Paraná regulamenta fundo para fomentar investimentos em infraestrutura

O governador Carlos Massa Ratinho Junior formalizou em novembro de 2024 a assinatura do Decreto 8.049/2024, que regulamenta o Fundo Estadual de Infraestrutura Inteligente (FEIIN). O objetivo do fundo é incentivar o desenvolvimento de projetos voltados para infraestrutura rural e logística, com foco no crescimento sustentável do Estado.

Embora o Feiin tenha sido sancionado em julho de 2024, sua regulamentação era necessária para que pudesse ser efetivamente operacionalizado. Agora, o fundo estará vinculado à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), permitindo a captação de recursos e o fomento de investimentos sustentáveis em todo o Paraná.

De acordo com o decreto, o fundo será alimentado por receitas provenientes de compensações financeiras relacionadas à exploração de recursos hídricos para geração de energia na Usina de Itaipu, à extração de petróleo e gás natural no Paraná, à exploração de recursos minerais no estado e aos royalties da exploração de xisto na Unidade de Industrialização do Xisto, localizada em São Mateus do Sul. 

Em 2024, de um total de cerca de R$ 4 bilhões em contratos próprios, parcerias e acordos, R$ 1.062.320.419,40 foram executados nos serviços de obras no Paraná.
Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN

A gestão desses recursos ficará a cargo de um Conselho Deliberativo, coordenado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e formado por representantes da Casa Civil, da Procuradoria-Geral do Estado e de secretarias como Agricultura e Abastecimento, Infraestrutura e Logística, Desenvolvimento Sustentável, além do Instituto Água e Terra.

“É um investimento fundamental para o desenvolvimento econômico e social de todo o Estado. Vamos usar os recursos para investimento nas rodovias, vias rurais, e potencializar a sustentabilidade e meio ambiente. Ele nos permitirá alavancar projetos que trazem benefícios duradouros para a população do Paraná, garantindo um crescimento equilibrado e resiliente para as futuras gerações”, destacou Norberto Ortigara, secretário da Fazenda.

Concessões e investimentos em rodovias

A formalização do Feiin ocorre simultaneamente ao pacote de concessões rodoviárias do Paraná. Em entrevista à CNN, o governador do Estado ressaltou que os seis lotes somam 3.300 quilômetros de rodovias a serem concedidas, com investimentos previstos de R$ 55 bilhões em obras. Esse valor permitirá a construção de aproximadamente 1.800 quilômetros de duplicações, além de mais de mil novas pontes e viadutos em todo o estado.

Em dezembro de 2024, foi realizado o leilão do Lote 6 das rodovias do Paraná, que apresenta um novo modelo de pedágio e abrange 662 quilômetros de rodovias federais e estaduais, passando por 25 cidades do Estado. As vias incluídas são: BR-163, BR-277, PR-158, PR-180, PR-182, PR-280 e PR-483.

O grupo EPR, já responsável pela administração do Lote 2, foi o vencedor do leilão. A futura concessionária ofereceu um desconto de 0,08% sobre a Tarifa Básica de Pedágio e assumirá a concessão, que prevê investimentos de R$ 20,1 bilhões no conjunto de rodovias que compõem o lote.

Entre os trechos contemplados, destaca-se a BR-277/PR, principal rodovia do Paraná, no segmento que conecta Foz do Iguaçu a Guarapuava.

Investimentos em infraestrutura 2024

Em 2024, de um total de cerca de R$4 bilhões em contratos próprios, parcerias e acordos, R$1.062.320.419,40 foram executados em obras pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), autarquia da Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL). 

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná, foram concluídas no primeiro semestre de 2024 a pavimentação da PR-239 entre Toledo e Bragantina, o Contorno Oeste de Marechal Cândido Rondon e a duplicação de um trecho da BR-277 em Cascavel. Já no segundo semestre, foram finalizadas a nova iluminação viária da BR-277 em Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, um novo viaduto na BR-376 em São José dos Pinhais, um trecho de duplicação e restauração da PR-412 em Matinhos e o primeiro lote de duplicação em concreto da Rodovia dos Minérios, entre Curitiba e Almirante Tamandaré.

Dentre as obras que foram iniciadas em 2024 estão os serviços da Ponte de Guaratuba, a duplicação em concreto entre Guarapuava e Pitanga, a duplicação da PR-151 em Ponta Grossa, whitetopping da PRC-280 entre Palmas e Clevelândia, assim como o trecho da PR-180 entre Goioerê e Quarto Centenário.

Fontes

Agência Estadual de Notícias

Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná

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Rio Bonito obtém Acreditação do Inmetro e diferencia-se em soluções ambientais, sustentabilidade e coprocessamento de resíduos

A empresa Rio Bonito, especializada em soluções ambientais e coprocessamento, pertencente ao Grupo Itambé, conquistou a Acreditação do Inmetro para seu laboratório em novembro de 2023, consolidando-se como um exemplo de excelência e responsabilidade ambiental. Esse resultado traduz a atuação pioneira da empresa, fundada em 2013, contribuindo significativamente com a evolução do setor de coprocessamento no Brasil.

A trajetória rumo à acreditação do Inmetro foi uma evolução e começou com o investimento em tecnologia e concepção do laboratório. Israel Wisniewski Vaz, gerente técnico e de coprocessamento da Rio Bonito, conta que o ano de 2022 foi dedicado à estruturação do sistema de gestão. “Em junho de 2023 passamos pela auditoria e, finalmente, em novembro, obtivemos a acreditação”, explica.

Serviços que promovem sustentabilidade

Com a acreditação do Inmetro, empresa é capaz de prestar um serviço completo de soluções ambientais, desde a análise até a destinação final.
Crédito: Divulgação

A Rio Bonito oferece soluções ambientais abrangentes que englobam a trituração e a blendagem de resíduos para coprocessamento, processo que consiste no ajuste de granulometria e mistura de resíduos industriais e urbanos para obtenção de um insumo alternativo. O resultado disso é o blend, utilizado em fornos de cimento.

Além disso, a empresa também presta assessoria e consultoria para destinação ambientalmente correta de resíduos industriais e urbanos. Outro destaque é a assessoria para utilização de resíduos sólidos urbanos (RSU) junto a prefeituras, promovendo um ciclo de aproveitamento e economia circular, o qual reduz os impactos ambientais.

Em 2024, a empresa processou 155.786 toneladas de resíduos, um volume significativo que reflete seu papel essencial no setor. Além disso, a Rio Bonito atende diversas cimenteiras, fornecendo laudos laboratoriais e resíduos processados para coprocessamento, com planos de expansão para novos clientes e mercados.

