Micros da construção civil ganham programa inédito

Sebrae, Fiep e SindusCon-PR levarão gestão, qualificação e inovação às pequenas construtoras e fabricantes de artefatos de cimento da Grande Curitiba

Por: Altair Santos

Na década passada, a taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas (MPEs) ligadas à construção civil girava em torno de 62% - contando do prazo de abertura até o período de dois anos. De 2010 para cá, o número cresceu. Hoje, de cada 100 MPEs que se lançam no mercado, 66% rompem a barreira dos dois anos, segundo dados do Departamento Nacional de Registro Comercial (DNRC) ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, e Comércio Exterior (MDIC).

Adriana Kalinowski, do Sebrae: responsável por mapear as necessidades do setor.

Apesar do aumento de 4% na taxa de sobrevivência, o segmento da construção civil ainda segue atrás de outros setores que também atraem micro e pequenas empresas. Como o comércio, onde a taxa é de 74,1%, e o de serviços, com 71,7%. Atento a esses números, o Sebrae lançou recentemente o Programa Construção Competitiva 2013. A princípio, será testado em Curitiba e região metropolitana. O objetivo é levar inovação e tecnologia à cadeia produtiva, acoplada a modelos de gestão e empreendedorismo.

Em parceria com a Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e o SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná) o programa começará atendendo setores específicos da cadeia produtiva, entre eles cerâmico, construtoras, escritórios de engenharia e arquitetura, lajes, pré-moldados e artefatos de cimento. "Estes são os setores mais carentes e que têm maior demanda em termos de desenvolvimento empresarial. Vamos focar as empresas que têm potencial de desenvolvimento dentro de cada uma dessas áreas", explica Adriana Kalinowski, gestora do programa de competitividade do Sebrae.

A princípio, o Construção Competitiva terá como prioridade os empresários do setor. Durante as etapas do programa, aqueles que se credenciarem receberão, por exemplo, aulas de gestão. "Todo o nosso trabalho é focado na gestão empresarial e no aumento da competitividade, através da melhoria de qualidade e da produtividade", completa Adriana Kalinowski, lembrando que há cinco anos o Sebrae já atua com 80 empresas paranaenses da construção civil, desenvolvendo trabalho semelhante, e que, através da parceria com Fiep e SindusCon-PR, esse número tende a aumentar.

Ao aderir ao programa, os empresários terão acesso a uma série de soluções empresariais, que contam com a experiência e a expertise das entidades envolvidas. "Serão ações focadas na inovação, na gestão ambiental e sustentabilidade, por exemplo. Outra questão importante que será trabalhada no programa é com relação ao grau de competitividade em que as empresas paranaenses se encontram. Vamos medir como está o patamar competitivo das empresas que participarem", complementa a gestora do Sebrae.

Segundo o SindusCon-PR, as estatísticas mostram que as MPEs da construção civil, na maioria das vezes, nascem seguindo o seguinte princípio: o funcionário vira empreiteiro, o empreiteiro abre uma empresa e a empresa inicia os serviços, normalmente com pouca ou nenhuma organização e com método copiados, quando não, incorporados pelas experiências vividas em trabalhos anteriores. "Mudar esse cenário é a missão do programa”, diz o assessor técnico do sindicato, Ivanor Fantin Júnior, resumindo as virtudes do Construção Competitiva. "Nele, haverá convivência efetiva com a inovação, troca de experiências e, principalmente, evolução sistemática da cadeia produtiva”, afirma. A expectativa é que o programa entre efetivamente em vigor até o final do 1º semestre de 2013.

Entrevistados
Adriana Kalinowski, consultores e gestora do Programa de Competitividade Sebrae-PR, e
Ivanor Fantin Júnior, assessor técnico do SindusCon-PR
Currículos
- Adriana Kalinowski é designer, consultora e gestora do Programa de Competitividade Sebrae-PR.
- Ivanor Fantin Júnior é graduado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
- Atualmente atua como assessor técnico do SindusCon-PR
Contatos: sebrae@pr.sebrae.com.br / engenharia@sindusconpr.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Novo consumidor muda loja de material de construção

Empresário do setor precisa estar atento, desde o layout do estabelecimento até a qualificação constante de seus vendedores

Por: Altair Santos

Em sua 19ª edição, a Feicon Batimat 2013 trouxe, entre seus seminários, um que monopolizou os donos de lojas de material de construção. O tema era: "Você está preparado para fazer sua loja de material de construção crescer?”. O evento, que agregou várias palestras entre 12 e 13 de março, abordou assuntos como liderança, exposição de produtos, utilização das redes sociais, relacionamento e qualificação de vendedores. Promovido pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) o objetivo foi mostrar o quanto o varejo precisa estar preparado para mudar e atender o consumidor.

Cláudio Elias Conz, da Anamaco: consumidor busca qualidade, tecnologia e preço.

Para o presidente da Anamaco, Cláudio Elias Conz, hoje quem entra numa loja para comprar material de construção se comporta da mesma forma como um consumidor que vai a um ponto de venda de eletroeletrônicos. "A busca por novidades é igual. A tecnologia, a variedade e o conforto fazem parte da decisão de compra da mesma forma", afirma, completando que há um novo consumidor e que é preciso se adaptar a ele. "O cliente está cada vez mais exigente. Cada vez mais ele pesquisa, procura entender do produto, seja dentro da própria loja ou por meio da internet ou de seu smartphone", analisa.

Segundo Conz, o desafio do lojista atualmente é oferecer sempre a melhor experiência de compra aos clientes. "É necessário ter uma loja com produtos de qualidade e com as novidades do mercado, todos com preços acessíveis. Ter o estabelecimento sempre limpo e organizado também é importante. Oferecer um ambiente agradável fará com que o cliente tenha prazer em voltar. Vitrines bem decoradas vendem mais. Iluminação e bom atendimento também. Tudo isso conta", explica, lembrando que a Loja Escola do Varejo da Anamaco prepara os lojistas para essa nova realidade do mercado.

Feicon Batimat 2013: evento é referência para lojistas entenderem o consumidor da construção civil.

