Alemanha investe na engenharia brasileira
Em parceria com o programa Ciência sem Fronteiras, associações germânicas ofertam bolsas em suas principais fundações e instituições de ensino
Por: Altair Santos
O programa Ciência sem Fronteiras, que prevê a concessão de 100 mil bolsas para universitários expandirem seus conhecimentos no exterior, tem nas instituições de ensino da Alemanha alguns de seus principais parceiros. Não é à toa que até 2015 o governo brasileiro pretende enviar 10 mil estudantes para o país que hoje lidera a União Europeia. O caminho para que o intercâmbio ocorra está sedimentado. Desde o começo de 2013, já funciona em São Paulo o Centro Alemão de Inovação e Ciência (DWIH, na sigla em alemão). A unidade abriga representações de 10 institutos de pesquisa e universidades alemães, interessados em estabelecer programas de intercâmbio científico, acadêmico e de fomento à inovação com o Brasil.

Até janeiro de 2013, segundo dados do próprio Ciência sem Fronteiras, 22.646 bolsas de graduação e pós-graduação haviam sido distribuídas para estudantes, que se espalham por 16 países. Ao todo, instituições de 40 nações estão credenciadas pelo programa para receber brasileiros. A Alemanha concentra-se nos acadêmicos de engenharia, graças à atuação da Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI-Brasil) que promove a cooperação tecnológica entre os dois países através de seminários e parcerias. "Nosso objetivo é alcançar todos os engenheiros no Brasil através da ampliação das parcerias com as associações de engenheiros brasileiros. Já conseguimos acesso a mais de cem mil profissionais", diz Edgar Horny, presidente da VDI-Brasil.
Com o Centro Alemão de Inovação e Ciência, em conjunto com o programa Ciência sem Fronteiras, a expectativa é que o empenho da Alemanha pela engenharia brasileira se estenda também às universidades do país. Para que isso ocorra, 10 organismos germânicos estão aliados ao DWIH. Confira:
Agências de promoção e fomento
- Fundação Alexander von Humboldt
- Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD)
- Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG)
Representações de universidades
- Frankfurt School of Finance & Management
- Freie Universität Berlin
- Universidade Técnica de Munique (TUM)
- Aliança Universitária da Região Metropolitana do Ruhr (UAMR)
- German Universities of Applied Sciences (UAS7)
- Westfälische Wilhelms-Universität Münster (WWU)
Instituição de pesquisa aplicada
- Sociedade Fraunhofer

Dentro deste cenário de parcerias entre Brasil e Alemanha, a construção civil também se beneficia. Dos quase 800 cursos de graduação e pós-graduação que integram o programa Ciência sem Fronteiras, 193 estão vinculados às engenharias. Destes, oito estão ligados à cadeia produtiva da construção civil e possuem convênios com organismos alemães para aprimorar conhecimento. Entre eles, estão cursos técnicos de construção civil, edificações, movimento de terra e pavimentação, obras de solo e pavimentação e topografia de estradas, além das engenharias civil, de materiais e de produção. “A Alemanha e o Brasil querem juntos olhar para o futuro. O Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) ajuda a tornar esses desejos realidade”, sintetiza Matthias von Kummer, cônsul-geral da República Federal da Alemanha, em São Paulo.
Confira os cursos contemplados pelo Ciência sem Fronteiras
Saiba mais sobre as parcerias Brasil-Alemanha
Entrevistados
Centro Alemão de Inovação e Ciência e Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (via assessoria de imprensa)
Contato: comunicacao@vdibrasil.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Telha de concreto supera tabus e vendas crescem
Em 10 anos, fábricas triplicaram no Brasil e produto ganhou competitividade e qualidade termoacústica, após revisão da ABNT NBR 13858-2
Por: Altair Santos
A ABNT NBR 13858-2:1997, que definiu novas especificações técnicas para as telhas de concreto, abriu as portas do mercado da construção civil para o produto. Passados 16 anos da publicação da norma, os fabricantes conseguiram superar os tabus que envolviam o artefato cimentício e em algumas regiões do país já conseguem obter maior volume de vendas do que as tradicionais telhas cerâmicas, fabricadas de argila. "Em 2003 havia 53 plantas, e hoje somos cerca de 150. Outro indicador de crescimento é o fato de que temos diversos casos de fabricantes de telha de argila que migraram para o concreto", explica Idário Fernandes, autor do livro Telhas de concreto - Produção e controle de qualidade.

Também fabricante, Idário Fernandes enumera os tabus vencidos pelas telhas de concreto para ganhar competitividade perante as telhas cerâmicas. O primeiro deles foi o preço. Com investimento maciço em automação, as fábricas conseguiram produtividade em larga escala. Boa parte das indústrias instaladas no país triplicou a produção, usando o mesmo número de funcionários de 10 anos atrás. "A tecnologia permite fabricar até 50 mil telhas por dia, com cerca de 10 a 12 trabalhadores na linha de produção", relata o especialista, complementando que a industrialização fez da telha de concreto um produto ambientalmente correto. "A telha cerâmica ainda tem muita produção artesanal, que não cumprem as leis sociais e ambientais", frisa.
Outro tabu derrubado é o de que as telhas de concreto tinham menor eficiência termoacústica. "É outra barreira superada. O concreto é mais denso do que a argila queimada e, por isso, tem maior poder de transmissão do calor. Porém, o maior responsável pela captação do calor é a cor do produto e não propriamente a sua estrutura. A telha de cimento oferece a opção das cores mais claras, como branco, travertino, creme, areia e pastel. São cores mais frias que a cerâmica e são ideais para regiões de clima quente. Além da questão estética, onde as diversas opções de cores e tons inegavelmente dão mais beleza ao telhado, tem o aspecto técnico, onde o uso de cores mais claras proporciona maior conforto térmico ao usuário", afirma Idário Fernandes.

