FGTS muda regras, mas preserva construção civil

Crédito: Agência Brasil
O governo federal anunciou dia 24 de julho de 2019 mudanças nas regras do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Para aquecer a economia, autorizou saque imediato de até R$ 500 e, a partir de 2020, será adotado o saque-aniversário (modalidade que permitirá ao trabalhador fazer retiradas escalonadas anualmente). Havia uma proposta mais ousada, que autorizava o saque de 35% do valor depositado, mas por causa do impacto que causaria na construção civil houve recuo do governo. Assim, o setor foi momentaneamente preservado das mudanças nas regras do FGTS. Para que as novas regras passem a valer precisam que a medida provisória seja aprovada pelo Congresso Nacional.
Os recursos do fundo subsidiam a construção civil. Financiam o Minha Casa Minha Vida, além de obras de saneamento e de infraestrutura, com juros menores do que os praticados pelo mercado. Por isso, as medidas anunciadas pelo governo federal geram expectativa no setor. “A gente precisa ver como isso vai acontecer para que, ao longo do tempo, não tenha falta de recursos ou algo desse tipo”, diz o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) foi mais veemente. Mostrou que para cada 100 mil reais sacados do FGTS, uma moradia popular deixa de ser construída.
Com as medidas anunciadas, o governo federal espera que 40 bilhões de reais sejam sacados do fundo até o fim de 2020 – seriam 28 bilhões em 2019 e 12 bilhões no ano que vem. A expectativa é de que esse volume de recursos gere crescimento adicional de 0,35 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB). Pelos números mostrados pela ABRAINC, pelo menos 400 mil novas unidades deixariam de ser construídas com recursos do FGTS. Mas o secretário de Fazenda do ministério da Economia, Waldery Rodrigues, procura tranquilizar o setor. “Preservaremos na íntegra a capacidade de financiamento para a construção civil. A diretriz é uma melhoria de acesso aos recursos do trabalhador, sem afetar o setor”, assegura.
O presidente da CBIC acredita que o governo manterá a palavra. “A veemência com que o presidente (Jair Bolsonaro), ministros, secretários e presidentes de bancos estatais garantem que não haverá efeitos na construção nos tranquiliza em relação aos contratos que temos assinados e que têm desembolsos futuros”, afirma. Às vésperas do anúncio das novas regras, as empresas do setor imobiliário que têm oferta pública na Bolsa viram suas ações despencar. Porém, relatório do Credit Suisse divulgado na mesma ocasião mostra que empresas envolvidas com a construção e a gestão de shopping centers e galpões logísticos comemoram o anúncio, na expectativa de que a injeção gerada pelo FGTS reaqueça a economia e permita que os dois setores desengavetem novos projetos.
Entenda as novas regras para o FGTS
Saque de R$ 500 por conta (contas ativas e inativas)
- Saques serão liberados de setembro deste ano a março de 2020. A Caixa Econômica Federal divulgará um calendário de saque
Saque-aniversário (uma vez por ano a partir de 2020)
- De livre adesão do trabalhador
- Quem migrar para saques anuais não terá direito a retirar o total da conta em caso de demissão sem justa causa
- Trabalhador pode voltar para modalidade anterior, sem saque anual e com direito a rescisão integral em demissão sem justa causa, mas terá de esperar dois anos depois da primeira mudança, contados a partir da data do pedido à instituição financeira
- Retiradas em 2020 ocorrerão em abril (para quem nasceu em janeiro e fevereiro), maio (para quem nasceu em março e abril) e junho (para quem nasceu em maio e junho). Para nascidos de julho a dezembro, o saque em 2020 ocorrerá a partir do mês de aniversário até o último dia útil dos dois meses seguintes.
- A partir de 2021, todos os saques ocorrerão no mês de aniversário ou nos dois meses seguintes.
- O valor do saque anual será equivalente a um percentual do saldo da conta, para todas as faixas, mais um valor fixo para contas a partir de R$ 500,01.
