Niemeyer transformou concreto em obra de arte
O mais famoso arquiteto brasileiro morre aos 104 anos, deixando um legado de 500 obras espalhadas por todos os continentes
Por: Altair Santos
Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares, ou simplesmente Oscar Niemeyer, deixa como seu principal legado para a arquitetura e a engenharia o fato de ter conseguido transformar o concreto armado em arte. Em As Curvas do Tempo, seu livro de memórias lançado quando ainda era um jovem de 91 anos, ele descreve sua paixão. "De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein", narra, pautando a partir desta frase toda a sua obra.

Com Niemeyer, a densidade do concreto tornou-se leve. É o que se pode constatar no conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte/MG, ou nos verdadeiros palácios que projetou em Brasília/DF. Do Alvorada ao Planalto, passando pelo Congresso Nacional, o prédio do Supremo Tribunal Federal ou pela catedral do Distrito Federal, é possível ver um Niemeyer comprometido com sua paixão pelas curvas e com a funcionalidade dos prédios que idealizou.
Essa característica própria do arquiteto o fez espalhar obras por todos os continentes. Nas cidades contempladas com seus projetos, as construções tornaram-se verdadeiros marcos para a arquitetura local. Calcula-se que cerca de 500 obras assinadas por Niemeyer estejam hoje em algum lugar do mundo. O número tende a crescer mesmo após sua morte, pois ele deixou projetos prontos, cujas construções ainda estão sendo viabilizadas. Não é à toa que o professor e sociólogo Darcy Ribeiro, um de seus melhores amigos, e também já falecido, o definiu com a seguinte frase: “Daqui a 300 anos o único brasileiro conhecido será Oscar Niemeyer”.
Entre as "esculturas" que Niemeyer deixou fora do Brasil, as mais relevantes são as seguintes:
1938 – Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York (Nova York - EUA) - desmontada
1947 – Sede da ONU (Nova York – EUA)
1947 – Residência de Burton Tremaine (Santa Bárbara – EUA) – projetada
1955 – Museu de Arte Moderna (Caracas – Venezuela) – projetada
1957 – Prédio para a exibição Interbau (Berlim – Alemanha)
1962 – Feira Internacional e Permanente do Líbano (Trípoli – Líbano)
1963 – Universidade de Haifa – pré-projeto (Haifa – Israel)
1966 – Pestana Casino Park (Funchal – Portugal)
1968 – Centro Cívico (Argel – Argélia) – interrompida
1968 - Mesquita de Argel sobre o mar (Argel – Argélia)(projetada)
1968 – Sede da Editora Mondadori (Milão – Itália)
1969 – Universidade Mentouri (1ª etapa) (Constantine – Argélia)
1971 – Sede do Partido Comunista Francês (Paris – França)
1972 – Centro Cultural Le Volcan (Le Havre – França)
1972 – Bolsa do Trabalho (Bobigny – França)
1975 – Sede da FATA Engenharia (Turim – Itália) – projetada
1975 – Escola Politécnica de Arquitetura e Urbanismo (Argel – Argélia)
1975 – Sala Poliesportiva “A Cúpula” (Argel - Argélia)
1980 – Mesquita estadual de Penang (George Town – Malásia)
1981 – Ilha de Lazer (Abu Dhabi – Emirados Árabes Unidos)
1989 – Sede do jornal L’Humanité (Seine-Saint-Denis – França)
2001 – Auditório (Ravello – Itália) - projetada
2001 – Acqua City Palace (Moscou - Rússia) (projetada)
2003 – Pavilhão da Galeria Serpentine (Londres – Reino Unido)
2006 – Centro Cultural Principado de Astúrias (Avilés – Espanha)
2007 – Centro Cultural (Valparaíso – Chile) – projetada
2007 – Universidade de Ciência e Informática (Havana – Cuba ) – inacabada
2008 – Puerto La Musica (Rosário – Argentina)
2010 – Auditório (Ravello – Itália) - projetada
Trajetória
Oscar Niemeyer não foi um gênio precoce. Formou-se engenheiro-arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, com quase 27 anos. Trabalhou de graça até praticamente os 30 anos e somente aos 33 assinou sua primeira obra relevante: o conjunto arquitetônico da Pampulha, encomendada pelo então prefeito de Belo Horizonte/MG, Juscelino Kubitschek. Ainda pelas mãos de JK, projetou Brasília/DF. Daí em diante, não parou mais. "Tenho vontade de ajudar as pessoas, ser-lhes útil, dividir", se autodefiniu.
