Mercado imobiliário de Curitiba fecha primeiro trimestre em alta de preços e perspectiva de cautela para segundo semestre
O mercado imobiliário de Curitiba apresentou sinais claros de transição nos três primeiros meses do ano. Segundo dados divulgados pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), o primeiro trimestre de 2025 foi marcado por um paradoxo: enquanto o preço médio privativo dos imóveis teve alta de 15,8% nos últimos 12 meses, houve uma retração de 41% no número de lançamentos e de 14% nas vendas em unidades, na comparação com o mesmo período de 2024.
Para a Ademi-PR, esse comportamento reflete uma nova fase do ciclo imobiliário da capital. “Depois de anos de valorização intensa, o preço dos imóveis alcançou um teto. Esse movimento é resultado de uma combinação de fatores, como o aumento acumulado dos custos da construção, a inflação no setor e a alta prolongada dos juros”, explica Maria Eugenia Fornea, diretora de expansão da entidade.
A retração nas vendas e nos lançamentos não surpreendeu o setor. “Esse cenário já era esperado, especialmente diante da continuidade de juros elevados e da dificuldade crescente de acesso ao crédito para produção”, afirma Maria Eugenia.
Ela observa que o mercado está se ajustando com cautela ao cenário macroeconômico adverso. “Não se trata de uma crise, mas sim de um momento que exige prudência e foco em eficiência”, orienta.
Desafios e limitações
A valorização no preço médio, embora positiva do ponto de vista dos ativos, também impõe desafios, podendo limitar a velocidade de absorção, sobretudo em segmentos voltados à renda média. Segundo ela, a combinação de preços altos e juros elevados comprime a capacidade de financiamento do comprador e eleva o tempo de decisão. “Em muitos casos, o consumidor opta por aguardar”, assinala.

Crédito: Envato
Ainda assim, imóveis com localização privilegiada e diferenciais bem definidos continuam com liquidez. “Bairros com oferta restrita e escassez de novos produtos tendem a sustentar a valorização em nichos específicos”, completa Maria Eugenia. Essa seletividade é uma das principais tendências projetadas para os próximos meses.
Resiliência é a palavra-chave para o segundo semestre
A expectativa da Ademi-PR para o segundo semestre é de continuidade no ritmo mais contido de lançamentos e vendas, mas com foco redobrado na qualidade dos projetos. “O setor deve entrar em um período de reequilíbrio, com mais seletividade nos produtos ofertados e maior atenção à performance de vendas. Os bons projetos continuam com saída, mas o apetite do mercado está mais contido”, aponta a dirigente.
O financiamento à produção segue como um dos principais entraves, mesmo com o surgimento de modelos menos burocráticos. “O custo do dinheiro permanece alto e, diante da instabilidade macroeconômica, muitos empreendedores têm optado por aguardar melhores condições”, afirma.
Apesar dos desafios, há pontos de otimismo no horizonte. “A expectativa é de que a inflação se estabilize e, com isso, haja espaço para uma inflexão na política monetária”, diz Maria Eugenia. “A retomada pode vir, mas será gradual. Até lá, a palavra de ordem será resiliência, com foco em bons produtos, gestão rigorosa e decisões bem fundamentadas.”
Com esse novo cenário, o mercado imobiliário de Curitiba entra em uma fase de maior maturidade, em que a performance dependerá menos da quantidade e mais da qualidade das ofertas.
Entrevistada
Maria Eugenia Fornea é economista formada pela UFPR, engenheira civil pela PUCPR, especialista em Planejamento e Desenho de Cidades pela PUCPR e em Cidades Responsivas pelo Responsive Cities Institute. Mestranda em Gestão Urbana pela PUCPR, atua há mais de 15 anos no mercado imobiliário. É fundadora e atual CEO da incorporadora curitibana Weefor e do Instituto WF, e diretora de expansão da ADEMI-PR.
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Ana Carvalho
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Itambé marca presença no 9° Congresso Brasileiro do Cimento
Entre os dias 30 de junho e 02 de julho, foi realizado o 9° Congresso Brasileiro do Cimento, em São Paulo (SP). O evento reuniu autoridades, lideranças, especialistas e pesquisadores do Brasil e do exterior para debater políticas públicas, inovação tecnológica, legislação e questões ambientais ligadas à construção civil e ao uso do cimento.
Para Marcio Lobo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, o 9º Congresso Brasileiro do Cimento é um evento de grande relevância para o setor, pois aborda dois temas que estão no centro das discussões atuais: a questão ambiental e a inovação.

Crédito: 9° Congresso Brasileiro do Cimento
“No aspecto ambiental, o foco está na descarbonização e na redução das emissões de CO₂ — um desafio crucial para a indústria cimenteira. Temos um compromisso global com o Roadmap da neutralidade de carbono até 2050, e todas as fábricas de cimento no mundo estão mobilizadas para atingir essa meta. Para isso, a inovação é fundamental. Somente com novas soluções, tecnologias e equipamentos será possível transformar os processos produtivos e reduzir significativamente as emissões. Estamos diante de um momento decisivo, em que sustentabilidade e inovação caminham juntas para garantir o futuro da indústria”, afirma Lobo.
Palestra: Inovação com Propósito
Durante a programação do 9º Congresso Brasileiro do Cimento, a Cia. de Cimento Itambé apresentou a palestra “Inovação com Propósito”. Na ocasião, Arilson Batista Lauxen, coordenador de Planejamento e Controle de Manutenção, e Claudio Cesar Pereira, especialista técnico em Engenharia de Manutenção e Confiabilidade, compartilharam estratégias para otimizar processos e elevar a performance da fábrica por meio do uso de Business Intelligence (BI) e Inteligência Artificial (IA). Sobretudo, a palestra abordou como utilizar ferramentas de monitoramento para ter uma condição mais preditiva das operações da fábrica.
Um dos exemplos dados na palestra foi o uso do MAS 8, uma plataforma única e integrada para a gestão de ativos.
“Essa ferramenta não representou apenas uma nova interface, mas uma mudança na forma de pensar a gestão de ativos na Itambé”, afirmou Pereira. “Com o sistema MAS 8, conseguimos integrar dados operacionais de Controladores Lógicos Programáveis (CLPs), com IoT de dispositivos e sensores, permitindo o monitoramento dos ativos em tempo real.”
O sistema também conta com um módulo específico para acompanhar a saúde dos ativos, utilizando o histórico de manutenções, a expectativa de vida útil e investimentos de cada equipamento. “Com essa base de dados estruturada, conseguimos fazer predições de falhas, tanto com os nossos próprios registros quanto com os dados da IBM, utilizando inteligência artificial e machine learning para gerar análises preditivas de forma contínua”, explicou.