Outra iniciativa dos fabricantes de telhas de concreto para ganhar mercado foi a implantação da assessoria técnica. Atuando junto a engenheiros e arquitetos, a indústria do setor já consegue estar presente em 45% dos empreendimentos de médio e alto padrão construídos nas regiões Sul e Sudeste do país. A próxima barreira a ser vencida é conseguir penetrar no setor das reformas, onde a telha cerâmica ainda detém 92% do mercado. "Em obras simples, onde se compara apenas o preço da peça, e não do metro quadrado coberto ou do telhado pronto, a preferência pela telha de barro, que unitariamente é mais barata, prevalece", reconhece Idário Fernandes.

Entrevistado
Idário Fernandes, diretor-técnico da Interblock Arfatos de Cimento
Currículo
- Idário Fernandes é técnico em edificações e engenheiro civil com mais de 30 anos de experiência em produção e controle de qualidade de artefatos de cimento
- Proferiu mais de 250 cursos e palestras no Brasil e Mercosul sobre cimento e concreto
- Publicou diversos artigos técnicos sobre artefatos de cimento em revistas do gênero. É autor dos livros Blocos e pavers e Produção e controle de Qualidade e Telhas de concreto - Produção e controle de qualidade
- Consultor em tecnologia de concreto e sistemas construtivos à base de cimento, com especialidade em blocos, pisos intertravados e outros produtos vibro prensados
- Ocupa o cargo de diretor-técnico da Interblock Arfatos de Cimento
Contatos: www.doutorbloco.com.br / idariof@uol.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Estágio em engenharia civil paga bem e tem vagas
Futuros profissionais da área da construção estão entre os mais requisitados pelas empresas. A partir do 2º semestre do curso já dá para buscar treinamento
Por: Altair Santos
A dúvida é recorrente entre estudantes de engenharia civil: qual o melhor momento para buscar estágio, nos primeiros anos de curso ou deixar para procurar o ingresso no mercado de trabalho na reta final da formação? Segundo Eva Buscoff, coordenadora de treinamentos internos do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) a escassez de engenheiros na construção civil recomenda que não se espere muito para conciliar o período acadêmico com o início da carreira profissional. "Respeitando as exigências e regras adotadas pela coordenação de estágios do curso da universidade, estagiar logo no início do curso é uma ótima estratégia. Assim, o futuro profissional pode conhecer diversas áreas e aprimorar o aprendizado. A partir do 2º semestre do curso já é possível buscar o mercado", diz a especialista.

Normalmente, a temporada de estágios coincide com o início do período letivo. No caso da engenharia civil, no entanto, a demanda por profissionais tem feito com que as vagas estejam abertas quase o ano todo. A estratégia das empresas tem sido firmar convênios com as universidades para atrair os estagiários. "Conscientes da falta de profissionais, estrategicamente as empresas do setor buscam estudantes com a intenção de capacitá-los de acordo com as suas necessidades. A ideia central é investir pesado em futuros profissionais", explica Eva Buscoff, lembrando que, segundo pesquisa do Nube, o estágio em engenharia civil está entre os dez melhores remunerados, pagando, em média, R$ 1.127,61. "A engenharia civil está em segundo lugar no ranking, antecedido apenas do curso de economia", revela Eva Buscoff.
Entretanto, a coordenadora do Nube orienta que a remuneração não deve nortear o estágio, mas sim as possibilidades de aprendizado dentro da empresa. "Os jovens profissionais estão interessados em possibilidades de crescimento na empresa, mobilidade pelos setores, benefícios e qualidade de vida. A minha dica para quem enfrenta esse dilema é optar por aquele estágio mais condizente com os objetivos de longo prazo do estudante. Se pretender conhecer diferentes setores, opte pela vaga que possibilite transitar por vários departamentos. Mas se já definiu sua área de preferência, prefira a melhor remuneração", sugere. A especialista revela ainda que as construtoras têm dado preferência a homens, quando as vagas são para engenheiros civis, e mulheres, quando a oferta é para engenheiros de produção voltados para planejamento e gestão nos canteiros de obras.

Empresas que atuam em obras de infraestrutura, projetos de hidrelétrica e sistemas prediais – fundações, estruturas, instalações elétricas e hidráulicas - são as que mais têm ofertado vagas para estágios na cadeia produtiva da construção civil.
Entrevistado
Eva Buscoff, coordenadora de treinamentos internos no Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios)
Currículo
- Eva Buscoff é graduada em psicologia e cursa especialização em arteterapia. Atua como coordenadora de treinamentos internos no Nube, ministrando treinamentos comportamentais e atuando como consultora interna. Também tem experiência em coordenar dinâmicas de grupo, entrevistas e desenvolver programas de estágio para multinacionais.
Contato: www.nube.com.br / imprensa@nube.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Coppe se dedica à ciência dos materiais cimentícios
Instituto voltado à pesquisa e à engenharia está completando 50 anos e é referência na formação de mestres e doutores na América Latina
Por: Altair Santos
A Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – foi fundada em 1963 e hoje é referência entre os centros de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. Na mais recente avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, divulgada em setembro de 2010, a Coppe foi a instituição de pós-graduação de engenharia brasileira que obteve o maior número de conceito 7, atribuído a cursos com desempenho equivalente aos dos mais importantes centros de ensino e pesquisa do mundo.