Se não bastasse todo o seu legado, Oscar Niemeyer ainda ajudou na evolução da indústria do cimento e do concreto. Exigente com a qualidade do material empregado em suas obras, ele incentivou a criação de normas e especificações cada vez mais detalhadas. Sobre a predileção pelo concreto, a melhor definição que deu foi em uma de suas últimas entrevistas - publicada no começo de 2012 pela revista do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). "O concreto corresponde a um material especialmente generoso, capaz de oferecer ilimitadas possibilidades ao arquiteto. Ainda mais quando esse se anima em explorar as linhas curvas ou o jogo entre retas e curvas, como é o meu caso", disse.
Confira linha do tempo sobre a vida de Oscar Niemeyer: clique aqui
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Sociedade muda, e com ela as plantas das moradias
Fórmula criada há 150 anos, na Belle Époque francesa, sofre alterações a partir do novo papel da mulher na família e em sua inserção no mercado de trabalho
Por: Altair Santos
O modelo de plantas de habitações, centrado em três áreas - social, íntima e serviços -, predomina em praticamente todo o mundo desde a Belle Époque francesa, há cerca de 150 anos. Em busca de respostas para saber por que esse tipo de construção criou raízes tão profundas na humanidade, o Nomads-USP (Núcleo de Estudos de Habitares Interativos, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo em São Carlos) iniciou estudo, ainda em processo de conclusão, o qual aponta que essa formatação de planta tende a sofrer transformações, apesar da resistência do mercado imobiliário.

Segundo o arquiteto Felipe Anitelli, que desde 2007 é pesquisador do Nomads, já há vários indicadores que sugerem que esse conceito de planta não é mais tão eficiente para o contexto cultural e sócio-econômico atual. "Esse modelo tem como forte referência a planta burguesa europeia, difundida e popularizada no século 19. Acho improvável que seja adequado para a sociedade do século 21", diz, afirmando que o comportamento da mulher tem muito a ver com essa tendência de mudança. "A sociedade mudou e os modos de vida são outros. A alteração do papel da mulher na família e sua inserção no mercado de trabalho não cabe mais numa planta moldada de acordo com as demandas da Belle Époque", completa.
De acordo com o mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) hoje só 48,5% das famílias brasileiras são constituídas por casal e filho(s). A maioria já é composta por casal ou pessoas que moram sozinhas. Isso, constata o Nomads, vem derrubando alguns paradigmas da arquitetura para habitações. Um deles é o fim da estanqueidade funcional entre as áreas social, íntima e de serviços. A queda da parede entre a cozinha e a sala, é uma prova cabal disso. "Antigamente, fazer comida era uma atribuição dos serviçais. Hoje, isso está mais vinculado a lazer e convivência. Por isso, a cozinha migrou para a área social", explica Felipe Anitelli.
Só que o arquiteto do Nomads, que agora aprofunda a pesquisa visitando as capitais brasileiras para perceber as diferenças entre uma região e outra do país, afirma que em algumas cidades - como Porto Alegre e Pernambuco - a tradição de separar a cozinha da sala com paredes e portas ainda persiste. "Pode ser conservadorismo desses mercados. Aliás, os avanços nas plantas poderiam ocorrer de forma mais acelerada se os produtos imobiliários desenvolvidos atualmente por incorporadoras brasileiras ousassem mais", avalia, citando que há ainda poucas construtoras no país que adotam, por exemplo, o modelo de plantas flexíveis.
Isso leva, na maioria das vezes, o próprio comprador a "customizar" o imóvel, transformando quarto em escritório ou sala de TV ou ampliando as zonas íntimas ou sociais de uma habitação. "Portanto, afirmações como 'apartamentos de um, dois e três dormitórios' estão perdendo o sentido. Muitas vezes, dentro do próprio edifício, já é possível encontrar unidades habitacionais que mantiveram a tradição e outras que foram transformadas, rompendo com o paradigma da Belle Époque", conclui o pesquisador da Nomads.
