Ceará substitui asfalto convencional por concreto nas ruas para suavizar o calor urbano

Pavimentação em Trairi (CE), na qual o concreto reflete a luz solar, reduzindo o aquecimento das vias.
Crédito: Divulgação/ASCOM

Com temperaturas em constante ascensão, o Estado do Ceará tem buscado soluções inovadoras para minimizar os efeitos do calor excessivo nas cidades.

Uma dessas estratégias é a substituição do asfalto convencional por blocos de concreto intertravados em vias públicas. O material, além de contribuir para a redução da sensação térmica, também apresenta benefícios econômicos e ambientais.

Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre julho de 2024 e janeiro de 2025, algumas cidades do Estado registraram um aumento médio de até 4,7 °C. Esse crescimento reforça a necessidade de intervenções urbanas que reduzam o impacto das chamadas ilhas de calor.

O secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque, destacou a importância dessa iniciativa.

"A parceria do Governo do Ceará com as prefeituras tem viabilizado o uso dos blocos intertravados, que ajudam a diminuir a temperatura das vias e proporcionam mais conforto para a população. Além disso, esse tipo de pavimentação melhora a permeabilidade do solo e reduz custos de manutenção", informa.

Investimento e expansão do projeto

Atualmente, 24 obras utilizam os blocos de concreto intertravado na pavimentação viária, totalizando mais de 300 mil m2 de intervenção. O investimento do Estado já ultrapassa R$ 40 milhões, beneficiando 18 municípios distribuídos por nove regiões de planejamento.

Além das ruas, o material também está sendo aplicado em projetos de urbanização, como praças, margens de rios e açudes. No total, são 56 obras em execução, cobrindo mais de 400 mil m2 e com investimentos superiores a R$ 70 milhões.

Benefícios ambientais e econômicos

Uso de artefatos de concreto em Camocim (CE), trazendo mais conforto térmico para a população.
Crédito: Divulgação/ASCOM

A substituição do asfalto pelo concreto traz vantagens significativas. O asfalto, por sua composição, absorve mais calor e contribui para o aumento da temperatura urbana. Já o concreto reflete mais luz solar, reduzindo o aquecimento das vias.

Outra vantagem é a permeabilidade. O sistema de blocos intertravados permite melhor drenagem da água da chuva, ajudando a evitar alagamentos e melhorando a infiltração no solo.

No aspecto econômico, o secretário Zezinho Albuquerque destaca que o uso do concreto pode gerar uma economia de até 25% em relação ao asfalto, além de demandar menos manutenção e criar mais empregos na cadeia produtiva.

"Estamos falando de uma alternativa mais sustentável, eficiente e viável para nossas cidades. Esse modelo de pavimentação não só alivia o calor, mas também impulsiona o desenvolvimento urbano com mais qualidade", reforça Albuquerque.

Perspectiva para o futuro

Com os bons resultados já observados, a expectativa é de que cada vez mais municípios cearenses adotem o pavimento intertravado em suas obras. Além do impacto na temperatura das cidades, a iniciativa também fortalece a infraestrutura urbana, tornando os espaços públicos mais confortáveis e acessíveis. O Ceará segue como um exemplo de inovação em políticas urbanas, investindo em soluções sustentáveis para enfrentar os desafios climáticos e melhorar a qualidade de vida da população.

Entrevistado

Zezinho Albuquerque é secretário das Cidades do Ceará. 

Contato:
comunicacao@cidades.ce.gov.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Revitalização da PRC-280 avança para a ligação até Clevelândia

Em 2022, o governo do Estado do Paraná começou os estudos para a revitalização da PRC-280 com whitetopping no trecho entre Palmas e Pato Branco, atendendo também os municípios de Clevelândia e Mariópolis. Em dezembro de 2024, o governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou a ordem de serviço para dar início às obras de revitalização da PRC-280, agora na ligação de Pato Branco até Clevelândia.

Nova etapa do Contorno Noroeste de Pato Branco ligará a PR-493 à PRC-158.
Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN

A intervenção viária entre Pato Branco e Clevelândia representa a fase final da revitalização da rodovia, abrangendo um trecho de 38 quilômetros. No total, a obra se estende por mais de 140 quilômetros e conta com um investimento de R$ 450 milhões.

Na mesma ocasião, também foi lançado o edital para dar continuidade à construção do Contorno Noroeste de Pato Branco. 

De acordo com o governador, os investimentos devem passar de R$ 500 milhões para o Sudoeste, com obras importantes. “O Sudoeste vem crescendo muito, ajuda muito o Paraná a também crescer, gera muito emprego, tem muita indústria vindo para cá. E nós temos que preparar a região com muitas obras para acompanhar esse crescimento”, informou Ratinho Junior. 

Uso de whitetopping

A PRC-280 foi a pioneira entre as rodovias estaduais a passar por revitalização utilizando a técnica de whitetopping, que consiste na aplicação de uma camada espessa de concreto sobre o pavimento original. O pavimento rígido está sendo implantado em 13 trechos de rodovias em diferentes regiões do Estado, totalizando aproximadamente 340 quilômetros entre obras finalizadas, em andamento e previstas.

Esse método proporciona maior durabilidade e reduz a necessidade de manutenções frequentes. Em entrevista ao Massa Cinzenta, Janice Kazmierczak Soares, diretora Técnica do DER/PR, destacou que a restauração em pavimento de concreto (Whitetopping) apresentou mais vantagens. “O custo inicial desta técnica ficou menor que o custo da restauração em pavimento asfáltico, principalmente em decorrência da alta nos preços dos ligantes asfálticos. Além disso, quando se considera o custo de manutenção, o pavimento de concreto é bem mais econômico, quando bem executado. Enquanto o pavimento asfáltico exige conservação constante a partir do segundo ou terceiro ano de vida útil, o pavimento de concreto é mais resistente, exigindo apenas a troca do material das juntas de dilatação e pequenos reparos nas placas, caso ocorra alguma patologia”, afirma Janice. 

A revitalização com whitetopping entre Pato Branco e Clevelândia compreende um trecho de 38 quilômetros.
Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN

Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), ressalta que, no Brasil, a pavimentação enfrenta desafios, especialmente nas vias urbanas, que apresentam deficiências e geram custos adicionais para o governo, os usuários, o setor empresarial e o meio ambiente. “Atualmente, o transporte rodoviário é o principal modal do país. No entanto, nossa malha viária pavimentada representa menos de 13% do total. Entre as soluções em crescimento, destacam-se aquelas que utilizam concreto e cimento. Ainda assim, dessas vias pavimentadas, apenas 2% a 3% contam com concreto, embora sua aplicação esteja crescendo de forma exponencial. Um dos desafios é a falta de conhecimento técnico entre os profissionais de engenharia sobre essa tecnologia, que já é utilizada globalmente há mais de 100 anos. No Brasil, sua adoção tem se intensificado apenas nos últimos 10 a 15 anos”, comenta.