Atualmente, com 121 laboratórios reconhecidos internacionalmente, a Coppe, neste meio século, já formou mais de 13 mil mestres e doutores - boa parte voltados à pesquisa de materiais para obras de infraestrutura, como cimento, concreto e agregados para construção de rodovias, barragens, usinas nucleares e poços petrolíferos. "Nossa ênfase é na infraestrutura", destaca o professor Romildo Toledo, gerente do Laboratório de Estruturas (Labest) da Coppe, revelando que atualmente as pesquisas se voltam para o desenvolvimento de nanoestruturas e de aditivos químicos superplastificantes, que vão permitir criar materiais cimentícios com resistência à compressão de até 160 MPa (Megapascal) para uso nas camadas do pré-sal.
Os laboratórios da Coppe submetem materiais a situações extremas, para obter altas performances mecânicas e de durabilidade. Com as pesquisas envolvendo nanotubo de carbono, o gerente do Labest avalia que a médio prazo possam ser obtidos novos tipos de concreto de alto desempenho, concreto autoadensável e cimentos especiais, que resistam a condições extremas e possam receber aditivos minerais de baixo impacto pozolânico. "Os ensaios apontam isso", revela Romildo Toledo, que gerencia um parque laboratorial de 5.000 m², capaz de ensaiar materiais, sistemas construtivos e estruturas. Toda essa infraestrutura encontra-se no campus da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ).

Reunindo 12 programas de pós-graduação, a Coppe está no centro do pensamento e da produção científica e tecnológica em diferentes segmentos da engenharia. Atualmente, o corpo de pesquisadores envolvem cerca de 2.700 alunos e 350 professores doutores em regime de dedicação exclusiva. Números bem diferentes da primeira turma de mestrado em Engenharia Química, de 1963, que contava com apenas quatro professores permanentes (um deles, o próprio professor Alberto Luiz Coimbra, fundador da Coppe) sete convidados e oito alunos.
Além de desenvolver estudos com materiais cimentícios, a instituição vem realizando trabalhos fundamentais nas áreas de energia elétrica, óleo e gás, meio ambiente, clima, novos materiais, engenharia da saúde, robótica, transporte e mobilidade urbana e saneamento. Também desenvolve produtos inovadores como o ônibus híbrido elétrico movido a hidrogênio e a usina que transforma a energia das ondas do mar em eletricidade e o trem de levitação magnética, em construção na Cidade Universitária da UFRJ.

Entrevistado
Romildo Toledo, gerente do Laboratório de Estruturas (Labest) da Coppe
Currículo
- Romildo Dias Toledo é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal da Paraíba (1983), com mestrado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1986) e doutorado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1997)
- É professor de engenharia civil da Coppe/UFRJ e gerente do Laboratório de Estruturas (Labest) da Coppe
- Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em concreto, atuando principalmente nos seguintes temas: concreto, materiais compósitos, materiais de baixo impacto ambiental, resíduos sólidos (urbanos, construção e demolição, agrícolas e industriais) durabilidade, concretos refratários, pastas para cimentação e barragens de concreto
Contato: toledo@coc.ufrj.br
Créditos fotos: Divulgação/Coppe/UFRJ
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Logística favorece concreto nos parques eólicos
Possibilidade de construir peças pré-fabricadas in loco permite que material seja competitivo diante das estruturas de aço
Por: Altair Santos
O Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC) publicou em fevereiro de 2013 as estatísticas referentes ao mercado eólico mundial durante 2012. A indústria do setor cresceu quase 10% e aumentou a capacidade instalada em aproximadamente 19%. Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido bateram recorde de instalações, enquanto na América do Sul o Brasil manteve a liderança do mercado, elevando sua capacidade instalada para 2.500 MW (megawatts). Segundo a ABE Eólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) o país chegou a 108 parques eólicos, mas para expandi-los precisará romper a fronteira litorânea e explorar novas áreas no interior, encarando o desafio da logística. É diante desse cenário que as torres em concreto, para sustentar os aerogeradores, devem começar a ganhar mercado dos equipamentos feitos em aço.

Como explica Flávio Fernandes Novaes, gerente de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e especialista em energia eólica, desde que o Brasil passou a ter uma política para captar a energia dos ventos, o que começou em 2009, a maioria absoluta das torres foi construída com estruturas de aço. Só que a necessidade de expandir os parques têm restringido esse tipo de tecnologia. "Dois fatores são limitantes para as torres tubulares de aço: as condições de acesso pelas rodovias e estradas, visto que quanto mais alta for a torre maiores e mais pesados serão os diâmetros dos segmentos, exigindo dezenas de carretas da fábrica até o local do parque, e as grandes flutuações no preço do aço no mercado. Por isso, as torres de concreto surgem como alternativas viáveis para a expansão dos parques eólicos", afirma.
A vantagem das torres de concreto, ressalta o especialista, é que elas podem ser construídas no próprio local de implantação do parque eólico, a partir da instalação de pequenas concreteiras nos canteiros de obras. "Neste caso, o processo global de construção e montagem dos parques pode se mostrar mais barato e elimina grande parte da logística de transporte de componentes pelas rodovias, a despeito de demandar um período maior de construção e liberação das estruturas de concreto, haja vista a necessidade de se cumprir os tempos de cura ou de montagem dos módulos pré-fabricados para posterior posicionamento da carga sobre as mesmas", alerta. Mesmo assim, as torres de concreto se mostram competitivas para alturas superiores a 100 metros - as estruturas de aço variam de 65 a 80 metros - ou para áreas que apresentem obstáculos de logística.