Entrevistado
Felipe Anitelli, pesquisador do grupo de pesquisas Nomads-USP do IAU-USP
Currículo
- Felipe Anitelli é graduado em arquitetura e urbanismo pelo Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto em 2003
- Tem doutorando no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (com apoio FAPESP) e mestrado pelo IAU-USP em 2010 (com apoio FAPESP). A temática de estudo do mestrado e do doutorado é o edifício de apartamentos paulistano e brasileiro
- Desde 2007 é pesquisador do grupo de pesquisas Nomads-USP
Contato: felipeanitelli@yahoo.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
IPT tem história intimamente ligada ao concreto
Dos 12 laboratórios do centenário instituto, dois dedicam-se exclusivamente às pesquisas relacionadas com a construção civil
Por: Altair Santos
Fundado em 1899, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) tem no concreto o material mais estudado ao longo de sua história. Até hoje, aliás, a cadeia produtiva do cimento concentra boa parte das pesquisas em seus dois centros voltados a estudos da construção civil: o Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-OBRAS) e o Centro Tecnológico do Ambiente Construído (CETAC). Atualmente, o foco desses dois laboratórios está na busca de compósitos de baixo impacto ambiental. "Como exemplo, recentemente estudamos a aplicação de fibras obtidas na reciclagem de plástico residual para obtenção de painéis cimentícios reforçados", explica José Maria de Camargo Barros, diretor do CT-OBRAS.

Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, o IPT tem um total de doze centros tecnológicos. No entanto, os que se dedicam às pesquisas para a construção são os mais tradicionais. Ao longo deste mais de um século, o instituto se dedica, tanto para o setor público quanto para o privado, a realizar os seguintes estudos:
- Ensaios laboratoriais químicos, físico-mecânicos e microestruturais;
- Coleta e execução de ensaios de materiais básicos de construção civil (como cimento Portland, cal, gesso, revestimento pétreo e agregados);
- Oferta de apoio tecnológico na caracterização de materiais convencionais e não-convencionais envolvidos na fabricação de cimento Portland e cal;
- Realização de dosagem de argamassas e concretos especiais;
- Pesquisas de compatibilidade de aditivos e adições minerais em concreto e atuação em caracterização e estudos de rochas ornamentais, com foco na normalização internacional.
Segundo José Maria de Camargo Barros, as crescentes demandas ambientais levam o IPT a dedicar-se com mais afinco aos estudos do uso de RCD (Resíduo da Construção e Demolição) na construção civil. "Podemos citar o desenvolvimento de cimento de baixo impacto ambiental a partir de finos de RCD. Outro campo de pesquisa é o estudo de aplicação de materiais não convencionais para a produção de cimento Portland, seja como matéria prima alternativa na produção de clínquer seja como adição mineral, empregando-se materiais residuais e subprodutos industriais e agrícolas. Já na cadeia produtiva do concreto, temos dado ênfase ao uso de RCD como agregado. Também as adições minerais têm sido testadas para a produção de concretos, visando um material ecoeficiente, ou seja, concreto com baixo consumo de cimento/MPa de resistência à compressão", relata.

Atualmente, 60% das receitas do IPT se originam de pesquisas, testes e análises técnicas de materiais para indústrias ligadas ao setor privado. O instituto contou em 2012 com um orçamento de R$ 200 milhões e espera incrementá-lo em pelo menos 20% para 2013. Para atrair ainda mais clientes, tem havido maciço investimento no aprimoramento dos laboratórios. Recentemente foi inaugurado um setor voltado ao desenvolvimento da nanotecnologia - área na qual a construção civil também apresenta demandas ao Instituto de Pesquisa Tecnológica.
Confira linha do tempo sobre a história do IPT: clique aqui.
Entrevistado
José Maria de Camargo Barros, diretor do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-OBRAS) do IPT.
Currículo
- José Maria de Camargo Barros é graduado em engenharia civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (1976). Possui mestrado (1985) e doutorado (1997) em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Recebeu bolsa do CNPq na categoria doutorado-sanduiche (1993/94 - University of Michigan)
- É pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, consultor ad hoc da FAPESP, além de professor titular da Escola de Engenharia Mauá e professor titular e coordenador do curso de engenharia civil da Faculdade de Engenharia São Paulo
Contato: jmbarros@ipt.br / www.ipt.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Vocação turística impulsiona infraestrutura de SC
Com investimento federal estimado em R$ 5 bilhões, Estado tem 72 grandes obras programadas, algumas já em fase de execução.