Dentre os benefícios da técnica de whitetopping, a ABCP cita:

  • Maior durabilidade e, portanto, maior economia, já que há menos necessidade de manutenção;
  • A técnica reaproveita toda a infraestrutura do pavimento existente. Ainda assim, a sua durabilidade se mantém, sendo igual a de um pavimento de concreto novo;
  • A aderência dos pneumáticos à superfície do pavimento de concreto é favorecida pela existência das ranhuras artificiais, evitando aquaplanagem e proporcionando menor distância de frenagem;
  • Maior capacidade de reflexão da luz, o que exige até 60% menos iluminação em trechos urbanos e propicia melhores condições de visibilidade ao motorista, além de aumentar a segurança de tráfego;
  • Por fim, é totalmente reciclável ao fim de sua vida útil.

Contorno Noroeste

A nova etapa do Contorno Noroeste de Pato Branco ligará a PR-493 à PRC-158, complementando o primeiro trecho já concluído, que conecta a PR-493 à BR-158. O projeto tem como objetivo desviar parte do tráfego, especialmente de veículos pesados, do perímetro urbano. Com a obra, o trecho da PRC-158 que atualmente corta a cidade deverá ser municipalizado e transformado em uma avenida, melhorando a mobilidade urbana. 

A licitação será realizada por meio de concorrência eletrônica na modalidade semi-integrada, incluindo a elaboração do projeto executivo e a execução da obra em um único contrato. De acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística, a previsão é concluir a licitação e iniciar a obra em 2025. O prazo de entrega é mais de dois anos. 

O primeiro trecho da obra, entregue em 2021, tem 5,28 quilômetros de extensão e facilita o tráfego comercial com a PRC-280, corredor estratégico para exportação entre os municípios da divisa com Santa Catarina e os portos paranaenses.

Fontes

Governo do Estado do Paraná.

Janice Kazmierczak Soares, diretora Técnica do DER/PR.

Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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World of Concrete 2025: inovação e sustentabilidade foram destaque no maior evento mundial da construção civil

Entre os dias 20 e 23 de janeiro de 2025, Las Vegas, nos Estados Unidos, sediou o World of Concrete 2025, um dos maiores e mais influentes eventos mundiais do setor da construção civil.

O evento reuniu 1.522 empresas expositoras e teve cerca de 180 sessões educacionais, trazendo inovações tecnológicas, soluções sustentáveis e novas tendências para a indústria do concreto.

Setor está se movimentando para equilibrar inovação, eficiência e sustentabilidade.
Crédito: Divulgação/World of Concrete

Acabamentos de concreto foi um dos destaques do evento

Um dos principais destaques do evento foi a grande variedade de técnicas e produtos voltados para o acabamento do concreto. Desde concreto lapidado e polido até soluções estampadas e pigmentadas, as novidades chamaram a atenção pela busca de um material cada vez mais versátil e visualmente atrativo.

O engenheiro e professor Bernardo Tutikian, que participou do evento esse ano, destacou essa área como um dos pontos mais impressionantes da feira. “O evento é mundial e muitas empresas de várias partes do mundo trouxeram soluções incríveis. Mas, certamente, meu maior destaque vai para a área de acabamentos do concreto. Vi muita inovação no concreto lapidado, polido, estampado e pigmentado, com diversas soluções para melhorar o acabamento final e torná-lo mais atrativo visualmente”, relata.

Impressão 3D e industrialização: avanços e desafios

Outro tema debatido no evento foi a industrialização do setor e a impressão 3D na construção civil. Apesar dos investimentos significativos nessa tecnologia, ainda há desafios para sua implementação em larga escala.

"Aqui estão investindo muita energia e dinheiro, mas a impressão 3D ainda está longe de ser uma realidade nos EUA ou em qualquer outro país", explicou Bernardo.

"A busca por maior industrialização é evidente, mas a impressão 3D ainda não decolou devido a dificuldades logísticas e à conexão com outros sistemas da edificação. Mesmo assim, há um avanço tecnológico grande e esforços para resolver esses gargalos", observa.

Sustentabilidade e concretos de alto desempenho

A preocupação com sustentabilidade também esteve em evidência no World of Concrete 2025. O desenvolvimento de concretos de Ultra-Alto Desempenho (UHPC) foi uma das inovações mais comentadas, trazendo soluções que reduzem a quantidade de material utilizado e minimizam os impactos ambientais.

"As empresas estão focadas em concretos com melhores propriedades, como o UHPC, que permite reduzir volumes e, principalmente, diminuir os impactos ambientais", afirma Bernardo.

Parceria entre indústria e meio ambiente

O World of Concrete 2025 reforçou a importância da parceria entre a indústria da construção e as iniciativas sustentáveis. Empresas apresentaram tecnologias voltadas para a redução da pegada de carbono do concreto, investindo em materiais alternativos, processos mais eficientes e reciclagem de resíduos. "Existe um esforço significativo para diminuir a geração de CO₂ na indústria do concreto, e a feira mostrou que esse é um compromisso real do setor".

Tutikian assinala que este é um momento de transformação para a indústria e o evento mostrou que o setor está se movimentando para equilibrar inovação, eficiência e sustentabilidade. “As soluções apresentadas no World of Concrete certamente vão moldar o futuro da construção civil”, assegura.

O World of Concrete 2025 consolidou-se mais uma vez como uma plataforma importante para o compartilhamento de conhecimento e a promoção de avanços na construção civil, reafirmando o compromisso da indústria com um futuro mais inovador e sustentável.

Entrevistado
Bernardo Tutikian é professor e pesquisador da Unisinos, no Rio Grande do Sul. Engenheiro Civil, mestre e doutor, com experiência na University of Missouri (EUA), Universidad de la Costa (Colômbia) e Université de Cergy-Pontoise (França). Autor de mais de 450 artigos em periódicos e congressos. Consultor de empresas na área de tecnologia do concreto, de argamassa, patologia e desempenho. 

