Itambé investe R$ 500 milhões em novo forno e consolida-se como uma das principais fornecedoras de cimento da Região Sul

A Cimento Itambé, empresa paranaense com 48 anos de atuação, acredita no avanço do setor da construção civil e investiu R$ 500 milhões em um novo forno em sua fábrica, localizada em Balsa Nova, na Região Metropolitana de Curitiba. Além disso, foram investidos R$ 150 milhões em novos negócios, por meio da Novo Horizonte, empresa de calcário agrícola, e da Rio Bonito Soluções Ambientais, totalizando R$ 650 milhões em investimentos nos últimos três anos.

O novo equipamento, recém-inaugurado, foi resultado de dois anos de construção e gerou cerca de 5 mil empregos diretos. Ao entrar em operação, o novo forno eleva a capacidade de produção da fábrica em 600 mil toneladas de cimento por ano.

Essa expansão representa um aumento na capacidade de produção de clínquer, o principal insumo do cimento. Com a ampliação, nossa capacidade total de produção de cimento chega a 3 milhões de toneladas por ano. “Com o novo equipamento, reforçamos nosso compromisso de produzir cimentos de qualidade para atender nossos clientes, além de promover a inovação industrial e a sustentabilidade, pilares da nossa atuação”, destaca o diretor-superintendente da Itambé, Alexander Capela Andras.

Desempenho energético

De acordo com o diretor industrial da Cimento Itambé, Fábio Garcia, foram selecionados os melhores equipamentos e periféricos disponíveis no mercado para compor o novo forno. “O equipamento atingiu o recorde de substituição térmica nas Américas, com um consumo térmico e elétrico World Class. Com a injeção de combustíveis alternativos, o forno apresenta a redução de até 65% de combustíveis fósseis”, informa.

Novo forno foi projetado para operar com substituição de combustíveis fósseis por fontes alternativas e renováveis
Crédito: Divulgação

Toda a planta opera com automação completa dos processos industriais, o que garante maior controle de qualidade, segurança operacional e eficiência energética. “Este forno representa mais do que um avanço tecnológico: reflete nosso propósito de crescer com responsabilidade, inovando com respeito ao meio ambiente e mantendo nosso dever com a sociedade e com o meio ambiente”, completa Andras.

Segundo Marcio Lobo, diretor comercial da Itambé, o forno reforça o compromisso da empresa em oferecer produtos com regularidade técnica e volumes adequados para atender ao crescimento do mercado da construção civil.

A empresa é considerada referência nacional em qualidade e eficiência, mantendo sua matriz de decisões e investimentos no Paraná. O investimento consolida a posição da Itambé como uma das principais fornecedoras de cimento da Região Sul. “Essa ampliação nos deixa ainda mais preparados para atender nossos clientes e o mercado em obras de infraestrutura, habitação e pavimentação em toda a nossa área de atuação”, assinala.

Sustentabilidade como diferencial competitivo

Um dos principais diferenciais do projeto é seu foco ambiental. O novo forno foi projetado para operar com substituição de combustíveis fósseis por fontes alternativas e renováveis, como biomassa e resíduos industriais. Essa medida contribui diretamente para a redução das emissões de CO₂ e para o aumento da eficiência energética da planta.

A empresa emprega combustíveis alternativos que substituem os combustíveis fósseis, reduzindo de forma significativa as emissões de CO₂. Além disso, por meio do coprocessamento de resíduos industriais, a Itambé dá a destinação correta a cerca de 168 mil toneladas de resíduos anualmente, ajudando a reduzir o volume que seria enviado a aterros sanitários. 

O presidente do Conselho de Administração, Claudio Gomes Slaviero, reforça o compromisso da empresa com o Estado. “Há mais de 50 anos investimos no Paraná. Nosso foco é o desenvolvimento da nossa terra, com geração de emprego, inovação e respeito ao meio ambiente. O Paraná é a base de tudo o que construímos”. 

Fontes
Alexander Andras é diretor-superintendente da Itambé.
Marcio Lobo é diretor comercial da Itambé.
Fábio Garcia é diretor industrial da Itambé.
Claudio Gomes Slaviero é presidente do Conselho de Administração.

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alexander.andras@cimentoitambe.com.br
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Ana Carvalho
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Concreto de alta performance marca obra do primeiro wellness building do Brasil

Muitas obras estão utilizando o concreto aparente como solução arquitetônica e criando diferenciais únicos. Exemplo disso é o AGE360, que começa a mudar a paisagem urbana com seus 124 metros de altura e um conceito arquitetônico inédito no país. Além de ser o primeiro wellness building do Brasil, o edifício é também um marco em soluções construtivas, especialmente pelo uso diferenciado do concreto aparente, que se tornou elemento estrutural e estético central no projeto.

 Concreto aparente tornou-se elemento central no projeto e demandou da Concrebras soluções exclusivas
Crédito:
Joana França

Desenvolvido pela incorporadora AG7 com assinatura do arquiteto Greg Bousquet, fundador da Architects Office, o AGE360 adota um exoesqueleto de concreto que libera os interiores de pilares, oferecendo plantas flexíveis e vistas desobstruídas. “Tivemos que realizar inúmeros testes in loco para assegurar consistência na textura, tingimento e acabamento do concreto. A uniformidade foi essencial para manter a identidade visual do edifício”, explica Bousquet.

Um concreto sob medida para um projeto singular
Para atender às exigências técnicas e estéticas, a AG7 contou com a expertise técnica da Concrebras, responsável pelo fornecimento de todo o concreto da obra. “Trabalhamos de maneira conjunta na criação do concreto aparente, um dos componentes arquitetônicos mais marcantes do projeto”, afirma o engenheiro Sergio Davidovicz, especialista técnico da Concrebras.

A empresa desenvolveu uma solução personalizada para atender tanto às demandas estéticas do cliente quanto aos requisitos técnicos da obra, assegurando qualidade, longevidade e a identidade visual pretendida para o empreendimento.

As áreas comuns, como piscina, spa e jardins elevados, foram posicionadas no meio da torre, criando pontos de encontro com vistas abertas para a cidade e o Parque Barigui. “Essa decisão reforça o conceito de wellness e promove o bem-estar, colocando o morador no centro do projeto”, completa o arquiteto da obra.

