Goiânia ajudou a "tropicalizar" concreto autoadensável

Em 2004, graças a estudos desenvolvidos na Universidade Federal de Goiás, cidade foi pioneira no país a usar CAA na construção de edifícios

Por: Altair Santos

A literatura da engenharia civil brasileira traz registros de que a tecnologia do concreto autoadensável (CAA) chegou ao país nos anos 1980. No entanto, o produto só passou a fazer parte do cotidiano das obras a partir de 2004. A cidade de Goiânia tornou-se preponderante para que o CAA passasse a ser empreendido em construções.

André Geyer, da UFG: ele coordenou os estudos e aplicação prática do CAA nas construções.

Foi na capital de Goiás que construtoras, concreteiras, escolas de engenharia e entidades de classe dos engenheiros se uniram para estudar o material, adaptá-lo às condições técnicas e climáticas do Brasil e explorar seu potencial. "A inovação que se fez em Goiânia, a partir de 2004, foi a de se colocar em prática esta técnica na construção de edifícios, utilizando-a em larga escala e a custos compatíveis", explica André Geyer, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) que na época coordenou os estudos em torno do CAA.

Os esforços para que o concreto autoadensável ganhasse a confiança do mercado se concentraram nos laboratórios do curso de engenharia civil da UFG. "A universidade foi fundamental, pois as pesquisas desenvolvidas tornaram possíveis mostrar que o Brasil já detinha o conhecimento necessário para por em prática o CAA na construção integral de edifícios, a custos, inclusive, menores do que os com estruturas com concretos convencionais. Porém, sem o apoio das empresas de concreto e construtoras que aceitaram este desafio, nada seria possível, o que lhes dá igual importância nesse processo", revela André Geyer, citando que o CAA precisou ser adaptado para o bom uso no país. "Não havia métodos de dosagens e nem normas próprias para a aplicação deste concreto no Brasil. Foi necessária a tropicalização de métodos de dosagem, de insumos e aditivos, assim como de equipamentos, para tornar possível produzir, executar e controlar a qualidade do CAA", completa.

O professor-doutor da UFG relembra ainda que um dos desafios para a aplicação em larga escala do concreto autoadensável foi adaptá-lo às condições climáticas de regiões mais quentes do país. "Trata-se de um concreto que utiliza aditivos superplastificantes de última geração, os quais sofrem grande influencia negativa de altas temperaturas ambientais, o que é muito comum em todo Brasil. Assim foi mais difícil adaptar-se à técnica e às condições locais. Mesmo assim, com a criatividade de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás isto foi possível e está devidamente registrado em inúmeras dissertações de mestrado geradas nos cursos da UFG", diz André Geyer, relacionando as vantagens do concreto autoadensável:

· Redução do custo de aplicação por m³ de concreto
· Garantia de excelente acabamento em concreto aparente
· Permite bombeamento em grandes distâncias horizontais e verticais
· Otimização de mão de obra
· Maior rapidez de execução da obra
· Melhoria nas condições de segurança na obra
· Eliminação do ruído provocado pelo vibrador
· Significativa redução nas atividades de espalhamento e de vibração
· Permite a concretagem sem adensamento em regiões com grande densidade de armadura
· Aumento das possibilidades de trabalho com fôrmas de pequenas dimensões
· Redução do custo final da obra em comparação ao sistema de concretagem convencional
· Acelera o lançamento do concreto na estrutura, permitindo concretagens mais rápidas
· Redução da mão de obra no canteiro
· Melhoria do acabamento superficial
· Aumento da durabilidade devido à redução de defeitos de concretagem

Por causa da mobilização em Goiânia pelo uso do CAA, a cidade até hoje é considerada a "capital do concreto autoadensável". Na cidade, sua aplicação em obras está em torno de 40%, enquanto em outras capitais varia em cerca de 10%. Geyer, no entanto, acredita que a escassez de mão de obra para a construção civil possa tornar o CAA mais "comum" nos canteiros de obras. "Em alguns casos, a execução do concreto autoadensável requer 70% menos mão de obra que na aplicação de um concreto convencional. Isso começa a fazer o CAA expandir seu mercado", analisa. "Além disso, por se tratar de um concreto mais leve, ele expõe o trabalhador a menos esforços e é mais seguro, principalmente em obras de infraestrutura", ressalta.

Entrevistado
André Geyer, professor-doutor da Universidade Federal de Goiás
Currículo

- Graduado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1986)
- Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001)
- Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em materiais e componentes de construção, atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologia do concreto, concreto de alto desempenho, concreto autoadensável e métodos de dosagem
Contato: andre.geyer@hotmail.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Versáteis, placas cimentícias ganham mercado

Por gerar economia de mão de obra, e ser modelo de construção a seco, material conquista competitividade e espaço no setor habitacional

Por: Altair Santos

Para atender a demanda por habitações de interesse social, a Caixa Econômica Federal, através do programa Minha Casa, Minha Vida, começa a certificar em vários estados a construção de casas que utilizam placas cimentícias como sistema de vedação. O produto, que no Brasil passou a ser usado em escala industrial há mais de uma década, tem grau de resistência semelhante aos blocos de concreto e tijolos cerâmicos,  além de proporcionar rapidez na montagem de paredes e servir tanto para construções de casas quanto edifícios.

Eliel Lopes Ferreira Júnior: presidente do grupo Bricka

Com os processos industriais ganhando mais espaço nos canteiros de obras, os fabricantes de  placas cimentícias atravessam um período de alta demanda. Agregando cada vez mais tecnologia ao produto, alguns deles experimentaram em 2011 crescimento de até 30% no volume de negócios em relação a 2010. Para o engenheiro civil  Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do grupo Bricka, a expectativa é que o sistema se popularize ainda mais com o seu emprego em programas habitacionais. É o que ele comenta na entrevista a seguir:

Entre os processos de industrialização da construção civil, as placas cimentícias têm ganhado espaço pela versatilidade. É um mercado em expansão?
Com certeza. Hoje, no Brasil, existem vários sistemas construtivos inovadores. Diria que empilhar tijolos tornou-se coisa do passado diante de processos como a alvenaria estrutural com blocos de concreto, estruturas em steel frame e estruturas metálicas revestidas com placas cimentícias. São processos que a Bricka já executa há mais de 12 anos no Paraná e em outros estados do país. Porém, nossa perspectiva é que a placa cimentícia ganhe um volume maior de mercado diante das demandas geradas para a Copa do Mundo, tanto em obras de hotéis quanto em obras de estádios. Ela é uma solução técnica perfeita para obras que exigem sustentabilidade e rapidez.

