"PAC da América do Sul" soma R$ 203 bi e 520 obras

Programa de ação estratégica entre os 12 países tenta viabilizar, até 2022, 31 projetos âncoras, dos quais o Brasil está envolvido em 11

Por: Altair Santos

O despertar do Brasil para as obras de infraestrutura tem influenciado os países vizinhos. As 12 nações que integram o continente Sul-americano realizam esforços para conseguir viabilizar, até 2022, projetos que englobam rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas. São 31 empreendimentos âncoras, que vão desencadear pelo menos outros 500 em seu entorno.

João Mendes Pereira, do ministério das Relações Exteriores: recursos seriam financiados pelo Banco do Sul, espécie de BNDES da região.

Chamado de "PAC da América do Sul", o plano já tem algumas obras em andamento, mas depende de viabilizar recursos para entrar em ritmo acelerado.  No Brasil, quem participa das negociações é o ministro João Mendes Pereira, Coordenador-Geral Econômico para a América do Sul, Central e Caribe do ministério das Relações Exteriores. Na entrevista a seguir, ele revela como funciona o projeto e quais as obras prioritárias para o país. Confira:

Como está o desenvolvimento de projetos de infraestrutura para integrar os países da América do Sul?
São 31 projetos que fazem parte da Agenda de Projetos Prioritários de Integração (API) do Conselho de Infraestrutura e Planejamento da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas). Como é que nós chegamos a estes 31 projetos? Isto foi um processo ao longo dos últimos dois anos, desde que a UNASUL criou o Conselho de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN). O conselho montou uma agenda de projetos prioritários, um estatuto, um regulamento e um programa de atividade para os próximos dez anos, de 2012 a 2022. É, digamos assim, o mapa que nós temos que seguir entre os 12 países para alcançar resultados mais concretos. Isso recolhe todo o arcabouço de atividades da IRSA (Iniciativa para Integração da Infraestrutura Física Sul-Americana) lançada no ano 2000, na primeira reunião de presidentes da América do Sul. Os 31 projetos são estruturantes, porque eles têm o caráter de induzir o desenvolvimento das regiões onde serão feitos e vão gerar outras 88 obras satélites. Mantidas as proporções, estamos gerando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da América do Sul.

Dos 31 projetos, qual obra está mais próxima de sair do papel?
Estas obras têm diferentes perspectivas. Existem algumas que estão bem desenvolvidas como, por exemplo, os eixos rodoviário e ferroviário Montevidéu-Cacequi, que está em fase final de execução, e a rodovia interoceânica, entre Brasil e Peru, concluída em 2011. Outra obra importante é o corredor rodoviário bioceânico, unindo Brasil, Bolívia e Chile. Faltam apenas 40 quilômetros para concluir esta rodovia no território boliviano. Com isso, a expectativa é inaugurar até o meio do ano este corredor que sai de Santos, passa por Paranaguá, vai até Mato Grosso, entra pela Bolívia, via Santa Cruz de la Sierra, e desembarca nos portos chilenos. Outro corredor importante é a ferrovia que sairá de Paranaguá, passando por Foz do Iguaçu, pelo sul do Paraguai, por Resistência, na Argentina, indo até o sul do Pacífico, no porto de Antofogasta, no Chile.

Algumas obras foram projetadas há décadas. Como torná-las realidade?
Um dos grandes desafios é a questão de financiamento para a execução do projeto. São montantes muito grandes. Para ter uma ideia, a agenda de projetos prioritários de 31 projetos tem um valor estimado de quase R$ 24 bilhões. Isso é mais ou menos 12% do total de portfólio de obras que são em torno de 520 e que englobam R$ 203 bilhões. Então, hoje, o grande desafio para tornar realidade estas obras é dar um bom direcionamento para a questão de financiamentos. Entre as equações está o envolvimento de entidades como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a CAF (Corporação Andina de Fomento) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para poder pensar nesta questão do financiamento.

Haverá um fundo comum entre os países para custear os empreendimentos?
Não estamos trabalhando com a ideia de fundo para estas obras, mas de um banco de fomento, o Banco do Sul. Atualmente sete países-membros apoiam essa ideia. São Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador e Venezuela e há a expectativa de que Colômbia, Peru, Chile, Guiana e Suriname também possam se incorporar. O banco tem um propósito específico, que é financiar obras de infraestrutura da América do Sul. O convênio já foi assinado em 2009 e ratificado por quatro países: Venezuela, Equador, Argentina e Uruguai. Nós pretendemos, no Brasil, aprovar o convênio ainda este ano, para que o convênio possa entrar em vigor e a partir daí o banco possa iniciar, em cooperação com outras entidades, processos de cofinanciamento. A grosso modo é o conceito de um fundo, mas sem criar novas estruturas de financiamento, e sim buscar novas formas de utilizar as estruturas que já existem. Hoje você tem recursos disponíveis em agências como o BNDES, como o BID, como a CAF, mas que não trabalham articuladamente. Por isso, há um grupo de trabalho que busca soluções para fazer as agências de financiamento conversarem entre si e maturar esta questão do Banco do Sul.