A complexidade arquitetônica do AGE360 exigiu uma formulação exclusiva que garantisse não apenas resistência e durabilidade, mas também o padrão visual desejado. “Fizemos testes de trabalhabilidade, controle de textura e cor, além de ensaios para avaliar o desempenho do concreto sob as condições climáticas de Curitiba. Cada detalhe, do traço à execução, foi pensado para entregar um resultado final uniforme e de alta qualidade”, explica Karolina Kloss, assessora técnica comercial da Concrebras.

Ela ressalta que o concreto aparente apresenta desafios específicos, porque qualquer variação de tonalidade ou textura é perceptível e pode comprometer o efeito estético. O acompanhamento de laboratório foi constante, ajustando dosagens, controlando umidade e temperatura, e seguindo os protocolos rigorosos de moldagem, desforma e cura”, complementa.

Logística e execução de alto nível

A obra consumiu mais de 3.300 m³ de concreto, fornecidos pela Central CIC da Concrebras, estrategicamente localizada próxima ao canteiro. O transporte e a aplicação exigiram planejamento logístico detalhado, com fornecimento por etapas de acordo com o cronograma e uso de equipamentos especiais para atingir as alturas do edifício.

A proximidade da central de concreto foi fundamental para manter a consistência do material durante as aplicações, especialmente em um projeto que exige um padrão estético tão elevado. “Coordenar a entrega e o bombeamento nas alturas da torre, sem perder o controle de qualidade, foi um dos maiores desafios que superamos com planejamento e integração com a equipe de obra”, detalha.

Integração entre concreto, arquitetura e natureza

O exoesqueleto de concreto não é apenas funcional, mas estabelece diálogo com os elementos naturais. Jardineiras embutidas nos terraços, combinadas ao acabamento mineral, criam contraste harmônico com a vegetação. “O contraste entre o mineral e o vegetal fortaleceu o conceito de integrar o prédio à natureza”, observa Bousquet. Essa integração reforça a proposta de bem-estar do projeto e amplia sua relevância arquitetônica, já reconhecida por prêmios como o iF Design Award 2021 e o Rethinking the Future.

Edifício deixa para Curitiba um marco de inovação construtiva e urbanística
Crédito: Joana França

Um legado de precisão construtiva

O AGE360 mostra como o concreto pode ultrapassar seu papel tradicional para se tornar protagonista na arquitetura. Ao unir engenharia de ponta, estética refinada e atenção ao bem-estar, o edifício deixa para Curitiba um marco de inovação construtiva e urbanística. “Cada decisão foi guiada pela funcionalidade, mas resultou em algo poeticamente integrado ao contexto urbano e natural”, resume Bousquet.

De acordo com Karolina, estruturas de concreto aparente são sempre desafiadoras, mas no AGE360 foi possível aliar desempenho e beleza. “É gratificante ver o resultado e saber que a Concrebras fez parte dessa história”, conclui Karolina Kloss.

Entrevistados
Karolina Kloss é engenheira civil graduada pela Universidade Positivo de Curitiba (UP). Possui pós-graduação em Construção Civil: Residenciais, Industriais e Especiais, atualmente é pós-graduanda em Patologia nas Obras Civis pelo IDD. Atua como Assessora Técnica Comercial na Concrebras.
Sergio Davidovicz é engenheiro civil e possui pós-graduação em Patologia das Construções. Atua há 34 anos como Especialista Técnico na Concrebras.

Fonte
AG7

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karolina.kloss@concrebras.com.br
sergio@concrebras.com.br
sabrina.pereira@motim.cc (Assessoria de Imprensa)

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Ana Carvalho
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Norma para concreto de ultra-alto desempenho (UHPC) é publicada

O Brasil acaba de dar um passo importante para consolidar o uso do concreto de ultra-alto desempenho (UHPC, na sigla em inglês) no país. A partir de 2025, o UHPC passa a contar com uma norma técnica nacional: a NBR 17246, estruturada em quatro partes, que cobre desde classificação e requisitos até métodos de ensaio e controle de qualidade.

A série brasileira se inspira nas normas europeias, especialmente no Eurocode.
Crédito: Envato

O UHPC proporciona oportunidades singulares para a construção pré-fabricada, como elementos esbeltos, uso efetivo de pré-tensionamento e produtos arquitetônicos e estruturais inovadores, segundo o professor Sri Sritharan, doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade da Califórnia – San Diego, professor titular da Iowa State University. Dentre as possibilidades de aplicação em pré-moldados, o professor cita vigas de ponte (formato tradicional em “I”); superestrutura de ponte (formato otimizado em “π”); sistema de laje de ponte (painéis tipo waffle); conexões; revestimento de tabuleiro; estacas; estruturas de casca (conchas) e torres de aerogeradores.

Historicamente, o UHPC foi usado no Brasil de forma restrita, inicialmente em elementos decorativos e, mais recentemente, em aplicações estruturais, como uma passarela para pedestres apresentada no 64º Congresso Brasileiro de Concreto (CBC), em Florianópolis, e posteriormente instalada em uma comunidade na cidade de São Paulo, segundo Roberto Christ, coordenador do itt Performance e professor do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Unisinos.

Por que usar o UHPC?

De acordo com Marco Antonio Carnio, coordenador do Comitê IBRACON/ABECE 303: Uso de Materiais Não Convencionais para Estruturas de Concreto, Fibras e Concreto Reforçado com Fibras e professor de Estruturas de Concreto da PUC-Campinas, hoje o UHPC apresenta grande potencial, especialmente no setor de pré-fabricados, graças à sua ampla gama de aplicações. “A tecnologia permite produzir peças mais leves, reduzindo custos de montagem e possibilitando o uso de guinchos e equipamentos menores. Do ponto de vista ambiental, a alta resistência do material possibilita dimensões reduzidas, o que significa menor consumo de matéria-prima, contribuindo para a descarbonização e a desmaterialização das estruturas. Além disso, o UHPC oferece uma durabilidade superior, prolongando significativamente a vida útil das construções e otimizando transporte, montagem e manuseio”, afirma.