Entrevistado
Caixa Econômica Federal, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) (via assessoria de imprensa)
Contatos
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Acordo Mercosul-União Europeia engloba construção civil

Crédito: Banco de Imagens
Qual o impacto do acordo comercial assinado dia 28 de junho de 2019 entre o Mercosul e a União Europeia (UE) para a construção civil brasileira? Em um dos trechos do documento, relacionado a serviços, fica claro que empresas sul-americanas do setor de material da construção, da engenharia civil e da arquitetura poderão tanto vender seus produtos e serviços para os países europeus quanto os europeus também poderão vir concorrer com seus produtos e serviços, desde que seja respeitada a legislação vigente em cada país.
O secretário-especial de comércio exterior e assuntos internacionais do ministério da Economia, Marcos Troyjo, explica como isso vai se dar. “Um dos principais capitais humanos que o Brasil tem são seus engenheiros. Natural que a construção e as consultorias vislumbrem uma grande oportunidade com o acordo. Tenho certeza de que todo o setor de serviços, de obras públicas, de construção e de consultoria vai passar por uma expansão de oportunidades com essa nova moldura negocial, seja nos países do Mercosul seja na União Europeia. Inclusive, com a possibilidade de empresas europeias virem a participar de licitações públicas”, diz.
Ao firmarem o acordo, os sócios do Mercosul e da União Europeia apresentaram listas nacionais de compromissos de acesso a cada um dos mercados. Na relação, cada parte estabelece em quais atividades econômicas e em quais condições podem atuar as empresas, investidores e prestadores de serviços da outra parte. O Brasil excluiu desses compromissos setores mais sensíveis e estratégicos para o país, como defesa, saúde, educação, mineração e extração de petróleo. Por outro lado, autoriza a abertura para segmentos que abrangem telecomunicações, serviços financeiros, construção civil, engenharia, arquitetura, publicidade, serviços de distribuição, comércio varejista, consultoria e serviços de informática.
Aproximação de blocos econômicos vai qualificar as licitações e as obras públicas no Brasil
Outra aposta é que o acordo Mercosul-União Europeia qualifique as licitações e as obras públicas no país, haja vista que as empresas europeias ligadas à construção civil são muito consolidadas no mercado externo e possuem regras de compliance rigorosas. Por outro lado, empreiteiras e construtoras brasileiras terão acesso ao mercado de licitações da UE, que é estimado em 1,6 trilhão de dólares (quase 6,5 trilhões de reais).
O acordo deve levar até 15 anos para a sua implantação total. No entanto, o secretário de comércio exterior do ministério da Economia, Lucas Ferraz, estima que as primeiras negociações comecem a acontecer até o fim de 2020. O Mercosul engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, enquanto a União Europeia inclui Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia. O Reino Unido está se desvinculando, através do Brexit (abreviação de Britain Exit), mas o bloco negocia a inclusão de Macedônia do Norte, Croácia e Turquia.
Entrevistado
Ministério das Relações Exteriores (via assessoria de imprensa)
Contato: imprensa@itamaraty.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Norma de Desempenho: veja o que muda com a revisão

Crédito: Banco de Imagens
A nova edição da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho de Edificações) ainda não tem data para ser publicada, mas recentemente o coordenador da comissão especial de revisão, o engenheiro civil Fábio Villas Bôas, expôs os principais pontos que serão ajustados. Não haverá alterações drásticas nas 6 partes que compõem a norma, e sim uma adequação de pontos que geram dificuldades de interpretação ou que precisam ser atualizados para ficar compatíveis com outras normas técnicas que já foram revisadas. “Apesar do mercado estar mais maduro que na época do lançamento da Norma de Desempenho, em 2013, não é o momento de alterar critérios quantitativos da norma”, afirma Fábio Villas Bôas.
O coordenador participou de uma live via Facebook, no dia 25 de julho, e destacou que a revisão da ABNT NBR 15575 não busca gerar conflitos. “O Brasil é um país com dimensões continentais, com vários microclimas e características urbanas. São mais de 5 mil municípios, dos quais muitos possuem seus próprios planos diretores e códigos de edificações, e que precisam ser respeitados. Então, a ideia é adaptar ao máximo a norma a essas realidades”, diz. Apesar de todas as 6 partes da norma técnica estarem sob revisão, o foco da comissão (ABNT/ CE-002:136.001 [https://www.cimentoitambe.com.br/revisao-da-norma-de-desempenho-vai-criar-novas-normas/]) está concentrado em 4 pontos: acústica, lumínica, térmica e durabilidade. A Norma de Desempenho está em revisão desde 14 de setembro de 2018.