Por: Altair Santos
Desde a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Santa Catarina é o estado da região sul que mais conseguiu canalizar recursos federais para obras de infraestrutura. Há 72 empreendimentos em fase de projeto ou em etapa de execução programados para as várias regiões catarinenses. Por causa da vocação turística do estado, boa parte destas obras está voltada para rodovias, ferrovias e vias urbanas. Dos R$ 5,16 bilhões de investimentos programados para Santa Catarina até 2017, R$ 3,05 bilhões serão revertidos ao setor de mobilidade.

A obra que mais tem recursos assegurados é a que envolve a duplicação da BR-101, no trecho que liga Santa Catarina ao Rio Grande do Sul. São R$ 2,2 bilhões, entre eles R$ 597 milhões para a construção da terceira maior ponte do Brasil - perdendo em extensão apenas para a Rio-Niterói e a do Rio Negro, no Amazonas. Com o canteiro de obras recentemente instalado, o empreendimento deve ficar pronto em 2015. Ligando Florianópolis a Laguna, a obra terá 2.815 metros de comprimento, dos quais 400 metros de vão central serão estaiados, com 60 cabos sustentados por dois mastros de concreto.
As torres terão 50 metros de altura, e cada uma delas sustentará 30 estais (15 de cada lado). Já a estrutura da ponte de Laguna, que quando inaugurada irá se chamar Anita Garibaldi, será construída com aduelas pré-moldadas. O projeto prevê o uso de 500 unidades, cada uma pesando 30 toneladas e medindo quatro metros de comprimento. A cargo de um consórcio que engloba as construtoras Camargo Corrêa, M. Martins e Construbase, estima-se que a obra irá consumir 65 mil toneladas de cimento.
Outros projetos rodoviários relevantes em construção em Santa Catarina, e que também contam com recursos federais, são a via expressa do Porto de Itajaí e as duplicações das rodovias BR-282 (Florianópolis), BR-280 (trecho São Francisco do Sul-Jaraguá do Sul) e BR-470, entre o Porto de Navegantes e Indaial, passando pela BR-101, Gaspar e Blumenau. Esta obra foi dividida em quatro lotes, dos quais dois tiveram editais de licitação publicados em 2012. No trecho 1, que ligará Navegantes à BR-101, previsto para ser licitado em 2013, há estudos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) favoráveis à pavimentação em concreto numa extensão de 20 quilômetros.
O estado também tem recebido um forte investimento em empreendimentos ferroviários. Entre eles, a construção do contorno de São Francisco do Sul, do contorno de Joinville, da ferrovia Litorânea (Imbituba-Araquari) e da ferrovia do Frango (Itajaí-Chapecó). Ainda na parte de obras de mobilidade, está em construção o novo complexo aeroportuário de Florianópolis.
Setor elétrico
Outra grande construção em Santa Catarina é a usina hidrelétrica Garibaldi. A cargo da construtora Triunfo, o empreendimento tem orçamento de R$ 780 milhões. Erguida no rio Canoas, entre os municípios de Abdon Batista e Cerro Negro - a 350 quilômetros de Florianópolis -, a obra terá capacidade instalada de 190 megawatts. A hidrelétrica será construída com laje de concreto compactado a rolo (CCR). A barragem terá 37 metros de altura e 915 metros de largura.
Entrevistado
Departamento Estadual de Infraestrutura de Santa Catarina (Deinfra-SC)
Contato: www.deinfra.sc.gov.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Sete virtudes destacam prédios de Recife
Edificações com quase 130 metros de altura investem em inovações e conseguem superar a reação álcali-agregado, uma característica da capital pernambucana
Por: Altair Santos
Torres Gêmeas. Esse é o apelido que os recifenses deram aos edifícios Píer Maurício de Nassau e Píer Duarte Coelho, que levaram modernidade ao centro velho da capital pernambucana. No entanto, a coincidência com os prédios que até 2001 foram referência para Nova York e para o mundo para por aí. Nos empreendimentos que estão de frente para Olinda, a concepção arquitetônica e o modelo de construção em nada se comparam às edificações norte-americanas. Utilizando 100% de tecnologia nacional, e apostando no potencial do concreto para erguer arranha-céus, o projeto foi eleito pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) como a melhor edificação do Brasil em 2012.