O processo de construção com placas cimentícias ajuda a diminuir em quanto o tempo de uma obra?
Eu sempre digo que a placa cimentícia não é a solução ideal para todos os casos. Há algumas obras que a estrutura metálica é a melhor opção técnica e econômica. Tem outros em que a alvenaria estrutural com blocos de concreto é a indicada. Mas há processos em que o uso da placa cimentícia se torna imbatível. Com relação a prazo de obra, ela pode reduzir pela metade o tempo de execução de um projeto.

As placas cimentícias podem ser usadas na função estrutural e na função de vedação?
As placas cimentícias tem função única e exclusiva de vedação. A estrutura de concreto ou a estrutura metálica é que vai dar rigidez ao processo. Hoje é o sistema mais rápido no mundo para você fazer vedação, seja de paredes, forros ou de outros sistemas construtivos, como muros, painéis e beirais.

Casas populares com placas cimentícias da Bricka: sistema começa a ser incorporado pelo Minha Casa, Minha Vida.

A composição das placas cimentícias altera, dependendo da função que ela irá desempenhar na obra?
A Bricka trabalha com quatro tipos de placas. Existe a placa Brickwall Plus, que é fabricada com agregado leve, que pode ser utilizada principalmente em paredes, forros, tetos, muros e painéis. Fabricamos também a placa Brickwall Light, que é sugerida para uso em forros e beirais ou quando se vai apenas fazer um revestimento para um compensado naval, tanto para piso quanto para parede. Existe a placa Brickwall Heavy, que é produzida em peças pequenas justamente para uma pessoa só movimentar. E tem a placa com agregados flexíveis, que é a Brickwall Flex - utilizada quando você tem alguma exigência arquitetônica, como paredes curvas.

As placas cimentícias podem ser usadas em edifícios? Caso sim, até quantos andares é recomendável usá-la?
As placas cimentícias podem ser usadas como vedação em qualquer altura. Temos obras em Curitiba/PR, como é o caso do Tribunal Regional do Trabalho, que é um prédio de oito pavimentos, que foi todo fechado com placas cimentícias.  Existem também obras em Brasília/DF em edifícios de 20 pavimentos. Como a placa não tem função estrutural, ela pode ser usada em qualquer altura. Quando for usar uma estrutura metálica, aí sim ela é limitada a cinco pavimentos. Quer dizer, se eu for fazer uma construção em steel frame, a limitação é cinco pavimentos. É importante ressaltar que, com relação à parte de isolamento térmico e acústico, a placa cimentícia atende totalmente a norma de desempenho da construção civil.

A Cohab de Curitiba aprovou o uso de placas cimentícias na construção de casas populares. Já existe um projeto para empreender um número de casas com esse sistema?
Há dez anos coordenei um programa no Paraná chamado ConstruBusiness Paraná. Reunimos 40 empresas e apresentamos tecnologias de construção civil para a Cohab de Curitiba. Foram executadas uma casa com bloco de concreto estrutural, uma casa com bloco de encaixe de concreto, uma casa com paredes de concreto moldadas in loco e duas casas com placas cimentícias executadas pela Bricka. Recentemente, a ELOFER (construtora do grupo Bricka) ganhou a licitação para a construção de 45 casas para a Cohab, nas moradias de Rio Bonito e Santa Teresa. Pedimos à Cohab se poderíamos aproveitar a experiência anterior, com placas cimentícias, para executar essas 45 casas. O que a Cohab fez? Vistoriou as casas construídas há dez anos e confirmou que o produto é bom e não apresentou patologia nenhuma. Então, fomos autorizados a executar. Para certificar a qualidade da obra, contratamos uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) a fim de que sejam feitos todos os ensaios e se consiga a certificação da Caixa Econômica Federal. Nós já temos obras em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro e agora estamos trabalhando para obter a aprovação desta inovação aqui no Paraná, para que a maioria das casas possa ser financiada aqui no Estado.

Há possibilidades de o sistema construtivo com placas cimentícias vir a ser usado no Minha Casa, Minha Vida?
Nos estados onde já existe a certificação da Caixa isso já é possível.  Eu acredito que este ano já deva ser liberado no Paraná também. No caso da Cohab, a autorização para licitarmos estas casas só foi possível porque os recursos que estão sendo utilizados para construí-las são oriundos do Fundo Municipal de Habitação de Curitiba.

No canteiro de obras de uma construção que usa placas cimentícias quanto se economiza com mão de obra?
Depende do tipo de obra. No caso de casas populares que utilizam o sistema de vedação com placas cimentícias, a redução pode passar de 50%.

Qual qualificação o operário da construção civil deve ter para operar as placas cimentícias?
A diferença fundamental é que, ao invés de trabalhar com centímetros, ele vai trabalhar com milímetro, ou seja, a obra fica mais técnica. A Bricka desenvolve treinamento para o pessoal e conta hoje com 40 pessoas que já sabem aplicar o sistema. Hoje o profissional que aplica o gesso acartonado - o Drywall - já tem toda a habilitação para aplicar a placa cimentícia. Apenas existe uma adaptação a ser feita: ao invés dele usar placa de gesso, vai usar placa de cimento; ao invés de usar fita de papel, vai usar fita de vídeo; ao invés de usar parafuso de Drywall, vai usar o parafuso específico para a placa; ao invés de usar a massa de rejunte de gesso, usa-se uma massa cimentícia para fazer o rejunte. É um produto que está em consonância com a construção a seco e com a sustentabilidade.

