Engenharia recupera força com frente parlamentar

No Congresso, deputados-engenheiros se unem para, entre outros temas, qualificar projetos e melhorar o planejamento das obras federais

Por: Altair Santos

Na Câmara Federal há 69 parlamentares vinculados às engenharias e ao setor da construção civil. Preocupados com a perda de espaço deste segmento dentro do governo central - hoje dominado por advogados, administradores e economistas -, os deputados se uniram para criar uma frente parlamentar que faça a engenharia reocupar seu espaço no organograma do poder público.

Deputado federal Augusto Coutinho: engenheiros precisam recuperar cargos estratégicos no poder público.

O grupo já coletou a assinatura de outros 170 parlamentares para a instalação da frente, que nasce com cinco pontos fundamentais:
• Criar um mutirão no Congresso Nacional para que projetos vinculados à infraestrutura e outras obras sejam viabilizados.
• Aproximação dos organismos de engenharia das lideranças políticas.
• Acompanhamento pelo sistema Confea-Crea dos projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional de assuntos de interesse da engenharia.
• Formalização de ações contínuas sobre os projetos de lei em tramitação, e pelo impacto desses sobre a atual legislação do exercício e da organização profissional.
• Levar a frente da engenharia também para as assembleias legislativas e câmaras municipais.

Batizada de Frente Parlamentar de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, a organização é liderada pelo deputado federal Augusto Coutinho (DEM-PE), que tem mantido reuniões com presidentes dos Creas para estabelecer uma agenda de trabalho. "Eles estão nos ajudando a levantar projetos relevantes, que estão parados no Congresso, e que estejam direta ou indiretamente ligados ao setor. O papel da frente será servir de ferramenta para que as votações sejam viabilizadas", explica o deputado federal, que é engenheiro civil.

A frente também pretende influenciar nos projetos que ainda não saíram do papel dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida. "Quando conversamos com os governantes estaduais e municipais, a falta de planejamento dos projetos é sempre criticada. O poder público federal tem se mostrado ineficiente nesta etapa preliminar das obras. Se os projetos forem bem feitos, contando com a participação de engenheiros, iremos ver o destravamento de diversas obras que hoje andam a passos muito lentos", cita Augusto Coutinho.

O representante da frente avalia ainda que os parlamentares ligados à construção civil deveriam ser mais ouvidos para melhorar o desempenho do Minha Casa, Minha Vida. "O governo diz que faz muito mais do que na realidade executa. Esse programa poderia realmente estar combatendo o déficit habitacional no Brasil, pois o país ficou muitos anos sem uma política específica para a área. Além disso, ele é relevante para gerar emprego e servir como um importante indutor de crescimento. Avalio que a frente tem muito a contribuir", afirma o deputado federal.

A Frente Parlamentar de Engenharia, Arquitetura e Agronomia deverá ter uma atuação mais relevante a partir de 2014. Depois de montada dentro do Congresso Nacional, ela será formalizada junto ao sistema Confea-Crea e lançada oficialmente dia 11 de dezembro (Dia do Engenheiro) e quando o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) completa 80 anos. "Até lá, também está na pauta debater questões como a grade curricular das escolas de engenharia e a importação de engenheiros. É muito importante para o Brasil ter a profissão de engenharia bem consolidada e bem estruturada", completa Augusto Coutinho.

Entrevistado
Augusto Coutinho
Currículo
- Augusto Rodrigues Coutinho de Melo é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (Fesp), hoje Universidade de Pernambuco (UPE), em 1986
- Já atuou com empresário da construção civil e ocupou o cargo de diretor do Sindicato da Construção Civil de Pernambuco (SindusCon-PE). Também representou a categoria na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE)
- Ocupou cargos de secretário municipal e estadual de habitação
- Foi vereador de Recife, deputado estadual e está em seu primeiro mandato como deputado federal (DEM-PE)
Contatos: dep.augustocoutinho@camara.leg.br / pessoal@augustocoutinho.com.br
Créditos foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Nova revisão da ABNT NBR 12655 busca consenso

Setor trabalha na elaboração de texto-base para consulta pública, mas alguns pontos ainda precisam ser melhor debatidos pelo meio técnico

Por: Altair Santos

Junto com a ABNT NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento - e a ABNT NBR 14931 - Execução de estruturas de concreto - Procedimento -, a ABNT NBR 12655 - Concreto de cimento Portland - Preparo, controle e recebimento - forma a trilogia das chamadas normas-mães do material produzido no Brasil. Criada em 1992, a NBR 12655 já foi revisada em 1996 e em 2006. Recentemente, entrou em novo processo de revisão.

Cláudio Sbrighi Neto, coordenador da comissão de estudos da revisão da NBR 12655: reuniões sucessivas.

No centro dos debates está a questão sobre a possibilidade de o concreto poder receber adições pozolânicas disponíveis no mercado e que atendam a norma NBR 12653 – Materiais pozolânicos – Requisitos. No universo acadêmico, esses materiais já foram pesquisados, mas o mercado ainda está receoso em aceitá-los. A nova revisão da NBR 12655 dirá se eles afetam a qualidade do concreto e se podem ser usados com segurança na preparação do produto.

Segundo o coordenador da comissão de estudos da revisão da NBR 12655, o geólogo Cláudio Sbrighi Neto, que também já foi protagonista nas revisões anteriores da norma, ainda não há consenso sobre os pontos que precisam ser alterados. "Até a consulta pública, não serão divulgadas informações precipitadas, pois o meio técnico ainda não chegou a um consenso sobre alguns pontos. Ainda é preciso elaborar o texto-base para a consulta pública", explica.

É natural a restrição de informações nesta fase da revisão, haja vista que mudanças em normas-mães costumam levar a um amplo espectro de discussões. Para se ter um exemplo, a revisão anterior da NBR 12655 envolveu 120 especialistas. O texto aprovado tratou de estruturas moldadas in loco, estruturas pré-moldadas e peças estruturais pré-fabricadas e levou mais de um ano até que entrasse em vigor.