Revisão da Norma de Desempenho dará um passo adiante e vai abordar a segurança contra incêndio
Na parte que trata do desempenho térmico, as principais alterações propostas envolvem a harmonização com a ABNT NBR 15220 - parte 3 (Transmitância Térmica e Capacidade Térmica) e alinhamento com o Programa Brasileiro de Eficiência Energética (PROCEL). Quanto ao desempenho lumínico, os pontos que envolvem adequações abrangem a revisão geral sobre a conceituação, requisitos e critérios de iluminação natural e a definição clara dos pontos de medição em ambientes compostos. Com relação à acústica, a comissão busca melhor definição do enquadramento nas zonas de ruído e proporá a eliminação das medições de campo, exceto quando existirem evidentes problemas de execução.
Quando foi criada, a Norma de Desempenho tinha como prioridade melhorar o desempenho termoacústico das edificações. Nesta revisão, ela dará um passo adiante e também vai abordar a segurança contra incêndio. O objetivo é adequá-la às normas técnicas ABNT NBR 16626 (Classificação da reação ao fogo de produtos de construção), ABNT NBR 9077 (Saídas de Emergência) e ABNT NBR 5628 (Método de ensaio de resistência ao fogo) e também às instruções técnicas do Corpo de Bombeiros. O coordenador Fábio Villas Bôas revela que um dos alvos será as varandas de apartamentos, geralmente transformadas em salas fechadas por seus proprietários, contrariando recomendações e o projeto original.
Veja o escopo da revisão da Norma de Desempenho, clique aqui.
Acesse o link e assista à palestra do coordenador da revisão da Norma de Desempenho
https://www.facebook.com/cbicbrasil/videos/722417101525485/
Entrevistado
Reportagem com base em palestra do engenheiro civil Fábio Villas Bôas, coordenador da comissão especial de revisão da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho de Edificações)
Contato: villasboas@Tecnisa.com.br
Semestre mantém viés de alta para material de construção

Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Números do primeiro semestre apontam que a venda de material de construção manterá o viés de alta para o segundo semestre de 2019. A iminente aprovação da reforma previdenciária, somada a uma agenda econômica favorável ao mercado, mostra potencial para injetar otimismo no setor. As vendas de cimento, por exemplo, registraram de janeiro a junho um total de 25,8 milhões de toneladas, com crescimento de 1,5% em relação ao mesmo período de 2018.
Segundo Paulo Camillo, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), os primeiros seis meses de 2019 estiveram alinhados com as projeções do começo do ano. “Essa expansão de 1,5% no primeiro semestre era esperada pela nossa previsão. A expectativa para o segundo semestre é de um crescimento bem mais robusto”, revela. Se esse ritmo se mantiver, o SNIC estima que o ano fechará com crescimento de 3%. Caso se confirme, será a primeira alta anual após 4 anos consecutivos de retração.
O presidente do SNIC confirma que o aumento no consumo de cimento se deve ao mercado imobiliário. “O número de lançamentos imobiliários permanece numa trajetória de alta. O que também se percebe é uma maior participação dos consumidores industriais, ou seja, da construção formal nas vendas de cimento. Nesse sentido, setores como o de concreto e de artefatos a base de cimento voltaram a ganhar participação nas vendas”, afirma. O dirigente, porém, faz uma ressalva: “As empresas de cimento continuam sofrendo com as constantes pressões nos seus custos, como aumentos nos preços dos insumos, combustíveis e energia elétrica.”
ABRAMAT revisa crescimento, mas confia na melhoria do ambiente econômico
A ABRAMAT também prevê crescimento, mas revisou de 2% para 1,5% a estimativa para 2019. “Esse ajuste de meio ponto percentual para baixo se justifica frente ao resultado do PIB no primeiro trimestre e pelo ritmo de retomada da economia mais lento que o esperado”, justifica o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, Rodrigo Navarro, que segue confiando na melhoria do ambiente econômico no segundo semestre. “Percebe-se uma progressiva elevação no nível de emprego, acompanhada de medidas de estímulo à demanda, o que reforça a confiança”, diz.
Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PIB da Construção deverá crescer 0,5% em 2019. Segundo Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre-FGV), a previsão é atribuída, entre outros aspectos, à queda de atividade das obras de infraestrutura. Quanto aos empreendimentos imobiliários, a especialista alerta para a necessidade de acompanhar com atenção as mudanças que o governo federal pretende introduzir no programa Minha Casa Minha Vida, que responde por 67,5% das vendas do mercado, conforme os Indicadores ABRAINC-Fipe.
Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) vê um cenário de estabilidade. No acumulado dos últimos 12 meses, as vendas avançaram 0,4%, com destaque para os primeiros quatro meses de 2019, quando houve alta de 11,4% (descontados os distratos). Os lançamentos também apresentaram crescimento, com 20.652 novas unidades em todo o país. Já o estoque nacional fechou o semestre com cerca de 120 mil imóveis.
Entrevistados
Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT), Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) (via assessoria de imprensa)
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Mercado imobiliário: 10 mudanças inevitáveis até 2025

Crédito: ADEMI-PR
Em palestra durante roadshow realizado recentemente pela ADEMI-PR, o estatístico Marcus Araújo, da Datastore, elenca 10 mudanças inevitáveis pelas quais o mercado imobiliário brasileiro irá passar até 2025. As mais significativas, e que segundo o especialista estão em processo de extinção, são as seguintes: fim dos condomínios-clube, fim dos apartamentos com 4 quartos e fim das altas taxas de condomínio. “O consumidor não quer mais pagar por encargos, mas por bons serviços. Quanto mais o condomínio estiver dentro do aplicativo, melhor”, afirma.
Se há modelos em extinção, outros estão chegando para ficar. Entre eles, a varanda gourmet, as plantas projetadas para solteiros convictos e os condomínios pet friendly, ou seja, prédios que não só aceitam animais de estimação como têm uma área exclusiva para eles. A razão é estatística: segundo o IBGE, 75% dos lares brasileiros possuem animais de estimação. “Quem constrói na medida certa para o consumidor a ser conquistado consegue preços mais competitivos”, avalia Marcus Araújo, que acrescenta: “Os empreendimentos, cada vez mais, vão buscar nichos. Isso irá dos prédios habitacionais aos hotéis.”

Crédito: Banco de Imagens
Para o presidente da Datastore, a forma de construir também sofrerá adequações com as mudanças que o mercado impõe. “São cada vez mais raros os terrenos com grandes dimensões. A tendência é que, a partir de 2025, os espaços para construir fiquem até 50% menores do que conhecemos atualmente. Isso vai exigir projetos inovadores e compactos da engenharia e da arquitetura”, ressalta. O estatístico destaca ainda que a Internet das Coisas, os novos modelos de mobilidade urbana e a sustentabilidade também terão destaque nos projetos. “Portarias que usam QR Code, prédios com sistemas de energia fotovoltaica e alças de embarque para carros de aplicativo são realidade em alguns edifícios e vão se popularizar”, completa.
Frequentemente requisitado para realizar pesquisas de tendência para o setor imobiliário, Marcus Araújo avalia que a adaptação às mudanças em curso vai criar uma “seleção natural” e apontar quem sobreviverá na cadeia de desenvolvimento de produtos imobiliários, incluindo incorporadoras, construtoras e imobiliárias. “O mercado, tradicionalmente, costuma redefinir marcas em períodos de 6 anos a 8 anos. Até 2025, vai sobreviver quem se adaptar às novas tendências”, diz. Para o estatístico, os desafios serão cada vez maiores para o setor. “Entre o período em que é formado até a entrega das chaves, um produto imobiliário leva, no mínimo, 5 anos. É tempo demais para a velocidade das mudanças comportamentais”, reforça.
Marcus Araújo salienta que as incorporadoras e as construtoras não podem mais pensar em um produto sem antes ter pesquisas bem consolidadas em mãos. “É necessário prever o movimento do mercado, usando ferramentas eficazes que antecipem o desejo do cliente. Como projetar um empreendimento em 2019, pensando em 2025? Isso se faz acompanhando as mudanças de comportamento. Um imóvel não fica imune a essas mudanças”, aconselha.
