Relacionamento pós-entrega: o novo valor das construtoras no mercado imobiliário para fidelizar clientes
A entrega das chaves de um imóvel não marca o fim do trabalho de uma construtora. Pelo menos não para empresas que apostam na construção de vínculos sólidos com seus clientes. O relacionamento pós-obra tem ganhado protagonismo como diferencial competitivo no setor da construção civil, unindo assistência técnica, apoio contínuo e escuta ativa das necessidades dos moradores.
“Hoje, o pós-venda nas construtoras deve ser tratado com muita responsabilidade. Ele muitas vezes é o diferencial de uma construtora”, afirma Thiago Pissetti, vice-presidente de Inovação do Sinduscon Paraná. Para ele, esse relacionamento precisa começar na entrega do imóvel, com uma comunicação clara sobre o funcionamento dos sistemas, manuais bem elaborados e suporte técnico presente nas etapas iniciais da ocupação.
Para ocorrer uma entrega de qualidade, não é suficiente apenas caprichar na pintura, na colocação do piso, luminária ou itens decorativos. Para o presidente da Ademi-PR, Thomas Gomes, a obra inteira precisa ser planejada e programada de tal forma que a experiência do cliente seja priorizada. “Esse deve ser o objetivo de uma construtora e isso passa pela questão estrutural, que tem que estar tudo no prumo, até a parte hidráulica e elétrica, que são os dois pontos onde ocorrem os maiores problemas”, alerta.

Crédito: Envato
Ele também assinala que esquadrias e acústica também são itens que devem ser bem planejados com bons parceiros e boa execução. “A obra, se bem pensada, não precisa ter atropelos em nenhuma atividade, possibilitando dedicar tempo e esforço para cada uma das etapas”.
Além do serviço excelente, um pós atendimento de qualidade passa pela escolha dos materiais utilizados ao longo da obra. “De nada adianta ter um serviço excelente e um material de má qualidade, que vai apresentar problema depois. A experiência do cliente passa pela qualidade construtiva, mas passa também pelo nível de serviço prestado, pela construtora ter um canal de comunicação aberto e uma forma de você monitorar os seus chamados de assistência técnica de uma maneira clara e explícita. Isso tudo passa pela execução de obras e pelo nível de serviço prestado no pós-obra”, aponta.
Exemplo disso pode ser constatado em diversas iniciativas. Na FGR Incorporações, por exemplo, com mais de 30 empreendimentos entregues, o compromisso vai além do pós-venda tradicional. “Nós estabelecemos um relacionamento contínuo com os nossos clientes, mesmo após a entrega do empreendimento”, explica Felipe Hermano, coordenador de Relacionamento com o Cliente.
A empresa permanece atuando na gestão dos condomínios, implementando soluções que mantêm a identidade do “Jeito Jardins de Viver”, conceito exclusivo da incorporadora. Uma das inovações é o Serviço Fácil Jardins, uma rede de prestadores de serviços selecionados para atender exclusivamente os moradores, de diaristas a jardineiros e lavadores de estofados. “Selecionamos profissionais com experiência e confiança para melhor atender as várias comunidades que formam cada um dos condomínios”, relata Hermano.
Escuta ativa gera melhorias reais
A escuta ativa de moradores e administradores de condomínios também se tornou uma ferramenta estratégica para inovação e ajustes de projeto. Hermano destaca que muitos aprimoramentos vêm justamente dos feedbacks de quem vive o dia a dia dos empreendimentos. “Mais quadras de areia e pet places são melhorias que surgiram a partir do relacionamento com os clientes e da observação da rotina deles”, exemplifica.
Essa atenção ao cliente tem se convertido em confiança e fidelização. “Nosso maior patrimônio são clientes que compraram por ter sido recomendados por outra pessoa que vive em nossos empreendimentos”, afirma o coordenador.
Papel ativo da engenharia
Para o Sinduscon Paraná, a atuação da equipe de engenharia é essencial na manutenção da boa relação com os moradores. “A engenharia da construtora tem que estar sempre presente no condomínio, auxiliando, explicando como funciona o sistema construtivo e os cuidados necessários”, reforça Pissetti.
Além disso, a orientação sobre manutenções preventivas, como cuidados com telhados, bombas e pressurizadores, é indispensável para preservar o imóvel e evitar desgastes na relação com os moradores. E quando surgem problemas, a rapidez e clareza no atendimento são fundamentais: “Sempre com responsabilidade e velocidade, separando prioridades e deixando claro qual será o canal de comunicação com o cliente”, pontua.
Valorização do imóvel e confiança
O impacto desse cuidado vai além da experiência individual dos moradores. O relacionamento pós-obra contribui para a valorização dos imóveis, a longevidade dos empreendimentos e a imagem da marca no mercado. “Quando há ruptura nesse relacionamento, todos saem prejudicados. O prédio começa a se deteriorar, perde valor, e o apoio técnico desaparece”, alerta Pissetti.
Por outro lado, quando há proximidade, escuta e suporte técnico eficaz, todos ganham: moradores, administradoras e incorporadoras. “Um bom produto só é bom de verdade se houver um acompanhamento, um relacionamento para entender e melhor atender às necessidades dos clientes”, conclui Hermano.
Entrevistados
Felipe Hermano possui MBA em Administração e Estratégia pela Universidade Estácio de Sá, atua no mercado imobiliário desde 2008 e está há nove anos na FGR Incorporações, onde atua como coordenador de Relacionamento com Cliente.
Thiago Pissetti é vice-presidente de Inovação do Sinduscon-PR.
Thomas Gomes é graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Católica do Paraná (PUC-PR), possui especialização em Investimentos Imobiliários pela Insper (SP), cursou o Program for Leadership Development na Harvard Business School (EUA) e é head de Real Estate na Life Capital Partners. Atualmente é presidente da Ademi-PR.
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Ana Carvalho
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Setor imobiliário ganha guia prático sobre a Reforma Tributária
Foi lançado em maio de 2025 o Guia Orientativo da Reforma Tributária, voltado para o setor imobiliário. A publicação tem como objetivo de auxiliar os profissionais da área na transição para as novas regras fiscais estabelecidas pela legislação aprovada em 2024.