A expectativa é que os debates em torno da revisão da NBR 12655 só se intensifiquem a partir do 55º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido anualmente pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e que acontecerá de 29 de outubro a 1º de novembro em Gramado-RS. Até lá, é possível que o texto-base da revisão já tenha sido redigido.

Enquanto isso, as reuniões que debatem a norma seguem programadas. O próximo encontro da CE-18:300.01 - Comissão de Estudo de Controle da Qualidade do Concreto - acontece dia 27 de agosto, das 14h às 16h, na sede da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em São Paulo-SP.

Entrevistado
Cláudio Sbrighi Neto, coordenador da comissão de estudos da revisão da NBR 12655
Currículo
- Cláudio Sbrighi é graduado em geologia pela USP (1970), com mestrado em engenharia civil pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1975) e doutorado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP (1993)
- É diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor-doutor titular da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado)
- Ocupa o cargo de diretor da CPTI (Cooperativa de Serviços e Pesquisas Tecnológicas e Industriais)
Contato: csbrighi@yahoo.com
Créditos foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Itambé leva Massa Cinzenta para as redes sociais

Portal de conteúdo da Cia. de Cimento Itambé ganha canais em ferramentas como Facebook, Twitter, Linkedin, Youtube e Google Plus

Por: Altair Santos

O Brasil atingiu em maio de 2013, segundo o mais recente relatório do IBOPE Nielsen Online, a marca de 102,3 milhões de internautas, considerando pessoas com idade acima de 2 anos e que acessam a web de qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas, lan houses e outros locais). Destes, pelo menos 76,6 milhões estão ativos para o mercado de trabalho e, portanto, podem ser considerados consumidores em potencial. “É a demonstração de que há no país um público relevante consumindo, interagindo e comentando informações sobre as marcas e os produtos nesse novo mundo digital”, afirma Janette Shigenawa, diretora do IBOPE Nielsen Online. Diante desta realidade, a Cia. de Cimento Itambé dá mais um passo para se aproximar deste público: está lançando seu portal de conteúdo, o Massa Cinzenta, nas redes sociais.

Ainda de acordo com o IBOPE Nielsen Online, 90,8% dos internautas brasileiros estão nas redes sociais. Em média, eles dedicam 4 horas e 54 minutos por mês navegando nestas ferramentas. Neste período, 41% gastam seu tempo pesquisando marcas para comprar. Outros dados relevantes são de que 54% seguem empresas no Twitter e 74% o fazem no Facebook. Por isso, o Massa Cinzenta passa a estar nestas duas redes, mas também no Linkedin, no Youtube e no Google Plus. "O Massa Cinzenta estará em todas as redes pertinentes aos negócios da Itambé. Levar a um espaço de troca todo o conhecimento, conteúdo e serviços que a Companhia já oferece é natural à marca e ao seu posicionamento no mercado", explica Rodrigo Turra, CEO da Redirect, responsável pelas ações da Cia. de Cimento Itambé no ambiente digital.

Para Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, a presença do Massa Cinzenta nas redes sociais reforça sua vocação, que é propagar conhecimento. "Para a Itambé, o mais importante desta interatividade é a propagação do conhecimento de forma rápida e conveniente aos usuários. Levar conteúdo de interesse a este público, e promover o estímulo de seu compartilhamento, é o grande foco. Quanto mais pessoas curtirem e compartilharem, mais informação e conhecimento serão divulgados, solidificando ainda mais as relações da empresa e seu compromisso em ir além da produção de cimento", afirma Vellozo. Rodrigo Turra complementa que "manter canais de diálogo e trocas permanentes são elementos fundamentais para as corporações em um mundo conectado".

Ainda de acordo com o CEO da Redirect, a presença do Massa Cinzenta nas redes sociais reforça o relacionamento com o público de interesse da Cia. de Cimento Itambé, que são engenheiros, gestores, empresas do segmento, além de entidades do setor e instituições de ensino. "O conteúdo fala com quem tem interesse em infraestrutura, soluções em sistemas construtivos, inovações na área da construção civil e casos bem sucedidos. Quanto a isso, a presença do portal nas redes sociais só virá a reforçar essas características", afirma. Por fim, Turra avalia que a audiência do Massa Cinzenta dará um salto significativo com a presença nas redes sociais. "Com o investimento contínuo em conteúdo, o Massa Cinzenta vai crescer em seguidores e fãs. Consequentemente, os conteúdos do site terão mais acessos vindos dessas fontes de tráfego", conclui.

 

Confira as páginas do Massa Cinzenta nas redes sociais:

 

Redes sociais: 41% dos internautas estão nelas para pesquisar marcas.

Facebook
Google+
Twitter
Youtube

Linkedin

Entrevistados
- Lycio Vellozo, Diretor Comercial da Cia. de Cimento Itambé
- Rodrigo Turra, CEO (Chief Executive Officer) da Redirect
Contatos: www.massacinzenta.com.br / rodrigo.turra@r3direct.com.br
Créditos fotos: Divulgação / Itambé / Redirect

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Bom uso das redes sociais alavanca carreira

Acesso às ferramentas pode impactar diretamente no ambiente corporativo, seja para quem já atua numa empresa ou para quem quer ser contratado

Por: Altair Santos

Pesquisa da Robert Half - empresa mundialmente conhecida por desenvolver recrutamento para a área tecnológica - revela que no Brasil 44% das Companhias usam redes sociais para avaliar candidatos e colaboradores. Isso reforça a tese de que quem utiliza ferramentas como Twitter, Instagram, Google+, Facebook e Linkedin precisa ser gestor de sua imagem. É o que confirma Sylvia Ignácio da Costa, especialista em recursos humanos e professora da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. "O uso das redes sociais deve observar regras éticas que não prejudiquem a imagem do profissional. Elas funcionam como uma projeção no mundo virtual do que as pessoas são ou como gostariam de ser. Isso influencia diretamente na percepção que cada um irá despertar entre seus pares no ambiente corporativo, ampliando as chances de promoção, de ingresso ou de recolocação no mercado de trabalho", afirma.

