Jovem causa revolução no mercado imobiliário

Consumidor com menos de 30 anos torna-se preponderante em algumas regiões do país e muda perfil das habitações e da forma de se vender imóveis

Por: Altair Santos

O cenário de crédito habitacional farto tem mudado o perfil dos consumidores de imóveis novos no Brasil, sobretudo apartamentos. Se antes eles tinham mais de 35 anos, família constituída e predisposição por habitações com no mínimo 3 quartos, hoje quem busca o mercado imobiliário tem características bem diferentes: são jovens com menos de 30 anos, boa parte deles solteiros e interessados em imóveis com no máximo 2 quartos.

Marcos Kahtalian, consultor do SindusCon-PR: “Houve influência não apenas na metragem, mas também na comunicação do imóvel.”

Segundo relatório da Caixa Econômica Federal, divulgado no final do ano passado, 39% dos consumidores que hoje buscam crédito habitacional no banco são clientes com até 30 anos. Os números se referem à média nacional, mas em algumas regiões do país o percentual cresce. Como no Sul, onde algumas construtoras têm verificado que até 55% de seus compradores se enquadram neste novo perfil.

De acordo com Marcos Kahtalian, consultor do SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Paraná), o programa Minha Casa, Minha Vida tem forte influencia nesta mudança no mercado imobiliário. “Ele tem sido a maior fonte de recursos para os imóveis tipicamente classificados como primeiro imóvel”, explica.  “Assim, o cliente jovem, que normalmente não tem muita poupança, com a oferta de crédito está conseguindo comprar um imóvel”, completa.

Por conta deste novo consumidor, em Curitiba, por exemplo, metade dos lançamentos imobiliários ocorridos em 2010 privilegiava apartamentos com dois ou um quarto ou os chamados studios. Além disso, a forma de venda também mudou. “Houve influência não apenas na metragem, mas também na comunicação do imóvel, que hoje está muito mais forte na internet e com o apoio de mídias sociais. Além disso, o imóvel passou a agregar boas opções de lazer”, analisa Marcos Kahtalian.

Outra tendência que se verifica é a de que o jovem com menos de 30 anos vai aumentar ainda mais sua participação no consumo de imóveis novos. Dados que apontam a queda nos aluguéis para essa faixa etária reforçam a perspectiva. Além disso, estima-se que eles possam influenciar também no mercado de investidores em imóveis. “Hoje, jovens com maior renda também já percebem o mercado imobiliário como uma opção de investimento”, aponta o consultor do SindusCon-PR.

Bom pagador

A entrada do jovem consumidor ao mercado imobiliário também permitiu que no ano passado fosse batido um recorde em financiamentos habitacionais. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 1,052 milhão de moradias foram financiadas durante todo o ano passado.

Para o diretor de Lançamentos do Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo), Fábio Rossi, há ainda um outro aspecto salutar na ampliação da fatia jovem no crédito habitacional. É a baixa inadimplência proporcionada por esse segmento de consumidores. “Trata-se de uma mudança cultural e esse novo público é bastante responsável, fato que colabora com a manutenção dos baixos índices de inadimplência", afirma.

Entrevistados
Marcos Kahtalian, consultor do SindusCon-PR
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança
Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo)

Currículo Marcos Kahtalian

- Professor de Marketing de Serviços da UniFAE - Centro Universitário
- Consultor do SindusCon-PR
- Graduado em Comunicação Social pela UFF, pós-graduado em Administração pela FAE
Business School, mestre em Multimeios pela Unicamp
- Profissional reconhecido e premiado em sua área, com mais de quinze anos de consultoria empresarial
- Sócio Fundador da BRAIN, Bureau de Inteligência Corporativa.
Contatomarcosk@swi.com.br / imprensa@sindusconpr.com.br (assessoria de imprensa) / imprensa@abecip.org.br (assessoria de imprensa) / aspress@secovi.com.br (assessoria de comunicação do Secovi-SP)

Crédito da foto
Divulgação/Arquivo pessoal

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Complexo multiuso transforma Londrina

Área em construção na cidade vai agregar shopping, torres comerciais e residenciais, centro de convenções, teatro e parque

Por: Altair Santos
Raul Fulgêncio: empreendimento vai gerar um impacto econômico importante para Londrina.

O maior projeto multiuso do sul do Brasil está em construção em Londrina. Trata-se do empreendimento Marco Zero, que vai agregar o Boulevard Londrina Shopping e uma minicidade, com prédios residenciais e comerciais, hotel, escolas, restaurantes, centro de convenções e áreas de lazer, além de um teatro.

O complexo será erguido em uma área de 257 mil m², com potencial construtivo de 900 mil m². A primeira etapa da obra, que inclui o hotel e o shopping, tem entrega prevista para o segundo semestre de 2012. Todo o projeto, que ainda terá cinco torres de 20 andares, estará concluído num prazo máximo de cinco anos.

Segundo o empreendedor Raul Fulgêncio, que foi quem idealizou o projeto, a obra vai mudar o perfil da cidade. “Este empreendimento é maior que o centro de Londrina. Vai criar um novo centro para a cidade, só que planejado”, explica. A expectativa é de que o complexo, quando totalmente concluído, receba um fluxo mensal de 300 mil pessoas. Para se ter uma ideia, a população atual da segunda maior cidade do Paraná é de 506.645 habitantes.

Mas os números não impressionam apenas pelo volume de clientes que irá atrair. Os dados da obra também são impactantes. A estimativa é que o empreendimento consuma pelo menos 180 mil m³ de concreto, com mais de 50% dele em forma de pré-moldado. Além disso, a primeira etapa da construção já está gerando 2.300 empregos diretos. “O Complexo Marco Zero vai criar um novo paradigma para Londrina e já é referência para a construção civil do sul do país”, exalta Fulgêncio.

O investimento total deve chegar a R$ 800 milhões e segue o conceito moderno de empreendimentos deste porte, que é o multiuso, o qual permite aliar moradia, trabalho, compras, lazer e gastronomia em um só local. O complexo também terá um parque de 35 mil m², que depois de concluído será doado à prefeitura de Londrina.

A cargo da construtora Sonae Sierra Brasil, a obra terá as certificações LEED e AQUA e contará com reaproveitamento de água, reaproveitamento de água da chuva, uso inteligente da energia, reaproveitamento de resíduos de demolição para as calçadas. O complexo está sendo erguido em uma antiga área industrial, próximo ao terminal rodoviário de Londrina e ao estádio Vitorino Gonçalves Dias. “Vai gerar um impacto econômico importante para a cidade, pois irá revitalizar uma região que encontrava empecilhos para se desenvolver”, completa Raul Fulgêncio.