Sob o ponto de vista da construção civil, o que pode significar essas obras para o setor?
Elas permitem que todas as entidades públicas e privadas ligadas à construção civil da América do Sul possam ter uma noção das necessidades de infraestrutura da região e possam pensar as suas atividades. Uma vez que o continente esteja integrado numa matriz de desenvolvimento regional, cria-se uma sinergia positiva de cooperação entre as diferentes entidades e até mesmo entre membros da construção civil, o que gera um efeito dinamizador de crescimento para as atividades de construção civil. Por isso, estamos começando a desenvolver neste início de ano atividades de divulgação desta agenda para o setor privado. O objetivo é mostrar o potencial de obras que existem na região e conseguir dar concretude à execução dos projetos.

Para o Brasil, qual ou quais projetos são mais relevantes?
Se pegar o mapa da América do Sul, pela própria dimensão do Brasil as obras que envolvem o país são relevantes para toda a região. O Brasil faz fronteira com praticamente todos os países, à exceção de Chile e Equador. Então, todas as obras tem alguma importância para o Brasil. Dos 31 projetos, dois são de interesse mais próximo do Brasil e no total são 11 que tem uma interface com o país. Os dois relevantes são o corredor ferroviário bioceânico Brasil-Paraguai-Argentina-Chile, por causa do agrobusiness, da produção agropecuária e do desenvolvimento energético do cone sul. Outro projeto é o que busca desenvolver ligações rodoviárias com Guiana, Suriname e Venezuela. Por quê? Porque ainda há ligações muito tímidas com o norte do Brasil e com o norte do continente. Ao mesmo tempo, são áreas de grande potencial agrícola e energético.

A maioria das obras engloba rodovias e ferrovias?
Tem rodoviárias e ferroviárias, mas tem gasodutos, melhorias logísticas, como portos e aeroportos, e linhas de transmissão, como a Itaipu-Assunção, além de melhorias na navegabilidade e no transporte multimodal, assim como túneis. A variedade de obras é grande.

As obras prioritárias para o Brasil necessitam de quanto em investimento?
Diretamente, são R$ 6,6 bilhões.

Para a economia da região, o que significa viabilizar esses projetos?
A ideia é que essas obras possam contribuir não só para o comércio exterior, mas ser efetivos mecanismos de desenvolvimento das regiões por onde elas passam.

Para o Brasil, a obra mais importante é o corredor ferroviário bioceânico, ligando os portos de Paranaguá e Antofogasta, no Chile.

Confira quais são as 31 obras âncoras da América do Sul: Clique aqui

Veja os documentos aprovados na 2ª reunião ministerial do Cosiplan: Clique aqui

Entrevistado
Ministro João Mendes Pereira, Coordenador-Geral Econômico para a América do Sul, Central e Caribe do ministério das Relações Exteriores
Currículo

- João Mendes Pereira, 46, é bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (1987) e diplomata pelo Instituto Rio Branco (1991)
- É atualmente ministro de Segunda Classe da carreira diplomática
- Serviu na Missão brasileira junto às Comunidades Europeias (1995-1999), na Delegação do Brasil junto à ALADI e ao Mercosul (1999-2003) e na Embaixada do Brasil em Lisboa (2004-2007)
- No Brasil, foi assessor da Divisão de MERCOSUL (1991-1995), Coordenador-Geral das Negociações Mercosul-União Europeia (2003-2004), Chefe da Divisão de Integração Regional I (2007-2009) e exerce, desde 2009, o cargo de Coordenador-Geral Econômico para América do Sul, Central e Caribe
Contato: joao.mendes@itamaraty.gov.br / cgdecas@itamaraty.gov.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Senai terá R$ 1,5 bi para capacitar construção civil

Programa será financiado pelo BNDES e envolve ampliação e modernização de laboratórios, além de unidades móveis para formar profissionais

Por: Altair Santos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestará R$ 1,5 bilhão ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para a implantação, ampliação e modernização de 23 institutos de inovação e 65 institutos de tecnologia. O dinheiro também atenderá a rede de escolas e financiará unidades móveis do Senai. A capacitação de mão de obra para a construção civil será a prioridade do programa.

Unidade móvel do Senai, em Santa Catarina: prioridade é qualificar a mão de obra.

Santa Catarina é um dos primeiros estados beneficiados pelos recursos liberados pelo BNDES. Quatro unidades móveis do Senai já percorrem os municípios para fornecer cursos, em parceria com prefeituras, sindicatos e empresas. Instaladas em contêineres, as unidades oferecerão qualificação e aperfeiçoamento a pedreiros, pintores, instaladores hidráulicos, eletricistas, carpinteiros de fôrma, armadores de ferragem, assentadores de cerâmica, projetistas e mestre de obras (gestores).

Cada unidade móvel tem capacidade para atender 24 alunos. A estimativa é que permaneçam de três a quatro meses em cada localidade, para prestar mais de 160 horas mensais de treinamentos. Elas poderão ser instaladas em ambientes públicos ou nos canteiros de obras. As primeiras cidades catarinenses a receberem o programa são Palhoça, Itajaí, Criciúma e Chapecó. O diretor regional do Senai no estado, Sérgio Roberto Arruda, lembra que a meta é ampliar ainda mais a capacidade de formação das unidades móveis. "O objetivo é atingir sete mil profissionais por ano", diz.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, considera que o investimento na expansão da rede Senai é fundamental para capacitar trabalhadores e agregar inovação às empresas. “Esse programa é muito importante para o país. A agenda de inovação é uma agenda de mobilização empresarial, mas é também de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de infraestrutura para a oferta de serviços técnicos e tecnológicos”, disse.