Quais as vantagens da placa cimentícia?
A placa cimentícia resolve problemas de fechamento externo, pois ela tem durabilidade e é garantida pela solidez do concreto. Alem disso, é 100% resistente a umidade, não se deteriora, não amolece, não desintegra ou apodrece. Também não descasca, tem resistência ao impacto, é não combustível, não sofre ataques nem por ácido, bactérias ou fungos, como a madeira, e, principalmente, ela tem respeito com o meio ambiente.

Entrevistado
Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do grupo Bricka
Currículo
- Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná (1977) e administrador de empresas formado pela Faculdade de Administração e Economia (1979)
- Construtor e industrial, é presidente do grupo Bricka, formado pelas indústrias Bricka e Elofer Construções e Empreendimentos
- Foi presidente do Sindicato da Construção Civil no Estado do Paraná (SindusCon-PR) na gestão 1998 a 2001
- Foi coordenador do comitê permanente da NR-18, que reúne empresários, trabalhadores e governo. Foi um dos articuladores da medida que exige consenso do grupo para a implementação de mudanças na norma de segurança para os canteiros de obras
- Foi eleito o "engenheiro do ano" em 2001, pelo Instituto de Engenharia do Paraná
Contato:   bricka@bricka.com.br / comercial@bricka.com.br

Créditos foto: Divulgação/Bricka

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Acordo formaliza canteiros na construção pesada

Governo, empresários do setor e trabalhadores selam compromisso para melhorar mão de obra e modernizar processos construtivos

Por: Altair Santos

Desde março de 2012, as grandes obras de infraestrutura do país devem atender ao decreto presidencial que criou o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção. O acordo, celebrado entre governo federal, empresários do setor e trabalhadores, precisou de um ano para ser elaborado. A expectativa é que ele seja efetivamente colocado em prática a partir do segundo semestre de 2012, como explica Antônio Carlos Mendes Gomes, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). "Falta a aprovação de um regimento interno, que ainda está sendo debatido entre as partes envolvidas no acordo", diz.

Acordo entre governo, empresários e trabalhadores foi assinado dia 1º de março de 2012 pela presidente Dilma Rousseff.

A diretriz principal do compromisso é formalizar as condições de trabalho dentro dos canteiros de obras dos empreendimentos que englobam o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Cada uma das partes envolvidas terá as seguintes atribuições:
1) Ao governo federal caberá mapear as grandes obras, grupos de obras ou frentes de trabalho e mobilizar toda a estrutura do Sistema Nacional de Emprego (Sine) para a realização das ações previstas em cada plano de ação.
2) Aos empregadores cabe disponibilizar as ofertas de vagas no Sistema Público de Emprego, por meio do Sine; contratar, preferencialmente, trabalhadores oriundos do local de execução dos serviços ou do seu entorno, e impedir a entrada de trabalhadores no local da obra antes da formalização do contrato de trabalho e do registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
3) Aos sindicatos de trabalhadores caberá disponibilizar informações para o processo de recrutamento, seleção e contratação, além de promover campanhas de combate ao recrutamento e contratação irregulares, quando possível em conjunto com as demais partes envolvidas nas obras.

Segundo Antônio Carlos Mendes Gomes, o acordo só foi possível porque contemplou demandas tanto do setor empresarial quanto dos trabalhadores. "Sob o ponto de vista dos empresários, a principal vantagem é a conquista de um ambiente de cooperação e de um ambiente favorável ao bom andamento dos trabalhos e à boa execução das obras. Para os trabalhadores, a reciprocidade se dará na forma de melhores condições de trabalho e maior segurança", diz. O dirigente da CBIC ainda explica que o regimento interno do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção terá boa parte do seu conteúdo comprometido também com o aprimoramento da mão de obra. "A qualificação profissional é uma das diretrizes do documento, com diversas ações pensadas nessa direção", completa.

No entanto, o presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC alerta que o acordo poderá encarecer o custo das obras, desde que não haja ganho de produtividade. "Esse é o grande desafio no momento: melhorar as condições de trabalho, inclusive a remuneração do trabalho, sem fazer com que os custos ultrapassem os limites que a própria sociedade é capaz de pagar pelo serviço prestado. Estrategicamente, a forma de obter ganhos de competitividade que sejam capazes de dar equilíbrio à relação é pela educação", explicita. Outro ponto para compensar esse gargalo deverá ser a incorporação de processos industriais aos canteiros de obras. "A construção civil brasileira tem que seguir por esse caminho de inovação tecnológica e de modernização dos processos construtivos, que exige um trabalhador melhor qualificado. Esse é um caminho que a construção civil brasileira não poderá renunciar. De forma inexorável tem que caminhar por essa direção", conclui.

Entrevistado
Antônio Carlos Mendes Gomes, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) 
Currículo

- Graduado em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia
- Atuou como empresário da construção civil no Rio de Janeiro, de 1965 a 1993
- Foi diretor do Sinduscon-RJ e do Seconci-RJ (Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro)
- É membro do Conselho Empresarial de Política Social Trabalhista da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
- Na Confederação Nacional da Indústria (CNI) integra o Conselho Temático de Relações do Trabalho
- No Ministério do Trabalho é membro do Comitê Permanente Nacional de Segurança no Trabalho na Indústria da Construção (CPN), como representante da CNI
- Na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) preside a CPRT (Comissão de Política e Relações Trabalhistas) desde 1997
Contato: comunica@cbic.org.br

Créditos foto: Divulgação / Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

SC projeta erguer prédio mais alto da América Latina

Empreendimento com 240 metros e 66 andares, em Balneário Camboriú, tende a superar edifício em Santiago do Chile, com 52 andares e 194 metros

Por: Altair Santos

Balneário Camboriú, no litoral catarinense,  tem uma população fixa de 108 mil habitantes, mas a quantidade de edifícios equivale a de uma cidade com 1,2 milhão de moradores. No Brasil, o município de 46 km² de área é, proporcionalmente, o mais verticalizado do país. Auri Pavone, secretário de planejamento de Balneário Camboriú, justifica que o plano diretor adotado pela prefeitura é que dá essa característica à cidade. "O município não prevê limite de altura para edifícios à beira da praia. A lei não impede execuções de obras, desde que erguidas dentro dos padrões de ocupação limitados em 40% do terreno", explica.