Crédito: 9° Congresso Brasileiro do Cimento
Pereira destacou ainda a versão mobile da ferramenta, que fornece aos técnicos acesso rápido e fácil aos dados dos ativos — inclusive offline. “O técnico pode carregar os dados na oficina e, no campo, registrar execuções, tirar fotos, fazer vídeos e apontamentos com georreferenciamento. Ao retornar à base, tudo é sincronizado automaticamente. Isso reduziu o uso de papel e melhorou significativamente o fluxo de trabalho”, completou.
Quando se trata da manutenção seletiva — voltada aos componentes e equipamentos mais críticos para o processo e para a companhia — Lauxen destaca, por exemplo, os avanços significativos nas medições e no monitoramento dos fornos e moinhos. “Evoluímos tanto na forma de medir quanto de controlar esses ativos”, afirma.
Segundo ele, o controle rigoroso desses itens é essencial, pois embora representem apenas 15% do estoque de componentes, respondem por 85% do custo anual com materiais de manutenção. “Por isso, todos esses itens foram alocados em um local lógico dentro do nosso ERP Protheus, sem ponto de ressuprimento com as requisições de compras controladas pela Engenharia. Todos são readquiridos com base na condição, tendencia, histórico de vida útil e prazo de entrega. Daí a necessidade de um controle tão preciso.”
Essa estratégia, explica Lauxen, permite aplicação da engenharia de manutenção, desenvolvimento de novas tecnologias, inovação, maior previsibilidade no planejamento de compras e no orçamento. “Conseguimos antecipar o quanto será necessário investir em itens seletivos nos próximos anos, o que facilita não só a gestão da manutenção, mas também o planejamento estratégico da Companhia”, conclui.
Conversa com CEOs
O 9º Congresso Brasileiro do Cimento foi encerrado com um bate-papo com os presidentes da indústria do cimento, mediado por Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). Alexander Capela Andras, diretor superintendente da Cimento Itambé, participou da conversa e trouxe alguns insights sobre o mercado – em especial sobre a região Sul do país, área de atuação da empresa.

Crédito: 9° Congresso Brasileiro do Cimento
“Sobre o mercado atual, temos observado crescimentos mais modestos, muito em função das condições econômicas e estruturais do entorno. No entanto, a demanda do país é significativamente maior. Não existe, na história da humanidade, nenhum caso de país que tenha se desenvolvido sem que a indústria do cimento tivesse um papel essencial. O consumo de cimento está diretamente ligado ao progresso e à melhoria da qualidade de vida de uma nação. Temos, portanto, uma grande expectativa em relação ao que vem pela frente. Hoje, observamos no Sul do Brasil uma dinâmica muito forte impulsionada pelo setor privado que vem investindo em ampliação de capacidade e aumento de produtividade gerando emprego e renda.
Por isso, acreditamos fortemente no crescimento da demanda. Inclusive, acabamos de colocar em operação nosso forno mais recente — uma unidade moderna, já preparada para absorver esse novo ciclo de expansão”, comentou Andras.
Sobre as emissões do setor, Andras ressaltou a importância de envolver toda a cadeia produtiva no compromisso de buscar redução de emissões de CO₂. “Esse esforço precisa ir muito além do cimento em si. Durante o congresso discutimos bastante a necessidade de olhar para toda a cadeia produtiva: concreteiras, construtoras, projetistas e demais agentes precisam estar alinhados nesse propósito. As construções devem ser duráveis e pensadas com responsabilidade desde o projeto até a execução. Muito se fala, por exemplo, em sistemas de construção seca ou alternativas industrializadas, mas é preciso refletir também sobre o desempenho térmico, o conforto e vida útil dessas soluções. Tudo isso impacta diretamente na pegada de carbono. Quando comparamos, por exemplo, o modelo construtivo americano com o europeu, percebemos o quanto a durabilidade e a eficiência dos sistemas construtivos afetam as emissões durante a vida útil das edificações e infraestruturas. Precisamos, portanto, ampliar o olhar — pensar além do nosso segmento específico e atuar de forma integrada para transformar verdadeiramente o setor”, conclui.
Fontes
Marcio Lobo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé.
Arilson Batista Lauxen, coordenador de Planejamento e Controle de Manutenção da Cia. de Cimento Itambé.
Claudio Cesar Pereira, especialista técnico em Engenharia de Manutenção e Confiabilidade da Cia. de Cimento Itambé.
Alexander Capela Andras, diretor superintendente da Cia. de Cimento Itambé.
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Revogação do aumento do IOF traz alívio ao setor e pode impulsionar novos investimentos
A derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi recebida com entusiasmo pelo mercado imobiliário e da construção civil. O decreto, editado em maio pelo governo federal, previa elevação nas alíquotas aplicadas a operações de crédito, câmbio e seguro, o que traria impacto direto no custo final dos financiamentos. Com a decisão do Congresso Nacional, as alíquotas retornam aos patamares anteriores, de 0,38% fixo mais 0,0041% ao dia.
Para o setor, essa revogação significa mais do que um alívio fiscal imediato. Representa uma retomada de fôlego. “A decisão de revogar o decreto que aumentava a alíquota do IOF é extremamente positiva para o setor. Com financiamentos mais baratos, as empresas do setor ganham fôlego para investir mais, e os consumidores finais tendem a ser beneficiados com juros menores”, afirma Marcos Bigucci, diretor da construtora MBigucci.