Sete virtudes garantiram o prêmio às Torres Gêmeas de Recife: concepção estrutural, processo construtivo, originalidade, monumentalidade, relação com o ambiente, esbeltez e estética. "Dificilmente, um empreendimento consegue nota máxima em todos os quesitos e a somatória de pontos acaba por definir o ganhador. No caso desse empreendimento, seus destaques foram a concepção estrutural, simples para a esbeltez, e o formato do edifício. A originalidade na interação com a fundação, para uma solução inovadora que vencesse os desafios do solo de Recife, juntamente com a estética, além da relação com o ambiente, também conquistaram importantes pontos que garantiram o merecido prêmio para este projeto", explica Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da ABECE.
Com função habitacional, o Píer Maurício de Nassau e o Píer Duarte Coelho têm 42 andares cada um, com apartamentos medindo 247 m², e que, a princípio, criam um contraste estético na área central da capital pernambucana. Os edifícios localizam-se em uma região portuária cercada de antigas linhas férreas desativadas. Desabitados ou sem população fixa, esses setores da cidade, a partir dos novos empreendimentos, passam por um processo de reurbanização. "Foi pensando na implantação desse arrojado projeto que a Moura Dubeux Engenharia S/A partiu para a modernização através da construção das duas torres. A região central do Recife voltou a ser local para moradia com qualidade de vida", avalia o engenheiro civil João José Asfura Nassar, autor do projeto estrutural.

Além de superar o desafio imposto pelo local em que foi construído, as Torres Gêmeas de Recife também suplantaram obstáculos técnicos. Contando com pesquisas e testes realizados nas universidades de Pernambuco, os prédios neutralizaram, por exemplo, a propensão a reações álcali-agregado nas estruturas dos edifícios recifenses. "Nas fundações do empreendimento, para inibir a reação álcali-agregado (RAA) foi utilizado adição de metacaulim na proporção de 12%. Esta recomendação hoje é utilizada em todas as fundações das edificações de Recife", revela Nassar. Além disso, as edificações consumiram concreto com resistência característica (fck) variando ao longo de sua altura, partindo de fck ≥ 50MPa até fck ≥ 35MPa. O volume empregado foi de 14.250 m³.
Com 126,47 metros de altura, o projeto das torres não precisou ser submetido a testes em túnel de vento por que Recife tem uma das menores velocidades de vento no mundo. "Isso permite fazer edifícios com esbeltez alta, chegando até a valores de 14. Só para se ter uma noção, no mundo existe uma tabela para classificar a esbeltez dos edifícios e poucos passam do nível seis, o que já indica alta esbeltez", comenta João José Asfura Nassar. Por esse motivo foi possível inovar na fundação dos edifícios, que utilizaram estacas metálicas com seção decrescente. "Inicialmente, foram executadas estacas-piloto e realizados vários ensaios de carregamento dinâmico e provas de carga estática, que atestam a viabilidade técnica da solução. O projeto foi então desenvolvido, trazendo resultados plenamente satisfatórios", finaliza o projetista.
Entrevistados
- Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da ABECE.
- João José Asfura Nassar, autor do projeto estrutural e sócio da Nassar Engenharia Estrutural S/C Ltda.
Currículos
- Augusto Guimarães Pedreira de Freitas é graduado em engenharia civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) em 1988
- Possui especialização em vários cursos de extensão na área de projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e garantia de qualidade
- É sócio e diretor-administrativo do escritório Pedreira de Freitas S/C Ltda
- Ocupa a vice-presidência de relacionamento da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)
- João José Asfura Nassar é graduado em engenharia civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1979
- É um dos pioneiros nos estudos de reações álcali-agregado nas edificações de Recife
- Em 1985 fundou a Nassar Engenharia Estrutural S/C Ltda
- Já elaborou cerca de 2.400 projetos no Brasil e outros países, como Angola e Honduras
Contatos: engenharia@nassarengenharia.com.br / www.premiotalento.com.br / www.abece.com.br
Créditos fotos: Abece / Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Geração Y chega à liderança com expectativas elevadas
Moldados no Brasil em crescimento, novos ocupantes de cargos de poder almejam, além de bons salários, atuar em empresas preocupadas com a sustentabilidade
Por: Altair Santos
Em empresas vinculadas aos setores de tecnologia, mineração e industrial, representantes da geração Y - conceito criado para definir os nascidos entre 1979 e 1995 - têm galgado cargos de liderança com mais rapidez que seus antecessores. A explicação é que eles chegam às Companhias trazendo um conjunto de habilidades que facilita evoluírem na carreira de forma mais acelerada. Ao mesmo tempo, são colaboradores que entram nas corporações com expectativas elevadas e só se mantêm se elas forem atendidas. "A explicação é em função do cenário em que esta geração foi moldada, ou seja, no Brasil em crescimento, com mercado de trabalho aquecido e com escassez de talentos. Então esse ambiente faz com que a geração Y, por princípio, seja mais ambiciosa e mais exigente", explica Sócrates Melo, da consultoria e recrutamento Robert Half.