Desenho do empreendimento Marco Zero: shopping, torres comerciais e residenciais, hotel e teatro em um só espaço.
Área do complexo tem potencial construtivo de 900 mil metros quadrados e deve consumir pelo menos 180 mil metros cúbicos de cimento.
País aposta em shopping
Até o final de 2014, mais 124 novos shopping centers devem entrar em operação no Brasil. Só este ano, a expectativa é de que o país atinja a marca de 439 shopping centers em operação, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). A previsão é que mais 18 novos empreendimentos sejam inaugurados até o final do ano. Para 2012, está prevista a abertura de outros 29 centros de compras.
Fundações do shopping já foram erguidas no local que vai abrigar o maior complexo multiuso do sul do país.

Desde 2006, segundo dados da associação, o número de empreendimentos inaugurados anualmente só não cresceu em 2008. Naquele ano, quando o país teve de enfrentar a crise financeira mundial, foram 11 lançamentos, menos que os 14 do ano anterior.

Quantidade de shopping centers construídos recentemente no Brasil.

Clique aqui e assista ao vídeo do empreendimento.

Entrevistados
Raul Fulgêncio, empreendedor imobiliário
Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)

Currículo

- Raul Fulgêncio é corretor de imóveis e diretor-presidente da Raul Fulgêncio Negócios Imobiliários
Contatos: raul@raulfulgencio.com.br / eduardo.faustino@raulfulgencio.com.br / ana.paula@cdicom.com.br
Site: www.raulfulgencio.com.br

Créditos: Divulgação/Raul Fulgêncio e Agência Londrix

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Isolamento acústico ganha produto inovador

Unisinos, no Rio Grande do Sul, desenvolve tipo de contrapiso leve em concreto para adequar habitações populares à norma de desempenho NBR 15575 

Por: Altair Santos

O grande desafio de quem constrói habitações de interesse social no Brasil está em cumprir a Norma Técnica de Desempenho para edificações habitacionais de até cinco pavimentos (ABNT NBR 15575), no que diz respeito ao isolamento acústico da edificação. Atender aos padrões exigidos, sem onerar a obra, é um dilema para os engenheiros. Em busca de uma solução para o impasse, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, desenvolve pesquisa para criar um contrapiso leve em concreto que permita o isolamento acústico em edifícios residenciais vinculados ao Programa Minha Casa, Minha Vida. 

Bernardo Fonseca Tutikian: material pesquisado isola tanto o ruído aéreo quanto o ruído de impacto.

O objetivo é desenvolver um contrapiso em pré-moldado e fácil de transportar. Segundo o coordenador do projeto, o engenheiro civil e professor Bernardo Fonseca Tutikian, da cadeira de tecnologias construtivas, materiais de construção e patologia da Unisinos, os primeiros resultados têm sido animadores. “O contrapiso leve desenvolvido permite ser colocado por cima da laje de concreto armado e pode servir tanto de acabamento final quanto de base para um outro piso”, explica. 

Ainda de acordo com Tutikian, os testes com o contrapiso leve desenvolvido na Unisinos mostram que ele não sobrecarrega a estrutura da laje e atende o que a norma de desempenho preconiza. “Ele isola tanto o ruído aéreo (pessoas falando ou outros tipos de sons) quanto o ruído de impacto (pessoas caminhando ou móveis arrastando)”, diz, garantindo que a preocupação do custo x benefício do material também é relevante na pesquisa. “O objetivo é chegar num material de baixo custo e de fácil utilização no local da obra”, completa. 

O contrapiso leve desenvolvido pela Unisinos tem as medidas de 60x60 cm e densidade que varia entre 900 a 1.300 kg m3. Ele utiliza como matéria-prima o concreto leve estrutural, além de receber agregados diferenciados para atingir o nível de isolamento acústico desejado. Segundo Tutikian, entre os agregados que trouxeram melhor resultado estão o E.V.A (emborrachado à base de Etil, Vinil e Acetato) e a pedra-pomes. “Mas estamos testando uma série de agregados leves”, diz. 

Com a intenção de que ele seja usado como um piso de acabamento, os pesquisadores também estão trabalhando nele versões pigmentadas e antiderrapantes. “Há também a intenção de se aperfeiçoar o piso para a aplicação dele em áreas comerciais e industriais”, revela Bernardo Tutikian. 

Contrapiso leve em concreto: blocos de 60x60 cm que podem ser assentados sobre a laje de edifícios habitacionais.

Desenvolvida no laboratório de material de construção da Unisinos e no laboratório de acústica da Universidade de Caxias do Sul, a pesquisa envolve cinco docentes da universidade Unisinos, um mestrando, dois laboratoristas e um aluno de graduação. O estudo é financiando pela FAPERGS (Fundação da Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul), em parceria com a Dosacon, uma empresa incubadora tecnológica ligada à Univates-RS (Unidade Integrada Vale do Taquari de Ensino Superior) e criada em 2010 para o desenvolvimento de materiais a base de concreto para a industrialização da construção civil. 

Entrevistado
Bernardo Fonseca Tutikian, coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
Currículo

- Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2002
- Mestre e Doutor em engenharia, ambos os títulos obtidos na UFRGS, em 2004 e 2007
- Possui especialização em materiais de construção, especificamente em dosagem de concretos auto-adensáveis (CAA), sendo autor do livro 'Concreto Auto-adensável', publicado pela PINI em 2008
- Atualmente é coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e professor de tecnologias construtivas, materiais de construção e patologia
- Também coordena o curso de especialização em Construção Civil na Unisinos.
- Atua no projeto "Desenvolvimento de Contra Piso Leve em Concreto para Isolamento Acústico em Edificações Residenciais" e coordena o projeto de Infraestrutura Laboratorial, financiado pela FINEP, para a construção e equipagem de um Laboratório de Desempenho.
Contato: bftutikian@unisinos.br  

Créditos das fotos: Divulgação/ Unisinos 

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Pavimento permeável contra enchentes

ABCP ajuda a propagar sistema nos grandes centros urbanos e recomenda uso em estacionamentos, pátios e ruas de tráfego leve

Por: Altair Santos

Desde 2007, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) se debruça sobre pesquisas com concreto permeável para uso em pavimento. Os estudos foram motivados pela busca de soluções para as enchentes nos grandes centros urbanos. Coordenada pela engenheira civil Mariana Marchioni, que atua na área da indústria de pré-fabricação da ABCP, a experiência resultou na elaboração de um manual de melhores práticas em pavimentos permeáveis, tendo como modelo o pavimento intertravado.

Mariana Marchioni: “Assim como o concreto simples, o concreto poroso é 100% reciclável.”

