Pavimento de concreto se torna alternativa sustentável para rodovias
Mais durável, seguro e ambientalmente responsável, o pavimento de concreto vem se consolidando como alternativa sustentável para a infraestrutura viária. De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), sua vida útil é significativamente maior que a do pavimento flexível, além de diminuir as intervenções de manutenção, o que reduz congestionamentos e o consumo de combustíveis.
A superfície clara contribui ainda para reduzir em cerca de 5 °C a temperatura ambiente, proporcionando mais conforto térmico, enquanto o desempenho técnico garante até 40% menos distância de frenagem, aumentando a segurança nas estradas. Ainda segundo a ABCP, ele é reciclável ao fim da vida útil e aliado a processos como o coprocessamento de resíduos, o que faz com que ele reúna vantagens que o tornam um material ecoeficiente e estratégico para o futuro da mobilidade.
Veja como está o panorama do uso de pavimentos de concreto, os desafios e oportunidades:
Custos: pavimento de concreto x pavimento flexível
De acordo com Dejalma Frasson Junior, gerente da regional Sul da ABCP, no início dos anos 2000 o pavimento de concreto ainda apresentava custo bem mais elevado em comparação ao flexível. “A base do pavimento de concreto é o cimento, enquanto o pavimento flexível é formado pelo CAP — Cimento Asfáltico de Petróleo — misturado à areia, pedra e brita resultando no Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Ocorre que, nos últimos 15 a 20 anos, o CAP sofreu aumentos expressivos, principalmente em função da variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo, o que impactou diretamente o valor final do CBUQ”, explica.

Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN
Segundo Frasson Junior, não se trata de uma queda no preço do concreto, mas de um encarecimento do CBUQ, o que acabou tornando a solução em concreto mais competitiva. “Hoje posso afirmar com segurança que boa parte das obras projetadas no Brasil já considera o pavimento de concreto como alternativa viável, seja em novas implantações ou em restaurações, por meio do sistema whitetopping”, afirma.
Sobre a diferença de custos entre os dois materiais, o gerente da regional Sul da ABCP destaca que não há um percentual fixo. “Muitos perguntam se o pavimento de concreto é tantos por cento mais barato que o pavimento flexível, mas cada caso precisa ser analisado individualmente. O orçamento depende de fatores como equipamentos disponíveis, mão de obra, tipo de solo, entre outros. O que podemos dizer com segurança é que, se antes o pavimento de concreto não era uma realidade, hoje já é”, conclui.
Paraná e Santa Catarina na vanguarda do pavimento de concreto
Frasson Junior destaca que os estados do Paraná e de Santa Catarina têm avançado na adoção do pavimento de concreto. “O Paraná hoje é o governo que mais executa obras nesse sistema. São mais de 500 quilômetros de projetos e frentes de trabalho em andamento. Santa Catarina também acompanha esse movimento, com importantes obras em execução”, afirma.
Para o gerente da ABCP, o diferencial está no caráter de continuidade das iniciativas. “Não se trata de um projeto de governo, mas de Estado. Em Santa Catarina, por exemplo, mesmo com a troca de governador, os projetos foram mantidos, licitados e estão sendo tocados”, explica.
Frasson Junior também cita o Distrito Federal, que segue a mesma linha, e ressalta a importância do apoio federal. “O mais relevante é que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão máximo de infraestrutura de transportes do país, tem participado ativamente de eventos da ABCP. Hoje, apenas 2% das rodovias federais são pavimentadas em concreto, mas se o DNIT já enxerga a importância dessa solução, é natural que os estados sigam esse caminho”, avalia.
Adoção em larga escala
Segundo Dejalma, a adoção em larga escala do pavimento de concreto no Brasil ainda deve levar tempo. “Uma obra tem uma gestação longa. Ela começa na concepção da ideia, passa pelo estudo de viabilidade, depois pelos projetos rodoviários, que podem levar de dois a três anos, segue para a licitação e só então chega à execução. Estamos falando de um ciclo que pode variar de sete a dez anos”, explica.
Por isso, a transição deve ser gradual. “A mudança para o pavimento de concreto ainda vai levar de dez a quinze anos para ser percebida de forma mais ampla no Brasil”, avalia.
Gargalos na adoção do pavimento de concreto
De acordo com o gerente da regional Sul da ABCP, para expandir o uso do pavimento de concreto no Brasil, é preciso atualizar e aprimorar os processos técnicos e financeiros. “Precisamos trabalhar de forma mais clara e revisar as especificações de projetos e execução, além das planilhas de custos, que estão surgindo com novos materiais e tecnologias. A inclusão de fibras, por exemplo, é uma inovação que pode melhorar o desempenho técnico e gerar reflexos positivos no custo final”, afirma.
Ele destaca ainda outros gargalos que precisam ser superados. “A liberação do tráfego é um ponto crítico, assim como a modernização dos equipamentos. Resolver essas questões é fundamental para tornar o pavimento de concreto mais competitivo e eficiente”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.
Pavimento de concreto nas faculdades
Para Frasson Junior, o ensino sobre pavimento de concreto nos cursos de graduação ainda é incipiente. “Muitos colegas da ABCP lecionam em faculdades, mas acabam focando mais em cursos de especialização. Com a mudança de postura do Dnit, porém, cada vez mais universidades estão reavaliando seus currículos”, afirma.
Ele compara o ritmo da educação com o das obras. “Assim como as obras levam alguns anos para se tornar realidade de forma significativa, acredito que a introdução do pavimento de concreto nos cursos de graduação também levará tempo. Mas, à medida que o mercado demanda, creio que logo as universidades começarão a incluir esse tema nas graduações”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.