Caso a caso
Independentemente da estrutura da torre que irá sustentar o aerogerador, seja aço ou concreto, os requisitos técnicos precisam ser previamente atendidos para suportar os esforços produzidos pelos equipamentos. "Ter o projeto certificado é condição obrigatória. No caso das torres em concreto, fatores como traço, taxa de armadura, resistência a torção e tração, além de tempo de cura, deverão ser pré-estabelecidos em estrita concordância com os fabricantes dos aerogeradores", destaca Flávio Fernandes Novaes, seguro de que o cenário brasileiro do setor de energia eólica irá se tornar cada vez mais favorável à tecnologia de torres de concreto. "De toda forma, é sempre necessário estudar minuciosamente, caso a caso, qual será a solução mais vantajosa para um determinado projeto, avaliando as condições regionais do relevo, o acesso rodoviário, o custo do aço e a disponibilidade de mão de obra especializada para supervisão e construção das torres", complementa.

Entrevistado
Flávio Fernandes Novaes, gerente de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)
Currículo
- Flávio Fernandes Novaes atua há 30 anos no setor de energia elétrica, pela Cemig GT, e há 6 anos é gerente de engenharia eletromecânica de Expansão da Geração e de Fontes Alternativas
- É responsável por liderar equipe de engenheiros e técnicos especializados para prospecção, estruturação e implantação de projetos de geração de energia elétrica, seja de fonte primária hidráulica, eólica, térmica ou biomassa
Contatos: www.cemig.com.br / flavio.novaes@hotmail.com / ffnovaes@cemig.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Tecnologia do concreto e do cimento preserva água
Graças a equipamentos modernos e aos aditivos, bem precioso é cada vez menos utilizado nas cimenteiras e nas indústrias de artefatos de cimento e pré-fabricados
Por: Altair Santos
A ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu 22 de março como o Dia Mundial da Água. Mais que uma data comemorativa, é uma data para reflexão. O objetivo é instigar nos setores produtivos soluções que permitam economizar o bem precioso. Dentro da cadeia produtiva da construção civil brasileira, as indústrias de cimento e concreto têm conseguido avanços significativos neste item. Sobretudo, por causa do investimento em tecnologia. "A redução de água na fabricação e aplicação do cimento se deve a equipamentos que preservam, racionalizam e permitem o reuso da água. Essa conscientização, obviamente, é fruto de fatores ambientais e econômicos", destaca Mário William Esper, gerente de relações institucionais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Hoje, por exemplo, 99% das unidades industriais que fabricam cimento no Brasil o produzem por via seca. "Neste processo, a água é utilizada apenas nas torres de arrefecimento dos moinhos e para resfriamento do material, representando um consumo de 100 litros por tonelada de cimento. A água empregada para resfriamento dos gases é absorvida no processo e liberada na forma de vapor, sem nenhum contaminante. Já aquela utilizada para resfriar equipamentos passa por separadores de óleo e é, em geral, reaproveitada. A água consumida na maioria das fábricas é praticamente 100% recirculada, não havendo, portanto, a geração de efluentes líquidos industriais", explica Mário William Esper, ressaltando que essa tecnologia em favor do bem precioso também se estende à produção de concreto, de artefatos de cimento e de pré-moldados.
No caso do concreto, o emprego de aditivos de alta performance tem proporcionado a minimização do emprego de água, bem como aumentado a produtividade. A exemplo do concreto, por conta dos aditivos de última geração o uso do bem precioso também foi substancialmente reduzido na fabricação de pré-fabricados. A água também tem sido pouco utilizada na produção de artefatos de cimento. "Seu emprego se dá apenas como água de amassamentos e para a hidratação do cimento", revela o gerente de relações institucionais da ABCP, afirmando que essa economia gerada pelas indústrias ligadas ao cimento repercute em outros setores da cadeia produtiva da construção civil. "Esse exemplo influencia outros fabricantes a investirem em tecnologia que permita a preservação, a racionalização e reuso da água", completa.
Sobre a ABCP
Para estimular a economia de água nos processos industriais do cimento Portland e seus derivados, a ABCP segue investindo na pesquisa de aditivos que reduzem sensivelmente a relação água/cimento na produção de concreto, bem como estimula a adoção de sistemas e produtos que buscam o reaproveitamento e a economia de água nos programas habitacionais e nas obras de infraestrutura.
Entrevistado
Mário William Esper, gerente de relações institucionais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Currículo
- Mário William Esper é graduado em engenharia civil e mestre em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Atua com gerente de relações institucionais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
- Tem experiência na área da construção civil, com ênfase em materiais de construção, atuando na tecnologia dos materiais, sistema de qualidade, normalização, sistemas construtivos e meio ambiente
Contato: mario.william@abcp.org.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Norma de desempenho: corra para se adequar a ela
ABNT NBR 15575 foi publicada dia 19 de fevereiro e a partir de 19 de julho prédios habitacionais terão de ser construídos com base em seus requisitos
Por: Altair Santos
Depois de uma série de adiamentos e revisões, a ABNT NBR 15575 - norma de desempenho - finalmente foi publicada no dia 19 de fevereiro. A partir de agora, todos os agentes da construção civil - incorporadores, consultores, construtores, fornecedores e projetistas - terão 150 dias para se adaptar pelo menos às exigências mínimas do documento. Esse prazo vence dia 19 de julho de 2013. Dessa data em diante, obras protocoladas nas prefeituras deverão atender a norma. "As construtoras que deixarem para se adequar somente depois da entrada oficial da norma de desempenho terão dificuldades em atender os requisitos, pois o prazo é curto", alerta o engenheiro Victor Zimmermann Neto, especialista em engenharia acústica e ambiental.