No entender do especialista, o desejo do consumidor por novidades no setor de material de construção não está apenas relacionado a produtos de acabamento, mas aos insumos também. "Se ele sabe que a Itambé vende cinco tipos de cimento, e que esse produto vai agregar qualidade à sua obra, ele vai querer se informar e comprar. Hoje, três pilares sustentam o novo consumidor: qualidade, tecnologia e preço, isso independentemente do produto", garante.

Na Feicon Batimat 2013 foi possível comprovar a preocupação dos lojistas com essa tendência. Mais de 130 mil donos de estabelecimentos, profissionais de venda e fornecedores estiveram na feira, que reuniu 1.030 marcas nacionais e internacionais no centro de convenções Anhembi, em São Paulo. "A Feicon é a grande vitrine propulsora de nosso setor. Ela traz produtos, tendências, soluções e lançamentos. Reúne em um único local o maior número de expositores de todas as partes do mundo, gerando networking e negócios. É o local ideal para se detectar o que o consumidor vai querer daqui para frente", resume Cláudio Elias Conz.

Entrevistado
Cláudio Elias Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)
Currículo
- Cláudio Elias Conz é presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), do Sindicato do Comércio Atacadista de Materiais de Construção do Estado de São Paulo (Sincomaco), do Instituto Brasileiro de Serviços e Terceirização na Construção e na Habitação (IBSTH) e do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação – ligado ao Ministério das Cidades (CTECH)
- É também membro do Conselho Curador do FGTS, representando a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e presidente da Câmara da Construção da Fecomércio de São Paulo
Contato: presidencia@anamaco.com.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Congresso prepara setor para concessões de rodovias

Brazil Road Expo terá debates entre poder público e área privada, além de seminários voltados a difundir novas tecnologias para a construção de estradas

Por: Altair Santos

No começo de fevereiro de 2013, o governo federal divulgou novas regras para atrair capital privado à infraestrutura rodoviária do país. O plano de concessões permite 30 anos de exploração das estradas, através de pedágio, amplia o financiamento de linhas de crédito para até 25 anos e dá prazo de carência de 5 anos para as empresas que forem captar recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal. São medidas com as quais espera-se que, finalmente, as concessões de rodovias decolem. O termômetro para medir se o poder público e as empresas começam a falar a mesma língua será o Brazil Road Expo, que acontece de 19 a 21 de março, em São Paulo.

Guilherme Ramos: concreto vai dominar seminário sobre pontes.

O evento atrairá a administração pública para debater soluções que modernizem a malha rodoviária nacional. Por isso, paralelo à feira, ocorrerá o II Fórum Nacional de Investimentos em Rodovias, e que contará com a presença de autoridades do setor, como Marcelo Perrupato (Secretário de Políticas Especiais de Transportes, do ministério dos Transportes) José Alberto Pereira Ribeiro (presidente da Associação Nacional de Obras Rodoviárias - ANEOR) e Jorge Fraxe (diretor-geral do Dnit). "O envolvimento de toda a esfera da administração pública gera um efeito positivo nos players dos segmentos interessados em ver o país dar um salto de qualidade em suas rodovias", diz Guilherme Ramos, diretor da Brazil Road Expo.

Nos três dias do evento, além da feira que mostrará novas tecnologias e equipamentos voltados à construção de rodovias, ocorrerá o Brazil Road Summit - congresso que debaterá as melhores práticas construtivas para o setor. A exemplo do que já ocorreu nas duas edições anteriores (2011 e 2012) as obras em concreto terão espaço relevante no encontro. "Neste ano, teremos um seminário sobre pontes, que abordará os principais assuntos do segmento, desde o projeto até o monitoramento das obras de arte", explica Guilherme Ramos. Entre os palestrantes deste seminário, estarão o presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) Túlio Nogueira Bittencourt e o consultor espanhol Hugo Corres, da FHECOR Ingenieros Consultores.

Brazil Road Expo: entre feira e seminários, evento deve atrair 12 mil especialistas em construção de rodovias.

A expectativa dos organizadores do Brazil Road Expo é que o evento atraia 12 mil profissionais da área e gere cerca de R$ 500 milhões em negócios. Estima-se que boa parte dos equipamentos vendidos na feira atendam a chamada linha amarela - máquinas para construção de rodovias, como pavimentadoras, retroescavadeiras e motoniveladoras. O setor prevê crescimento nas vendas de 12,5% em 2013, já preparando-se para futuras obras em rodovias federais. A expectativa é que os primeiros leilões atendam trechos da BR-101 (Bahia), da BR-262 (Belo Horizonte-MG - Vitória-ES), das BRs 163, 262 e 267 (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e das BRs 060 e 153 (Brasília, Goiás e Tocantins).

Saiba mais sobre o Brazil Road Expo: clique aqui.

 

Entrevistado
Guilherme Ramos, diretor da Brazil Road Expo
Currículo
- Guilherme Ramos é graduado em engenharia civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2002) e diretor da Quartier Feiras, desde 2010
Contato: imprensa@brazilroadexpo.com.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Vídeo apresenta processo industrial da Itambé

Filme mostra como se fabrica cimento com tecnologia de ponta, ao mesmo tempo em que reforça a vocação da Companhia em compartilhar conhecimento

Por: Altair Santos

A Cia. de Cimento Itambé acaba de lançar um vídeo onde é mostrado todo o processo industrial que envolve a fábrica localizada no município de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba. O produto é mais do que uma peça publicitária dedicada a clientes e fornecedores. Didático, funciona como uma verdadeira aula sobre produzir cimento com conceitos modernos e ecoeficiência. Por isso, destina-se também a estudantes das áreas ligadas à mineração e à engenharia, assim como a qualquer pessoa interessada em saber como se fabrica um dos produtos mais consumidos no planeta: o cimento.

Lycio Vellozo: objetivo é compartilhar conhecimento com o mercado da construção civil.