Entrevistado
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Edificações, Gestão Empresarial, Tecnologia do Concreto e Engenharia Rodoviária. Foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, é gerente da regional Sul da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
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dejalma.frasson@abcp.org.br
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Pesquisa brasileira avalia uso de resíduos de construção e demolição como materiais cimentícios suplementares

Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal
A indústria do cimento é responsável por aproximadamente 7% a 8% das emissões globais de CO₂, principalmente devido à produção de clínquer. Nesse contexto, a incorporação de Materiais Cimentícios Suplementares (MCS) representa uma das estratégias mais eficazes para reduzir a pegada de carbono do setor, sem comprometer o desempenho das matrizes cimentícias.
Um estudo conduzido na Universidade Federal do Paraná (UFPR) pela pesquisadora Dra. Dayana Ruth Oliveira Pruner, com orientação do professor Dr. José Marques (UFPR) e da professora Dra. Edna Possan (UNILA), analisou o uso de pós provenientes de resíduos de construção e demolição (RCD) como MCS. Trata-se da primeira pesquisa de doutorado no Brasil a avaliar sistematicamente o comportamento da fração fina dos RCDs em substituição parcial ao clínquer.
Potencial dos resíduos de construção e demolição
Os RCDs são formados por concreto, argamassas, tijolos, telhas e outros elementos, e sua composição pode variar conforme a origem. Estudos indicam que cerca de 80% da massa desses resíduos é composta por concreto e cerâmica, o que confere elevado potencial de reaproveitamento.
Segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), o Brasil gerou 44 milhões de toneladas de RCD em 2024, o que corresponde a cerca de 208 kg por habitante/ano. Atualmente, a destinação ocorre majoritariamente em aterros ou descartes irregulares. Para a pesquisadora, isso representa um desafio, mas também uma oportunidade. “Estamos transformando um passivo ambiental em um insumo de valor técnico, com impacto direto na durabilidade e sustentabilidade das matrizes cimentícias”, afirma Dayana.

Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal
Reatividade e desempenho técnico
O pó de RCD contém fases parcialmente hidratadas e resíduos de cimento ainda ativos. Durante a moagem, obtém-se uma fração fina capaz de apresentar atividade pozolânica ou hidráulica. Quando adicionada ao cimento Portland, essa fração reage em meio alcalino, promovendo a formação adicional de C-S-H e aumentando resistência e durabilidade.
“O aproveitamento dos RCDs como materiais cimentícios suplementares contribui não apenas para a redução significativa das emissões de CO₂, mas também para a valorização de resíduos em uma lógica de economia circular. Além disso, promove ganhos técnicos importantes, como durabilidade e desempenho mecânico, resultando em matrizes cimentícias mais sustentáveis”, explica a pesquisadora. Por essa pesquisa, Dayana foi premiada em primeiro lugar como a Melhor Tese de Doutorado de Materiais no 65º Congresso Brasileiro do Concreto (IBRACON), ocorrido em 2024.
Assim como outros MCS já normatizados, a exemplo da sílica ativa, cinzas volantes e escórias granuladas de alto-forno, os pós de RCD podem ser aplicados em cimentos compostos, concretos convencionais, argamassas e pré-moldados. O uso amplia a economia circular do setor, além de reduzir custos associados ao transporte e destinação de resíduos.
O trabalho também se destacou pela resiliência na execução. Em 2021, com os laboratórios fechados devido à pandemia, a pesquisadora montou um espaço experimental improvisado em sua residência. “Transformei a cozinha da casa da minha mãe em laboratório. Com apoio da família, conseguimos realizar ensaios durante meses e avançar na etapa experimental do doutorado”, relembra.

Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal
Novas linhas de pesquisa
Atualmente, o grupo de pesquisa CO2 Construction da Unila avança em estudos complementares voltados ao aumento da eficiência dos RCDs como materiais cimentícios. A Doutora Kathellen Dall Bello de Souza Risson, investiga o tratamento dos pós de RCD com emprego da tecnologia de captura e estocagem de carbono, enquanto a pesquisadora Ma. Melissa Pastorini Proença estuda o uso de bioaditivos para ampliar o potencial de aplicação desses resíduos. Essas estratégias consolidam o papel dos RCDs como insumos de baixo carbono, alinhados à descarbonização e à sustentabilidade da indústria cimenteira.
O estudo comprova que a utilização dos resíduos de construção e demolição como materiais cimentícios suplementares é tecnicamente viável e ambientalmente estratégica. Além de reduzir as emissões de CO₂, a prática contribui para aumentar a vida útil das estruturas e para consolidar a economia circular na construção civil.
A pesquisa abre espaço para que a indústria nacional adote soluções inovadoras e de baixo impacto ambiental, alinhando desempenho técnico e sustentabilidade em escala global. “A utilização de resíduos como MCS é uma solução concreta para reduzir a pegada de carbono da cadeia do cimento e diminuir o consumo de matérias-primas não renováveis”, conclui.
Entrevistada
Dayana Ruth Oliveira Pruner é graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestra e doutora em Engenharia Civil pela mesma faculdade e pós-doutora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). É Professora do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) em cursos de Graduação e Pós-graduação. É servidora pública na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu exercendo o cargo de Engenheira Civil na Secretaria de Planejamento Urbano. Foi coordenadora do curso de graduação em Engenharia Civil da Faculdade Educacional de Medianeira (UDC Medianeira) por 5 anos. Atua na área de construção civil, construção enxuta, logística nos canteiros de obras, gestão e gerenciamento de obras, segurança do trabalho, patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente. Tem experiência na área de Engenharia, com ênfase em durabilidade, empacotamento de partículas, emissões e captura de CO2, aproveitamento de resíduos sólidos, sustentabilidade da construção, economia circular e ecoeficiência.