O objetivo é disseminar o uso dos pavimentos permeáveis e seu ótimo custo x benefício no combate às enchentes. Para isso, a ABCP promove cursos e palestras sobre o tema, mostrando que o material tem boa adaptação ao uso urbano, principalmente se utilizado em estacionamentos, pátios e ruas de tráfego leve. Nestes casos, o sistema atua localmente, reduzindo ou retardando o volume de água direcionado ao sistema de drenagem da cidade.

Mariana Marchioni alerta que o pavimento permeável não deve ser confundido com o pavimento intertravado com peças de concreto para pavimentação, também conhecido como “pavers”. “O paver não se trata de um pavimento permeável. Ainda que ocorra uma pequena infiltração inicial, esta infiltração tende a se tornar nula ao longo do tempo. No pavimento permeável, toda a estrutura é feita para permitir a passagem de água”, explica.

Basicamente, o concreto permeável ou poroso é um concreto com vazios que são intencionalmente incorporados ao concreto. Enquanto em um concreto convencional deve-se atingir a maior densidade possível, nos concretos permeáveis é necessário chegar à situação oposta, onde deverão ser criados poros para permitir a infiltração de água. A porosidade de um concreto permeável varia de 15% a 30% e a água geralmente escoa com taxas entre 0,2 cm/s até 1 cm/s, dependendo do material e da sua disposição.

Pavimento permeável é recomendável para estacionamentos, pátios e ruas de tráfego leve.
Pavimento permeável é recomendável para estacionamentos, pátios e ruas de tráfego leve.

Para a produção de concretos permeáveis, o método mais comum é a eliminação dos agregados mais finos, optando-se pelo uso de agregados graúdos e pasta de cimento. “Assim como o concreto simples, o concreto poroso é 100% reciclável”, lembra Mariana Marchioni. Por isso, A Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (EPA, Environmental Protection Agency) classificou os pavimentos permeáveis de BMP.

A sigla BMP (Best Management Practice) pode ser traduzida livremente como práticas sustentáveis. Ou seja, o EPA classifica os pavimentos permeáveis como uma das soluções sustentáveis para a drenagem urbana, que atua na redução da impermeabilização das cidades assim como na redução da poluição, pois a base do pavimento filtra a água da enxurrada. “Nos Estados Unidos, em alguns casos, a legislação exige a utilização deste tipo de pavimento”, diz Marchioni.

Aliás, o uso dos pavimentos permeáveis já é bem difundido em outros países. Na Alemanha - pioneira no uso deste sistema - são instalados cerca de 20 milhões de m2 de pavimentos permeáveis por ano em construções residenciais e comerciais.

Porosidade de um concreto permeável varia de 15% a 30% e a água geralmente escoa com taxas entre 0,2 cm/s até 1 cm/s.

Para propagar o sistema no Brasil, a ABCP promove intercâmbios com o ICPI (Interlocking Concrete Pavement Institute), nos Estados Unidos, e também integra o SEPT (Small Element Pavement Technologists) - um grupo que reúne os maiores especialistas em pavimento utilizando peças de concreto. “ABCP tem estudado este tema e elaborado uma série de ferramentas para ajudar a difundir este sistema. Mas o ideal é que as cidades também possuam um plano diretor de drenagem”, finaliza a pesquisadora da ABCP, Mariana Marchioni.

Serviço
O manual de pavimentos permeáveis pode ser acessado no portal ABCP (www.abcp.org.br) assim como informações sobre os cursos e palestras.


Entrevistada
Mariana Marchioni, engenheira da ABCP
Currículo

- Engenheira civil graduada pela Escola de Engenharia Mauá, 2004
- Cursa mestrado em Engenharia na área de materiais, pela Escola Politécnica da USP
- Atua na área da Indústria de pré-fabricação na ABCP - Desenvolvimento de produtos à base de cimento
- Secretária da norma de pavimento intertravado da ABNT
Contatos : Mariana Marchioni - mariana.marchioni@abcp.org.br
Assessoria de imprensa - marta.oliveira@abcp.org.br
erika.lide@abcp.org.br / rosangela.alves@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Brasil centraliza debates sobre certificação AQUA

Processo inspirado em modelo francês, e que avalia construções sustentáveis, concorre com o sistema norte-americano LEED

Por: Altair Santos

A cidade de São Paulo sediou em março de 2011 a 2.ª Conferência Internacional sobre o Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Os debates em torno da certificação da construção sustentável, criada na França, atraíram especialistas de todo o mundo. Do Brasil, esteve presente o professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do Processo AQUA da Fundação Vanzolini.

Manuel Martins, coordenador do processo AQUA no Brasil: certificação se baseia em 14 critérios de sustentabilidade.

Em sua palestra, ele destacou os principais aspectos da certificação AQUA para edifícios habitacionais e edifícios em operação. Na entrevista a seguir, Manuel Martins explica as semelhanças e diferenças entre as certificações AQUA e LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), como está o avanço das construções sustentáveis no Brasil e quais os requisitos que um empreendimento deve ter para reivindicar o certificado. Confira:

O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) se compara à certificação LEED? O que eles têm em comum e o que têm de diferente?
Eles têm em comum a ideia de avaliar a sustentabilidade da construção, em termos de impacto ao meio ambiente, conforto e saúde. Essa preocupação do LEED é a mesma preocupação do AQUA. Agora, a partir daí, eles são totalmente diferentes. O LEED foi desenvolvido nos Estados Unidos com base na experiência de construção americana e nas normas e legislações americanas, enquanto o AQUA, no modelo francês HQE (Haute Qualité Environnementale), que é um modelo anterior ao LEED, leva em conta o desempenho, ou seja, não é um modelo que requeira soluções de projetos pré-concebidos. Porque quando o critério é desempenho, você pode responder a este desempenho com uma solução de projeto adequada para aquele local. Então, a partir daí, a Fundação Vanzolini fez, com a ajuda dos professores da Engenharia de Construção Civil da Poli/USP, a adaptação para o Brasil do HQE francês, que resultou no AQUA. Ele contempla legislações, regulamentações, parâmetros de desempenho e características da construção no Brasil.

Daria para dizer que a certificação AQUA é mais rigorosa do que o LEED?
Veja, o processo americano avalia por pontos. Então, tem de fazer um determinado número de pontos para ser certificado. Isso quer dizer que o empreendedor pode escolher os pontos que ele quer fazer, independentemente do contexto do empreendimento. O fato de ele escolher os pontos significa que o empreendimento pode não sair tão coerente assim e, mesmo assim, atingir o que é requerido pela certificação. Já o AQUA é mais rigoroso. O AQUA tem de atender todos os critérios. Ele busca uma série de fatores, como o contexto do empreendimento, onde ele vai se inserir, o que é o empreendimento, como ele vai funcionar. Além disso, analisa o local do terreno, a questão econômica e legal do empreendimento.

