Nesta década, fib prioriza concreto de baixo carbono

Ponte para pedestres e bicicletas construída sobre o rio Kiku, em Kakegawa-Japão: uma das obras em concreto protendido projetadas pelo novo presidente da fib, Akio Kasuga Crédito: prefeitura de Kakegawa
Ponte para pedestres e bicicletas construída sobre o rio Kiku, em Kakegawa-Japão: uma das obras em concreto protendido projetadas pelo novo presidente da fib, Akio Kasuga
Crédito: prefeitura de Kakegawa

fib (Fédération Internationale du Béton [Federação Internacional de Concreto Estrutural]) tem nova presidência desde 1º de janeiro. O doutor em engenharia Akio Kasuga comanda o organismo no biênio 2021-2022. No Japão, Kasuga liderou o movimento que revolucionou a forma de construir pontes no país. Ele atuou para mudar a cultura japonesa de priorizar as estruturas de aço, trocando-as por concreto protendido de alto desempenho. Em seu currículo, o novo presidente da fib tem mais de 200 obras de arte construídas. No comando da federação, o dirigente anuncia que buscará adequá-la às novas demandas climáticas, disseminando a tecnologia das estruturas com baixa emissão de CO2 e a industrialização do concreto.

Segundo Akio Kasuga, essa será a missão da fib para a década que se inicia. “A fib deverá focar suas atividades para disseminar informações que atendam as demandas das mudanças climáticas. Por exemplo, concreto de baixo carbonoconstrução off-siteconstrução aceleradaestruturas leves e estruturas altamente duráveis são as chaves de nossas tecnologias para a era vindoura. Entendo que é importante mostrar como a fib pode contribuir com a redução das emissões de CO2, apoiando o desenvolvimento e a aplicação das tecnologias de ponta. O concreto é um material essencial para a construção civil. No entanto, não devemos descansar nesta situação. Agir é necessário. Para mim, colocar o vetor da fib nessa direção é um grande desafio”, disse, em entrevista à revista Industrializar em Concreto, publicada pela ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto).

Tecnologias avançadas e técnicas básicas do concreto continuarão coexistindo

O novo presidente da fib demonstra estar convicto de que grandes estruturas vão aumentar a demanda por concretos de alto desempenho e, em alguns casos, de concretos de ultra alto desempenho. "Cada vez mais os concretos de alto desempenho e de elevada performance ocuparão espaço por questões de competitividade e sustentabilidade. Como usuários, projetistas, engenheiros e pesquisadores do concreto, devemos buscar tecnologias de baixo carbono cada vez mais. Esses requisitos serão acelerados e nunca interrompidos. Isso porque as emissões de CO2 do concreto são enormes. Porém, as tecnologias de baixo carbono incluem não apenas seleção de materiais, mas também estruturas, construção e demolição, que são necessárias para a nossa sociedade”, ressalta.

Akio Kasuga frisa ainda que as tecnologias mais avançadas do concreto e as tecnologias básicas do material continuarão existindo, por uma questão econômica. “A tendência para o concreto de alto desempenho é a direção certa, mas para os países desenvolvidos. Já os países em desenvolvimento terão que continuar focados nas tecnologias básicas de concreto e no uso de materiais locais. Ambas irão coexistir, por aspectos que envolvem custos e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), mas requerem atenção”, destaca. Globalmente, o dirigente reforçou que a fib incentivará a tecnologia pré-moldada do concreto, por ela já estar consolidada em um número significativo de países - incluindo o Brasil - e por ser, comprovadamente, auxiliar na redução de emissões de CO2.

O que é a fib

A Federação Internacional de Concreto Estrutural (fib) é uma associação sem fins lucrativos composta por 42 grupos de membros nacionais e aproximadamente 1.000 membros corporativos e individuais. A missão é desenvolver a nível internacional o estudo de questões científicas e práticas capazes de promover o desempenho técnico, econômico, estético e ambiental da construção em concreto. No principal conselho da federação - o fib Presidium -, o Brasil é representado pela presidente-executiva da ABCIC, Íria Lícia Oliva Doniak.

Entrevistado
Reportagem com base na entrevista concedida pelo novo presidente da fib, Akio Kasuga, à revista Industrializar em Concreto, publicada pela ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto)

Contatos
info@fib-international.org 
abcic@abcic.org.br 

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330


Cimento pode se beneficiar da reciclagem de smartphones

A Kimberly E. Kurtis, engenheira civil e especialista em concreto do Instituto de Tecnologia da Georgia, destaca que o consumo de concreto per capita global quase triplicou nos últimos 40 anos. “Mesmo que alguns fabricantes de cimento estejam reduzindo as emissões de CO2 por meio da tecnologia de captura de carbono, usando absorventes sólidos ou sequestrando o gás diretamente no concreto antes que ele se solidifique, não é suficiente para sequestrar o volume de CO2 necessário”, frisa a pesquisadora.

Isso remete a um trabalho cada vez mais intenso para melhorar a eficiência energética do material. Ou seja, para produzir concreto será necessário consumir menos energia e lançar menores volumes de CO2 na atmosfera. O uso de cinzas volantes e escórias de alto-forno no cimento já se mostraram eficazes para a produção de concretos mais sustentáveis, mas a ciência não para de se debruçar sobre novas alternativas. A mais recente vem do Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (Empa) [Laboratórios Federais Suíços para Ciência e Tecnologia de Materiais].

Objetivo da pesquisa suíça é produzir um aglutinante de cimento sem emissão de CO2

Através de um processo metalúrgico de reciclagem de smartphones, os suíços conseguiram separar cálcio, silício, alumínio e ferro para produzir um aglutinante de cimento sem emissão de CO2, o qual poderia substituir o clínquer. Segundo Frank Winnefeld, pesquisador-chefe do laboratório de química do cimento do Empa, é preciso pensar “fora da caixa”, pois no ritmo crescente de produção de concreto não haverá subprodutos suficientes para atender à enorme demanda da indústria de cimento para mitigar as emissões de CO2 e atender as legislações cada vez mais exigentes.