Quanto aos institutos de pesquisa e inovação tecnológica que serão instalados, ampliados e reequipados, a ideia é que eles atuem em sete áreas: produção, microeletrônica, engenharia de superfícies e fotônica, materiais e componentes, tecnologia da comunicação e da informação, tecnologias construtivas e energia.  Segundo o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, que também é diretor-geral do Senai, toda a rede de institutos deve estar pronta e em pleno funcionamento até 2014.  

O lançamento do programa ocorreu no final de 2011, no encontro batizado de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). O objetivo é estimular as pequenas e médias empresas a desenvolverem novos produtos e aprimorarem seus métodos de produção. Em 2011, segundo pesquisa encomendada pela CNI, apenas 12% das empresas ligadas à confederação apontaram o desenvolvimento de novos produtos como objetivo principal de seus investimentos. A meta é que esse percentual suba para 20,9% em 2012.

Cada unidade é equipada para dar cursos que duram de quatro a seis meses.

Entrevistado
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)
Contato:
  imprensa@cni.org.br / imprensa@sc.senai.br

Créditos foto: Divulgação / Senai

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Brasil concluiu 11,5 mil grandes obras em 2011

Para 2012, já há 8,5 mil projetos contratados, entre empreendimentos residenciais, comerciais, industriais e de infraestrutura

Por: Altair Santos

Pesquisa da ITC (Inteligência Empresarial da Construção) aponta que em 2011 o Brasil chegou a 11.559 grandes obras concluídas. Envolvendo quase 125 milhões de m², as construções geraram um investimento de R$ 421,5 bilhões. O levantamento contabiliza apenas obras com mais de 1.000 m² de área construída e que tenham custo superior a R$ 1 milhão.

Viviane Guirao, diretora de marketing da UTC: sem a construção civil, o Brasil não cresce.

Para 2012, a pesquisa da ITC detectou  que há 5.000 empreendimentos em fase de projeto e estudo de viabilidade e 3.500 em andamento, já com canteiros de obras instalados. Segundo Viviane Guirao, diretora de marketing da consultoria, a coleta de dados é feita através de contato direto com incorporadores, bancos, construtoras, escritórios de arquitetura e investidores. "A cada ano conseguimos abranger um volume maior de informações e aprimorar a pesquisa", revela Guirao.

Em seu relatório, a ITC divide as obras nos seguintes grupos: comercial, residencial, industrial e infraestrutura. "São segmentos bem diferentes, que têm características próprias e não se limitam a edifícios residenciais ou edifícios corporativos. A ITC divulga também obras de shoppings, de hotéis, de indústrias, saneamento básico, hidrelétricas, termoelétricas, enfim, todo o mercado nacional é avaliado", diz a diretoria de marketing da empresa, para quem as projeções apontam um crescimento sustentável da construção civil no Brasil até 2016.

Viviane Guirao comenta que desde 2007 o avanço do setor tem sido relevante dentro da economia do país.  Em 2010, foram  11.174 grandes obras concluídas; em 2009, 7.487. "A tendência é que até 2016 esse volume de investimento cresça gradativamente, impulsionando toda a cadeia da construção civil. Para construir uma grande obra, é preciso que a indústria esteja produzindo todos os materiais. Então, se o segmento de novos empreendimentos cresce, a indústria também cresce", avalia.

Ainda de acordo com a pesquisa da ITC, fica evidente que o programa Minha Casa, Minha Vida influenciou positivamente na cadeia produtiva da construção civil. O levantamento detecta que das mais de 11,5 mil grandes obras construídas em 2011, 6.500 foram voltadas para a construção de edifícios residenciais e condomínios. "É uma tendência que predomina desde 2007, puxando também as obras viárias e de saneamento básico nas cidades",  aponta Viviane Guirao.

Para 2012 o segmento residencial seguirá forte, mas o setor de edifícios comerciais, incluindo hotéis e shopping centers, deverá ganhar um grande impulso, projeta a ITC. A consultoria também avalia que a construção civil sofre uma descentralização. Regiões como o Nordeste do país, assim como cidades-pólos do interior brasileiro, estão conseguindo atrair, proporcionalmente, tanto investimento quanto as grandes metrópoles. " As construtoras de São Paulo e do Rio de Janeiro abriram seu leque para outras regiões, principalmente o Nordeste, onde a facilidade de crédito atrai os investimentos", cita a diretora de marketing da ITC, dizendo que o resultado da pesquisa leva à seguinte conclusão:  sem a construção civil, o Brasil não cresce.

Confira o relatório da ITC: ITC_relatorio

Entrevistada
Viviane Guirao, diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC (Inteligência Empresarial da Construção)
Currículo

- Graduada em engenharia civil pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) em São Paulo
- Pós-Graduada em Negócios Imobiliários pela FAAP
- Ocupa o cargo de diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC- Informações da Construção
Contato: viviane@itc.etc.br / marketing@itc.etc.br  / http://www.itc.etc.br/default.asp

Créditos foto: Divulgação / ITC

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Varejo da construção civil avança no interior do PR

Com o incentivo do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Materiais de Construção, setor atua em 345 municípios do estado

Por: Altair Santos

No Paraná, o programa Minha Casa, Minha Vida tem cumprido outra função, além de fornecer habitação para as famílias do estado. Seu estímulo faz com que o comércio varejista da construção civil se propague pelo interior. Segundo dados do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Materiais de Construção (Simaco) em 2012 deverá ser alcançada a marca de oito mil pontos de venda em 345 cidades das 355 que há em território paranaense.