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Ambiente de negócios favorável
O IOF incide diretamente sobre operações de crédito utilizadas por incorporadoras, loteadoras, construtoras e consumidores finais. “Na prática, o IOF encarece o custo total dos empréstimos, dificultando o acesso ao crédito pelas empresas e pelos consumidores”, afirma Bigucci. Por isso, o retorno às alíquotas anteriores pode ser um vetor de estímulo ao crescimento. “Isso pode acelerar a aquisição de terrenos, o início de novas obras e tornar o setor mais atrativo a investimentos estrangeiros”.
A advogada Roberta de Amorim Dutra, consultora jurídica da Abagge Advogados, destaca que a redução da carga tributária pode gerar reflexos positivos até mesmo nos preços de imóveis. “A revogação do decreto pode ajudar as empresas incorporadoras, loteadoras e da construção civil, pois terão a redução de seus custos operacionais e financeiros. Com isso, pode haver uma melhora no preço dos imóveis, principalmente naqueles apresentados na planta”, explica.
Alívio momentâneo, mas incertezas persistem
Apesar do cenário favorável, especialistas são cautelosos quanto ao futuro do imposto. O IOF permanecerá existindo mesmo após a Reforma Tributária, pois esta foi apenas feita para os impostos sobre o consumo. “Não temos como prever como se dará essa cobrança no futuro, pois se trata de um imposto com finalidade extrafiscal. O uso abusivo de sua cobrança pode gerar reação política, judicial e econômica”, aponta Roberta.
Bigucci também alerta para os riscos de novas elevações. “Quando o governo precisa de dinheiro, começam a surgir propostas como essa. Mas os efeitos são catastróficos para o setor produtivo. A solução não é aumentar impostos, e sim estimular a economia”, opina.
Segundo ele, a revogação recente mostra que existe espaço político para avançar na pauta de desoneração, mas é preciso firmeza do Executivo para manter um planejamento fiscal equilibrado.
Desafios de financiamento no setor da construção civil
Tanto Roberta quanto Bigucci concordam que um dos maiores entraves ao desenvolvimento do setor está no alto custo do crédito. “O setor depende muito do capital de terceiros, e alterações recentes elevaram demais o custo de financiamento bancário, inclusive para antecipação de recebíveis e capital de giro”, afirma Roberta. Empresas de menor porte enfrentam desafios ainda maiores, diante da dificuldade de acesso a linhas de crédito, securitização e mercado de capitais.
“Já existem muitas incertezas no setor, sejam jurídicas, regulatórias ou econômicas. Qualquer medida que reduza os obstáculos, como a revogação do aumento do IOF, é importante para destravar o setor e impulsionar a geração de empregos e renda”, conclui Bigucci.
Portanto, a derrubada do decreto do IOF foi um passo importante na tentativa de aliviar a carga tributária que recai sobre o setor produtivo. No caso da construção civil, os reflexos são imediatos: crédito mais barato, menos custo financeiro e incentivo à retomada de investimentos. Contudo, permanece a necessidade de vigilância e articulação política para que medidas futuras não comprometam novamente a saúde de um setor primordial para o desenvolvimento econômico e social do país.
Entrevistados
Roberta de Amorim Dutra é Mestre em direito constitucional tributário pela PUC-SP. Especialista em direito tributário pela USP. Membro da Comissão de Direito Tributário da OAB-SP, da CENAPRET e da CCMT. Atualmente, é consultora jurídica da Abagge Advogados.
Marcos Bigucci é Mestre em Administração de Empresas pela Devry University (EUA), MBA pela FGV/Brasil e Certificado pela Harvard University (EUA) em Tecnologia e Empreendedorismo. Atualmente, é diretor da Construtora MBigucci.
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roberta@amorimrodrigues.com.br
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Ana Carvalho
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Projetos mostram como fazer mitigação de CO₂ na Prática
O ano de 2024 foi considerado o mais quente da história com cerca de 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A onda de calor intensa enfrentada por diversas cidades brasileiras tem desafiado os administradores públicos diante das consequências das mudanças climáticas. Durante o 9º Congresso Brasileiro de Cimento, alguns painéis discutiram soluções para reduzir impactos no ambiente urbano.

Crédito: 9º Congresso Brasileiro de Cimento
Conheça iniciativas discutidas:
Rede More: mensuração da pegada de CO2 em construções autogeridas
Um dos painéis do Congresso Brasileiro do Cimento destacou a Rede MORE, projeto que busca mensurar a pegada de carbono em construções autogeridas e propor caminhos para a descarbonização da habitação popular no Brasil.
“O cimento ensacado ainda predomina no mercado nacional, o que revela uma realidade muitas vezes ignorada: obras de pequeno porte, em diferentes níveis de autogestão — sobretudo informais — respondem por cerca de 60% do setor. Ou seja, não é possível falar em descarbonização sem incluir esses territórios e agentes”, afirmou Mayara Munaro, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Ela destaca que, para desenvolver estratégias de mitigação eficazes, é preciso antes entender como construímos, onde e quanto emitimos. “A missão da Rede MORE é justamente essa: criar métodos e indicadores que nos permitam estimar e acompanhar o uso de materiais e as emissões de CO₂ em construções informais, respeitando suas especificidades e buscando soluções alinhadas às necessidades locais”, completou.
Com apoio do hubIC e da Caixa Econômica Federal, e parcerias com instituições como a USP e a ABCP, o projeto realizou um estudo de caso na comunidade de São Remo (SP), aplicando tecnologias como sensoriamento remoto LiDAR (Light Detection and Ranging), que usa lasers para medir distâncias e gerar nuvens de pontos 3D) e modelagem BIM para estimar a pegada de carbono das moradias.
Foram analisadas 39 casas, identificando os principais emissores de CO₂ — alvenaria, estrutura e revestimentos — com destaque para cimento, aço e cerâmica. Os resultados mostraram que 50% das moradias apresentaram emissão em torno de 200 kg de CO₂ por metro quadrado, e 92% estavam abaixo de 350 kg/m², valores compatíveis com a construção formal.