O pesquisador lembra que em um futuro não muito distante as termelétricas serão obrigadas a parar de funcionar, deixando de fornecer os subprodutos de seu principal combustível - o carvão -, que são as cinzas volantes, também conhecidas como pozolanas. “No entanto, o lixo eletrônico certamente continuará crescendo e, além de metais preciosos, esses resíduos contêm também cálcio, silício, alumínio e ferro, que são a base para os aglutinantes de cimento sem CO2”, ressalta Winnefeld. “O próximo passo de nossa pesquisa é utilizar esses materiais na formulação do cimento”, completa.

Além de cálcio, silício, alumínio e ferro, a reciclagem de telefones celulares permite extrair também metais preciosos. Dados do Treehugger - site dos Estados Unidos que contabiliza dados de sustentabilidade -, mostram que para cada 1 milhão de smartphones reciclados é possível recuperar 34 quilos de ouro, 350 quilos de prata, 15 quilos de paládio e 1,6 tonelada de cobre, além de estanho, zinco e platina, que podem ser reutilizados. Os telefones celulares também possuem materiais perigosos, como chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico e bromo. Se lançados em aterros sanitários, esses materiais podem contaminar o ar, o solo e as águas subterrâneas, o que torna a reciclagem ainda mais relevante.

Entrevistado
Frank Winnefeld, pesquisador-chefe do laboratório de química do cimento do Empa (Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology)

Contato
frank.winnefeld@empa.ch 

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330


Uso do BIM agora é lei. Quem está pronto e quem está defasado?

Projeto concebido dentro da ferramenta BIM aumenta produtividade e reduz custo da obra Crédito: STW Architects/Bouygues UK
Projeto concebido dentro da ferramenta BIM aumenta produtividade e reduz custo da obra
Crédito: STW Architects/Bouygues UK

A mais ampla pesquisa sobre o uso do BIM no Brasil mostra quem está preparado para utilizar a modelagem e quem ainda se encontra atrasado perante a tecnologia, apesar de ter se tornado lei no Brasil desde 1º de janeiro de 2021. Mapeamento realizado pela Sienge - desenvolvedora de modelos de gestão para a construção civil -, em parceria com a auditora Grant Thornton Brasil, revela que os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são os que concentram o maior número de empresas já adaptadas ao BIM.

O estudo destaca ainda que projetos de edificações residenciais e obras comerciais, como supermercados e shopping centers, são os que mais utilizam a ferramenta. Escritórios de projetosconstrutoras e incorporadorasconsultorias e indústrias de materiais, componentes e sistemas construtivos também estão entre os que fazem uso do BIM com mais frequência. Mesmo assim, o percentual de quem não utiliza ainda é maior. São 61,6% que não estão adequados à tecnologia e 38,4% já adaptados.

Por outro lado, de 43% a 47% das empresas que participaram da pesquisa, e que ainda não utilizam BIM, disseram que pretendem adotar a ferramenta no prazo máximo de 1 ano ou 2 anos. As companhias mais jovens, com idade entre 1 ano e 10 anos, respondem por cerca de 55,5% das que declaram adotar a tecnologia. O uso da metodologia também é mais comum em companhias que têm entre 9 e 50 colaboradores. Nesses dois segmentos - empresas jovens e com pouco número de profissionais -, incluem-se as construtechs (startups da construção civil).

Saiba quais são as dificuldades alegadas para a implantação do BIM

O estudo mapeou as dificuldades para a implantação do BIM, segundo as empresas pesquisadas. Entre as razões apresentadas estão:

• Barreiras financeiras, quanto aos softwares e equipamentos necessários.
• Barreiras financeiras, quanto aos treinamentos necessários.
• Barreiras organizacionais, quanto à estrutura de colaboradores disponíveis para apoiar o processo.
• Barreiras de mercado, quanto a projetistas aptos ou com custo viável para adoção da metodologia BIM.
• Barreiras de mercado, quanto às construtoras e incorporadoras dispostas a remunerar projetos modelados.
• Falta de retorno ou retorno financeiro muito baixo, inviabilizando a adoção.
• Falta de suporte ou orientação para o processo de implantação da metodologia.
• Falta de incentivo do poder público.
• Baixo convencimento da alta direção sobre a necessidade da adoção da metodologia BIM.

O decreto federal nº 9.377, que estabelece uma estratégia nacional para disseminar o uso da plataforma BIM no Brasil, torna obrigatória a aplicação da ferramenta para projetos de arquitetura e de engenharia submetidos a processos de licitação. A iniciativa pretende aumentar em 10 vezes a utilização da tecnologia no país. A expectativa é de que, até 2024, 50% do PIB da construção civil já esteja adequado à ferramenta. Se esse percentual for atingido, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) estima que haverá aumento de 10% na produtividade e redução média de 20% no custo das obras. A ABDI também projeta que, se metade da cadeia da construção adotar a plataforma até 2028, haverá ganho de 7 pontos percentuais no PIB do setor.

Veja o relatório completo da pesquisa

Entrevistado
Reportagem com base na pesquisa “Mapeamento de Maturidade BIM Brasil”, realizada pela Sienge Plataforma, do grupo Softplan, em parceria com a Grant Thornton Brasil

Contato 
contato@softplan.com.br

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330


Decisão do CONAMA desburocratiza coprocessamento

Coprocessamento de resíduos sólidos em fornos para a produção de clínquer reduz uso de combustíveis fósseis na fabricação de Cimento Portland Crédito: Daniel Castellano/SMCS
Coprocessamento de resíduos sólidos em fornos para a produção de clínquer reduz uso de combustíveis fósseis na fabricação de Cimento Portland
Crédito: Daniel Castellano/SMCS

No final de setembro de 2020, o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) revogou a resolução 264/1999 e, em seu lugar, publicou a resolução 499/2020. Um de seus principais pontos é regulamentar e desburocratizar licenciamento ambiental para fins de coprocessamento em fornos de produção de clínquer. A tecnologia permite substituir a queima de combustíveis fósseis por resíduos sólidos como fonte de energia para a fabricação de Cimento Portland.