O advogado Carlos Pinto Del Mar, membro do conselho jurídico do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo) e do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo) reforça que ainda há profissionais e empresas do setor pensando que o cumprimento da norma é voluntário. "O cumprimento da norma é uma obrigação sobre os aspectos legais, contratuais e ético-profissionais. Além disso, o profissional que não respeitar as normas assume um risco imediato, pois já se presume consciente caso ocorra algum resultado lesivo”, explicou, em palestra na FEICON BATIMAT - 19º Salão Internacional da Construção -, que promoveu seminário sobre a NBR 15575 no dia 12 de março de 2013.
O texto institui níveis mínimos de qualidade em quesitos como acústica, térmica e iluminação. Além disso, define a durabilidade de uma edificação em diversos sistemas, como estrutura, paredes, revestimento e pisos. Publicada em seis partes, a norma de desempenho divide-se em requisitos gerais, requisitos para sistemas estruturais, para sistemas de pisos internos, para sistemas de vedações verticais internas e externas, para sistemas de coberturas e para sistemas hidrossanitários. Projetos considerados de durabilidade "mínima" devem possuir estruturas que tenham vida útil de 50 anos. Já a intermediária, prevê duração de 63 anos e a superior, de 75 anos.
Pisos das áreas internas devem ter resistência para durar, respectivamente, de 13 anos (durabilidade mínima), 17 anos (intermediária) e 25 anos (superior). Também deverão seguir a norma as vedações verticais externa e interna, cobertura (última laje e telhado) e o sistema hidrossanitário. Isso significa que, no verão, a temperatura terá de ser no máximo igual a de um dia típico da estação em cada região do país, assim como, no inverno, a temperatura deverá ser igual à mínima externa, acrescida de 3°C. A parte acústica também será contemplada, definindo-se um nível máximo de ruído em caso de imóveis em situações habituais e em condições excepcionais, como: proximidade a aeroportos, estádios, linhas de trem e vias de tráfego intenso. Nestes casos, a construtora será obrigada a medir a poluição sonora e criar medidas extras de isolamento acústico.

Para Victor Zimmermann Neto, apenas uma minoria das construtoras brasileiras está preparada para atender a NBR 15575. "O que se vê é que muitas construtoras estão preocupadas em atender a norma, mas ainda sabem muito pouco a respeito dela. É importante colocar que o documento estabelece desempenhos mínimos, intermediários e superiores. As construtoras precisam atender pelo menos o nível mínimo da norma", destaca o engenheiro, frisando que a NBR 15575 fornece parâmetros técnicos que balizam e unificam corresponsabilidade dentro da cadeia da indústria da construção, que envolvem fabricantes, projetistas, incorporadores, construtores e consumidores.
Ainda de acordo com Zimmermann, fabricantes de materiais deverão adequar-se às novas exigências, melhorando o desempenho de seus produtos e certificando-os por meio de laudos normalizados e padronizados. Já os projetistas terão que especificar produtos e sistemas construtivos que atendam os níveis de desempenho da norma, enquanto as construtoras precisarão adquirir materiais por desempenho e não somente por preço. "Para se adequar à norma, agregar valor ao empreendimento e evitar reclamações futuras, é aconselhável que projetistas, incorporadores e construtores busquem especialistas em acústica para fazer um projeto global da edificação", recomenda.
Mercado
Segundo especialistas consultados na FEICON BATIMAT - 19º Salão Internacional da Construção -, a ABNT NBR 15575 - norma de desempenho - tende a causar o seguinte impacto no mercado imobiliário:
Alta nos preços dos novos imóveis
O aumento pode chegar a 7% para atender o nível superior da norma. Em média, estima-se que haja uma elevação de 4% no custo global dos prédios habitacionais.
Imóveis construídos antes da norma podem desvalorizar
A princípio, não. No decorrer do tempo, sim. Quando todas as construtoras estiverem operando dentro da norma, edificações prontas tendem a perder valor diante de novos imóveis que estarão no mercado.
Como o comprador poderá saber se um imóvel foi construído dentro da norma
Através dos memoriais descritivos, que devem evidenciar que as normas do projeto foram seguidas. Os produtos contidos nos memoriais devem ser especificados quanto ao desempenho e não como marca e modelo. O consumidor que comprar um apartamento, cujo projeto tenha sido protocolado depois de 19 de julho de 2013, poderá exigir o integral cumprimento da NBR 15575, amparado pelo Código de Defesa do Consumidor.
Entrevistados
Victor Zimmermann Neto, sócio-proprietário da Acital Isolamentos Térmicos e Acústicos; Carlos Pinto Del Mar, membro do conselho jurídico do SindusCon-SP e do Secovi-SP
Currículos
- Victor Zimmermann Neto é graduado em engenharia de produção pela FURB (Fundação Universidade Vale do Itajaí de Blumenau-SC)
- É pós-graduado em engenharia acústica de edifícios e ambiental pela Poli-Integra de São Paulo
- Formado em psicodinâmica aplicada a negócios, pela Render Capacitação de Florianópolis-SC
- Mais de 10 anos de experiência aplicada em acústica
- Carlos Pinto Del Mar é advogado, sócio da Del Mar Associados Advogados e membro do conselho jurídico do SindusCon-SP e do Secovi-SP
- Também é consultor jurídico da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e autor do livro “Falhas, Responsabilidades e Garantias na Construção Civil”, da Editora PINI
- Atua como membro da comissão de estudos da ABNT NBR 15575
Contatos: www.acital.com.br / www.ecosilenzio.com.br / neto@acital.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Até 2014, mercado da construção dobrará faturamento
Em 2009, setor vendeu R$ 55 bilhões. No ano que vem, pesquisa aponta que chegará a R$ 104 bilhões, graças à pulverização do comércio de pequeno e médio porte
Por: Altair Santos
Até o ano que vem, o mercado de material de construção terá duplicado seu faturamento no Brasil, considerando o período 2009-2014. Há cinco anos, o setor movimentou R$ 55 bilhões. A expectativa é que esse valor chegue a R$ 104,4 bilhões no final do próximo ano. Os dados fazem parte do estudo "Momento e Tendências do Varejo de Materiais de Construção", realizado pela GS&MD - Gouvêa de Souza, que entrevistou 1.200 consumidores que estavam construindo e 1.200 que estavam reformando seus imóveis. "Fora isso, coletamos dados de 720 lojas de materiais de construção e 720 de materiais de acabamento, espalhadas pelas principais capitais brasileiras de quatro regiões do país (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste)", explica Newton Guimarães, gerente de inteligência de mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza.