Da experimentação à padronização

Primeiramente, o CT 303 do IBRACON/ABECE publicou uma prática recomendada que ajudou a uniformizar o conhecimento. No entanto, logo em seguida, o comitê começou a trabalhar em uma norma nacional, para conferir responsabilidade e segurança ao uso do concreto.

“Antes da norma, os projetistas precisavam recorrer a documentos estrangeiros, como ACI, FHWA e AFGC, ou a normas brasileiras indiretas, como a NBR 16935 e a NBR 16938, o que limitava a difusão do material e aumentava os riscos de aprovação e execução de projetos”, explica Roberto Christ, coordenador do itt Performance e professor do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Unisinos.

De acordo com o engenheiro Alvaro Barbosa, coordenador técnico da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC), a ideia era tirar o UHPC do limbo “experimental”, dar segurança jurídica a projetos e contratos, padronizar ensaios, qualidade e dosagem, e alinhar o país ao que ACI, FIB e AFGC já vêm consolidando. “Em 2024, ainda se apontava que, sem norma própria, o uso ficava restrito à pesquisa e a guias estrangeiros.”

Como fica a NBR 17246?
De acordo com Barbosa, a nova série de normas é organizada em quatro partes:
Parte 1 – Classificação, requisitos e especificação: define termos, classes de resistência, propriedades reológicas, durabilidade e critérios de desempenho do material.
Parte 2 – Ensaios de validação de dosagem e produção: apresenta procedimentos para validar traços, empacotamento de partículas, adição de fibras e controle de reologia.
Parte 3 – Controle de qualidade: detalha planos de inspeção, amostragem, rastreabilidade de fibras e insumos, e critérios de aceitação.
Parte 4 – Métodos de ensaio: estabelece métodos para ensaios mecânicos e de durabilidade, incluindo compressão, tração, tenacidade e permeabilidade.

Para Christ, todas as propriedades especificadas na Parte 1 são importantes. “Como o UHPC apresenta grandes vantagens, sua utilização é viável em diversas aplicações — não apenas em elementos estruturais, mas também em elementos decorativos e estruturas complementares. Dependendo da aplicação, uma propriedade pode ter maior relevância que outra. De forma geral, as principais propriedades especificadas na norma são: resistência à compressão; resistência à tração no limite de elasticidade (que evidencia o comportamento pós-fissuração); consistência da mistura; densidade aparente; teor de ar incorporado; retração; índice de vazios; carga elétrica passante; e permeabilidade aparente a gases”, destaca.

Segundo Barbosa, entre as propriedades que exigiam regulamentação específica estão a alta resistência à compressão (mínimo de 100 MPa no Brasil), a resistência à tração no limite de elasticidade (indicando o comportamento pós-fissuração), a consistência, a densidade aparente, a retração, a permeabilidade e a carga elétrica passante. O UHPC também exige atenção especial à produção, ao controle de fibras, ao lançamento, ao adensamento e à cura, mas não demanda mudanças significativas nos métodos construtivos tradicionais.

Barbosa aponta outras propriedades que exigiam regulamentação específica:

Comportamento em tração com fibras (endurecimento pós-fissuração, tenacidade/energia).
Reologia/trabalhabilidade (mistura de baixa relação a/aglomerante, aditivos de alta eficiência).
Durabilidade (baixa permeabilidade, cloretos, gelo-degelo, abrasão) e fogo (parâmetros térmicos ainda carecem de padronização local).

Alinhamento internacional

A série brasileira se inspira nas normas europeias, especialmente no Eurocode, e mantém convergência com referências internacionais, como o ACI 239, os guias AFGC (França) e o FHWA (EUA), segundo Barbosa.

“As normas técnicas brasileiras sobre o UHPC estão mais alinhadas com as definições das normas europeias, utilizando como referência o Eurocode”, informa Christ.

Apesar da inspiração nas normas europeias, elas foram adaptadas às características brasileiras. “No caso do UHPC, há particularidades importantes: a produção depende de cimentos nacionais, com características próprias, além de agregados diferentes e fibras especiais. Isso torna o processo mais complexo, já que nem todos os fabricantes dispõem dessas fibras — hoje, existem apenas dois ou três produtores globais. Também é necessário considerar o papel dos aditivos, em grande parte fornecidos por empresas multinacionais, mas já com experiências nacionais relevantes. Assim, o desafio está em adaptar essas soluções às condições específicas do Brasil.

No campo do projeto, a ABNT NBR 6118 traz adaptações a partir das normas internacionais, mas ajustadas à realidade brasileira. “No país, estamos habituados a trabalhar com concretos de até 90 MPa de resistência à compressão — em geral, de 50 a 92 MPa. Já no caso do UHPC, falamos de valores bem superiores, de 100 a 200 MPa, podendo chegar a 230 MPa. Produzir concretos acima de 100 MPa não é tarefa simples e representa uma meta desafiadora”, destaca Carnio.

Barbosa compartilha um quadro comparativo com as normas internacionais:

Texto

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Perspectivas

O lançamento da norma promete estimular o mercado de pré-fabricados e a indústria de concretos especiais, consolidando o UHPC como alternativa viável para projetos que exigem alta resistência, durabilidade e desempenho estrutural diferenciado. Para engenheiros e projetistas, a expectativa é que a norma facilite a aprovação de projetos, reduza riscos e abra espaço para inovações construtivas com o material.

De acordo com Carnio, o Ibracon agora também está trabalhando em uma comissão de norma para UHPC relacionada a projetos, especificamente sobre como projetar utilizando UHPC. “A norma dá segurança sobre o sistema construtivo para toda a sociedade — isso inclui construtoras, fabricantes de materiais, projetistas, consumidores, entre outros. Hoje, há ações isoladas, desenvolvendo aplicações, especialmente em pré-fabricados. Mas ainda é incipiente. Com a norma, tende a ganhar maior escala. As duas normas foram feitas em paralelo, mas a de projetos ainda está em fase final”, aponta.

