PAC vira desafio para governo e setor privado
Prioridade entre as políticas públicas, Programa de Aceleração do Crescimento precisa superar gargalos para cumprir seu papel: dar competitividade ao país.
Prioridade entre as políticas públicas, Programa de Aceleração do Crescimento precisa superar gargalos para cumprir seu papel: dar competitividade ao país
Por: Altair Santos
O governo federal decidiu monitorar “in loco” 20 megaempreendimentos que foram lançados na primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que, cinco anos depois, ainda avançam lentamente. Entre as obras atrasadas, estão a transposição do rio São Francisco, a usina hidrelétrica de Belo Monte, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), a ampliação do porto de Santos, a duplicação da BR-101 em Santa Catarina e entre Rio Grande do Norte e Alagoas, a expansão de capacidade da hidrovia do Tietê, a ferrovia Nova Transnordestina, o Arco Rodoviário do Rio e a pavimentação da BR-163.
Os empreendimentos somam R$ 166 bilhões. Se estivessem concluídos, estariam cumprindo o principal papel do PAC: dar competitividade ao Brasil. Por isso, Valter Frigieri, gerente de planejamento e mercado da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) avalia que o atraso nas obras do programa tornou-se um desafio não só para o governo, mas para o setor privado. “O PAC contempla um volume muito grande de iniciativas, em áreas distintas. Temos alguns resultados muito bons, outros médios e alguns muito ruins. A realização dessas obras impõe que governo e iniciativa privada avaliem os gargalos e criem condições para superá-los. Esse é o desafio, ou seja, os dois setores agirem em conjunto”, diz.
Frigieri ressalta ainda que o Brasil, hoje, está mais preparado para viabilizar o PAC do que há cinco anos. “O país, por conta do desafio da estabilidade econômica, ficou muito tempo com o tema construção fora da agenda. Então veio o crescimento econômico e ele permitiu que as questões relacionadas à infraestrutura reacendessem. No entanto, devemos reconhecer que, sob diversos aspectos, não estávamos preparados para esse salto. Conflitos ambientais, inexistência de uma carteira prévia de projetos, ausência de profissionais e novos procedimentos para a liberação de recursos são variáveis que, em maior ou menor grau, afetaram todos os projetos do PAC“, avalia.
Dos planos englobados no PAC, Valter Frigieri destaca que o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) é o mais bem sucedido. “É um programa exemplar, pois entrega resultados concretos e é capaz de avançar, incorporando qualidade, inovação e sustentabilidade”, elogia. Segundo ele, o que o Programa de Aceleração do Crescimento precisa é encontrar um ritmo semelhante ao do MCMV. “O PAC responde a uma demanda da sociedade e também a uma reivindicação dos setores produtivos, principalmente das empresas do setor da construção civil. O que ele precisa é encontrar o caminho exemplar trilhado pelo setor habitacional. Ali foi desenvolvido um novo marco regulatório, que gerou confiança nas empresas e nos consumidores sobre as regras do jogo. É disso que o PAC precisa”, completa.
Entrevistado
Valter Frigieri, gerente de planejamento e mercado da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Currículo
– Graduado em engenharia de produção e mestre em engenharia pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Gestão da Engenharia e da Tecnologia
– Professor de Estratégia da Fundação Vanzolini
– Participou da equipe de consultoria que desenvolveu os processos de mudança na Método Engenharia
– Cocriador da Comunidade da Construção
– Atualmente é gerente nacional de mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e foi um dos idealizadores do Clube da Reforma
Contato: valter.frigieri@abcp.org.br
Crédito: Divulgação/ABCP
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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