Pela nova norma, o uso de diversos tipos de materiais, exceto os radioativos, explosivos e de serviços de saúde, pode ser licenciado pelos organismos ambientais, desde que a queima atenda a determinados limites de emissão de poluentes ou apresente ganho ambiental em comparação ao processamento do coque de petróleo, principal combustível para a produção de clínquer.

Em sua nova resolução, o CONAMA deixa claro que a medida não legaliza a queima de lixo tóxico. A decisão vai ao encontro do esforço da indústria de cimento no Brasil de atingir a meta de substituir gradativamente o coque por outros resíduos em seus fornos. Também é vista pelo setor como um avanço, conforme nota da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento).

“A nova resolução reconhece o amadurecimento das operações de coprocessamento e reflete uma adequação da legislação aos conceitos de economia circular, economia de baixo carbono e uso sustentável dos recursos naturais. Ela deverá impulsionar o coprocessamento dos mais variados resíduos, todos realizados de forma segura, controlada e integralmente alinhada com os objetivos do país”, diz. Dados mais recentes apontam que as 61 fábricas de Cimento Portland instaladas no Brasil coprocessaram 1,5 milhão de toneladas em 2019.

Nova resolução adequa coprocessamento a padrões internacionais

Os organismos ligados à indústria do cimento, à indústria da construção civil, além da Confederação Nacional da Indústria (CNI), consideram que a nova resolução permite melhor aproveitamento de resíduos e se adequa a padrões internacionais de coprocessamento. Por isso, a 499/2020 estabelece que o pedido de licença para coprocessar resíduos em fornos de produção de clínquer apresente a seguinte documentação:

- Estudo de Viabilidade de Queima (EVQ): Licença Prévia (LP)
- Plano de Teste em Branco: Licença de Instalação (LI)
- Relatório de Teste em Branco: Licença de Instalação (LI)
- Plano de Teste de Queima (PTQ): Licença de Operação (LO)
- Relatório de Teste de Queima: Licença de Operação (LO)

A resolução ainda define normas para os critérios e parâmetros quanto aos limites de concentração de poluentes e limites máximos de emissão, assim como o treinamento do pessoal envolvido na atividade de coprocessamento de resíduos e o envio aos organismos competentes dos relatórios de automonitoramento. Para juristas e especialistas em processos ambientais, o que o CONAMA fez foi garantir maior segurança jurídica, afastando normas que extrapolavam os limites da legislação. “O CONAMA simplesmente atualizou as restrições antigas face ao avanço da tecnologia, conforme ocorrido no mundo todo. Não inventou nada. Não relaxou nada”, avalia o engenheiro agrônomo, professor da FGV e ex-deputado federal Xico Graziano.

Acesse a resolução 499/2020

Entrevistados
CONAMA (organismo vinculado ao ministério do Meio Ambiente), ABCP e SNIC

Contatos
imprensa@mma.gov.br 
conama@mma.gov.br 
dcc@abcp.org.br 

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330


Brasil começa 2021 melhor posicionado em infraestrutura

Ponte sobre o rio Guaíba, no Rio Grande do Sul: uma das obras de infraestrutura concluídas pelo MInfra em 2020. Crédito: MInfra
Ponte sobre o rio Guaíba, no Rio Grande do Sul: uma das obras de infraestrutura concluídas pelo MInfra em 2020.
Crédito: MInfra

O Brasil terminou 2020 melhor posicionado em 4 quesitos que ajudam a avançar no ranking global de competitividade. O crescimento aconteceu no setor de infraestrutura de transportes. A eficiência dos serviços aeroviários teve um salto de 18 posições (de 85º para 67º) seguida da eficácia dos serviços portuários, que ganhou 13 colocações (104º para 91º). A qualidade das rodovias brasileiras melhorou 8 postos (116º para 108º) assim como as ferrovias, que avançou uma posição (86º para 85º).  

No Brasil, a pesquisa para o ranking global de competitividade é conduzida pela Fundação Dom Cabral e serve para abastecer os dados do Fórum Econômico Mundial, onde são avaliados 141 países. De acordo com o professor Carlos Arruda, diretor do centro de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, e responsável pelas análises, o debate sobre infraestrutura é fundamental para que o país avance em pautas relevantes para a economia e para a sociedade. 

Segundo o secretário-executivo do ministério da Infraestrutura (MInfra) Marcelo Sampaio, os dados demonstram que há foco noobjetivos traçados. “Estamos trabalhando para melhorar os índices de produtividade e reduzir os custos logísticos, por meio da oferta de infraestrutura de transportes integrada, moderna, segura e eficiente. Sabemos que para atrair investimentos precisamos atuar de forma mais proativa no sentido de melhorar a competitividade nacional”, enfatiza. 

A atuação do ministério da Infraestrutura foi decisiva para que o Brasil avançasse posições no ranking de competitividade. Em 2020, o MInfra entregou 85 obrasNo setor rodoviário, foram 1.259 quilômetros, incluindo a nova Ponte do Guaíba, no Rio Grande do Sul; a duplicação de 43 quilômetros da BR-381, em Minas Gerais50 quilômetros da BR-101, na região nordeste; 37 quilômetros da BR-419, no Mato Grosso do Sul, e 32 quilômetros de pavimentação da Transamazônica (BR-230), no Pará. 