Entrevistados

Marco Antonio Carnio é coordenador do Comitê IBRACON/ABECE 303: Uso de Materiais não convencionais para Estruturas de Concreto, Fibras e Concreto Reforçado com Fibras e professor de Estruturas de Concreto da PUC Campinas.
Roberto Christ é coordenador do itt Performance, professor do Curso de Graduação de Engenharia Civil e coordenador do Curso de Especialização em Patologia, Perícias e Desempenho das Edificações da Unisinos.
Alvaro Barbosa, coordenador Técnico da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC).

Contatos
alvaro@abesc.org.br
RCHRIST@unisinos.br 
mac@evengenharia.com.br 

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Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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Concreto que fixa carbono: inovação pode transformar resíduos da construção em aliados contra mudanças climáticas

Transformar resíduos de concreto em materiais de alto desempenho, enquanto se captura e armazena carbono, deixou de ser apenas uma possibilidade teórica. Uma pesquisa conduzida pelo engenheiro civil e doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Victor Saldanha Cassel, avaliou o uso de dióxido de carbono (CO₂) no tratamento de agregados graúdos reciclados de concreto, aplicando a tecnologia CCUS (Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono).

O objetivo foi avaliar como o tratamento com CO₂ impacta nas propriedades físicas e microestruturais do material, além de medir o potencial de fixação do gás na matriz cimentícia”, explica Cassel. Em ambiente controlado, com alta concentração de CO₂, as partículas recicladas foram expostas por 24 horas ao processo de carbonatação acelerada.

Resultados: mais qualidade e menos emissões

Os ensaios mostraram que os agregados reciclados de concreto apresentaram um potencial de fixação de CO2 entre 9 e 13 kg por tonelada de material, além de melhorias na massa específica, microdureza, menor absorção de água e porosidade reduzida.

Pesquisa demonstra que o concreto não é apenas um material estrutural, mas pode ser um aliado no combate às mudanças climáticas
Crédito: Envato

O pesquisador afirma que, quanto maior a quantidade de CO₂ fixado, melhor foi a qualidade do agregado. “Observamos aumento da densidade, maior resistência e menor absorção de água, o que abre espaço para um uso mais amplo desse material na construção”, revela.

No cenário nacional, a pesquisa estima que, com aumento do índice de reciclagem e carbonatação completa, seria possível capturar em média 39,5 mil toneladas de CO₂ por ano. “Essa é uma oportunidade de alinhar o setor da construção às metas globais de neutralização de carbono, ao mesmo tempo em que se aproveitam resíduos que hoje têm destinação limitada”, destaca Cassel.

Essa estratégia não apenas valoriza resíduos da construção e demolição (RCD), mas também abre portas para geração de créditos de carbono, agregando viabilidade econômica à prática.

Benefícios para a construção e para o planeta

A tecnologia pode representar uma dupla vantagem: amplia o uso de agregados reciclados, reduzindo a necessidade de extração de recursos naturais, e contribui para as metas globais de neutralização das emissões até 2050. “É um caminho para viabilizar tecnicamente o uso em maior escala desses agregados e ainda contribuir para reduzir as emissões de CO₂ da indústria da construção”, resume o engenheiro.

A transição do laboratório para a escala industrial exigirá ajustes, como definição da etapa ideal para aplicação do tratamento e otimização de parâmetros ambientais para maximizar a fixação de CO₂ em menos tempo. “O desafio agora é entender como aplicar essa tecnologia em larga escala sem gerar impactos ambientais adicionais e com custo viável para as empresas”, observa. Além disso, estudos futuros deverão avaliar o desempenho mecânico e a durabilidade de concretos produzidos com esses agregados tratados, fortalecendo a aplicação em obras reais.

Economia circular na prática

De acordo com a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON), o Brasil gera anualmente cerca de 107 milhões de toneladas de RCD, mas apenas 17% desse volume é reciclado.

O uso de CO2 para o tratamento de agregados reciclados representa um caminho concreto para impulsionar a economia circular na construção civil, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados a consumo responsável e ação climática.

A pesquisa evidencia que, quando ciência e engenharia se encontram, o concreto não é apenas um material estrutural, mas pode ser também um aliado no combate às mudanças climáticas.

Entrevistado

Victor Saldanha Cassel é engenheiro civil graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), mestre e doutorando em engenharia civil com ênfase em construção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Contato
victorcassel29@gmail.com

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Ana Carvalho
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Condomínios apostam em facilidades como escolas e restaurantes

O mercado imobiliário de alto padrão em São Paulo teve crescimento de 238,9% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Na região Sudeste, os empreendimentos de luxo foram o grande destaque do trimestre, com crescimento expressivo de 14,4% nos lançamentos e 30% nas vendas. Já no Sul, os imóveis de luxo também se destacaram, com crescimento de 53,3% nos lançamentos e 22,5% nas vendas, impulsionados pela área do litoral norte de Santa Catarina e de Florianópolis. 

Projeto do condomínio Jardins Grécia conta com restaurante e escola de inglês
Crédito: Divulgação

Dentro deste movimento de expansão do mercado imobiliário de alto padrão, vêm os lançamentos que apostam em grandes diferenciais de lazer e infraestrutura que vão de marinas e campos de golfe a escolas e restaurantes. 

 “Hoje, esses condomínios estão se tornando verdadeiros hubs, agregando não só a moradia e o lazer, mas serviços, comércio e outras comodidades”, explica Guilherme Craveiro, sócio fundador da FGR Incorporações, uma das pioneiras no desenvolvimento de condomínios horizontais em Goiânia. 

Em artigo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Brian Pieroni, engenheiro e diretor da Bild Desenvolvimento Imobiliário, aponta que é difícil falar sobre o mercado imobiliário atual sem mencionar o fenômeno dos condomínios estilo home resort, ou como é mais conhecido, clube privativo. 

“De uns anos para cá, o que antes era visto como luxo – piscinas, academias, espaços gourmet, bicicletas à disposição dos moradores, área para pets, espaço exclusivo para lavagem de carros e coworkings – virou quase item essencial para quem busca qualidade de vida e praticidade. Os condomínios-clube nasceram dessa demanda. E estão ganhando cada vez mais força”, informou Pieroni.