Diferencial técnico e impacto no mercado

A Rio Bonito tem uma longa história de inovação no coprocessamento, desde quando o coprocessamento era novidade no Brasil nos anos 90. “Hoje, é uma técnica consolidada, reconhecida por sua eficiência no tratamento de resíduos. A diversidade de vias de introdução de resíduos nos fornos é um diferencial técnico que posiciona a Rio Bonito como líder no mercado”, assinala Vaz.

O coprocessamento também traz benefícios significativos para a sustentabilidade corporativa. “Empresas que destinam resíduos para coprocessamento ganham credibilidade como ambientalmente corretas e têm a certeza de que esses resíduos foram destruídos sem impacto ao ar, solo ou água”, destaca o gerente.

Acreditação como marco estratégico

Vaz acrescenta que a acreditação do laboratório era a última etapa para a Rio Bonito oferecer soluções completas na destinação de resíduos. “Agora, somos capazes de prestar um serviço completo de soluções ambientais, desde a análise até a destinação final, com controle rigoroso, confiável e rastreável”, informa.

Com essa realização, a empresa reforça seu compromisso com a sustentabilidade e se consolida como referência em destinação ambientalmente correta de resíduos. Em um momento em que o mercado busca soluções definitivas e técnicas, a Rio Bonito demonstra como a gestão eficiente pode gerar impacto positivo para o meio ambiente, para seus clientes e para a sociedade.

Entrevistado
Israel Wisniewski Vaz é graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduado em Gestão da Produção e Recursos Humanos pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI), MBA em Lean Manufacturing pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Atualmente, é gerente técnico e coprocessamento da Cimento Itambé e Rio Bonito Soluções Ambientais. 

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Ana Carvalho
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Colapso da ponte JK revela importância de análise de riscos e gestão dos serviços de manutenção

Colapso da Ponte JK mostra urgência de recursos para preservar o legado das infraestruturas.
Crédito: Corpo de Bombeiros/Governo do Tocantins

O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, conhecida como Ponte JK, ocorrida no dia 22 de dezembro de 2024, expôs a fragilidade da gestão de infraestruturas no Brasil. Localizada na divisa entre Maranhão e Tocantins, a estrutura foi inaugurada em 1960 como parte do corredor Belém-Brasília, sendo essencial para a mobilidade e economia regional, mas sucumbiu às pressões do tempo e da negligência.

Concebida com o método dos balanços sucessivos, uma técnica inovadora na época, a ponte tinha um vão central de 140 metros sobre o Rio Tocantins, dispensando cimbramentos convencionais. Apesar de suas inovações, a concepção de obras da época priorizava a segurança estrutural, negligenciando aspectos de durabilidade

A obra refletia os padrões da década de 1960, quando o peso máximo dos veículos era de 24 toneladas. Atualmente, caminhões podem ultrapassar 60 toneladas, uma sobrecarga não prevista no projeto original. “A ponte sempre foi considerada uma obra de arte pela comunidade técnica nacional, mas o descompasso entre o projeto original e as demandas atuais é preocupante. É essencial reforçar as estruturas mais antigas para evitar tragédias semelhantes”, destaca Júlio Timerman, presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon).

No entanto, o tempo e a falta de manutenção adequada expuseram armaduras de protensão ao ambiente, acelerando os processos de corrosão. Esse fator, apontado como uma possível causa do colapso, ilustra a vulnerabilidade de estruturas de grande porte sem cuidados periódicos.

Importância da manutenção preventiva e das normas técnicas

O Brasil conta com normas avançadas para inspeção e manutenção de pontes, como a ABNT NBR 9452, que prevê inspeções em diferentes níveis e a priorização de intervenções com base na segurança estrutural, durabilidade e funcionalidade. “Basta seguir o que determina a norma, classificando as pontes e implementando as manutenções necessárias”, afirma Timerman, que também é coordenador do Comitê Técnico da ABNT para revisão de Normas de Inspeção de Pontes.

Contudo, a aplicação dessas diretrizes nem sempre é consistente. Segundo Fernando Vernalha, consultor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a responsabilidade pela manutenção recai sobre o poder público após a entrega da obra. Nos contratos de empreitada, a manutenção não é prevista, diferentemente dos modelos de concessão, onde o concessionário é responsável pelo cuidado a longo prazo. “Esse modelo de contratação tende a gerar uma manutenção mais eficaz e eficiente, porque integra os riscos referentes à execução da obra e à sua manutenção no longo prazo”, observa Vernalha.

Lições do colapso da ponte JK

Projetos bem elaborados, que considerem matrizes de risco eficazes, são fundamentais para reduzir problemas futuros.
Crédito: Polícia Militar/Governo do Tocantins

O caso da ponte JK evidencia o alto custo da negligência. O Brasil possui cerca de 120 mil pontes, viadutos, passarelas, dos mais diversos tipos estruturais. Se fosse necessário construir todo este patrimônio novamente, seria necessário um investimento de cerca de R$ 400 bilhões. Normalmente, é necessário investir anualmente cerca de 3% a 4% deste valor na manutenção das pontes, o que daria em torno de R$ 15 bilhões só em manutenção.

Além disso, muitas pontes construídas entre as décadas de 1970 e 1980 estão no final de sua vida útil, demandando reavaliações e reforços estruturais. A Comunidade Técnica Brasileira, por sua vez, detém todo o conhecimento técnico e Normas para estas avaliações e implementações destas adequações estruturais. “Além do aspecto de durabilidade das estruturas, devemos ressaltar o aumento significativo do tráfego de veículos e do peso, fazendo com que seja necessário frequentemente reforçar as estruturas para resistir a este aumento nas cargas móveis”, alerta Timerman. 

Investir no futuro das estruturas

Especialistas apontam a necessidade de integrar manutenção preventiva como política pública e conscientizar a sociedade sobre sua importância. Projetos bem elaborados, que considerem matrizes de risco eficazes, são fundamentais para reduzir problemas futuros. “O maior desafio está na capacidade do poder público em realizar a manutenção de obras ao longo do tempo”, ressalta Vernalha. 

O episódio da ponte JK deve servir como alerta: é urgente que governos e gestores priorizem recursos para preservar o legado das infraestruturas e evitar tragédias que poderiam ser prevenidas com planejamento e investimento adequado. “A sociedade deve entender que, tão importante como construir novas pontes, é manter as existentes e não permitir que cheguemos a uma tragédia como esta que aconteceu. A Comunidade Técnica Nacional deve conscientizar os políticos a direcionarem parte das chamadas verbas parlamentares para esta atividade”, conclui o presidente do Ibracon.   