Contato:
bftutikian@unisinos.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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 Governo Trump e as perspectivas para o setor da construção civil brasileira

Foco na eficiência operacional e na exploração de nichos de mercado para atravessar momentos de incerteza.
Crédito: Envato

Com a recente posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o setor da construção civil no Brasil enfrenta incertezas e oportunidades decorrentes de um novo cenário internacional. Políticas econômicas protecionistas e possíveis mudanças no fluxo de investimentos podem impactar diretamente a dinâmica do setor. 

Segundo Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), o momento é de cautela e ao mesmo tempo de aproveitar as tendências que emergem de um mercado global interconectado.

A agenda protecionista de Trump, que busca priorizar a indústria americana, pode ter efeitos diversos sobre a construção civil brasileira. Ana Castelo ressalta que a valorização do dólar decorrente de políticas monetárias nos EUA tende a encarecer insumos importados utilizados na construção. Por outro lado, um cenário de maior protecionismo pode estimular a produção interna de materiais, promovendo o fortalecimento da indústria nacional.

A alta do câmbio e suas consequências sobre a inflação e os juros internos representam um desafio significativo para o setor”, alerta.

Além disso, a política monetária americana pode influenciar o custo do crédito no Brasil, tanto para projetos de infraestrutura quanto para o mercado imobiliário de média e alta renda. “Se a Selic continuar em patamares elevados, é provável que haja uma desaceleração no consumo e nos investimentos no setor”, completa.


Cenário nacional: avanços e desafios

O ano de 2024 foi marcado por um desempenho positivo na construção civil brasileira, com destaque para o crescimento no mercado imobiliário e nos projetos de infraestrutura. O programa Minha Casa Minha Vida teve papel fundamental nesse cenário, assegurando a manutenção do ciclo de negócios no setor popular. “Mesmo em um cenário de estagnação do mercado de trabalho, o programa conseguiu sustentar boa parte das atividades da construção”, destaca Ana.

No entanto, o segmento de média e alta renda, que depende mais diretamente de crédito e investimentos, pode enfrentar um desaquecimento. Pequenas obras e reformas também sofrem com o custo elevado do crédito, tornando mais fácil para os consumidores postergarem esses projetos.

Projeções para 2025 e os próximos anos

Apesar dos desafios, o setor deve continuar aquecido no curto prazo devido a contratos e obras já em andamento. O mercado de infraestrutura, impulsionado por leilões recentes, e o ciclo de negócios do Minha Casa Minha Vida prometem manter o ritmo de atividades em 2025.

No entanto, o cenário de médio e longo prazos depende fortemente de como o Brasil enfrentará as pressões externas e internas. “Se as taxas de juros permanecerem elevadas e a inflação pressionar os custos, é possível que vejamos uma retração mais acentuada a partir de 2026”, alerta Ana Castelo. Mesmo assim, ela aponta que o setor possui resiliência devido ao ciclo longo de seus projetos e à capacidade de adaptação dos agentes do mercado.


Recomendações para o setor

Para atravessar este momento de incertezas, a economista sugere uma abordagem proativa, com foco na eficiência operacional e na exploração de nichos de mercado. Ana Castelo enfatiza a importância de atender às demandas já contratadas e de acompanhar de perto as políticas monetárias e suas implicações sobre o crédito.

Além disso, a colaboração entre setor privado e público para viabilizar novos projetos de infraestrutura é fundamental para assegurar a continuidade do crescimento.

Logo, o governo Trump e suas políticas podem impactar a construção civil brasileira de maneiras variadas. Cabe ao setor antecipar os desafios, adaptar-se ao novo contexto global e aproveitar as oportunidades que surgirem. “É um momento de desafios, mas também de preparação para colher frutos em um futuro próximo”, conclui.

Entrevistada
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.

Contato:
ana.castelo@fgv.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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RoadMap do Concreto no Brasil é necessário?

Para Íria, possivelmente, o Brasil adotará o Roadmap proposto pela GCCA (Global Cement and Concrete Association).
Crédito: Envato

No Brasil, a indústria do cimento já conta com um Roadmap Tecnológico que aborda o potencial de redução das emissões de carbono até 2050. No entanto, ainda não há um documento equivalente para o concreto.

No final de 2024, a Concrete NZ publicou seu plano para alcançar emissões líquidas zero até 2050. “A fib divulgou recentemente o Roadmap do Concreto, que correlaciona o ciclo de vida do material com a cadeia de suprimentos e o desempenho”, explica Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita da fib (2025-2026),

E, no Brasil, valeria ter também um Roadmap do Concreto? Na opinião de Íria, entender e correlacionar os aspectos conceituais é de fundamental importância para se estabelecer as metas e atuar de fato no processo evitando desta forma o chamado “greenwashing”. 

“O Brasil precisa estabelecer seu ‘roadmap’ do concreto, e nosso maior desafio em relação às metas não estará nas aplicações formais e técnicas, mas sim na autoconstrução, que representa, a grosso modo, 70% a 75% do consumo de cimento. Evidentemente, as técnicas fazem parte desse contexto, mas é muito mais fácil monitorar, acompanhar e implementar inovações nesse setor”, destaca Íria.

Para a presidente da Abcic, possivelmente, o Brasil adotará o Roadmap proposto pela Global Cement and Concrete Association (GCCA), conforme já discutido em reuniões do CT 301 de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). “Recentemente, durante o CBC (Congresso Brasileiro do Concreto) realizado em Maceió, foi lançado um primeiro boletim técnico (Ibracon/Abece e Abcic), que trata da quantificação das emissões de CO₂ incorporadas em materiais cimentícios e estruturas de concreto — um possível ponto de partida”, comenta.

Adoção de um modelo externo

A presidente da Abcic também pontua que o importante ao se adotar um modelo é compreendê-lo e principalmente avaliar sua proposta, pois é um tema que está em desenvolvimento no mundo todo e que requer atenção. 

“São muitas informações sendo geradas e banco de dados para inventários de ciclo de vida - alguns confiáveis outros não. Também, como propõe a fib  é necessário integrar a cadeia de suprimentos, toda a indústria cimenteira, os produtores de concreto (centrais dosadoras, indústria de pré-fabricados), projetistas de edificações e infraestrutura e contratantes das obras quer governo, quer iniciativa privada e academia. É algo que não pode ser imposto ou definido de forma unilateral. São necessárias pesquisas e investimentos em tecnologia, mais uma razão que evidencia o engajamento de toda a cadeia de valor”, explica Íria.

Proposta da Nova Zelândia

Especificamente sobre a proposta da Nova Zelândia, que vem sendo conduzida pela Concrete NZ — entidade que reúne toda a cadeia do concreto no país —, a referência utilizada foi o Roadmap da GCCA, estabelecendo metas para 2030 e para o período entre 2030 e 2050.