O estudo se sustentou em três pilares: aumento da massa salarial, crescimento do financiamento imobiliário e pulverização dos pontos de venda no país. Neste último quesito, constatou-se que a venda de material de construção é uma das mais pulverizadas da economia nacional. "Aproximadamente 82% de tudo o que é vendido neste mercado envolve o varejo de médio e pequeno porte. Trata-se de um varejo extremamente pulverizado. Mas a pesquisa detectou também que os home centers (grandes redes) têm uma participação significativa, principalmente quando falamos em materiais de acabamento. O consumidor vai buscar mais esses produtos em home centers e compra os materiais básicos no varejo de bairro. No primeiro caso, pela variedade que ele vai encontrar; no outro, pela garantia de que a entrega será rápida", afirma Newton Guimarães.
O estudo "Momento e Tendências do Varejo de Materiais de Construção" avalia que no PIB (Produto Interno Bruto) das vendas, 65% representam produtos de acabamento e 35% insumos do setor (cimento, areia, cal e pedra brita). A pesquisa apontou também que a venda de material de construção, dentro da cadeia produtiva da construção civil, teve crescimento acentuado em 2012. Chegou a 9,2%, propiciando faturamento de R$ 80 bilhões - para 2013, são projetados R$ 90,8 bilhões. Ainda segundo o levantamento, 30% das lojas existentes no universo pesquisado são de pequeno porte. Já as especializadas somam 26%, contra 22% das de grande porte, 17% de médio porte e 5% de home centers. Quanto ao padrão de atendimento, os pontos de venda de pequeno porte empregam, em média, três funcionários. "Este segmento não pensa em ampliar o número de colaboradores, mas sim profissionalizar cada vez mais o atendimento", aponta o gerente de inteligência de mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza.
Outras conclusões do estudo:
- As marcas influenciam mais o consumidor quando se referem a material de acabamento.
- As mulheres são decisivas nas compras.
- O pedreiro faz-tudo exerce sensível influência na decisão de compra e escolha das marcas dos produtos.
- De todos os consumidores entrevistados, 46% disseram achar importante a opinião do pedreiro na hora da compra.
- Na venda de materiais básicos, a opinião do lojista influencia na venda de marcas.
- O consumidor prefere comprar materiais básicos nas lojas de bairro.
Entrevistado
Newton Guimarães, gerente de inteligência de mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza
Currículo
- Newton Guimarães é graduado em comunicação pela FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) com cursos extensivos em varejo pelo PROVAR (PROGRAMA DE VAREJO DA USP)
- É responsável por estudos e fóruns setoriais, incluindo o segmento de materiais de construção
- Ocupa o cargo de gerente de inteligência de mercado da área de DC&IM (Desenvolvimento Coordenado e Integrado de Mercado) da GS&MD – Gouvêa de Souza
Contatos: www.gsmd.com.br / lgoes@gsmd.com.br / newton.guimaraes@gsmd.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Compatibilizar projetos reduz custo da obra em até 10%
Ferramenta multidisciplinar abrange todas as áreas envolvidas em uma construção, mas precisa que um especialista esteja liderando o processo
Por: Altair Santos
O termo é pouco conhecido pelos não especialistas, mas a chamada compatibilização de projetos de engenharia é tendência em crescimento na construção civil. O motivo é simples: a construção de qualquer edificação exige uma série de projetos – topográfico, estrutural, hidrossanitário, elétrico, de refrigeração, arquitetônico, entre outros. Na maior parte dos casos, esses projetos são feitos separadamente, o que aumenta as chances de conflito se o problema for identificado apenas durante a obra. Isso exige alterações de última hora ou até a quebra de estruturas já construídas para adaptação. A compatibilização consiste justamente em sobrepor da melhor forma possível todos os projetos antes do início da construção, evitando o retrabalho.