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Escritórios do futuro: como a nova rotina corporativa redefine os empreendimentos comerciais
O retorno gradual ao trabalho presencial e a consolidação do modelo híbrido nos últimos cinco anos alteraram de forma significativa o comportamento das empresas diante das locações comerciais. A busca deixou de estar centrada apenas na metragem ou no endereço e passou a priorizar a experiência do usuário.
De acordo com o vice-presidente de Desenvolvimento e Negócios do Sinduscon-PR, Erick Takada, os conjuntos ficaram mais modernos e enxutos, refletindo a necessidade de espaços que favoreçam tanto a produtividade quanto o bem-estar dos colaboradores. “Hoje presenciamos escritórios mais acolhedores, com iluminação indireta e repletos de automação e tecnologia. Aquela tendência de usar muito piso frio e luz branca já não impera mais”, afirma.
Espaços flexíveis e mais integrados
A preferência por conjuntos compartimentados, com iluminação fluorescente e pouco investimento em conforto, perdeu força. Em seu lugar, surgem plantas abertas, adaptáveis a diferentes layouts e alinhadas a modelos híbridos de trabalho.

Crédito: Envato
Segundo Takada, a transformação não está apenas nas unidades locadas, mas também na concepção dos edifícios. “Hoje é comum vermos a chamada fachada ativa, com mercados, cafés e academias no térreo. Isso aproxima os prédios da vida urbana e aumenta a convivência entre usuários e comunidade”.
Infraestrutura como diferencial
Os novos empreendimentos precisam entregar mais do que espaço físico. Sistemas de climatização eficiente, cabeamento estruturado, controle de acesso inteligente, segurança eletrônica e conectividade em alta velocidade estão entre os itens mais demandados.
“Os imóveis com estrutura simples perderam espaço. Hoje, o diferencial está em oferecer tecnologia, segurança e bem-estar. É o escritório que precisa conquistar o colaborador”, explica Ilso Gonçalves, diretor-executivo da JBA Imóveis.
Ele destaca ainda a crescente procura por salas compactas de até 50 m², buscadas por startups e profissionais liberais pela praticidade e custo reduzido.
Impacto direto na construção civil
Essa mudança de perfil impacta diretamente os projetos em desenvolvimento. Incorporadoras e construtoras têm apostado em edifícios multiuso, que combinam torres comerciais, residenciais e até hotéis em um mesmo complexo.
Além disso, cresce a atenção para certificações ambientais e soluções de eficiência energética. “O mercado exige edifícios mais inteligentes, que unam conforto, serviços e integração urbana. A legislação tem acompanhado esse movimento, estimulando térreos abertos, com fruição pública e serviços disponíveis para todos, não apenas condôminos”, reforça Takada.
Um mercado em reconstrução
O escritório deixou de ser apenas uma despesa fixa para se tornar parte da estratégia de atração e retenção de talentos. Nesse novo cenário, a construção civil assume protagonismo ao entregar empreendimentos que traduzam os valores contemporâneos: flexibilidade, sustentabilidade e acolhimento. “Estamos diante de um novo ciclo para os imóveis comerciais. Quem não acompanhar essa evolução ficará para trás”, conclui Gonçalves.
Entrevistados
Erick Takada é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), MBA em Gestão Empresarial pela UFRJ e especialização em Gestão de Negócios Aplicada à Incorporação Imobiliária pela FIA. Atualmente, é vice-presidente de Desenvolvimento e Negócios do Sinduscon-PR.
Ilso Gonçalves atua no mercado imobiliário desde 1990. É diretor do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná), participante da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná), ADPI Associação dos Proprietários de Imobiliárias de Curitiba) e Confraria Imobiliária. É fundador da JBA Imóveis.
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NR-24 passa por atualização e foi submetida a consulta pública
Até o dia 25 de agosto, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) manteve aberta uma consulta pública para revisar a Norma Regulamentadora nº 24 (NR-24), que define critérios sobre condições sanitárias e de conforto nos ambientes de trabalho. A minuta segue as exigências da Análise de Impacto Regulatório (AIR) e tem como objetivo atualizar e modernizar as regras atualmente em vigor.
A proposta da NR-24 revisada fixa diretrizes mínimas relacionadas à higiene, privacidade e bem-estar dos empregados, abrangendo tanto locais de trabalho permanentes quanto temporários. O documento detalha normas de dimensionamento, manutenção, acessibilidade e proteção, adaptadas a diferentes realidades ocupacionais.

Crédito: Envato
Histórico
A NR-24, criada em 1978 para regulamentar condições sanitárias e de conforto no trabalho, passou por alterações pontuais em 1993, no entanto, ao longo dos anos, sua aplicação se tornou defasada. Em 2007 foi iniciado um processo de revisão, que buscava adequá-la às transformações no ambiente de trabalho, resultando em uma ampla revisão, aprovada pela Portaria SEPRT nº 1.066, e na republicação da norma em 2019. Por ser uma Norma Especial, de caráter geral e não restrita a setores específicos, sua atualização impacta diferentes áreas de atividade.