Condomínios com infraestruturas diferenciadas

Veja alguns exemplos de condomínios que investiram em infraestrutura de lazer e serviços com propostas diferenciadas:

Condomínio com marina: 

Localizado em Balneário Camboriú, o Marina Beach Towers possui uma marina exclusiva, com serviço de colocação e retirada da embarcação no mar, limpeza de embarcações e manutenção de carretas, tudo incluído na taxa condominial. Também tem serviços como concierge, central delivery, arrumadeira, personal trainer, serviço de toalhas, monitores para crianças, cabelereiro e manicure, massagista, marinheiros e lavanderia. 

Condomínio com Centro Hípico:

O condomínio Kurumim, situado em Itu (SP), dispõe de uma hípica com equipe de tratadores e veterinários. A estrutura inclui ainda piscina, trilha ecológica, quadras poliesportivas e campo de futebol. 

Escola de inglês e restaurante:

Em Goiânia, os condomínios Jardins desenvolvido pela FGR Incorporações costumam contar com mercado autônomo, aplicativo com rede de diaristas, pet móvel e lava car móvel. Um de seus últimos lançamentos, o Jardins Grécia, terá restaurante, escola de inglês, quadra de pickleball, trilha de mountain bike, capela, espaço feira, horta e pet place.

Campo de golfe:

O condomínio Reserva Camboriú Yacht & Golf, em Camboriú (SC), conta com um campo de golfe executivo e atracadouros de barcos com acesso ao mar pelo Rio Camboriú. 

Fontes
Guilherme Craveiro é sócio fundador da FGR Incorporações, uma das pioneiras no desenvolvimento de condomínios horizontais em Goiânia.

Contato
Guilherme Craveiro – Assessoria de imprensa: anderson@comunicacaosemfronteiras.com
ABRAINC - abrainc@abrainc.org.br 

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Como reter talentos na construção civil?

 A falta de profissionais continua sendo um obstáculo para a construção civil no Brasil: 82% das empresas afirmam enfrentar dificuldades para contratar novos trabalhadores, de acordo com a Sondagem da Construção, levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).

Em março de 2025, o índice alcançou o nível mais alto desde outubro de 2012. No segmento de serviços especializados, 70% das empresas relatam não conseguir encontrar profissionais disponíveis no mercado — o maior patamar desde o início da série histórica, em julho de 2010.

70% das empresas relatam não conseguir encontrar profissionais disponíveis no mercado.
Crédito: Envato

“As empresas ficaram mais pessimistas neste início de ano, refletindo as dificuldades com a escassez de mão de obra qualificada, que vêm alcançando patamares recordes, e um crédito mais caro. Houve também uma desaceleração da atividade, que deve ser revertida, pois as indicações são de retomada das contratações de mão de obra, mantendo o mercado de trabalho pressionado”, afirmou Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.

Para Bruna Siciliano, presidente do Grupo Siciliano Brasil, a construção civil apresenta um ponto de inflexão em relação a outras indústrias.

“Contratar, recrutar, capacitar e introduzir profissionais nos canteiros de obras é diferente do que ocorre, por exemplo, na indústria de mineração. No processo de contratação, recrutamento, seleção e inserção em uma frente de trabalho — seja numa fábrica automobilística ou em qualquer outro setor — a indústria da construção civil é única. Isso porque existem códigos de conduta, o Anexo 4 da Constituição, sindicatos e uma série de peculiaridades que envolvem o setor. Isso obriga o empregador a se adaptar às regras vigentes, seguindo a CLT. Além disso, a própria indústria da construção cria códigos de conduta específicos”, comenta Bruna.

Outra questão, segundo Bruna, é que hoje existe uma espécie de bolha no mercado imobiliário, com mais canteiros de obras espalhados por cidades como São Paulo do que a capacidade de mão de obra para atendê-los.
“Ela acaba não sendo suficiente. E o cenário se torna ainda mais problemático porque muitos orçamentos dessas obras, já em andamento, estão defasados. Quando se contrata um empreiteiro para executar serviços de impermeabilização, gesso ou qualquer outra etapa, a construtora, incorporadora ou gerenciadora trabalha com um orçamento que, muitas vezes, foi definido há dois ou até quatro anos. Esse valor já não reflete a realidade atual, especialmente diante das mudanças climáticas, que também aceleram esse processo”, afirma Bruna.

Como reter talentos?

Para Bruna, reter profissionais na construção civil exige ir além da remuneração. “Contratamos mentes criativas para reduzir a rotatividade e oferecer inovação aos projetos. Pagamos acima da média do mercado, temos plano de carreira e olhamos não só para o colaborador, mas também para sua família e rede de apoio. Isso transmite segurança, alinhada aos nossos pilares: proteger, desenvolver e incluir”, afirma.

Bruna destaca que a nova geração busca equilíbrio entre salário e qualidade de vida. “Por isso, a Siciliano, signatária do Pacto Global da ONU, inclui seus colaboradores em programas de capacitação da organização, reforçando políticas de ESG e direitos humanos. Como prestadores de serviço, nossos profissionais são prioridade. Além da CLT e do plano de carreira, oferecemos benefícios como descontos em farmácias, acesso a academias, atendimento médico remoto e parcerias para desenvolvimento horizontal e transversal”, explica.

Sobretudo, o investimento em qualificação da mão de obra também é importante. “A gente tem parceria com todos os nossos stakeholders, com os nossos principais fabricantes. Em 2025, em parceria com a Viapol, colaboradores participarão de treinamentos na fábrica de Caçapava, aprendendo sobre processos produtivos e aplicação de produtos. Com o Senai da Construção Civil, no Tatuapé, são oferecidos cursos como técnico em edificações, leitura de projetos e mestre de obras. Entre as iniciativas recentes, há um programa lançado com o Ministério do Trabalho para formar jovens aprendizes de 16 a 21 anos. Trabalhamos o letramento desses jovens e de suas famílias, preparando-os para o mercado e respondendo às demandas da geração Z”, conclui Bruna.

Entrevistada
Bruna Siciliano é especialista em construções saudáveis e sustentáveis, economia verde, soluções baseadas na natureza e descarbonização aplicadas a indústria da construção civil. Também é empreendedora e presidente do Grupo Siciliano Brasil, CEO Siciliano Ltda, Siciliano Tecnologia e Cofundadora da Siciliano Pro.