“A primeira etapa propõe a redução das emissões a partir da indústria cimenteira. Devemos lembrar que o cimento brasileiro, ao longo de décadas, já vem adotando medidas importantes nesse sentido e, hoje, é mundialmente reconhecido como o mais ecoeficiente. Além da redução do clínquer por meio de adições, outro parâmetro fundamental tem sido o consumo de energia e combustíveis. Entre 2030 e 2050, o foco será a captura de carbono pelas estruturas de concreto por meio de mecanismos de recarbonatação, um tema que também está sendo estudado por um grupo de trabalho no âmbito do CT 101 do IBRACON”, explica Íria.

A energia é outro ponto de destaque, segundo Íria, pois, ao adotar fontes limpas tanto na produção do cimento quanto do concreto, é possível alcançar reduções significativas.

“As tecnologias do concreto, o desenvolvimento de projetos e a análise dos sistemas construtivos a serem adotados são aspectos fundamentais. Um dos temas importantes é a desmaterialização, que, no meu entendimento, precisa ser adequadamente avaliada. Ou seja, é necessário tomar decisões que, por meio do desempenho e do bom senso, considerem os três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico/viabilidade e social. Afinal, não se pode priorizar apenas o ambientalmente correto se isso não for economicamente viável ou gerar outros impactos negativos para a sociedade. A visão holística é essencial, pois, no final do dia, quem decidirá pela compra será um cliente que levará em conta diversos aspectos”, destaca Íria.

Entrevistada

Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita fib  (2025-2026).

Contato

Assessoria de imprensa Abcic – sylvia@meccanica.com.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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Enchentes em São Paulo: o que fazer?

Desde 24 de janeiro, São Paulo tem enfrentado fortes chuvas. Naquele dia, a cidade registrou o terceiro maior volume pluviométrico desde o início das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1961, com um acumulado de 125,4 mm.

Estudos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP) indicam que, entre 1933 e 2023, o volume de chuvas na capital paulista aumentou, em média, 5,5 mm por ano.

Diante desse cenário de precipitações intensas, quais medidas podem ser adotadas na cidade?

Desafios de São Paulo

De acordo com Eduardo Funari, engenheiro agrônomo com especialização em Gestão Ambiental, São Paulo não teve nenhum estudo sobre crescimento organizado ou drenagem de solo. “A cidade é abastecida e circundada pelos rios Pinheiros e Tietê, que são popularmente conhecidos como os ‘ralos da cidade’. Isso funcionava porque as margens deles eram grandes várzeas que retinham a água da chuva nas grandes precipitações e funcionavam como esponja. Mas há muitos anos foi feito um novo trajeto dos rios e eliminada toda a várzea que os circundavam. Então hoje, com as chuvas fortes, o acúmulo de água que não se infiltra, aumenta a velocidade e sobrecarrega de forma rápida os rios. O que teria que ser feito lá atrás, eram grandes áreas verdes ou parques lineares com retenções de água que funcionariam como esponja, com capacidade de segurar chuvas pesadas e não causar alagamentos com as chuvas de grandes precipitações em pouco espaço de tempo.”, explica Funari.

No entanto, Funari aponta que a solução que se adotou para resolver os grandes problemas de enchentes em São Paulo foi o aprofundamento da calha do Tietê. “Isso funcionou muito bem, aumentou a capacidade de escoamento de água do rio, eliminando as grandes enchentes das marginais”, menciona 

O engenheiro civil Giovanni Gallo, por sua vez, acredita que o sistema de drenagem da cidade de São Paulo enfrenta diversos desafios, especialmente durante períodos de chuvas intensas. “A cidade possui um Plano Diretor de Drenagem que visa orientar as principais ações para reduzir problemas de inundações, melhorar a qualidade da água, promover a saúde e o bem-estar da população, além de fomentar o desenvolvimento social, econômico e a sustentabilidade. No entanto, o sistema de drenagem atual ainda é considerado defasado e enfrenta dificuldades devido à grande quantidade de áreas impermeabilizadas, como asfalto e calçadas, que impedem a absorção da água”, afirma. 

Para Funari, hoje fica muito difícil se buscar novas alternativas de retenção de água em um cenário macro, porque não há mais espaço. “Foi tudo asfaltado, urbanizado e comercializado, gerando um problema bastante crônico de retenção de água no primeiro momento das grandes enchentes”, comenta. 

Ilha de calor em São Paulo e as chuvas

Ilha de calor no Centro de São Paulo pode potencializar as chuvas na capital.
Crédito: Envato

São Paulo é um grande exemplo de ilha de calor, fenômeno em que a temperatura na cidade se mantém mais alta do que nas áreas ao redor. Esse efeito ocorre devido à grande concentração de edificações, à pavimentação extensa e à escassez de espaços verdes.

“Nós temos identificado no centro de São Paulo temperaturas que chegam a 5 graus mais altos que a área periférica da cidade. Isso realmente causa uma movimentação, deslocamento de nuvens e potencializa as chuvas que normalmente acontecem nessa época do ano. E soma-se a isso o fato de a capital estar cada vez mais impermeável e cada dia menos preparada. Não teve um plano diretor, só os grandes piscinões nas áreas críticas que foram feitos. Então não houve nenhum trabalho mais profundo sobre isso. Isso realmente potencializa e pode intensificar as grandes chuvas em determinadas áreas da cidade onde a temperatura é mais alta. As chuvas vêm com mais intensidade e com mais estrago, com mais vento e com mais velocidade”, expõe Funari. 

Funari destaca que a forma de amenizar isso é criar corredores para a circulação do ar, que começa a ficar muito difícil quando você constrói em torres que bloqueiam a passagem do ar.  “O segundo fator é você fazer bolsões com plantios de árvores de grande porte. Árvores onde você tenha copas bastante robustas, que elas sejam largas e altas. Tem algumas espécies nativas e algumas exóticas, e aí muita gente critica que tem que ser tudo nativo, mas para a situação de São Paulo nós temos, e isso é motivo hoje de muita crítica, algumas plantas exóticas de crescimento robusto, muito agressivas e que formam uma copa alta. Então você tem, por exemplo, uma planta exótica, o ficus bejamim, ou o ficus elástico, que são árvores gigantes, que formam às vezes 10, 12 metros de extensão de copas. Isso permite diminuir a velocidade da chuva que cai, formar um efeito refrigerador sobre a temperatura local e causar esse deslocamento de ar, melhorando a situação crítica dos grandes centros. Mas aí você tinha que fazer vários bolsões ao longo do entorno todo do centro de São Paulo”, afirma.