Trata-se de mais um passo da Itambé em seu processo contínuo de compartilhar conhecimento. "Nosso objetivo é proporcionar novas ferramentas de conhecimento, úteis ao mercado da construção civil”, comenta Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, elencando outras ferramentas importantes da empresa no cumprimento desse papel. Como o Massa Cinzenta, que foi reformulado em novembro de 2012, ampliando as áreas de informação e priorizando a interatividade com seu público. Além disso, a Companhia também se preocupa em fornecer ferramentas que auxiliem na utilização eficiente do cimento, lançando o APP Cimento - disponível para smartphones e tablets.

Este filme é uma iniciativa que envolveu o departamento de marketing e a assessoria técnica, além da colaboração de outros setores da empresa. Como o coordenado pelo engenheiro químico Dair Favaro Junior, gerente industrial da Itambé, para quem o novo vídeo evidencia a preocupação da Companhia em ser transparente em seu processo industrial. "A Itambé já divulga em seu site os resultados dos testes laboratoriais realizados com os produtos. Com esse vídeo, que mostra como é fabricado o cimento, a Companhia apenas está reafirmando sua transparência perante o mercado da construção civil. Assistindo ao vídeo, nosso público fica sabendo de todos os cuidados que a Itambé tem com a mineração, com a escolha das matérias-primas, com a produção de clínquer e com o produto final, que é o cimento", garante.

Dair Favaro Junior: o vídeo reafirma posição da Itambé em ser transparente em seu processo industrial.

O novo vídeo também mostra toda a tecnologia que envolve o processo industrial da Itambé. Desde maio de 2012, a cimenteira inaugurou sua nova linha de produção que, como define Dair Favaro Junior, é o estado da arte em termos de equipamentos. "Isso possibilita à Companhia, que hoje produz cinco tipos de cimento, ampliar seu portfólio de acordo com a necessidade do mercado. Além disso, permite uma produção mais ecoeficiente. Diria que a nova linha quadriplica nossa capacidade de coprocessar resíduos industriais, utilizando-os como combustíveis alternativos", diz o gerente industrial.

Criado em forma de animação, o vídeo foi dividido em oito etapas que detalham minuciosamente a linha de produção da Itambé (seleção de matérias-primas, transporte e pré-homogeneização, dosagem de matérias-primas e moagem de cru, secagem e homogeneização da farinha crua, pré-calcinação, clinquerização, moagem e armazenagem, carregamento e expedição). Segundo o diretor de criação Paulo Renato de Oliveira, contratado para o desenvolvimento gráfico do vídeo, além da preocupação em ser fiel ao processo industrial, o produto se pautou também pelo despertar da curiosidade. Por isso, a opção pela animação. "A animação atende muito bem a diversos públicos - do estudante ao engenheiro -, que desejem conhecer melhor o processo. O vídeo funciona com uma linguagem de grande apelo informativo e visual", conta.

Vídeo sobre processo industrial da Itambé: animação desperta curiosidade e ensina como se produz cimento.

Conheça agora o novo vídeo do processo de fabricação do Cimento Itambé

Baixe o aplicativo APP Cimento

Acesse a home do Massa Cinzenta

Entrevistados
Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé; Dair Favaro Junior, gerente industrial da Cia. de Cimento Itambé, e Paulo Renato de Oliveira, diretor de criação.
Créditos fotos: Divulgação/Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Governança corporativa ganha impulso no Brasil

Instituto ligado às boas práticas inicia parceria global e expectativa é que intercâmbios disseminem ferramenta para outras empresas, além das de capital aberto

Por: Altair Santos

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em parceria com organismos semelhantes que operam na África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Malásia, Nova Zelândia, Reino Unido e União Europeia, viabilizou no começo de 2013 a criação da Rede Global de Institutos de Conselheiros de Administração - Global Network of Director Institutes (GNDI). A iniciativa cria um novo fórum para compartilhar conhecimentos, ideias e práticas de governança corporativa nestes países.

Heloísa Bedicks: há muitos engenheiros buscando cursos sobre governança corporativa.

Além disso, os membros da GNDI passam a desenvolver e a promover práticas de liderança, a fim de assegurar desempenho sustentável e de longo prazo às organizações. Também tornam-se metas da GNDI educar os principais formadores de opinião sobre os benefícios e valores da governança corporativa, cujos pilares ajudam as corporações a serem dirigidas e monitoradas, com o envolvimento de acionistas, cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal.

Segundo a superintendente-geral do IBGC, Heloísa Bedicks, a inclusão do Brasil no grupo mundial trará reflexos positivos para a propagação da governança corporativa no país, sobretudo para os debates que começam a surgir sobre a aplicação dessa ferramenta no serviço público e na disseminação de práticas bem sucedidas nas companhias de capital aberto para as de capital fechado e familiares. Confira a entrevista:

Recentemente foi criada a Rede Global de Institutos de Conselheiros de Administração. Qual a contribuição que esse novo organismo dará para a governança corporativa, principalmente no Brasil?
O GNDI é o esforço conjunto dos maiores institutos de Conselheiros de Administração e Governança do mundo, que visa fazer uma sinergia entre estes institutos, de forma a termos uma voz conjunta para buscar melhorias tanto para os conselheiros quanto para a disseminação das melhores práticas. Aqui no Brasil, já temos o trabalho do IBGC há 17 anos e o GNDI vai reforçar o trabalho do instituto.

A partir do GNDI, haverá a possibilidade de um intercâmbio maior entre profissionais brasileiros e de outros países?
Não é esse o foco, mas faz parte. O principal objetivo é o intercâmbio de conhecimentos, até mais do que o interrelacionamento de posições de conselheiros. É uma busca para termos uma voz única objetivando a disseminação das melhores práticas para conselhos de administração.

Atualmente, quais são as questões emergentes que têm causado mais impacto sobre as práticas de governança corporativa?
Dentro do GNDI, o que estamos discutindo atualmente é a diversidade em conselhos, não só de gênero, mas também diversidade de conhecimento, de idade, e até mesmo de posição geográfica. Há também a questão do rodízio de auditoria. Não que sejam os assuntos mais importantes, mas são os que estamos discutindo neste momento.