Sigismundo Mazurek, presidente do Simaco: "O cimento é igual farinha para o pão. Se não tiver farinha, não sai pão”.

De acordo com o presidente do Simaco, Sigismundo Mazurek, os municípios do interior que mais se destacaram na venda de material de construção em 2011 foram, pela ordem, Londrina, Maringá, Campo Mourão, Cascavel, Guarapuava e Ponta Grossa - contabilizando também as respectivas regiões metropolitanas destas cidades. "De um modo geral, todas as empresas tiveram um desempenho bastante favorável de crescimento no ano passado. Através do Minha Casa, Minha Vida, a Caixa Econômica Federal estendeu financiamento farto para essas regiões e isso estimulou as vendas", diz.

Outra conquista relevante, segundo o Simaco, foi a redução do ICMS para material de construção, baixando de 18% para 12%. No Paraná, há outros benefícios embutidos nessa diminuição do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços. "Nosso sindicato conseguiu também que os governos estadual e municipais reduzissem suas participações no ICMS. Então, aqui no Paraná, o incentivo fiscal é maior que em outros estados ", afirma.

Entre os produtos que o consumidor mais busca no comércio varejista da construção civil ainda se destacam os insumos básicos do setor, como cal, areia, tijolos, porcelanato, tintas e, sobretudo, cimento.  "Sem cimento não tem construção. O cimento é igual farinha para o pão. Se não tiver farinha, não sai pão",  comenta Sigismundo Mazurek, que ressalta também o papel do chamado comércio formiguinha - venda picada para pequenas reformas - no fluxo do setor. "Essa participação do consumidor no dia a dia segue com bastante representatividade no volume de negócios", completa.

Por conta das vendas acentuadas, o Simaco tem desenvolvido trabalho intenso, em parceria com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) para qualificar não só a mão de obra que atua no comércio varejista da construção civil como a que pretende preencher as vagas ofertadas. "Conseguimos viabilizar cursos gratuitos. Essa é uma bandeira nossa: a de preparar e especializar cada vez melhor quem atende diretamente o consumidor", conclui Mazurek. Os cursos do Senac para o setor formaram em 2011 quase 600 profissionais.

Entrevistado
Sigismundo Mazurek, presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Materiais de Construção (Simaco)

Currículo
- Sigismundo Mazurek atua desde 1978 no setor varejista da construção civil.
- É o fundador da empresa Rei das Fechaduras
- Eleito em 2010, Sigismundo Mazurek cumpre seu segundo mandato à frente do Simaco. O primeiro foi entre 1997 e 2004.
- Ocupa o cargo de diretor da Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Paraná (Acomac-PR)
- Desempenha também a função de conselheiro do Sesc-PR e de diretor secretário da Fecomércio-PR.

Contato: sigimazu@hotmail.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Favelas carecem de política habitacional específica

Brasil tem 11 milhões de pessoas vivendo em aglomerados subnormais e solução do problema vai além do Minha Casa, Minha Vida

Por: Altair Santos

O Brasil tem 11,4 milhões de pessoas vivendo em favelas, distribuídas em 323 municípios do país. Os dados fazem parte de uma pesquisa sobre aglomerados subnormais divulgada no final de 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de um problema que, na opinião do professor Natal Destro, diretor e fundador da Universidade Corporativa Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção) pode resultar em oportunidades, desde que o poder público não engesse sua política habitacional.

Natal Destro: "Não é um modelo único de política habitacional que vai acabar com as favelas".

Para o especialista, só o programa Minha Casa, Minha Vida não vai resolver o problema das favelas no Brasil. Natal Destro defende que haja um projeto específico para transformar essas áreas, ancorado por um forte subsídio governamental. "Quem tem renda de zero a três salários mínimos precisa ser subsidiado integralmente, pois lá na frente esse subsídio vai se transformar em lucro para o governo. Uma favela com casas regularizadas, ruas, luz elétrica e saneamento básico se converte em IPTU, contas de luz e de água", explica.

Outra tese apoiada pelo professor  é que o investimento maciço na transformação das favelas resultaria em geração de empregos e em mais crescimento para o setor da construção civil. "Com o envolvimento de cooperativas, associações de bairros, associações de classe e de interesse social poderia haver a qualificação dos moradores das favelas para eles mesmos gerirem as obras. É preciso perseguir todas as formas para extinguir as favelas, e não só um modelo de programa habitacional", diz.

Natal Destro se apega a uma teoria econômica, a curva de Laffer, para defender que o subsídio às habitações de interesse social resulta em crescimento para o país. "Em economia se estuda a curva de Laffer. De cada real investido na construção civil, ele se multiplica catorze vezes. Nenhuma cadeia produtiva é tão lucrativa no Brasil. A segunda maior é a automobilística, que multiplica cerca de oito vezes cada real investido. Então, para eliminar a linha da pobreza, o país tem de investir em construção civil", avalia.