Gallo pontua que, para diminuir o efeito de calor em São Paulo, algumas medidas podem ser adotadas, como criação de áreas permeáveis, atualização do sistema de drenagem, manutenção regular, educação e conscientização da população quanto ao descarte de lixo.

Além disso, Gallo cita o pavimento de concreto, que pode ajudar a reduzir o efeito de calor. “O pavimento de concreto, por ser mais claro, reflete mais luz solar e retém menos calor em comparação ao asfalto. Isso pode colaborar para o resfriamento das cidades e para a redução do fenômeno de ilhas de calor”, sugere.

Soluções

Para Funari, ao considerar um cenário micro, o mais viável hoje para a cidade de São Paulo é se fazer retenções de água nos empreendimentos que estão sendo construídos. “Por exemplo, ao fazer um conjunto de cinco torres, o ideal é colocar um telhado verde, pois isso ajuda a reter água. E uma retenção de água no subsolo das torres, das áreas novas estabelecidas, o que permitiria ao empreendimento utilizar água para reuso e escoamento de água de forma mais lenta, que é a solução”, comenta o engenheiro agrônomo.

Funari e Gallo também sugerem modernizar e ampliar a infraestrutura de drenagem existente para aumentar sua capacidade de escoamento. “Ao diminuir a velocidade do deslocamento de água, se beneficia o lençol freático e evita o escoamento para as áreas de bueiro para os rios Pinheiros e Tietê”, justificam.

A criação de parques-esponjas também podem ser uma opção. “Evitar ao máximo transformar as áreas verdes restantes em áreas residenciais, comerciais e assim por diante. Seria interessante a cidade desapropriar o máximo de áreas possíveis hoje, nas quais seria possível fazer esses tipos de intervenções. Pensando nos pequenos bolsões verdes ao longo das ruas, talvez seja uma grande alternativa para incentivar a população e as regionais dos bairros, a criarem alternativas locais. Buscar a permeabilidade do solo, das calçadas e asfalto, que hoje já tem técnicas disponíveis e materiais para se fazer isso, e não seria caro nas renovações desses pisos,” opina Funari.

Gallo complementa: “Sistemas integrados de drenagem, como os utilizados em Curitiba, poderiam funcionar em São Paulo e trazer benefícios significativos. Em Curitiba, o Parque Barigui é um exemplo de como áreas verdes e lagoas artificiais podem ser projetadas para receber o excesso de água da chuva e evitar inundações em áreas residenciais. Implementar soluções semelhantes em São Paulo poderia ajudar a mitigar os problemas de drenagem e inundações. Algumas das medidas que poderiam ser adotadas incluem a criação de parques e áreas verdes, jardins de chuva e lagoas artificiais”.

A construção dos piscinões EU-08 e EU-09, por exemplo, é uma parceria entre a Prefeitura e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do governo do estado de São Paulo (DAEE). Os piscinões têm se mostrado eficazes na contenção de águas pluviais e na redução do risco de inundações”, aponta Gallo.

Tudo isso deve ser acompanhado de uma manutenção periódica dos sistemas de drenagem para evitar obstruções e garantir seu funcionamento eficiente, segundo Gallo. Ainda, ele sugere promover campanhas de conscientização para a população sobre a importância de não descartar lixo nas ruas, o que pode obstruir os sistemas de drenagem.

Piscinões: funcionam?

Segundo o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, há oito piscinões em construção em parceria com os governos estadual e federal. No entanto, esta alternativa gera discussões entre os especialistas.

Funari acredita que essa solução funciona para grandes enchentes, pois retém a água por um período, permitindo um escoamento mais lento e ajudando o rio Tietê a dar vazão às enxurradas. No entanto, ele ressalta que é uma das alternativas mais caras e menos sustentáveis. “A tendência é que esses locais acumulem lixo. Com as grandes chuvas, a água fica retida, formando um grande depósito de resíduos, e, após a chuva, ainda há todo o processo de limpeza pós-enchente", explica.

Ele sugere que, em vez disso, poderiam ter sido criadas ou ampliadas áreas verdes com bacias de retenção e lagos, proporcionando espaços de lazer e esportes para a comunidade. “Seria uma solução mais econômica, sustentável e integrada ao meio ambiente e à população local”, conclui.

Entrevistados

Eduardo Funari é engenheiro agrônomo com especialização em Gestão Ambiental. Entre inúmeras grandes obras, tem a revitalização do Jardim Francês do Novo Museu do Ipiranga, em SP, que contou com descarte autossustentável, e a execução do projeto de Burle Marx no Museu do Amanhã, no RJ.

Giovanni Gallo é engenheiro civil, com mais de 15 anos de atuação no mercado da construção civil. 

Contato

Eduardo Funari – Assessoria de imprensa - 

Giovanni Gallo - giovanni@sindicosp.com

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Excelência em pisos industriais: Concrebras eleva o padrão ao adotar normas internacionais

Piso industrial do Centro de Distribuição do Supermercado Bom dia em Maringá (PR).
Crédito: Divulgação

Pisos industriais desempenham um papel fundamental em ambientes onde alta performance, durabilidade e resistência são indispensáveis. Os pisos industriais são placas de concreto projetadas para resistir a cargas concentradas e ao desgaste, além de oferecer estabilidade química e térmica.

Esse tipo de material é utilizado em galpões logísticos, centros de distribuição e fábricas, por exemplo, podendo ser reforçado com telas soldadas, fibras de aço ou cordoalhas protendidas. Além disso, os pisos industriais são projetados para minimizar patologias, como fissuras e delaminações.

Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, o segredo está na execução precisa e no planejamento cuidadoso. “Além da composição do concreto, a logística de concretagem é essencial. O sincronismo entre os caminhões evita juntas frias e garante uniformidade”, explica.

Normas brasileiras e recomendações internacionais

No Brasil, as especificações da Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho (Anapre) oferecem diretrizes essenciais para garantir a qualidade. As diretrizes da entidade abrangem especificações como resistência à compressão (fck 30 MPa), resistência à tração na flexão (4,2 MPa) e limites para retração e exsudação.

A Concrebras, conhecida por sua atuação técnica de ponta, vai além do esperado e aplica recomendações do American Concrete Institute (ACI), uma das maiores referências internacionais no setor. “Adotar as recomendações do ACI nos permite oferecer soluções ainda mais eficientes e duráveis, garantindo um padrão de qualidade reconhecido mundialmente”, explica. 