No Brasil, há um mercado emergente para a governança corporativa dentro das empresas?
Sim, existe um grande mercado de melhorias de boas práticas de governança, para todas as empresas, independentemente de ser num mercado maduro ou em um mercado em desenvolvimento. Podemos afirmar que no Brasil esse mercado existe não só para empresas de capital aberto, mas também para empresas de capital fechado. É importante ressaltar que governança serve para qualquer tipo de organização, desde uma empresa pequena, de capital fechado, até uma empresa listada ou uma cooperativa. Serve até mesmo para entidades do terceiro setor como ONGs.

Com a crise europeia, o Brasil tem atraído especialistas em governança corporativa de outros países?
Não tenho conhecimento da vinda de nenhum profissional específico de governança corporativa para trabalhar no Brasil, em decorrência da crise nos Estados Unidos ou na União Europeia. Pode até ter ocorrido, mas o que temos visto é um nicho dentro do mercado brasileiro para profissionais na área de governança. Grandes empresas já têm diretorias de governança e o mais frequente, independentemente do porte da empresa, é a secretaria de Governança. Função esta que assessora o conselho de administração e cuida da governança da empresa.

No caso do poder público, a governança corporativa tem encontrado espaço?
Muito pouco ainda. É um assunto que dentro do planejamento estratégico do IBGC será focado a partir de 2015. Há muito a ser feito nesta área. Ainda falta transparência, ética e muita prestação de contas dentro do setor público.

Sobre a Copa do Mundo, percebe-se hoje que boa parte das obras de mobilidade previstas para o evento não ficarão prontas. Faltou governança corporativa nestas ações?
Mais do que isso. Faltou um bom planejamento estratégico. Sabíamos que o Brasil sediaria este grande evento mundial e faltou planejamento.

Empresas ligadas à construção civil têm despertado para a governança corporativa?
Algumas sim. Há um número razoável dentro do novo mercado da Bovespa, onde existem as regras mais rígidas de governança. Mas ainda tem espaço grande para melhorias relacionada à implantação de práticas de governança por essas empresas.

E as empresas familiares, como se comportam diante da governança corporativa?
Muitas estão preocupadas, pois a temática da sucessão normalmente é um tabu dentro de empresas familiares. Muitas empresas buscam ajuda de profissionais externos, trazendo conselheiros independentes para o conselho de administração ou, numa empresa menor, um conselho consultivo. Dentro dos eventos e dos cursos do IBGC temos visto com frequência proprietários de empresas familiares, herdeiros e profissionais que atuam nestas empresas, objetivando a implantação de melhores práticas dentro dos seus negócios.

O Brasil tem boas escolas que ministram cursos sobre governança corporativa?
Existem alguns MBAs executivos que lecionam a matéria. A Fipecafi e a PUC-RS têm MBA, em parceria com o IBGC, sobre Governança Corporativa. A Business International, em São Paulo, também tem. Mas na maioria dos cursos de graduação não existe a matéria dentro do conteúdo programático. O tema é abordado dentro de outras disciplinas, e a carga horária é muito pequena em relação ao que o profissional, quando se forma, deveria conhecer.

Qual o perfil do profissional que busca se especializar em governança corporativa?
De modo geral, a maioria dos participantes dos nossos cursos ainda é ligada à área de administração, finanças, contabilidade e jurídica. Mas percebe-se um crescente interesse de engenheiros em busca de cursos e treinamentos.

Entrevistada
Heloísa Bedicks, superintendente-geral do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)
Currículo
- Heloísa Bedicks é graduada em economia pela Unicamp e ciências contábeis pela PUC de Campinas
- É Mestre em administração financeira pelo Mackenzie e possui especialização em governança corporativa pela Yale University e pelo Global Corporate Governance Forum, além de especialização em conselhos de administração pela University of Chicago
- Escreveu o livro Governança Corporativa e Dispersão de Capital - Múltiplos Casos no Brasil
- Atua como superintendente-geral do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) desde 2001. Também preside a IGCLA (Rede de Institutos de Governança Corporativa da América Latina) e é conselheira da International Corporate Governance Network (ICGN)
- É conselheira independente da MAPFRE Seguradora de Garantias e Créditos S.A. e membro do conselho de autorregulação do programa de certificação continuada da Anbima (Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais)
Contato: ibgc@planin.com
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Senai cria instituto para atender norma de desempenho

Centro de pesquisa vai funcionar em Ponta Grossa, no Paraná, e começa a operar em junho de 2013. Haverá instalações semelhantes em outros quatro estados

Por: Altair Santos

O Senai (Serviço Nacional da Indústria) está implantando quatro institutos de tecnologia e um de inovação, para atender exclusivamente a pesquisa e a formação de mão de obra na construção civil. Até 2015, estarão em funcionamentos (é assim mesmo?) os ISTs (Institutos Senai de Tecnologia) de São Paulo, Bahia e Maranhão, além do ISI (Instituto Senai de Inovação) do Ceará. No entanto, o primeiro a entrar em operação - já em 2013 - será o IST de Ponta Grossa, no Paraná.

Indianara Milléo, junto com o presidente da Fiep, Edson Campagnolo: IST de Ponta Grossa será referência para o sul do país.

A prioridade dada ao instituto paranaense se deve ao fato de que seus laboratórios serão equipados para atender a NBR 15575 - norma de desempenho -, publicada dia 19 de fevereiro de 2013 pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e que entrará em vigor no dia 19 de junho de 2013. "Esse IST receberá equipamentos para comprovar a qualidade e a segurança das edificações, sob o ponto de vista estrutural, térmico, acústico e de resistência ao fogo, entre outras especificações", revela Indianara Prestes Mattar Milleo, vice-presidente executiva e coordenadora regional da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).

