Com pilone único, Ponte do Saber tem estrutura inovadora
Obra usa estais que não são distribuídos uniformemente, tem vão livre de 170 metros e foi construída com recursos de multas ambientais
Por: Altair Santos
Desde fevereiro de 2012, a cidade do Rio de Janeiro convive com sua primeira ponte estaiada. Projetada pelo arquiteto Alexandre Chan, a obra desafoga o trânsito na região do entorno da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - conhecida como Ilha do Fundão. Além de ser um acessório urbano para melhorar a mobilidade na capital fluminense, ligando a Cidade Universitária à Linha Vermelha, a construção desponta como uma das pontes estaiadas mais inovadoras já construídas no país.

Chamada de Ponte do Saber, ela é sustentada por 21 estais não distribuídos uniformemente. São 15 frontais e 6 de retaguarda. "Os quinze estais frontais sustentam o tabuleiro em concreto que constitui as pistas de passagem e marca o vão da travessia do canal, enquanto os estais traseiros, ancorados três a três em blocos laterais, são a contrapartida de sustentação dos primeiros. A existência dessa linguagem é fortemente orientada para a maior expressão dos esforços estruturais e baseado diretamente nas possibilidades estéticas de seus componentes", explica Alexandre Chan.
Os estais (cabos) estão atrelados a um só pilone de quase 96 metros, já apelidado pelos cariocas de "perna de moça". "Não é incomum a presença de pontes estaiadas com pilone único, mas a distribuição básica dos elementos estruturais, nesse caso, saiu da análise do local, onde se buscava a não existência de pilares na lâmina d’água", revela o arquiteto. A solução permitiu criar um vão livre de 170 metros, para uma ponte que tem 773 metros de extensão.
Com a obra, em parceria com o Governo do Rio de Janeiro, a UFRJ conseguiu pôr em andamento o programa de revitalização do Canal do Fundão. O plano permitiu a dragagem de mais de 3,5 mil m³ de material, aprofundando o leito do canal em quatro metros. Também foram recuperadas 180 mil plantas dos manguezais e plantadas outras 140 mil mudas. “Além de seu óbvio utilitarismo rodoviário, a Ponte do Saber ajuda a marcar simbolicamente esse momento de revisão ambiental na região", destaca Alexandre Chan.

Em seu plano original, a Ponte do Saber seria construída toda com concreto branco. No entanto, o custo levou a uma revisão do projeto. "Ela seria inicialmente intencionada em cimento branco estrutural, para dispensar acabamentos adicionais e facilitar a reflexão da luz do sol ou de uma futura iluminação de realce. Contudo, ponderações de custo transformaram a opção para um concreto apenas claro e sem pintura, ainda de boa resposta às luzes citadas", revela o arquiteto. Com isso, a obra, que ficou a cargo da construtora Queiroz Galvão, custou R$ 320 milhões, dos quais R$ 248 milhões foram financiados por multas ambientais pagas pela Petrobras.

Dados da obra
Altura do pilone: 95,50 m
Área do bloco principal de fundação: 360 m²
Vão de travessia do canal sustentado por estais: 170 m
Comprimento total da obra: 773,54 m
Consumo de concreto: 59,7 mil m³
Entrevistado
Arquiteto Alexandre Chan, da PCE Projetos e Consultoria de Engenharia Ltda
Currículo
- Alexandre Chan, 70 anos, é graduado em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ (1965)
- Trabalha como arquiteto titular da Titular da CJ Projetos e como coordenador do departamento de desenho urbano e arquitetura da PCE
- É assessor da presidência da Fundação J. D. Oliveira.
Contato: alexandre.chan@pcebr.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Novas medidas oxigenam crédito imobiliário
Caixa Econômica Federal, que detém 74% do mercado nesta modalidade de financiamento, baixou juros e alongou prazo para pagamento das prestações
Por: Altair Santos
Estimular o financiamento de imóveis com valor acima de R$ 170 mil (teto do Minha Casa, Minha Vida) e atingir as famílias com renda mensal de R$ 5 mil a R$ 10 mil são os objetivos do novo pacote da Caixa Econômica Federal, voltado ao crédito imobiliário. Além de ampliar o prazo do financiamento habitacional de 30 anos para 35 anos, o banco também reduziu as taxas de juros das linhas vinculadas ao SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).