Sylvia Ignácio da Costa: regras éticas preservam a imagem do profissional.

A professora da Anhembi Morumbi relaciona os principais comportamentos em redes sociais, que contribuem para impedir a evolução profissional. Entre eles, estão: postagem de fotos ou comentários inadequados; conteúdos que fazem apologia a drogas, sexo e crime; redação inapropriada e erros gramaticais; conduta que demonstre preconceitos; comentários que visam macular a imagem de pessoas ou de empregos anteriores, e a inclusão de informações falsas. "Por isso, é tão importante preservar nossos valores e atitudes", destaca Sylvia Ignácio da Costa. Para que o profissional não caia em armadilhas, a especialista enumera atitudes corretas para interagir com as redes sociais sem macular a imagem. As regras são as seguintes:

- Participar de grupos de discussões técnicas voltadas à área profissional;
- Preocupar-se com a redação dos textos publicados;
- Buscar conexões de qualidade;
- Manter a ética e discrição;
- Ter bom senso e critério ao replicar conteúdos;
- Avaliar a mensagem que será colocada;
- Não expor fotos ou vídeos que comprometam a imagem;
- Seguir pessoas ou comunidades relacionadas à sua área de atuação;
- Não divulgar informações falsas;
- Nunca desrespeitar as normas de uso das redes;
- Não participar de comunidades consideradas extremistas ou preconceituosas.

Sylvia Ignácio da Costa alerta, porém, que as empresas não podem avaliar os profissionais apenas pelo que eles postam nas redes sociais, sob risco de cometer equívocos. "As redes sociais devem ser utilizadas como fonte de informação e atração de candidatos. Portanto, não podem ser ignoradas. Porém, é um recurso complementar, principalmente no recrutamento e na seleção. O currículo continua sendo uma ferramenta importante, assim como as entrevistas formais para conhecer melhor o profissional. Não é possível somente por meio das redes sociais se obter uma avaliação completa do colaborador ou do candidato", reitera, completando que, mesmo assim, é importante estar nas redes sociais. "O profissional que opta por não ter um perfil no ambiente digital está em desvantagem, por não manter um network e por perder oportunidades interessantes por falta de exposição", finaliza.

Entrevistada
Sylvia Ignácio da Costa, coordenadora da graduação tecnológica em gestão de recursos humanos da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo
Currículo
- Sylvia Ignácio da Costa é graduada em economia e administração de empresas pela UniFECAP. Também, é mestre em administração de empresas
- Professora universitária há mais de 10 anos, leciona na Anhembi Morumbi desde 2004
- Possui 26 anos de experiência administrativa em empresas multinacionais
- É consultora em treinamentos empresariais e organização de eventos e palestrante em seminários, congressos, teleconferências e feiras
Contato: www.anhembi.br
Créditos foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Tecnologia com esferas plásticas reduz peso da laje

Sistema desenvolvido na Dinamarca, conhecido como tecnologia BubbleDeck®, agiliza obra e permite fazer mais andares com o mesmo volume de concreto

Por: Altair Santos

Catorze anos depois de ser lançada na Dinarmarca, e de se propagar pelo mundo, a tecnologia BubbleDeck® chega ao Brasil. A primeira obra no país a utilizar o sistema é o novo centro administrativo do Distrito Federal, a cargo do consórcio CADF (construtoras Odebrecht Infraestrutura e Via Engenharia) que é quem está trazendo a inovação para a construção civil nacional. "O Brasil incorpora uma tecnologia que já está consolidada em mais de trinta países, com obras na América do Norte e do Sul, na Europa, na África, na Oceania e na Ásia", diz o engenheiro civil Leonardo Bernardi, um dos gestores técnicos da BubbleDeck® no Brasil.

Leonardo Bernardi: tecnologia exige menos mão de obra e um canteiro de obras menor.

O sistema construtivo incorpora esferas plásticas na laje, que, em comparação com estruturas maciças, reduz em até 35% o peso. Isso se deve ao menor consumo de concreto e de aço. "As esferas são introduzidas na intersecção das telas soldadas, ocupando a zona de concreto em áreas que não desempenham função estrutural. Esse recurso diminui significativamente o consumo de materiais, agilizando o processo e gerando menor impacto ambiental", explica Leonardo Bernardi. O engenheiro assegura ainda que a tecnologia traz ganho de produtividade e apresenta um mix de tarefas semelhante a um sistema pré-moldado.

A BubbleDeck® pode ser aplicada em edificações de pequeno e grande porte. "Não existe uma limitação técnica ao uso. Apenas deve ser feito um estudo de viabilidade econômica", afirma Bernardi, garantindo que, para cada área de 1.000 m², o sistema proporciona um ciclo de laje em 6 dias. "Esse ganho é devido à confecção de até 80% da armação da laje em fábrica, redução de até 60% do escoramento e eliminação da fôrma de assoalho. Consequentemente, a tecnologia exige menos mão de obra e um dimensionamento menor do canteiro de obra quando comparado com o sistema convencional. Se o cliente optar pela fabricação em seu próprio canteiro, deve-se atentar ao espaço de fabricação e à logística interna. Se for entrega just in time, precisa apenas verificar os acessos à chegada das lajes", completa.

Com uso das esferas plásticas, escoramento pode atingir redução de até 60%.

Um case importante ocorreu na Europa, no empreendimento Millenium Tower, construído na Holanda. Foram obtidos os seguintes ganhos:
- Redução de 10 para 4 dias por andar;
- Redução de 500 viagens de caminhões-betoneiras;
- Redução relevante do equipamento utilizado na obra;
- Dois andares construídos a mais, quando comparado com o projeto original, que previa laje alveolar.
- O sistema também poupou espaço de armazenamento de materiais no local da obra, que se situava em vias arteriais e rodovias.