Crédito: 9º Congresso Brasileiro de Cimento
A partir disso, a Rede MORE pretende expandir a metodologia para outras regiões do Brasil e propor rotas de mitigação adaptadas às realidades locais, contribuindo para uma construção mais sustentável e inclusiva.
Impressão 3D e Sustentabilidade
A impressão 3D na construção, embora não seja nova, está evoluindo rapidamente e tem se mostrado uma solução sustentável. Isso foi o que mostrou o painel “Impressão 3D – hubIC”, Rafael Pillegi, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
“A verdadeira conexão entre a impressão 3D e a sustentabilidade está em um conceito simples: usar apenas o material certo, no lugar certo. Isso é, por definição, sustentável — porque elimina o desperdício, dispensa o uso de formas e torna o processo mais rápido, já que não é necessário aplicar material onde depois será retirado. É uma mudança de paradigma: não se trata mais de encher uma forma, mas de construir com precisão. Imagine, por exemplo, que um mesmo bloco pode ser impresso em diferentes rotas. A depender do caminho adotado, o desempenho do bloco muda — seja térmico, acústico ou estrutural. Isso nos obriga a repensar o design dos elementos construtivos e aprender continuamente com o processo”, pontua Pillegi.
Do ponto de vista ambiental, o professor acredita que a impressão 3D não pode ser julgada apenas pelo teor de cimento em si, mas pelo conjunto da obra. “Há quem critique a impressão 3D por consumir muito cimento. No entanto, quando analisamos as estruturas produzidas com geometrias otimizadas e baixo consumo de material, vemos que é possível desmaterializar sem perder desempenho. E isso já é realidade. No início, nossos protótipos utilizavam até 1000 kg de cimento por metro cúbico. Hoje, já se imprime com 400 kg — e, no Brasil, desenvolvemos composições com apenas 300 kg/m³. É uma evolução acelerada”, pondera Pillegi.
Esse é um dos caminhos trilhados no Laboratório de Construção Digital, dentro do hubIC, onde busca-se aplicar a impressão 3D com foco em eficiência material, redução de impacto ambiental e inovação construtiva.
Fontes
Mayara Munaro é professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Rafael Pillegi, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Contato:
hubic@hubic.org.br
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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SIBRACIC reúne pesquisadores para discutir o futuro do concreto que se regenera e novidades sobre autocicatrização
Uma pequena fissura no concreto pode parecer inofensiva, em primeiro momento. Mas, ao longo do tempo, essas pequenas aberturas facilitam a passagem de água e outros agentes agressivos, comprometendo a durabilidade das estruturas. Pensando neste tipo de manifestação patológica, a engenharia já desenvolve soluções capazes de tornar o concreto “inteligente”, ou seja, capaz de se regenerar.
Foi justamente para debater esses avanços que nasceu o I Simpósio Brasileiro de Autocicatrização do Concreto (SIBRACIC), realizado em Porto Alegre (RS) nos dias 22 e 23 de maio, reunindo pesquisadores, profissionais da construção e representantes de empresas. “O Brasil faz pesquisa de ponta. Não estamos atrás de outros países, mas é importante unir esforços para avançar mais rápido e criar normas técnicas que possibilitem a transferência tecnológica para o mercado”, afirmou Denise Dal Molin, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das organizadoras do evento.
De acordo com a professora Edna Possan, professora da UNILA e que também participou como palestrante do simpósio, a autocicatrização do concreto acontece quando microfissuras são fechadas por mecanismos naturais do próprio material ou por meio da adição de agentes externos. “Com esse processo, é possível melhorar a estanqueidade e estender a vida útil das estruturas sem a necessidade de intervenções externas”, explica.
As técnicas incluem desde o uso de adições minerais já conhecidas ao concreto, como cinza volante e escória de alto-forno, até a utilização de aditivos cristalizantes e soluções biotecnológicas. Um dos destaques do simpósio foi justamente a autocicatrização por bactérias. “Ela tem mostrado ser a mais eficaz entre todas as tecnologias existentes hoje”, reforça Edna.

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Pesquisa nacional conectada ao que há de mais avançado no mundo
O evento trouxe ao Brasil nomes internacionais, como o professor Paulo Monteiro (Berkeley/EUA), que estuda a autocicatrização baseada em técnicas inspiradas no concreto romano, e o professor italiano Liberato Ferrara, integrante de um consórcio europeu sobre o tema.
A presença desses especialistas serviu para reforçar que o Brasil está no mesmo patamar das pesquisas globais. “Trouxemos quem está liderando grupos de pesquisa em várias instituições, e isso valorizou o evento. Convidamos palestrantes que tivessem uma visão mais ampla e integrada sobre os avanços em suas universidades”, detalha Denise.
Integração entre ciência e mercado
Um dos diferenciais do SIBRACIC foi promover o diálogo entre academia e setor produtivo. Cerca de 40% dos congressistas eram profissionais de empresas, muitas delas fornecedoras de aditivos cristalizantes. Para Edna Possan, essa interação foi estratégica. “Cada vez mais, essa interlocução entre ciência e mercado se faz necessária e é bastante promissora”.
A programação também incluiu a apresentação de mais de 40 artigos técnicos, todos em sessões orais, promovendo um ambiente de debate e troca de experiências. Houve ainda premiações para os melhores trabalhos.
Próximos passos para um concreto mais sustentável
Os pesquisadores destacaram que as tecnologias de autocicatrização representam um avanço significativo para a sustentabilidade na construção civil, reduzindo a necessidade de manutenção e o consumo de recursos.
No entanto, para que algumas dessas soluções, como as bactérias cicatrizantes, cheguem ao mercado, ainda são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento. “É uma área interessante e que deixa muitas pessoas entusiasmadas quando se conhecem os resultados. Acreditamos que o SIBRACIC cumpriu seu papel de difundir esse conhecimento e mostrar o potencial da autocicatrização como um novo paradigma na construção civil”, conclui Denise.
Entrevistadas
Edna Possan é engenheira civil formada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenadora do Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais (Ladema). Atualmente é membro de diversos comitês de estudos de normas relacionadas a construção civil e presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac). Atua na área de patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente.
Denise Dal Molin é engenheira civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Engenharia Civil pela UFRGS e doutora em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é Professora Titular e pesquisadora (docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Construção e Infraestrutura) da UFRGS. Foi membro fundador da Associação Brasileira de Patologia das Construções (ALCONPAT Brasil). Atualmente é membro do núcleo docente estruturante do curso de engenharia civil e líder do Grupo de Pesquisa LAMTAC (Laboratório de Materiais e Tecnologia do Ambiente Construído) da UFRGS.
Contatos
epossan@gmail.com
dmolin@ufrgs.br
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Ana Carvalho
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Esferas de concreto no oceano são testadas para armazenar energia
Como armazenar a energia excedente gerada por painéis solares ou turbinas eólicas? A resposta pode estar no fundo do mar. Pesquisadores alemães desenvolveram um projeto inovador chamado Stored Energy at Sea (StEnSea), que utiliza esferas de concreto submersas para armazenar e gerar energia de forma eficiente.
A ideia foi concebida em 2011 pelos professores Horst Schmidt-Böcking e Gerhard Luther. O sistema é conectado à rede elétrica por meio de um cabo submarino, que pode se ligar tanto a uma subestação em terra quanto a uma estação transformadora flutuante de um parque eólico offshore. Para armazenar energia, a motobomba retira a água de dentro da esfera, bombeando-a contra a pressão da coluna d’água ao redor. Com isso, o reservatório fica pronto para um novo ciclo de geração.