Como é feita a avaliação para se obter a certificação AQUA?
A avaliação do AQUA é feita por meio de auditorias presenciais pela Fundação Vanzolini e por um organismo independente de terceira parte, que faz uma avaliação local, presencial com o empreendedor. Outra diferença é que esta avaliação é feita nas fases principais do empreendimento: na concepção, que corresponde ao projeto, e na realização, que abrange o final da construção e a entrega. Na concepção, uma auditoria fornece um primeiro certificado. Quando concluídos os projetos, é feita uma nova auditoria e sai um novo certificado. O mesmo é feito na fase de realização e de entrega do empreendimento.

Os dois processos, LEED e AQUA, são concorrentes ou complementares?
Eles são concorrentes porque focalizam a sustentabilidade da construção, a avaliação da sustentabilidade da construção de forma diferente. O processo LEED, por exemplo, não tem critério para desempenho acústico. O AQUA tem. O AQUA também exige um sistema de gestão do empreendimento para que se garanta que os objetivos sejam de fato alcançados e controlados ao longo de todo o empreendimento. Então, com estas diferenças, eles não são complementares, pois se alguém desenvolve um projeto que atende o AQUA isso significa que este projeto identificou e atendeu todos os requisitos do AQUA e enfocou a sustentabilidade de maneira coerente e abrangente.

Por que a certificação LEED é mais difundida do que a AQUA?
Porque começou antes. Eles começaram em 1995 no Brasil e nós lançamos o AQUA em 1998. Mas hoje já está equilibrando isso.

A certificação AQUA se baseia em 14 critérios de sustentabilidade distribuídos em quatro grandes temas: ecoconstrução, eco-gestão, conforto e saúde. Quais são esses 14 critérios?
Os critérios são os seguintes:
1- Em ecoconstrução você tem a categoria edifício e seu entorno, que requer que sejam cuidados todos os aspectos que garantam uma boa inserção do empreendimento: onde ele vai ser feito, o ambiente construído, a infraestrutura, os acessos, a conectividade urbana, ecossistema, enfim, tudo o que interage com o edifício e a própria vocação socioambiental do bairro.
2- Escolha integrada dos materiais, produtos e sistemas construtivos. Isso requer critérios de durabilidade compatível com a durabilidade da edificação, por que não tem sustentabilidade se não for durável. Aí, é preciso estar em conformidade com as normas técnicas, pois o sustentável tem que funcionar. Mas, ao mesmo tempo, precisa atender critérios de baixo impacto ambiental e de baixo impacto à saúde humana. Neste caso, inclui também a questão da formalidade da cadeia produtiva, já que a certificação veta recorrer à informalidade.
3- O terceiro item é o canteiro de obras de baixo impacto, em todos os sentidos: ruído, poeira, sujeira, visual, incômodos ao tráfego, etc.. Tem também redução de consumo de água e energia durante a obra, redução da duração de resíduos, destinação correta dos resíduos e eliminação ou redução de poluição de ar, água e solo.
4- No bloco ecogestão, há requisitos começando pela arquitetura e pela envoltória do edifício, de eficiência energética do edifício. Então começa pela arquitetura desenvolvida de modo a aproveitar melhor as condições bioclimáticas e passa pela escolha de sistemas prediais de baixo consumo, de melhor eficiência energética, sistemas de ventilação, sistemas de água e sistemas de climatização. Passa também pelo uso, quando viável, de energias alternativas locais. Se for demonstrado que economicamente é interessante usar energia solar, por exemplo, aí tem que usar energia solar ou para aquecer água. Enfim, é uma análise que depende do local.
5- Na categoria gestão da água, entra o aproveitamento de água de chuva e os sistemas economizadores em bacias, torneiras, chuveiros, que reduzem também o consumo. Tem ainda a gestão da retenção da água de chuva e da infiltração da água de chuva.
6- Sobre gestão dos resíduos de uso do edifício, é preciso um programa, já contemplado no projeto, que informe os fluxos, os locais e as cadeias locais de aproveitamento de resíduos, para que eles sejam conhecidos de antemão.
7- Manutenção do sistema que trata de facilidades de acesso, facilidades de manutenção, monitoramento dos sistemas de iluminação, de resfriamento, ventilação e outros e intervenções que causem menos impacto, tanto ao meio ambiente quanto as pessoas que estão usando o edifício.
8- Em conforto, existe o requisito de conforto térmico, que também começa pela arquitetura e sempre é olhado junto com outros itens, como, por exemplo, a questão da energia, sombreamento, ventilação e climatização.
9- Em conforto acústico, levam-se em consideração os isolamentos e o nível de ruído. Começa pela disposição do ambiente em termos arquitetônicos e passa também pelo formato dos materiais e pelos isolamentos.
10- Conforto visual, que leva em consideração requisitos de iluminação natural – os quais ajudam a economizar a energia - e requisitos de uma boa iluminação artificial, como uniformidade de luminância, temperatura de cor e ofuscamento. Tudo isso, o projeto de luminotécnica vai ter de atender.
11- Em conforto olfativo, que trata da identificação dos odores, da ventilação e do isolamento dos odores, sejam de fora, sejam de dentro, o ideal é ter uma ventilação que garanta as trocas de ar e possibilite um ambiente com boa qualidade do ar em termos de odor.
12- Requisitos de saúde, que levam em conta a qualidade sanitária dos ambientes, a minimização das fontes de ondas eletromagnéticas e a adequação dos ambientes, em termos de facilidade de limpeza para evitar o crescimento de fungos e bactérias.
13- Qualidade sanitária do ar, para identificar agentes poluição - tanto de fora quanto de dentro, se houver -, e tratar de isolar e ventilar para garantir as trocas de ar saudáveis.
14- Qualidade sanitária da água, que precisa atender requisitos que garantam a portabilidade da água, a separação das águas, como redes água não potável e redes de esgoto, e também a separação das redes de água quente e água fria, quando houver no empreendimento.