O representante da tecnologia BubbleDeck® garante que ao aplicá-la em uma laje de 280 mm de espessura ela reduz o consumo em 0,09 m³ de concreto por m² de laje. O sistema também foi submetido à NBR ISO 14040 - Gestão Ambiental, Análise do ciclo de vida, Princípios e Estrutura -, a qual possibilita calcular a emissão de CO2 com base na Análise do Ciclo de Vida (ACV²) de um produto, e constatou-se que essa economia em concreto permite que estruturas que usam a tecnologia deixem de emitir até 23,5 kg de CO2 por m² de laje. Além disso, o uso das esferas reduz o número de pilares e elimina vigas, permitindo vãos maiores - estrutura ideal para grandes construções, como estacionamentos. O sistema também proporciona isolamento acústico e térmico, adequando-o à norma de desempenho ABNT NBR 15.575. Outra característica é que, em caso de incêndio, as esferas carbonizam sem emitir gases tóxicos, pois são fabricadas de polipropileno.

Saiba mais sobre a tecnologia BubbleDeck® e suas obras

Entrevistado
Leonardo Bernardi, gestor técnico da BubbleDeck® no Brasil
Currículo
-Leonardo Bernardi é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com MBA em gestão empresarial pela FGV
-Tem 9 anos de atuação profissional, com experiência em obras industriais, passarelas para pedestre, viadutos e pontes, prédios residenciais e construção de supermercados
-Atua na BubbleDeck® desde dezembro de 2012, como gestor técnico e comercial
Contato: leonardobernardi@bubbledeck.com.br
Créditos fotos: Divulgação/ BubbleDeck®

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Acidente de trabalho recrudesce na construção civil

Até 2010, números estavam em queda. A partir de 2011, voltaram a crescer. Para a ABPA, combate deveria ser feito com fiscalização educativa

Por: Altair Santos

Entre julho de 2003 e julho de 2013, o número de trabalhadores da construção civil cresceu de 1,7 milhão para quase 3,5 milhões no Brasil. O maior salto se deu a partir de 2008, quando o governo federal criou estímulos através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida. Esse aumento veio seguido de campanhas para prevenir acidentes de trabalho no setor. O resultado foi que, entre 2008 e 2010, houve queda no número de acidentados. Porém, a partir de 2011, os dados recrudesceram. Segundo os ministérios da Previdência Social, da Saúde e do Trabalho e Emprego, a construção civil, que chegou a cair para o 4º lugar no ranking de acidentes, voltou a oscilar entre o 3º e o 2º posto.

Milton Perez, presidente da ABPA: micros e pequenas empresas são mais suscetíveis a acidentes.

Hoje, de cada 10 acidentes de trabalho que ocorrem no país, três acontecem em canteiros de obras. Dos acidentados, apenas metade retorna ao mercado de trabalho da construção civil. Essas estatísticas têm sido alvo de preocupação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que recentemente participou no senado federal de um debate sobre o tema. Entre as constatações, está a de que a qualificação da mão de obra não conseguiu acompanhar o volume de contratações. Além disso, o TST admitiu que faltam auditores fiscais para detectar irregularidades em obras. Outro aspecto preocupante é a terceirização, que, segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, está envolvida em oito de cada dez acidentes no setor.

De acordo com o presidente da ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes) Milton Perez, boa parte dos acidentes relacionados a empresas terceirizadas está vinculada a contratações ilícitas. "Tratam-se de empresas que são montadas sem orientação e que acabam não realizando a qualificação de seus colaboradores com base em programas como o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). E por que isso ocorre? Por que a maioria age na informalidade", explica. "Por isso, a construtora que contrata um terceirizado precisa ver se ela cumpre as exigências para depois não ter problemas", completa.

Volume de acidentes na construção civil chegou a cair para 4º no ranking, mas agora já disputa o 2º lugar.

A ABPA defende que ocorra a fiscalização educativa nos canteiros de obras, com a implantação do ciclo PDCA (do inglês PLAN - DO - CHECK - ACT [Planejar-Executar-Verificar-Ajustar]) para controle e melhoria contínua de processos. "É preciso educar, reeducar, educar, reeducar, sempre numa espiral, e de forma permanente, para criar a cultura da segurança no trabalho", avalia Milton Perez, para quem o Sistema S (Senai, Senac e Sesi) é fundamental para que essas mudanças se consolidem. "Desde o superaquecimento do mercado da construção civil, o Sistema S já qualificou mais de sete mil trabalhadores para o setor. Óbvio que é preciso mais. Porém, o caminho para a prevenção é esse", finaliza.

 

 

Entrevistado
Milton Perez, presidente da ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes)
Currículo
- Milton Perez é graduado em administração de empresas, com pós-graduação em estratégia empresarial
- Com 70 anos de idade, é presidente da ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes) especialista de segurança do trabalho e um dos primeiros técnicos em segurança do trabalho do Brasil
- Também é diretor do estadual do SINTESP (Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho de São Paulo)
- Faz parte do GEHST (Grupo de Estudos de Higiene e Segurança do Trabalho) e é integrante do Comusan (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo)
Contatos: www.abpa.org.br / abpasn@terra.com.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada / ABr

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

"Obras a jato" viram tendência na engenharia mundial

Depois da China, EUA investem maciçamente em construções modulares. No Brasil, falta de mão de obra especializada é um dos empecilhos à tecnologia

Por: Altair Santos

Vídeos de prédios chineses construídos em quinze, dez e até em seis dias estão entre os mais visitados no Youtube (acesse imagens ao final da reportagem). Tratam-se de projetos que exploram ao máximo o conceito de construção modular e que só se viabilizam por causa do emprego de mão de obra altamente especializada e de processos industrializados. Pela velocidade com que conseguem ser concluídos, esses modelos passaram a despertar o interesse da engenharia mundial, e cuja tecnologia começa a ser copiada em países como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos.