Obstáculos

O governo federal planeja acabar com o déficit habitacional brasileiro até 2023. Para o professor da universidade Anamaco, isso é possível desde que sejam combatidas três frentes: a corrupção, o desperdício na construção civil e o risco de o Minha Casa, Minha Vida se elitizar. "O Brasil já cometeu esse erro com o BNH (Banco Nacional de Habitação) que terminou como uma instituição que financiava apenas os ricos. Além disso, é preciso seguir combatendo o desperdício na construção civil. Há 15 anos, as perdas em uma obra chegavam a 40%. Hoje, está em 15%. É necessário investir em tecnologias de construção para diminuir cada vez mais o desperdício. Por fim, a corrupção, que desvia anualmente quase R$  80 bilhões - dinheiro que seria suficiente para zerar o déficit habitacional em um ano", alerta.

Apesar dos gargalos a serem superados, Natal Destro lembra que os programas do Brasil para combater a pobreza hoje inspiram outros países. "Nosso modelo é copiado na América Latina, na África, na Ásia e, inclusive, na Europa. Não é perfeito, mas é bom. Porém, dá para aperfeiçoar e fiscalizar com mais eficiência. Com isso, as chances de chegarmos em 2023 com um déficit habitacional zero ou perto de zero são grandes. E a construção civil é a alavanca para isso", finaliza. 

Favela no Brasil: transformação beneficiaria 11,4 milhões e manteria crescimento da construção civil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrevistado
Natal Destro, presidente da ACOMAC-SP (Associação dos Comerciantes de Material de Construção de São Paulo)
Currículo
Natal Destro é graduado em administração de empresas, com pós-graduação em comércio exterior e recursos humanos
É palestrante, professor de gestão comercial e de vendas e diretor e fundador da Universidade Corporativa Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção)
Também atua como consultor das entidades como ABRAPE (Associação Brasileira de Produtores de Eventos),  ADIMACO (Associação Nacional dos Distribuidores e Instaladores de Material da Construção a Seco) e ABRADICON (Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores de Material de Construção)
Contato:presidente@acomacsp.com.br

Créditos foto: Divulgação/Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Construção civil desperta para a inovação

Centros de pesquisa abrem espaço para empresas do setor que queiram desenvolver novos materiais, softwares e sistemas construtivos 

Por: Altair Santos

A inovação chegou para ficar na construção civil. Incentivado por centros de pesquisa coligados com universidades, o setor ganha instrumentos para testar novos materiais e sistemas construtivos. Entre os incubadores de projetos, o Cietec é um dos que há mais tempo está em atividade. Criado em 1998, o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia funciona em São Paulo, com o apoio do governo estadual, do Sebrae, da USP (Universidade de São Paulo), do IPEN ( Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Desde 2007, o organismo criou um núcleo para fomentar empresas da construção civil voltadas à inovação. 

Sérgio Risola, do Cietec: criando condições para que a construção civil inove.

Catorze empreendimentos ligados à cadeia produtiva do setor foram selecionados pelo Cietec para que se viabilizem comercialmente. Até chegar ao estágio de poder ser testado no mercado, o projeto passa por processos de pré-incubação, incubação e pós-incubação. Nestas etapas, são oferecidas infraestrutura física para a instalação e operação das empresas, além de serviços de apoio para atendimento de suas demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica. O Cietec dispõe, atualmente, de infraestrutura física e operacional para apoiar cerca de 120 empresas de base tecnológica. “Nosso objetivo é dar condições para que as empresas se desenvolvam em um ambiente inovador e tenham maior chance de sucesso”, afirma Sérgio Risola, diretor do Cietec. 

Dos projetos ligados à construção civil, e que estiveram encubadas no centro de inovação, um dos mais bem sucedidos é o da KMA2. A empresa criou uma proposta baseada em Tecnologia da Informação, que permite o autogerenciamento da obra. "Na solução Arquitecasa desenvolvemos um modelo one-stop shop (tudo em um só lugar) onde o usuário encontra informação e serviços para planejar a construção de sua casa e passar com mais tranquilidade pelo período de projeto e obra", explica o arquiteto Marcelo Brigido, que liderou o desenvolvimento do programa. 

Marcelo Brigido: empresa incubada no Cietec criou gestão de obras via online.

A ideia do Arquitecasa se viabiliza economicamente com o crescimento no volume de micropagamentos realizados por consumidores que usam o simulador de custo e por profissionais da construção, reforma e decoração residencial, que criam suas páginas para apresentar seus trabalhos. “Entendi que havia uma oportunidade para oferecer algo para ajudar a diminuir o risco de problemas no curso da obra. O programa é um simulador em que o usuário entende como as características mais básicas da casa que ele imagina construir se refletem no custo final”, revela Marcelo Brigido.