O senhor, recentemente, palestrou sobre os aspectos da certificação AQUA para edifícios habitacionais e edifícios em operação. Como ela se aplica nestas obras?
Dos edifícios habitacionais você faz uma análise do local, faz uma análise do empreendimento, programa o que vai ser o empreendimento e identifica as 14 categorias de desempenho. Verifica em quais dará para chegar no bom, no superior ou no excelente. Justifica este perfil e define um sistema de gestão para garantir que no desenvolvimento dos projetos e na execução da obra este perfil vai se concretizar. Feito isso, realiza-se uma primeira avaliação e uma auditoria de certificação AQUA pela Fundação Vanzolini. Elas vão avalizar o sistema de gestão e detalhar os princípios de projeto para se atingir o desempenho em uso de energia, em uso da água e em conforto térmico, por exemplo. Para isso, é preciso detalhar no projeto os cálculos, os modelos matemáticos, as definições de materiais, os dimensionamentos dos ambientes, entre outros. Detalha-se o projeto inteiro, mostrando que ele vai resultar no nível de desempenho proposto pelo programa. No final, a Fundação Vanzolini faz outra auditoria e emite um certificado com as três fases preenchidas: programa, concepção e realização. Aí, se tem o empreendimento habitacional com o certificado de todas as fases. O certificado da fase programa pode ser usado no lançamento do empreendimento. O de concepção significa que o projeto deu corpo àquelas diretrizes fundamentadas no programa. E o de realização quer dizer que a sua obra ficou como era para ficar, atendendo o AQUA nos níveis propostos.

E para os edifícios em operação?
Os edifícios em operação exigem um diagnóstico diferente. Primeiro, é preciso verificar se eles têm uma qualidade ambiental intrínseca que permita atingir os níveis de desempenho do AQUA. É preciso um inventário, para ver como eles estão em termos de segurança, rede elétrica, proteção contra incêndios, segurança estrutural, acessibilidade e outros. Com base nesta primeira avaliação, o empreendedor define qual vai ser o perfil de desempenho e o sistema de gestão. Neste caso, diferente do sistema de gestão da execução da obra, que envolve outros atores, como projetistas, construtores e empreiteiros. Agora, prevalece a gestão de uso e os atores são administradores prediais, gestores de facilites e os próprios condôminos. Tudo isso pode ser feito em duas fases. Uma que diagnostica se é possível atingir um perfil de desempenho e estabelecer um sistema de gestão. Essa etapa vai medir durante um ano os registros de desempenho de energia, de água, de conforto e outros. Aí ocorre a segunda avaliação, que permite a certificação final da operação. Feito isso, a Fundação Vanzolini passa a acompanhar anualmente este edifício para manter a certificação, verificando se ele preserva e melhora seus desempenhos.

Empreendimentos voltados para o programa Minha Casa, Minha Vida têm condições de atender a certificação AQUA?
Hoje temos um empreendimento em São Paulo que já se certificou na fase programa habitacional para faixa de três a dez salários mínimos. É perfeitamente viável.

Em termos de empreendimentos sustentáveis, como o Brasil se posiciona no mundo?
França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Japão e Austrália têm mais porque eles começaram antes. Eu visitei a Austrália em 1994 e eles já estavam fazendo. Na França, o nosso parceiro habitacional Cercol começou em 1992. Os americanos e os alemães começaram em 1990. Mas o Brasil está com um desenvolvimento rápido. Hoje, aliás, o país já tem mais empreendimentos com certificação AQUA do que LEED. São 29 edifícios certificados e um conjunto de 80 casas.

Entrevistado
Professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do Processo AQUA da Fundação Vanzolini.
Currículo

- Coordenador Executivo da Certificação da Construção Sustentável (Processo AQUA)
- Coordenador Técnico da Certificação de Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14000 e auditor-líder de Sistemas de Gestão da Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional e Responsabilidade Social da Fundação Vanzolini
- Professor de Sistemas de Gestão Integrada dos cursos de pós-graduação na FIA/FEA-USP e IEE-USP
- Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP e Ph.D pelo Imperial College – London University
- Especialização em Processo AQUA - Construção Sustentável (HQE Francês) - e Gestão (Brasil, França e Japão)
Contato: comunicacao@vanzolini.org.br / karina@ateliedetextos.com.br (assessoria de imprensa)

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Construção civil ganha parceria para qualificar mão de obra

Projeto do governo federal com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) quer preparar 100 mil pessoas acima de 16 anos em 4 anos

Por: Altair Santos

Segundo projeção da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) até 2022 o Brasil terá de investir aproximadamente R$ 1 trilhão em capacitação de mão de obra para o setor da construção civil, se quiser combater o déficit habitacional e avançar nas obras de infraestrutura que o  país necessita.  Na mesma linha de raciocínio, o diretor de Economia do SindusCon-SP (Sindicato da Construção Civil de São Paulo) Eduardo Zaidan avalia que só há uma saída para se atingir os níveis exigidos de formação de capital humano nesta década. “É preciso mais investimento em educação e em parcerias público-privadas para a qualificação de trabalhadores”, anunciou em março, na abertura da Feicon Batimat 2011.

Paulo Roberto de Godoy Pereira, presidente da Abdib: “É provável que tenhamos um grande canteiro que possa dar o impulso ao programa.”

Seguindo esse conceito, a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) assinaram recentemente um termo de cooperação técnica, cujo objetivo é formatar e executar cursos de treinamento e de capacitação em dez profissões relacionadas à atividade de construção civil na infraestrutura. O acordo foi assinado pelo presidente da Abdib, Paulo Godoy, e pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, após reunião com empresários do setor. “Temos de preparar o caminho para atingir um patamar de R$ 160 bilhões de investimentos em infraestrutura por ano em 2011 ou 2012, e um dos desafios é a mão de obra qualificada”, explicou Godoy.

A capacitação e o treinamento serão destinados a formar e aperfeiçoar as habilidades de trabalhadores que atuem em profissões como encanador, ajudante de eletricista, soldador, carpinteiro, montador de andaimes, armador de telhados, pintor de obras e de estruturas metálicas, pedreiro e construtor de calçadas e pátios. A meta é treinar, em quatro anos, 100 mil pessoas com mais de 16 anos, instalando salas de aula nos canteiros de obra de projetos de infraestrutura espalhados por todas as regiões brasileiras.

Os cursos terão carga horária máxima de 200 horas, das quais 120 horas para aulas teóricas e 80 horas para prática. Matérias como Língua Portuguesa e Matemática serão abordadas transversalmente. “Muitos trabalhadores necessitam de reciclagem e atualização técnica de conhecimentos e práticas para se manter no mercado de trabalho ou, muitas vezes, ainda não atendem às qualificações requeridas para as atividades ligadas à construção de obras de infraestrutura”, explica Fábio Aidar, coordenador do programa de educação continuada da Abdib (Educorp). A formatação dos cursos e a elaboração do material didático serão realizadas em parceria com a Fundação Roberto Marinho. “Todos os cursos serão executados nos locais onde está a demanda, para gerar valor e conhecimento no local, resolvendo problemas imediatos”, explicou o Ricardo Piquet, gerente da Fundação Roberto Marinho.