Engenheiros Theodoro Diniz, Raphael Rocha e Bruno Pylro (da esq. para a dir.): na CME, eles buscam consolidar tecnologia no Brasil.

Um exemplo é o condomínio que será inaugurado em setembro nos EUA. Projetado pelo escritório de arquitetura Gluck+, o prédio residencial está cumprindo à risca um cronograma de dez meses. Com sete andares e 28 apartamentos, o complexo erguido em Manhattan teve as fundações e o primeiro pavimento executados convencionalmente, em concreto moldado in loco. Os demais andares são compostos por 56 blocos pré-fabricados construídos na Pensilvânia, cada um com 45 metros de comprimento e configurados para se encaixar um a um, formando o edifício. Esta etapa levou 90 dias para ser concluída.

Ainda que não sejam erguidas na mesma velocidade dos edifícios chineses, essas "obras a jato" projetadas no ocidente se valem da construção modular e, consequentemente, das estruturas mistas de aço e concreto para ganhar tempo, reduzir o emprego de mão de obra e economizar recursos. Apesar das vantagens da tecnologia, no Brasil ela ainda é minimamente consumida. Poucas empresas nacionais detêm esse conhecimento. Uma delas é a CME – Construções Modulares Especiais Ltda. -, onde atuam o arquiteto Bruno Pylro e os engenheiros Raphael Rocha e Theodoro Diniz. Na entrevista a seguir, eles explicam como funciona o sistema construtivo que dominam. Confira:

Recentemente veio a notícia de que em Nova York um edifício de apartamentos está em construção baseado em módulos. Isso pode significar uma tendência da arquitetura daqui para frente?
Bruno Pylro - A modulação na construção civil já é desenvolvida no mundo desde o fim da segunda guerra. A ideia surgiu da necessidade de dar velocidade à reconstrução da Europa, então destruída pelo conflito. Atualmente, com a busca de soluções ágeis para novas construções, esse sistema está ganhando novo impulso. Vários países já o utilizam em larga escala. No Brasil, infelizmente, ainda encontra muita desconfiança. Um dos motivos é que poucas faculdades do país abrangem essa disciplina. Outra crença é a de que o projeto modular limita soluções, o que definitivamente é uma inverdade. Mas, pouco a pouco, as soluções de modularidade ganharão as pranchetas e os canteiros. Daí, os desperdícios da construção artesanal serão um passado difícil de se explicar.
As estruturas mistas de concreto e aço predominam na construção modular ou há outras opções?

Raphael Rocha - Embora haja alternativas, o concreto e o aço predominam o mercado modular brasileiro. Porém, infelizmente, ainda se vê como sinônimo de durabilidade e rigidez soluções artesanais que se tornam cada vez mais incompatíveis com as demandas de mercado. Alternativas novas, e tão ou mais eficientes, como os painéis Wall, Steel frame, placas cimenticias, perfis em PVC, painéis sanduíche compostos de EPS e PU e a própria estrutura metálica, permitem que sejam utilizadas das mais diferentes formas possíveis, possibilitando arranjos arquitetônicos ousados e modernos.

Hoje a construção civil brasileira já está sob regime da norma de desempenho. A construção modular atende a essa norma?
Raphael Rocha - A construção modular não difere dos outros modais de construção quando o assunto é norma de desempenho, pois a mesma não trata de sistemas construtivos ou materiais constituintes do edifício, e sim sobre o seu desempenho e comportamento global. A norma estabelece requisitos e critérios de desempenho, considerando as exigências do usuário, como segurança, habitabilidade, conforto térmico e acústico, manutenção, acessibilidade entre outros. Neste sentido, a construção modular atende plenamente as exigências normativas e dos usuários.

Prédio residencial em Nova York: construção modular permitiu erguer seis pavimentos em 90 dias.

Como as tecnologias modulares lidam com a demanda da sustentabilidade?
Bruno Pylro - O sistema construtivo modular busca ao máximo evitar o desperdício. Os projetos devem ser customizados, utilizando a modularidade de todas as peças previstas, evitando-se cortes comuns na construção convencional. O desperdício no canteiro de montagem de painéis não chega a 3% de inservíveis.

A construção modular demanda que tipo de mão de obra e em qual quantidade?
Raphael Rocha - Um dos maiores entraves da difusão do sistema construtivo modular atualmente no Brasil é a qualificação da mão de obra. Não adianta colocar um anúncio no jornal para se contratar um montador de painel. É uma profissão que simplesmente não existe. Atualmente busca-se a fidelização de mão de obra, através da qualificação e da excelência no processo construtivo. Há entendimento de que havendo mais mão de obra capacitada haverá também mais demanda para o mercado da construção modular.

Como a construção modular age em relação às peças úmidas (banheiro e cozinha) além de instalações hidráulicas de obra?
Raphael Rocha - Os ambientes molhados exigem atenção em qualquer tipo de construção e no sistema construtivo modular se diferem dos demais apenas pelo fato de possuírem shafts de acesso as instalações. Essas aberturas estrategicamente posicionadas permitem acesso facilitado para manutenção, sem que haja necessidade de “rasgar” a parede, promovendo o quebra-quebra. Basta utilizar a visita existente.

A cadeia produtiva da construção civil no Brasil está preparada para abastecer a construção modular?
Raphael Rocha - A cadeia produtiva brasileira, embora crescente, apresenta resultados bem abaixo das expectativas projetadas pelo setor. O potencial de crescimento esbarra principalmente pela falta de mão de obra qualificável somadas à cultura brasileira já enraizada no modo artesanal de construção, onde o saber prático, passado de pai para filho, e o saber técnico são demasiadamente convencionais. O fortalecimento do setor modular depende da melhoria da capacidade técnica, que tange a elaboração de projetos, e na sua maior valorização, tanto da parte do setor público como do privado, pois é por meio deles que se insere efetivamente a aplicação de produtos e processos na construção.