Crédito: © Hochtief
Em um teste de campo realizado com uma esfera de três metros no Lago de Constança, pesquisadores do Fraunhofer Institute for Energy Economics and Energy System Technology (Instituto Fraunhofer de Economia de Energia e Tecnologia de Sistemas de Energia), em parceria com outras instituições, comprovaram que o conceito é tecnicamente viável e funciona de forma eficiente.
“Usinas hidrelétricas reversíveis são especialmente eficazes para o armazenamento de eletricidade por períodos que variam de algumas horas a alguns dias. No entanto, seu potencial de expansão é bastante limitado em escala global. Por essa razão, estamos adaptando seu princípio de funcionamento para o ambiente submarino — onde as restrições ambientais e ecológicas são consideravelmente menores. Além disso, a aceitação pública tende a ser muito mais favorável”, explica o Bernhard Ernst, gerente sênior de projetos do Instituto Fraunhofer.
Princípio de funcionamento
Segundo o Instituto Fraunhofer, o projeto utiliza esferas de concreto com 9 metros de diâmetro e aproximadamente 400 toneladas cada. Essas esferas são colocadas entre 600 e 800 metros de profundidade, onde a pressão da água é tão intensa que consegue girar turbinas com altíssima eficiência.
Essas unidades são dispostas em sequência e interligadas eletricamente em um sistema projetado para operar de forma semelhante ao armazenamento por bombeamento, que aproveita a força da água para gerar eletricidade, porém adaptado para o ambiente submarino.

Crédito: © Fraunhofer IEE
O sistema StEnSea é composto por dois componentes principais: uma esfera oca de concreto, que funciona como reservatório de armazenamento, e uma unidade técnica cilíndrica, que abriga a bomba-turbina, uma válvula controlável e os componentes do sistema de Supervisão, Controle e Aquisição de Dados (SCADA). Essa unidade técnica é removível, podendo ser destacada separadamente, o que facilita a manutenção e os reparos.
Quando a esfera está vazia, a unidade de armazenamento é considerada totalmente carregada. Ao abrir a válvula controlável, a água do entorno flui pela unidade técnica para o interior da esfera. Esse movimento aciona a turbina e o gerador, que produzem energia elétrica para ser injetada na rede — caracterizando a fase de descarga do sistema. A recarga ocorre com o bombeamento da água para fora da esfera, contra a pressão do ambiente, utilizando energia da própria rede elétrica.
Resultados
Segundo pesquisadores do Fraunhofer, o potencial global de armazenamento dessa tecnologia chega a 817.000 gigawatts-hora. Em alguns locais da Europa, o potencial ainda alcança 166.000 gigawatts-hora. Para fins de comparação, a capacidade total das usinas hidrelétricas reversíveis em operação em terra na Alemanha é de menos de 40 gigawatts-hora.

Crédito: © Fraunhofer IEE
As estimativas do Instituto Fraunhofer apontam um custo de armazenamento em torno de 4,6 centavos de euro por quilowatt-hora. Já o investimento necessário é de aproximadamente 1.354 euros por quilowatt de potência instalada e 158 euros por quilowatt-hora de capacidade. A vida útil das esferas de concreto varia entre 50 e 60 anos, enquanto bombas-turbinas e geradores devem ser substituídos a cada 20 anos.
Próximos passos
Após o teste no Lago de Constança, o Departamento de Energia dos Estados Unidos investiu US$ 4 milhões no StEnSea. O Instituto Fraunhofer planeja implantar em 2026 um protótipo em escala real, impresso em 3D, na costa de Long Beach, Califórnia.
Os especialistas agora pretendem testar a aplicação da tecnologia em águas profundas, sob condições offshore, por meio de um novo projeto. O objetivo é investigar e avaliar todas as etapas envolvidas na fabricação, instalação, operação e manutenção em relação ao tamanho previsto da esfera — com 30 metros de diâmetro. A intenção é verificar se, e de que forma, as soluções desenvolvidas neste projeto podem ser aplicadas a uma esfera dessa dimensão.
“Com o armazenamento esférico StEnSea, desenvolvemos uma tecnologia de baixo custo, especialmente adequada para armazenamento de curto e médio prazo. Com o teste na costa dos Estados Unidos, estamos dando um grande passo rumo à escalabilidade e comercialização desse conceito de armazenamento”, conclui Ernst.
Fonte
Bernhard Ernst, gerente sênior de projetos do Fraunhofer Institute for Energy Economics and Energy System Technology.
Contato
web@iee.fraunhofer.de
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Verificação Independente traz controle sobre obras públicas e gera economia, transparência e eficiência
Com atuação técnica e imparcial, o verificador independente é um agente externo que acompanha continuamente contratos públicos, com foco em validar dados operacionais, calcular custos reais, apurar receitas e medir indicadores de performance. Em outras palavras, ele funciona como uma segunda camada de controle, embora não substitua a fiscalização tradicional, mas complementa com precisão técnica e autonomia.
Segundo Willian Keller, diretor técnico do Instituto Brasileiro de Estudos Técnicos Avançados (IBETA), o modelo contribui de forma decisiva para a governança pública. “Promove transparência, qualifica a tomada de decisão e protege o gestor público. Ainda é uma ferramenta subutilizada, mas seu fortalecimento depende da institucionalização nos contratos e do reconhecimento do seu valor técnico como instrumento permanente de controle e gestão”, afirma.
Case MG-050: pioneirismo e economia comprovada
A Rodovia MG-050, em Minas Gerais, foi o primeiro contrato de PPP rodoviária do Brasil a contar com um verificador independente. O modelo foi adotado pela concessionária Nascentes das Gerais em parceria com o governo mineiro. “Essa atuação foi central para validar periodicamente a performance da concessionária, por meio de indicadores objetivos definidos no contrato”, detalha Keller.