Entrevistado

Júlio Timerman é graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), pós-graduado em Estruturas pela Unilins, ex-presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), ex-vice-presidente da IABSE (International Association of Bridges and Structural Engineering) e atual presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e coordenador de Comitê Técnico da ABNT para revisão de Normas de Inspeção de Pontes.

Fernando Vernalha é Mestre e Doutor em Direito do Estado (UFPR), Professor de Direito Administrativo de instituições diversas. Autor de livros diversos sobre a contratação pública. Foi pesquisador visitante na Columbia Law School, em Nova Iorque (EUA). É advogado e sócio fundador do Vernalha Pereira Advogados. É consultor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

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Ana Carvalho
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Incêndio na Califórnia: por que a casa de concreto resistiu?

Durante os recentes incêndios na Califórnia, uma cena chamou atenção e viralizou na internet: uma casa de concreto em Los Angeles permaneceu intacta em meio às chamas, enquanto as demais, construídas em madeira e outros métodos, foram consumidas pelo fogo. Quer saber por que isso acontece? O Massa Cinzenta consultou alguns especialistas no assunto. 

O concreto é conhecido por ser um material de ótima performance em situação de incêndio devido às suas propriedades térmicas.
Crédito: Envato

De acordo com Fabrício Bolina, engenheiro civil e doutor em Engenharia de Segurança contra Incêndio pela Universidade de Coimbra, o concreto é sabidamente um material de ótima performance em situação de incêndio devido as suas propriedades térmicas. “O concreto possui baixa difusividade térmica (isto é, “conduz menos calor”) se comparado a outros materiais, como por exemplo o aço, e também é incombustível (ou seja, “não pega fogo”), diferentemente de algumas madeiras. Logo, tais características o capacitam como uma solução construtiva eficiente em um cenário de incêndio, além de exigir baixa manutenção para preservar essa característica ao longo de sua vida útil. No caso do incêndio nos EUA, a emblemática casa de Malibu que ficou em pé era de concreto, tanto as paredes quanto o teto”, explica. 

Além de ser feita de concreto, a casa também possui telhado à prova de fogo. No entanto, Bolina destaca que não é possível atribuir somente ao teto tal justificativa. “Mesmo porque se as paredes que o sustentam fossem sensíveis a alta temperatura, o teto ruiria. Claro que, no caso do incêndio florestal, existe alta radiação incidente sobre os telhados, e uma boa concepção desse sistema é crucial, mas não pode ser tratado como o único fator”, pondera. 

Bolina ainda lembra que um conjunto de condicionantes acabaram por contribuir para a baixa consequência do incêndio em algumas casas, tais como direção do vento, afastamento lateral entre edificações vizinhas, a existência de proteção passiva, aberturas resistentes ao fogo das casas, entre outros. “Algumas casas eram realmente preparadas para o cenário. No caso da casa de Malibu, por exemplo, ela tinha paredes e teto resistentes ao fogo construídas em concreto, o que foi, portanto, fundamental”, informa.

Clemenceau Chiabi Saliba Jr, engenheiro civil e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional (IBAPE), destaca também que durante um incêndio, a resistência de uma estrutura depende de diversos fatores. “No caso de uma construção de concreto armado, o grande problema não é o concreto em si, mas o aço que compõe sua armação. O concreto sofre uma degradação mais lenta ao ser exposto ao fogo, mas sua principal função é proteger o aço da alta temperatura. Quando o calor atinge o aço, ele começa a perder sua resistência (escoamento) e, eventualmente, pode levar ao colapso da estrutura. Por isso, é fundamental que o concreto seja projetado de forma adequada para garantir a segurança”, assegura.

Entre os cuidados necessários, estão a composição do concreto (quantidade de areia, brita, água e aditivos) e a espessura do cobrimento, ou seja, a camada de concreto que envolve os vergalhões de aço. “A exposição ao fogo também varia dependendo da fonte do incêndio: incêndios de hidrocarbonetos, como os derivados de petróleo, atingem temperaturas extremamente altas em pouco tempo, enquanto incêndios de materiais orgânicos, como madeira, tendem a gerar temperaturas mais baixas e o concreto pode suportar um pouco mais. Na sua essência, o concreto pode aguentar de três a quatro horas de exposição ao fogo sem colapsar, dependendo das condições e do projeto”, aponta Saliba Jr.

Para o ex-presidente do IBAPE, no caso da residência mencionada, sua estrutura de concreto foi fundamental para que ela não colapsasse. “Se fosse feita de madeira, drywall ou mesmo de um sistema steel frame com aço, teria colapsado rapidamente”, justifica.

Proteção passiva contra incêndios

De acordo com Saliba Jr., existe o conceito de proteção passiva contra incêndios, que é obrigatória em muitos casos, como em prédios comerciais em São Paulo. “Essa proteção pode ser aplicada em formas de projeções, placas ou pinturas e serve para retardar a propagação do fogo e garantir que a estrutura mantenha sua integridade por tempo suficiente para que os bombeiros realizem resgates e o controle do incêndio”, informa.

Casa após incêndio

Esta casa poderá ser habitada novamente após o incêndio? A resposta é: depende. “É preciso que se faça uma análise por um especialista técnico para averiguar a magnitude do dano sofrido. O fato dela ter ficado em pé não significa que a edificação esteja íntegra e segura para ser habitada novamente. Existe a possibilidade de a estrutura ter sido parcialmente danificada. Como exemplo, ela pode ter sofrido deformações excessivas, desplacamento do concreto, exposição das armaduras que estão dentro dele, entre outros. A casa foi ‘agredida’ pela ação do fogo e calor, e sabemos que as temperaturas elevadas provocam danos importantes ao concreto. É preciso que uma inspeção prévia seja feita antes de liberar a construção para o uso. Ela pode estar em pé, mas isso não significa que ela está segura”, alerta Bolina.