Quais os ganhos que a construção modular oferece em relação à construção convencional?
Theodoro Diniz - A industrialização dos processos construtivos permite inúmeras vantagens, das quais podemos destacar:

Tempo

A construção modular permite reduzir o prazo de entrega da edificação em até 1/3 quando comparado à construção convencional. Tal fato se fundamenta pela concomitância de atividades que são realizadas durante todo processo de implantação do empreendimento. Enquanto atividades civis de fundação e infraestrutura sanitária são executadas, os componentes estruturais e de vedação estão sendo fabricados paralelamente. No término da etapa civil, inicia-se imediatamente a montagem dos componentes da edificação. Os painéis são pré-dimensionados ainda na linha de produção visando a mínima intervenção possível in loco.

Qualidade

Os materiais utilizados na construção modular são pré-fabricados e industrializados. São produzidos através de uma linha de produção industrial, fabricados por equipamentos de última geração e submetidos a um rigoroso processo de qualidade antes de serem transportados e fornecidos para a obra.

Organização

Os insumos são fornecidos, organizados e protegidos, permitindo uma melhor distribuição no canteiro por tipo de materiais e por frente de serviço. O ganho de espaço é muito grande, pois assim que um insumo é usado, outro poderá tomar seu lugar no pátio, e assim sucessivamente. Isso garante menor área de canteiro e uma boa dinâmica para a obra.

Planejamento

Permite maior controle das etapas do projeto e aumenta a possibilidade de detalhar melhor os serviços. Isso melhora os índices de produtividade, facilitando o acompanhamento de cada etapa do empreendimento.

Velocidade

Como o conceito é a modularidade, este tipo de construção permite replicar os mesmos métodos utilizados de uma obra para a outra. Isso possibilita um processo de melhoramento contínuo. Construções com este conceito já saem do projeto com um nível muito alto de detalhamento, o que aumenta consideravelmente sua velocidade de execução. Elas também são mais adaptáveis a ferramentas 3D, que permitem antecipar possíveis gargalos construtivos, minimizando o inesperado e garantindo uma fluidez na execução do empreendimento.

Limpeza

Este é um dos principais conceitos. Estamos acostumados com muita poeira e resíduos espalhados por todos os lados. Na construção modular, encontramos o que chamamos de “chão de fábrica”: um espaço limpo, organizado e muito seguro.

Segurança

O método construtivo permite um ganho enorme no que tange à segurança do trabalho. Com um ambiente organizado e limpo, podemos realizar as tarefas minimizando cada vez mais o risco de acidentes. Neste processo, o mapeamento de risco é quase total.

Confira vídeos sobre as construções a jato na China:
http://youtu.be/UCk_dLjgB6s

http://youtu.be/NiQ_ZKv30k4

Saiba mais sobre o The Stack

Entrevistados
Bruno Satler Pylro, Raphael Rocha Baptista de Oliveira e Theodoro Diniz, da CME – Construções Modulares Especiais Ltda
Currículos
- Bruno Satler Pylro é graduado em arquitetura pela UFMG (2008) e pós-graduado em engenharia de segurança do trabalho, pela UNA (2012)
- Raphael Rocha Baptista de Oliveira é graduado em engenharia de produção civil pela FEA-FUMEC e pós-graduado em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral
- Theodoro Diniz é graduado em engenheiro de produção civil FUMEC
Contato: www.cme.com.br
Créditos foto: Divulgação /CME / Gluck+

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Decoração se rende aos pisos e revestimentos cimentícios

Investimento em pesquisa e tecnologia agrega sofisticação ao concreto arquitetônico e permite simulação de outros materiais, como a madeira

Por: Altair Santos

O piso cimentício saiu do chão da fábrica para se instalar em shopping centers, hospitais, universidades, ambientes de escritório, e chegou à beira da piscina. Agora, com maciço investimento dos fabricantes em pesquisa e tecnologia, foi convidado a entrar em casa. E o faz com grande estilo. A ponto de ter conquistado os arquitetos de interiores. Principalmente por que os produtos ganharam sofisticação e capacidade de se transmutar, recebendo texturas que imitam do porcelanato à madeira, e com uma vantagem: são muito mais resistentes. "Os produtos à base de concreto arquitetônico apresentam a mesma propriedade do concreto, ou seja, alta resistência mecânica e extensa durabilidade, desde que instalados conforme as instruções", explica a designer de produtos Mariana Favaron.

Piso cimentício para interiores pode receber texturas como a madeira.

Segundo a especialista, os arquitetos de interiores, quando optam por usar os pisos e revestimentos cimentícios, o fazem também para diferenciar seus projetos e personalizar o resultado. "Como os produtos têm diversas opções de acabamento e cores, eles servem para gerar ambientes inovadores, sejam em projetos residenciais ou corporativos", afirma Mariana Favaron, lembrando também que as características técnicas do material também ampliaram sua participação no mercado. "Há produtos específicos para ambientes internos e externos. Eles atendem exigências como baixa transferência térmica, alta durabilidade e propriedades antiderrapantes. A qualidade tecnológica do concreto arquitetônico fabricado no Brasil atingiu um padrão de excelência", elogia a designer.

Outra virtude dos pisos e revestimentos cimentícios é que eles ganharam competitividade na relação custo-benefício, em comparação com cerâmicas e porcelanatos. "Isso é resultado do investimento dos fabricantes em pesquisas de materiais de superfície. Chegou-se a um nível em que o concreto arquitetônico está cada vez mais resistente e moldável, permitindo a criação de inúmeras formas, com designs cada vez mais inovadores. Houve também o refinamento do acabamento final e, consequentemente, o mercado de decoração hoje o adota como uma tendência", complementa Mariana Favaron. Entre os que dão preferência aos pisos e revestimentos cimentícios estão os arquitetos que constroem com base nas certificações de sustentabilidade, como LEED e AQUA.