Em média, o período de incubação de uma empresa em um centro de pesquisa dura três anos. Entre outros projetos que prosperaram no Cietec está o que desenvolveu chapas plásticas de alto desempenho, a fim de que o material concorra com as formas de madeira e de metal para receber o concreto, que atualmente são mais comuns na construção civil. Há também o que propõe o uso racional da água no canteiro de obras e um ainda mais inovador , que passou a estudar os efeitos de abalos sísmicos em grandes obras do país. Apesar de o Brasil ser quase imune a terremotos intensos, recentemente algumas localidades passaram a ser alvo de tremores. Atenta, a Berrocal Vasconcelos desenvolveu equipamentos que medem o impacto dos abalos nas estruturas de concreto de hidrelétricas. 

  

Home principal do Arquitecasa: construtor tem assessoramento pela internet.

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrevistado
Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) e Marcelo Brigido, da KMA2
Currículo
- Marcelo Brigido é arquiteto graduado e pós-graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, onde lecionou até 1996.
- Profissional experiente no desenvolvimento de projetos de arquitetura residencial, desenvolveu conhecimentos de marketing durante sua atuação junto ao mercado imobiliário até 2008, quando decidiu empreender e criar a KMA2.
Contato: m.brigido@arquitecasa.com.br / www.arquitecasa.com.br / cietec@cietec.org.br / www.cietec.org.br 

Créditos foto: Divulgação / Cietec 

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Capital privado é importante para a infraestrutura

Especialista defende que, para tirar obras do imobilismo, governo precisa ser mais regulador e fiscalizador e menos investidor

Por: Altair Santos

Para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) não há mais como o Brasil  recuar na questão do investimento em grandes obras. Em seu último boletim de análise de 2011, a entidade avaliou que o setor tem condições de ser a plataforma para a expansão do crescimento em 2012. No entanto, a Abdib ressalta que o poder público precisa potencializar a participação do capital privado na infraestrutura brasileira.

Adriano Pires: "O ditado, infraestrutura é dever do Estado, já não está valendo mais nos dias atuais”.

A linha de pensamento coincide com a de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "É preciso atrair mais recursos privados, mas para isso é necessário dar mais segurança regulatória e jurídica para os investidores. Infraestrutura requer investimentos de longo prazo e o Brasil não pode deixar passar essa oportunidade. Principalmente  quando estamos diante de eventos internacionais como Copa do Mundo e Olimpíadas", diz.

Em 2011, o investimento total em infraestrutura somou  R$ 184 bilhões, entre recursos públicos e privados. Até 2016, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) projeta injetar mais R$  922 bilhões no setor. O problema, detecta Adriano Pires, é que quase metade deste valor (R$ 424 bilhões) irá para o segmento de petróleo e de gás, quando saneamento básico, estradas, portos e aeroportos também precisam receber igual volume de recursos. "O BNDES não é suficiente para resolver o problema. O governo precisa ter mecanismos para atrair investimentos que não sejam públicos", avalia.

Segundo o diretor do CBIE a iniciativa privada está muito interessada em investir em obras de infraestrutura no país, mas o governo precisa sinalizar. "Infraestrutura no Brasil dá retorno suficiente para que o setor privado faça os investimentos. O que deveria acontecer é que o Estado deveria estar mais preocupado em ser regulador e fiscalizador e menos preocupado em ser investidor. Na medida que isso ocorrer, o setor privado vai ter segurança jurídica e econômica para investir", analisa.

Hoje, continua Adriano Pires, o problema do Brasil não é falta de dinheiro. "Todo mundo quer colocar dinheiro no país. Apesar da crise internacional, ainda há uma grande liquidez lá fora. Os capitais europeus e americanos estão procurando mercado para colocar dinheiro. Este dinheiro só não está vindo em maior quantidade para o Brasil em função do risco regulatório.  O governo tem de entender que aquele ditado que prevaleceu nos anos 1950, de que infraestrutura é dever do Estado, já não está valendo mais nos dias atuais", completa.

Construção civil

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura cita que a cadeia produtiva da construção civil deveria ajudar a influenciar o governo a rever sua política para tirar do imobilismo as obras de infraestrutura. "A construção civil vem crescendo muito em função do programa Minha Casa, Minha Vida. Se a infraestrutura avançar no mesmo ritmo do setor habitacional, o crescimento pode ser mais sustentável", prevê, relacionando os setores mais carentes de investimento: "As estradas, os aeroportos e os portos brasileiros estão entre os piores do mundo. Tem que começar por aí".

Entrevistado
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Currículo
- Adriano Pires é graduado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1980. Tem mestrado em planejamento energético pela COPPE/UFRJ (1983) e doutorado em economia industrial pela Universidade Paris XIII (1987).
- É sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma empresa de consultoria nas áreas de petróleo, gás natural, energia elétrica e fontes alternativas de energia. - Atua há mais de 30 anos na área de energia. Sua última experiência no governo foi na Agência Nacional de Petróleo (ANP) como assessor do diretor-geral.
- Na UFRJ, exerceu a função de professor, pesquisador e consultor junto a empresas e entidades internacionais. Desenvolveu atividades de pesquisa e ensino nas áreas de economia da regulação; economia da infraestrutura; aspectos legais e institucionais da concessão dos serviços públicos e tarifas públicas.  
Contato: adriano@cbie.com.br

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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Construção civil ganha fórum para grandes temas

Objetivo do Instituto Brasileiro de Direito da Construção (IBDiC) é fomentar ideias que permitam aumentar a produtividade do setor

Por: Altair Santos

Criado em setembro de 2011, com o aval de toda a cadeia produtiva do setor, o Instituto Brasileiro de Direito da Construção (IBDiC) surge para debater temas que priorizem a produtividade na construção civil. "O IBDiC é, antes de tudo, um fórum permanente dos diversos segmentos que compõem o universo da construção", explica Fernando Marcondes, presidente do Instituto, afirmando que os dois primeiros grupos de estudo do novo organismo estão debruçados sobre assuntos que têm gerado discussões acaloradas: a norma de desempenho NBR 1557 e a falta de qualificação de mão de obra. "Pretendemos promover um encontro aberto para discutir esses temas", diz.