Saliba Jr. concorda com a informação: “É necessário realizar um estudo para avaliar o impacto do incêndio no concreto. Em uma estrutura de concreto, é imprescindível verificar o grau de comprometimento da estrutura: quantos centímetros foram afetados, se houve perda significativa de resistência e se ela ainda atende aos requisitos de segurança. Normalmente, pequenos reparos são suficientes, dependendo do tempo de exposição ao fogo e da temperatura atingida. Em alguns casos, pode haver colapso da estrutura, mesmo assim é possível realizar um estudo pericial para avaliar também as fundações. Em praticamente todos os trabalhos que realizei relacionados a incêndios, foi possível aproveitar boa parte das fundações, mesmo quando a estrutura acima delas entrou em colapso. Se o tempo de exposição ao fogo for inferior a quatro horas, geralmente os danos à estrutura são mínimos e podem ser corrigidos sem grandes dificuldades”.

Resistência do concreto ao fogo 

Segundo Bolina, o dano que o concreto sofre quando submetido às altas temperaturas repercute na performance da estrutura como um todo. “Aliás, todos os materiais construtivos sofrem, não sendo um problema unicamente do concreto. O concreto sob ação do calor sofre transformações químicas, físicas e mecânicas. Pela perspectiva física, uma temperatura da faixa dos 100 °C possivelmente já produza danos ao concreto, porém restringindo-se apenas a superfície. A umidade interna do concreto tende a evaporar, gerando uma pressão interna que pode literalmente desplacar o material. É um fenômeno conhecido como spalling ou desplacamento, estando atrelado a diversas outras variáveis e não apenas a relação umidade versus temperatura. Já na temperatura na faixa dos 400°-500°C começa a provocar danos mecânicos mais significativos ao concreto, fazendo com que ele perca resistência. Mas cabe ressaltar que a estrutura de concreto é muito robusta e como a condutividade térmica do concreto é baixa, pode ser que a temperatura do incêndio esteja em 1000°C e internamente a estrutura esteja a, por exemplo, 50°C. O concreto é um mau condutor de calor e, ademais, diversas variáveis devem ser levadas em consideração. Logo, é fundamental que haja um projeto”, afirma.

Normas referentes a concreto e incêndio no Brasil

Bolina lembra que no Brasil há a NBR 15200 – Projeto de Estruturas de Concreto Armado em Situação de Incêndio, que, inclusive, foi revisada em 2024. “Prever a ação do incêndio nas estruturas de concreto no Brasil é uma obrigatoriedade, inclusive sob força de lei, haja visto que o próprio Corpo de Bombeiros estabelece como requisito obrigatório o atendimento da segurança estrutural em situação de incêndio. Além de constar em norma técnica, o requisito está nas leis de cada estado, e o projetista tem que se atentar quanto a essa obrigatoriedade sob o risco de ser responsabilizado criminalmente pela negligência”, destaca.

Saliba Jr. menciona que edifícios comerciais devem atender a requisitos de proteção contra incêndios que garantam, dependendo do uso e da localização, um tempo de resistência mínima de três horas. “Esse tempo é essencial para assegurar a evacuação segura das pessoas e permitir que os bombeiros realizem o atendimento adequado. Essa proteção pode ser garantida pelo próprio concreto, ajustando-se à espessura do cobrimento da armadura, ou, no caso de estruturas metálicas, por meio de proteções passivas. Normalmente, utiliza-se uma combinação dessas estratégias para alcançar maior eficiência. Além disso, adota-se a compartimentação dos pavimentos como medida adicional, evitando que o incêndio se propague de um andar para outro”, afirma.

Outras normas técnicas brasileiras relevantes para o tema incluem:

  • NBR 14432:2001 – Estabelece os critérios de resistência ao fogo para estruturas de concreto, definindo o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF), que é o período mínimo em que um elemento construtivo deve manter sua integridade estrutural durante um incêndio.
  • NBR 9077:2001 – Determina que as estruturas de edifícios com áreas de refúgio devem garantir uma resistência ao fogo mínima de quatro horas, contribuindo para a segurança em emergências.
  • NBR 15.575 – Norma de desempenho que fornece diretrizes para facilitar a evacuação segura em caso de incêndio, protegendo os ocupantes e promovendo maior resiliência das edificações.

É fundamental que arquitetos, engenheiros e projetistas considerem essas normas técnicas em conjunto com as exigências do Código Estadual de Proteção Contra Incêndio, garantindo conformidade com os regulamentos e maior segurança para os usuários das edificações.

Entrevistados

Fabrício Bolina é engenheiro civil e doutor em Engenharia de Segurança contra Incêndio pela Universidade de Coimbra, Portugal. Atua há mais de uma década na área de estruturas versus segurança contra incêndio, já tendo publicado mais de 100 artigos técnicos em revistas renomadas e congressos nacionais e internacionais, atuando em pesquisas nos Estados Unidos, Portugal, Itália e França. Autor do livro “Patologia de Estruturas”, publicado pela Oficina de Textos em 2019. Atual coordenador da revisão da NBR 15200, norma que versa sobre projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. Atualmente é professor na UFSM, percorrendo o Brasil para ministrar aulas e palestras sobre o tema.

Clemenceau Chiabi Saliba Jr é engenheiro civil e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional (IBAPE). Hoje é membro do conselho do IBAPE

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Barra Velha é o novo destino catarinense de investimentos imobiliários graças à localização estratégica e infraestrutura

Barra Velha, localizada no litoral norte de Santa Catarina, vive um momento de destaque no cenário imobiliário brasileiro. Com crescimento exponencial, infraestrutura em evolução e atrativos naturais, a cidade se consolida como um destino estratégico para investidores e moradores que buscam qualidade de vida e sofisticação.

Localizada próxima de locais saturados de lançamentos imobiliários, como Balneário Camboriú e Itapema, Barra Velha está estrategicamente posicionada ao longo da BR-101, garantindo acessos rápidos a polos econômicos, como Joinville, Jaraguá do Sul e Curitiba. 

“Barra Velha possui uma localização privilegiada, o que permite chegar rapidamente a grandes centros sem enfrentar os gargalos de trânsito de outras regiões”, explica Thiago Maiochi, diretor executivo da Mabrem Empreendimentos.

Além disso, a gestão pública eficiente tem favorecido melhorias urbanas, como pavimentação e espaços para lazer. “A organização da cidade e a aplicação assertiva dos recursos têm fortalecido sua estrutura e atraído novos investimentos”, complementa.

Barra Velha atrai quem busca aliar investimento à qualidade de vida.Crédito: Divulgação 

De acordo com pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, divulgada no segundo semestre de 2024, foram registrados 28 lançamentos em 2022, e outros 36 no ano seguinte. A expansão também fica evidente ao se observar a quantidade de unidades lançadas, com 858 em 2022, e mais de 1,3 mil em 2023, sendo que os lançamentos, em sua maioria, são de edifícios (1.193).