O Instituto Senai de Tecnologia, em construção em Ponta Grossa, vai demandar recursos na ordem de R$ 8 milhões, sendo R$ 6 milhões financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e R$ 2 milhões pelo Senai Paraná. O centro de pesquisa e de testes laboratoriais ocupará uma área de 2,5 mil m², dentro da própria estrutura do Senai pontagrossense. "Para atender as demandas, haverá os seguintes laboratórios na nova estrutura: solos e pavimentação, cerâmica vermelha, químico, minerais não metálicos, desempenho e inovação construtiva, concreto e argamassa, tecnologia BIM e conforto de edificações", enumera Indianara.

A vice-presidente executiva e coordenadora regional da FIEP destaca ainda que o empreendimento tende a se tornar referência para a construção civil da região sul do país, completando que a implantação será gradativa. "As primeiras instalações já começam a operar em junho e o projeto total será implantado até o final de 2015", diz. Paralelamente ao centro de pesquisa funcionará uma escola para formação e qualificação de mão de obra. "Teremos cursos desde o nível técnico até graduação e pós-graduação. Já confirmados, estão o curso técnico de edificações e a pós-graduação em gerenciamento de obras", informa.

Prédio do Senai de Ponta Grossa, que receberá o IST: investimento de R$ 8 milhões.

Outros ISTs

Além do instituto voltado à construção civil, o Senai irá construir outros seis no Paraná - esses vinculados a outros setores industriais. São eles: moveleiro, em Arapongas; meio ambiente, em Curitiba; tecnologia da informação, em Londrina; papel e celulose, em Telêmaco Borba; metalmecânica, em Maringá, e alimentos, em Toledo. Em todo o país, o Senai planeja construir 30 ISTs para estimular a pesquisa e a formação tecnológica.

Entrevistada
Indianara Prestes Mattar Milleo, vice-presidente executiva e coordenadora regional da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná)
Currículo
- Indianara Prestes Mattar Milléo é graduada em pedagogia e pós-graduada em orientação educacional pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
- Foi presidente da Associação de Proteção a Maternidade e Infância e vice-presidente do Instituto Melhor
- É sócia-fundadora da BPW Ponta Grossa, membro do Conselho Empresarial da Mulher Executiva, sócia-proprietária da IIN Moda Esportiva Indústria e Comércio Ltda., sócia-proprietária da M.M.Milléo Construções e Incorporações, vice-presidente executiva e coordenadora regional da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e presidente do Clube Ponta-Lagoa, em Ponta Grossa
- Também assumiu recentemente a secretaria de governo da prefeitura de Ponta Grossa
Contato: fieppg@fiepr.org.br
Créditos fotos: Divulgação/Fiep/Senai

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Nova ponte Brasil-Paraguai prevê 960 dias de obras

Construção, que está em processo licitatório, vai desafogar tráfego na Ponte da Amizade, que hoje recebe fluxo de 40 mil veículos por dia

Por: Altair Santos

No dia 1º de março era para ter sido definida a contratação das obras para a construção da nova ponte Brasil-Paraguai. Porém, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) adiou o processo para resolver entraves sobre a aquisição de mão de obra estrangeira. A licitação, que ocorrerá na modalidade de Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) tende a ser retomada ainda no 1º semestre de 2013. A partir do momento em que haja uma empresa vencedora, o prazo de execução previsto no edital é de 960 dias consecutivos, contados desde a emissão da ordem de início dos serviços pelo Dnit.

Ponte será estaiada e terá 760 metros de comprimento.

A nova ponte será estaiada, com comprimento total de 760 metros e vão central de 380 metros, além de dois vãos laterais de 190 metros. O tabuleiro apresenta largura total de 19,8 metros, implicando uma área total de tabuleiro de 15.048 m². Sua localização será ao sul da Ponte da Amizade, sobre o Rio Paraná, ligando Foz do Iguaçu ao município paraguaio de Ciudad Presidente Franco. Outra característica técnica é que a obra será construída em concreto protendido e as faixas de rodagem receberão pavimento flexível (asfalto). O projeto foi concebido pela Vetec Engenharia.

Nele, as duas torres de estais terão 136 metros de altura, deixando o leito do rio livre de pilares. A pista de rolamento terá duas faixas e dois acostamentos, duas barreiras e duas passagens para pedestres. Prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a obra está orçada em R$ 195 milhões, porém somente depois da execução de todos os projetos é que o valor real será conhecido. O governo paraguaio entrará com US$ 720 mil dólares (cerca de R$ 1,4 milhão) para viabilizar as obras de acesso à cidade de Presidente Franco. Do lado brasileiro, será construída uma via de 14,5 quilômetros, interligando a ponte à BR-277.

Ponte será construída em concreto protendido e receberá pavimento asfáltico.

Este acesso viário viabilizará o tráfego de veículos vindos de outras partes do país pela BR-277, sem passar pelo centro de Foz do Iguaçu, o que preservará o tráfego local e agilizará o acesso à nova ponte. Outra função da obra será desafogar a Ponte da Amizade, inaugurada em 1965, e que atualmente recebe 40 mil veículos por dia (caminhões, carros e motos) em média. Para este projeto, o Dnit não exigiu que ele fosse apresentado na modelagem BIM. Com o adiamento da licitação, as empresas interessadas na concorrência estão liberadas a realizar novas visitas técnicas ao local da obra.

Confira o edital de licitação: clique aqui.

 

Entrevistado
Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) (via assessoria de imprensa)
Contato: imprensa@dnit.gov.br
Créditos fotos: Divulgação/Dnit

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Normas contra incêndio: saiba onde é preciso evoluir

Sumidade sobre o assunto, professor-doutor Valdir Pignatta e Silva aponta os avanços do país e também o que é necessário ser feito para melhorar

Por: Altair Santos

No Brasil, as normas ABNT NBR 15200 - Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio - e ABNT NBR 14432-2001 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações - estão entre as mais atuais e avançadas do mundo. Por outro lado, o país já está atrasado na revisão da ABNT NBR 9077 - saídas de emergência em edifícios -, assim como na busca de um aprimoramento dos códigos de obras nas cidades brasileiras. A constatação vem do professor-doutor Valdir Pignatta e Silva, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli - USP), considerado a sumidade nacional a respeito de estruturas em situação de incêndio.