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O resultado foi concreto: uma economia de 45% no valor da contraprestação pública paga à concessionária ao longo de quatro anos. A análise rigorosa das medições, cruzamento de dados técnicos com inspeções em campo e a verificação das entregas reais impediram pagamentos indevidos e reequilíbrios sem fundamento técnico. “É a prova prática de que monitorar com critério técnico reduz desperdícios e dá segurança jurídica às partes envolvidas”, pontua o diretor do IBETA.
Indicadores sustentam decisões técnicas
Os indicadores utilizados variam conforme o tipo de contrato. Em obras públicas, destacam-se a validação das medições, o cumprimento de marcos contratuais, os desvios de custo e prazo e a conformidade técnica. Já em contratos de serviços, como transporte público, são acompanhados itens como quilometragem, consumo, receita e necessidade de subsídio.
O verificador atua analisando os dados reportados pelas concessionárias e validando sua consistência com documentos, evidências em campo e outras fontes técnicas. Com isso, fornece subsídios confiáveis ao poder concedente para decisões como pagamentos, reequilíbrios e auditorias.
Além da economia, a principal vantagem do método é elevar o nível de governança nos contratos. Com atuação técnica estruturada, o verificador confere rastreabilidade às informações, clareza nos critérios e base técnica às decisões públicas.
“Essa figura é fundamental para assegurar que os contratos reflitam a realidade técnica, financeira e operacional, proporcionando mais segurança para o poder público e confiança para os investidores”, afirma Keller. Ele defende a ampliação do uso do método para todos os contratos públicos, especialmente em áreas sensíveis como saúde, educação, mobilidade e saneamento.
Desafios para ampliar o uso no país
Apesar dos resultados, a verificação independente ainda é pouco utilizada no Brasil. “Falta institucionalização e clareza sobre como contratar e integrar esse serviço aos contratos. Muitos gestores ainda enxergam como custo, quando na verdade se trata de um investimento em controle e eficiência”, afirma o diretor do IBETA.
Para ampliar seu uso, o Instituto defende ações como a exigência em editais de concessão e PPPs, criação de marcos regulatórios, disseminação de boas práticas e capacitação de gestores públicos. “O que é monitorado tende a ser melhor executado. Ter um olhar técnico e imparcial constante é um investimento em governança pública”, finaliza Keller.
Entrevistado
Willian Keller é graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão de Projetos, com ampla experiência em análise de viabilidade econômico-financeira, modelagem econômica de projetos de alta complexidade, gestão de projetos de inovação e especialização nos Estados Unidos pela Baldwin Wallace University de Cleveland (OH). Atualmente, é diretor técnico do Instituto Brasileiro de Estudos Técnicos Avançados (IBETA)
Contato: w.keller@ibeta.tec.br
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Construção modular para a COP 30: é uma boa alternativa?
A quatro meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a capital do Pará enfrenta o desafio de lidar com a falta de leitos e acomodações para os visitantes do evento. Atualmente, toda a região metropolitana de Belém tem 24 mil leitos, enquanto a expectativa é que a cidade receba cerca de 50 mil visitantes durante o evento.
Diante deste cenário, algumas alternativas estão sendo consideradas como o uso de escolas, reformas de prédios antigos e a criação de hotéis em navios de cruzeiro.
“Como em todas as COPs, a questão acomodação é um desafio. Os hotéis estão de fato com suas ocupações máximas, e o governo está em fase de implantação de um programa de aluguel de moradias, onde um agente do governo vai na residência da pessoa e avalia por quanto pode ser locado o estabelecimento, seja um quarto ou toda casa. Esta medida está sendo tomada para controle da inflação de preços de hospedagem que está acima do normal”, afirma Bruna Siciliano, especialista em construções saudáveis e sustentáveis.
Desafios da construção em Belém
Para Bruna, com relação à forma de construção, é preciso levar em consideração que construir na Amazônia é diferente de construir na Paraíba, que ainda é diferente de construir em São Paulo e Rio de Janeiro. “Como engenheira coloco em pauta que em Belém ou Manaus, existem desafios operacionais e logísticos que fazem com que alguns insumos não sejam viáveis nestas regiões, a exemplo de agregados britados. Dessa forma, a brita passa a ser seixo de fundo de rio. Também temos de levar em conta que as estradas são os rios, tempos de seca e cheia afetam diretamente as obras. Com as mudanças climáticas no centro das discussões, tudo isso precisa ser colocado na ponta do lápis para tomada de decisão na construção de um projeto”, pondera.
Bruna acredita que a construção civil brasileira vai mostrar ao mundo sua capacidade de desenvolver tecnologias próprias para os canteiros de obras. “Um exemplo disso vem de Belém do Pará, onde se busca uma alternativa aos combustíveis fósseis por meio da exploração do látex”, aponta.
Outra questão latente é a crise de mão de obra – que atinge todo o Brasil. “A economia neste setor está aquecida, não somente em Belém por conta da COP, mas estamos em uma lacuna onde perdemos mão de obra para entregadores de delivery e aplicativos de transporte. É uma questão geracional, onde falta mão de obra, o que encarece o custo dos empreendimentos e demanda maior tempo de cronograma de execução. Além disto, a crise geopolítica e inflação em produtos utilizados na construção civil acaba sendo um grande desafio para garantir a sustentabilidade das obras, e saúde também financeira, pois manutenção e retrabalhos geram incompatibilidade com a descarbonização”, afirma Bruna.
Construção modular
Para atender esta demanda por leitos, como construir de forma sustentável e responsável? Seria possível deixar um legado de construções mais sustentáveis para a COP 30 e resolver a questão da falta de hospedagem?
Uma forma de fazer isto seria por meio da construção modular e o uso de pré-fabricados. Um exemplo do emprego desta técnica é a Vila COP, um conjunto modular de alto padrão que será destinado a líderes, chefes de Estado e representantes das 190 nações. Posteriormente, será transformado em centro administrativo do Governo do Pará, reunindo secretarias atualmente instaladas em imóveis alugados. “A construção da Vila COP faz parte da estratégia de ampliação da oferta de hospedagem desenvolvida pelos governos do Pará e Federal visando acomodar cerca de 50 mil pessoas que devem vir para Belém durante o evento. Depois da COP, este espaço será utilizado como centro administrativo pelo Governo do Pará, abrigando secretarias que hoje estão em prédios alugados. Isso representa economia para a administração pública e assegura que o investimento feito deixe um legado para o nosso Estado”, afirmou Hana Ghassan, vice-governadora e presidente do Comitê Estadual da COP 30.