Jean Graciola, da FG Engenharia: meta é atingir 850 mil m² construídos até 2015.

É por conta desse ambiente propício para os arranha-céus que Balneário Camboriú prepara-se para receber o prédio mais alto da América Latina. Trata-se do Infinity Coast, um edifício com 240 metros de altura e 66 andares, que irá superar o Titanium La Portada, de Santiago do Chile, com 52 andares e 194 metros -  considerado atualmente o mais alto do continente sul-americano. O projeto ainda é mantido em sigilo pela FG Engenharia e Empreendimentos, que pretende lançá-lo oficialmente no final do primeiro semestre de 2012. "Ainda estamos desenvolvendo o projeto e as informações técnicas ainda são estimativas", diz Jean Graciola, que junto com o pai, Francisco Graciola, administra a FG.

A empresa de engenharia tem sede em Balneário Camboriú e já dispõe do terreno, localizado na Barra Norte. Recentemente, foram promovidas prospecções geológicas que confirmam que o local está apto a receber um arranha-céu. O projeto agora tramita na prefeitura do município, mas já se sabe que o edifício será um misto entre residencial e comercial, voltado para o público AA. Se a construção iniciar, como previsto, ainda em 2012, a expectativa é que o Infinity Coast possa ser inaugurado até 2015. Isso fará o volume de obras da FG Engenharia saltar de estimados 500 mil m²  em 2012 para 850 mil m² em 2015. "Nosso estoque de terrenos tem potencial de construção de 1,54 milhões de metros quadrados. Isso gera um VGV (Valor Geral de Vendas) futuro de R$ 6,3 bilhões”, diz o diretor geral Jean Graciola.

Maquete do Infinity Coast: projeto prevê empreendimento residencial e comercial.

Dos 350 mil m² de área construída que a FG Engenharia pretende acrescentar ao seu portfólio até 2015, pelo menos 200 mil m² estarão concentrados no Infinity Coast. A estimativa é que o prédio consuma aproximadamente 180 mil m³ de concreto e também utilize tecnologias sob medida, como explica o engenheiro civil Manoel Lapa e Silva, especializado em estruturas pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vice-presidente do Clube de Engenharia. "Antes é preciso, por exemplo, avaliar o concreto de alto desempenho que será usado, além de submeter o projeto a vários testes, entre eles o de túnel de vento", diz.  Em busca de inovações tecnológicas, a FG Engenharia levou um grupo de engenheiros e arquitetos para pesquisar soluções no Panamá, na China e em Dubai, onde está o Burj Dubai - o maior prédio do mundo.

Confira infográfico com os maiores prédios do mundo: Clique aqui
Fonte: IG

Entrevistado
Jean Graciola, diretor geral da FG Engenharia e Empreendimentos
Currículo
Jean Graciola é empresário e desde os 16 anos atua ao lado do pai, Francisco Graciola, na administração da FG Engenharia e Empreendimentos. Atualmente o grupo atua nos setores de construção civil e incorporação, hotelaria, indústria alimentícia e de serviços.
Contato: http://www.fgempreendimentos.com.br/

Créditos foto: Divulgação/FG Engenharia

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Alvenaria estrutural lidera industrialização de obras

Especialista avalia que sistema construtivo já predomina em empreendimentos habitacionais com mais de 100 unidades construídas

Por: Altair Santos

Se há ponto positivo no fato de o Brasil enfrentar escassez de mão de obra na construção civil, ele se evidencia na determinação do setor em compensar esse gargalo com investimentos em novas tecnologias e em sistemas construtivos que dependam menos da manufatura. Dentro do processo de industrializar o canteiro de obras, o engenheiro civil e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Guilherme Aris Parsekian avalia que a alvenaria estrutural é o que tem obtido resultados mais significativos, principalmente quando empregado em construções habitacionais de larga escala.

Guilherme A. Parsekian: atuais gerações de engenheiros têm estimulado a industrialização da construção civil.

Para ele, a alvenaria estrutural tem permitido a algumas construtoras brasileiras implementar dentro dos canteiros de obras sistemas muito semelhantes às linhas de montagem da indústria automobilística. "Em obras com mais de 100 unidades habitacionais isso já ocorre, mas o ideal seria que a construção civil chegasse ao nível em que nada fosse produzido no canteiro de obras, ou seja, o fabricante forneceria componentes que se encaixariam perfeitamente em qualquer unidade. Isso ainda não acontece, mas vai acontecer a partir do momento em que sistemas de coordenação modular estiverem implementados na construção civil", diz Parsekian.

O professor da UFSCar,  no entanto, constata que a evolução da alvenaria estrutural como sistema construtivo racional, econômico, seguro e bem acabado está condenando a alvenaria convencional a empreendimentos de pequeno porte. "Se a quantidade de unidades for muito grande, como a gente tem vários casos atualmente, o sistema tijolo a tijolo não é mais economicamente viável. Por isso, a alvenaria estrutural tem sido cada vez mais aceita como processo estritamente industrializado. E como ela está muito bem organizada, tem estimulado a busca de novos sistemas. Por exemplo, paredes de concreto, quando existe uma quantidade grande de obras, é outro sistema que está com boa aceitação", explica.