O relatório aponta também uma ampliação no Valor Geral de Venda (VGV) de R$ 477,2 milhões em 2022, para R$ 1,14 bilhão em 2023, um aumento de 139,18%. Esse valor atingiu o ápice no quarto trimestre de 2023, quando registraram no período um total de R$ 552 milhões, dados até então inimagináveis para a região. Em 2024, o Valor Geral de Vendas de Itapema saltou para R$ 4,5 bilhões, com 3.877 unidades vendidas, de acordo com a DWV, plataforma de negócios para o setor imobiliário brasileiro.

Atrativos naturais e qualidade de vida em alta

Grant Vista, empreendimento premiado no International Property Awards, diferencia-se pelo design contemporâneo e sustentabilidade.Crédito: Divulgação

Barra Velha oferece praias de beleza ímpar e uma faixa litorânea que convida à tranquilidade e ao lazer. Marcos Melchioretto, sócio da MS Empreendimentos e vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul (SC), ressalta que a cidade combina segurança, belezas naturais e terrenos com valores atrativos. “Isso tudo torna Barra Velha um grande canteiro de obras e uma excelente oportunidade para novos negócios”, observa.

A proximidade com outras cidades, somada à menor densidade populacional, cria um ambiente propício para quem busca qualidade de vida. “É possível caminhar pela orla, aproveitar os restaurantes locais e ainda desfrutar de uma cidade independente, mas conectada aos grandes centros”, pontua Maiochi.

Empreendimentos que se destacam no mercado

Barra Velha tem sido palco de projetos residenciais que aliam luxo, funcionalidade e inovação. Um dos empreendimentos que simboliza essa nova fase é o MS Itajuba, localizado na Praia do Sol, que conta com um complexo moderno, incluindo infraestrutura completa de lazer. “Com piscina, espaço zen, coworking e uma ampla área verde, o empreendimento proporciona uma experiência de bem-estar sem sair do condomínio”, destaca Melchioretto. A entrega do empreendimento está prevista para dezembro de 2026.

Outro investimento em Barra Velha é o Grant Vista, empreendimento premiado no International Property Awards, diferenciando-se pelo design contemporâneo e pela sustentabilidade. Localizado em uma área nobre, oferece desde mansões suspensas até áreas de lazer integradas, como piscina com vista para o mar e espaço gourmet. Todos os apartamentos possuem 3 suítes e 2 vagas de garagem, apartamentos amplos a partir de 95 m².

Empreendimento MS Itajuba conta com um complexo moderno, incluindo infraestrutura completa de lazer.Crédito: Divulgação

O Grant Vista adota práticas que buscam equilibrar inovação, funcionalidade e sustentabilidade. O projeto inclui elementos como uso de materiais locais e de baixo impacto ambiental, eficiência energética, incorporando soluções como fachadas que maximizam a ventilação natural e a luz solar indireta, criação de espaços que promovam interação social e qualidade de vida, bem como a utilização de materiais como concreto estampado, que possuem boas propriedades de isolamento térmico.

O Grant Vista também possui quatro mansões suspensas, os apartamentos jardim, tendência que traz a liberdade de uma casa e a segurança de um condomínio. “Nosso foco é proporcionar sofisticação e praticidade com o menor impacto ambiental possível”, afirma Maiochi. O empreendimento deve ser concluído em 2028.

Potencial para investidores e moradores

O potencial de valorização dos imóveis em Barra Velha está em alta, com terrenos ainda acessíveis e empreendimentos que atendem tanto investidores quanto moradores. “Barra Velha é jovem e vibrante, com oportunidades para quem deseja viver perto do mar ou investir em um mercado em expansão”, assinala Melchioretto.

Com visão de futuro, Barra Velha atrai cada vez mais olhares de quem busca aliar investimento à qualidade de vida. A cidade é um exemplo de como planejamento e valorização ambiental podem caminhar juntos, transformando-a em um destino imobiliário de referência no Brasil.

Entrevistados

Thiago Maiochi é graduado em Engenharia Civil pela Univali, possui MBAs focados em Gestão de Negócios no setor de Incorporação, Desenvolvimento e Investimento Imobiliário. Em 2012, fundou a Mabrem Empreendimentos, onde ocupa o cargo de diretor executivo.

Marcos Melchioretto é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (FURB), é vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul (SC) e sócio executivo da MS Empreendimentos.

Contatos:
thiago@mabrem.com 
marcos.melchioretto@empreendimentosms.com.br

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Perspectivas para o mercado imobiliário em 2025

Um estudo da Mordor Intelligence apontou que o mercado imobiliário residencial no Brasil, em termos de valor de transação, deverá crescer de US$ 59,61 bilhões em 2024 para US$ 77,54 bilhões até 2029, com um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 5,40% durante o período de previsão (2024-2029). Diante deste cenário, como deve ser o desempenho do setor em 2025?

De acordo com Fábio Tadeu, CEO da Brain Inteligência Estratégica, 46% das famílias brasileiras têm interesse em comprar um imóvel, e 6% já estão ativamente visitando propriedades. “O Brasil possui aproximadamente 70 milhões de lares, o que significa que cerca de 3,5 milhões de famílias estão atualmente buscando imóveis, sejam novos ou usados. É um número expressivo. A demanda não é o problema", destaca.

Além disso, 28% dessas pessoas planejam realizar a compra em até um ano, enquanto 6% desejam adquirir um imóvel nos próximos seis meses, representando cerca de 1,8 milhão de famílias com alta probabilidade de compra, desde que o imóvel atenda às suas condições financeiras e preferências. “O desafio não está na falta de demanda, mas em oferecer produtos que se encaixem no orçamento e nos desejos desses consumidores”, conclui.

Ricardo Gontijo, CEO da Direcional Engenharia, salienta que os desafios no cenário macroeconômico à frente não são pequenos. Por outro lado, ele aponta que é fundamental que o setor esteja preparado para oferecer produtos que atendam às necessidades e expectativas das famílias. 

“Se esse cenário se concretizar, com produtos alinhados ao que essas famílias buscam e com acesso facilitado ao crédito, posso afirmar que estamos otimistas. Nosso foco é manter o crescimento nos volumes de lançamentos e vendas. Em termos de terrenos e projetos em aprovação, contamos com uma posição confortável. Se houver demanda e conseguirmos adequar o perfil desses clientes às condições de crédito oferecidas pelos bancos, temos uma perspectiva positiva para o próximo ano. Estamos preparados e ajustaremos nossa operação constantemente para atender essa demanda. Apesar dos desafios, as perspectivas para o próximo ano são promissoras”, assegura Gontijo.