Valdir Pignatta e Silva: no Brasil não há ainda uma norma que dimensione edifícios de alvenaria estrutural em situação de incêndio.

Autor de sete livros, o especialista defende que haja nas universidades de engenharia civil uma disciplina obrigatória sobre segurança contra incêndio em edificações. É dele também a constatação de que falta qualificação nos organismos públicos credenciados para liberar projetos de edifícios, sobretudo no conhecimento das normas técnicas. Mesmo assim, defende Pignatta, o Brasil está muito a frente de outros países sul-americanos quanto à legislação sobre estruturas anti-incêndio. Esse é um dos temas que ele aborda na entrevista a seguir:

O Brasil tem normas atualíssimas sobre situações de incêndio em edificações. Destaque para a ABNT NBR 15200 - Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio, revisada em 2012, e a ABNT NBR 14432-2001 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações. No entanto, nem sempre elas são cumpridas. Por qual motivo?

Informo que existe também a norma ABNT NBR 14323 - Dimensionamento de estruturas de aço e de estruturas mistas aço-concreto de edifícios em situação de incêndio -, que após revisada está em processo de ser publicada em 2013, e a sobre projeto de estrutura de madeira, que é a ABNT NBR 7190/2012, que tem capítulo sobre estruturas de madeiras em situações de incêndios. Então, o que precisa é o engenheiro calcular as estruturas seguindo a norma. Sempre lembrando que as exigências aumentam à medida que o edifício aumenta de altura, por que é uma composição de perigo e consequência. Quanto mais alto o edifício, as consequências são maiores. Mas o que interessa para o projeto de engenharia é que existe um padrão, em função do aquecimento das estruturas. As estruturas perdem capacidade de resistência com o aquecimento, seja qual for o material. Então, o engenheiro deve calcular a estrutura para suportar esse aquecimento. Se ele fez um projeto conforme as normas, conforme as exigências, conforme os padrões internacionais, este projeto está bem feito. O que não significa que ele vai ou não cair. O engenheiro jamais vai dizer que uma estrutura vai cair ou não. O que importa é que estes padrões internacionais e exigências sejam seguidos. Isso vale para ação da gravidade, ação do vento e vale também para ação do fogo. Se o projeto não seguir estas exigências, há uma maior probabilidade de ruína. Nós, engenheiros de estrutura, somos probabilísticos. Dizemos que existe uma maior probabilidade de ruína ou uma menor probabilidade de ruína conforme forem seguidas as exigências e as normas técnicas.

A regulamentação da profissão de bombeiro civil tem ajudado no cumprimento dessas normas?
No final de 2010 foi criada a profissão de bombeiro civil e bombeiro civil mestre. O bombeiro civil é o bombeiro que cuida do combate ao fogo e de instruir brigada de incêndio. É uma atividade mais técnica. Já o bombeiro civil mestre seria uma atividade conforme a letra da lei, de uma pessoa formada em engenharia ou arquitetura que tenha prática ou feito cursos sobre seguranças contra incêndios. Isso é muito pouco conhecido no Brasil. Eu diria que isso não existe na prática. Por quê? Por que as exigências de segurança contra incêndio são amplas e para cumpri-las deveria haver um gerenciador, algum profissional de engenharia, de arquitetura, que tenha conhecimento destes aspectos para contratar especialistas e realizar o trabalho adequadamente. Só que existe um problema no Brasil: não há nenhuma universidade brasileira com disciplina obrigatória sobre segurança contra incêndio, quer para engenharia civil, quer para arquitetura. Então o profissional se forma, vai para a prática e é obrigado a seguir a legislação que ele não aprendeu com a devida profundidade na escola. Resultado: há poucos especialistas nesta área no país. E não há esse tipo de gestor formado por cursos, formado nas escolas brasileiras de engenharia e arquitetura.

O fato de cada estado, e às vezes cada município, ter uma legislação ou não ter legislação nenhuma sobre vistoria técnica de edificações, dificulta o cumprimento das normas sobre incêndio?
Vou falar por São Paulo, mas isso talvez sirva para outras capitais ou outras cidades. No caso de São Paulo, há um código de obras, mas ele não trata muito sobre incêndio. Fala sobre locais de reuniões públicas. Mas se eu fizer um projeto em uma outra cidade, onde não haja código de obras ou nenhum outro tipo de recomendação, serão seguidas as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros. No que tange as estruturas, essas instruções têm as exigências de tempo de restrição ao fogo, mas não dizem como cumprir as exigências a partir de normas nacionais da ABNT. Então, dependendo do aspecto, isso pode confundir o meio técnico.

O Corpo de Bombeiros de São Paulo criou o Projeto Técnico Simplificado, desburocratizando a regularização das edificações. A burocracia atrapalha o cumprimento da normatização?
Trabalho há 25 anos na parte de estrutura em situação de incêndio e conheço também outros aspectos na parte de segurança contra incêndio. No caso do Projeto Técnico Simplificado, ele vale para pequenas edificações, ou seja, onde as exigências sejam mínimas. Neste caso, a desburocratização ajuda. Mas em se tratando de edifícios altos, o projeto acaba indo para o Corpo de Bombeiros e leva um certo tempo para análise. Por quê? Volto para a minha máxima: faltam especialistas brasileiros na área de segurança em construção.

O Grupo de Pesquisa em Segurança contra Incêndio, do Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo da USP, tem conseguido desenvolver e difundir o conhecimento científico sobre o tema?
Este grupo tem 18 anos de existência. Hoje ele chama-se grupo de fomento de segurança contra incêndio. Tem um site para quem quiser buscar mais informações (http://www.gsi-incendio.com.br). A ideia é difundir mais a área e promover cursos pela defesa da vida em casos de incêndio.