Para imóveis financiados por esse modelo, as taxas caíram a 8,85% ao ano. Fora do SBPE, foram reduzidas para 9,9%. As medidas têm conseguido oxigenar o mercado, principalmente para os imóveis voltados para a classe média. Segundo o gerente regional da Caixa no Paraná, Wilmar José Smidarlt, depois do pacote os feirões habitacionais registraram crescimento próximo dos 40%. "Só em Curitiba, em junho, foram 8.991 novos contratos. Certamente, já com a ajuda desta redução da taxa de juros", explica.
As facilidades na obtenção de crédito se estendem também às construtoras e incorporadoras. A taxa efetiva praticada no programa Plano Empresa da Construção Civil, voltado para quem constrói unidades habitacionais, caiu de 11,5% para 10,3%. No caso das empresas clientes da Caixa, essa taxa pode chegar a 9%. Já para imóveis comerciais, o banco reduziu os juros efetivos de 14% para 13%. Essa taxa poderá chegar a até 11% para os clientes que têm relacionamento com a Caixa.
As medidas, no entanto, não contemplam o Minha Casa, Minha Vida. "O programa já possui linhas específicas e condições muito boas de taxas de juros e financiamentos. O impacto desta redução e alongamento de prazo são para as linhas do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) que abrangem clientes acima da renda que é atendida pelo Minha Casa, Minha Vida", diz Wilmar José Smidarlt. Nesta modalidade de empréstimo, a Caixa detém 74% do mercado de crédito imobiliário.
O banco estima que com as novas medidas fechará 2012 com mais de R$ 90 bilhões em linha de crédito para financiamentos imobiliários. Comparado aos dados de 2003, o volume de recursos teve um crescimento gigantesco. Há nove anos, o banco emprestou R$ 5,1 bilhões. Em 2004, foram 5,9 bilhões; em 2005, R$ 9 bilhões; em 2006, R$ 13,2 bilhões; em 2007, R$ 15, 2 bilhões; em 2008, R$ 23,3 bilhões; em 2009, ano em que começou o Minha Casa, Minha Vida, saltou para R$ 47 bilhões; em 2010, R$ 76 bilhões, e no ano passado, R$ 80 bilhões.
Inadimplência
Segundo a Caixa, o pacote de medidas de estímulo ao crédito imobiliário só foram possíveis por que o nível de inadimplência está sob controle. "Nós tivemos nos últimos anos um avanço no sistema de análise de crédito, análise de risco e isso também fez com que a carteira de crédito imobiliário da Caixa reduzisse as taxas de inadimplência. Em junho de 2007, era 3%. Em dezembro de 2011, este índice estava em 1,7%. Em tempos de inflação descontrolada, era de 15%, ou seja, hoje temos uma inadimplência perfeitamente sob controle", finaliza o gerente regional da Caixa no Paraná, referindo-se a números nacionais.
Entrevistado
Wilmar José Smidarlt, gerente regional da Caixa Econômica Federal no Paraná
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela (PUC-PR) e administração de empresas pela FESP-PR
- Tem pós-graduação em administração de empresas pela FGV-ISAE, com curso de especialização em qualidade total pela Fundação Dom Cabral, além de curso de gestão e negociação pela Amana Key
Contato: comunicacaoregional.pr@caixa.gov.br / imprensa.pr@caixa.gov.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Economia desafia venda de materiais de construção
Presidente da Abramat, Walter Cover, avalia que estímulo às obras públicas será importante para compensar quedas no setor imobiliário
Por: Altair Lopes
É consenso entre os vários setores da indústria nacional de que, em função da conjuntura mundial, o Brasil deverá experimentar uma desaceleração da economia. Também é unanimidade de que estão nas mãos do governo federal as ferramentas que possam reduzir esse impacto. No caso do segmento voltado à venda de materiais de construção, a reivindicação é que seja dada mais celeridade às obras públicas.