Crédito: ABRAINC
O guia apresenta, de maneira clara e aprofundada, os regimes tributários específicos aplicáveis às operações com imóveis, os mecanismos de redução de alíquotas, as normas de transição, além de outras alterações previstas na nova legislação.
O guia é uma iniciativa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Associação das Empresas de Loteamento Urbano (Aelo) e do Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis (Secovi-SP).
Para Ely Wertheim, presidente da Aelo, é fundamental que o setor permaneça atento e coeso durante o processo de regulamentação. “Tudo que foi conquistado para reduzir os impactos ao setor agora será regulamentado. A complexidade aumentou, e as empresas precisam estar preparadas. Essa cartilha foi criada justamente para isso”, destacou Wertheim.
Conquistas do setor imobiliário
Entre as conquistas alcançadas pelo setor, estão o regime tributário diferenciado, com redução de 50% na alíquota para atividades de incorporação e de 70% para locação, além da inclusão de pautas importantes, como o redutor social, a exclusão do valor do terreno da base de cálculo e o tratamento específico para a atividade de locação.
“O setor imobiliário obteve alguns dos maiores avanços na reforma, resultado do trabalho técnico consistente e qualificado desenvolvido pelas entidades”, afirmou o advogado tributarista Rodrigo Dias.
De acordo com o Ministério da Fazenda, as vendas eventuais de imóveis por pessoas físicas não serão tributadas, como já acontece hoje. A nova tributação para a incorporação e venda de imóveis prevê que:
- O imposto incidirá apenas sobre o valor de venda menos o custo do terreno;
- Haverá um redutor social de R$ 100 mil para tornar a tributação progressiva, beneficiando imóveis populares;
- A alíquota será reduzida em 50%, ficando em torno de 14%;
- Todo o imposto pago na compra de materiais e serviços poderá ser recuperado pela incorporadora.
Com essas mudanças, o custo de imóveis populares (R$ 200 mil) deve cair cerca de 5,5%, enquanto o de imóveis de alto padrão (R$ 2 milhões) pode subir 2,3%. Ainda assim, a recuperação de créditos deve aumentar a eficiência do setor, permitindo até queda nos preços dos imóveis de alto padrão.
Para empresas que compram e vendem imóveis, a tributação será sobre a margem de lucro, com alíquota reduzida e possibilidade de recuperar créditos sobre despesas administrativas.
Na locação, a alíquota será reduzida em 70% (equivalente a 8,4%) e haverá um redutor social de R$ 600 mensais. A não cumulatividade também valerá para esse segmento, diminuindo o impacto dos tributos.
Fontes
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC)
Ministério da Fazenda
Contato: comunicacao@abrainc.org.br
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Construção 3D revoluciona setor com casas erguidas no próprio canteiro de obras e sistemas modulares
A nova fronteira da construção: casas impressas em 3D diretamente no canteiro de obras. Em um subúrbio de Moscou, uma casa de 38 metros quadrados foi erguida em apenas 24 horas, a um custo inferior a US$ 10 mil. O feito, protagonizado pela startup americana Apis Cor, chamou atenção do mundo para uma revolução silenciosa que está em curso na construção civil: a impressão 3D de estruturas habitacionais com concreto extrudado.
Diferentemente dos sistemas modulares ou pré-fabricados, a tecnologia permite que as paredes e elementos estruturais sejam impressos diretamente no local da obra, camada por camada, como em um grande "plotter de concreto". A impressora, controlada por software, segue um modelo digital 3D que orienta a deposição do material, possibilitando a execução de formas complexas, com precisão, rapidez e mínimo desperdício.
“É uma mudança de paradigma. A impressão 3D permite geometrias mais livres, com economia de recursos e maior controle do processo”, afirma o arquiteto Orlando Ribeiro, vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná). “Ela reduz drasticamente o desperdício de materiais e é ideal para obras de baixo custo, personalizadas ou automatizadas”, complementa.