O senhor avalia que é preciso rever leis e normatizações sobre incêndio em edificações?
Quanto às regulamentações do Corpo de Bombeiros, elas são estadualizadas e, não há duvida, existe a necessidade de uma releitura. Por exemplo, eu não sei se há um artigo que trate de artefatos pirotécnicos acesos em ambientes fechados. Por outro lado, existem as normas brasileiras, como a ABNT NBR 9077 - saídas de emergência em edifícios, que é datada de 2001, mas o fato é que ela é dos anos 1990. Ela só foi reimpressa nos anos 2000. Há mais de uma década especialistas da área lutam por uma revisão desta norma e acredito que agora isso vá ocorrer, por pressão da sociedade e do meio técnico.

Edificações com estruturas em concreto seguem se sobrepondo às de aço quando se fala em resistência ao fogo?
Esta é uma pergunta recorrente. É importante frisar que a estrutura deve ser dimensionada para a situação de incêndio, seja concreto, aço, alvenaria estrutural, enfim qualquer uma delas. Se elas forem dimensionadas adequadamente, todas resistem de forma igual. Ocorre que, no caso do concreto, o calculista, ao projetar a estrutura, já a faz pensando na resistência ao fogo. No caso da estrutura de aço, como a peça não é feita in loco, isso é mais difícil. Mas hoje há materiais de revestimento antifogo e a espessura destes materiais também são calculadas por especialistas. Se forem bem calculadas, elas resistem. Só que eu diria que no Brasil não há ainda uma norma que dimensione edifícios de alvenaria estrutural em situação de incêndio. Neste caso, o Corpo de Bombeiros recomenda que devem ser seguidas as normas europeias, mas é bastante difícil seguir uma norma internacional, pois não se sabe se os blocos usados lá são os mesmos usados aqui.

A NBR 15575 - norma de desempenho - faz alguma referência à segurança contra incêndio?
Salvo engano, o que ela diz é seguinte: caso existam normas dos materiais utilizados, que sigam estas normas. No caso do concreto, do aço, os materiais mais convencionais, devem seguir as normas da ABNT. Para novos materiais, ela lista uma série de ensaios que devem ser feitos para comprovar o comportamento destes materiais. Também salvo engano, pois há poucos laboratórios no Brasil capacitados para esse tipo de ensaio. Parece-me que apenas o IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológico) está aparelhado para isso. Isso é um problema.

Comparativamente a outros países, o Brasil tem normas competentes sobre estruturas anti-incêndio e resistência ao fogo?
Em maio estarei em Portugal, palestrando sobre normas e exigências de estruturas na América Latina. Falando em termos de continente sul-americano, o Brasil está muito à frente dos demais países. Lendo a legislação, só Colômbia e Argentina têm algo semelhante. Os demais países estão muito pobres em termos de legislação de segurança contra incêndio. No caso dos países chamados desenvolvidos, todos têm uma normatização bastante avançada. As mais avançadas são os códigos europeus chamados eurocodes. As normas brasileiras se inspiraram nestes eurocodes.

Incidentes com incêndio, apesar de indesejáveis, acabam resultando em melhorias das normas de segurança e de construção?
Como começaram as regulamentações de segurança no Brasil? Foram a partir dos terríveis incêndios nos edifícios Andraus, em 1972, e Joelma, em 1974. Nos Estados Unidos, tragédias ocorridas no final do século 19 e início do século 20 também incentivaram a criação de leis e normas. Infelizmente, é assim que ocorre no mundo todo.

Entrevistado
Valdir Pignatta e Silva, professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP)
Currículo
- Valdir Pignatta e Silva é professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e autor de 7 livros e de mais de 150 artigos publicados

- Ocupa o cargo de vice-presidente da ALBRASCI (Associação Luso-Brasileira para Segurança contra Incêndio)
- Atua na área de Engenharia de Estruturas, com ênfase em "engenharia de estruturas em situação de incêndio"
- É membro da IAFSS, IBRACON e ABECE
Contato:  valpigss@usp.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Ano da reforma deve movimentar quase R$ 75 bilhões

Pesquisa revela que perto de 17 milhões de residências serão submetidas a algum tipo de melhoria ao longo de 2013, incrementando o PIB da construção civil

Por: Altair Santos

Até o final de 2013, 16,8 milhões de residências passarão por algum tipo de reforma no Brasil. Estima-se que serão gastos, em média, R$ 4.445,00 por unidade. Se confirmados os dados da pesquisa realizada em dezembro de 2012 pelo Instituto Data Popular, significa que haverá a injeção de R$ 74,6 bilhões na economia. A expectativa é que a demanda reprimida pela reforma também faça crescer o percentual deste segmento no PIB da construção civil. Hoje, ele representa 35%. "Esse mercado tem grande potencial de expansão, pois o aumento e a melhor distribuição de renda, acompanhada da maior disponibilidade de crédito, fizeram com que milhões de famílias passassem a ter acesso a novos produtos e serviços”, analisa Carina Saito, gerente de autoconstrução da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e responsável pelo Clube da Reforma, que encomendou a pesquisa.

Reforma residencial: só 5% contratam empresas especializadas.

Boa parte das residências que passarão por reforma está vinculada às famílias das classes D e E, aponta o Instituto Data Popular. É a fatia de zero a três salários mínimos que deveria ser contemplada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, mas pelo qual apenas 1,2% foi atendida até agora. Por isso, a opção por melhorar e ampliar as construções já existentes. “A reforma é uma boa opção para diminuir o déficit qualitativo de residências, pois atinge mais pessoas e é mais barato do que as demais alternativas de habitação”, analisa Carina Saito. Outro fator determinante que passou a impulsionar as reformas foi a aprovação, em outubro de 2012, das novas regras para financiamento de material de construção com recursos do FGTS. Elas abriram linhas de crédito aos trabalhadores, que permitem a eles levantar até R$ 20 mil para viabilizar a melhoria de suas residências.