Segundo o presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) Walter Cover, além de depender da retomada dos projetos de infraestrutura, o setor também precisa obter do governo federal redução de tributos e do custo da energia elétrica. Se isso não ocorrer, a Abramat estima que o crescimento projetado para 2012 não irá se concretizar. É o que Cover revela na entrevista a seguir. Confira:
A desaceleração da economia vai impor desafios ao setor de materiais de construção? Caso sim, quais podem vir a ser esses desafios?
Acredito que o setor passa por um momento de travessia. O que eu quero dizer com isso? Nós temos uma situação de crédito travado na economia, com juros em negociação de queda, mas que ainda não caíram. Isso afeta muito o mercado do varejo, que é 55% do material de construção, impulsionado pelo mercado de reformas e pelo mercado de ampliações. Nós também estamos passando por um momento em que as obras públicas estão com um desempenho abaixo do que o próprio governo gostaria. Tem também a expectativa de que a área imobiliária, que ainda está aquecida este ano, sofra uma retração em 2013. Por quê? Está baixo o índice de lançamentos e de vendas este ano, que vão afetar as vendas de apartamentos e de imóveis comerciais no ano que vem. Além disso, o setor precisa que o governo o ajude a ter mais competitividade. Somos competitivos no chão de fábrica, mas é preciso encontrar maneiras de reduzir tributos, reduzir custos de energia e custo da infraestrutura, ou seja, é uma batalha mais institucional do que do próprio setor.
Dia 5 de junho de 2012 houve a reunião anual da Abramat. Diante destes cenários, qual foi a mensagem passada aos associados?
A mensagem foi de atenção. Naquele dia, reduzimos a nossa intenção de crescimento de 4,5% para 3,4% em 2012. Atualmente, estamos com 2,7%, ou seja, a gente tentou mostrar estes fatores que eu mencionei e, por isso, a expectativa é de crescimento menor do que prevíamos no início do ano.
O governo tem tomado medidas para estimular o consumo. Especificamente para o material de construção, quais deveriam ser essas medidas?
Nós acreditamos que devem ter novas linhas de fomento, principalmente para reformas e ampliações. Há também uma pressão permanente para a redução de juros nos bancos privados e também um fortalecimento das compras governamentais para indústria nacional.
Não estaria na hora de, em vez de medidas paliativas, o governo começar a promover as reformas que limitam o crescimento sustentável?
O país tem um sistema de governo que, com base em alianças de diferentes visões sobre crescimento e desenvolvimento, acaba dificultando a promoção de reformas tributárias, previdenciárias e políticas. Elas são desejáveis, mas sabemos que é muito difícil fazer isso na situação atual de governabilidade do Brasil. Então, continuamos em busca de desoneração tributária, de redução no custo da energia, enfim, da diminuição do impacto do custo Brasil. São reformas menores, mas é o que é possível fazer.
Há a expectativa de que no segundo semestre haja a recuperação das vendas e a previsão de crescimento seja revista para cima?
Fizemos uma revisão para baixo, mas a intenção é obter um crescimento de 3,4% . Para isso, no segundo semestre será preciso crescer 5%. É um desafio bastante grande, que depende basicamente de um fator. Qual? O governo incrementar os investimentos públicos e destravar as obras que estão travadas.
Entre as várias cadeias que compõem a Abramat, quais se ressentem menos da desaceleração econômica?
Neste momento, quem está sofrendo menos são fabricantes de produtos de acabamento. O setor imobiliário está construindo todos aqueles lançamentos e vendas que foram feitas entre 2010 e 2011, então esse setor está aquecido, diferentemente dos setores de base.
Quem hoje consome mais material de construção: o varejo, o setor imobiliário ou a área de infraestrutura?
O varejo é responsável por 55% das vendas da indústria, incluindo aí produtos de base e de acabamento. Os outros setores são responsáveis pelos outros 45%. Então, o varejo é isoladamente o que mais consome.
Programas como PAC e Minha Casa, Minha Vida são fundamentais para as vendas de materiais de construção?
Bastante. Primeiro porque eles demandam grande quantidade de produtos por si só; segundo, por que os investimentos públicos são indutores de confiança do setor privado, que com isso também aumenta investimentos e cria uma demanda maior para os seus produtos.
Hoje não haveria uma centralização demasiada de projetos de infraestrutura nas mãos do governo federal, ou seja, se eles fossem estadualizados ou municipalizados não poderia ocorrer um incremento na venda de materiais de construção?
Acho que sim, porque os investimentos no plano dos estados e municípios são mais visíveis e mais pressionados pela população. Porém, para que isso aconteça, é preciso que haja um desenvolvimento de marcos regulatórios, de licenças e de aprovações. Não que eles não existam. Mas é importante que eles sejam aperfeiçoados, assim como o sistema tributário. Hoje há sistemas complexos nos diferentes estados da União.
Diante do cenário atual, já dá para fazer uma projeção para 2013?
É muito cedo, mas a expectativa é que o incremento das obras públicas compense as perdas previstas para o setor imobiliário, já que os lançamentos em 2012 têm sido menores. Também acredita-se que os mercados de reformas e ampliações mantenham um viés de alta no ano que vem.
Entrevistado
Walter Cover, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
Currículo
- Walter Cover é graduado em engenharia agronômica pela UNESP- MS e em economia agrícola pela University of California.
- É Ph.D em economia agrícola pela Michigan State University e cursou gestão empresarial avançada no INSEAD, da França.
- Foi CEO, diretor e conselheiro em empresas de grande e médio porte, como Vale, Bunge, Lilly/Elanco, Teba Têxtil e CTM Citrus.
- Atuou na Casa Civil da Presidência da República, coordenando uma estrutura multiministerial que apoiou a viabilização de projetos de investimentos privados e de parcerias público-privadas (PPP).
- Como superintendente geral da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) conduziu um extenso programa de reestruturação e modernização da gestão.
Contato:secretaria@abramat.org.br
Créditos foto: Divulgação/Abramat
Jornalista responsável: Altair Lopes - MTB 2330
Outsourcing melhora estratégia das empresas
Área de Tecnologia da Informação das construtoras está entre as que mais têm se beneficiado deste modelo de gestão de parceria
Por: Altair Lopes
Voltadas para suas expertises, e em busca de performance operacional e aumento da produtividade, as empresas têm confiado cada vez mais em gestões de parcerias. O outsourcing, como também é conhecido esse modelo de administração, em resumo é transferir para terceirizados custos de áreas que não são prioridade para as companhias. "É o que se chama hoje de business pro outsourcing. Setores como TI (Tecnologia da Informação) e RH (Recursos Humanos) têm se valido muito destes serviços, principalmente no mercado financeiro. Mas eles começam a entrar com força em outros segmentos, como a construção civil", afirma o analista de mercado Bruno Pagotto Tasco.