Como industrializar

Parsekian alerta que construtoras que se utilizam da alvenaria convencional e querem migrar para novas tecnologias, a fim de sistematizar o canteiro de obras, devem procurar os profissionais especializados e organismos de disseminação de conhecimento tecnológico. "A própria ABCP (Associação Brasileiro de Cimento Portland) tem uma série de publicações sobre vários sistemas construtivos e disponibiliza essa informação", afirma, completando que o custo maior é o de se implantar a tecnologia. "Implementar custa mais, mas desde que o processo seja bem feito e bem treinado esse custo se dilui com o tempo. Já a implementação incorreta vai gerar falhas e, consequentemente, aumentar o custo do processo."

Segundo o especialista, se o Brasil tivesse uma norma de coordenação modular que fosse obrigatória, e não apenas recomendável, é possível que a industrialização nos canteiros de obras já estivesse disseminada. "Tem alguns entraves que a gente pode colocar, como, por exemplo, a questão da coordenação modular. No Brasil, ela não é obrigatória, mas só uma recomendação, e mesmo assim os agentes financeiros liberam recursos para obras sem coordenação modular efetiva. Esse é um entrave, como é a questão tributária sobre a industrialização do setor e a qualificação da mão de obra", ressalta.

Vale  lembrar que o Brasil tem uma norma de coordenação modular decimétrica (módulo de 10 cm) aprovada desde 1950: a NB-25R. Entre os anos 1970 e 1980, o Banco Nacional da Habitação (BNH) promoveu a implementação dessa importante ferramenta para a racionalização da construção civil. A própria Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem quase 30 normas sobre coordenação modular, mas ela é ainda pouco utilizada pelo meio técnico. Guilherme Parsekian , no entanto, avalia que as novas gerações de engenheiros civis e arquitetos têm uma proposta de industrialização mais arraigada e que, no futuro, isso será inerente à profissão. "Na universidade eles já chegam com o propósito de dominar tecnologias, o que estimula as mudanças", finaliza.

Entrevistado
Guilherme Aris Parsekian, coordenador do curso de graduação em engenharia civil da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Currículo
- Engenheiro civil pela UFSCar, mestre em estruturas (distinção) pela EESC-USP e doutor em construção civil pela EP-USP, com pós-doutorado pela University of Calgary
- Desde 1994 trabalha com alvenaria estrutural, tendo participado de vários projetos e pesquisas
- É membro de comitês de norma de alvenaria estrutural da ABNT e norte-americana, revisor de revistas especializadas e autor de vários artigos e livros técnicos
- Atualmente é coordenador do curso de engenharia civil da UFSCar, onde também é professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil, além de desenvolver consultorias em projeto de edifícios, avaliação experimental do desempenho estrutural e pesquisas aplicadas na área
Contato: parsekian@ufscar.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

PAC vira desafio para governo e setor privado

Prioridade entre as políticas públicas, Programa de Aceleração do Crescimento precisa superar gargalos para cumprir seu papel: dar competitividade ao país

Por: Altair Santos

O governo federal decidiu monitorar "in loco" 20 megaempreendimentos que foram lançados na primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que, cinco anos depois, ainda avançam lentamente. Entre as obras atrasadas, estão a transposição do rio São Francisco, a usina hidrelétrica de Belo Monte, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), a ampliação do porto de Santos, a duplicação da BR-101 em Santa Catarina e entre Rio Grande do Norte e Alagoas, a expansão de capacidade da hidrovia do Tietê, a ferrovia Nova Transnordestina, o Arco Rodoviário do Rio e a pavimentação da BR-163.

Valter Frigieri Júnior, da ABCP: "Sob diversos aspectos, Brasil não estava preparado para os desafios do PAC” .

Os empreendimentos somam R$ 166 bilhões. Se estivessem concluídos, estariam cumprindo o principal papel do PAC: dar competitividade ao Brasil. Por isso, Valter Frigieri, gerente de planejamento e mercado da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) avalia que o atraso nas obras do programa tornou-se um desafio não só para o governo, mas para o setor privado. "O PAC contempla um volume muito grande de iniciativas, em áreas distintas. Temos alguns resultados muito bons, outros médios e alguns muito ruins. A realização dessas obras impõe que governo e iniciativa privada avaliem os gargalos e criem condições para superá-los. Esse é o desafio, ou seja, os dois setores agirem em conjunto", diz.

Frigieri ressalta ainda que o Brasil, hoje, está mais preparado para viabilizar o PAC do que há cinco anos. "O país, por conta do desafio da estabilidade econômica, ficou muito tempo com o tema construção fora da agenda. Então veio o crescimento econômico e ele permitiu que as questões relacionadas à infraestrutura reacendessem. No entanto, devemos reconhecer que, sob diversos aspectos, não estávamos preparados para esse salto. Conflitos ambientais, inexistência de uma carteira prévia de projetos, ausência de profissionais e novos procedimentos para a liberação de recursos são variáveis que, em maior ou menor grau, afetaram todos os projetos do PAC", avalia.

Obras de transposição do rio São Francisco: uma das obras paralisadas do PAC.

Dos planos englobados no PAC, Valter Frigieri destaca que o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) é o mais bem sucedido. "É um programa exemplar, pois entrega resultados concretos e é capaz de avançar, incorporando qualidade, inovação e sustentabilidade", elogia. Segundo ele, o que o Programa de Aceleração do Crescimento precisa é encontrar um ritmo semelhante ao do MCMV. "O PAC responde a uma demanda da sociedade e também a uma reivindicação dos setores produtivos, principalmente das empresas do setor da construção civil. O que ele precisa é encontrar o caminho exemplar trilhado pelo setor habitacional. Ali foi desenvolvido um novo marco regulatório, que gerou confiança nas empresas e nos consumidores sobre as regras do jogo. É disso que o PAC precisa", completa.