Crédito: Divulgação/Apis Cor
Concreto sob medida para um novo tempo
No centro dessa transformação está uma fórmula de concreto desenvolvida especialmente para o processo de impressão. O chamado concreto extrudado apresenta propriedades reológicas e mecânicas específicas, como alta coesão, pega rápida e tixotropia (capacidade de recuperar a viscosidade após o bombeamento), garantindo a integridade da estrutura desde as primeiras camadas.
“É um material que precisa fluir com facilidade e, ao mesmo tempo, manter a forma ao ser depositado. Um equilíbrio técnico muito sofisticado”, explica Ribeiro. A precisão permite o uso exato da quantidade de concreto necessária, o que resulta não apenas em economia, mas também em menor impacto ambiental.
Brasil começa a explorar potencial da tecnologia
Apesar de ainda emergente no Brasil, a construção 3D já inspira iniciativas em universidades e empresas. O Instituto SENAI de Inovação, na Bahia, por exemplo, desenvolveu em parceria com uma startup local um projeto de habitações populares impressas, adaptadas às condições climáticas e aos materiais regionais.
Na USP e no ITA, pesquisas avançam no desenvolvimento de misturas e impressoras de grande porte, visando aplicações que vão desde casas sustentáveis até estruturas militares. Outro destaque é o InovaHouse3D, startup nascida na Universidade de Brasília (UnB), que projeta impressoras e misturas de concreto adaptadas à realidade nacional.
Já a UTFPR investiga o uso de resíduos industriais em formulações sustentáveis, combinando inovação com responsabilidade ambiental. Além do meio acadêmico, startups brasileiras vêm apostando na impressão 3D como solução para obras emergenciais e personalizadas. “Essa tecnologia tem enorme potencial para atender demandas habitacionais urgentes, com qualidade e eficiência”, avalia o arquiteto da AsBEA-PR.

Crédito: Divulgação/Apis Cor
Um futuro moldado em camadas
A Apis Cor, startup americana, continua a expandir seus projetos nos Estados Unidos, alcançando marcos significativos em sua jornada. A empresa construiu o maior edifício impresso em 3D do mundo, que é um edifício administrativo de dois andares. Além disso, imprimiu um edifício comercial em Boca Chica, Texas, que se tornou o primeiro edifício impresso em 3D com permissão comercial na América.
No âmbito residencial, a Apis Cor construiu uma casa impressa em 3D no Missouri, sendo esta a primeira casa da empresa a implementar paredes 3D comparáveis a paredes de blocos de concreto, projetadas e testadas pela própria empresa. Ela também é reconhecida por ter construído a "primeira" casa impressa em 3D, descrita como "pequena, mas poderosa" e a mais reconhecida do mundo.
Em 2022, a empresa construiu a Eden Village, uma comunidade de pequenas casas com 31 unidades, projetada especificamente para fornecer moradia permanente e vitalícia para pessoas em situação de rua em Wilmington, Carolina do Norte (EUA). “Além disso, foi premiada em desafios da NASA voltados à habitação espacial. Seu portfólio é um indicativo de que a impressão 3D já não pertence apenas ao campo da experimentação e trata-se de uma solução viável, escalável e cada vez mais acessível”, assinala.
No Brasil, os avanços ainda ocorrem em ritmo moderado, mas o interesse cresce. “Estamos diante de uma tecnologia que não só transforma a forma de construir, como redefine o papel da arquitetura e da engenharia. É um caminho sem volta”, conclui Ribeiro.
Entrevistado
Orlando Ribeiro é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/PROPAR) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/PROPUR). É atualmente vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná).
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Ana Carvalho
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4º Encontro Nacional PPP destaca avanços da pré-fabricação em concreto
Nos dias 04 e 05 de junho, em Brodowski (SP), aconteceu o 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado, promovido pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC). O objetivo foi integrar a academia ao setor produtivo do pré-fabricado, reunindo indústrias, projetistas, fornecedores e universidades. O evento contou com quase 200 participantes, entre engenheiros, arquitetos, empresários, pesquisadores e estudantes.
“Desde a última edição, em 2013, não havia um evento que unificasse academia, indústria e projeto. A quarta edição do PPP permitiu uma visão sistêmica e alinhamento estratégico, promovendo debates fundamentais para a evolução da cadeia de valor”, destacou Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC.

Crédito: ABCIC
Durante os dois dias, temas como Inteligência Artificial, Concreto Reforçado com Fibras, Ultra High Performance Concrete (UHPC), Construção Modular, novos materiais e soluções inovadoras em obras foram debatidos, promovendo troca de experiências e networking.
Integração essencial para inovação
Segundo Íria, a integração com a academia é vital para o avanço do setor, ao aproximar a indústria das pesquisas em desenvolvimento e direcionar os estudos às demandas reais do mercado. Essa colaboração fortalece a base normativa da construção industrializada no Brasil, considerada a mais completa da América Latina, além de impulsionar inovações tecnológicas e a formação de profissionais especializados.
“A ABCIC apoia ações em universidades e programas com as principais escolas de engenharia do país. Essa articulação é essencial para o desenvolvimento de soluções mais eficazes e sustentáveis, além de contribuir para a qualificação técnica da mão de obra”, ressalta.
A reinvenção da construção modular
Um dos destaques foi o painel do professor Eduardo Júlio, do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, sobre a construção modular pré-fabricada em concreto. Ele relembrou que esse sistema já teve momentos de auge, principalmente no pós-guerra, quando atendeu à demanda emergencial por habitação com rapidez e baixo custo. No entanto, fatores como a queda na demanda e episódios como o colapso do edifício Ronan Point, no Reino Unido, prejudicaram sua imagem.
Hoje, a crise habitacional é novamente um desafio global, não só entre populações vulneráveis, mas também na classe média. A pressão em cidades turísticas, a escassez de moradias estudantis e a necessidade de soluções emergenciais frente a desastres colocam novamente a construção modular em destaque.
“A abordagem atual é mais integrada. Projetos precisam ser agradáveis, flexíveis e duráveis. A arquitetura é crucial para garantir estética e adaptação. A engenharia evoluiu com melhorias em ligações estruturais, desempenho sísmico e resistência ao fogo”, afirmou Júlio.
Ele também destacou que conforto térmico e acústico tornaram-se exigências básicas, e que a sustentabilidade é prioridade — com análise do ciclo de vida, materiais ecoeficientes e redução da pegada ambiental do concreto. O uso de BIM (Building Information Modeling) permite projetar de forma integrada e eficiente. “Além disso, a automação é chave para enfrentar a escassez de mão de obra qualificada”, completou.

