Versáteis, placas cimentícias ganham mercado
Por gerar economia de mão de obra, e ser modelo de construção a seco, material conquista competitividade e espaço no setor habitacional.
Por gerar economia de mão de obra, e ser modelo de construção a seco, material conquista competitividade e espaço no setor habitacional
Por: Altair Santos
Para atender a demanda por habitações de interesse social, a Caixa Econômica Federal, através do programa Minha Casa, Minha Vida, começa a certificar em vários estados a construção de casas que utilizam placas cimentícias como sistema de vedação. O produto, que no Brasil passou a ser usado em escala industrial há mais de uma década, tem grau de resistência semelhante aos blocos de concreto e tijolos cerâmicos, além de proporcionar rapidez na montagem de paredes e servir tanto para construções de casas quanto edifícios.
Com os processos industriais ganhando mais espaço nos canteiros de obras, os fabricantes de placas cimentícias atravessam um período de alta demanda. Agregando cada vez mais tecnologia ao produto, alguns deles experimentaram em 2011 crescimento de até 30% no volume de negócios em relação a 2010. Para o engenheiro civil Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do grupo Bricka, a expectativa é que o sistema se popularize ainda mais com o seu emprego em programas habitacionais. É o que ele comenta na entrevista a seguir:
Entre os processos de industrialização da construção civil, as placas cimentícias têm ganhado espaço pela versatilidade. É um mercado em expansão?
Com certeza. Hoje, no Brasil, existem vários sistemas construtivos inovadores. Diria que empilhar tijolos tornou-se coisa do passado diante de processos como a alvenaria estrutural com blocos de concreto, estruturas em steel frame e estruturas metálicas revestidas com placas cimentícias. São processos que a Bricka já executa há mais de 12 anos no Paraná e em outros estados do país. Porém, nossa perspectiva é que a placa cimentícia ganhe um volume maior de mercado diante das demandas geradas para a Copa do Mundo, tanto em obras de hotéis quanto em obras de estádios. Ela é uma solução técnica perfeita para obras que exigem sustentabilidade e rapidez.
O processo de construção com placas cimentícias ajuda a diminuir em quanto o tempo de uma obra?
Eu sempre digo que a placa cimentícia não é a solução ideal para todos os casos. Há algumas obras que a estrutura metálica é a melhor opção técnica e econômica. Tem outros em que a alvenaria estrutural com blocos de concreto é a indicada. Mas há processos em que o uso da placa cimentícia se torna imbatível. Com relação a prazo de obra, ela pode reduzir pela metade o tempo de execução de um projeto.
As placas cimentícias podem ser usadas na função estrutural e na função de vedação?
As placas cimentícias tem função única e exclusiva de vedação. A estrutura de concreto ou a estrutura metálica é que vai dar rigidez ao processo. Hoje é o sistema mais rápido no mundo para você fazer vedação, seja de paredes, forros ou de outros sistemas construtivos, como muros, painéis e beirais.
A composição das placas cimentícias altera, dependendo da função que ela irá desempenhar na obra?
A Bricka trabalha com quatro tipos de placas. Existe a placa Brickwall Plus, que é fabricada com agregado leve, que pode ser utilizada principalmente em paredes, forros, tetos, muros e painéis. Fabricamos também a placa Brickwall Light, que é sugerida para uso em forros e beirais ou quando se vai apenas fazer um revestimento para um compensado naval, tanto para piso quanto para parede. Existe a placa Brickwall Heavy, que é produzida em peças pequenas justamente para uma pessoa só movimentar. E tem a placa com agregados flexíveis, que é a Brickwall Flex – utilizada quando você tem alguma exigência arquitetônica, como paredes curvas.
As placas cimentícias podem ser usadas em edifícios? Caso sim, até quantos andares é recomendável usá-la?
As placas cimentícias podem ser usadas como vedação em qualquer altura. Temos obras em Curitiba/PR, como é o caso do Tribunal Regional do Trabalho, que é um prédio de oito pavimentos, que foi todo fechado com placas cimentícias. Existem também obras em Brasília/DF em edifícios de 20 pavimentos. Como a placa não tem função estrutural, ela pode ser usada em qualquer altura. Quando for usar uma estrutura metálica, aí sim ela é limitada a cinco pavimentos. Quer dizer, se eu for fazer uma construção em steel frame, a limitação é cinco pavimentos. É importante ressaltar que, com relação à parte de isolamento térmico e acústico, a placa cimentícia atende totalmente a norma de desempenho da construção civil.