Crédito: Agência Pará
O local onde será construída a Vila COP tem 19 mil metros quadrados. O projeto prevê uma divisão em 5 blocos, dos quais, quatro serão destinados à hospedagem, totalizando 405 suítes, e um bloco será de serviço com lobby, maleiro, escritórios, gerência, salas de reunião, academia, vestiários, quiosques de artesanato e souvenires, conveniência, restaurante e bar-café.
Para o arquiteto Marcos Serrano Miralles, ao partir do princípio da praticidade no tempo de execução, a construção modular pode ser uma boa saída para lidar com a falta de leitos. “Ela traz benefícios como a otimização de tempo, redução de resíduos e sustentabilidade para obras mais conscientes e eficientes”, informa.
Esta alternativa vem sendo incentivada pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), que em 2024 apoiou a construção da sede de fábrica de estruturas modulares no Distrito Industrial de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. "Essa indústria é fundamental para o desenvolvimento do Pará. Além de impulsionar a criação de empregos, ela representa uma alternativa viável de hospedagem durante a COP-30”, justificou Lutfala Bitar, presidente da Codec.
Entrevistados/ Fontes
Bruna Siciliano especialista em construções saudáveis e sustentáveis, economia verde, soluções baseadas na natureza e descarbonização aplicadas a indústria da construção civil. Também é empreendedora e presidente do Grupo Siciliano Brasil, CEO Siciliano Ltda, Siciliano Tecnologia e Cofundadora Siciliano Pro.
Marcos Serrano Miralles é arquiteto. Ele já deixou sua marca em projetos em São Paulo, interior, litoral e outras regiões como Rio de Janeiro, Brasília e Gramado.
Transitando entre escritório próprio e multinacionais como a Asea Brown Boveri, no setor Real Estate, Miralles gosta de promover uma participação ativa dos clientes.
Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec)
Agência Pará
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Obras no Aeroporto de Congonhas avançam
Em abril de 2025, o Aeroporto de Congonhas completou 89 anos. Em abril de 2024, o aeroporto anunciou uma reestruturação e desde então vem avançando com as obras e reformas.
Com investimento de R$ 2,4 bilhões, a expectativa é que o aeroporto ganhe um novo terminal de passageiros com mais que o dobro do tamanho atual, novas pontes de embarque e diversas melhorias para a eficiência operacional, segundo informações da Aena, concessionária responsável pelo aeroporto. Congonhas também contará com 20 mil m² dedicados a áreas comerciais.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da Aena, obra é faseada e a construção do novo terminal ainda não começou. No momento, estão sendo realizadas algumas demolições e a construção de hangares provisórios. O prédio do terminal será iniciado numa próxima etapa.
Etapas da obra
A Aena anunciou que a construtora HTB será a responsável pela execução das obras. A previsão é que o novo terminal comece a operar em junho de 2028. Para reduzir os impactos nas atividades do aeroporto, os trabalhos serão divididos em fases. A etapa inicial abrangerá a demolição de estruturas existentes, a instalação dos canteiros de obras, intervenções no pátio de aeronaves e melhorias nas pistas de taxiamento.
Na segunda fase, as companhias aéreas serão realocadas para novos hangares, o que permitirá o início da construção do píer do novo terminal e das intervenções no hangar tombado.
Já na terceira etapa, serão instaladas as pontes de embarque do novo píer, assim como o sistema de triagem e transporte de bagagens. As fases finais envolvem a finalização do novo terminal de passageiros, incluindo a entrega das pontes, dos sistemas de bagagem e a modernização do terminal existente.
Melhorias já realizadas
No início deste ano, o terminal ganhou um dos maiores lounges voltados a voos domésticos no Brasil, com mais de 1.000 m². Uma nova sala, com dimensões equivalentes, está em construção e deve ser inaugurada nos próximos meses.