 

 

Entrevistado
Valter Frigieri, gerente de planejamento e mercado da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Currículo

- Graduado em engenharia de produção e mestre em engenharia pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Gestão da Engenharia e da Tecnologia
- Professor de Estratégia da Fundação Vanzolini
- Participou da equipe de consultoria que desenvolveu os processos de mudança na Método Engenharia
- Cocriador da Comunidade da Construção
- Atualmente é gerente nacional de mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e foi um dos idealizadores do Clube da Reforma
Contato: valter.frigieri@abcp.org.br

Crédito: Divulgação/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

ABNT cria padrão para lojas de material de construção

A pedido da Anamaco, lojistas poderão dispor de um programa de certificação para qualificar o atendimento e melhorar a produtividade

Por: Altair Santos

Na 20ª Feicon Batimat, que aconteceu no final de março de 2012, em São Paulo/SP, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a Associação Nacional de Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) promoveram o pré-lançamento do programa de certificação para lojistas. Em parceria, os dois organismos estão desenvolvendo um plano para melhorar a qualidade do serviço e a produtividade dos vendedores, principalmente para o comércio de pequeno e médio porte. O programa terá como base a ABNT NBR 15842:2010 - Qualidade e serviço para pequeno comércio, requisitos gerais -, e será voltado para as mais de 135 mil lojas de materiais de construção do país que se enquadram nesse perfil.

Antônio Carlos Barros de Oliveira, gerente-geral de certificação da ABNT: programa terá como base a NBR 15842:2010 - Qualidade e serviço para pequeno comércio e requisitos gerais.

Segundo Antônio Carlos Barros de Oliveira, gerente-geral de certificação da ABNT, o próximo passo do programa será selecionar um grupo de lojas nas cinco regiões do Brasil para que o programa seja testado. "A previsão é que agora em abril possamos implementar o projeto piloto, selecionando algumas lojas, a fim de que elas sejam submetidas ao processo de certificação. Essa etapa também vai permitir fazer ajustes e eventuais correções no programa antes de colocá-lo efetivamente em prática", diz. Para elaborar o novo plano de qualificação, técnicos da ABNT e um grupo de lojistas selecionado pela Anamaco estão desde novembro de 2011 trabalhando em conjunto.

O objetivo do programa é criar um padrão de atendimento, como já existe em outros setores do comércio. Outra preocupação é não impor a normatização, mas fazer com que ela seja aceita gradualmente pelos lojistas. "O programa tem uma particularidade interessante, que é o seu grau evolutivo. Ele foi classificado em níveis bronze, prata e ouro. Em função do atendimento aos requisitos do programa, o lojista poderá iniciar num determinado nível - bronze, por exemplo - até atingir o ouro. Isso permite que os métodos da normatização evoluam gradativamente", explica o gerente-geral de certificação da ABNT, Antônio Carlos Barros de Oliveira.

O dirigente da ABNT relaciona as vantagens que o programa trará para o comércio de material de construção:

 1) Melhorar a imagem da loja perante os clientes;

2) Aprimorar a eficiência da prestação de serviço;

3) Implantar planejamento e controle na rotina de trabalho;

4) Reduzir perdas e melhorar a gestão.

"Para o consumidor, isso vai se traduzir em bom atendimento seja ele telefônico ou presencial. O princípio básico do programa é melhorar a imagem do lojista junto ao cliente, através de um atendimento padronizado. E é lógico que, adotando as práticas corretas, o comércio também passará a ter ganhos de produtividade", conclui.

Entrevistado
Antônio Carlos Barros de Oliveira, gerente-geral de certificação da ABNT
Currículo

Graduado em Engenharia Mecânica e possui MBA Executivo pelo instituto de pós-graduação em pesquisa e administração da UFRJ
Conta com mais de 30 anos de experiência nas áreas da qualidade e gestão de negócios
Atualmente, exerce o cargo de gerente geral de certificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Contato: antoniocarlos@abnt.org.br

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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Conferência inédita no Brasil destaca industrialização

Florianópolis sediou recentemente o ICCX (International Concrete Conference & Exhibition). Evento é referência em inovação e tecnologia

Por: Altair Santos

Pela primeira vez, o Brasil sediou um dos mais respeitados eventos mundiais sobre concreto e  industrialização da construção civil. No final de março de 2012, Florianópolis - Santa Catarina, recebeu a ICCX – International Concrete Conference & Exhibition (Conferência e Exposição Internacional de Concreto). O encontro, que em anos anteriores aconteceu na Rússia, África do Sul, Itália, Austrália e Alemanha, reuniu 200 expositores e mais de 600 visitantes, não só do país, mas da América do Sul. A busca por inovações e a disseminação de tecnologias foram as razões que mais atraíram público à conferência.

Conferência do Concreto reuniu alguns dos principais palestrantes do Brasil e do mundo

Um dos seminários mais concorridos foi o do especialista Michael Khrapko. O engenheiro civil da Nova Zelândia é referência mundial em concreto autoadensável (CAA). Ele promoveu um curso técnico sobre como obter qualidade usando diferentes cimentos, agregados e aditivos. Khrapko orientou na correção de mudanças dos ingredientes. O especialista destacou que um dos segredos é controlar a hidratação do cimento Portland e o calor que é liberado como parte da reação química. "Para estruturas que exigem espessura de concreto acima de 500 mm, temperaturas diferentes no preparo do material podem ser uma preocupação, pois elas tendem a causar fissuras", destacou.

Além de palestras sobre aspectos técnicos do concreto, a conferência tratou também das tecnologias envolvendo pré-fabricados. Entre os convidados, o engenheiro belga Arnold van Acker, ex-presidente da comissão para pré-fabricados da FIB (Federação Internacional do Concreto) apresentou a nova versão do manual produzido em 2011 para o setor. Ele também ministrou curso para tratar dos avanços nos projetos de pré-moldados. Engenheiros, arquitetos, designers, estudantes, acadêmicos e fabricantes de pré-moldado estavam entre os que participaram do seminário.

Arnold van Acker disse ter se surpreendido com o desenvolvimento da indústria de pré-fabricados no Brasil. "Usa-se muita tecnologia de ponta já no país e, é claro, há um potencial grande para esse mercado aqui", destacou. O especialista belga também fez uma avaliação do futuro da construção civil nacional. "Acredito que o Brasil está fortemente migrando para a industrialização da construção, por todas as vantagens que ela apresenta e para conseguir vencer todos os desafios que o país tem pela frente. Não só em razão dos eventos esportivos que já estão tão próximos, mas principalmente em razão de uma infraestrutura que ainda deixa muito a desejar", avaliou.