Desafio do saque-aniversário do FGTS

Para Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o fim do saque-aniversário do FGTS é crucial para o setor, pois libera entre R$ 30 a 35 bilhões anuais que poderiam ser aplicados em novos empreendimentos, gerando emprego e recomposição econômica. “Atualmente, o setor enfrenta desafios como a tendência de alta da Selic, que reduz recursos da poupança e ameaça dificultar o financiamento habitacional. Apesar do orçamento do FGTS para 2025 estar mantido, o impacto inflacionário limita o número de unidades possíveis de serem financiadas”, destaca Correia.

Para o público de imóveis de alto padrão, a confiança na economia é um fator determinante.Crédito: Envato

Para superar essas barreiras, o presidente da CBIC acredita que é essencial priorizar recursos do FGTS em novos projetos e buscar alternativas inovadoras para fazer mais com menos. “O setor já demonstrou resiliência e capacidade de adaptação em cenários adversos. Mesmo com boas perspectivas de demanda e emprego, a limitação de funding (captação de recursos para investimento) exige criatividade e eficiência para viabilizar empreendimentos, especialmente em um ambiente de juros elevados. Com esforço conjunto e inovação, é possível melhorar o cenário e garantir a sustentabilidade do mercado”, sugere.

Rodrigo Osmo, CEO da Construtora Tenda, compara a situação do saque-aniversário à das bets. “Os bancos têm destacado o impacto negativo das apostas esportivas ("bets") no mercado de crédito, e uma situação semelhante ocorre com o FGTS, por meio do saque-aniversário. Esse mecanismo permite ao trabalhador retirar recursos imediatamente, muitas vezes para consumo imediato, comprometendo sua segurança financeira futura. O problema é agravado pela crescente utilização do saque-aniversário para contrair dívidas”, alerta.

Osmo lembra que, desde sua criação em 2020, os números impressionam: em 2023, R$ 38 bilhões foram retirados via saque-aniversário, valor 50% superior ao destinado à moradia (R$ 23 bilhões). Além disso, atualmente, R$ 100 bilhões das contas do fundo, que somam cerca de R$ 500 bilhões, estão comprometidos com dívidas. 

Imóveis de alto padrão

De acordo com Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, nos últimos 24 meses, mais de 60% dos projetos da empresa foram voltados ao mercado de alto padrão e luxo, com clientes que, majoritariamente, financiam seus imóveis com recursos próprios. “Para este público, a confiança na economia – medida por crescimento do PIB, geração de empregos e renda – é um fator determinante, independentemente de variações moderadas da Selic. Em períodos de juros mais altos, essa classe econômica consegue multiplicar sua renda por meio de aplicações sofisticadas, investindo parte dela em imóveis como forma de diversificar patrimônio e melhorar a qualidade de vida”, comenta.

A localização é o principal critério de decisão para o cliente de alta renda, superando outros atributos do imóvel. “Além disso, o design dos empreendimentos tem evoluído: cozinhas integradas às salas, áreas de lazer mais enxutas, porém de alta qualidade, academias profissionalizadas, espaços gourmet, quadras de tênis e diferenciais como elevadores exclusivos e garagens personalizadas são tendências marcantes”, afirma Villar.

Bruno Cassola, empresário, administrador de empresas e corretor de imóveis especializado em ativos de alta rentabilidade, vê para 2025 uma clara tendência de empreendimentos que integram tecnologia de ponta e práticas sustentáveis, a possibilidade de personalização, como a otimização de plantas e a escolha de materiais e acabamentos, além de apartamentos mais espaçosos - diferentemente do que era percebido nos últimos anos no país.

Para 2025, Villar acredita que o cenário é promissor, desde que o Brasil apresente crescimento econômico. “Apesar dos desafios enfrentados, como as reformas tributárias que impactam o setor, os incorporadores têm demonstrado resiliência. O mercado já superou obstáculos como distratos e a falta de sofisticação financeira, o que reforça a capacidade do setor de se adaptar e prosperar”, conclui.

Fontes
Fábio Tadeu, CEO da Brain Inteligência Estratégica.
Ricardo Gontijo, CEO da Direcional Engenharia.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Bruno Cassola, empresário, administrador de empresas e corretor de imóveis especializado em ativos de alta rentabilidade.
Diego Villar, CEO da Moura Dubeux.
Rodrigo Osmo, CEO da Construtora Tenda

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Investimento privado em infraestrutura sobe 63%, segundo Abdib

Os investimentos privados em infraestrutura devem totalizar R$ 372,3 bilhões no período de 2025 a 2029, de acordo com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Esse montante representa um aumento de 63,4% em relação à previsão do ano anterior, que estimava R$ 227 bilhões para o ciclo de 2024 a 2028, refletindo o progresso das concessões no Brasil. As informações são do Livro Azul da Infraestrutura, publicação anual da associação, e consideram as concessões licitadas após 2020 e os projetos com edital publicado.

Um exemplo deste aumento em investimentos em infraestrutura vem do Moveinfra, que é formado pelas empresas CCR, EcoRodovias, Hidrovias do Brasil, Rumo, Santos Brasil e Ultracargo. O movimento planeja destinar aproximadamente R$ 38 bilhões, ao longo dos próximos dois anos, para obras e projetos voltados a rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos e mobilidade urbana.

Em 2022 e 2023, as empresas associadas ao MoveInfra realizaram investimentos no total de R$ 25 bilhões. Nos próximos cinco anos, a CEO do Moveinfra, Natália Marcassa, anunciou que serão destinados R$ 80 bilhões para obras e projetos de infraestrutura. 

Moveinfra deve investir R$ 38 bilhões, ao longo dos próximos dois anos, para obras e projetos voltados a rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos e mobilidade urbana.Crédito: Envato

De acordo com Natália, esse investimento deverá contemplar obras como a subida da Serra das Araras (Rio de Janeiro), duplicação da capacidade da malha paulista, construção da ferrovia Lucas do Rio Verde (Mato Grosso) – que levará grãos do Centro Oeste ao Porto de Santos (SP). Além disso, em Santos, Natália destacou que o Moveinfra possui investimentos no TEV (maior terminal de veículos do Brasil), no Tecon (terminal de contêineres), em líquidos no Ecoporto. Haverá também ampliação de terminais e logística no Arco Norte – haverá um investimento de mais de R$ 1 bilhão nesta região. Além de investimentos em 15 aeroportos, como o de Curitiba, por exemplo. 