Além das obras rodoviárias, o MInfra também concluiu a ampliação dos aeroportos de Foz do IguaçuPR, FortalezaCE e Campo GrandeMSalém de entregar um novo terminal de embarque no aeroporto de NavegantesSC. Foi concluído também o cais de Atalaia, no Porto de VitóriaES, e outros 6 portos de pequeno porte na região amazônica. O ano de 2020 foi fechado com a concessão de 12 ativos de infraestrutura. Com destaque para os arrendamentos de terminais portuários em Santos-SP e a renovação antecipada dos contratos das ferrovias Malha Paulista, Vitória-Minas e Carajás.  

Isso representa investimento privado superior a 30 bilhões de reais, o que equivale a mais de 3 vezes o orçamento do MInfra do ano passado. “Vamos avançar ainda mais em 2021. Será um ano muito forte em termos de realização de concessões, arrendamentos e desestatizações“, afirma o ministro Tarcísio Gomes de Freitas. 

Confira a lista de obras executadas pelo MInfra em 2020

1. Reforma da pista e revitalização do pátio de aeronaves do aeroporto de UberabaMG

2. Reforma e ampliação do terminal de passageiros do aeroporto internacional de Foz do IguaçuPR

3. Nova sala de embarque do aeroporto de NavegantesSC

4. Reforma e ampliação do aeroporto de FortalezaCE

5. Reformas de ampliação e melhoria do aeroporto de Campo GrandeMS

6. Reforma do pavimento flexível do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia-GO

7. Recuperação do pavimento e revitalização da sinalização horizontal da pista do aeroporto de JoinvilleSC

8. BR-101, em Alagoas: 18 quilômetros de duplicação, viaduto na interseção com a AL-220viaduto no entroncamento com a BR-316 e ponte sobre o rio Jequiá

9. BR-101, no Rio de Janeiro: alça de ligação da ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha

10. BR-367, em Minas Gerais: adequação de ponte sobre o rio Araçui

11. BR-158, no Mato Grosso do Sul: alargamento de 2 pontes sobre os Córregos Palmito e Moeda

12. BR-304, no Rio Grande do Norte: alargamento e recuperação de ponte Felipe Guerra, em Açu

13. BR-101 e BR-262, no Espírito Santo: construção de 2 viadutos em Viana

14. BR381, em Minas Gerais: 42,9 quilômetros de duplicação entre Belo Horizonte e Governador Valadares

15. BR-426, na Paraíba: 7,7 quilômetros de implantação entre Nova Olinda e Santana dos Garrotes

16. BR-349, na Bahia: 88,6 quilômetros de restauração em Bom Jesus da Lapa

17. BR-101, em Sergipe: 17 quilômetros de duplicação entre São José do Cedro e a divisa entre Sergipe e Alagoas18. BR-101, na Bahia: 15 quilômetros de duplicação entre Esplanada e Entre Rios

19. BR-116, no Rio Grande do Sul: 75,8 quilômetros de duplicação entre Guaíba e Pelotas

20. BR-080, em Goiás: 45,1 quilômetros de adequação entre a divisa do Distrito Federal com Goiás e Padre Bernardo

21. BR-163, no Paraná: 22,3 quilômetros de duplicação

22. BR-392, no Rio Grande do Sul: 6,5 quilômetros de duplicação no contorno de Pelotas

23. BR-432, em Roraima: 48,8 quilômetros de pavimentação entre Cantá e Novo Paraíso

24. BR-470, em Santa Catarina: 7 quilômetros de restauração em Campos Novos

25. BR-470, em Santa Catarina: duplicação de 21,4 quilômetros entre Navegantes e Indaial

26. BR-364, no Mato Grosso: adequação de 3 quilômetros da travessia urbana de Rondonópolis

27. BR-262, no Mato Grosso do Sul: 40 quilômetros de restauração entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo

28. BR-230, no Pará: 32 quilômetros de pavimentação entre Itupiranga e Novo Repartimento, incluindo 3 pontes de concreto

29. BR-267, no Mato Grosso do Sul: recuperação de 4,7 quilômetros em Rio Brilhante

30. Construção de IP4 (Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) em ParintinsAM

31. Restabelecimento do sistema de transposição do rio Tucuruí, no Pará

32. Ampliação do TECON (Terminal de Contêineres) em SalvadorBA

33. Ampliação do canal do porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul

34. Reconstrução e retomada das operações da IP4 ((Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) em TuriaçuMA

35. Retomada das operações da IP4 (Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) de CoariAM

36. BR-158 e BR-392, no Rio Grande do Sul: viaduto da Uglione e duplicação de 4 quilômetros em Santa MariaRS

37. BR-135, na Bahia: recuperação de 59 quilômetros entre Barreiras e a Divisa da Bahia com o Piauí

38. BR-242, no Mato Grosso: construção de 8 pontes entre Nova Ubiratã e Santiago do Norte

39. Reconstrução do pátio de aeronaves e reforma da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo-SP

40. BR-364, em Rondônia: 9 quilômetros de recuperação em Pimenta Bueno

41. BR-262, no Mato Grosso do Sul: 16 quilômetros de terceira faixa entre Três Lagoas

42. Construção da IP4 (Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) em ViseuPA

43. Conclusão de melhorias na pista do aeroporto internacional de BelémPA

44. BR-163 e BR-364, no Mato Grosso: construção de 7 quilômetros do contorno de Juscimeira

45. BR-364, em Rondônia: construção do Trevo de Ariquemes

46. BR-364, em Rondônia: 30 quilômetros de restauração entre Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste

47. BR-030, na Bahia: 84 quilômetros de recuperação entre Guanambi e Brumado

48. BR-470, em Santa Catarina: complexo de viadutos da Mafisa

49. BR-235, no Piauí: 26 quilômetros de pavimentação entre Guaribas e Caracol

50. Construção da IP4 (Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) de MauésAM

51. Retomada das operações da IP4 (Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) de ItacoatiaraAM

52. BR-282, em Santa Catarina: 9 quilômetros de recuperação entre Campos Novos e Erval Velho

53. BR-020, no Ceará: viaduto no cruzamento da CE-040 com a CE-010, entre Fortaleza e Eusébio

54. BR-101, no Espírito Santo: 9 quilômetros de duplicação entre Viana e Guarapari

55. BR-146, em Minas Gerais: 10 quilômetros de restauração entre Patos de Minas e Araxá

56. BR-050, em Goiás: 15 quilômetros de duplicação em CatalãoGO

57. BR-282, em Santa Catarina: ligação da rodovia com a avenida Almirante Tamandaré

58. BR-153 e BR-060, em Goiás: restauração de 16,9 quilômetros do anel viário entre Goiânia e Aparecida de Goiânia

59. BR-364, em Rondônia: construção de 2 quilômetros de vias marginais em Porto Velho

60. BR-285, em Santa Catarina: pavimentação de 8,8 quilômetros entre Timbé do Sul e a divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul

61. Construção do cais de Atalaia, no porto de VitóriaES

62. BR-419, no Mato Grosso do Sul: 36 quilômetros de pavimentação entre Rio Verde e Rio Negro

63. BR-116, na Bahia: 9,2 quilômetros de duplicação do acesso entre Santanápolis e Feira de Santana

64. BR-116, no Rio Grande do Sul: viaduto do Arroio do Padre, em PelotasRS

65. BR-282, em Santa Catarina: 12,47 quilômetros de restauração entre Chapecó e São Miguel do Oeste

66. Ampliação do pátio de aeronaves e novo balizamento do aeroporto de Santa Maria, no Rio Grande do Sul

67. BR-163, no Pará: restauração dos trechos entre Altamira e Novo Progresso, Três Bueira e Aruri e Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra

68. BR-135, no Maranhão: restauração de 3,7 quilômetros ente Estiva e Bacabeira

69. BR-020, no Ceará: viaduto em Maracanaú

70. BR-317, no Acre: restauração de segmentos em Capixaba, Epitaciolândia e Brasileia

71. BR-154, em Minas Gerais: pavimentação entre Ituiutaba e Crucilândia

72. Aeroporto de Oriximiná, no Pará: reforma e modernização

73. Aeroporto de Santarém, no Pará: recuperação da cabeceira da pista de pouso e decolagem

74. Construção de 2viadutos sobre a EF-050em Mogi-Guaçu-SP

75. Terminal ferroviário em Porto NacionalTO

76. BR-364, em Rondônia: restauração de 79,8 quilômetros no trecho que passa por Pimenta Bueno, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Jarú e Ariquemes

77. BR-163 e BR-364, no Mato Grosso: construção do contorno rodoviário de São Pedro da Cipa

78Ampliação do cais de atracação do porto de Paranaguá, no Paraná

79. Recuperação do pavimento da pista do aeroporto internacional Eduardo Gomes, em ManausAM

80. Novo terminal do aeroporto de Cascavel, no Paraná

81. Dragagem do rio Madeira, em Porto Velho-RO

82. Construção da nova ponte sobre o rio Guaíba, no Rio Grande do Sul, além do complexo de viadutos e alças de acesso, totalizando 13,6 quilômetros

83. Pavimentação de 45 quilômetros da BR-135, no Piauí

84. Passagem inferior de acesso dBR-285, em BosanoRS

85Dez quilômetros de restauração da BR-472, no Rio Grande do Sul 

Veja balanço do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, sobre as obras em 2020 e projeções para 2021 

Entrevistado
Ministério da Infraestrutura (via assessoria de imprensa)  

Contato
aescom@infraestrutura.gov.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Futuro das cidades passa pelos pré-moldados de concreto

Substituição de calçadas degradadas por estruturas pré-moldadas de concreto é uma das primeiras ações para melhorar a qualidade de vida nas cidades. Crédito: Agência Brasília
Substituição de calçadas degradadas por estruturas pré-moldadas de concreto é uma das primeiras ações para melhorar a qualidade de vida nas cidades.
Crédito: Agência Brasília

Os prefeitos que assumiram seus mandatos em 1º de janeiro de 2021 têm um aliado para enfrentar as demandas relacionadas à transformação de suas cidades nos quesitos mobilidade urbana, saúde, habitação e saneamento básico. Trata-se dos pré-moldados de concreto, que podem viabilizar as mudanças necessárias na infraestrutura dos municípios. Quem faz essa análise é o engenheiro civil Fernando Crosara, gerente-regional da ABCP do Centro-Oeste. Em webinar, ele ressalta os programas da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) que oferecem respostas para os desafios das prefeituras.

Entre eles, Soluções para Cidades, Vias Concretas, Programa de Desenvolvimento Empresarial, Comunidade da Construção e Clube da Reforma. Crosara também destaca que, apesar dos problemas dos municípios brasileiros, existem muitos que estão adotando novos conceitos de urbanização e caminhando no sentido da sustentabilidade e das cidades inteligentes. O gerente-regional da ABCP do Centro-Oeste reforça ainda que os novos prefeitos terão a seu favor um documento recém-lançado pelo ministério do Desenvolvimento Regional, e que vem para balizar a evolução das cidades.

É a Carta Brasileira de Cidades Inteligentes. Resumidamente, ela busca criar um padrão de desenvolvimento urbano sustentável, associada à transformação digital nas cidades. Para atingir as metas traçadas no documento, elenca os 6 problemas crônicos da urbanização brasileira, que são déficit habitacional, desemprego, concentração de pobreza, trânsito caótico, alta produção de lixo, violência e poluição do ar, dos rios e do solo, e aponta soluções. Entre as respostas, algumas já estavam inseridas nos programas da ABCP, no âmbito da mobilidade urbana, do saneamento básico e da habitação.