Crédito: ABCIC
Para o futuro, Júlio acredita que a construção modular pré-fabricada, com uso de concreto, madeira e aço, será essencial. “O Brasil tem grande potencial para liderar essa transformação. Vi no evento uma forte sinergia entre academia, indústria e prática profissional, o que cria um ambiente propício à inovação. A evolução para a construção modular não é apenas lógica — é necessária”, concluiu.
Arquitetura industrializada em foco
Outro painel de destaque foi o do professor Paulo Eduardo Fonseca de Campos, da FAU/USP, que abordou a Arquitetura Industrializada e a pré-fabricação em concreto. Campos destacou a necessidade de romper com estigmas antigos ligados à industrialização do pós-guerra, como rigidez e padronização excessiva.
“O cenário atual é diferente. A pré-fabricação evoluiu e pode agregar valor à arquitetura, desde que os profissionais estejam dispostos a se atualizar”, afirmou. Ele destacou o uso de concretos de alto e ultra alto desempenho, como o HPC e o UHPC, que permitem estruturas mais esbeltas e eficientes, além de materiais como o GFRC (concreto reforçado com fibra de vidro), usado na produção de painéis arquitetônicos e banheiros prontos.
Campos também falou sobre a digitalização da arquitetura modular, com o uso do BIM e o conceito de continuum digital, que une projeto parametrizado e fabricação digital. “A industrialização da construção não é mais uma opção, é uma necessidade diante do déficit de mão de obra. Os arquitetos precisam estar preparados, tanto na formação acadêmica quanto nos escritórios.”
Campos também comentou sua participação no programa Construa Brasil, do MDIC, que foca na industrialização da construção e trata de temas como capacitação, planejamento estratégico e reforma tributária.
O painel apresentou ainda exemplos de obras vencedoras do Prêmio Obra do Ano da ABCIC, de 2022 a 2024, que ilustram os avanços da construção industrializada no Brasil. Entre eles, o Shopping Trimais, os data centers da Scala e o projeto Arquipel, que empregam estruturas totalmente pré-fabricadas, painéis arquitetônicos e soluções modernas de contraventamento e estanqueidade.
Esses projetos demonstram como a inovação, o uso de tecnologia e o design arquitetônico caminham juntos na construção moderna, reforçando a viabilidade e o potencial da pré-fabricação em concreto para atender às demandas contemporâneas da construção civil.
Entrevistados
Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).
Eduardo Júlio é professor Catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, Presidente do GPBE Grupo Português de Betão Estrutural, fib fellow e coordenador de diversos grupos de trabalho na federação, dentre eles o TG 6.12, PRECAST CONCRETE MODULAR BUILDINGS.
Paulo Eduardo Fonseca de Campos é professor Livre-Docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), onde coordenou o laboratório de fabricação digital FAB LAB SP e o Grupo de Pesquisa DIGI-FAB - Tecnologias digitais de fabricação aplicadas à produção do Design e Arquitetura Contemporâneos.
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Assessoria de imprensa ABCIC - sylvia@meccanica.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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SBTA foca em inovações tecnológicas e sustentabilidade

Crédito: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas
Durante os dias 11 a 13 de junho de 2025, aconteceu o Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas – XV SBTA, em Porto Alegre (RS).
O engenheiro Luiz Alberto Trevisol Jr., gerente técnico da Hobimix, foi um dos palestrantes do evento. “Depois de dez anos, pude retornar a Porto Alegre e perceber quanta coisa mudou. Muita coisa evoluiu no conceito da argamassa estabilizada, agora chamada de Argamassa de Hidratação Controlada. Essa evolução passa principalmente pela evolução tecnológica dos aditivos empregados e do conhecimento adquirido em parceria com a academia, mas principalmente com a indústria”, comenta Trevisol.
Trevisol acredita que um evento como o SBTA promove uma miscelânea de informações, desde aqueles conceitos básicos, que por ora passam esquecidos, e que sim, são importantes, até novas tecnologias que estão batendo à porta. “É empolgante ouvir alunos, indústria e academia, na figura de professores experientes, falando de temas de forma equilibrada. Tecnologias como a impressão de argamassas, redução de carbono, uso racionalizado da água e seu reaproveitamento na produção de argamassa mostram um novo/velho conceito surgindo: o de que precisamos fazer algo para melhorar a eficiência da produção e também das nossas edificações”, destaca.
Aditivos para argamassa e composição de misturas
Durante o evento, um dos minicursos foi “Aditivos para argamassa e composição de misturas”, ministrado por Trevisol e Rogerio Venâncio, da Chryso/Saint-Gobain.