Uso de contêineres
O problema regulatório inicialmente identificado na NR-24 dizia respeito apenas à insegurança jurídica no uso de contêineres como áreas de vivência, de acordo com a Análise de Impacto Regulatório.
O documento do MTE também aponta que a popularização do uso de contêineres para habitação, escritórios e banheiros públicos traz vantagens como rapidez, mobilidade e sustentabilidade, mas exige parâmetros técnicos claros de conforto, higiene e segurança. “Quando projetados adequadamente, com isolamento, ventilação e instalações modernas, podem ser uma solução prática e eficiente. No entanto, seu uso indevido expõe trabalhadores a riscos ambientais, especialmente de temperatura, ventilação, estabilidade e manutenção”, informa o relatório.
O documento do MTE também constatou a ausência de diferenciação, na norma, entre contêineres industriais pré-fabricados e contêineres marítimos reutilizados, o que pode afetar tanto a proteção dos trabalhadores quanto a segurança jurídica das empresas.
Vale lembrar que, em 2022, a publicação da Portaria MTP nº 4.390, de 29/12/2022 (DOU 30/12/2022), pelo Ministério do Trabalho e Previdência, estabeleceu prazos para implementação do item 18.17.2 da Norma Regulamentadora nº 18 (NR – 18) – Condições de Saúde e Segurança do Trabalho na Indústria da Construção. Esta portaria prorrogou o prazo para a proibição do uso de contêineres em áreas de vivência de canteiros de obra, permitindo posteriormente sua utilização mediante laudo técnico. Posteriormente, essa portaria foi revogada pela Portaria MTE nº 1.420, de 27/08/2024, que excluiu o item 18.17.2 da NR-18.
Instalações sanitárias
A análise do MTE mostrou que também existem lacunas quanto aos requisitos para instalações sanitárias móveis, o que pode gerar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores.
O texto do relatório aponta que entre as principais falhas regulatórias estão: inexistência de normas para sistemas hidrossanitários como fossas secas, falta de requisitos de fixação, falta de inspeções regulares e de manutenções elétricas, ventilação e higienização adequada de banheiros químicos, além do baixo comprometimento de algumas organizações com o conforto e a higiene.
Próximos passos
Após o término da consulta pública, a Secretaria de Inspeção do Trabalho avaliará todas as contribuições recebidas. Em seguida, os textos revisados serão discutidos por um grupo tripartite, composto por representantes do governo, dos empregadores e dos trabalhadores, no âmbito da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), conforme previsto na Portaria nº 672/2021.
Fonte
Relatório Análise de Impacto Regulatório Norma Regulamentadora N° 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
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Mercado livre de energia ganha espaço na construção civil e abre caminho para economia e sustentabilidade
Imagine poder escolher de quem comprar a energia elétrica de um empreendimento e ainda pagar menos por isso, com a possibilidade de utilizar exclusivamente fontes renováveis. Essa realidade, que até pouco tempo parecia distante, já é comum em diversos setores da economia e agora chega com força também à construção civil, impulsionando obras mais sustentáveis e competitivas.
O que é o mercado livre de energia
No modelo tradicional, chamado mercado cativo, o consumidor depende exclusivamente da distribuidora local, responsável por transmitir e repassar a energia adquirida, com tarifas reguladas pela agência nacional. Já no mercado livre, ou Ambiente de Contratação Livre (ACL), há a desintegração dessas funções: o consumidor pode negociar diretamente com o gerador de energia, definindo volume, preço e origem, muitas vezes de fontes renováveis. Essa flexibilidade permite ganhos financeiros expressivos, podendo chegar a mais de 30% de economia, além de contribuir para a agenda ESG de grandes corporações.
Nesse cenário, as construtoras começam a se beneficiar desse modelo. Para José Luiz Esteves, gestor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV&CO, a abertura do mercado acelera oportunidades. “Hoje já utilizamos energias renováveis em canteiros e obras de infraestrutura. Com a ampliação para o varejo, será mais fácil negociar ofertas e tornar os projetos ainda mais competitivos”, afirma.
A MRV&CO, por exemplo, aposta em geração distribuída renovável. “Temos duas usinas solares próprias, em Uberaba (MG) e Lapão (BA), que já suprem obras nesses estados. Nos demais, negociamos contratos de fornecimento de energia com empresas do mercado”, explica Esteves.

Crédito: Envato
A visão da indústria do cimento
Entre os setores que mais migram para o ACL, destacam-se as indústrias de grande porte. Segundo o engenheiro Dionísio Veiga Neto, gerente de Engenharia Elétrica, Automação e Energia da Cia. de Cimento Itambé, a tendência é irreversível. “O mercado livre começou a atrair novos consumidores em ritmo mais veloz, sobretudo aqueles com demanda inferior a 500 kW. Só em junho de 2025, o país já somava 77 mil unidades consumidoras livres, 57,7% a mais do que no mesmo período do ano anterior”, relata.
A economia na conta de luz é o principal atrativo. “Ao sair do mercado cativo, a redução no gasto com energia varia de 20% a mais de 30%, dependendo do perfil de consumo. É um ganho imediato e consistente”, destaca o engenheiro.
Itambé Energética: experiência de 25 anos
A Cimento Itambé é consumidora livre há mais de duas décadas e hoje utiliza essa expertise para apoiar outras empresas na migração. A Itambé Energética, pertencente ao mesmo grupo, atende não somente a Cimento Itambé, mas também consumidores livres no mercado, oferecendo além da energia elétrica, serviços e suporte técnico ao consumidor.