No centro de convenções de Florianópolis, negócios envolvendo concreto e pré-fabricados atraíram 200 expositores.

Outra palestra importante foi a concedida por Jaime Fernández Gómez, presidente da INTEMAC (Instituto Técnico de Materiais e Construções) - organização espanhola de controle de qualidade do concreto pré-moldado.  Ele apresentou conceitos que ajudam a combater erros de produção. O curso foi voltado a produtores de pré-moldado e também a profissionais associados à indústria da construção.
 

 

 

 

 

 

Contato: latinamerica@cpi-worldwide.com / d.luck@cpi-worldwide.com (assessoria de imprensa)

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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Construtor ganha manual com orientações jurídicas

Livro é um guia sobre como agentes da construção civil devem atuar no campo das leis e de que forma buscar assessoria, caso necessitem

Por: Altair Santos
Alfredo de Assis Gonçalves Neto: livro é indispensável para construtores, engenheiros e advogados

Tornou-se primordial para as empresas de construção civil ter departamentos jurídicos bem estruturados e atentos às questões envolvendo direito empresarial, direito tributário, direito trabalhista, direito do consumidor e regras urbanísticas. Ao mesmo tempo, no campo da literatura jurídica, há poucas obras dedicadas exclusivamente a orientar o construtor sobre quais são seus direitos e deveres. Para preencher essa lacuna, foi recentemente lançado o Manual Jurídico da Construção Civil (Editora Íthala, 359 páginas) de Alfredo de Assis Gonçalves Neto, renomado jurista no campo do direito empresarial, e Leonardo Sperb de Paola, nome de peso na área do direito tributário.

Na obra, os autores buscam mostrar a estrutura jurídica a ser adotada pelo construtor para desenvolver sua atividade. Isso vai desde os contratos que costuma celebrar, até as disposições que regulam a incorporação e as licitações e os encargos tributários e trabalhistas que decorrem da atividade. “O público-alvo é, de um lado, o advogado que se vincula à atividade da construção civil. De outro lado, procurou-se fazer um texto acessível para possibilitar uma orientação para o engenheiro, para o empresário construtor, o incorporador de imóvel, o empresário construtor de estradas, e assim por diante", explica Alfredo de Assis Gonçalves Neto.

O manual é dividido em 15 capítulos, com especialistas abordando temas específicos:

1. Estruturas empresariais - Alfredo de Assis Gonçalves Neto;
2. Contrato de empreitada - Guilherme Kloss Neto;
3. A construção por administração - Winicius Rubele Valenza;
4. Negócios imobiliários - Winicius Rubele Valenza;
5. Incorporação imobiliária - Nelson Couto de Rezende Junior;
6. Direitos dos adquirentes das unidades imobiliárias - Paulo Sergio Nied;
7. Responsabilidade civil do empreiteiro, do construtor e do incorporador - Lais Lopes Martins do Amaral;
8. Modalidade de captação de recursos para a construção civil - Graças Anunciação;
9. Questões tributárias na construção civil - Leonardo Sperb de Paola;
10. Questões tributárias nos negócios imobiliários - Guilherme Broto Follador;
11. Licitações - Cintia Luiza Tondin e Raquel Cristina das Neves Gapski;
12. Questões trabalhistas na construção civil - Isabella Bittencourt Mäder Gonçalves e Tais D'Amico Bonet;
13. Regulação urbanística da construção civil - Ricardo Hildebrand Seyboth;
14. Regulação Ambiental da construção civil - Larissa Berri;
15. Mediação e arbitragem - Cintia Luiza Tondin e Diego Franzoni;

Manual Jurídico da Construção Civil: obra atende demandas de um setor que não para de crescer

Alfredo de Assis Gonçalves Neto lembra que, por força do incremento de negócios relacionados a construção civil, passou a existir uma intensidade maior de atividades jurídicas em torno do setor. "Questões como celebrações de contrato, casos novos na área trabalhista e dúvidas tributárias estão entre as que mais passaram a despertar o interesse dos construtores", destaca um dos autores do Manual Jurídico da Construção Civil, lembrando que muitas vezes os entraves jurídicos e a burocracia demoram mais para ser resolvidos do que a própria obra. "A obra é feita de uma maneira controlada e o construtor é o dono do seu tempo. Mas as questões jurídicas não têm tempo para terminar, pois, neste caso, o dono do tempo são os organismos de apreciação das questões jurídicas", completa.

Além de fornecer instruções jurídicas ao setor da construção civil, o livro também fomenta o debate sobre a necessidade ou não de as escolas de engenharia terem disciplinas voltadas ao direito em seus currículos. Para Alfredo de Assis Gonçalves Neto, talvez não seja o caso de o engenheiro ser submetido a uma formação jurídica, mas sim ser orientado a saber buscar a assessoria correta. "Fui durante muito tempo diretor da faculdade de direito da Universidade Federal do Paraná e, na época, discutia-se muito da necessidade de o engenheiro ter uma formação jurídica em seu currículo. No entanto, hoje sabe-se que o que esse profissional precisa ter é uma orientação jurídica junto a quem atua na área jurídica", avalia.