Entrevistado
Reportagem com base em palestra do estatístico Marcus Araújo, presidente da Datastore, em roadshow da ADEMI-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná), em 2 de abril de 2019
Contato: ademipr@ademipr.com.br
Norma de acústica se adéqua à Norma de Desempenho
Publicada em 31 de maio de 2019, a nova edição da ABNT NBR 10151:2019 (Acústica - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas - Aplicação de uso geral) agora está adequada à parte 4 da ABNT NBR 15575 (Edificações habitacionais - Desempenho Parte 4: Sistemas de vedações verticais internas e externas). Atualizada, a norma técnica define tabelas dos níveis de ruídos diurnos e noturnos permitidos em diferentes tipos de áreas possíveis de existir em uma cidade.
Em suas 24 páginas, a nova versão da ABNT NBR 10151:2019 estabelece os procedimentos técnicos a serem adotados na execução de medição de níveis de pressão sonora em ambientes internos e externos das edificações.
Entre eles, estão:
- Procedimento para medição e avaliação de níveis de pressão sonora em ambientes externos às edificações, em áreas destinadas à ocupação humana, em função da finalidade de uso e ocupação do solo
- Procedimento para medição e avaliação de níveis de pressão sonora em ambientes internos às edificações provenientes de transmissão sonora aérea ou de vibração da edificação, ou ambos
- Procedimento para avaliação de som total, específico e residual
- Procedimento para avaliação de som tonal, impulsivo, intermitente e contínuo
- Procedimento para limites de níveis de pressão sonora para ambientes externos às edificações, em áreas destinadas à ocupação humana, em função da finalidade de uso e ocupação do solo e requisitos para avaliação em ambientes internos.
A nova versão da ABNT NBR 10151:2019 também qualifica os níveis de ruídos diurnos e noturnos permitidos em diferentes tipos de áreas possíveis de existir em uma cidade, como as estritamente residenciais, as hospitalares, as escolares, as mistas com vocação comercial, as mistas com vocação recreacional e as predominantemente industriais. Além disso, a revisão introduziu mais 20 páginas ao texto original, com novidades como diferentes descritores de medição e detalhamento dos métodos de ensaio.
Texto revisado sugere norma específica para fiscalizar níveis sonoros nos canteiros de obras
Outra novidade é que o texto revisado abre a possibilidade de criação de uma norma específica para a fiscalização dos níveis sonoros produzidos nos canteiros de obras. Para a especialista em engenharia acústica, Fabiana Curado, a questão é extremamente relevante para o setor que desenvolve atividade itinerante e temporária em diferentes cidades. “A elaboração de uma norma direcionada à atividade de construção permitirá a discussão sobre as especificidades desse setor da indústria”, diz a arquiteta, em artigo que analisa a atualização da norma.
A revisão ficou a cargo da Comissão de Estudo de Desempenho Acústico de Edificações, que atua no âmbito do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002). Além de se adequar à Norma de Desempenho, a ABNT NBR 10151 foi revista para harmonizar procedimentos técnicos, tais como medições acústicas em ambientes externos e internos das edificações, avaliações do impacto de eventos em áreas habitadas e apoio ao poder público no processo de gestão e fiscalização de poluição sonora.
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Entrevistado
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica) (via assessoria de imprensa)
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Pesquisa usa vidro reciclado como agregado do concreto

Crédito: Deakin School of Engineering
Pesquisadores da Deakin School of Engineering, na Austrália, conseguiram fazer o processo inverso da fabricação de vidro e transformar o material novamente em areia. Com a reciclagem, a equipe de cientistas passou a testar areia de vidro na produção de concreto polimérico para pisos industriais. "Descobrimos que substituir a areia por vidro reciclado fortalece o concreto polimérico, além de dar mais resistência e melhor acabamento aos pisos industriais”, diz o professor-sênior Riyadh Al-Ameri, que coordena a pesquisa.