Revestimentos cimentícios também podem ser usados na decoração de paredes.

Os tipos de cimento mais utilizados na fabricação de pisos e revestimentos cimentícios são os do tipo II (NBR 11578 – Cimento Portland composto), embora outros tipos também possam ser utilizados mediante dosagens adequadas. A Cia. de Cimento Itambé fabrica os tipos CP II-F-32 e CP II-Z-32. Outro item importante na qualidade do material é a mão de obra especializada. Boa parte dos fabricantes disponibiliza o serviço e não recomenda que o consumidor faça a instalação ou contrate profissionais que não tenham familiaridade com pisos e revestimentos cimentícios. Outro alerta é quanto à utilização de equipamentos e produtos para fixar e impermeabilizar as peças. "Desde que respeitados os procedimentos de instalação e conservação, os pisos e revestimentos cimentícios raramente apresentam problemas de durabilidade", conclui Mariana Favaron.

Entrevistada
Mariana Favaron, designer de produtos
Currículo
- Mariana Favaron é designer de produtos, com especialização em marketing na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)
- Com 34 anos, já está à frente do departamento de marketing da Castelatto há 6 anos
Contato: contato@coevcomunicacao.com.br

Créditos fotos: Divulgação / Castelatto

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Retrabalho é patologia do processo de construção

Negligência ao planejamento e mão de obra não treinada alimentam um dos maiores vilões para o orçamento de uma obra

Por: Altair Santos

O retrabalho dentro de um processo construtivo, na maioria das vezes, é gerado pela falta de planejamento das operações ou pelo não alinhamento das várias etapas do projeto. Isso, invariavelmente, gera repetição de procedimentos, e o que é pior: em algumas fases que já eram consideradas concluídas. Para a construção civil, a ausência de planejamento nos processos, e a consequente geração de retrabalho, não deixa de ser um tipo de patologia dentro da obra. É o que explica o engenheiro civil Ricardo André Fiorotti Peixoto, que tem uma série de estudos sobre o assunto, e também é professor da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Confira a entrevista:

Tecnologia BIM: ferramenta importante no combate ao retrabalho.

O retrabalho dentro de uma obra pode ser considerado um tipo de patologia?
Se pudermos classificar o retrabalho como uma patologia, ele pode ser considerado uma patologia do processo de construção e não da edificação em si.

Quais os principais motivos que acarretam o retrabalho?
O grande problema do retrabalho na construção civil relaciona-se diretamente com a negligência - e aí, nós engenheiros, também temos culpa - em relação ao planejamento do processo operacional, do processo de construção. Nos preocupamos com memoriais descritivos, orçamento, planejamento físico-financeiro e esquecemos de planejar as operações de construção. Essa negligência impacta na turma que está tocando a obra e, por vezes, gera retrabalho.

Em termos de custo e perda de tempo, o que o retrabalho significa para uma obra?
Se fazer bem, e bem feito, custa dez unidades de moeda, executar um retrabalho custa 100 unidades da mesma moeda. Executar um retrabalho não significa simplesmente refazer o trabalho. Isso implica em paralisar várias frentes de serviço que estão em andamento, a partir daquela etapa. Por exemplo, se surge um problema de piso, eu tenho que parar a turma da pintura, da eletricidade e do revestimento. Na construção civil, diferentemente da indústria em série, é necessário que tenhamos uma tarefa pronta para que a próxima possa acontecer. Por isso que o custo do retrabalho é tão alto.

Onde existem as maiores ocorrências de retrabalho e onde o efeito de uma obra mal executada é mais severo?
Em fundações, é uma etapa crítica. Durante a execução da cravação de estacas, caso uma destas estacas se rompa ou entre num processo de ruptura, isso vai exigir modificar a geometria de um bloco de fundação. É sério, pois vai impactar em todo o cronograma da obra. Principalmente, por que as superestruturas hoje são dimensionadas para funcionar de forma aporticada. Todos os elementos respondem em conjunto por todos os esforços.

Já nas construções de baixo custo, as etapas de retrabalho afetam diretamente o lucro das construtoras e os prazos de entrega, mas pulverizadamente. Então representam um impacto grande, mas de forma sequencial. Quando a construção é de alto luxo, algumas vezes ocorrem problemas com assoalhos de madeira importada ou com pisos de revestimento de pedras importadas. Isso também é um problema grave, pois vai gerar grande perda de tempo, grande quantidade de dinheiro alocada e a paralisação de outras etapas da obra.

Gestão de projetos e gestão de obras que não têm sintonia fina normalmente levam ao retrabalho no canteiro de obras?
Com certeza. Com a globalização dos processos, as empresas ficaram muito mais próximas. Eu posso construir uma edificação em Belo Horizonte e contratar um serviço do Rio Grande do Norte, por exemplo. A gestão deste tipo de operação é extremamente complexa e por mais que tenhamos muitos softwares de controle de operação, ainda assim é muito difícil produzir projetos em unidades tão distantes. O grande problema da gestão hoje reside nisso. Há casos em que a obra está aqui no Brasil e os projetos foram comprados da China. Isso obriga a uma grande estrutura de vídeo-conferências para discutir as etapas da obra. Trata-se de gestão de projetos, que se não for bem executada é uma pontecializadora de riscos relacionados ao retrabalho.

Ricardo André Fiorotti Peixoto: gestão de projeto mal executada potencializa risco de retrabalho.

Quando ocorre o retrabalho, a quem se atribui mais culpa: ao projeto ou à execução da obra?
Esta é uma pergunta muito difícil de responder, porque na maioria das vezes quem está na frente de obra segue as informações que estão no projeto. Por outro lado, os projetos podem ser insuficientes. Acho que a responsabilidade pode ser dividida entre as duas etapas.

