviço público seria inócua. O artigo 5º fala que os direitos trabalhistas são garantidos e não é possível terceirizar o funcionalismo público. Então, é muito mais uma observação feita pela comissão de constituição e justiça do que uma vontade do legislador neste sentido de querer comprar uma briga que ele saberia que iria perder. Já a atividade privada precisa ter esta dinamização. A terceirização é fundamental para melhorar a qualidade e o dinamismo do mercado que hoje padece de qualidade e direcionamento qualitativo para fazer melhor as atividades. O funcionalismo público não entraria agora, pois antes é necessária uma reforma constitucional com o apoio de dois terços do congresso.
Especificamente, na construção civil, como a lei da terceirização deverá interferir?
A atividade da construção civil é uma das que mais vai se beneficiar com relação a isso, pois existe ainda um encargo trabalhista muito grande para as empresas na contratação de profissionais da construção civil. Acredito que o surgimento de empresas especializadas na contratação de profissionais de construção civil, que fomentem esses profissionais para as construtoras e para as empreiteiras, vai facilitar o mercado de construção civil. Principalmente, por que a terceirização vai agregar qualidade ao trabalho. Com isso, ganha o mercado de trabalho e ganha o consumidor final. Hoje há muitos atrasos na entrega, que estão vinculados a cronogramas de construção que não são cumpridos pelos mais variados fatores. Entre eles, um lapso muito grande das regras que deveriam ser seguidas pelos trabalhadores da construção civil. A terceirização tende a corrigir esse descompasso.
A construção civil se debate muito com a questão dos ganhos de produtividade. A lei tende a ajudar neste aspecto?
Sim. O ganho de produtividade está atrelado a bons profissionais. A saída da zona de conforto, causada pela terceirização, vai estimulá-los a se especializar, a adquirir novos comportamentos e novos conhecimentos, para realizar funções cada vez mais técnicas.
Com a terceirização, o empregador tende a investir mais na capacitação dos colaboradores?
O empresário vai acabar economizando em reclamação trabalhista e direcionar esta verba para capacitar melhor os colaboradores. Ele sabe que terá de entregar um serviço cada vez melhor. Assim, investirá na capacitação para oferecer um produto de qualidade e agregar valor a ele.
Qual o novo profissional que irá surgir, a partir da aprovação da lei da terceirização?
Um profissional mais preocupado com a capacitação, com a qualidade e com o respeito às regras. A competitividade é fundamental para se construir um setor voltado para a produtividade e para a qualidade da entrega.
Entrevistado
Alberto Roitman é graduado em direito e em administração, com especialidade nas áreas de recursos humanos, emprego, carreira e comportamento.
Contato
Asaul@overlap.net
alberto@albertoroitman.com
www.albertoroitman.com
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