Para Al-Ameri, há uma importante questão ambiental e econômica na descoberta. "O concreto é um material de construção importante e a areia é um de seus principais componentes. Portanto, encontrar uma alternativa à areia faz sentido econômico. Além disso, descobrimos que substituir a areia por vidro reciclado dá um destino correto a um dos produtos que têm grande fluxo entre os resíduos domésticos. Trata-se também de importante contribuição à sustentabilidade”, completa.
A próxima etapa do estudo é impulsionar a substituição da areia convencional pela areia de vidro na produção de concreto polimérico, e viabilizá-la economicamente. "Qualquer mudança que reduza o custo de produção levará a ganhos significativos para a indústria, potencialmente em escala global", reforça Riyadh Al-Ameri, que chama a atenção para as políticas ambientais que tornam cada vez mais restritiva a extração de areia. "A escassez de jazidas de areia já é uma realidade em alguns países. Isso reforça o apelo de nossa pesquisa.”
Outro componente que começa a inviabilizar o uso de areia natural é o frete. Com os areais cada vez mais afastados dos locais das obras, o transporte chega a ter um custo maior que o do próprio material. Atualmente, a alternativa mais viável para a construção civil é o uso de areia de brita, que aproveita parte do material de descarte das minerações. Porém, ela é vista com restrições para a produção de concreto polimérico.
Testes mostram que a areia de vidro realça as propriedades do concreto polimérico
Os testes na Deakin School of Engineering mostram que o uso da areia a partir da reciclagem do vidro realça as propriedades do concreto modificado com polímero, que são:
– Elevada aderência nos pontos de ligamento entre um concreto pré-existente e um concreto novo, nos casos de recuperação estrutural
– Resistência química e à abrasão (tráfego de pedestres)
– Resistência à flexão e tração
– Permeabilidade e módulo de elasticidade reduzido
– Excelente propriedade dielétrica
– Baixa porosidade e absorção de água
– Resistência a gelo/degelo
Por isso, o concreto polimérico é recomendado para áreas com tráfego intenso, como estações de trem, de metrô, rodoviárias e aeroportos. No Brasil, o produto ainda é pouco utilizado. Por duas razões: o número reduzido de pesquisas sobre o material e o custo das resinas usadas na mistura. No entanto, na Ásia, o concreto polimérico está presente em usinas nucleares, obras marítimas, tanques industriais e sistemas de abastecimento de água. A resistência, a durabilidade e a ductilidade têm levado ao crescimento do concreto polimérico em obras de infraestrutura.
Entrevistado
Reportagem com base em publicação da pesquisa desenvolvida na Deakin School of Engineering
Contato: hos-eng@deakin.edu.au
Infraestrutura deixa de liderar atividade da construção civil

Crédito: Agência IBGE Notícias
As obras de infraestrutura não lideram mais as atividades da construção civil no Brasil, segundo a mais recente edição da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados de 2017. A infraestrutura responde por 32,2% no levantamento. Quem se destaca são as construções de edifícios, que agora representam 45,8% das atividades do setor.
A participação das obras de infraestrutura no volume de atividades da construção civil caiu de 47,4% para 32,2%, entre 2008 e 2017, enquanto as construções com foco em edifícios aumentaram de 37,2% para 45,8% no mesmo período. Já os serviços especializados da construção civil aumentaram de 15,4% para 22% em 10 anos. Os três setores que formam a indústria da construção geraram 280 bilhões de reais em 2017.
Desse montante, R$ 128,1 bilhões foram movimentados pela construção de edifícios. A infraestrutura respondeu por R$ 90,3 bilhões e outros serviços por R$ 61,6 bilhões. O segmento de obras de infraestrutura também deixou de ser o maior empregador do setor. De acordo com a mais recente PAIC, a construção civil empregava 1,91 milhão de pessoas em 2017, com 126,3 mil empresas ativas. Dos trabalhadores empregados, 37,1% atuavam na construção de edifícios, 35% em serviços especializados e 27,9% na infraestrutura.
Entre 2008 e 2017, a média de pessoas ocupadas nas empresas da construção civil caiu de 32 para 15 pessoas. Já o salário médio mensal passou de 2,7 para 2,3 salários mínimos. Todos os segmentos tiveram queda na média de ocupações. Porém, o segmento que mais perdeu participação no período foi o de obras de infraestrutura. A média de 93 pessoas por empresa caiu para 42, com a média salarial indo de 3,5 salários mínimos para 2,9.