Lei de concessões 

A CEO do Moveinfra destacou que este desenvolvimento foi possível devido à Lei de Concessões, que completará 30 anos em fevereiro de 2025. “Ela foi transformadora para a infraestrutura, abriu as portas do Brasil para os grandes investimentos privados, permitiu o aumento de toda a nossa infraestrutura de transportes, elétrica e de telecomunicações sem onerar o Estado. Entre 1990 e 2015, foram mais de US$ 70 bilhões entre vendas e transferências de participações de empresas públicas. Entre 2016 e 2024, na criação do PPI (Programa de Parcerias para Investimentos), foram realizados mais de 350 leilões, gerando R$ 1,29 trilhão em investimentos contratados”, informa Natália.

Em 2025, também completa 20 anos da lei de PPPs (parcerias público-privadas). “Só nos últimos dez anos, foram 54 projetos em aeroportos, 12 rodovias, 67 portos e terminais portuários e 6 ferrovias”, comenta a CEO do Moveinfra.

No entanto, para conseguir fazer mais, Natália acredita que é preciso manter um ambiente de estabilidade fiscal, jurídica e melhoria do ambiente de negócios. “Por conta disso, para nós, é muito importante aprovar a reforma tributária e fortalecer a regulamentação”, destaca.

Fontes
Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
Natália Marcassa é CEO do Moveinfra.

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Setor de materiais de construção aposta em otimismo e prevê crescimento de 3% para 2025

O setor de materiais de construção obteve um crescimento expressivo de 5,6% no faturamento até novembro de 2024, de acordo com dados divulgados pela Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção). Este foi o primeiro resultado positivo desde 2021, refletindo um ano de trabalho intenso e colaborações entre entidades e o governo, como os programas Construa Brasil e Missão 3 da Nova Indústria Brasil (NIB).

Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, destaca que 2024 trouxe um otimismo cauteloso para o setor. “Encerramos o ano com crescimento acima do PIB em vendas ao varejo e para construtoras, o que reflete o dinamismo do mercado. Contudo, desafios como as negociações da Reforma Tributária e oscilações econômicas demandam atenção redobrada”, pontua.

Perspectivas moderadas e positivas para 2025

Para 2025, a entidade projeta um crescimento mais modesto, em torno de 3%. Essa expectativa baseia-se em fatores como a alta dos juros, que restringe o crédito imobiliário, e a inflação acima da meta, que impacta o poder de compra da população.

No entanto, o ciclo de obras lançadas e em andamento, além de programas como o Minha Casa Minha Vida e o Marco do Saneamento, sustentam uma demanda consistente por materiais de construção.

Navarro reforça a importância de iniciativas industriais e governamentais nesse cenário. “Estamos otimistas, mas com os pés no chão. O apoio aos programas habitacionais e a colaboração com entidades são fundamentais para manter o setor aquecido”, explica.

Ciclo de obras lançadas e em andamento sustentam uma demanda consistente por materiais de construção. Crédito: Envato  

Aumento de investimentos e desafios no horizonte

Um dado que chama atenção no último Termômetro da Indústria de Materiais de Construção, pesquisa mensal da Abramat, é que 83% das empresas associadas planejam investir em 2025, ante 62% em 2024. Esses recursos serão direcionados à expansão da capacidade instalada e melhorias em linhas de produção, refletindo confiança no potencial de crescimento do mercado.

Apesar do otimismo, o setor enfrenta desafios significativos. Entre eles, estão os altos custos de commodities, a regulação da Reforma Tributária, a escassez de mão de obra qualificada e incertezas sobre investimentos em infraestrutura. “Precisamos superar barreiras como tributação e falta de capacitação para avançar em soluções industrializadas, que trazem maior produtividade e menor impacto ambiental”, alerta.

Industrialização como tendência e diferencial competitivo

Outro aspecto que ganha força é a industrialização no setor de construção. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam que 65% das construtoras brasileiras utilizam algum tipo de solução industrializada, como kits elétricos, estruturas pré-fabricadas em concreto e drywall. Contudo, a maioria aplica essas tecnologias em menos de 50% das obras.

Navarro vê na industrialização uma oportunidade de avanço. “A adoção de tecnologias modernas aumenta a produtividade, reduz custos e impactos ambientais, mas ainda há barreiras como a tributação e modelos de financiamento que precisam ser superadas para acelerar essa transição”, conclui.

Com um balanço positivo em 2024 e planos robustos para 2025, a indústria de materiais de construção mantém-se como um pilar estratégico para o desenvolvimento econômico do país, encarando os desafios como oportunidades de inovação e crescimento.

Entrevistado
Rodrigo Navarro é presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), organização que representa e impulsiona o desenvolvimento do setor no Brasil, com o objetivo de fortalecer o ecossistema da construção civil, promovendo inovação, sustentabilidade e políticas públicas para o crescimento do mercado.

Contato:
rodrigo.navarro@abramat.org.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Cidades quebram recordes de temperatura e especialistas destacam inovações para combater os impactos do calor extremo

Vidros com baixa emissividade são uma das opções mais eficazes para melhorar o conforto térmico sem sacrificar a iluminação natural.
Crédito: Envato

O Brasil enfrentou oito ondas de calor até setembro de 2024 e tudo indica que neste verão deve se repetir o fenômeno que tem levado cidades a registrarem recordes históricos de temperatura. Um estudo conduzido por cientistas brasileiros e portugueses revelou que, entre 2000 e 2018, as ondas de calor causaram mais de 48 mil mortes no país, número que supera em vinte vezes as mortes por deslizamentos de terra no mesmo período. 

Para combater os impactos urbanos do calor extremo, arquitetos e urbanistas buscam soluções para mitigar os efeitos. De acordo com Frederico Carstens, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-PR), afirma que as ondas de calor exacerbam o efeito das ilhas de calor urbanas, onde a infraestrutura, como asfalto, retém mais calor do que áreas rurais. 

Ele destaca que mudanças na forma como se constrói podem ser decisivas. “O planejamento urbano precisa incluir materiais e tecnologias que reduzam o impacto térmico nas edificações e no espaço público. Não é só uma questão de conforto, mas de saúde pública”, afirma.