Um dos diferenciais do ACI é o uso de gráficos como o Coarseness Factor Chart e o 0.45 Power Chart, que permitem avaliar a distribuição granulométrica e aspereza da mistura, garantindo o desempenho ideal do concreto. “Essas ferramentas ampliam nossa capacidade de entregar pisos com melhor qualidade e maior vida útil”, destaca Esteves. O ACI apresenta uma abordagem ainda mais detalhada, contemplando todos os aspectos do processo, desde a mistura à execução e cura.

Vantagens de ir além das normas exigidas

Piso industrial realizado para a Britânia em Joinville (SC).
Crédito: Divulgação

Ao combinar normas nacionais com recomendações internacionais, a Concrebras assegura diversos benefícios:

Maior durabilidade: reduz o risco de patologias como fissuras e desplacamentos;
Melhor desempenho estrutural: as recomendações do ACI permitem otimizar o traço e os processos executivos;
Estética superior: pisos mais planos, lisos e nivelados, ideais para setores como logística e indústrias de alta precisão;
Redução de custos a longo prazo: um piso mais resistente demanda menos manutenções e oferece maior estabilidade operacional.

Processo de execução: da placa teste à entrega

Para garantir a qualidade final, a Concrebras, em conjunto com a empresa aplicadora, executa uma placa teste antes da obra principal. Esse procedimento avalia aspectos como o tempo de pega do concreto, a velocidade de descarga e o acabamento do concreto aplicado.

A cura é outro ponto essencial, podendo ser realizada com água ou produtos químicos, garantindo um endurecimento controlado e eficaz. “A placa teste nos permite simular condições reais e ajustar detalhes técnicos antes da execução definitiva, evitando erros e atrasos”, afirma Esteves.

Com isso, a Concrebras demonstra que cumprir normas é apenas o ponto de partida. Ao adotar padrões como os do ACI, a empresa entrega mais do que pisos industriais: oferece soluções que representam segurança, eficiência e inovação. Para Esteves, essa é a essência do trabalho. “Nosso objetivo é superar as expectativas, entregando não apenas o que é necessário, mas o que há de melhor no mercado mundial”, conclui.

Entrevistado
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras. 

Contato:
jair.esteves@concrebras.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Pets ganham espaço e empreendimentos se adaptam ao crescimento da família multiespécie

Empreendimento Euro Park prevê ambiente seguro e funcional, tanto para os animais quanto para seus tutores.
Crédito: Divulgação

O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de população pet, com mais de 168 milhões de animais de estimação, segundo levantamento da Euromonitor. Esse número impressionante reflete uma mudança significativa na estrutura familiar brasileira, onde cães, gatos e outros bichinhos são vistos como membros da família.

Essa transformação está impactando diretamente o mercado imobiliário, que busca atender às novas demandas por espaços denominados pet friendly. “Percebemos um aumento significativo no número de famílias que convivem com pets nos últimos anos. Eles influenciam as decisões de compra e valorizam empreendimentos que incluem essa tendência”, afirma Henrique Campelo, gerente da Euro Incorporações.

Espaços projetados para conforto e segurança

No empreendimento Euro Park, localizado em Itajaí (SC), a inclusão de áreas específicas para pets foi estratégica. “O espaço foi cuidadosamente planejado para oferecer um ambiente seguro e funcional, tanto para os animais quanto para seus tutores. Contamos com áreas de passeio ao ar livre dentro do parque privativo e equipamentos para exercícios”, explica Campelo.

A localização dessas áreas foi pensada para facilitar o acesso dos moradores e preservar a tranquilidade das demais áreas comuns. Materiais resistentes, de fácil limpeza, e brinquedos seguros foram alguns dos cuidados incorporados ao projeto.

Pets como fator de decisão de compra

Projeto conta com áreas de passeio ao ar livre dentro do parque privativo e equipamentos para exercícios para os pets.
Crédito: Divulgação

Com o aumento das famílias multiespécies, os pets passaram a ser um elemento fundamental na escolha de um imóvel. “A valorização dos pets impacta diretamente a decisão de compra. Empreendimentos que atendem a essa demanda se destacam no mercado e reforçam a percepção de cuidado e inovação da marca", assinala Campelo.

O Euro Park integra espaços pet friendly como parte de um conceito mais amplo de convivência e qualidade de vida. “As adaptações atendem diferentes perfis de famílias, garantindo que os pets tenham conforto e interação em segurança. Isso vai além de atender uma necessidade. Trata-se de um diferencial competitivo", avalia.

Benefícios para o setor imobiliário

Ao considerar os pets no planejamento de empreendimentos, as construtoras não apenas atendem um público crescente, mas também agregam valor ao imóvel. "Essas soluções fortalecem a conexão emocional com os clientes e consolidam a imagem da empresa como inovadora e atenta às novas dinâmicas familiares", afirma o gerente da Euro Incorporações.

Tendências futuras

Com a população pet crescendo e o vínculo com os tutores se estreitando, a tendência é de que mais empreendimentos incorporem espaços dedicados aos bichinhos. Para Campelo, o desafio está em equilibrar funcionalidade, conforto e inovação. “Projetar ambientes para pets exige atenção a materiais, circulação e segurança. É um detalhe que faz toda a diferença na experiência dos moradores e no sucesso do empreendimento”, conclui.

A nova realidade das famílias brasileiras reforça que cuidar dos pets é também cuidar de quem os ama. No mercado imobiliário, essa conexão abre portas para projetos cada vez mais inclusivos e alinhados às necessidades do público.

Entrevistado
Henrique Campelo é gerente da Euro Incorporações, atua há 18 anos no setor imobiliário, com ampla experiência em gestão e desenvolvimento de projetos. Lidera a área comercial, marketing e relacionamento com o cliente.

Contato/Assessoria de Imprensa:

valdevane@comunicacaosemfronteiras.com 

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Sancionada lei que regula mercado de carbono no Brasil

O sistema conta com o setor regulado, destinado às instituições do poder público; e o voluntário, que adota regras mais flexíveis.
Crédito: Envato

Em dezembro de 2024, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a regulamentação do mercado de carbono (Lei 15042/2024). A lei estabelece o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). O mercado de carbono possibilita que empresas e nações neutralizem suas emissões adquirindo créditos associados a projetos de conservação ambiental. O objetivo do marco regulatório é estimular a diminuição de poluentes e contribuir para o combate às mudanças climáticas.

Setores regulado e voluntário

O sistema conta com dois setores: o regulado, destinado às instituições do poder público; e o voluntário, que adota regras mais flexíveis para a iniciativa privada.