Tem sido uma prática cada vez mais comum entre construtoras adotar o outsourcing para equipamentos dos canteiros de obras e para a TI dos departamentos de engenharia. "Muitas empresas têm fechado pacotes que fornecem, além de notebooks, tablets e smartphones para os engenheiros, um serviço de acesso a informações através do que hoje se convencionou chamar de nuvem (cloud computing)", destaca Bruno Pagotto Tasco. Empresas que têm experimentado essa gestão de parceria contabilizam redução de custo com Tecnologia de Informação de até 30%. "Sem contar que as empresas ganham muito em mobilidade, principalmente se o canteiro de obras não estiver em áreas urbanas", completa o analista de mercado.
A maturidade que o mercado de outsourcing atingiu no Brasil é que tem atraído clientes diversificados a esse modelo de gestão de parceria. "Antes havia o medo de que a empresa perdesse o controle da informação. Mas o nível dos serviços evoluíram bastante e hoje dispõem de elevados níveis de segurança. A ponto de o mercado financeiro ser um dos principais clientes de outsourcing", diz Bruno Pagotto Tasco, que completa: "Boa parte dos outsourcings que atuam em grandes corporações têm certificações de mercado, profissionais extremamente capacitados e com expertise para atuar nos setores terceirizados."
O dilema de algumas empresas é definir quando optar pelo outsourcing. A estratégia é detectar quais setores da companhia são competitivos e quais criam gargalos para a expertise da empresa. São esses os mais propensos a gestões de parceria. Feito o diagnóstico, a missão da corporação é selecionar o fornecedor, definir o processo de transição e aferir o desempenho da terceirização. Entre as vantagens de um outsourcing bem feito estão:
- Redução de custos
- Foco nas áreas prioritárias da empresa
- Acesso a novas tecnologias
- Competitividade
Quanto aos riscos a que as empresas estão expostas, destacam-se:
- Perda de confidencialidade
- Conflito de interesse
- Diminuição do nível da satisfação do cliente
- Desalinhamento com a estratégia e a cultura da empresa
Entrevistado
Bruno Pagotto Tasco, analista de mercado da Frost&Sulivan, multinacional especializada em consultoria e inteligência de mercado
Currículo
Bruno Pagotto Tasco é graduado em administração pela Fundação Escola de Comércio Alvarez Penteado, em São Paulo
Contato: bruno.tasco@frost.com
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Lopes - MTB 2330
Maior prédio do Brasil é referência à engenharia
Com 170m de altura, Palácio W. Zarzur foi um dos primeiros arranha-céus do mundo a ser totalmente construído em concreto armado
Por: Altair Santos
De qualquer ponto que se esteja no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, pode-se ver o Palácio W. Zarzur. Popularmente chamado de Mirante do Vale, o edifício com 170 metros de altura e 51 andares, inaugurado em 1966, ainda é o mais alto arranha-céu do Brasil. Também foi um dos primeiros edifícios do mundo, entre os que ultrapassaram os 100m de altura, a ser totalmente construído em concreto armado. Referências técnicas revelam que foram consumidos 20 mil m³ de concreto e 5 mil toneladas de ferro na obra do empreendimento.

O engenheiro civil Waldomiro Zarzur, que empresta o nome ao prédio, afirma que a construção em concreto armado foi uma inovação para a época. "Construíam-se prédios em concreto armado com no máximo oito andares. Os arranha-céus tinham suas estruturas em aço. Mas, na época, construir um prédio com esse material era inviável economicamente, pois era preciso importar. Ainda não se fabricava aço para a demanda da construção civil no Brasil", recorda Zarzur, hoje com 91 anos.
O projeto original do edifício previa que ele teria altura máxima de 80 metros. No entanto, conforme a imponente obra foi se destacando no centro de São Paulo, o então prefeito Adhemar de Barros autorizou que ultrapassasse os 100 metros. Waldomiro Zarzur, para prestar uma homenagem ao seu sócio, o também engenheiro Aron Kogan - morto em 1960 -, esforçou-se para que o empreendimento se transformasse no mais alto da América Latina, atingindo 170 metros (hoje é o 18.º mais alto do continente).
Inaugurado com o nome de Palácio Zarzur & Kogan, o prédio mudou de nome na década de 1970, depois dos incêndios trágicos nos edifícios Andraus e Joelma. "Houve uma campanha difamatória de que ele era vulnerável a uma tragédia", lamenta Zarzur. Por causa disso, a edificação passou a se chamar Mirante do Vale e, em 2009, foi rebatizado com o nome de Palácio W. Zarzur. Mantendo-se intacta, a obra é até hoje uma referência para a construção civil. Suas estacas, que têm 20 metros de profundidade, são citadas, por exemplo, como o "estado da arte" em estudos sobre fundações de edifícios.
As inovações construtivas usadas no Palácio W. Zarzur consolidaram a carreira do engenheiro Waldomiro Zarzur. Hoje, seu grupo, o W. Zarzur - uma das mais tradicionais construtoras do país - já viabilizou perto de 300 obras e contabiliza aproximadamente 6 milhões de m² construídos. A empresa, que já está na terceira geração de engenheiros da família Zarzur, atualmente engloba negócios nas áreas de incorporação imobiliária, construção civil, loteamento e hotelaria, além de atuar nos ramos de agronegócio, logística e energia.
Para Waldomiro, o sucesso, em grande parte, teve origem na prática didática de se exercer a engenharia civil. "A empresa possui uma cartilha de bem construir”, diz. O edifício Palácio W. Zarzur é a prova disso.
Entrevistado
Waldomiro Zarzur, fundador do Grupo W. Zarzur
Currículo
- Waldomiro Zarzur é graduado em engenharia civil e engenharia elétrica pela Faculdade Mackenzie, em 1944.
- Em 1943, fundou a Construtora Mackenzie.
- Em 1948, criou a Construtora Zarzur & Kogan.
- Em 1960, assumiu o comando da Waldomiro Zarzur Engenharia e Construções.
- Em 1992, ganhou a Waldomiro Zarzur Engenharia e ConstruçõesInternacional Construction Award, na Espanha, pelos serviços prestados à engenharia civil dos países latinos.
- Em 2001, a Waldomiro Zarzur Engenharia e Construções transforma-se no Grupo Zarzur.
Contato: http://www.wzarzur.com.br/
Créditos foto: Divulgação/W. Zarzur
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Itambé inaugura a Linha III
Com seu terceiro forno, companhia eleva capacidade instalada de produção de cimento de 1,5 milhão para 2,8 milhões de toneladas por ano.
Por: Altair Santos
Após quase dois anos de intenso trabalho e alto investimento em tecnologia, a Cimento Itambé iniciou dia 28 de maio de 2012 as operações de sua nova linha de produção, que está localizada em Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba. Mobilizando todos os seus esforços, a empresa teve a preocupação de ampliar seu complexo industrial guiada por dois conceitos: modernidade e competitividade. “Para isso, tivemos que nos estruturar, preparar uma equipe própria com 67 funcionários, contratar fornecedores qualificados tecnicamente e que considerassem também nossos conhecimentos”, afirma Alcione Rezende, superintendente industrial da companhia.