Contato:
tecnico@sicilianoltda.com.br

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Queda acentuada no funding para produção e custo de capital em alta dificultam atuação da construção civil

A construção civil brasileira vive um momento de atenção em relação ao acesso a recursos para financiar a produção. Embora o crédito para pessoa física, destinado à compra de imóveis, siga em ritmo razoável, o financiamento voltado para as incorporadoras e construtoras tem sofrido forte retração, obrigando as empresas a recorrerem a capital de mercado, com custo significativamente mais alto. 

De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume de recursos da poupança direcionado pelos bancos para financiar a construção recuou 48,6% nos primeiros quatro meses desse ano em relação ao mesmo período de 2024.
“Os agentes financeiros estão canalizando recursos para pessoa física, mas a produção registrou uma queda muito grande. As empresas estão sendo financiadas com recursos de capital com custo mais elevado, e isso se reflete no preço final do imóvel”, afirma Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.

Odair Senra, vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP, explica que a dificuldade é estrutural. Segundo ele, a produção e comercialização de imóveis para habitação, por ser uma atividade que demanda muito capital, precisa contar com financiamentos à produção e à comercialização. “Quando existe a escassez de um desses financiamentos, o mercado tende a adiar lançamentos ou até não produzir essas habitações. O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que conta com recursos das Cadernetas de Poupança, é um meio importante para esse mercado”, assinala.

Pressão no crédito e no preço
O cenário atinge especialmente empreendimentos voltados à média e alta renda, segmentos que já vinham enfrentando desafios com o encarecimento do crédito. Segundo Ana Maria, o custo mais alto do financiamento se soma a outro gargalo: a escassez de mão de obra qualificada. “São duas limitações importantes no momento: financiamento mais caro e falta de trabalhadores especializados. Isso afeta diretamente a confiança empresarial e as perspectivas de crescimento”, explica.

Apesar das dificuldades, o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) segue como principal sustentação para o mercado. Em abril desse ano, o governo criou uma nova faixa para atender parte da classe média, com financiamento de imóveis de até R$ 500 mil e taxas mais baixas que as praticadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). “Essa mudança deve contribuir, mas não resolve o problema do funding da produção”, pondera a economista.

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Alternativas em discussão

Entre as propostas do setor para aliviar a escassez de crédito, está a liberação dos depósitos compulsórios da poupança — atualmente 20% do total fica imobilizado. A proposta, liderada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP), é que os recursos sejam liberados para abastecer os financiamentos imobiliários. Isso representaria uma injeção na ordem de R$ 150 bilhões no setor. 

As regras vigentes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) determinam que 65% dos depósitos da poupança devem ir para os financiamentos imobiliários, enquanto 15% são usados livremente pelos bancos e 20% são guardados como depósitos compulsórios para assegurar a liquidez do sistema. “Isso pode ajudar no curto prazo, aumentando a disponibilidade de recursos para o financiamento”, observa Ana Maria.

Programa Minha Casa, Minha Vida dá sustentação ao setor e deve ganhar mais protagonismo
Crédito: Envato

No diálogo com o poder público, Senra reforça uma preocupação central do setor. “Face às propostas que estão surgindo através do Banco Central, pleiteamos que as atuais regras do SBPE não sejam alteradas sem um período importante de transição, necessário para a adaptação do mercado”, aponta. Segundo ele, isso é fundamental para não estancar a produção de habitações e não prejudicar os potenciais adquirentes de casa própria.

Ele também ressalta que o mercado já vem encontrando alternativas. “Já há alguns anos, vem crescendo a utilização de recursos do mercado de capitais, que podem suprir a eventual falta dos recursos das Cadernetas de Poupança. São os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LGIs, que são gerados e geridos por FIIs (Fundos de Investimentos Imobiliários)”, complementa.

Perspectivas para 2025

A expectativa para 2025 é de crescimento, mas em ritmo menor que o observado no ano passado. Ana Maria projeta que a expansão da construção fique próxima à do PIB, estimada em cerca de 2%. “O boom do mercado imobiliário e os investimentos em infraestrutura devem continuar impulsionando a atividade, mas o ritmo será mais moderado”, analisa.

Mesmo em um cenário mais restritivo, a presença de recursos no orçamento do Minha Casa Minha Vida é vista como fator importante para sustentar o desempenho do setor. “O programa continuará sendo uma força importante e pode ganhar mais protagonismo diante dessa conjuntura mais desafiadora”, conclui.

Entrevistados
Ana Maria Castelo
 é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.
Odair Senra é vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP

Contatos
ana.castelo@fgv.br
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Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Lançamento de imóveis em SC cresce 94% em cinco anos

Entre 2021 e 2025, o número de apartamentos lançados no Sul do Brasil cresceu 57%, enquanto as vendas de unidades novas avançaram 46% no mesmo período. Os dados fazem parte de um levantamento divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), feito em parceria com a Brain Inteligência e Estratégia. O estudo abrange 68 dos principais municípios dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, considerando o intervalo entre 1º de abril de 2020 e 31 de março de 2025. 

No primeiro trimestre de 2025, entre as capitais do Sul, Florianópolis liderou o mercado imobiliário com aumento de 36,3% nos lançamentos e quase o dobro nas vendas, que cresceram 97% em relação ao mesmo período de 2024. Em contraste, Curitiba registrou forte retração, com quedas de 41,2% nos lançamentos e 12,6% nas vendas. Porto Alegre apresentou crescimento mais equilibrado, com alta de 18,6% nos lançamentos e 43,5% nas vendas. Juntas, as três capitais representaram 21,2% dos lançamentos e 24% das vendas da região no período.

Santa Catarina

A pesquisa aponta que o desempenho de Santa Catarina tem sido o principal motor de crescimento da região.

Nos 25 municípios catarinenses analisados, os lançamentos de apartamentos cresceram 94%, saltando de 24.762 unidades ofertadas entre abril de 2020 e março de 2021 para 41.357 no período correspondente entre 2024 e 2025. No mesmo intervalo, as vendas também apresentaram forte avanço, passando de 28.292 para 48.847 imóveis comercializados — um aumento de 72%.