Cidades não passam por transformações de uma hora para outra

Fernando Crosara ressalta que uma cidade não passa por uma transformação de uma hora para outra. “É preciso dividi-la em camadas. A primeira delas está relacionada com as pessoas. Tem que entender como elas vivem, quais seus problemas, suas vocações e o que buscam para o futuro da cidade. Em seguida vem o subsolo. O município possui um plano-diretor de seu subsolo, para definir como funcionam as redes de água e esgoto, a telefonia, a energia elétrica e outros serviços? E um plano-diretor do solo? Sem ele não se chega à desejada reurbanização”, explica o engenheiro civil.

O especialista cita também outros dois passos que devem ser dados por municípios que almejam, além de uma readequação urbana, caminhar no sentido de se tornar uma cidade inteligente. Neste caso, eles precisam pensar em infraestrutura tecnológica e na integração de todos os sistemas via IoT (Internet das Coisas). “A maioria das cidades brasileiras está longe dessas metas, mas os pré-moldados de concreto desenvolvidos dentro das plataformas da ABCP têm sistemas viáveis para ajudar nessa transformação”, assegura o gerente-regional do Centro-Oeste.

Assista ao vídeo completo do webinar

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Melhorando a qualidade dos pré-moldados de concreto para a urbanização das cidades”, promovido pela ABCP regional Centro-Oeste

Contato
abcpco@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Revisão da ABNT NBR 6118 é a mais esperada de 2021

Sob a coordenação da engenheira civil Suely Bueno, e tendo como secretário o engenheiro civil Alio Kimura – ambos integrantes da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) -, a comissão de revisão encerrou o prazo para receber sugestões em 31 de dezembro de 2020. Ocorreram 108 propostas, que seguirão em análise antes que a ABNT NBR 6118 vá definitivamente para consulta pública. Em palestra no Concrete Show Xperience, que aconteceu no ano passado, Alio Kimura revelou quais as principais novidades que devem ser agregadas à revisão da norma.

Entre as possíveis mudanças, estão as que abordam a avaliação de conformidade do projeto e o uso indiscriminado do controle rígido dos cobrimentos. Também serão excluídas algumas tabelas redundantes e melhoradas fórmulas de cálculos, especificações e simbologias. No item “imperfeições globais” optou-se por uma definição mais clara. Da mesma forma, deverá ser revisada parte do texto de “estruturas de nós fixos e estruturas de nós móveis”. Idem para os itens sobre “consideração aproximada de não-linearidade física”.

Haverá ainda a retirada de parte da definição de sapatas flexíveis, a fim de evitar subjetividade. “Existem várias outras modificações e estimamos mais cinco reuniões para analisar as sugestões finais antes de encaminhar a revisão para consulta pública”, comenta Alio Kimura. “Não haverá alterações impactantes. O que se espera dessa revisão são melhorias e ajustes pontuais, reforçando a maturidade da norma. Obviamente, futuras revisões virão, quando poderemos abordar questões como sustentabilidaderobustez, novos materiais e melhorias dinâmicas, entre outros temas”, completa. Uma possível data para a publicação da nova ABNT 6118 seria 15 de julho de 2021.

História da norma coincide com a fundação da ABNT, em 1940

A norma nasceu em 1940, e se confunde com a fundação da ABNT. Surgiu com o nome de NB-1 (Norma Brasileira Número 1). Depois evoluiu para NBR 6118, recebendo atualizações em 1960, 1978, 2003 e 2014. Atualmente, ela abrange vários segmentos da engenharia civil, indo de projetistas a construtores até fabricantes. Também engloba uma ampla gama de obras, como a construção de residências, pontes, viadutos e barragens de hidrelétricas. Vale destacar que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma norma técnica própria para estruturas de concreto.

Após a mais recente revisão, a ABNT NBR 6118:2014 foi reconhecida pela ISO (International Organization for Standardization) como norma de padrão internacional pela ISO/TC71 por atender aos requisitos da ISO 19338 – “Performance and assessment requirements for design standards on structural concrete”. O documento estabelece os parâmetros mundialmente aceitos para as normas de projeto de concreto estrutural, conferindo à norma-mãe a oportunidade de ser aceita em todo o mundo.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Revisão da NBR 6118: a visão de quem entende do tema”, concedida dentro da Concrete Show Xperience pelo engenheiro civil Alio Kimura, secretário da comissão da ABNT que cuida da atualização da norma técnica

Contato
atendimento.concreteshow@informa.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Norma brasileira para prevenir etringita tardia dá 1º passo

Dormente de concreto com etringita tardia e reação álcali-agregado: patologias podem ocorrer simultaneamente em estruturas. Crédito: LNEC
Dormente de concreto com etringita tardia e reação álcali-agregado: patologias podem ocorrer simultaneamente em estruturas.
Crédito: LNEC

Em uma das reuniões-técnicas de 2020, o IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) decidiu pela elaboração de um guia com medidas preventivas contra a formação de etringita tardia. “Será formado um comitê para a edição do guia, e, paralelamente, a ideia é que seja trabalhado um documento dentro da ABNT/CB-018 (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados) para resultar em uma futura norma”, revela o geólogo Arnaldo Forti Battagin, gerente de tecnologia da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). 

No final de 2020, ao conceder videoaula para o canal da ABCP no YouTube, Arnaldo Battagin disse da importância dessa medida. “Não existe norma técnica brasileira para prevenção da DEF. Atualmente, a ABCP se baseia em guias da França e de Portugal, elaborados pelo LCPC (Laboratoire central des ponts et chaussées) [Laboratório Central de Pontes e Estradas]) e pelo LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil)”, comenta. Esses guias destacam 6 ações preventivas importantes:

– Limitar temperatura máxima do concreto e da cura (o LCPC define 3 níveis de prevenção).
– Evitar contato da estrutura com água e umidade.
– Limitar teores de sulfato e C3A no cimento.
– Limitar teor de álcalis no concreto.
– Realizar ensaios de desempenho de traços (ciclos térmicos).
– Controlar teor de hidróxido de cálcio (usar adições). 