Em função da queda no volume de obras de infraestrutura, a PAIC constatou que o setor público deixou de ser o principal cliente da construção civil. O volume de obras públicas contratadas passou de 42,7% para 31,7%. O setor público também passou a demandar menos construções de edifícios (recuou de 27,2% para 20,7%) e de serviços especializados em construção (diminuição de 23,4% para 21,7%). Como nos demais índices, o período de comparação vai de 2008 a 2017.
Cresce participação da região sul na indústria da construção civil
A PAIC também avaliou o desempenho da construção civil por regiões. Enquanto o sudeste perdeu participação, o sul apresentou os maiores ganhos. No volume de incorporação, obras e serviços de construção, a participação do sudeste passou de 55,5% para 49,8%. A região norte também perdeu participação (de 7,9% para 5,6%), enquanto o sul cresceu de 12,1% para 17,1% e o nordeste de 15,8% para 18,9%. Já a região centro-oeste manteve sua participação estável em 8,7%.
O volume de pessoas ocupadas por região segue o ritmo de incorporações, obras e serviços. Entre 2008 e 2017, houve redução da participação do sudeste (de 51,7% para 48,8%) e do norte (de 6,7% para 5,6%) na quantidade de empregos, enquanto o nordeste cresceu de 19,9% para 21,2% e o sul de 13,5% para 16,3%. A região centro-oeste manteve estável sua participação no número de trabalhadores atuando na construção civil, com 8,1%.
Entrevistado
Reportagem com base nos números da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Contato: comunica@ibge.gov.br
Mão de obra no canteiro de obras: menos pode ser mais

A estratégia é seguida por construtoras que tratam seus profissionais como investimento, ou seja, oferecem treinamento, ferramentas e materiais adequados. Empresas com esse perfil minimizaram o mito de que mão de obra especializada encarece a construção. Elas aprenderam que o custo se dilui em outros processos ao longo da execução da obra.
A produtividade eficaz reduz o risco de imprevistos, os quais geram retrabalho e desperdício. O tema é recorrente em congressos e seminários da construção civil, como o 1º Congresso Nacional da Produtividade na Construção Civil, onde (https://www.cimentoitambe.com.br/obra-sem-problemas-passa-por-recrutamento-correto/) foi dado o seguinte alerta: “Não é recomendável contratar observando apenas a redução de custos com a mão de obra. Também é importante não contratar em excesso. Existem ferramentas e empresas para fazer esse dimensionamento corretamente.”
Tudo passa pelo gerenciamento da obra. Quando a incorporadora e a construtora não se sentem seguras para fazer esse tipo de gestão, o recomendável é contratar empresas especializadas. Algumas chegam a garantir em contrato que conseguem reduzir o custo da obra entre 5% e 10%.
Mestres de obra qualificados influenciam positivamente na contratação da mão de obra
O gerenciamento abrange as seguintes gestões: projeto, compra e fornecimento de materiais, segurança no canteiro de obras, logística e supervisão da mão de obra. No que tange à aquisição de profissionais para a construção, mestres de obra (https://www.cimentoitambe.com.br/mestre-de-obras/) qualificados e com experiência podem dar uma excelente contribuição no momento da contratação. Com conhecimento necessário para avaliar o desempenho das equipes, eles são os mais indicados para ajudar no preenchimento das vagas.
No que se refere à escolha de mão de obra para a construção civil, toda a ajuda é possível. Pesquisa da multinacional de recrutamento ManpowerGroup mostra que o setor tem uma das mais altas taxas de escassez de qualificação no Brasil. Segundo os dados apurados, 63% dos que trabalham em canteiros de obra são pouco especializados. O percentual representa quase o dobro da média mundial (36%).
A pesquisa também confirma dados de outros levantamentos: que trabalhadores da construção civil brasileira levam um dia para produzir o equivalente ao que um operário norte-americano faz em 5 horas; um alemão, em 6 horas, e um chinês em 8 horas. Estudo recentemente desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (https://www.cimentoitambe.com.br/veja-o-que-leva-a-baixa-produtividade-na-construcao-civil/) vai ao encontro dessa tese. Ele constatou que, além das correções estruturais necessárias para aumentar a produtividade, o Brasil precisa trilhar dois caminhos: melhorar a educação em todos os níveis (inclusive técnico) e investir na modernização do capital físico (máquinas e equipamentos das empresas).