“Estamos aptos a oferecer suporte técnico, estudos de economia e acompanhar todo o processo de migração até a efetivação final. Para muitos consumidores, não há necessidade de investimento, desde que a entrada de energia esteja adequada às normas da distribuidora”, explica Dionísio. Esse know-how é estratégico para o setor da construção, já que muitas incorporadoras e construtoras buscam reduzir custos sem comprometer cronogramas.
Um caminho sem volta para a competitividade
O mercado livre de energia deixou de ser promessa para se tornar um dos pilares da competitividade empresarial no Brasil. Ao combinar redução de custos, previsibilidade de consumo e acesso a fontes renováveis, ele se apresenta como solução estratégica para a construção civil e para a indústria como um todo.
Para Esteves, trata-se de um diferencial que impacta diretamente o futuro das obras. “As construtoras que souberem utilizar energia limpa e mais barata terão vantagem tanto em custos quanto em reputação perante investidores e clientes”, resume.
Já para Dionísio, da Itambé, o recado é direto. “O ACL não é mais futuro, é presente. Quem não se preparar para migrar ficará em desvantagem”.
No cenário atual, o mercado livre de energia não é apenas uma opção, mas um caminho inevitável para empresas que desejam unir economia, sustentabilidade e inovação em seus projetos.
Entrevistados
Dionisio Veiga Neto é graduado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia de Joinville (UDESC) e em Administração de Empresas pela Universidade de Joinville (Univille), pós-graduado e MBA nas áreas de Engenharia de Manutenção, Gestão Empresarial e Gestão de Negócios. Especialista na área de Gestão de Energia e Operações no Mercado livre das empresas do mesmo Grupo da Itambé e gerente de Engenharia Elétrica – Manutenção, Automação e Energia da Cia. de Cimento Itambé e Itambé Energética.
José Luiz Esteves da Fonseca é gestor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV&CO.
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Rodovia SC-416 será duplicada com pavimento de concreto
Em agosto, os governadores Carlos Massa Ratinho Junior (PR) e Jorginho Mello (SC) firmaram um acordo judicial entre Paraná e Santa Catarina para encerrar uma disputa que se arrastava desde 1991, envolvendo o pagamento de royalties de petróleo da Petrobras. A quitação da dívida será feita por meio da execução de obras em Garuva (SC), que também trarão benefícios para Itapoá (SC), na divisa com Guaratuba (PR).
O pacote de intervenções contempla também a duplicação da SC-417, no trecho que vai da divisa entre Paraná e Santa Catarina até o entroncamento com a BR-101, abrangendo 19,18 quilômetros, incluindo o Contorno Sul de Garuva. Pelo acordo, serão duplicados 5,3 quilômetros da SC-417, entre a divisa interestadual e o entroncamento com a SC-416, no acesso a Itapoá, onde também está prevista a construção de um viaduto. Esse segmento será executado em pavimento flexível asfáltico, favorecendo o escoamento da produção pelo Porto de Itapoá. Como contrapartida, o governo catarinense ficará responsável por duplicar em concreto a SC-416, ligando o acesso a Itapoá diretamente ao porto.

Crédito: Felipe Henschel/AEN
Whitetopping
Segundo a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina, no trecho com duplicação com pavimento rígido de concreto, será utilizada a técnica de whitetopping, que consiste em recuperar o asfalto existente e aplicar uma nova camada de concreto sobre ele. Nesse ponto, também está prevista a construção de uma passagem elevada para melhorar o fluxo de veículos na bifurcação com o contorno. Ambos os segmentos já dispõem dos projetos executivos desenvolvidos pelo governo de Santa Catarina.
Desafios na obra
A Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina aponta que a gestão do tráfego será feita por meio de sinalização adequada, bloqueios parciais de pista, circulação alternada e dispositivos de segurança, de modo a evitar a interrupção total do trecho. “O relatório considera o aumento de tráfego sazonal, indicando que a duplicação deve amenizar os congestionamentos típicos da alta temporada”, explica o órgão.
Outra questão relacionada à obra são os impactos ambientais em áreas de preservação permanente e necessidade de mitigação, desapropriações e a manutenção da segurança no trânsito durante a execução, segundo a Secretaria.
Aumento no volume de cargas exportadas
Com essas modificações, haverá aumento no volume de exportações? A Secretaria afirma que o relatório destaca a importância da duplicação para melhorar o escoamento da movimentação do Porto de Itapoá e reduzir gargalos logísticos, mas não apresenta números ou estimativas quantitativas sobre aumento de volume exportado, redução de custos logísticos ou retorno econômico e fiscal. “Considerando que essas informações são constantes em documentos licitatórios, como DOD, ETP e Termo de Referência, tal estudo deverá ser realizado pelo Governo do Paraná, que será responsável pela contratação desta obra”, informa a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina.
Benefícios para o turismo
A Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina aponta que a duplicação deve reduzir os congestionamentos que ocorrem no acesso ao litoral, especialmente durante o verão, melhorando o tempo de deslocamento para turistas e aumentando a atratividade da região, além de estimular o desenvolvimento econômico dos municípios do entorno.
“Apesar de não haver projeções exatas quanto a redução de tempo, a duplicação irá proporcionar maior fluidez no tráfego regional, reduzindo o congestionamento e por consequência, a redução de tempo de viagem”, comenta o órgão
Previsão para as obras
Segundo a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina, o plano de execução estima prazo de quinze meses consecutivos para a conclusão dos serviços e considera o ano de 2026 como referência de abertura nos cálculos de tráfego. “Entretanto, esse prazo é referente somente à execução física da obra, devendo ser considerado também o prazo de trâmites administrativos e burocráticos para contratação de empreiteira através de licitação”, conclui.