O setor regulado contará com um órgão responsável por estabelecer normas e aplicar penalidades às infrações cometidas por entidades governamentais e organizações que emitam mais de 10 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano — unidade que compara emissões de diferentes gases de efeito estufa considerando seu impacto no aquecimento global. As organizações abrangidas deverão apresentar planos de monitoramento e relatórios de atividades ao órgão gestor. 

Implementação da lei 15042/2024

Apesar de ter sido sancionada, a implementação da Lei 15042/2024 é um processo que ainda deve demorar a entrar em vigor, segundo Edna Possan, professora associada Nível 4 na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenadora do LADEMA (Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais).

“O processo de implementação da regulamentação do mercado de carbono no Brasil envolve diversas etapas e um horizonte temporal extenso. Após a aprovação da lei, é necessário regulamentá-la para que ela possa efetivamente funcionar”, explica Edna. 

De acordo com a professora, esse processo de regulamentação exige a elaboração de documentos complementares que detalhem como a lei será aplicada na prática. “Por exemplo, a legislação estabelece que empresas que emitam mais de 10 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano devem adotar controles específicos, enquanto aquelas que emitem acima de 25 mil toneladas estarão obrigadas a participar do processo de remoção de carbono. Porém, a regulamentação precisa definir pontos essenciais, como os limites de emissões permitidos, os formatos dos leilões, os mecanismos de implementação e o valor de referência de uma tonelada de carbono nesse mercado”, justifica.

Edna ainda destaca que a lei prevê um cronograma com prazos importantes: são 12 meses, prorrogáveis por mais um ano, para regulamentação. “Após isso, haverá mais um ano para operacionalizar o mercado, estabelecendo como os operadores irão atuar. Esse processo inclui a elaboração e submissão de planos de monitoramento e relatórios de emissões e remoções ao órgão gestor do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões. No total, o período para início efetivo das submissões pode levar de quatro a cinco anos, projetando-se para 2030”, afirma.

Taxação

Uma das preocupações com relação ao projeto é a taxação. No entanto, Edna aponta que a lei que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases do Efeito Estufa determina que ele deve ser implementado com cautela, de modo a não sobrecarregar empresas e consumidores com os custos do carbono. 

“No entanto, é inegável que cuidar do meio ambiente exige esforço e gera custos. Essa legislação tem como objetivo principal reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que, desde a Revolução Industrial, vêm sendo lançados na atmosfera em volumes sem precedentes. Por isso, é inevitável que as empresas enfrentem implicações financeiras, as quais, em última instância, serão repassadas aos consumidores. Diante disso, o processo de regulamentação será crucial para estabelecer um valor adequado para a tonelada de carbono, considerando a realidade do mercado brasileiro. O Brasil é um país em desenvolvimento, marcado por profundas desigualdades sociais e altos índices de pobreza. Não podemos adotar preços de crédito de carbono semelhantes aos da União Europeia, onde os valores são significativamente elevados. Precisamos de uma abordagem que reflita nossas especificidades econômicas e sociais”, expõe a professora.

Um grande desafio está na definição do valor da tonelada de carbono, de modo a impactar na adesão das empresas. "Essa política precisa envolver diversos atores, especialmente aqueles ligados às esferas econômica e social, para garantir que os impactos sejam distribuídos de forma justa e sustentável”, pondera Edna. 

Mercado de carbono e a indústria do cimento

De acordo com Edna, o setor cimenteiro também fará parte do mercado regulado de carbono, dando continuidade ao seu planejamento baseado em estratégias globais para mitigação de suas emissões de carbono. No contexto global, Edna comenta que a indústria brasileira se destaca pela adoção de práticas que incluem a substituição parcial do clínquer por adições minerais, mantendo a característica de desempenho do produto). “Essa abordagem resulta em um produto com menor intensidade de carbono, já que menos reações químicas emissoras são necessárias.”, destaca.

No contexto atual, o cimento brasileiro pode até gerar créditos, dado que suas emissões estão abaixo da média internacional. No entanto, para atingir a neutralidade de carbono até 2050 (net zero), a Professora destaca a necessidade de adoção de soluções complementares tecnológicas que tragam o impacto necessário para a redução das emissões. “Será necessário adotar outras soluções tecnológicas, como o CCUS (captura, utilização e armazenamento de carbono), para continuar reduzindo as emissões de maneira significativa. Isso reforça a importância de inovação e adaptação contínua no setor para atender às demandas ambientais e regulatórias”, conclui Edna.

Entrevistada

Edna Possan é doutora em Engenharia Civil (2010) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mestrado (2004) pela mesma universidade. Graduada em Engenharia Civil (2003) pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Professora Associada Nível 4 na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA) e coordenadora do LADEMA (Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais). Diretora do Centro Interdisciplinar de Tecnologia e Infraestrutura (ILATIT-UNILA) de 2013 a 2015 e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGECI) de 2020 a 2024. Presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC) ciclo 2024-2026, da qual já foi diretora de relação interinstitucionais (2018-2020) e vice-presidente (2020-2022). É membro fundador da Associação Latino-Americana de Patologia da Construção (ALCONPAT Brasil). Socia do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), da Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción (ALCONPAT Internacional). É membro do comitê técnico da ABNT – CE 18:300.06 – Comissão de Estudo de Durabilidade do Concreto, deste 2009. Conselheira do CREA-PR (2020 a 2025). Recebeu diversos prêmios, dentre eles Embaixador do Iguaçu Iguassu Convention, Joven Investigador Destacado o Productivo – ALCONPAT Internacional e Educador do ano – CREAPR. Atua na área de patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente. Tem experiência na área de Engenharia, com ênfase em durabilidade, previsão de vida útil probabilística e determinística, emissões e captura de CO2, aproveitamento de resíduos sólidos, sustentabilidade da construção economia circular e ecoeficiência (ODS 11 e 12). Também atua na temática de women in science (ODS 5).

Contato: 
epossan@gmail.com 

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Edifícios que promovem fruição pública em Curitiba podem receber incentivos

Área de fruição pública deve ser aberta e descoberta; permitir o acesso livre aos pedestres; oferecer à população mobiliários urbanos.
Crédito: AGL Incorporadora

Em dezembro de 2024, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou a reestruturação da Lei de Prêmios e Incentivos Construtivos. A nova versão manteve a estrutura geral da Lei 15.824/2021, preservando seus capítulos e seções, bem como os incentivos previstos para o Eixo Estrutural, estruturação e melhoria de espaços de modo a incentivar o uso por pedestres e a valorizar atividades culturais, sociais e econômicas (fruição pública de lotes privados), passagens e praças de uso público em áreas privadas, fachadas ativas e galerias comerciais.