Com um investimento total de R$ 369 milhões, a nova linha de produção da Itambé permite que a empresa amplie a capacidade instalada de produção de cimento de 1,5 milhão para 2,8 milhões de toneladas por ano. " Isto traz segurança para a companhia assumir compromissos de fornecimento junto aos clientes", assegura Lycio Roberto da Mota Vellozo, diretor comercial da empresa. O objetivo da Itambé é reforçar seu atendimento para a região Sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Por isso, a linha II de produção será mantida, com possibilidade de reativar a linha I, dependendo das demandas do mercado.
Instalada em uma área de aproximadamente 30 mil m², a nova linha de produção da Itambé começou a ser construída em julho de 2010. No pico da obra, em outubro de 2011, envolveu 1.569 trabalhadores. Em funcionamento, a instalação fez com que a empresa abrisse 35 novas vagas, distribuídas nas áreas de mineração, operação e manutenção. “Tudo isso só foi possível por meio de uma equipe dedicada, competente, formada por funcionários que vestiram a camisa, além de terceirizados que também não mediram esforços para superar os desafios e alcançar nosso objetivo”, disse Alcione Rezende, sobre a nova conquista da Cimento Itambé.

O novo complexo industrial é composto por uma série de equipamentos que agregam inovações tecnológicas à produção de cimento. Entre eles, destacam-se:
- Moinho de calcário com quatro rolos de moagem e distribuição quádrupla na entrada de gases, para melhor aproveitamento na moagem-secagem das matérias primas.
- Filtros de processo (forno, resfriador e moagem de coque) com emissão de material particulado abaixo de 20 miligramas por Normal metro cúbico - 2,5 vezes menor do que exigem as normas ambientais.
- Forno rotativo com duas bases de apoio e acionamento duplo direto em um rolo, propiciando menores custos de manutenção e maior vida útil do revestimento refratário.
- Torre de ciclones com câmara de combustão e calcinador em linha, permitindo alta utilização de combustíveis alternativos.
- Sistemas de dosagem de combustível sólido tipo “coriollis” de alta precisão.
- Resfriador de clínquer com grelhas fixas e acionamentos hidráulicos independentes.
- Britador de clínquer de rolos também com acionamento hidráulico.
- Silo de clínquer de grande capacidade de estocagem dimensionado, para atender também a produção do forno 2 atual.
Respeito ao meio ambiente
Toda essa tecnologia coloca a Cimento Itambé entre as mais engajadas do setor em relação às exigências da legislação ambiental brasileira. Sobretudo, por que ela passa a dispor de equipamentos que reduzem sensivelmente as emissões atmosféricas, além de permitir que haja menor consumo de combustíveis fósseis. Em contrapartida, o novo forno de clínquer possibilita usar resíduos industriais como fonte de energia, entre eles papéis, plásticos e borracha triturados, borras oleosas, restos de tintas e solventes.
Estima-se que com a linha de produção, a Itambé possa ampliar de 20% para até 70% a substituição de combustível fóssil por combustível alternativo. "Além de nos anteciparmos às exigências ambientais, as novas instalações nos tornam mais competitivos sob o ponto de vista de consumo de energia", destaca Alcione Rezende.

