Concreto especial sustenta nova estação do Brasil na Antártica

Fundações da base recentemente inaugurada utilizam o CUAD e suportam ventos acima de 100 km/h, e até terremotos
20 de março de 2019

Concreto especial sustenta nova estação do Brasil na Antártica

Concreto especial sustenta nova estação do Brasil na Antártica 520 310 Cimento Itambé
Comandante Ferraz

Base brasileira na Antártica: nova Comandante Ferraz é a mais moderna entre as estações que pesquisam o pólo sul. Crédito: MCTIC

Em 11 de março de 2019 foi inaugurada a nova base de pesquisa do Brasil na Antártica. A antiga estação Comandante Ferraz foi destruída por um incêndio em 2012. A estrutura substituta é futurista, inovadora e atende a elevados parâmetros de segurança contra fogo, desempenho térmico e acústico, além de ter sido erguida sob conceitos de sustentabilidade. A tecnologia em construção civil também se fez presente, mas foi importada. A estatal chinesa CEIEC, cuja especialidade é construir em condições adversas e em ambientes inóspitos, foi contratada para executar o projeto arquitetônico do escritório brasileiro Estúdio 41.

O investimento para reconstruir a nova estação Comandante Ferraz em 540 dias superou os 370 milhões de reais, dos quais mais de 150 milhões de reais foram gastos apenas com a logística para transportar os materiais de construção para o pólo sul. Também foram deslocados para o canteiro de obras 250 operários e engenheiros do nordeste da China, onde as temperaturas se aproximam das registradas na Antártica. Acostumados a trabalhar no frio extremo, eles utilizaram maquinários especiais para escavar a neve a 80 metros de profundidade, até encontrar terreno rochoso para fixar as fundações. As perfurações foram preenchidas com Concreto de Ultra-Alto Desempenho (CUAD) de 500 MPa de resistência e VUP (vida útil de projeto) de 200 anos.

A opção pelo CUAD se deu por causa dos fortes ventos que atingem a região onde está localizada a Comandante Ferraz, e que podem ultrapassar os 100 km/h, e também por causa do risco de abalos sísmicos. A estação está encravada nas fundações através de palafitas de aço especial, também projetadas para suportar baixíssimas temperaturas e fortes ventos. “A precisão do projeto atinge o nível de fabricação de relógios suíços”, explica a engenheira civil Cao Hong, chefe do projeto-executivo da nova base brasileira na Antártica. “A construção é um projeto turnkey total. Transformamos o projeto confiado a nós em uma base encravada em um monolito de concreto na Antártica, gerenciando toda a cadeia de fornecimento de material, equipamentos, logística e do canteiro de obras no local”, completa.

Países do BRICS poderão usar a Comandante Ferraz para pesquisas

Parte dos recursos da Comandante Ferraz foi bancada pelos demais países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que também poderão usar a estação para pesquisas. A China já possui quatro bases na Antártica: Great Wall, Zhongshan, Kunlun e Taishan. A Kunlun, por exemplo, está localizada a 4.093 metros acima do nível do mar, e é a mais alta das estações no continente polar. Também foi construída pela CEIEC. Porém, a Comandante Ferraz é a mais moderna e confortável hoje em operação na Antártica. Com 32 alojamentos, ela comporta até 64 pessoas. O design coloca os quartos na parte superior de duas estruturas, juntamente com uma sala de vídeo, um cybercafé, uma sala de conferências e uma biblioteca. O bloco inferior abriga os 17 laboratórios, garagens e armazéns centrais.

O projeto faz parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Criado em 1982, realiza, em média, 20 projetos de pesquisas por ano, nas áreas de oceanografia, biologia marinha, glaciologia, geologia, meteorologia e arquitetura, além de permitir à Marinha do Brasil, com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), realizar uma das maiores operações de apoio logístico, em termos de complexidade e distância.     

Veja vídeo sobre a construção da nova estação Comandante Ferraz

Entrevistados

China National Electronics Import & Export Corporation (CEIEC) e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) (via assessorias de comunicação)

Contatos
ccs@aeb.gov.br
cccemservice@cccme.org.cn

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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