Projeto autofinanciado

O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Lupi, na cerimônia de assinatura do termo de cooperação técnica, em fevereiro de 2011, disse que há recursos governamentais suficientes para programas de treinamento e capacitação de mão de obra. “O que falta é capacidade de geri-los”, afirmou Lupi, lembrando que é necessário enfrentar a carência de mão de obra qualificada, em diversos níveis de formação e em todas as regiões brasileiras. O ministro argumentou que o emprego qualificado é uma das melhores maneiras de distribuir renda de forma perene.

Parceria entre governo e Abdib quer formar 100 mil profissionais da construção civil em quatro anos.

De acordo com o presidente da Abdib, Paulo Godoy, o custo da iniciativa não preocupa as empresas, porque o projeto é autofinanciado. "Se montarmos um bom programa, as empresas que treinarão seus profissionais acabarão elas mesmo custeando a iniciativa. É provável que tenhamos um grande canteiro que possa dar o impulso ao programa", disse ele. Godoy informou que o ministério arcará com uma parte do custo dos cursos de qualificação, contribuindo com a estrutura já existente. O restante será custeado pelas empresas que aderirem ao projeto.

A Abdib e a Fundação Roberto Marinho, a partir da assinatura do termo de cooperação técnica, vão agora formatar as características dos módulos de treinamento e definir questões como elaboração de material didático, locais que receberão os primeiros cursos e outras questões que envolvem a execução do programa, incluindo o investimento necessário. Os cursos serão presenciais, o que não exclui a utilização de todos os tipos de tecnologias e instrumentos de ensino disponíveis. O programa foi idealizado exatamente para que a carência de mão de obra especializada não seja um gargalo para a execução dos projetos de investimento em infraestrutura. O projeto focaliza inicialmente as profissões relacionadas à construção civil por considerar que é um dos setores que mais demandam profissionais preparados, em todas as regiões brasileiras.

Entrevistados
- Paulo Roberto de Godoy Pereira, é presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)
- Fábio Luiz Marinho Aidar, vice-Presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)
- Ministério do Trabalho e Emprego

Currículos

Paulo Roberto de Godoy Pereira
- Diplomado como Administrador de Empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas da “Universidade Mackenzie” em 1976, com diversos cursos de especialização no Brasil e no exterior
- Desde junho de 2004, é presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)
- Integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).

Fábio Luiz Marinho Aidar
- Bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
- Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC
- Curso de extensão em Administração pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo
- Vice-Presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) de 1990 a o presente
- Diretor do Programa de Educação corporativa da Abdib (Educorp).

Contatos

Abdib (assessoria de imprensa): jcasadei@abdib.org.br / cintia@abdib.org.br
Ministério do Trabalho e Emprego (assessoria de imprensa) / ascom@mte.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Pavimento em concreto na BR-392 mantém tradição no RS

Em fase de duplicação, rodovia que liga Pelotas ao porto de Rio Grande terá trecho de 27 quilômetros com tecnologia fornecida pela ABCP

Por: Altair Santos

A principal obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Rio Grande do Sul é a duplicação de 84,7 quilômetros da BR-392, entre os municípios de Pelotas e Rio Grande. A rodovia leva a um dos principais terminais portuários do Brasil e é fundamental para o escoamento de cargas do Estado. Dividida em quatro lotes, e com investimento de R$ 770 milhões, a duplicação está em plena execução nas etapas 2 e 3. No trecho 3, de 27 quilômetros, a estrada receberá pavimentação em concreto.

Fernando Papisch Druck: “Nosso objetivo é garantir que o pavimento seja executado dentro das melhores técnicas de engenharia existentes.”

A ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) está presente nesta obra, prestando apoio técnico. “Nosso objetivo é garantir que o pavimento seja executado dentro das melhores técnicas de engenharia existentes, por meio de treinamentos e acompanhamento da engenharia da obra, para que o resultado final esteja dentro das especificações do projeto, de forma a propiciar durabilidade, conforto e segurança para os usuários da rodovia”, explica Fernando Papisch Druck, representante regional da ABCP no Rio Grande do Sul.

Em regime de comodato, a ABCP está cedendo os equipamentos para a pavimentação do trecho 3 da BR-392, como usina de concreto, pavimentadora de fôrmas deslizantes e texturizadora. Segundo Fernando Druck, haverá a aplicação de inovações no procedimento executivo da obra. ”A duplicação em concreto contará com duas pistas de 3,60 metros de largura cada, um acostamento interno de 1 metro e o acostamento externo de 2,5 metros. A espessura da placa é de 23 centímetros e terá uma base de CCR (Concreto Compactado a Rolo) de 15 centímetros”, disse.

ABCP cede equipamentos, como usina de concreto, pavimentadora de formas deslizantes e texturizadora.

A conclusão dos lotes 2 e 3 da BR-392, que somam 52 quilômetros, está prevista para junho de 2012. As outras duas etapas estão em fase final de projeto. A 1 tem 24 km e abrange o contorno de Pelotas, desde a ponte do Retiro, na BR-116, até a ponte sobre o Canal São Gonçalo, na BR-392. Essa etapa está em processo de licitação. Já o lote 4, no município de Rio Grande, vai desde a avenida Maximiano da Fonseca ao marco zero da BR-392, na avenida Honório Bicalho, abrangendo 8,8 quilômetros, e está em fase final de projeto.

Tradição

Ronaldo Vizzoni: “Rodovias como as BRs são locais onde o concreto é mais barato já no custo inicial.”

Com a pavimentação em concreto da BR-392, o Rio Grande do Sul mantém a tradição de ser um dos Estados que mais valorizam esse tipo de tecnologia. Na década de 1930, houve a construção da rodovia Porto Alegre - São Leopoldo, com cerca de 30 km em pavimento de concreto. Além disso, cidades como Porto Alegre e Pelotas usam o concreto como pavimentação desde os anos 1920. Em tempos mais modernos, a rodovia RS-118, inaugurada em 1977, e a BR-290 (Freeway) também têm trechos em concreto.

No Brasil, o total de quilômetros de rodovias com pavimento rígido já passa de 4.500. Segundo Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP, o trabalho feito pela associação é importante para a difusão deste tipo de tecnologia. Sobretudo para mostrar que ela é competitiva em seu custo inicial, principalmente em BRs, onde o tráfego é pesado, intenso e repetitivo. “Rodovias como as BRs, os anéis viários, corredores exclusivos de ônibus, portos e aeroportos são locais onde o concreto é mais barato já no custo inicial. Os estudos técnicos mostrar essa realidade”, finaliza Vizzoni.