Créditos foto: Divulgação / Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Faltam áreas para o MCMV cumprir função social
Terrenos encareceram e Programa hoje atende mais ao sistema de habitação de mercado que o sistema de habitação de interesse social, apontam pesquisadores
Por: Altair Santos
Há um ano, a presidente Dilma Rousseff lançou a etapa dois do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A nova fase prioriza as habitações de interesse social, com o ousado objetivo de construir dois milhões de residências até 2014. Só que, para atingir essa meta, o plano terá de superar um dos gargalos que ameaçam comprometer seu avanço: a escassez de terrenos.

Nas principais capitais brasileiras, o Programa Minha Casa, Minha Vida tem sido empurrado cada vez mais para bairros distantes e regiões metropolitanas. O motivo está relacionado à indisponibilidade de áreas para construir. Além de o estoque de terras públicas estar se esgotando, a especulação imobiliária encareceu demasiadamente os terrenos.
Umas das soluções encontradas pelas construtoras para superar esse gargalo é a compactação das moradias. Há 10 anos, a área útil das habitações tinha, em média, de 70m² a 90m². Atualmente, os lançamentos variam de 40m² a 60m². Em contrapartida, por causa da escassez de terrenos, o custo por unidade disparou. Hoje, independentemente da região do país, não se compra um imóvel por menos de R$ 170 mil.
Para a geógrafa urbana Leda Velloso Buonfiglio e o sociólogo Rodrigo Dantas Bastos, que na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) defenderam a tese "O Programa Minha Casa, Minha Vida e o preço da terra urbana no Brasil", pode ter havido um equívoco governamental na concepção do Programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo os pesquisadores, o plano não deveria contemplar, ao mesmo tempo, o sistema de habitação de mercado e o sistema de habitação de interesse social.
Buonfiglio avalia que o acesso aos subsídios públicos oriundos do FGTS e de fundos públicos fez o setor privado assumir o controle do MCMV 2, prometendo atender o mercado específico de baixa renda, mas na prática isso não se viabiliza. "Para ficarmos com um só exemplo, no Rio Grande do Sul os investimentos em unidades contratadas do MCMV representaram 38% para a baixa renda, enquanto as unidades para as classes de média renda representaram 61%", cita.

Rodrigo Dantas Bastos entende que foi um "erro" do estado ter incluído a política de habitação de interesse social no Minha Casa, Minha Vida. "O Programa não foi feito para isso. Ele foi criado para reaquecer a indústria da construção civil. O MCMV é uma linha de crédito para o consumo de imóveis e, neste aspecto, cumpriu seu papel. Agora, foi um erro entregar ao mercado uma tarefa que o mercado não pode resolver, que é o combate ao déficit habitacional", analisa.
Dados do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) revelam que no país, atualmente, 60% da carência de moradias está concentrado nas classes D e E. Para Leda Velloso Buonfiglio, esse gargalo só será resolvido com intervenção direta do poder público e a criação de uma política habitacional dentro dos municípios. "Há ferramentas legais para isso, através do Estatuto das Cidades, que permitem o acesso à terra para o poder público viabilizar empreendimentos populares", diz.
Diante deste quadro, os pesquisadores concluem que o Minha Casa, Minha Vida cumpre um papel importante na economia do país, por ter três aspectos: ter reativado o financiamento habitacional, ter estimulado o aquecimento da construção civil e ter contribuído para gerar milhares de empregos formais. No entanto, segue pecando ao não priorizar o atendimento da população com rendimento de zero a três salários mínimos. "Como política habitacional, ele não resolveu o problema, assim como o BNH não resolveu", finaliza Rodrigo Dantas Bastos.
Confira o trabalho
O programa Minha Casa, Minha Vida e o preço da terra urbana no Brasil: Clique aqui
Entrevistados
Leda Velloso Buonfiglio e Rodrigo Dantas Bastos, pesquisadores e autores da tese "O programa Minha Casa, Minha Vida e o preço da terra urbana no Brasil"
Currículo
- Leda Velloso Buonfiglio é doutoranda e mestre em Geografia, pela Unicamp (Universidade -Estadual de Campinas), com especialidade em geografia urbana.
- Tem ênfase na análise sobre o direito à cidade, o direito à moradia e a dinâmica dos movimentos sociais urbanos contemporâneos, enfocando nas políticas públicas de habitação popular.
- Rodrigo Dantas Bastos é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e advogado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com mestrado em sociologia pela Universidade Estadual de Campinas.
Contatos: ledabuonfiglio@yahoo.com.br / rodrigodantasbastos@gmail.com
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Novo ecossistema do consumo muda CRM
Conceitos trazidos pela internet exigem que gestão de relacionamento com o cliente antecipe tendências, capte demandas e seja proativa no atendimento
Por: Altair Santos
Apesar de o setor de venda das empresas ser o mais reativo à utilização de CRM (do inglês, Customer Relationship Management) a tendência é que a ferramenta se afirme cada vez mais como um suporte para promover a gestão de relacionamento com o cliente do que como um "apoio" para se vender mais e melhor. A análise é do professor de vendas e marketing da Business School São Paulo, Enio Klein, para quem um bom número de companhias confunde CRM com "automação de vendas". "CRM deve ser entendido como uma ferramenta que permite a operacionalização de estratégias de relacionamento com o cliente. Se as estratégias forem boas, ela dará resultados satisfatórios; se forem ruins, levarão a fracassos retumbantes", resume.