Fernando Marcondes, presidente do IBDiC: "Brasil precisa dar mais atenção ao direito da construção".

Segundo Marcondes, é urgente para a construção civil debater a questão da mão de obra. "É uma preocupação do setor, sob pena de enfrentarmos sérios problemas de qualidade em um futuro próximo", diz. Outro ponto a ser atacado, segundo o presidente do IBDiC, é a carga tributária. "Esse é também um sério problema. Se o Estado quer mesmo incentivar o setor, como alardeia, a maior contribuição que pode dar é reduzir o peso dos impostos. Não basta um incentivo temporário, apenas para aquecer o mercado por um tempo. É preciso reconhecer que a construção é um setor estratégico para o desenvolvimento do país e, a partir disto, oferecer uma tributação decente, que não torne proibitivos os investimentos", completa.

Outro ponto que permeia o IBDiC é o ambiente jurídico que envolve o setor. "Há uma falta de padrões, de referências, e mesmo de material doutrinário específico sob construção. Enquanto em outros países o direito da construção é tratado como uma matéria específica, no Brasil temos pouquíssimas obras dedicadas exclusivamente ao tema. Vivemos de referências estrangeiras, nem sempre adequadas à nossa realidade. É hora de mudar isso. Precisamos também promover uma maior integração e um diálogo mais permanente entre os players desse mercado", avalia Fernando Marcondes.

O presidente do IBDiC lembra que há em outros países organismos semelhantes ao Instituto. Na Grã-Bretanha, a Society of Construction Law; nos Estados Unidos, a Dispute Resolution Board, na Suíça, a Federation International des Ingenieurs Consulteurs (FIDIC). No Brasil, o IBDiC funciona em sintonia com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo) e com o Instituto de Engenharia, também na capital paulista. Essa ramificação faz com que o IBDiC já conte com a adesão de quase duas centenas de profissionais dos setores jurídico, de engenharia e de negócios da construção e empreendimentos imobiliários.

Todos os integrantes do IBDiC têm liberdade para propor a discussão de temas. Fundado há quatro meses, com sede em São Paulo, o instituto já conta com dez grupos de estudos em plena atividade.

Também foi formado um comitê, cuja função é criar um material de orientação para a elaboração e interpretação de contratos de construção. Esse grupo conta com mais de quarenta profissionais. "Já entrevistamos grandes contratantes, grandes e médias construtoras, e pretendemos ouvir ainda investidores, incorporadores e bancos financiadores. Para março estamos preparando um seminário na PUC-RJ para envolver o universo acadêmico. O objetivo é conseguir, em algum momento, que o direito da construção encontre espaço como matéria eletiva na grade curricular", finaliza Fernando Marcondes.

Entrevistado
Fernando Marcondes, presidente do Instituto Brasileiro de Direito da Construção (IBDiC)
Currículo

- Fernando Marcondes é graduado em direito, com pós-graduação em direito civil e mestrado na mesma área pela PUC-RJ
- É vice-diretor para assuntos de Dispute Resolution Board no Brasil
- É membro da Society of Construction Law
- É membro da Dispute Review Board Foundation

Contato: fm@baptista.com.br

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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Curitiba inova na fiscalização do mercado imobiliário

Peças publicitárias de imóveis terão de trazer informações sobre os responsáveis pela obra, desde o engenheiro até o paisagista

Por: Altair Santos

Até março de 2012, a prefeitura de Curitiba irá sancionar lei que reforça o poder de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR) e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PR). A partir da nova legislação, os organismos poderão exigir que peças publicitárias de lançamentos imobiliários informem o nome dos autores dos projetos de arquitetura (arquitetônico, interiores, paisagismo e projeto urbano) e do engenheiro responsável pela obra. A medida inovadora, por ser a primeira vez que é adotada em um município do país, surgiu da iniciativa do próprio Crea-PR e da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Paraná (Asbea-PR).

Crea-PR e CAU-PR serão os responsáveis por fiscalizar a publicidade feita por construtoras.

A construtora que não cumprir o estabelecido no projeto de lei poderá sofrer penalidades que vão desde uma simples notificação (tendo cinco dias para sua regularização) seguida de multa de R$ 1 mil e nova notificação (com prazo de 24 horas para regularização) até a apreensão do material. Mas segundo o engenheiro civil Fabiano Braga Cortês, que é o autor do projeto de lei e membro da comissão de urbanismo da Câmara Municipal de Curitiba, o objetivo principal da legislação não é punir as empresas, mas valorizar os profissionais. "Na placa da obra constam os nomes dos profissionais de arquitetura e de engenharia. Já no material publicitário, não. A intenção é propiciar o reconhecimento de quem trabalhou e também dar mais instrumentos à fiscalização, já que alguma vezes o profissional que assina não está regularizado perante ao Crea ou ao CAU", diz.