Entrevistados
Fernando Druck, representante regional da ABCP no Rio Grande do Sul
Ronaldo Vizzoni, gerente da área de infraestrutura da ABCP

Currículos

Fernando Papisch Druck
- Engenheiro civil formado pela UFRGS em 1983 e pós-graduado em Marketing pela ESPM em 1990
- Desempenha o cargo de representante regional da Associação Brasileira de Cimento Portland no Rio Grande do Sul
Contato: fernando.druck@abcp.org.br

Ronaldo Vizzoni
- Engenheiro civil e administrador de empresas pela Universidade Mackenzie (SP)
- Pós-graduado em Marketing Industrial pela FGV
- Atualmente, é gerente da área de infraestrutura e líder do projeto de pavimentação da ABCP
Contato: ronaldo.vizzoni@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Caixa concede primeiro Selo Casa Azul categoria Ouro do Brasil à Empresa de Joinville (SC)

Selo Casa Azul é referência em sustentabilidade de projetos habitacionais

Caixa Econômica Federal entregará oficialmente na quarta-feira (30) o selo Casa Azul nível Ouro para a empresa Rôgga S.A. Construtora e Incorporadora. A empresa, sediada em Joinville (SC), é a primeira incorporadora do País a receber o título, como referência em sustentabilidade na construção civil nacional. O evento oficial acontece, às 08h, no Hotel Bourbon, em Joinville, com a presença de autoridades representativas da CAIXA, dirigentes da empresa Rôgga S.A., administração pública e representantes de entidades de classe.

Após a entrega do certificado, a empresa Rôgga S.A. anunciará oficialmente o lançamento de mais um residencial, o Stelláris, com 324 unidades, no padrão “Soft” e que se enquadra no programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal.

Selo Casa Azul

O Selo Casa Azul objetiva qualificar projetos de empreendimentos habitacionais segundo critérios agrupados em categorias como inserção urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, uso racional da água e práticas sociais. O selo é distribuído em três níveis: ouro, prata e bronze, cuja definição ocorre pelo número de critérios atendidos. O Guia do Proponente, lançado ainda em 2009, é o documento que orienta as empresas quanto aos procedimentos de participação quando do interesse em se candidatar.

O lançamento do Selo Casa Azul é parte de um amplo programa de ações da CAIXA com foco na Construção Sustentável e objetivando que projetos habitacionais sejam adequados ao ambiente onde serão edificados, proporcionando economia de recursos naturais e energéticos, incorporando práticas sociais e ao mesmo tempo propiciando melhores condições de conforto para os usuários. Com todas as ações praticadas, identificando a construção de projetos mais sustentáveis saem ganhando a CAIXA, a Rôgga S.A., os moradores e a sociedade em geral.

O Selo Casa Azul é o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de projetos ofertados no Brasil e desenvolvidos para a realidade da construção habitacional brasileira. O selo está inserido nas ações da CAIXA que, ciente de sua responsabilidade, adequou produtos e serviços adotando critérios para o fomento do desenvolvimento sustentável, direcionando empreendimentos para conceitos que objetivam a conservação do meio-ambiente contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira.

Adesão e Aplicação

Podem se habilitar o Selo Casa Azul as empresas construtoras, o Poder Público, empresas públicas de habitação, cooperativas, associações e entidades representantes de movimentos sociais. O selo se aplica a todos os tipos de projetos de empreendimentos habitacionais apresentados à CAIXA para financiamento ou nos programas de repasse.

Residencial Bonelli

Alinhado ao padrão “Comfort” o residencial Bonelli terá 45 apartamentos em oito andares. O Bonelli será construído na Rua Prudente de Moraes, 555, no bairro Santo Antônio, em Joinville/SC. Com prazo de entrega previsto para dezembro /2011.

A empresa

A Rôgga S.A. Construtora e Incorporadora, sediada em Joinvile (SC), com empreendimentos na região Norte do Estado prevê para 2011, valor geral de vendas de R$ 150 milhões. Preza por produtos e serviços que agreguem confiabilidade, agilidade e inovação. Conta com a parceria da Caixa Econômica Federal para financiar imóveis na planta e fornecedores de primeira linha que agregam qualidade aos empreendimentos.

Desde a concepção até a entrega do empreendimento a Rôgga S.A. se preocupa com detalhes como: Localização, potencial de valorização, mobilidade e sustentabilidade. Estes procedimentos fazem da empresa referência no setor, além de inspirar a confiança dos clientes e fornecedores.

A empresa trabalha  com “ferramentas” de gestão de vanguarda. É certificada ISO 9001: 2008 e nível A no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQPH), ambas visam a melhoria contínua dos processos e serviços. Utiliza o sistema corporativo RM da Totvs que permite acompanhamento físico e financeiro diário das obras e permanente parceria INDG, do Instituto Vicente Falconi. Os funcionários contam com programas de capacitação, participação nos resultados, entre outros benefícios.

Produtos

As linhas de produto são viabilizadas após ampla pesquisa de mercado, atendendo os clientes com a melhor relação custo/beneficio nas linhas: "Home Club", "Comfort" e "Soft".

Serviço

Evento: Entrega do Selo Azul CAIXA à Rôgga S.A. Construtora e Incorporadora
Data: 30/03/2011
Horário: 08h
Local: Hotel Bourbon – Restaurante Le Jardin
Endereço: Rua Visconde de Taunay, 275 – Centro – Joinville (SC)

Lidiane Maria – Jornalista
Contato: lidianejornalista@gmail.com


Brasil cresce ao ritmo da engenharia de produção

Profissão experimenta alta demanda de 10 anos para cá e na construção civil agregou controle de qualidade, planejamento e gestão aos canteiros de obras

Por: Altair Santos

Desde que o Brasil começou a formar engenheiros de produção, os canteiros de obras das construtoras nunca mais foram os mesmos. Com métodos novos, eles foram absorvidos pelo setor para organizar, racionalizar e planejar o cronograma dos empreendimentos.  Segundo o professor Mário Sérgio Salerno, coordenador do Laboratório de Gestão da Inovação (LGI) do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), os profissionais desta área levaram à construção civil controle de qualidade, planejamento e gestão.

Mário Sérgio Salerno: “É difícil achar um engenheiro de produção formado em uma boa escola que não esteja empregado.”

