Alvenaria ainda domina, mas desperdício segue em alta
Sistema está em 88% das construções habitacionais brasileiras, o que equivale a mais de 62 milhões de unidades
Dados da mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD Contínua), coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a alvenaria está presente em 88,2% das construções brasileiras. As estruturas de concreto armado, paredes de tijolo cerâmico e revestimento com argamassa cimentícia predominam em 62,6 milhões das 71 milhões de unidades domiciliares que existem no país (casas e apartamentos). Apesar de ser o preferido dos brasileiros, o sistema construtivo é também o que mais gera desperdícios, dos quais alguns já parecem incorporados à alvenaria, como o retrabalho, o entulho e o uso em excesso de materiais.
Pesquisa desenvolvida pela Escola Politécnica da USP detectou que os desperdícios de materiais de construção no sistema de alvenaria chegam a 8%. Já a soma das perdas, incluindo retrabalho, pode alcançar 30% do custo final da obra. Aplica-se nesse levantamento da USP a definição técnica de desperdício, que é “consumir exageradamente qualquer tipo de recurso”, ou seja, a perda ocorre quando se utilizam quantidades maiores que a necessária de um determinado insumo. Um exemplo corriqueiro em construções de alvenaria: uso excessivo de argamassa para corrigir erros de execução, como paredes fora de prumo ou contrapiso desnivelado. No jargão dos pedreiros, trata-se de “acertar tudo na massa”.
Construir dentro dos padrões exigidos realça as virtudes da alvenaria
Com a aplicação correta das normas técnicas, e atendendo requisitos de projetistas e fabricantes, a alvenaria consegue ser um sistema não apenas confiável, mas eficaz sob o ponto de vista de produtividade e durabilidade. Para tal, é preciso treinar a mão de obra, supervisionar o canteiro de obras e aprender com erros em outras construções. Também é imprescindível ter o controle de qualidade e de entrada e saída dos materiais. Com isso, minimizam-se perdas em qualquer técnica construtiva, em especial na alvenaria, seja ela autoportante, de vedação ou estrutural com blocos de concreto. Independentemente do tipo de alvenaria, construir dentro dos padrões exigidos realça a finalidade principal do sistema, que é proteger o espaço interno das ações do meio externo, oferecendo resistência, durabilidade e impermeabilidade.
A alvenaria também deve atender à divisão dos espaços internos, ao suporte de carga e ao desempenho termoacústico das paredes. Com um amplo rol de funções, e custo baixo, não é à toa que o sistema se popularizou no Brasil. Nas regiões sudeste e nordeste, 94,4% das moradias são construídas em alvenaria, considerando casas e apartamentos. No centro-oeste, são 90,1%. No sul e no norte, também predomina a alvenaria (76% e 64,3%, respectivamente), mas as construções em madeira ocupam um percentual significativo: 15,8% no sul e 22,3% no norte. Em todo o país, outros sistemas, como o industrializado de concreto, wood frame e misto com estruturas de aço, respondem por apenas 0,5% das construções domiciliares. A mais recente edição da PNAD Contínua, que usa dados de 2018, também observou crescimento de 13,1% no número de domicílios com paredes externas de alvenaria, mas sem revestimento cimentício. Agora são 15,5 milhões de unidades com essa característica.
Veja os dados completos da PNAD Contínua
Entrevistado
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Contato: comunica@ibge.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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