Crédito: Dilvugação – Aena
Com o objetivo de oferecer mais conforto aos passageiros e tornar o embarque mais ágil, a área de raio-X foi expandida, passando de 11 para 16 canais de inspeção. Os primeiros banheiros completamente reformados já estão em funcionamento, e a modernização do sistema de ar-condicionado está quase concluída.
Nos próximos meses, a sala de embarque remoto terá sua capacidade duplicada, e a sala principal também será ampliada. Além disso, uma nova área para embarque em carros de aplicativo, localizada no topo do edifício garagem, será aberta até o final do ano.
A sustentabilidade também é uma preocupação. De acordo com a Aena, toda a eletricidade utilizada no local já vem exclusivamente de fontes renováveis, e um novo sistema de reciclagem de resíduos foi colocado em prática.
Reformas até 2028
Com a conclusão das obras, a área de embarque e desembarque do terminal será duplicada, superando 100 mil m², com preservação de estruturas históricas e integração ao novo terminal. O embarque ocorrerá nas novas edificações, enquanto o terminal atual será destinado ao desembarque. O projeto inclui um novo salão de check-in com até 108 posições, 19 pontes de embarque, 10 portões remotos no hangar tombado, 13 leitores automáticos de bilhetes e até 17 canais de inspeção.
O pátio da aviação comercial será ampliado para 215 mil m², com 37 posições de aeronaves, todas adequadas aos padrões internacionais. Também estão previstas novas pistas de rolagem, reforço estrutural das áreas operacionais e melhorias na mobilidade, como uma nova praça de embarque para carros de aplicativo, ampliação da área de meio-fio e conexão direta com a futura estação da linha Ouro do metrô.
Fonte
Aena Brasil
Contato
Assessoria de imprensa - diana@massmedia.com.br
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Santa Catarina atrai investidores com projetos inovadores que transformam o litoral em vitrine mundial
Santa Catarina está consolidando sua posição como referência nacional em inovação no setor imobiliário, turístico e de lazer. Em breve, na região, serão inaugurados empreendimentos inovadores, entre os quais o maior shopping náutico do país, um complexo temático que promete ser o maior centro de neve indoor da América Latina e um dos maiores bairros urbanizados do Brasil.
Um dos exemplos mais ousados dessa transformação é o Boulevard Marina Itajaí, anunciado como o maior shopping náutico do país voltado diretamente para as águas. Com início das obras previsto para 2025 e entrega estimada para o verão de 2026/2027, o projeto irá ocupar um dos principais polos náuticos do país, promovendo uma experiência sofisticada integrada ao lifestyle marítimo.

Crédito: Divulgação
“O Boulevard Marina Itajaí une infraestrutura portuária, turismo, varejo e experiências em um mesmo ambiente com foco em alto padrão”, destaca Anderson Becker, CEO da ABecker Loteamentos, empresa que desenvolve o empreendimento ao lado da Marina Itajaí.
Serão mais de 120 operações entre lojas, gastronomia e serviços premium, distribuídas sobre um píer moderno e com paisagismo que respeita o ambiente natural. O investimento inicial de R$ 100 milhões deve gerar mais de 2.700 empregos diretos e indiretos. “Nosso objetivo é oferecer uma nova experiência de consumo e lazer premium para quem navega ou visita a Marina Itajaí”, completa Becker.
Barra Velha: um bairro planejado com impacto social
Outro projeto de destaque é a construção de um dos maiores bairros urbanizados do Brasil, que será implantado às margens da Lagoa de Barra Velha, no litoral norte de Santa Catarina. O empreendimento prevê a criação de 4.680 lotes destinados a áreas residenciais, comerciais e industriais.
Mais do que um bairro, a proposta é erguer uma nova centralidade urbana. “Buscamos criar um bairro com qualidade de vida, conforto e conexão com a natureza”, afirma. A estimativa é que o local beneficie cerca de 100 mil pessoas quando finalizado, gerando emprego, infraestrutura e novas possibilidades de desenvolvimento para a região.
Segundo Marcos Melchioretto, vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul, o município de Barra Velha se destaca entre os que mais crescem em Santa Catarina. “Sua ampla área de expansão territorial possibilita grandes investimentos urbanísticos de padrões internacionais, contemplando um mix de moradia, trabalho e lazer juntos”, afirma.

Crédito: Divulgação
Sky Planet: neve em pleno litoral catarinense
Outra grande aposta inovadora é o Sky Planet, complexo temático que promete ser o maior centro de neve indoor da América Latina. O projeto será construído no Morro do Boi, entre Balneário Camboriú e Itapema, e será inspirado nos Alpes Suíços. A estrutura contará com pistas de esqui e snowboard, resort de luxo, spa, piscinas aquecidas, restaurantes e até heliponto.
Com um investimento estimado em R$ 800 milhões e ocupando 166 mil m², o empreendimento irá funcionar o ano todo, atraindo turistas em todas as estações e ampliando a vocação da região para o turismo de alto padrão. “Estamos criando uma experiência inédita no Brasil e que pode colocar Santa Catarina no roteiro internacional de turismo de inverno”, diz Becker.
Para Marcos Melchioretto, esse é um projeto que vai além do entretenimento. “Fomentar o turismo também fora de temporada é um reflexo do incremento do Sky Planet, trazendo neve o ano todo para Balneário Camboriú e região. A estrutura completa, com hotel, restaurantes e pistas, é voltada tanto para adeptos quanto para amadores da prática de esqui”, destaca. Ele acrescenta ainda que “a qualidade de vida ligada à segurança vem incrementando cada vez mais investimentos no bem-estar de todos”.
Visão estratégica e valorização regional
Os três projetos revelam a atuação estratégica das incorporadoras, reafirmando a visão de longo prazo, sustentabilidade e foco em qualidade de vida que o setor da construção civil imprime em seus investimentos.
Além disso, os empreendimentos reafirmam a posição de Santa Catarina como uma das regiões mais inovadoras do país. "Nosso compromisso é entregar soluções que transformem a vida das pessoas e valorizem ainda mais o potencial de Santa Catarina como polo turístico, urbano e de lazer", conclui Becker.
Entrevistados
Marcos Melchioretto é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (FURB), é vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul (SC) e sócio executivo da MS Empreendimentos.
Anderson Becker é CEO da ABecker Loteamentos.
Contatos
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