Soluções para conforto térmico em edificações

Entre os processos produtivos que ajudam a reduzir o calor em edificações, Carstens aponta o uso de materiais com alta refletância térmica, isolamento térmico em paredes e coberturas, além de projetos que priorizem a ventilação cruzada e o sombreamento. “O telhado verde, por exemplo, não só reduz a temperatura interna, mas também ajuda a combater o efeito de ilhas de calor ao trazer vegetação para áreas urbanas”, explica o arquiteto.

Além disso, tecnologias como vidros com controle solar e baixa emissividade, sistemas de automação e energia fotovoltaica podem transformar o modo como os edifícios lidam com o calor. “Vidros low-E são uma das opções mais eficazes para melhorar o conforto térmico sem sacrificar a iluminação natural, enquanto a automação otimiza o uso de recursos de forma inteligente”, completa.

Concreto é um aliado para a eficiência térmica

No espaço urbano, pavimentos reflexivos em concreto e fachadas ventiladas desempenham papel importante na mitigação de altas temperaturas. “Esses materiais reduzem o ganho de calor na superfície e diminuem o aquecimento do entorno, beneficiando a todos”, ressalta Carstens.

Saúde e urbanismo sob ameaça

Fachada verde é uma das opções para suavizar a temperatura das edificações.
Crédito: Envato

Com ondas de calor responsáveis por milhares de mortes no Brasil, a integração de estratégias arquitetônicas e urbanísticas é urgente. “O planejamento não pode ignorar os impactos do aquecimento global. A arquitetura tem ferramentas para minimizar esses efeitos, mas é preciso articulação com políticas públicas e incentivos para que essas soluções se tornem padrão”, enfatiza.

O papel da arquitetura no enfrentamento da crise climática

A resposta às ondas de calor vai além do uso de tecnologias: trata-se de repensar como são construídos e ocupados os espaços. “Projetar cidades resilientes é uma questão de sobrevivência. Precisamos de materiais, métodos e políticas que priorizem a sustentabilidade e o bem-estar da população”, conclui Frederico Carstens.

Enquanto o Brasil encara recordes de temperatura, iniciativas como as defendidas pelo especialista mostram que é possível adaptar as cidades e os empreendimentos ao novo cenário climático, mas desde que os desafios sejam enfrentados com planejamento e inovação.

Entrevistado
Frederico Carstens é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado pela PUC-PR e UFRGS. Fundador da Realiza Arquitetura e atualmente é presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e está à frente do desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes no Brasil.

Contato/Assessoria de Imprensa:
marisa@talkcomunicacao.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Novas regras internacionais vão exigir a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade

Consumidores estão mais conscientes e exigem transparência quanto aos impactos de suas operações no meio ambiente.
Crédito: Envato

O ano de 2025 marca o início de uma nova etapa para o setor empresarial brasileiro, impulsionada pela implementação de normas internacionais que vinculam sustentabilidade à transparência financeira. Sob as normas IFRS S1 e IFRS S2 (International Financial Reporting Standards), todas as empresas de capital aberto serão obrigadas a divulgar informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, incluindo os impactos climáticos de suas operações.

O objetivo é padronizar as práticas de relatório em um cenário global, permitindo uma análise comparativa mais eficaz para investidores e a sociedade. “Essas normas têm como meta trazer informações financeiras e os impactos sobre o clima, facilitando a compreensão de práticas sustentáveis, tanto pela sociedade quanto pelos investidores institucionais”, explica Claudio Hermolin, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio).

As normas foram publicadas em junho de 2023 pelo IASB – International Accounting Standards Board.

PMEs entram na rota da sustentabilidade

Embora o foco inicial esteja nas grandes empresas, Hermolin acredita que as pequenas e médias empresas (PMEs) também serão afetadas a longo prazo. “Hoje, essas normas impactam principalmente as grandes empresas com governança corporativa e necessidade de prestar contas aos acionistas. Mas, no médio e longo prazo, isso será aplicado a todas as empresas, independentemente do seu tamanho”, destaca.

Isso significa que, mesmo fora do escopo imediato das novas exigências, as PMEs devem começar a se preparar, implementando práticas sustentáveis e sistemas de monitoramento para garantir a conformidade futura.

Brasil na vanguarda das normas globais

O Brasil tem se destacado ao adotar as normas IFRS como obrigatórias para empresas de capital aberto por meio da regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isso coloca o Brasil à frente na integração das questões climáticas e financeiras, um movimento essencial para manter a competitividade em mercados globais.

Segundo Hermolin, o cuidado com a sustentabilidade tornou-se uma exigência tanto do mercado consumidor quanto de bancos e grandes fundos de investimento, que hoje priorizam empresas que demonstrem impactos sustentáveis claros e transparentes.

Sustentabilidade como diferencial competitivo

A incorporação dessas normas não é apenas uma questão regulatória. Empresas que não adotarem práticas sustentáveis enfrentarão dificuldades na captação de recursos e na manutenção de sua base de clientes. “A sustentabilidade será cada vez mais um diferencial competitivo, tanto na conquista do mercado consumidor quanto no acesso a recursos financeiros”, observa.

Essa transição também reflete uma mudança cultural: os consumidores estão mais conscientes e exigem que as empresas sejam transparentes quanto aos impactos de suas operações no meio ambiente.

Desafios e oportunidades para o setor da construção civil

No setor da construção civil, conhecido por seu alto impacto ambiental, as novas normas representam tanto um desafio quanto uma oportunidade. Empresas precisarão adotar soluções inovadoras para reduzir emissões de carbono, otimizar o uso de recursos e garantir que seus relatórios atendam aos padrões internacionais.

Para as PMEs do setor, a adaptação pode parecer onerosa inicialmente, mas trará benefícios a longo prazo, como acesso a novos mercados e maior competitividade.

Assim, empresas de todos os portes devem começar a revisar suas práticas de sustentabilidade e estabelecer sistemas de monitoramento que garantam a conformidade com as normas IFRS S1 e IFRS S2. Investir em consultorias especializadas e capacitar equipes internas será essencial para navegar nessa transição e transformar desafios regulatórios em oportunidades de crescimento.

Entrevistado
Claudio Hermolin é graduado em Engenharia Civil pela PUC-Rio, com especializações na Escola de Negócios da PUC-Rio, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Harvard Business School. Tem mais de 30 anos de atuação no mercado imobiliário ocupando posições de liderança, nos segmentos de engenharia, incorporação e intermediação em empresas. Atualmente, é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e também vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) no Sudeste e conselheiro de diversas empresas.

Contato:

presidencia@sinduscon-rio.com.br

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Ana Carvalho
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