Crédito: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas
“Poder falar um pouco do trabalho realizado em parceria com a Chryso para mais de 60 inscritos — recorde em um minicurso no SBTA —, entre alunos, professores, consultores e indústria, comprova que estamos no caminho certo. Muito ainda há a fazer, muita coisa para aprender e para poder compartilhar”, afirma.
Desafios do setor
Para Trevisol, a disponibilidade e a qualidade da mão de obra talvez sejam o grande problema a ser resolvido. “Muita tecnologia envolvida, muita coisa nova saindo da academia e da indústria. A quantidade e a qualidade das pesquisas em andamento podem sofrer com a falta de mão de obra qualificada. A cadeia produtiva precisa olhar para a frente — literalmente, para a ponta, onde estarão as pessoas que farão todo o esforço de planejamento e desenvolvimento ser colocado em prática. E, se essas pessoas não estiverem prontas e capacitadas, poderemos ter muita coisa boa sendo deixada de lado”, comenta Trevisol.
Sustentabilidade e descarbonização
Trevisol destaca que a sustentabilidade veio para ficar. “As possibilidades técnicas para a descarbonização estão colocadas à mesa. Muita coisa acerca desse tema foi vista nesta edição do SBTA. Misturas mais racionais, possibilidade de diferentes combinações de ligantes, uso de polímeros e aditivos mais eficientes nos mostram o caminho. Resta estudar, desenvolver e colocar em prática”, conclui.
Entrevistado
Luiz Alberto Trevisol Jr. é engenheiro e gerente técnico da Hobimix.
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luiz.alberto@hobimix.com.br
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Região Sul é projetada como novo polo estratégico para investimentos na construção civil
A cidade de Curitiba foi o palco do Construa Sul, um evento inédito que reposicionou a Região Sul no mapa dos grandes investimentos nacionais e internacionais na construção civil. Realizado nos dias 12 e 13 de junho, o evento teve a presença dos três governadores da região e lideranças empresariais de todo o país, o encontro teve como foco responder à pergunta central: por que investir na Região Sul do Brasil?

Crédito: Envato
Para o presidente do Sinduscon-PR, Carlos Cade, o momento é estratégico. “O Construa Sul surge para consolidar a força da Região Sul como um polo de investimento, gerando as conexões e o conhecimento necessários para que a indústria da construção avance ainda mais no cenário regional e nacional”, afirma.
A Região Sul representa 17% do PIB nacional e tem demonstrado indicadores econômicos comparáveis aos de países em desenvolvimento acelerado. Só nos últimos 12 meses, a região movimentou R$ 82 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) no setor imobiliário, destacando-se especialmente em cidades do litoral catarinense e em polos urbanos como Curitiba e Porto Alegre.
Sinergia entre público e privado atrai investidores
Segundo Marcos Mauro Filho, vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) na Região Sul, o ambiente de negócios regional é resultado de décadas de planejamento conjunto entre sociedade civil, governos e setor privado. “Temos um crescimento econômico impulsionado por setores como agronegócio, indústria e turismo, além de uma demanda espontânea por habitação e infraestrutura, o que torna o Sul altamente atrativo para investidores”, explica.

Crédito: Divulgação/Sinduscon-PR
O evento contou com cases de sucesso dos três Estados: no Paraná, a Ademicon; em Santa Catarina, a Vokkan; e no Rio Grande do Sul, a Melnick. Cada uma dessas empresas representa um modelo de gestão inovador com foco em sustentabilidade, urbanismo inteligente e soluções habitacionais modernas.
Além disso, ocorreu uma plenária sobre Habitação de Interesse Social, com nomes como Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Lange, presidente da Cohapar, e Eduardo Fischer, CEO da MRV. “Queremos deixar um legado de integração regional mais forte, mostrando que desenvolvimento econômico e sustentabilidade caminham lado a lado, focados na qualidade de vida da população”, reforça Carlos Cade.
O Sul como vitrine da nova economia da construção
Com 470 mil empregos formais na construção civil, o Sul já é referência em mão de obra qualificada, inovação e responsabilidade social. O Paraná, anfitrião do evento, representa 6,1% do PIB nacional e abriga um setor da construção que responde por 4% do PIB estadual. “O Construa Sul foi palco para desvendar boas práticas de gestão pública que melhoram o ambiente de negócios e estimulam o desenvolvimento de novos projetos”, afirma Marcos Mauro Filho. Para os investidores, foi a chance de acessar um mapa concreto de oportunidades, dialogar com tomadores de decisão e compreender as políticas públicas que impulsionam o setor.
Além das palestras, debates e painéis técnicos, o evento celebrou também os 81 anos do Sinduscon-PR, uma das três maiores entidades do setor no país. “Celebrar esse marco com um evento dessa magnitude é motivo de orgulho. O Sinduscon-PR representa mais de 9 mil empresas em 135 municípios. É uma oportunidade de reafirmar nosso compromisso com a construção civil e com o bem-estar das famílias que dela dependem”, conclui Cade.
Entrevistados
Carlos Cade é presidente do Sinduscon-PR.
Marcos Mauro Filho é vice-presidente da CBIC na Região Sul.
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imprensa@sindusconpr.com.br (Assessoria de Imprensa)
cbic@cbic.org.br
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Ana Carvalho
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Concreto aparente tem sido usado como identidade visual de empreendimentos e traz versatilidade arquitetônica
Uma construção singular em Blumenau (SC) tem chamado atenção de quem circula pela cidade. Trata-se de um empreendimento residencial que resgata os princípios da arquitetura e presta homenagem ao arquiteto Hans Broos, conhecido por sua visão poética e sincera da construção civil.