Entrevistado
Alfredo de Assis Gonçalves Neto, um dos autores do livro Manual Jurídico da Construção Civil
Currículo

- Advogado formado pela Faculdade de Direito da UFPR, sócio fundador de Assis Gonçalves, Kloss Neto e Advogados Associa­dos, registrada na OAB-PR em 1982
- Foi professor titular da faculdade de direito da UFPR, por concurso de provas, títulos e defesa da tese “Peculiaridades do Aval como Obrigação Cambiária de Garantia”, onde lecio­nou as disciplinas de Direito Comercial do Curso de Graduação, Mestrado e Doutorado em direito no período de 1970 a 2008
- Dirigiu a faculdade de direito da Universidade Federal do Paraná entre 1989 e 1992
- Atuou como presidente do Instituto dos Advogados do Paraná no biênio 1985 e1986 e como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, no tri­ênio 1995, 1996 e 1997
- É membro associado da UIA (Union Internationale des Avocats)
- Preside a Academia Paranaense de Letras Jurídicas, com mandato até 2013
Contato: assis@agkn.com.br

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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Revisão da ABNT 8953 estimula tecnologia do concreto

Norma aprimora a concretagem e incentiva a boa construção, demonstrando ao consumidor que há concretos específicos para cada finalidade

Por: Altair Santos

Está em vigor, desde 2011, a versão corrigida da ABNT NBR 8953:2009 Errata 1:2011 - Concreto para fins estruturais - Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência. Sob o ponto de vista técnico, a norma estimula o uso de concretos que agilizem a descarga e sua aplicação, além de facilitar o bombeamento. Ela também ajuda a combater as deficiências de adensamento do material e a decorrente perda de resistência e desempenho da estrutura.

Carlos Campos: "A normalização é imprescindível ao bem construir”
Carlos Campos: "A normalização é imprescindível ao bem construir”

Mas há um componente ainda mais importante agregado à revisão da ABNT NBR 8953:2009. Segundo o mestre em estruturas e concreto, Carlos Campos, a norma serve de estímulo ao desenvolvimento tecnológico do concreto. "Ela aprimora conceitos de concretos leves e densos, permite uma abordagem mais específica de concretos mais fluidos, com abatimentos elevados ou elevadíssimos, como no caso dos concretos autoadensáveis. Tais conceitos induzem o consumidor, e também o construtor, a considerar que há concretos específicos para cada finalidade. Trata-se de um grande estímulo à tecnologia do concreto", resume.

O especialista destaca ainda que a revisão da ABNT NBR 8953:2009 acrescenta informações de padronização, sem tolher a criatividade de projetistas e construtores, que poderão especificar concretos convenientes a cada caso ou condição de concretagem. "As empresas de serviços de concretagem passarão a oferecer um produto normalizado. Esclarece os clientes, que, em alguns casos, supunham estar a concreteira empurrando um produto que ele, consumidor, pensava não precisar. Para muitos consumidores, o pedido de um concreto bombeável com fck 30,0 MPa serviria para executar tudo na obra, desde os pilares e lajes do subsolo ao pavimento mais alto. Com a correção da norma, oficializa-se que não é assim", completa.

Sobre os três critérios que norteiam a norma (massa específica, grupo de resistência e trabalhabilidade) Carlos Campos afirma que eles reforçam o bem construir. "Um grande número de manifestações patológicas nas obras advém do uso inadequado de um material. O concreto é particularmente muito suscetível ao mau uso. O que a norma permite é um diálogo mais claro entre projetista e construtor, por oferecer uma lista de opções normalizadas. Um exemplo: para se construir um bunker de instalação de uma câmara de tratamento radiológico, pode-se dialogar com o projetista da estrutura quanto ao uso de uma parede muito espessa ou o uso de um concreto denso, de massa específica alta, elaborado com agregados pesados como barita ou hematita. A normalização é muito saudável para quem produz ou consome. É imprescindível ao bem construir", afirma.

NBR 8953: revisão insiste que existem concretos adequados para cada caso.

Ainda de acordo com Carlos Campos, a revisão da ABNT NBR 8953:2009, Versão Corrigida 1:2011, praticamente abole o uso de concretos exóticos, como o de fck 13,5 MPa ou o de fck 18 MPa - muito usados na década de 1990. "A norma insiste que, além das classes de resistência, a massa específica e a consistência também são importantes para classificar um concreto. Historicamente, fomos condicionados a acompanhar uma concretagem apenas com a verificação do resultado de resistência à compressão. Apresentou resistência à compressão igual ou superior ao fck, está bom e aceito o concreto. Não se dava maior importância ao abatimento, ao consumo de cimento e à relação água-cimento. Com a norma revisada, fica claro que existem concretos adequados a cada caso. E o mais importante: normalizados", ressalta.

 Pontos de destaque da ABNT NBR 8953:2009, Versão Corrigida 1:2011

1) Classifica os concretos em normais, leves ou pesado/denso, em função de sua massa específica, classificação que não ocorria em nenhuma outra norma.

2) Classifica os concretos em 3 grupos, sendo os grupos I e II concretos estruturais e um grupo de concretos não estruturais que seriam os fck 10 MPa e o 15 MPa. Os concretos do grupo I começam com o fck 20 MPa e vão até o fck 50 MPa. Os concretos do Grupo II são considerados de alto desempenho e começam com fck 55 MPa e atingem até fck 100 MPa.

3) Classifica os concretos pela sua trabalhabilidade, sendo criadas 5 classes:

- S10: concretos com consistência seca, que vão desde o abatimento 10 mm até 45 mm
- S50: concretos pouco trabalháveis, que vão desde o abatimento 50 mm até 95 mm
- S100: concretos de aplicação normal, que vão desde o abatimento 100 mm até 155 mm
- S160: concretos plásticos aplicados por bombeamento, que vão desde o abatimento 160 mm até 215 mm
- S220: os concretos fluídos

Fonte: ABNT

Entrevistado
Carlos Campos, diretor da empresa Carlos Campos: laboratórios, obras e consultorias
Currículo

- Geólogo pela Universidade de Brasília (1968)
- Diretor da empresa Carlos Campos: laboratórios, obras e consultorias (desde 1973)
 - Mestre em engenharia civil, estruturas, concreto e construção civil, pela Universidade Federal de Goiás (2000)
- Diretor Técnico do IBRACON, de 2007 a 2011
 – Professor de pós-graduação na UNIP (Universidade Paulista) no curso de patologias e terapias nas edificações
Contato: cc@carloscampos.com.br

Créditos foto: Divulgação / Carlos Campos

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330