Entretanto, foram realizados ajustes nas definições dos prêmios e incentivos, além de uma harmonização dessas regras com a Lei de Zoneamento. A pedido do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), os vereadores implementaram mudanças relacionadas à fruição pública, incluindo a obrigatoriedade em usos não comerciais e a definição de critérios específicos para aplicação nos Eixos Estruturantes e de Adensamento (constituído por corredores de uso misto, de serviços e transporte), além de exceções para prédios tombados como patrimônio ambiental, natural ou cultural. Também foram alteradas as regras da Fachada Ativa (integração do térreo das edificações ao espaço público de uso não residencial), que agora possuem diretrizes claras sobre onde podem ser aplicadas.

Incentivo para fruição pública: como funciona?

Em Curitiba (PR), a administração municipal impulsionou o setor com a Lei 15.824, que complementa a nova Lei de Zoneamento da cidade. A norma oferece benefícios a novos empreendimentos que promovam a "fruição pública", conceito relacionado à criação de espaços qualificados de uso público. Essas áreas têm como objetivo priorizar os pedestres e incentivar atividades com impacto social, cultural e econômico, contribuindo para o desenvolvimento urbano.

“O incentivo que a Prefeitura de Curitiba oferece dentro da Lei 15.824 é, basicamente, a concessão de potencial construtivo. Se o lote ou edificação que está sendo projetado e apresentado para o licenciamento de alvará de construção apresenta uma área de fruição pública, o construtor pode colocar até o dobro da mesma área na torre da edificação. A lei permite que 200% da área que está sendo dedicada à fruição pública se torne parte da torre, como área de apartamentos. Isso permite construir mais, fazendo um aproveitamento maior do lote”, explica Vinícius Hanser, engenheiro de planejamento da AGL Incorporadora.

Critérios da lei de fruição pública

Hanser destaca que a área de fruição pública deve ser aberta e descoberta; permitir o acesso livre aos pedestres; oferecer à população mobiliários urbanos ou equipamentos urbanos e algum comércio ou serviço. 

“Além disso, a conservação e manutenção desta área de fruição pública ainda permanece com o proprietário, ou seja, não passa a ser da Prefeitura. Para o enquadramento, a questão é o zoneamento, localização do lote e a testada, que deve ser duas vezes maior do que a largura mínima estabelecida para o lote padrão do zoneamento. A legislação prevê o benefício de fruição pública, em Curitiba, nos eixos estruturais de adensamento, eixos conectores, vias coletoras e setoriais, zonas de uso misto e algumas zonas comerciais de bairros específicos. Os edifícios devem estar junto ao alinhamento da rua, no nível do passeio público e sem obstruções, como construções e áreas de estacionamento de veículos”, informa Hanser. 

Qualidade de vida e mobilidade urbana

Para Hanser, a área de fruição pública é um convite à vida ao ar livre, algo que tem se perdido nos últimos anos, com prejuízo à saúde mental das pessoas. “A ideia de oferecer espaços de circulação e convivência nas cidades é motivar as pessoas a circularem a pé. É um incentivo à socialização e à atividade física que uma caminhada representa, em um contexto preocupante de sedentarismo e uso excessivo de telas. Além disso, o espaço de uso compartilhado propõe o resgate do convívio com a vizinhança, não apenas do prédio, mas do bairro. É uma forma de promover o senso de comunidade”, opina. 

Hanser também acredita que o público vê com bons olhos, porque essa inversão de lógica permite mostrar que os espaços privados fazem parte da cidade e podem ser compartilhados para o benefício de todos. “Em geral, o consumidor imobiliário tem sido cada vez mais atento a questões como a responsabilidade socioambiental das empresas e seus produtos. Na área da construção civil, observar e considerar o entorno é algo cada vez mais valorizado. Qualquer obra de engenharia tem impacto e se relaciona com o que já existe e irá existir ao redor”, comenta.

Modelo de fruição pública x segurança

Um dos desafios da expansão da aplicação do conceito de “fruição pública” no Brasil está relacionado à segurança. “Nas cidades brasileiras, por várias décadas, a segurança esteve associada à restrição de acesso, como se todas as edificações precisassem ter muros altos e gradis. Mas essa arquitetura de ‘clausura’, que produz o chamado ‘efeito fortaleza’, tem sido repensada nos últimos anos”, afirma Hanser. 

Para o engenheiro, essa arquitetura de clausura não necessariamente representa proteção, considerando as diversas formas de abordagem que tornam uma propriedade e seus moradores vulneráveis, como as refinadas técnicas de engenharia social que têm sido usadas pelos assaltantes e golpistas. 

Além disso, Hanser acredita que a segurança patrimonial evoluiu significativamente nos últimos anos e está cada vez mais associada ao uso estratégico de recursos tecnológicos e de inteligência no monitoramento dos condomínios. 

“O pavimento térreo aberto, na verdade, traz alguns componentes que favorecem a segurança. O principal é o movimento. Onde há pessoas circulando, há mais segurança. No caso do Moní, um edifício residencial que terá o pavimento térreo aberto destinado aos usos privado e público, um estudo prévio foi feito por consultoria especializada para estabelecer os melhores sistemas de segurança, levando em conta a proposta da fruição pública. E, em geral, isso precisa ser uma premissa que nasce junto com a concepção do empreendimento, porque demanda adaptações de projetistas como arquitetos, engenheiros e paisagistas. O acesso à área de fruição pública e ao comércio, possivelmente uma panificadora no pavimento térreo, será livre. Mas estará clara a separação da área exclusiva dos moradores e visitantes, com sistemas de acesso com reconhecimento facial e controle de fluxo, cadastro prévio e videomonitoramento no perímetro e nas áreas internas do edifício”, informa Hanser.

De acordo com Hanser, a abertura dos pavimentos térreos inverte uma lógica, por isso é importante mostrar os mecanismos disponíveis atualmente para garantir a segurança em empreendimentos assim. 

Entrevistado

Vinícius Hanser é engenheiro de planejamento da AGL Incorporadora. Ele é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Engenharia de Construção Civil, Estruturas Metálicas e Ligações Semirrígidas (UFPR). Atua na área de incorporação, planejamento e orçamentação de obras e é professor universitário das disciplinas de Estruturas e Sistemas Construtivos, para os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo (UniOpet).

Contato
vinicius@agl.eng.br 

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.