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O edifício, com apenas sete unidades duplex, é muito mais do que um conjunto habitacional: é um manifesto em concreto, onde estética e estrutura se tornam uma só linguagem. “O projeto nasce como uma homenagem viva à obra do arquiteto Hans Broos, resgatando seus princípios fundamentais: a verdade construtiva, a integridade formal e o uso expressivo do concreto”, explica o engenheiro Ramon Oliveira, responsável pela obra e diretor da Castelo Engenharia.
Concreto como essência e poesia
O concreto aparente não foi usado como revestimento, mas como essência da construção. “Aqui, o concreto comunica o que sustenta, expõe suas imperfeições e narra o processo construtivo: ele é pele, esqueleto e narrativa”, destaca Ramon.
Além disso, o edifício traz como inovação a presença de um museu no último pavimento, dedicado à obra escrita de Hans Broos, com poesias e reflexões do arquiteto moldadas diretamente nos painéis estruturais.
Frases como “O caminho é mais importante que a pessoa” e “Alimentar os sonhos, as esperanças, significa incentivar o motor da vida do indivíduo e da sociedade” estão eternizadas no concreto, unindo moradia, arte e memória em um único espaço.
A engenharia por trás da beleza

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Para que essa concepção se tornasse realidade, foi essencial a expertise técnica da Concrebras, empresa fornecedora do concreto para a obra. Desde o início, a participação da Concrebras foi estratégica, atuando de forma personalizada para atender às exigências estéticas e estruturais do projeto.
Ao todo, foram fornecidos 940 m³ de concreto aparente. “O concreto precisava ter elevada fluidez para garantir o acabamento perfeito, mesmo com uma quantidade de água muito reduzida. Trabalhamos com uma relação água/cimento de 0,45, o que corresponde à classe de agressividade ambiental IV, de risco elevado, segundo a ABNT NBR 6118:2024”, explica Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
O traço utilizou aditivos de alta performance, sílica ativa e aditivo cristalizante, permitindo um acabamento impecável e ao mesmo tempo resistente às intempéries. Além disso, a estética foi garantida por um rigoroso controle de produção, limpeza dos balões e utilização do mesmo conjunto de caminhões betoneira para evitar contaminações e variações de cor ou textura.
Um novo olhar para o concreto
Além do desempenho técnico, o uso do concreto aparente se mostra uma tendência crescente no mercado da construção, especialmente nos estados de Santa Catarina e Paraná. “Muitos clientes têm buscado soluções que unam desempenho, economia e identidade visual. O concreto aparente atende tudo isso: reduz custos com acabamentos e permite uma arquitetura honesta e expressiva”, afirma Esteves.
Para Ramon Oliveira, o concreto dá alma ao projeto: “Ele permite valorizar o trabalho da mão de obra, revela a estrutura e conecta o edifício ao tempo, à natureza e à arte. Mais do que uma opção construtiva, é uma declaração de princípios”.
Com a parceria entre a Castelo Engenharia e a Concrebras, o empreendimento tornou-se não apenas uma moradia, mas um marco arquitetônico que une técnica, arte e memória, uma verdadeira referência de como o concreto aparente pode ser, ao mesmo tempo, estrutura e poesia.
Entrevistados
Ramon Oliveira é graduado em Engenharia Civil pela Fundação Universitária Regional de Blumenau (FURB), com 17 anos de experiência no setor da construção civil. À frente da Castelo Engenharia, empresa especializada em edificações residenciais e comerciais, Ramon tem atuado de forma destacada em projetos na cidade de Blumenau e no litoral catarinense.
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
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ramon@casteloeng.com.br
jair.esteves@concrebras.com.br
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Ana Carvalho
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Quais as consequências da tributação das Letras de Crédito Imobiliário?
Por meio de uma medida provisória (MP) divulgada nesta quarta-feira (11), o governo federal oficializou o encerramento da isenção do Imposto de Renda (IR) para aplicações em instrumentos como Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e debêntures incentivadas.
A medida provisória entra em vigor na data de sua publicação e terá validade por 120 dias, prazo no qual o Congresso Nacional precisa avaliar e deliberar sobre o conteúdo.
Com isso, as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) — atualmente isentas de Imposto de Renda — passarão a ter uma alíquota de 5%. A medida faz parte da estratégia do governo para elevar a arrecadação e conter o déficit fiscal, após recuar da tentativa de aumentar o IOF. O governo manteve a isenção de Imposto de Renda (IR) para os aportes realizados em Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e nos Fundos voltados às Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagro).
Diante deste cenário, algumas entidades do setor de construção civil têm se posicionado a respeito deste assunto. Em comunicado, a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP) destacou a importância das LCIs na sustentação do mercado de crédito imobiliário, especialmente em um cenário em que a caderneta de poupança – tradicional fonte de recurso do setor – vem apresentando retração nos volumes disponíveis.