A medida vai ao encontro de uma das propostas do novo presidente do Crea-PR, Joel Krüger, que defende mecanismos que possam aprimorar a capacidade de fiscalização do conselho. "Inovar e especializar a fiscalização, além de qualificá-la, é uma das minhas metas. A legislação proposta coincide com nossos objetivos", disse Krüger. A expectativa é que a lei, assim que passe a vigorar em Curitiba e demonstre resultados, desperte outros municípios do Paraná a copiá-la. "Como veio o pedido de duas entidades fortes, e que atuam no estado inteiro, a gente espera que em breve isso se propague pelo Paraná através de uma lei estadual", completa Braga Cortês.

Tanto Crea-PR quanto o CAU-PR avaliam que a nova lei trará, além da valorização dos profissionais, mais garantias para as obras e mais segurança para o consumidor do imóvel. "Vai gerar um círculo virtuoso na construção civil de Curitiba. A obra bem feita vai valorizar o profissional, que vai passar a chamar a atenção do comprador. No futuro, pode-se criar uma grife. O material publicitário do empreendimento assinado por determinado engenheiro e por determinado arquiteto poderá gerar maior procura", avalia Fabiano Braga Cortês.

Entrevistado
CREA-PR e vereador Fabiano Braga Cortês (via assessorias de imprensa)
Contato:
comunicacao@crea-pr.org.br / comunicacao@felipebragacortes.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Galpões infláveis otimizam cronograma de obras

Tendas envolvem grandes construções, protegem o canteiro de adversidades climáticas e ajudam a reduzir o custo dos empreendimentos

Por: Altair Santos

A construção civil brasileira encontrou uma solução criativa para enfrentar fenômenos climáticos, principalmente o chamado "período das chuvas" em algumas regiões do país. Adaptando uma ideia já testada na agricultura, as empreiteiras têm conseguido dar continuidade às obras, faça chuva, faça sol, usando galpões infláveis. Normalmente utilizados para a estocagem de grãos, esses equipamentos ganharam dimensões maiores e passaram a abrigar desde construções habitacionais para o programa Minha Casa, Minha Vida, até trechos de rodovias, gasodutos e ampliações em refinarias de petróleo.

Cobertura insuflada usada em Barreiros-PE: casas para vítimas de enchente entregues em tempo recorde.

No Brasil, a maior cobertura insuflada foi usada em obras de expansão da refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas-RS. Foi utilizado um equipamento com 20 mil m² de área total e 42 metros de altura. Como o empreendimento teve seu pico durante o inverno, o galpão inflável foi utilizado para proteger o canteiro de obras do frio e da chuva. A construção foi comandada pela UTC Engenharia. Já em Barreiros, no interior pernambucano,  a estrutura insuflada foi usada como proteção contra o "período das chuvas" em um empreendimento que demandou erguer casas populares para as vítimas de enchentes.

Foram utilizados dois galpões móveis, cada um com área de 3 mil m² e 18 metros de altura. As tendas permitiram que 40 casas fossem construídas simultaneamente, de um total de 2.450 habitações. Uma terceira cobertura insuflada foi usada para obras de infraestrutura do conjunto habitacional, como rede de esgoto, abastecimento d’água e pavimentação. "Nessa região em que trabalhamos, o período das chuvas dura até quatro meses. Então o uso da cobertura gerou um reflexo muito grande economicamente. Evitou ter de desmobilizar o canteiro de obras e de pedir aditivos de prazo",  revela o engenheiro civil Valdemir Henz, coordenador de obras da Egesa Engenharia.

O método de construção das casas em Barreiros foi à base de formas pré-moldadas, preenchidas com concreto, cuja secagem do material precisava de pelo menos cinco dias de estiagem. "A cura do concreto ocorreu normalmente, como se a obra tivesse sido feita a céu aberto", conta Henz, revelando os cuidados essenciais quando se usa galpão inflável: "A ventilação precisa ser monitorada constantemente, principalmente quando são usadas  máquinas com gás carbônico. É preciso ter saídas para o ar saturado e geradores que bombeiem o ar puro para dentro do galpão. Outro cuidado é a logística. Se ele for bem montado, não há perigo algum. "

No caso das obras em Barreiros, o custo do aluguel de cada galpão foi de R$ 920 mil. O equipamento requer componentes importados, mas já é fabricado no Brasil. Para a instalação, é importante que o fabricante tenha certificados de agências governamentais de tecnologia e de controle ambiental. O mesmo tipo de tenda inflável foi utilizado também para proteger a construção de uma das lajes da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro, assim como na construção de um gasoduto na Bolívia e na rodovia transoceânica, no trecho que corta a Cordilheira dos Andes - neste caso, para evitar o acúmulo de neve nas áreas que irão receber pavimentação em concreto.

Entrevistado
Valdemir Henz, coordenador de obras da Egesa Engenharia, e UTC Engenharia (via assessoria de imprensa)
Contato:
henz@egesa.com.br / utc@utc.com.br

Vídeos

Veja montagem dos galpões infláveis. Clique aqui e aqui

Créditos foto: Divulgação/Cehab-PE

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330