Fonte
Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina
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Pacote de resgate: qual é o impacto para o setor de construção civil?
O governo federal apresentou em agosto o Plano Brasil Soberano, um pacote inicial de medidas voltado a reduzir os efeitos econômicos da decisão dos Estados Unidos, que no dia 30 de julho anunciaram aumento unilateral de até 50% nas tarifas de importação sobre produtos brasileiros. O plano reúne iniciativas distribuídas em três frentes: reforço ao setor produtivo, proteção aos trabalhadores e atuação diplomática com foco no multilateralismo.
As ações preveem a destinação de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para oferecer crédito com taxas acessíveis, além da expansão das linhas de financiamento ao comércio exterior. Também incluem a prorrogação da suspensão de impostos para empresas exportadoras, o aumento da restituição de tributos federais por meio do Reintegra e a simplificação da aquisição de alimentos por órgãos públicos.
De acordo com Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG, o Plano “Brasil Soberano” foi criado para amenizar os efeitos das tarifas impostas pelo governo americano aos produtos exportados pelo Brasil.
“O objetivo é proteger os exportadores nacionais e preservar empregos. Dessa forma, seu impacto sobre setores produtivos, como a construção civil, tende a ser indireto, à medida que busca fortalecer a economia e manter postos de trabalho. Uma economia mais robusta gera empregos e investimentos, o que pode ampliar a demanda por infraestrutura, por exemplo. No entanto, neste momento, não é possível medir a dimensão desse impacto indireto, nem mesmo afirmar com certeza que ele ocorrerá. Vale destacar, porém, que o país já apresenta uma demanda consistente por habitação, com um déficit superior a seis milhões de moradias”, observa.
Marcos Pedro, economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário, destaca que o “pacote” tem como foco principal a preservação de empregos e a manutenção da renda.
“No entanto, a aquisição de habitação é um planejamento de longo prazo para as famílias, que envolve financiamentos de 10, 20 anos ou mais. Por isso, mais importante do que a manutenção momentânea do emprego e da renda é a expectativa de estabilidade futura, que permita esse planejamento e a confiança de que as famílias conseguirão honrar os financiamentos até o final”, afirma.

Crédito: Envato
Impactos na Selic
Para Ieda, se o aumento das despesas públicas gerar pressão inflacionária e comprometer a confiança na política fiscal do país, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter a Selic em patamar elevado por mais tempo ou até mesmo elevá-la.
“E uma Selic alta encarece o custo do crédito e, consequentemente, desestimula investimentos nos setores produtivos da economia, como a construção civil. No setor, crédito mais caro pode significar o adiamento de lançamentos imobiliários, o que se traduz em menor volume de obras, renda e empregos”, alerta.
Já Marcos Pedro ressalta que, se o governo encontrar dificuldades para equilibrar suas contas públicas devido às medidas previstas no “Pacote de Resgate”, a confiança dos agentes econômicos em relação à capacidade de cumprimento dos compromissos futuros pode diminuir, forçando uma nova elevação da taxa Selic, que já está em 15% ao ano.
“Caso esse movimento se confirme, os impactos sobre a construção civil ocorrerão de duas formas, dependendo do tempo de duração do pacote. A primeira será sobre a construção leve (imóveis residenciais), já que a alta da Selic encarece o financiamento imobiliário, elevando o valor das prestações. Assim, menos famílias conseguirão comprar imóveis e, mesmo aquelas que comprarem, terão de comprometer uma parcela maior de suas rendas, reduzindo o padrão de consumo. O segundo impacto será sobre o custo de aquisição de bens de capital para as empresas construtoras — como máquinas, equipamentos e veículos — que também ficarão mais caros de financiar”, explica.
Impactos na infraestrutura
Um cenário fiscal fragilizado poderia comprometer os investimentos públicos em infraestrutura? Para Marcos Pedro, caso o governo precise reorganizar o orçamento e redirecionar os poucos recursos hoje destinados a investimentos para auxiliar os setores mais afetados, será inevitável reduzir a verba destinada à infraestrutura.
“Para evitar isso, seria necessária uma redução de gastos em outras áreas. Mas devemos lembrar que estamos em um ano pré-eleitoral, em que a demanda por obras e inaugurações faz parte do calendário político — e esse é um ponto difícil de alterar”, conclui.
Entrevistados
Ieda Vasconcelos é economista pela PUC-MG, doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Fumec. Economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG.
Marcos Pedro é economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário.
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Especialistas discutem impactos da inovação tecnológica e da segurança jurídica na construção civil
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realiza nos dias 18 e 19 de setembro, em Brasília, o 10º Seminário Jurídico, consolidado como o principal fórum do país sobre as questões envolvendo direito e construção civil. Com o tema “Direito em Construção: Inovação, Tecnologia e Negócios”, o encontro reflete sobre os efeitos da digitalização, da automação e das novas formas de organização contratual para o ambiente jurídico da construção civil, do mercado imobiliário e da infraestrutura.
Segundo Felipe Melazzo, presidente do Conselho Jurídico da CBIC, os maiores entraves para o setor continuam sendo a insegurança jurídica e a falta de previsibilidade. “O seminário é espaço para enfrentar esses desafios, aproximando operadores do direito e empresários e propondo soluções práticas”, afirma.