Bem consolidado em áreas como telefonia, financeira e de seguros, o CRM hoje já ocupa um espaço importante na construção civil, principalmente entre as grandes incorporadoras. Neste caso, a ferramenta tem sido usada para antecipar tendências, captar demandas e tornar mais proativo o atendimento durante o lançamento de imóveis e também no pós-venda. Aí reside a nova função do CRM, que é ajudar na forma de relacionamento com o chamado consumidor 2.0 - aquele que, através das redes sociais, elevou o nível de exigência sobre os produtos. "Houve uma mudança no ecossistema das relações de consumo, provocada por tudo que veio na esteira da internet, e esse novo ambiente social potencializa uma série de ações do CRM", destaca Klein.
Estas ações, enfatiza o especialista, estão baseadas fundamentalmente no comportamento do consumidor. "Nada é tão rico em expor comportamentos do que as redes sociais. Monitorá-las, significa enriquecer, e muito, o conteúdo dos bancos de dados de marketing das empresas. Além disso, uma referência a uma determinada organização se dissemina em segundos, o que permite que, através do monitoramento, ações possam ser tomadas de forma muito mais rápida e abrangente do que através das centrais de atendimento. Dessa forma, eu diria que, sim, a tecnologia e as ferramentas para CRM vêm evoluindo no sentido de acompanhar estas mudanças. Só que é preciso que a empresa não fique apenas na retórica com o cliente", complementa o professor da Business School São Paulo.
A confusão que se faz, principalmente no Brasil, sobre o uso do CRM como ferramenta de venda ou de relacionamento com o cliente nasceu com a entrada do sistema no país. Ele se deu a partir da segunda metade da década de 1990, mas não por completo. "As empresas não foram adquirindo o sistema inteiro, mas sim por módulos: automação de vendas, automação de marketing e database (hoje conhecido como CRM analítico) e serviços ao cliente (pós-venda e atendimento). Assim, algumas companhias misturaram as estações e passaram a tratar o CRM como ferramenta que suporta o negócio. Quando isso acontece, ela se descaracteriza e se torna um monstro que nem atende às demandas específicas e nem se transforma no que a empresa gostaria que fosse", alerta Enio Klein.
Entrevistado
Enio Klein, professor em vendas e marketing da Business School São Paulo
Currículo
- Graduado em Engenheira Elétrica pela PUC-RJ, com especialização em sistemas, gestão estratégica do relacionamento com clientes e tecnologia da informação
- Com mais de 25 anos de experiência nos segmentos de telecomunicações, tecnologia, serviços profissionais e manufatura, hoje atua como professor convidado da Faculdade de Administração e Economia da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e titular da Business School São Paulo (BSP) em programas de MBA abertos e corporativos nas áreas de marketing e vendas
- É também gerente geral nas operações de vendas da empresa canadense SalesWays Inc., no Brasil
Contato: flavia.ghiurghi@salesways.com.br (assessoria de imprensa)
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Brasil é "Top Five" em construções sustentáveis
Por: Altair Santos
Apesar de o conceito de construção sustentável ter chegado ao Brasil em 2004, apenas a partir de 2007 é que as edificações denominadas de "prédios verdes" efetivamente começaram a ser viabilizadas no país. Passados cinco anos, esse mercado encontra-se plenamente aquecido dentro do setor imobiliário. A ponto de o Brasil ocupar atualmente a 4ª posição no ranking mundial de construções sustentáveis, de acordo com o Green Building Council (GBC).