O turn over em grau elevado num canteiro de obras propicia o retrabalho?
Evidentemente que sim.

Hoje ainda há um elevado grau de retrabalho nas obras ou o avanço das técnicas de engenharia já minimizou bastante esse risco?
Se fizermos um comparativo dos últimos dez anos, mas com a ressalva de conservar as escalas tecnológicas, hoje nossas construções têm um índice de retrabalho menor. Os processos evoluíram, como o de qualificação de mão de obra, dos sistemas construtivos e do próprio Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H). Além disso, tem as exigências relacionadas aos organismos financiadores. Tudo isso, trouxe melhoria para os processos. Mas o retrabalho continua sendo um grande problema na construção civil.

Recursos tecnológicos, como o BIM, ajudam a combater o retrabalho?
Claro que sim. Inclusive estamos orientando uma dissertação de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) onde a aluna buscou casos de projetos que foram executados em diversos escritórios de construção e aplicou o BIM nestes projetos. Os resultados preliminares da pesquisa são bastante animadores. Eles mostram que o BIM é uma ferramenta importante para corrigir rumos e reduzir o retrabalho.

Quando percebe-se que o retrabalho é inevitável, quais procedimentos devem ser tomados?
Infelizmente, dificilmente se percebe isso. O retrabalho surge de uma operação mal conduzida e que só depois dela iniciada é que se percebem os equívocos.

Entrevistado
Ricardo André Fiorotti Peixoto, professor-adjunto do curso de graduação e pós-graduação em engenharia civil da Universidade Federal de Ouro Preto
Currículo
- Ricardo André Fiorotti Peixoto é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1996)
- Mestre em engenharia civil pela Universidade Federal de Viçosa (1999)
- Doutor em engenharia agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (2004)
- Atualmente, é professor-adjunto do curso de graduação e pós-graduação em engenharia civil do departamento de engenharia civil da Universidade Federal de Ouro Preto
- Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em materiais e componentes de construção, processos construtivos e construção civil
- Lidera o grupo de pesquisa em resíduos sólidos - RECICLOS -, atuando nos seguintes temas: tecnologia de materiais, processos construtivos, construção civil, materiais de construção, manejo, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos industriais
Contato: ricardofiorotti@yahoo.com.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Construção civil se divide diante do cenário econômico

Setor habitacional ainda tem fôlego para seguir aquecido. No entanto, obras voltadas à infraestrutura não têm perspectivas tão animadoras

Por: Altair Santos

A sensação de bem-estar gerada pela economia brasileira arrefeceu. Indicadores como inflação crescente, confiança em queda e disposição para o consumo em viés de baixa criaram um novo cenário no país. Pagam todos, indiscriminadamente. Uns mais, outros menos. Até dentro de um mesmo setor, há quem sinta o impacto de maneira diferente. É o caso da construção civil. Segundo levantamento realizado pela LCA Consultoria, o segmento voltado ao setor imobiliário tende a se manter aquecido. Já o que engloba as obras de infraestrutura não convive com previsões tão otimistas. Por dois motivos: a lentidão dos projetos e por que boa parte dos recursos já foi empenhada para o evento Copa do Mundo, seja na forma de estádios ou empreendimentos voltados à mobilidade.

Momento econômico ainda mantém aquecido alguns setores e promove o recuo de outros.

Um dado relevante levantado pela LCA Consultoria, e que mostra o cenário econômico atual, está no desempenho do PIB da construção civil registrado no primeiro trimestre de 2013. Houve recuo de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, acentuando a queda em relação ao final de 2012, quando o PIB do setor caiu 0,2% na mesma base de comparação. Diante destes números, a empresa especializada em inteligência de mercado estima que o PIB da construção fechará 2013 com crescimento de 2,9%. O mesmo estudo projeta que para 2014 esse número deve chegar a 3,9%. "É que no ano que vem haverá eleições e os governos tendem a contratar obras. Mas a euforia de 2010 não vai voltar. O crédito está desacelerando", diz o economista Fernando Sampaio, um dos sócios da LCA.

Em 2010, o PIB do setor cresceu 11,6%. Em boa parte, esse avanço se deu por causa do encaminhamento de projetos de infraestrutura, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e do auge do programa Minha Casa, Minha Vida. Agora, o momento é outro, principalmente na construção pesada. Um exemplo é que em maio de 2013 o segmento gerou apenas 719 empregos líquidos com carteira. Bem abaixo do patamar de 12 mil vagas observado no mesmo mês do ano anterior. Outro indicador é a confiança do empresariado. Em julho de 2013, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice baixou para 51 pontos entre os construtores de edifícios, 50,2 entre os ligados às obras de infraestrutura e 52,9 entre os que prestam serviço especializado ao setor.

Crédito em alta

Um dado que mostra por que o segmento de construção habitacional está mais otimista que o de infraestrutura está no volume de empréstimos concedidos para a compra e construção de imóveis no país. O desembolso atingiu R$ 49,6 bilhões no primeiro semestre de 2013. Tratam-se de recursos 34% superiores aos R$ 37 bilhões no mesmo período de 2012. Esse dinheiro financiou 244,7 mil unidades nos primeiros seis meses de 2013 - 14% a mais do que no mesmo período do ano passado. O levantamento é da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que alerta, porém, que os números atuais ainda são reflexo do auge do mercado imobiliário, vivido entre 2009 e 2010. Seriam os lançamentos daquele período que estão sendo entregues agora e, portanto, consolidando a concessão de financiamento a quem comprou as unidades.

Entrevistados
- LCA Consultoria, especializada em inteligência de mercado. (via assessoria de imprensa)
- Confederação Nacional da Indústria (CNI). (via assessoria de imprensa)
- Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). (via assessoria de imprensa)
Contatos: contato@lcaconsultores.com.br / imprensa@cni.org.br / imprensa@abecip.org.br
Créditos foto: Marcelo Camargo / ABr

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330