A migração elevou a demanda por moradia, e construtoras acompanham o crescimento, especialmente em Itajaí e Balneário Camboriú.
Crédito: Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú/Divulgação

“Santa Catarina tem uma combinação rara no Brasil: economia forte, segurança acima da média, qualidade de vida e um mercado imobiliário que se valoriza de forma constante. Isso atrai tanto quem quer morar quanto quem quer investir. Com o crescimento populacional puxado por migração de outras regiões, a demanda por moradia cresceu e as construtoras estão acompanhando esse movimento, principalmente em cidades com peso turístico e econômico, como Itajaí e Balneário Camboriú”, afirma Fábio Inthurn, CEO da Lotisa Empreendimentos.

Perfil dos consumidores em Santa Catarina

Para Inthurn, o mercado em Santa Catarina mudou bastante. “Hoje, vemos desde studios compactos até imóveis de alto padrão à beira-mar. Os apartamentos menores, bem localizados e com plantas práticas ganharam espaço, principalmente entre jovens, investidores e quem busca praticidade. Mas em cidades como Itajaí, o que mais cresce é o médio padrão — famílias que querem mais conforto e um bom custo-benefício. Já o alto padrão continua firme em mercados consolidados, como Balneário Camboriú e a Praia Brava, onde luxo e vista para o mar seguem muito valorizados”, comenta.

Ainda de acordo com Inthurn, o perfil dos compradores está cada vez mais diverso. “Santa Catarina foi o estado que mais recebeu novos moradores segundo o Censo de 2022, e isso ampliou muito a base de compradores. Tem gente vindo de todo o Brasil buscando mais segurança, qualidade de vida e oportunidade. Além disso, cresceu muito o número de investidores do agro, especialmente do Paraná, Santa Catarina e do Centro-Oeste, que veem no mercado imobiliário uma forma segura de diversificar o patrimônio. E claro, há também o cliente local que quer trocar de imóvel ou investir em uma segunda unidade”, destaca.

Desafios de lançar em Santa Catarina

Na opinião de Inthurn, os principais desafios hoje são a escassez de terrenos bem localizados, especialmente em cidades como Balneário Camboriú, a burocracia nos processos de licenciamento e o acesso ao funding, que está mais seletivo. 

“O mercado financeiro tem sido criterioso na hora de alocar capital, e empresas com boa governança e histórico sólido têm se destacado, mantendo acesso às melhores condições de financiamento. Além disso, mantemos um landbank estruturado, com potencial para R$ 3,5 bilhões em lançamentos futuros, o que nos garante solidez e capacidade de crescimento consistente. Já a burocracia para aprovar um empreendimento, que envolve trâmites necessários, mas ainda falta agilidade, previsibilidade e mais uniformidade entre os municípios. Isso impacta diretamente o ritmo dos lançamentos. Mesmo assim, seguimos confiantes no potencial de expansão do setor em Santa Catarina”, pondera Inthurn.

Outros estados

Ainda de acordo com a pesquisa divulgada pela CBIC, na mesma comparação temporal, os 22 municípios pesquisados no Paraná passaram de 18.784 apartamentos lançados até o fim de março de 2021 para 29.958 em 2025 – elevação de 55,4% – e a vendas subiram 34,7%, indo de 22.378 a 30.156 unidades.

No Rio Grande do Sul, houve 3,87% mais lançamentos nos 21 municípios cujos dados foram analisados, indo de 18.111 para 18.812 imóveis colocados no mercado (no período de 12 meses encerrado no 1º trimestre de 2021) a 23.222 lançados no ciclo fechado no 1º trimestre de 2025. Já a venda de unidades cresceu 22%, indo de 19.038 para 23.222 apartamentos negociados.

Entrevistado
Fábio Inthurn, CEO da Lotisa Empreendimentos.

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Assessoria de imprensa - redacao5@rotascomunicacao.com.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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Paraná aposta em moradias adaptadas para a população da terceira idade com projetos que unem segurança, acessibilidade e bem-estar

Segundo dados do IBGE, o número de idosos no Paraná deve superar o de crianças até 2027. O Índice de Envelhecimento, que compara o número de idosos ao de jovens, será um indicador central dessa mudança. Atualmente, o índice está em 87,6, mas deverá atingir 100,1 em 2027, indicando que pela primeira vez haverá mais idosos do que jovens no estado. Esse fenômeno é parte de uma tendência nacional, que deverá ser observada em todo o Brasil a partir de 2029.

Esse cenário acendeu o alerta para a criação de políticas públicas voltadas a essa faixa etária. Atento ao rápido envelhecimento da população, a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) está implementando o projeto Viver Mais, uma iniciativa inovadora que visa oferecer moradia digna, acessível e adaptada para pessoas com 60 anos ou mais

“Existe uma urgência de fazer políticas públicas para o atendimento desse público”, afirma Jorge Luiz Lange, presidente da Cohapar. “O Viver Mais surgiu justamente com essa missão: criar condomínios horizontais adaptados, para atender as pessoas que chegaram a essa idade e ainda não conseguiram a casa própria.”

Condomínios horizontais e adaptados

O projeto contempla a construção de 32 empreendimentos, com 40 unidades habitacionais cada, distribuídos por diversas regiões do estado. Ao todo, serão construídas 1.280 casas voltadas exclusivamente à terceira idade. As obras começaram em 2019 e devem ser concluídas até 2027.

Cada condomínio é estruturado com ampla infraestrutura de lazer, segurança e áreas comuns voltadas ao convívio, promovendo um ambiente acolhedor e comunitário. A construção é aplicada com concreto moldado in loco, tanto nas unidades habitacionais quanto nas áreas compartilhadas, garantindo durabilidade e conforto térmico.

Modelo de acesso: aluguel social com apoio do Estado

Ao todo, serão construídas 1.280 casas voltadas exclusivamente à terceira idade
Crédito:
Divulgação/Cohapar

Ao contrário de programas tradicionais de habitação, o Viver Mais não prevê a venda dos imóveis. Em vez disso, os idosos selecionados pagam um valor simbólico de aluguel social, correspondente a 15% de um salário mínimo, além de arcar com as despesas básicas como água, luz e taxa de manutenção. Após a desocupação, a unidade é destinada a outro idoso inscrito no programa.