Compatibilizar projetos requer investimentos que podem representar de 1% a 1,5% do custo da obra, mas gera diminuição de despesas que varia de 5% a 10% desse mesmo custo. Além de reduzir o tempo gasto no canteiro de obras, os ganhos são garantidos pela redução do desperdício e eliminação do retrabalho. A previsibilidade também garante diminuição do desperdício de material e conquista de tempo durante as obras. “O importante é que haja organização das ações e preocupação com a gestão dos processos para garantir que o tempo gasto na compatibilização seja o mínimo necessário para um bom trabalho”, diz a arquiteta Patrizia Chippari, que na entrevista a seguir detalha como funciona essa ferramenta multidisciplinar. Confira:
O que é a compatibilização de projetos?
A compatibilização é feita pela sobreposição dos desenhos dos diversos projetos necessários para uma obra. O processo de compatibilização é multidisciplinar e envolve, além do projeto arquitetônico, os diversos projetos de engenharia. É, portanto, uma atividade que tem como resultado a integração das interfaces entre os projetos do edifício, com o objetivo de resolver com sucesso os problemas históricos da fragmentação dos projetos no setor de edificações e reduzir - ou até eliminar - alguns dos seus principais problemas: as interferências físicas e perdas de funcionalidade, que geram retrabalho no canteiro de obras, decorrentes da incompatibilidade de projetos. A intenção do trabalho é detectar e corrigir falhas relacionadas às interferências e inconsistências físicas entre os vários elementos da obra, visando o perfeito ajuste entre os projetos com o objetivo de minimizar os conflitos existentes, simplificando a execução, otimizando e racionalizando os materiais e o tempo de construção.
Seria possível citar exemplos?
Se o projeto arquitetônico contempla uma pérgola metálica atirantada como solução de cobertura para o terraço de um apartamento, o projeto estrutural também deve contemplar reforços nas vigas de concreto que sustentarão os tirantes dessa cobertura metálica. Na obra, essa solução seria impossível. Outro exemplo: promover a interface entre o projeto hidrossanitário e o estrutural. É muito comum que uma tubulação hidráulica que caminha na horizontal encontre uma viga de concreto. Na fase de projeto é perfeitamente possível desviar essa tubulação ou prever uma furação na viga de concreto. No canteiro de obras, solucionar essa falta de compatibilidade certamente acarretará em custos não previstos. Outro exemplo é a escolha antecipada do tamanho do piso cerâmico que será utilizado nos banheiros e sua compatibilização com a posição do ralo. Se a interface for pensada corretamente, o ralo ficará posicionado exatamente na quina de um piso cerâmico, evitando cortes desnecessários na cerâmica e desperdício de material, além da garantir um efeito estético muito melhor.
Quais as vantagens da compatibilização de projetos?
As principais são:
- Permite antever os problemas e retrabalhos que aconteceriam no canteiro de obras, frutos da falta de compatibilidade entre os projetos.
- Possibilita rever soluções, ainda na fase de projeto, que façam com que os problemas relatados acima não aconteçam e, com isso, o custo previsto da obra se mantenha.
- Após a compatibilização, todos os projetos são detalhados, inclusive o arquitetônico, permitindo que o orçamento da obra seja feito com uma ordem de grandeza bem próxima ao real, e não de forma estimativa.
- Garante que o projeto arquitetônico seja executado de acordo com o que o arquiteto idealizou, sem alterações da sua concepção durante a obra por conta da falta de compatibilidade.
- Permite a interferência do incorporador em todas as decisões técnicas de cada projeto, que influenciarão diretamente o custo da obra e, consequentemente, suas margens de lucro.
- Melhora o controle dos prazos de uma obra.
No Brasil, a compatibilização já é usual em que tipo de obras?
A compatibilização é uma prática que começa a ganhar espaço no Brasil. Por enquanto, é usada principalmente em edifícios residenciais e comerciais.
Normalmente, qual o perfil do profissional contratado para fazer a compatibilização de projetos e como ele opera isso?
O profissional responsável pela compatibilização de projetos precisa ter sólidos conhecimentos na área de projetos e ter capacidade de organização para gerir o trabalho de diferentes profissionais ou equipes. Ele será o responsável por coordenar a atuação dos projetistas e coordenar todas as alterações necessárias para garantir que a sobreposição de todos os projetos ocorra da forma ideal.
As construtoras brasileiras já estão atentas à vantagem da compatibilização ou ainda são poucas que a praticam?
Essa é uma prática crescente. À medida que conhecem os benefícios da compatibilização (diminuição do retrabalho, economia de material, maior controle de prazos e orçamento) mais e mais construtores aderem a ela.
Na média, as obras no Brasil costumam sofrer atraso no cronograma. Por quê?
Uma das causas mais comuns de atraso nas obras é o surgimento de imprevistos que exigem adaptações inesperadas no canteiro de obras. A compatibilização garante o fim dessas “surpresas”. Além disso, boa parte das razões de atrasos em obras advém da falta de um planejamento adequado. Nesse sentido, pode-se dizer que o planejamento do desenvolvimento dos projetos, em sintonia com o cronograma, tem um papel significativo no controle do cronograma da obra.
Como o profissional da construção civil se especializa em compatibilização de projetos, há cursos?
Há inúmeros cursos de gestão de projetos em que se trata da questão da gestão de forma abrangente. A compatibilização de projetos é um item e, nesse caso, não há curso específico.
Além de arquitetos e engenheiros, há outros profissionais que podem se especializar em compatibilização de projetos?
O profissional compatibilizador deve ter o olhar treinado e conhecimento das soluções técnicas que envolvam um projeto executivo. Além disso, é necessário estar cercado de ferramentas de gestão eficientes que garantam a administração dos recursos humanos e prazos envolvidos conforme o planejamento. Por isso, o comum é que o trabalho seja executado por arquitetos ou engenheiros.
Entrevistada
Patrizia Chippari, sócia e diretora da Espaço Livre Arquitetura
Currículo
- Patrizia Chippari é graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Mackenzie (SP)
- Em 2004, idealizou uma empresa que ofereceria não somente o projeto arquitetônico, mas também a compatibilização com os projetos de engenharia e o gerenciamento do seu desenvolvimento. Escolheu Florianópolis como sede, em razão da demanda por profissionais qualificados para fazer parte do momento histórico de expansão da cidade
- Desde então, é sócia e diretora da Espaço Livre Arquitetura, que já desenvolveu mais de 45 projetos de arquitetura, corporativos e residenciais. Conta atualmente com uma equipe qualificada para a gestão e compatibilização de projetos de engenharia, capaz de aliar técnica à estética, oferecendo projetos de arquitetura de qualidade, sempre respeitando as necessidades e prazos do cliente
- Em 2012, a Espaço Livre organizou um curso in company em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre gestão de projetos, justamente para garantir a eficiência dos processos internos e garantir o cumprimento de prazos
Contato: contato@espacolivre.arq.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Trincas, fissuras, fendas e rachaduras exigem cuidado
Em alguns casos, são sintomas que não oferecem risco à obra. Mas, dependendo do local onde surgem, podem sinalizar que há patologias nas edificações
Por: Altair Santos
Não é raro construções apresentarem trincas, fissuras, fendas ou rachaduras. Algumas passam despercebidas de quem utiliza o imóvel; outras, não. Mas a questão é: quando elas precisam ser tratadas como patologias estruturais, e necessitam do acompanhamento de um engenheiro civil, e quando estão mais relacionadas à manutenção da edificação, causando apenas desconforto estético? No entender do engenheiro civil Paulo Helene, professor-titular da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e diretor da PhD Engenharia, trincas e rachaduras se enquadram no termo técnico fissura. Destas, as ativas progressivas é que, na maioria das vezes, devem ser qualificadas como graves. A causa, em geral, ocorre por recalques - excesso de carga.