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“Nesse contexto, as LCIs tornaram-se uma alternativa robusta e eficiente, contribuindo diretamente para mitigar os impactos no mix de taxas dos financiamentos e assegurar a continuidade da oferta de crédito imobiliário a taxas que viabilizem a aquisição da habitação. O fortalecimento do mercado imobiliário passa necessariamente por uma estrutura de funding estável, previsível e com condições atrativas, e a LCI tem cumprido com eficácia esse papel. Assim, qualquer mudança em sua estrutura de incentivos precisa considerar cuidadosamente seus impactos sobre o financiamento imobiliário e, por consequência, sobre a dinâmica de um setor que é chave para o desenvolvimento econômico e social do país e para o bem-estar das famílias”, informou a ABECIP.
Impactos no financiamento da casa própria
Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), a retirada da isenção do Imposto de Renda sobre as LCIs trará um impacto direto sobre o financiamento da casa própria. “Na prática, a medida aumenta em 0,5% o valor da taxa de financiamento SBPE, onerando ainda mais o valor da parcela. E isso acontece em um contexto de alta na Taxa Selic, em que as taxas de financiamento a pessoa física já se encontram em elevado patamar”, destacou a entidade.
A ABECIP reforça que a LCI não deve ser analisada unicamente sob a ótica do investimento financeiro. “Alterações que aumentem seu custo, como o eventual fim da isenção de Imposto de Renda, resultam na elevação do custo da moradia e podem comprometer o acesso à casa própria”, pondera a Associação.
A CBIC ainda destaca que é importante discutir a eficiência do gasto público e alternativas para reduzir despesas improdutivas. “Enfrentar esse desafio apenas pela via da arrecadação afeta diretamente o financiamento habitacional, a geração de empregos, a renda e toda a cadeia produtiva da construção civil. Além disso, hoje o setor já enfrenta sérias restrições de funding, seja pela desaceleração da poupança, seja pelas limitações do FGTS, fundamentais para viabilizar projetos habitacionais”, alerta o órgão.
Possíveis soluções
Para a CBIC, o ideal é focar na eficiência dos gastos públicos e na implementação de uma reforma administrativa ampla. Na opinião da entidade, sem essas mudanças, o peso do ajuste fiscal continuará sendo suportado pelo setor produtivo e, no fim das contas, pela população, que já arca com esse custo.
“A criação de um ambiente propício à redução dos juros e à retomada segura e acelerada dos investimentos depende diretamente do avanço das reformas estruturais. É momento de o país fazer uma reflexão profunda e unir todos os setores da sociedade em torno desse objetivo comum. No final, quem sente os impactos é o cidadão”, conclui.
Fontes
Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC)
Contatos
ABECIP - daniela.ferreira@abecip.org.br
CBIC - ascom@cbic.org.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Ultrarricos e o luxo sob medida: o que esse público espera de empreendimentos imobiliários
De acordo com o relatório The Wealth Report 2025, a população de ultrarricos deve crescer 28,1% até 2029, impulsionando mudanças no mercado imobiliário global. Exemplo disso são construtoras de alto luxo, que oferecem vivências em iates, showroom inspirado na realeza e projetos que unem acabamentos exclusivos, design, exclusividade e legado.

Crédito: Divulgação
Com o crescimento do público de altíssimo poder aquisitivo, construtoras de luxo têm apostado em experiências imersivas para diferenciar seus empreendimentos. No universo dos ultrarricos, adquirir um imóvel vai além da metragem ou da vista privilegiada. Trata-se de um símbolo de pertencimento a um estilo de vida exclusivo.
Ana Carolina Belloni, gestora de marketing da Gessele Empreendimentos, explica que o público ultra high net Worth é formado por investidores e compradores com patrimônio elevadíssimo e desejos cada vez mais refinados. “Esse cliente busca experiências únicas, personalização extrema e excelência em cada detalhe. Ele não quer apenas um apartamento; ele quer um estilo de vida elevado à máxima potência”, afirma.
Os imóveis voltados aos ultrarricos precisam incorporar cinco pilares fundamentais:
Exclusividade: unidades únicas e espaçosas, com privacidade total.
Personalização: liberdade para customizar acabamentos e layouts.
Design com assinatura: móveis e ambientações de grife, curadoria artística e estética refinada.
Conforto e tecnologia: piso aquecido, banheira de imersão, aspiração central, isolamento acústico, vidros laminados com proteção UVA/UVB e sistemas de automação.
Experiências e serviços: ambientes que remetem a hotéis 5 estrelas, spa, concierge, sky lounges e rooftops projetados para eventos de alto padrão.
A era da imersão sensorial
Outro elemento que ganha espaço entre as preferências dos ultrarricos são as experiências imersivas ligadas ao estilo de vida que o imóvel promete. Passeios em iates personalizados, showrooms com identidade olfativa, sonora e tátil, e visitas exclusivas com roteiros sensoriais são exemplos de como o luxo passa a ser sentido e não apenas visto.
A ideia é criar vínculos emocionais antes mesmo da aquisição. O imóvel precisa entregar não só valor patrimonial, mas uma narrativa aspiracional de vida, algo que transcende a ideia de “morar bem” para tocar em aspectos como pertencimento, legado e status global.
“Do aroma no ambiente ao som ambiente e à textura dos acabamentos, tudo é pensado para emocionar. Entregar luxo é, acima de tudo, criar conexões memoráveis com o cliente”, assinala.
Luxo que representa identidade
Entre os ultrarricos, adquirir um empreendimento é uma forma de reafirmar seu lugar no mundo. A propriedade funciona como extensão da personalidade: única, imponente e altamente curada. Isso significa que, cada vez mais, o imóvel precisa funcionar como um cartão de visitas silencioso, com história, requinte e uma estética que una tradição e modernidade.
Exemplo disso é o empreendimento Elizabeth II Royal Home, cujo concreto está sendo fornecido pela Concrebras. Inspirado no Palácio de Sandringham, a obra está localizada em Itapema (SC). Nas unidades de 261 m², o edifício oferece acabamento em mármore, piso aquecido, vidros duplos, isolamento acústico e automação total.