Entrevistado
Reportagem com base na pesquisa “Escassez de Talentos”, da multinacional de recrutamento ManpowerGroup
Contato: enquiry@manpowergroup.com
Tecnologia 3D chega às pavimentadoras de concreto

Crédito: Banco de Imagens
As pavimentadoras de concreto são as que mais têm absorvido tecnologias associadas à indústria 4.0 (robótica) e à impressão 3D em concreto. Além de um pavimento de melhor qualidade, os equipamentos perseguem também a redução de custo por hora de operação, eliminando etapas que antes obrigavam o emprego de mão de obra. Pavimentadoras mais compactas e que facilitam o transporte também já são realidade no mercado internacional.
A versatilidade das máquinas da nova geração também impressiona. Algumas conseguem monitorar o processo de cura do concreto e controlar a qualidade da textura do pavimento, para que o tráfego seja mais confortável aos veículos. Outro avanço no segmento é observado nas pavimentadoras de calçadas. “Os equipamentos realmente estão conseguindo fazer com que o pavimento em concreto se torne um competidor capaz de enfrentar a cultura do asfalto, e vencê-la”, diz Mark Snyder, presidente da International Society for Concrete Pavements (Sociedade Internacional do Pavimento de Concreto).
Os projetistas das novas pavimentadoras que chegam ao mercado se inspiram no filme “Transformers”. São máquinas que, quando em operação, podem ganhar um aumento de até 7 metros a mais que seu dimensionamento original. Isso permite que elas pavimentem rodovias que vão de 4 metros a 18 metros de largura. Porém, quando rebatidas para serem transportadas, as pavimentadoras ganham dimensões bem menores: 10,5 m de comprimento, 3,5 m de largura e 3,1 m de altura.
Apesar das indústrias norte-americanas e europeias dominarem o setor de pavimentadoras de concreto, com marcas como GOMACO, Guntert & Zimmerman, Power Curbers, Terex e a alemã Wirtgen, a Cingapura entrou na concorrência com a marca TRXBuild e apresentou uma inovação na recente edição da bauma China - feira de equipamentos para a construção civil. Trata-se de máquina exclusiva para pontes e viadutos, capaz de pavimentar lajes de 3,4 metros a 6 metros de largura, com a espessura podendo chegar a 350 milímetros.
Estados Unidos e Ásia são os maiores mercados para as pavimentadoras de concreto
Atualmente, Estados Unidos e Ásia são os maiores mercados para a venda de pavimentadoras de concreto. CEOs de algumas das principais fabricantes confirmam que as duas regiões estimulam a busca de novas tecnologias. "Temos visto muita atividade na Ásia, bem como a demanda doméstica nos Estados Unidos. Isso acelera a competitividade e a busca por melhores tecnologias”, diz Stephen Bullock, da Power Curbers. "Se 2018 foi um ano muito bom para todos os fabricantes, o primeiro semestre de 2019 manteve o ritmo. O maior impulso vem da economia da América do Norte, seguida da Ásia”, reforça Kevin Klein, vice-presidente de engenharia, pesquisa e desenvolvimento da GOMACO.
Para os fabricantes, os empreiteiros também têm buscado a compra de máquinas novas para reduzir seus custos. Nos Estados Unidos, o valor por hora de operação de uma pavimentadora que utiliza fio de guia é 290 dólares (cerca de 1.120 reais). Já os equipamentos que pavimentam com tecnologia 3D baixam esse custo para 250 dólares (perto de 980 reais). O valor cai ainda mais quando a máquina incorpora outros recursos, como o controle de velocidade dos vibradores em relação à velocidade da pavimentação, o que também melhora a qualidade do pavimento.
Entrevistado
Reportagem com base em recente workshop promovido pela International Society for Concrete Pavements (Sociedade Internacional do Pavimento de Concreto)
Contato: exec@concretepavements.org








