Primeira casa 3D em Portugal une agilidade e economia
Impressão da casa de 90 m² durou apenas 18 horas e conclusão do projeto ocorreu em menos de dois meses
A empresa portuguesa Havelar, comprometida em construir comunidades sustentáveis, concluiu a primeira casa impressa em 3D de Portugal, localizada em Vila do Conde, que fica na região metropolitana do Porto.
Em entrevista exclusiva para o portal Massa Cinzenta, o cofundador da Havelar, Rodrigo Vilas-Boas, afirma que o projeto foi desenvolvido com foco na modularidade e adaptabilidade para criar modelos detalhados e otimizados para impressão 3D. No Brasil, surgiu do laboratório da Universidade de São Paulo (USP) a startup Portal 3D, que faz impressão em 3D de concreto. Atualmente, a empresa está iniciando o protótipo de uma cozinha em 3D dentro do Hubic (Hub de Inovação na Construção), para verificar todas as métricas de impressão.
O objetivo da Havelar, fundada pelos sócios Patrick Eichiner, Rodrigo Vilas-Boas e José Maria Ferreira, é criar uma mudança positiva na sociedade.
Isso está baseado em projetos que combinam design de arquitetos de renome mundial com eficiência energética, por meio de um modelo de impressão 3D em grande escala. A meta da empresa é imprimir 130 casas em 2024 por 150 mil euros cada uma. O preço mais acessível está relacionado com a velocidade de construção. Seguindo um projeto, a impressora distribui camadas com concreto, erguendo a estrutura básica da casa.
Paredes de concreto erguidas em 18 horas
Vilas-Boas comenta como foi realizado o processo de construção da casa, que tem 90 metros quadrados. “Após a preparação do terreno e a execução das fundações, a impressora 3D constrói as paredes em camadas de concreto, completando esta fase em cerca de 18 horas”, informa.
Ele afirma que o processo de impressão propriamente dito levou apenas 18 horas, durante as quais a impressora seguiu um projeto predefinido, executando a estrutura da edificação em camadas feitas de concreto.
Em seguida, foram instaladas as portas, janelas, cobertura e realizados os acabamentos internos e externos, num processo que levou aproximadamente duas semanas. O interior da casa térrea possui uma espaçosa cozinha e área de jantar, interligados com a sala de estar, sendo que os dois quartos e o banheiro são cômodos separados. “Foram feitos inspeções e ajustes para garantir a qualidade e segurança da construção, culminando na entrega da residência pronta para habitação”, ressalta.
Rapidez e economia
A diferença é notória entre a construção em 3D e os métodos convencionais. “Todo o projeto, incluindo a mão de obra humana, foi concluído em menos de dois meses. Em comparação, a construção convencional de uma casa pode variar de 9 a 18 meses”, comemora o cofundador da Havelar.
Outro diferencial é o custo, sendo que a partir de 150 mil euros (cerca de R$ 825 mil) as casas Havelar podem ser produzidas a 1.500 euros por metro quadrado, um custo significativamente inferior à média na cidade do Porto, que é de 3.104 euros por m2. Este preço mais baixo deve-se em grande parte à rapidez da construção oferecida pela impressão 3D.
Brasil e suas iniciativas
No Brasil, surgiu do laboratório da Universidade de São Paulo (USP) a startup Portal 3D, que faz impressão em 3D de concreto. Atualmente, a empresa está iniciando protótipo de uma cozinha em 3D para verificar todas as métricas de impressão.
“Nosso objetivo é coletar informações como custo, produtividade, quantidade de mão de obra e tempo de fabricação a partir da cozinha em 3D para então partir para impressão de uma casa inteira”, afirma o engenheiro Gabriel Carpinelli Perozzi Brasileiro, cofundador da Portal 3D.
Os pesquisadores já descobriram que o tempo de impressão de casas gira em torno de três a quatro dias de trabalho, considerando somente as paredes em 3D. São residências no perfil do programa Minha Casa, Minha Vida, que possuem cerca de 40 metros quadrados.
Brasil e Portugal: diferenças de realidade
Ao analisar a casa portuguesa, erguida pela Havelar, Perozzi afirma que na Europa o método 3D envolve a construção de um pórtico e, com base nisso, imprime-se a casa dentro dessa estrutura. “Porém, é preciso ter terrenos muito grandes e planos para construir sobre esse trilho”, alerta.
Já no Brasil, o estudo leva em consideração a diversificação da topografia para o uso da tecnologia, sendo mais adaptável, neste caso, o uso do método construtivo de minibuilders, ou seja, com impressão da casa iniciando pelos cômodos (parte interna), finalizando pela parte externa (fachada). “Com isso, imprimimos os cômodos e temos mais flexibilidade na utilização. É o método que no Brasil acreditamos ser o mais acertado”, ressalta.
Segundo ele, a impressão em 3D é o método que mais se aproxima da industrialização do canteiro de obra, com tendência para que surjam outras tecnologias para ampliar essa industrialização.
Com essa tecnologia, a construção civil vai poder reduzir a carga física e gerar empregos de melhor qualidade, já que a mão de obra do setor está envelhecendo e não vem atraindo jovens para repor esse déficit de trabalhadores.
Entrevistados
Rodrigo Vilas-Boas é arquiteto e cofundador da Havelar. Concluiu o Mestrado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Lusíada, Porto, em 2005, com um Estágio Acadêmico no ateliê Álvaro Leite Siza Vieira. Já colaborou como arquiteto no escritório OMA / Rem Koolhaas em Roterdã e anteriormente na MVentura & Associados Arquitetos, no Porto. Atualmente, além de co-fundador da Havelar, também é Sócio da OODA Architects.
Contato/Assessoria de Imprensa: mrodrigues@ooda.eu
Gabriel Carpinelli Perozzi Brasileiro é cofundador da Portal 3D, uma startup brasileira pioneira em impressão 3D nascida na USP e formada por pesquisadores. Técnico, Engenheiro Mecatrônico e Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP e atualmente residente em inovação pelo programa NIDUS do INOVA-USP. Possui experiência em design paramétrico e impressão 3D de concreto.
Contato: gabriel@p3br.com
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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