A Cohab de Curitiba aprovou o uso de placas cimentícias na construção de casas populares. Já existe um projeto para empreender um número de casas com esse sistema?
Há dez anos coordenei um programa no Paraná chamado ConstruBusiness Paraná. Reunimos 40 empresas e apresentamos tecnologias de construção civil para a Cohab de Curitiba. Foram executadas uma casa com bloco de concreto estrutural, uma casa com bloco de encaixe de concreto, uma casa com paredes de concreto moldadas in loco e duas casas com placas cimentícias executadas pela Bricka. Recentemente, a ELOFER (construtora do grupo Bricka) ganhou a licitação para a construção de 45 casas para a Cohab, nas moradias de Rio Bonito e Santa Teresa. Pedimos à Cohab se poderíamos aproveitar a experiência anterior, com placas cimentícias, para executar essas 45 casas. O que a Cohab fez? Vistoriou as casas construídas há dez anos e confirmou que o produto é bom e não apresentou patologia nenhuma. Então, fomos autorizados a executar. Para certificar a qualidade da obra, contratamos uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) a fim de que sejam feitos todos os ensaios e se consiga a certificação da Caixa Econômica Federal. Nós já temos obras em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro e agora estamos trabalhando para obter a aprovação desta inovação aqui no Paraná, para que a maioria das casas possa ser financiada aqui no Estado.
Há possibilidades de o sistema construtivo com placas cimentícias vir a ser usado no Minha Casa, Minha Vida?
Nos estados onde já existe a certificação da Caixa isso já é possível. Eu acredito que este ano já deva ser liberado no Paraná também. No caso da Cohab, a autorização para licitarmos estas casas só foi possível porque os recursos que estão sendo utilizados para construí-las são oriundos do Fundo Municipal de Habitação de Curitiba.
No canteiro de obras de uma construção que usa placas cimentícias quanto se economiza com mão de obra?
Depende do tipo de obra. No caso de casas populares que utilizam o sistema de vedação com placas cimentícias, a redução pode passar de 50%.
Qual qualificação o operário da construção civil deve ter para operar as placas cimentícias?
A diferença fundamental é que, ao invés de trabalhar com centímetros, ele vai trabalhar com milímetro, ou seja, a obra fica mais técnica. A Bricka desenvolve treinamento para o pessoal e conta hoje com 40 pessoas que já sabem aplicar o sistema. Hoje o profissional que aplica o gesso acartonado – o Drywall – já tem toda a habilitação para aplicar a placa cimentícia. Apenas existe uma adaptação a ser feita: ao invés dele usar placa de gesso, vai usar placa de cimento; ao invés de usar fita de papel, vai usar fita de vídeo; ao invés de usar parafuso de Drywall, vai usar o parafuso específico para a placa; ao invés de usar a massa de rejunte de gesso, usa-se uma massa cimentícia para fazer o rejunte. É um produto que está em consonância com a construção a seco e com a sustentabilidade.
Quais as vantagens da placa cimentícia?
A placa cimentícia resolve problemas de fechamento externo, pois ela tem durabilidade e é garantida pela solidez do concreto. Alem disso, é 100% resistente a umidade, não se deteriora, não amolece, não desintegra ou apodrece. Também não descasca, tem resistência ao impacto, é não combustível, não sofre ataques nem por ácido, bactérias ou fungos, como a madeira, e, principalmente, ela tem respeito com o meio ambiente.
Entrevistado
Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do grupo Bricka
Currículo
– Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná (1977) e administrador de empresas formado pela Faculdade de Administração e Economia (1979)
– Construtor e industrial, é presidente do grupo Bricka, formado pelas indústrias Bricka e Elofer Construções e Empreendimentos
– Foi presidente do Sindicato da Construção Civil no Estado do Paraná (SindusCon-PR) na gestão 1998 a 2001
– Foi coordenador do comitê permanente da NR-18, que reúne empresários, trabalhadores e governo. Foi um dos articuladores da medida que exige consenso do grupo para a implementação de mudanças na norma de segurança para os canteiros de obras
– Foi eleito o “engenheiro do ano” em 2001, pelo Instituto de Engenharia do Paraná
Contato: bricka@bricka.com.br / comercial@bricka.com.br
Créditos foto: Divulgação/Bricka
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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