Crédito: Envato
Litigância habitacional e contratos de obras públicas
Entre os principais painéis, a litigância habitacional ganha destaque. O aumento das ações judiciais relacionadas a vícios construtivos e prazos de garantia, especialmente no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, pressiona o Judiciário, incorporadoras e construtoras. O debate traz propostas legislativas, diretrizes jurisprudenciais e boas práticas periciais, com o objetivo de racionalizar a judicialização e agilizar soluções.
Outro tema relevante é a alocação de riscos em contratos de obras públicas. O estudo elaborado pela Comissão de Infraestrutura da CBIC, reconhecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como referência de boas práticas, serve de base para a discussão sobre a matriz de riscos prevista na Lei nº 14.133/2021. A expectativa é reforçar a previsibilidade e a eficiência nas contratações, prevenindo litígios e melhorando a gestão contratual.
Mecanismos de resolução e novas tecnologias
Nas obras industriais e corporativas, os Dispute Boards e a arbitragem aparecem como mecanismos cada vez mais relevantes para garantir a continuidade de projetos e reduzir litígios complexos.
A programação também aborda a aplicação de novas tecnologias. A inteligência artificial se apresenta como ferramenta estratégica para a prevenção de litígios, a gestão de riscos e a conformidade regulatória, integrando dados técnicos, modelos digitais e contratos.
Já a tokenização no mercado imobiliário surge como alternativa de democratização do investimento, ao permitir o fracionamento de imóveis em ativos digitais registrados em blockchain, com liquidez e transparência ampliadas. Por esse processo, imóveis físicos são convertidos em tokens digitais, registrados em uma blockchain, permitindo que sejam fracionados e negociados de forma digital. Cada token representa uma fração do imóvel, e o investidor que adquire um token torna-se proprietário de uma fração proporcional do bem.
Perspectivas
Com a participação de nomes como Carlos Augusto Pires Brandão (STJ), Otávio Henrique Martins Port (CJF), Juan Pablo Correia Groisner (ONR), Rodrigo Badaró (CNJ), Nicola Espinheira da Costa Khoury (TCU) e Andreas Blazoudakis (Netspaces), o seminário reafirma sua posição como espaço de debate técnico de alto nível. A edição de 2025 destaca que o futuro do direito da construção se estrutura no equilíbrio entre segurança jurídica e inovação tecnológica, consolidando o evento como referência para juristas, acadêmicos e profissionais do setor.
Entrevistado
Felipe Melazzo é graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas de Goiás e especializado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (RJ). Possui 20 anos de experiência no ramo do direito imobiliário, tendo atuado em diversos segmentos e em demandas relevantes para o setor da Construção Civil, Incorporação e Empresarial (Membro da Comissão de Direito Imobiliário e da Comissão de Prerrogativas da OAB/GO; Diretor Comercial da Consciente Construtora; Membro da Comissão de Conciliação Prévia do Setor da Construção, dentre outros). Atualmente, é presidente do Conselho Jurídico da CBIC e presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO).
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Ana Carvalho
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Duplicação da PR-412 em Matinhos promete transformar mobilidade no litoral do Paraná
A PR-412, no trecho entre Matinhos e Pontal do Paraná, está passando por uma das maiores intervenções de infraestrutura viária do litoral paranaense. A obra, orçada em R$ 274 milhões, contempla a duplicação em pavimento rígido de concreto, implantação de vias marginais, iluminação em LED e construção de novas pontes e viaduto. Com prazo de execução de 36 meses, a conclusão está prevista para março de 2028.
Tráfego diário de mais de 15 mil veículos
A duplicação surge como resposta a um gargalo histórico do fluxo de veículos que acessam Matinhos e Praia de Leste, especialmente durante a temporada de verão. Segundo estimativa do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), mais de 15 mil veículos circulam diariamente pelo trecho nesta época, sendo cerca de 700 de carga.
“Essa obra vai atender tanto moradores e turistas quanto o transporte de empresas. É uma intervenção que amplia a capacidade da rodovia, reduz congestionamentos e aumenta a segurança de pedestres e ciclistas, pois também contará com ciclovias, passeios e iluminação”, explica Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica do DER/PR.
Leia também: Governador dá início à duplicação em concreto da PR-412 entre Matinhos e Pontal do Paraná

Crédito: Arnaldo Neto/AEN
Obras de arte e soluções técnicas
O projeto prevê a construção de duas novas pontes sobre o Rio Matinhos, um viaduto no acesso à Avenida Curitiba e duas pontes sobre o Rio Balneário. Os trabalhos começaram em abril deste ano com a implantação de marginais e, até julho, o avanço era de 1,2%. “Esse percentual inicial é natural, pois mobilizações de obras dessa magnitude exigem tempo para preparação. O cronograma segue dentro do previsto”, detalha Janice.
Outro destaque é a escolha pelo pavimento rígido de concreto, solução que garante maior durabilidade e reduz custos de manutenção. “O investimento inicial é mais elevado, mas ele se paga nos primeiros anos pela resistência e menor necessidade de reparos, o que significa economia para o Estado e mais conforto para os usuários”, ressalta a diretora técnica.
Em todo país, o uso de whitetopping tem sido a preferência em grande parte das rodovias por ter uma vida útil muito maior, frequentemente superior a 20 anos, enquanto o asfalto é projetado para durar entre seis e dez anos. Além disso, mesmo com custo inicial mais elevado, a implantação do pavimento de concreto pode custar até 20% menos do que o asfalto convencional, especialmente em vias de alto tráfego. Isso porque nos primeiros 20 anos as intervenções necessárias no pavimento de concreto são mínimas, representando apenas 2% a 5% do valor da obra.