Já as fissuras passivas ou mortas e as ativas estacionárias, explica Paulo Helene, são graves quando superam aberturas de 0,3 mm a 0,4 mm (milímetros). "Do ponto de vista prático ou do usuário, grave é qualquer fissura que cause infiltrações ou desconforto estético ou psicológico. Do ponto de vista estrutural, 99% das fissuras não causam qualquer redução da capacidade resistente das estruturas, ou seja, poderiam ser desprezadas. No entanto, se não tratadas, no longo prazo podem dar origem à corrosão do aço das armaduras e essa corrosão pode vir a reduzir a capacidade resistente da estrutura", diz o professor, qualificando fissura como sintoma, e não como manifestação patológica. Ele também alerta que nenhuma obra, por melhor construída que seja, está livre de, ao longo de sua vida útil, apresentar fissuras.
O consultor sobre patologias em edificações e ex-laboratorista do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) Roberto Massaru Watanabe lembra que intervenções no entorno de uma edificação são grandes causadores de sintomas como trincas e rachaduras. "Construções de novos prédios na vizinhança, obras de infraestrutura de porte, como galerias de águas pluviais e de metrô, são geradores de vibrações, trepidações e modificações no lençol freático. Isso, normalmente, afeta os prédios existentes", diz.

Já o professor Paulo Helene completa que as casas são, geralmente, as mais prejudicadas. "Às vezes, até ações dinâmicas causadas por quem frequenta uma residência pode causar esses sintomas. Um exemplo: uma casa transformada em escola de dança ou academia de musculação tem muitas chances de apresentar fissuras", afirma.
Por isso, explica Watanabe, é sempre recomendável consultar um engenheiro civil ou de manutenção antes de submeter a obra a "esforços extras". "Simples atividades rotineiras, como lavar um piso com produto inadequado, pode resultar em problemas, como o descolamento da argamassa de assentamento do piso. Com o tempo, a argamassa não segura mais a placa de revestimento que começa a soltar", frisa, completando que se o comprador de um imóvel novo detectar esses sintomas no empreendimento, o construtor tem a obrigação, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, de consertar. "Durante os primeiros cinco anos, o construtor é responsável pela correção desses problemas, que, em 99% das vezes, não são estruturais", complementa Paulo Helene.
Definições para fissura, trinca, rachadura e fenda

Fissura
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta aberturas finas e alongadas na sua superfície. Exemplo: a aplicação de uma argamassa rica em cimento apresentou, após a cura, muitas fissuras em direções aleatórias. As fissuras são, geralmente, superficiais e não implicam, necessariamente, em diminuição da segurança de componentes estruturais.
Trinca
Estado em que um determinado objeto ou parte dele se apresenta partido, separado em partes. Exemplo: a parede está trincada, isto é, está separada em duas partes. Em muitas situações, a trinca é tão fina que é necessário o emprego de aparelho ou instrumento para visualizá-la. As trincas, por representar a ruptura dos elementos, podem diminuir a segurança de componentes estruturais de um edifício, de modo que mesmo que seja muito pequena e quase imperceptível deve ter a causa ou as causas minuciosamente pesquisadas.

Rachadura
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal tamanho que ocasiona interferências indesejáveis. Exemplo: pela rachadura da parede entra vento e água da chuva. As rachaduras, por proporcionarem a manifestação de diversos tipos de interferências, devem ser analisadas caso a caso e serem tratadas antes do seu fechamento.
Fenda
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal tamanho que pode ocasionar acidentes. Exemplo: um veículo caiu dentro da fenda aberta no asfalto. As fendas, por terem causas geralmente não visíveis (como solapamento do subsolo) podem ficar incubando por longo período e manifestar-se de forma instantânea, causando acidentes graves.
Entrevistados
- Paulo Helene, professor-titular da USP
- Roberto Massaru Watanabe, consultor sobre patologias em edificações e professor da Unicamp
Currículos
- Paulo Roberto do Lago Helene é graduado em engenharia civil, professor-titular da Escola Politécnica da USP, diretor da PhD Engenharia, presidente da ALCONPAT Int. (Asociación Latino Americana de Patologia y Control de la Calidad) e conselheiro Permanente do IBRACON
- Roberto Massaru Watanabe é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP (1972) e atuou também como laboratorista do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)
- Atualmente é consultor e professor de pós-gradução na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
Contatos: www.ebanataw.com.br /roberto@ebanataw.com.br / paulo.helene@concretophd.com.br
Créditos fotos: Divulgação