Mas o que é a etringita tardia? Resumidamente, trata-se de uma patologia do concreto de difícil diagnóstico, e que é causada pela reação química dos sulfatos presentes dentro do material. No longo prazo, pode causar danos irreversíveis às estruturas por ela atingidas. Conhecida internacionalmente como DEF (Delayed Etringite Formation [formação de etringita tardia]) a patologia é diferente da Reação Álcali-Agregado (RAA) mas em condições de campo elas se confundem. “São muito similares e podem induzir a diagnósticos incorretos. Além disso, os fenômenos podem ocorrer simultaneamente”, explica Arnaldo Battagin. “Por isso, um diagnóstico mais preciso deve ser feito em laboratório”, completa. 

Patologia foi descoberta nos anos 1980 e hoje se sabe que existem 3 tipos de etringita  

Descoberta nos anos 1980, na Alemanha, a etringita tardia passou a ter repercussão internacional em 1987, na Inglaterra, após a patologia ser diagnosticada em dormentes de concreto de linhas férreas expostas às intempéries. A partir daí, os estudos se aprofundaram e hoje se sabe que existem 3 tipos de etringita. Além da tardia, a secundária e a primária. “Ataques de sulfatos ocasionados pelo ambiente geram a etringita secundária, que também é de longo prazo. Já a etringita primária ocorre nas primeiras horas de hidratação do concreto”, diz Battagin. 

Em sua mais recente revisão, de 2015, a ABNT NBR 12655 (Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento) recomenda usar cimentos resistentes a sulfatos, na prevenção contra etringita tardia. Mas essa norma técnica não traz um aprofundamento sobre como prevenir a DEF, como faz a ABNT NBR 15577-1 (Agregados – Reatividade álcali-agregado) com relação à manifestação de RAA. Além disso, em sua videoaula Arnaldo Battagin salienta que a Reação Álcali-Agregado não depende só do traço do concreto e de seus agregados, mas também das condições de exposição da estrutura, seu tipo e suas dimensões.  

Por tudo isso, explica o geólogo, é importante o Brasil ter uma norma específica de prevenção contra a etringita tardia, assim como tem uma que orienta como se precaver da RAA. Por fim, ele destaca onde não se pode aceitar em hipótese alguma a ocorrência da DEFA patologia deve ser evitada em estruturas para usinas nucleares, barragens, túneis e dormentes de vias férreas, além de pontes e viadutos construídos em condições e em ambientes excepcionais”, conclui. 

Assista à íntegra da videoaula

Entrevistado
Reportagem com base na videoaula “Prevenção de fenômenos expansivos no concreto. Formação da etringita tardia”, concedida pelo geólogo Arnaldo Forti Battagin, gerente de tecnologia da ABCP 

Contato
cursos@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Casa Verde e Amarela terá concurso de projetos em 2021

Casa Verde e Amarela está em fase de transição do Minha Casa Minha Vida e em 2021 só passará a aceitar projetos concebidos na plataforma BIM. Crédito: Agência Brasil
Casa Verde e Amarela está em fase de transição do Minha Casa Minha Vida e em 2021 só passará a aceitar projetos concebidos na plataforma BIM.
Crédito: Agência Brasil

O Casa Verde e Amarela vai lançar no 1º semestre de 2021 um concurso público, para que engenheiros civis e arquitetos apresentem projetos inovadores que ajudem a melhorar a qualidade, a produtividade e a sustentabilidade das moradias financiadas pelo programa habitacional. A informação é da arquiteta e urbanista Rhaiana Bandeira Santana, nova coordenadora do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) e secretária-executiva do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH).  

O anúncio do concurso aconteceu durante a participação da integrante do governo federal na edição virtual do 92º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção). O concurso também vai buscar sistemas construtivos inovadores. “Assumi o PBQP-H em abril deste ano (2020) e ainda estamos em fase de transição do Minha Casa Minha Vida para o Casa Verde Amarela. Mas uma das novidades será a realização do concurso para qualificar as futuras habitações que vierem a ser construídas dentro do programa”, diz Rhaiana Bandeira Santana. 

A gestora do PBQP-H revela que será dada prioridade aos projetos que atenderem conceitos de construção sustentável, como reúso de água e eficiência energética. Outra novidade do Casa Verde e Amarela para 2021 é que, a partir do próximo ano, o programa só vai contratar projetos que sejam apresentados na ferramenta BIM. Decreto assinado em abril de 2020 torna obrigatório o uso da tecnologia em obras públicas de qualquer natureza. “É compromisso da Secretaria Nacional de Habitação (SNH) disseminar e induzir o uso do BIM nos projetos de habitação de interesse social”, afirma a arquiteta.  

A implantação do BIM em projetos relacionados com o Casa Verde e Amarela será em 3 etapas. Na primeira fase, envolverá estruturahidráulicaaquecimentoventilação e ar condicionado e elétrica. A partir de janeiro de 2024, o BIM deverá ser utilizado na execução e na gestão de obras. Por fim, em 2028, será obrigatório no gerenciamento e na manutenção do empreendimento após a construção, desde que o projeto tenha sido desenvolvido dentro da plataforma. 