Segundo o gerente técnico do GBC Brasil, Marcos Casado, o país tem hoje 53 empreendimentos já certificados e outros 473 em processo de certificação. A lista leva em consideração apenas os empreendimentos certificados com o selo LEED™ (Leadership in Energy and Environmental Design). Se forem contabilizadas outras certificações, como o Aqua, já chegam a 91 os "prédios verdes" em operação no Brasil. Quase metade (43%) destas edificações são construções voltadas para empreendimentos comerciais.
Em número de certificações, o Brasil posiciona-se atrás de Estados Unidos, com um total de 40.262 construções sustentáveis; China, com 869, e Emirados Árabes Unidos, com 767. Marcos Casado explica por que os EUA estão tão à frente dos demais países.
"Eles começaram o movimento de construções sustentáveis 15 anos antes. Mas há cinco anos, os processos de certificação no Brasil quase equivalem aos dos Estados Unidos. Acreditamos que, após a conferência Rio+20 e os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, o país irá avançar ainda mais no ranking", prevê.
Outra perspectiva de que os "prédios verdes" proliferem no país está relacionado à queda no custo da construção deste tipo de edificação. "Quando iniciamos a operação do GBC no Brasil, o custo de uma obra certificada era 30% maior que de uma obra convencional. Hoje, o mesmo empreendimento já pode ser construído com um custo adicional de 1% a 7%. Esse investimento inicial maior é facilmente recuperado com a redução dos custos operacionais durante toda a vida útil do prédio", destaca Marcos Casado.
Percebe-se também que os fornecedores de material de construção estão mais atentos a colocar no mercado produtos com maior comprometimento ambiental. Isso também ajudou a baratear as construções sustentáveis. "Hoje, os grandes fabricantes trouxeram para nosso mercado produtos que eram vendidos na Europa e nos Estados Unidos. O mesmo acontece com outros setores da cadeia produtiva da construção civil, como cimento, vidro e iluminação. Todos estão buscando desenvolver produtos e tecnologias de menor impacto", ressalta o gerente técnico da GBC Brasil.
Outro fator determinante é a proliferação de construtoras envolvidas com o conceito de "prédio verde". Atualmente, quase todas as empresas que buscam financiamento na Caixa Econômica Federal precisam apresentar projetos que contemplem o menor consumo de energia, o aproveitamento de águas pluviais e conceitos termoacústicos. O próprio banco dispõe de uma certificação para a construção sustentável: o selo Azul. Além disso, o GBC Brasil oferece treinamento às construtoras que aderirem ao conceito de "prédio verde". "Investir em sustentabilidade, além de reduzir os impactos ambientais, garante retorno financeiro e melhora a imagem das empresas engajadas. Por isso, cresce a adesão", finaliza Marcos Casado.
Entrevistado
Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil
Currículo
- Graduado em engenharia civil pelo Universidade Mogi das Cruzes (UMC) com especialização em administração e gestão ambiental
- Atualmente é gerente técnico do Green Building Council Brasil, onde dissemina o conceito da construção sustentável e da certificação LEED em todo o país
- Também coordena cursos de pós-graduação do GBCB e é professor do curso de MBA em construção sustentável do Green Building Council Brasil
Contato: mcasado@gbcbrasil.org.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
ONU deverá criar metas mundiais para a construção civil
Na Rio+20, organismos como CBIC, CBCS e CEBDS propuseram a criação de um grupo de trabalho para estimular a sustentabilidade no setor
Por: Altair Santos
Durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) representantes da construção civil elaboraram o documento "Metas de Desenvolvimento Sustentável para a Indústria da Construção". Trata-se de uma série de propostas que foi entregue à ONU (Organização das Nações Unidas) para a criação de um grupo de trabalho que possa discutir o futuro do setor dentro dos conceitos de economia verde.

Assinado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), pela Federação Interamericana de la Indústria de la Construcción (FIIC), pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pela Confederation of International Contractor’s Association (CICA), o documento pede que a ONU lidere um movimento global que priorize a construção sustentável.
Segundo o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, o objetivo é que, com a liderança da ONU, sejam estabelecidas metas e parâmetros para que a cadeia produtiva da construção civil possa se integrar definitivamente à era da sustentabilidade. “Observamos muitos projetos não caminharem por falta de entrosamento. Por isso, estamos aqui, CBIC, CBCS, CICA, FIIC e CEBDS, juntos, pedindo pela formação de um grupo de trabalho internacional para definir as metas do desenvolvimento sustentável em todo o mundo”, afirmou Simão, durante a Rio+20.
Um dos trechos do documento entregue à ONU deixa clara a opção do setor pela construção sustentável. "Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que a construção sustentável contribui para a consolidação da formalidade no setor, gerando melhores empregos, reduzindo os riscos para as empresas e fortalecendo o bem-estar da sociedade. A aplicação efetiva dos conceitos da sustentabilidade durante a fase de planejamento e construção das edificações e dos espaços urbanos garante a qualidade dos produtos, reduzindo os custos de ciclo de vida e oferecendo ao setor financeiro oportunidades para investir, com transparência e risco mínimo", diz.
Além da apresentação de um planejamento estratégico para a construção civil nas próximos décadas, o setor também promoveu na Rio+20 o evento "Construção Sustentável – o desafio de pensar o futuro das cidades". Entre os debatedores estiveram, além do presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, Marcelo Takaoka, presidente do CBCS; Marina Grossi, presidente do CEBDS; Edson Yabiku, arquiteto da Foster + Partners, e Dan Hoornweg, especialista do Banco Mundial em cidades sustentáveis.
Na conferência, Takaoka citou que a construção civil é a principal ferramenta de que o planeta dispõe para dar qualidade de vida às pessoas, seja através da construção de habitações, do saneamento básico ou da oferta de infraestruturas como estradas, pontes e metrôs. “A construção civil é responsável por mais de 2/3 do PIB mundial. O setor está diretamente ligado à melhoria de vida das pessoas. Se bem empregada, a construção civil pode gerar uma economia mundial de US$ 1,6 trilhão, com a redução da pobreza e da proliferação de doenças", destacou o presidente do CBCS.
Entrevistados
Assessorias de imprensa da CBIC, da CBCS e da Rio+20
Contato: rio20.imprensa@itamaraty.gov.br / comunica@cbic.org.br / comunicacao@cbcs.org.br
Créditos foto: Divulgação/Rio+20