Em relação a 2012, o aumento de casas que passarão por reformas em 2013 será de 28,58%, aponta a pesquisa. Destas, segundo as 3.969 pessoas entrevistadas pelo Instituto Data Popular, 35% pretendem corrigir problemas em suas residências, como infiltrações, troca do telhado ou até mesmo reforços estruturais. Já 21% planejam ampliar a casa. O mesmo número (21%) quer melhorar a estética da moradia, através de pinturas e reformas na fachada. Já 17% quer aperfeiçoar o espaço interno, seja quebrando uma parede para ampliar um cômodo, instalando uma janela para melhorar a ventilação ou trocando pisos e azulejos. Outros 6% planejam reformas externas, como calçadas, muros, churrasqueiras ou garagens. “A pesquisa identificou que a reforma tem um aspecto emocional, relacionado à intimidade, à sociabilidade e ao reconhecimento", completa Carina Saito.

Outro dado importante apontado pelo levantamento está relacionado à mão de obra que irá viabilizar a reforma. Dos entrevistados, 79% preferem contratar profissionais conhecidos e com boa referência no círculo social. Outros 12% afirmaram que eles mesmos viabilizam a reforma e 4% disseram que aderem ao sistema de mutirão. Só 5% contratam empresas de construção especializadas em reforma. Além disso, neste tipo de obra, aponta a pesquisa, apenas 10% das pessoas delegam aos profissionais contratados a compra de materiais de acabamento. No entanto, em relação aos materiais básicos (cimento, ferragens, tubos e conexões) quase 35% deixa a escolha das marcas a cargo dos profissionais da construção civil ou dos vendedores. “A parte estrutural da reforma é a que mais demanda qualidade e confiabilidade, pois dela depende a durabilidade da obra”, complementa Saito.

Entrevistado
Carina Saito, gerente de autoconstrução da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e responsável pelo Clube da Reforma
Currículo
- Carina Saito é graduada em arquitetura pela Universidade Estadual de Campinas
- Ocupa o cargo de gerente de autoconstrução da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e de coordenadora do Clube da Reforma
Contato: www.clubedareforma.com.br / asimprensa@abcp.org.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Escola chega ao canteiro de obras, para ficar

Programa criado em 2010 pelo SindusCon-SP, que prioriza trabalhadores maiores de 18 anos, e que não tenham concluído o ensino fundamental, repercute em outros estados

Por: Altair Santos

A baixa escolaridade nos canteiros de obras espalhados pelo país cria uma série de obstáculos ao trabalhador da construção civil. Eles vão desde dificuldades em cumprir tarefas simples, como ler placas com avisos e instruções para utilizar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) até operar equipamentos mais sofisticados. Segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 33% dos que atuam no setor têm perfil de analfabetismo funcional. Para reverter esse quadro, o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo) em parceria com o Sesi-SP, criou em 2010 o Projeto Elevação da Escolaridade. O público alvo do programa são os trabalhadores maiores de 18 anos, e que não tenham concluído o ensino fundamental.

Já há muitas construtoras transformando refeitórios em salas de aula.

Hoje, a ação pioneira do SindusCon-SP repercute em outros estados. Do sul ao nordeste do país, há iniciativas semelhantes, sempre vinculadas ao Sistema S. Todas buscam dar conhecimento básico de língua portuguesa e matemática. Os cursos duram três meses e o horário das aulas, que acontecem três vezes por semana, é estabelecido pela empresa, com a sugestão de que ocorra antes do início das atividades do trabalhador. "Atualmente, em São Paulo, o programa registra 54 turmas em andamento, com mais de 300 alunos matriculados, segundo dados fornecidos pelo Sesi-SP. Devido à metodologia dinâmica do curso, o aluno pode iniciar as aulas em qualquer etapa sem problemas", explica Roseane Petronilo, gerente de Estratégia e Produtividade do SindusCon-SP. A meta do programa é alcançar 900 canteiros de obra em São Paulo.

A vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, Maristela Alves Honda, avalia que a implantação do programa e sua disseminação pelo país pode ser interpretado como "um sonho que ajudará o trabalhador a entender melhor seu papel na sociedade e melhorar a comunicação com os companheiros". Roseane Petronilo complementa dizendo que "a prioridade é promover a complementação da escolaridade básica do trabalhador da construção, habilitando-o à compreensão de textos e operações aritméticas simples, de forma a tirá-lo do analfabetismo funcional". Caso haja interesse do aprendiz em prosseguir com os estudos, ele sai do programa com certificado de conclusão da 4ª série, podendo dar continuidade aos estudos a partir da 5ª série do ensino fundamental.

Com a participação do Sesi, trabalhadores da construção civil recebem aulas de português e matemática.

Roseane Petronilo afirma ainda que a adesão a programas de incentivo à escolaridade trazem ganhos para os trabalhadores e para as construtoras. "Para o trabalhador, as conquistas em autoestima e renda são preciosos, com a perspectiva de início de uma carreira que pode chegar a mestre de obra. Para a construtora, ter uma sala de aula no canteiro aumenta a motivação dos trabalhadores, com reflexos em sua produtividade", ressalta, destacando que a construção civil atualmente é um dos setores da economia nacional que mais tem se mobilizado pela qualificação dos trabalhadores. "Hoje há uma grande oferta de cursos de qualificação e de atualização, que podem ajudar os trabalhadores neste caminho. Muitas das empresas fabricantes de materiais e sistemas oferecem estes cursos também no canteiro de obras e contribuem para a melhoria do setor", completa.

Veja o que o Projeto Elevação da Escolaridade, parceria do SindusCon-SP com o Sesi, oferece:

- Acompanhamento in loco de um analista pedagógico

- Jornada do professor de 9 horas semanais

- Apostilas elaboradas pelo Sesi

- Acompanhamento pedagógico realizado por técnico designado pela divisão de educação

Obrigação das construtoras que aderem ao programa:

- Disponibilizar espaço no canteiro de obra para realização das aulas

- Apresentar a lista de inscritos, com no mínimo 10 e no máximo 30 participantes

- Indicação de um representante da construtora que ficará responsável pela divulgação permanente do curso em suas dependências, bem como, a interlocução do programa no canteiro de obra

- Mobiliário, para as aulas e material para o aluno

Entrevistadas
Maristela Alves Honda, vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, e Roseane Petronilo, gerente de Estratégia e Produtividade do SindusCon-SP. (via assessoria de imprensa)
Contato: imprensa@sindusconsp.com.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330