Apesar de não ser uma profissão nova no Brasil - o primeiro curso foi instalado na USP, em 1958 -, o engenheiro de produção passou a ter alta demanda no mercado nacional de dez anos para cá. A absorção de mão de obra também levou à abertura de novos cursos pelo país afora. “Hoje o mercado está muito aquecido. É difícil achar um engenheiro de produção formado em uma boa escola que não esteja empregado”, revela o professor Mário Sérgio Salerno, salientando que, além dos cursos de graduação, as universidades hoje têm pós-graduação em engenharia de produção.

Parte deste aquecimento no mercado, e também pela grande procura do curso de engenharia de produção, se deve ao fato de que regiões brasileiras que antes não absorviam esse tipo de profissional agora passaram a valorizá-lo. É o que ocorre no Norte e no Nordeste do país, principalmente pelo crescimento da construção civil. “Tradicionalmente, a engenharia de produção era mais requisitada no Sul e no Sudeste, por causa do maior acúmulo industrial, mas o Nordeste e o Norte estão crescendo rapidamente. Hoje, inclusive, a taxas maiores que Sul e Sudeste”, comenta o professor da USP.

Outro estímulo à profissão de engenheiro de produção está relacionado à sustentabilidade. Mário Sérgio Salerno explica que uma das atividades básicas da engenharia de produção é a gestão do desenvolvimento do produto, que envolve seu ciclo de vida e que tem relação direta com a sustentabilidade. “Inclusive, um conjunto de escolas que tem curso de engenharia de produção já incluiu a sustentabilidade entre as suas disciplinas”, afirma Salerno.

Dos setores da economia, três são os que mais absorvem engenheiros de produção: industrial, de serviços e consultoria. Em outros países, a engenharia de produção é também chamada de gestão de operações ou engenharia industrial. “Tem pequenas diferenças. No caso da engenharia industrial, ela é um pouco mais tecnológica e mais ligada à engenharia mecânica. Já a gestão de operações é mais genérica”, explica o coordenador do Departamento de Engenharia de Produção da USP.

Em 2010, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, 70% dos engenheiros de produção contratados foram atuar no mercado financeiro. Os outros 30% acabaram absorvidos pela indústria, incluindo aí a da construção civil.

Entrevistado
Mário Sérgio Salerno
Currículo
- Coordenador do Laboratório de Gestão da Inovação (LGI) do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP e coordenador executivo do Observatório da Inovação do Instituto de Estudos Avançados da USP (www.iea.usp.br)
- Graduado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1979), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), especializado em Inovação Tecnológica e Desenvolvimento (Institute of Development Studies, University of Sussex, Inglaterra, 1986), doutor em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1991)
- Professor Titular (2006) e chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP (a partir de junho/2007)
Contato: msalerno@usp.br / www.pro.poli.usp.br/lgi / www.observatoriousp.pro.br/

Crédito: Arquivo pessoal

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Tecnologia Concreto-PVC se propaga no Brasil

Sistema construtivo ganha espaço através do programa Minha Casa, Minha Vida e por causa das recentes catástrofes naturais ocorridas no país

Por: Altair Santos
Casas para o programa Minha Casa, Minha Vida construídas em PVC-Concreto: 11 estados já aderiram à tecnologia.

O combate ao déficit habitacional tem estimulado o uso de um novo sistema construtivo no Brasil. Criado no Canadá, o Concreto-PVC passou a atrair o interesse de companhias habitacionais por causa da velocidade com que permite erguer casas de interesse social. Bem difundido no Rio Grande do Sul, o método de construção avança e já está presente em outros 11 estados. Através do programa Minha Casa, Minha Vida, ele hoje é aplicado também em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Alagoas.

Em São Paulo, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) firmou parceria com a empresa que detém a tecnologia no país para atuar no projeto de reconstrução de casas na cidade de São Luis do Paraitinga. O município, em 2010, foi devastado pelas chuvas. Da mesma forma, o sistema recentemente foi escolhido para a construção de casas nos municípios que foram afetados pelas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, como Petrópolis e Teresópolis. “Já temos projetos aprovados nestes dois municípios”, diz o arquiteto Tiago Saretta Ferrari, responsável técnico da Royal do Brasil Technologies S.A.

Montagem das fôrmas: PVC fica incorporado à construção e dispensa acabamento.

O Concreto-PVC, internacionalmente conhecido como Royal Building System (RBS), é constituído por painéis ocos de duplo encaixe coextrudados de PVC. Com diversas espessuras, eles são preenchidos com concreto. A diferença para o sistema convencional de fôrmas é que as fôrmas ficam incorporadas à construção e servem como acabamento final, dispensando revestimentos adicionais como pinturas, rebocos e cerâmicas. O método é utilizado para construção de casas em diversos padrões, prédios industriais, prédios residenciais (em até cinco pavimentos) e comerciais, como escolas, hospitais e postos de combustíveis.

No Brasil, o Concreto-PVC passou a ter consultoria da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) para aprimorar o concreto utilizado no sistema construtivo. A tecnologia exige concreto bem fluído (abatimento 25 cm ou mais) e utiliza brita “0” ou pedrisco para um melhor preenchimento das fôrmas. No Rio Grande do Sul tem sido usado com eficiência o concreto leve com pérolas de EPS, para melhorar ainda mais os índices de conforto térmico e acústico. Por ser uma fôrma que fica incorporada à parede, o tipo de concreto a ser utilizado deve ter as características mínimas de resistência (de acordo com o projeto estrutural) e fluidez (para preenchimento adequado).

Fundação para receber as fôrmas: casas de interesse social podem ser erguidas em até 7 dias.

Para se adequar ao programa Minha Casa, Minha Vida, a empresa que detém a tecnologia no Brasil adaptou o sistema para a construção de casas populares. Ele permite erguer uma habitação de interesse social em 7 dias. Para uma residência de 56 m2, que utiliza fôrmas de 64 mm, são necessários para o preenchimento dos vãos aproximadamente 7,50 m3 de concreto. Outra vantagem é que o método pode ser utilizado com outros padrões de construção, como alvenaria convencional. Além disso, por sua boa capacidade termoacústica, está adaptado às oito zonas bioclimáticas brasileiras (ABNT NBR 15220-3 - Desempenho térmico de edificações – Parte 2), assim como atinge os valores de isolamento acústico para paredes externas, internas e geminadas em unidades residenciais.

 

Entrevistado
Tiago Saretta Ferrari, responsável técnico da Royal do Brasil Technologies S.A.
Currículo

- Arquiteto e urbanista (UFRGS-1998) e responsável técnico da Royal do Brasil Technologies S.A.
- Atua na área técnico-comercial e institucional da Royal do Brasil e no desenvolvimento de projetos com a utilização do sistema RBS
Contato: tferrari@royalbrasil.com.br

Crédito: Royal do Brasil Technologies S.A.

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330