“É um modelo rotativo e inclusivo, que permite que mais pessoas tenham acesso a moradia digna mesmo sem poder aquisitivo elevado”, explica Lange.

Parcerias municipais garantem suporte contínuo

Os municípios participantes doam terrenos de até 12 mil m² e firmam convênios com a Cohapar para oferecer suporte contínuo aos moradores. A execução das obras dos empreendimentos é realizada por construtoras contratadas pela Cohapar via procedimento licitatório, com recursos do tesouro estadual.

Além de doar os terrenos, as prefeituras ficam responsáveis por garantir o acompanhamento em saúde, assistência social e educação física, promovendo um cuidado integral à população idosa. “Além do conforto e segurança das moradias, os idosos também recebem todo esse cuidado e têm mais qualidade de vida por meio das práticas de atividades coletivas, culturais e de lazer”, complementa Lange.

Compromisso com o futuro do envelhecimento

O projeto representa um avanço significativo na política habitacional voltada ao público idoso no Brasil. Com foco em inclusão, bem-estar e segurança, o Viver Mais é mais do que um programa habitacional, mas uma resposta concreta a uma das principais transformações demográficas do século XXI. “O que estamos construindo é uma rede de acolhimento que valoriza quem tanto já contribuiu para a sociedade. Estamos preparando o Paraná para um envelhecimento mais digno e humano”, conclui o presidente da Cohapar.

Entrevistado
Jorge Luiz Lange é graduado em Ciências Contábeis pela Fecivel (atual Unioeste), é presidente do Conselho Estadual de Habitação de Interesse Social (COEHIS), presidente nacional do Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano (FNSHDU) e membro do Conselho Deliberativo no Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP-PR). Atualmente é presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar).

Contato
acom@cohapar.pr.gov.br (Assessoria de Imprensa)

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Modelo tripartite em normas completa 30 anos

Em julho de 2025, o Brasil celebrou os 30 anos de consolidação do diálogo tripartite no setor da construção

De acordo com Haruo Ishikawa, vice-presidente de Capital e Trabalho do Sinduscon-SP, o tripartismo começou dentro da NR-18, em 1995, com a criação do Comitê Permanente sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção (CPN). “Esse comitê foi um marco porque uniu, de forma inédita, representantes dos três pilares: governo, empregadores e trabalhadores — ou seja, um modelo tripartite, que garante uma construção coletiva das decisões. E o mais interessante: havia ainda a possibilidade de convocar representantes técnicos e científicos para enriquecer o debate. Essa foi, sem dúvida, uma das maiores virtudes da NR-18: estabelecer um espaço permanente de diálogo e construção conjunta. O CPN está ativo até hoje, quase 30 anos depois, e continua sendo um exemplo de como o tripartismo funciona e dá certo”, pontua. 

Histórico da NR 18

A Norma Regulamentadora nº 18 (NR-18) foi criada em 1978, por meio da Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho daquele ano, sob o título “Obras de Construção, Demolição e Reparos”. Seu propósito era regulamentar o inciso I do artigo 200 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme modificação introduzida pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977.

Desde sua criação, a NR-18 passou por 24 revisões pontuais e duas reformulações profundas — realizadas em 1995 e em 2020 — que se destacam pela abrangência e impacto das alterações promovidas. As três primeiras atualizações ocorreram antes da grande reformulação de 1995, considerada um marco na modernização do texto original.

Modelo tripartite engloba três pilares governo, empregadores e trabalhadores
Crédito: Envato

Motivada pelo avanço tecnológico, pelas transformações nas relações de trabalho e por índices preocupantes de acidentes e doenças ocupacionais no setor da construção, a então Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) deu início, em 10 de junho de 1994, a um amplo processo de revisão da norma. Para isso, foi criado um Grupo Técnico de Trabalho, com integrantes da Fundacentro e da extinta Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho do Ministério do Trabalho, com a missão de propor uma nova versão da NR-18.

Entre os avanços trazidos por essa revisão, destaca-se a criação do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), que passou a exigir a implementação de ferramentas de controle e gestão nos canteiros de obras. Esse programa se articulava com as Normas Regulamentadoras nº 7 (NR-7) e nº 9 (NR-9), voltadas para o monitoramento e prevenção de riscos ambientais nos ambientes e frentes de trabalho.

Outra inovação foi a previsão dos Regulamentos Técnicos de Procedimentos, com o objetivo de oferecer suporte técnico e facilitar a disseminação das diretrizes da NR-18 entre os diversos atores do setor. A elaboração desses regulamentos ficou sob responsabilidade da Fundacentro.

Em 2020, a NR-18 passou por nova revisão, que passou a valer a partir de 2022. Uma das grandes mudanças foi a substituição do PCMAT pelo PGR. Agora, as obras iniciadas depois de 3 de janeiro de 2022 devem fazer o PGR, que é o Programa de Gerenciamento de Riscos.  

Evolução da NR 18

De acordo com Ishikawa, a tecnologia está avançando rapidamente, e não há como ignorar esse movimento. “Por isso, quem atua na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) precisa acompanhar de perto essas transformações em todas as frentes. O grande desafio — e a nossa responsabilidade — é garantir que a evolução tecnológica caminhe junto com a proteção ao trabalhador. Esse é justamente o papel da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP): promover um alinhamento constante entre inovação, execução das atividades e preservação da saúde e segurança no ambiente de trabalho. Em resumo, não basta a tecnologia evoluir. É essencial que sua aplicação seja feita com responsabilidade, colocando a integridade do trabalhador sempre em primeiro lugar”, conclui.

Entrevistado
Haruo Ishikawa é vice-presidente de Capital e Trabalho do Sinduscon-SP. Foi presidente do Seconci-SP e, atualmente, é conselheiro da entidade. Também coordena a bancada dos empregadores na Comissão Nacional Tripartite Temática (CNTT) da NR18.

Contato
Assessoria de imprensa - rafael.marko@seconci-sp.org.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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