Qualificar os materiais de construção usados nas edificações é outra meta do programa  

Gestão do programa Casa Verde e Amarela é feita dentro do ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo ministro Rogério Marinho. Crédito: Marcos Côrrea/PR
Gestão do programa Casa Verde e Amarela é feita dentro do ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo ministro Rogério Marinho.
Crédito: Marcos Côrrea/PR

Rhaiana Bandeira Santana também revela que outra meta do PBQP-H é fazer com que 90% das empresas contratadas para atuar no Casa Verde e Amarela utilizem materiais de construção em conformidade com as normas técnicas. Desde a criação do programa, em 1998, o percentual vem subindo. Nos anos 1990, a conformidade atingia 40% das obras. Atualmente, está em 82%. O PBQP-H também conta atualmente com 1.984 construtoras credenciadas para atuar no Casa Verde Amarela e que utilizam materiais dentro da conformidade. “A construtora certificada torna-se indutora da melhoria de qualidade e influencia as demais”, comenta a coordenadora. 

Dentro do PBQP-H existem três sistemas para avaliar e qualificar métodos construtivos e materiais de construção. São o SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas e Serviços e Obras da Construção Civil), o SiMAC (Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos) e o SiNat (Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores). 

Tanto o PBQP-H quantos seus sistemas avaliadores e de controle de qualidade foram mantidos no Casa Verde e Amarela. Dia 4 de dezembro, a medida provisória (MP) que criou o novo programa passou na Câmara e no dia 8 de dezembro foi aprovada no Senado, indo à sanção presidencial para se tornar lei.      

Entrevistado
Reportagem com base nas informações passadas dentro do painel “O impacto de normas, certificações e programas de qualidade sobre os materiais”, realizado na edição virtual do 92º ENIC 

Contato
snh@mdr.gov.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção comemora juro baixo e prevê crescer 3,8% em 2021

Ciclo contratado na construção imobiliária garante bom volume de obras para 2021. Crédito: Banco de Imagens
Ciclo contratado na construção imobiliária garante bom volume de obras para 2021.
Crédito: Banco de Imagens

O que esperar de 2021? Essa é a pergunta que todos os segmentos ligados à cadeia produtiva da construção civil estão fazendo. Com a possibilidade de o Brasil iniciar uma vacinação em massa contra a epidemia de COVID-19 ainda no primeiro semestre do próximo ano, o que se percebe entre os organismos representativos do setor é que existe um otimismo moderado. As recentes projeções coordenadas pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) confirmam isso. Um dos dados mais relevantes é que o PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil deverá crescer 3,8% em 2021. 

O que leva a essa previsão positiva são os lançamentos de empreendimentos que estão saindo do papel. Por conta dos juros baixos, a construção imobiliária ficou com estoque muito reduzido e, diante da alta demanda, acelerou a execução de obras. “Boa parte do crescimento projetado para 2021 será para atender os contratos firmados em 2020”, avalia o presidente do SindusCon-SP, Odair Senra. A coordenadora de projetos da construção do FGV IBRE confirma a análise. “Há um ciclo contratado na construção, com obras que entrarão em atividade. A preocupação é com a sustentação desse ciclo de crescimento”, completa a economista Ana Maria Castelo. 

O que os empreendedores do setor mais temem é que o governo federal não consiga implementar as reformas necessárias e, consequentemente, não possa sustentar os juros baixos. Essa preocupação foi exposta pelo presidente do conselho administrativo da MRV Engenharia, o engenheiro civil Rubens Menin, durante painel realizado na edição virtual do 92º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção). O empresário comemora o fato de, em plena pandemia, o país ter conseguido reduzir as taxas de juros, o que permitiu um crescimento surpreendente no volume de negócios do mercado imobiliário, mas tem receio de que a construção tenha que voltar a pisar no freio.  

“O juro baixo é extremamente inclusivo, pois permite acesso de um grande número de pessoas à casa própria. Porém, ele precisa ser sustentável e tem um fantasma que pode ameaçá-lo em 2021: a inflação. Para que isso não ocorra, e para que a construção civil não tenha mais um voo de galinha, as reformas são fundamentais. Além disso, não é hora da construção civil ter de pisar no freio novamente. Pelo contrário, ela precisa dobrar de tamanho em um país que tem tanta carência de obras. Temos de modernizar a agenda do Brasil com as reformas, porque o mundo está se modernizando e não podemos ficar para trás”, afirma Menin.  

Há indicativos de que 2021 possa assegurar crescimento sustentável do setor 

Para Rodrigo Navarro, presidente-executivo da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), se existem temores também há sinais de que se pode alcançar um crescimento sustentável em 2021. “Com muito trabalho, estamos retomando o crescimento que tivemos nos dois anos anteriores (2018 e 2019). Este ano tem sido de desafios e superações. Porém, a demanda alta no varejo, o aquecimento da construção imobiliária e o lançamento do programa Casa Verde e Amarela trazem indicativos de que poderemos ter sustentabilidade do crescimento em 2021″, observa. 

Geraldo Defalco, presidente da Anamaco (Associação Nacional de Comerciantes de Material de Construção) coloca mais um ingrediente, que, segundo ele, tende a sustentar o crescimento em 2021. “Trata-se da consolidação da venda digital, que já alavancou o varejo durante a pandemia e tem condições de manter as vendas em um cenário positivo”, diz, ao participar de recente fórum virtual da Anamaco (Desenhando cenários e construindo caminhos para o MATCON em 2021). Por fim, o presidente do SNIC/ABCP (Sindicato Nacional da Indústria de Cimento e Associação Brasileira de Cimento Portland), Paulo Camillo Penna, consolida o sentimento de otimismo moderado do setor. “Acreditamos que o bom desempenho deve continuar, mas a médio prazo ainda contamos com um horizonte de incertezas”, conclui.     

Entrevistados
SindusCon-SP, AbramatAnamaco, SNIC/ABCP, FGV IBRE e opiniões empresariais dentro do 92º ENIC (via assessoria de imprensa) 

Contatos
sindusconsp@sindusconsp.com.br
abramat@abramat.org.br
press@anamaco.com.br
dcc@abcp.org.br
snic@snic.org.br
ascom@cbic.org.br
assessoria.fgv@insightnet.com.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330