Crédito: Divulgação
Nesse cenário, a arquitetura inspirada em ícones da realeza ou elementos náuticos, por exemplo, têm conquistado esse público por evocarem um imaginário de sofisticação atemporal e liberdade. O empreendimento Charles II Yacht Home by OKEAN representa a união do universo náutico ao luxo verticalizado, tendo garagem náutica para 100 jetskis e rooftop com piscina panorâmica a 180°. “O cliente se sente em um resort exclusivo, com o privilégio da propriedade privada”, diz Ana Carolina.
Imóvel como símbolo de legado
Mais do que conforto ou segurança, o que está em jogo é a construção de um legado. Um empreendimento de altíssimo padrão precisa ser capaz de atravessar gerações mantendo seu valor, não apenas de mercado, mas simbólico.
Por isso, o futuro do mercado imobiliário de luxo passa pela capacidade de traduzir estilo de vida em espaços tangíveis, em imóveis que entreguem não apenas chaves, mas experiências, significado e distinção.
Entrevistada
Ana Carolina Belloni é graduada em Publicidade pela PUC-SP, pós-graduada em Administração de Empresas pela FGV, acumula mais de 18 anos de experiência na área, com atuação estratégica em construção de marca, posicionamento e comunicação voltada ao mercado de luxo. Atualmente, é gestora de marketing da Gessele Empreendimentos.
Contato: gerencia.mkt@gesseleempreendimentos.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Construsummit 2025 destaca o uso de inteligência artificial
Nos dias 4 e 5 de junho, aconteceu em Florianópolis (SC) o Construsummit 2025, evento de gestão e tecnologia da Indústria da Construção e do Mercado Imobiliário.
O evento reuniu gestores do setor para compartilhar conhecimentos, explorar tendências e impulsionar suas carreiras e negócios.
Inteligência artificial e automação na construção civil
Um dos temas que mais esteve presente no evento foi a aplicação da inteligência artificial na construção civil.
De acordo com Guilherme Quandt, diretor de Estratégia e Mercado do Ecossistema Sienge, esta tecnologia impacta tanto na gestão e no atendimento aos clientes quanto nas decisões da gestão das empresas. “Dentro das organizações, a IA auxilia na automação de processos. Como consequência, isso aumenta a produtividade já que alguns processos que eram manuais se tornam automáticos. A inteligência artificial também é capaz de compilar uma grande quantidade de dados que auxiliam nas decisões estratégicas”, explica Quandt.
Para Cristiano Gregorius, diretor executivo do Ecossistema Sienge, diante dos desafios atuais da indústria da construção, a inteligência artificial deixou de ser uma vantagem competitiva e se tornou um fator essencial para a sobrevivência e o crescimento das empresas do setor.
Um exemplo disso é com relação à escassez de mão de obra na construção civil. Roberta Chicoli, diretora da divisão de Projetos e Obras da Construmarket, destacou como um dos maiores desafios do setor a falta e a dependência de profissionais qualificados. Ela apontou que a adoção de processos automatizados surge como uma alternativa estratégica para enfrentar essa dificuldade, proporcionando maior padronização, rapidez na execução e qualidade superior nos resultados, ao mesmo tempo em que diminui a vulnerabilidade da indústria diante da escassez de especialistas.
Desafios do financiamento para a construção civil
Outro tema debatido durante o evento foi o financiamento para a construção civil. De acordo com Quandt, o grande desafio é que ele é caro e enfrenta pouca oferta no mercado financeiro formal em função da alta dos juros da Selic, atualmente em 14,75% ao ano. Ele cita também a reforma tributária que é um desafio ao setor, mas indica que vai colaborar para uma maior produtividade.

Crédito: Sienge
Durante o evento, foi apresentado o Grua Report – Funding Imobiliário: a bússola do financiamento para pequenas e médias incorporadoras em tempos de escassez de recursos tradicionais.
De acordo com o relatório, “a taxa Selic em patamar elevado reduz a atratividade da poupança e, com menor disponibilidade de recursos, os bancos têm dado preferência a contratos de aquisição de imóveis, que lhes garantem relacionamento com clientes por até 35 anos. Sem a estrutura e as garantias das incorporadoras de porte super grande, pequenos e médios empresários precisam buscar alternativas, como LCIs, CRIs e outras modalidades de crédito. O problema é que estas linhas são mais caras e pressionam as margens de lucro”.
Como solução, o Grua Report aponta que as fontes de funding que trouxeram o mercado imobiliário até aqui não serão as mesmas que nos levarão adiante. “O aumento no custo do crédito, ainda mais em tempos de Selic elevada, é um convite às incorporadoras para lançarem um novo olhar sobre suas próprias estratégias de financiamento. É preciso um foco bastante acertado na viabilidade e na eficiência operacional dos empreendimentos, com a consciência de que os custos de mão de obra e de materiais sofrem pressões constantes. É preciso, ainda, atentar para as oportunidades, como as fintechs que oferecem soluções de crédito baseadas não no histórico da incorporadora junto a instituições financeiras, mas a partir da viabilidade do empreendimento em questão”, recomenda o relatório.
Fontes
Guilherme Quandt é diretor de Estratégia e Mercado do Ecossistema Sienge.
Cristiano Gregorius é diretor executivo do Ecossistema Sienge.
Roberta Chicoli é diretora da Divisão de Projetos e Obras da Construmarket.
Contato: softplan@vcrp.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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