Leia também: Pavimento de concreto foi escolhido para obra de duplicação da PR-412
Expansão futura até Santa Catarina
O DER/PR também já planeja ampliar os benefícios da duplicação e lançou edital para a duplicação da PR-412 no trecho entre Guaratuba e a divisa com Santa Catarina. Em paralelo, Paraná e Santa Catarina discutem a formalização de um acordo para duplicar a SC-417, no lado catarinense, até a BR-101.
Para Janice, esse movimento é estratégico. “A integração entre os estados permitirá maior fluidez do tráfego e fortalecimento do corredor logístico e turístico, que é vital para a economia do litoral e para a qualidade de vida da população”, conclui.
Entrevistada
Janice Kazmierczak Soares é graduada em Engenheira Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduada em Infraestrutura de Transportes pela Universidade Paulista (UNIP) e em Obras Públicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atualmente, é diretora técnica do DER/PR.
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Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Como a realidade aumentada vem mudando a construção civil?
A realidade aumentada (RA) começa a se consolidar como uma ferramenta estratégica na construção civil, aproximando o digital do canteiro de obras e trazendo ganhos concretos em produtividade, precisão e comunicação. Se antes era vista como recurso futurista, hoje a tecnologia já se integra ao BIM e aos smartphones, permitindo que engenheiros, gestores e clientes visualizem projetos em escala real e tomem decisões mais seguras em todas as etapas, da execução ao pós-obra.
“O conceito de realidade aumentada — a inserção de elementos virtuais no mundo real — ganhou força com a popularização do BIM e dos smartphones. Muitas vezes é confundida com realidade virtual (imersão total por meio de óculos), mas a RA tem a vantagem de trazer o digital para dentro do ambiente físico da obra”, destaca Felipe Toledo Lima, CEO e Founder da Inbuilt S.A.

Crédito: Envato
Vantagens da realidade aumentada nas obras
Segundo Lima, a realidade aumentada possibilita antecipar detalhes críticos antes da obra. “Para análises mais sofisticadas, o uso de hardwares avançados, como iPhones da linha Pro com sensor LiDAR, aumenta a precisão”, explica.
No entanto, de acordo com o CEO da Inbuilt, os maiores ganhos estão na execução e no pós-obra:
• Execução: a RA permite conferência e acompanhamento em tempo real, garantindo que o executado esteja fiel ao projetado. Além disso, nas vistorias de incorporadoras e clientes finais, a tecnologia dá mais transparência e segurança ao processo, reduzindo conflitos.
• Pós-obra: a etapa menos explorada do setor. A RA oferece suporte direto ao manual do proprietário, permitindo que moradores visualizem instalações ocultas (como elétrica e hidráulica) e façam manutenções corretas, prolongando a vida útil da construção.
“A RA aumenta a clareza e o entendimento dos projetos pela equipe de obra, reduzindo erros que normalmente causam atrasos. Com menos retrabalhos, há ganhos diretos em produtividade e cumprimento de prazos. Além disso, ela traz mais confiança nas tomadas de decisão: ao visualizar o projeto em escala real, engenheiros, gestores e clientes têm mais segurança para avançar em cada etapa. Essa combinação de fatores transforma a RA em um aliado estratégico na gestão da obra”, descreve Lima.
Diante desse cenário, CEO da Inbuilt acredita que o principal ganho é a redução de retrabalhos, que impacta diretamente prazos e custos. “Outro ponto fundamental é a didática: com equipes cada vez mais enxutas e profissionais menos experientes em leitura de projetos, a RA simplifica a compreensão das informações técnicas. Além disso, a RA ajuda a demonstrar valor ao cliente. Incorporadoras que investem em BIM e tecnologia podem mostrar, de forma tangível, os benefícios desses investimentos, fortalecendo sua imagem e aumentando a satisfação do comprador”, pontua.

Crédito: Inbuilt S.A.
Integração com o BIM
Qualquer modelo BIM pode ser convertido em realidade aumentada. O desafio está no peso dos arquivos — quanto mais detalhados, mais difícil para celulares processarem, segundo Lima. “Óculos de RA oferecem melhor desempenho, mas ainda são caros e pouco utilizados. Para superar isso, a Inbuilt desenvolveu um sistema próprio que otimiza e desserializa modelos, permitindo que o uso em smartphones seja fluido e acessível”, exemplifica.
Ao mesmo tempo, Lima também vê o BIM como uma barreira para adoção da realidade aumentada. “Hoje, ela é mais comum em arquitetura do que em engenharia. A segunda é a percepção de valor: muitos ainda enxergam a RA como algo secundário, e não como ferramenta estratégica. Por fim, há a baixa divulgação prática: o setor precisa de mais exemplos concretos para reconhecer a RA como solução de primeira ordem”, opina.
Futuro da realidade aumentada no Brasil
Na opinião de Lima, o futuro da realidade aumentada é muito promissor. “O Brasil historicamente demorou a incorporar novas tecnologias devido à abundância de mão de obra barata, mas esse cenário está mudando. A escassez de mão de obra qualificada está acelerando a busca por métodos mais inteligentes e industrializados de construção. Assim como aconteceu em países desenvolvidos, a industrialização da construção será inevitável aqui nos próximos anos. Com isso, o BIM vai se consolidar como padrão, e a realidade aumentada será um complemento natural e indispensável para trazer eficiência, sustentabilidade e competitividade ao setor de concreto e infraestrutura”, conclui.
Entrevistado
Felipe Toledo Lima é CEO e Founder da Inbuilt S.A.
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