Recentemente, a Robert Half, que além do Brasil opera nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia, América Latina e Oceania, realizou pesquisa com 2.179 CFOs (chefes do setor financeiro) para coletar dados sobre a geração Y. A conclusão foi que 48% dos executivos entrevistados apontaram que os nascidos no período de 1979 a 1995 são os mais difíceis de atrair e de reter. A principal dificuldade de retenção é por conta das expectativas em relação ao plano de carreira (60%), seguida da remuneração (54%) e da qualidade de vida (36%). "A geração Y tem afinidade com empresas que valorizem a sustentabilidade, cultivando qualidade de vida, bem-estar e preocupação ambiental", afirma Sócrates Melo. No setor da construção civil, Companhias com esse perfil têm conseguido não só atrair jovens como promovê-los a cargos de liderança.
Segundo o consultor da Robert Half, na função de liderança a geração Y começa a administrar profissionais que têm os mesmos anseios: crescimento acelerado, necessidade de feedbacks e questionadores. "Por isso, o desafio destes jovens gestores é conseguir orientar essa energia para a execução de projetos, com foco nos resultados. Quando isso ocorre, os profissionais desta geração se diferenciam", afirma. Sócrates Melo entende também que esse processo de promover líderes da geração Y é um caminho sem volta. Até por que, ela se mostra mais preparada que os concorrentes da geração X. "Eles trazem consigo muita vontade e desejo de mudança", explica. Estima-se que no Brasil 20% das grandes corporações, principalmente as que operam no sistema financeiro e em áreas tecnológicas, já tenham jovens até 35 anos em cargos de liderança.
Diferença
Na pesquisa da Robert Half fica definida a diferença entre a geração Y e suas antecessoras: a “baby boomers”, que engloba profissionais nascidos entre 1946 e 1962, e a "X", formada por pessoas que nasceram entre 1963 e 1978. A “baby boomers” ficou marcada por pessoas totalmente fiéis à empresa, permanecendo muitas vezes toda a carreira com um só emprego. Já a X buscou a diversificação, mas com uma dedicação extrema ao trabalho para atingir o sucesso profissional. Ainda de acordo com o estudo, a geração Y busca uma nova maneira de encarar a vida profissional e prefere mostrar o trabalho em resultado produzido e não em horas trabalhadas. Isso significa o fim dos workaholics. "O modelo em que competência é entrar às 7h e sair à meia-noite está sendo desafiado. A geração Y quer subir rapidamente, mas com qualidade de vida", finaliza a análise.
Entrevistado
Sócrates Melo, diretor de operações dos escritórios da Robert Half em Belo Horizonte e Rio de Janeiro
Currículo
- Sócrates Melo é graduado em Business Administration pela Northwood University, com especialização em Contabilidade e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
- Iniciou sua carreira na área de importação e exportação, na Knor-Bremse, foi analista financeiro na CCP – Food (USA) e retornou ao Brasil para atuar como Supervisor Administrativo Financeiro na MJMelo. Na área de recrutamento, iniciou como gerente administrativo financeiro na Locer Consultoria, de onde foi para a Robert Half
Contato: socrates.melo@roberthalf.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Engenheiro precisa aprender a dizer não
Nem todos os projetos devem ser encampados pelos profissionais, ensinam Jorge Batlouni Neto e Roberto Bernasconi. Para eles, qualidade da obra é fator determinante
Por: Altair Santos
Os engenheiros civis José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) de São Paulo-SP, e Jorge Batlouni Neto, coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Construção) acompanharam em setembro de 2012 uma missão técnica brasileira que visitou diversas construções na Alemanha. O objetivo foi verificar como o principal país europeu conseguiu fazer o setor da construção civil investir em qualidade, eliminando o desperdício e o retrabalho durante as várias fases de uma obra. A conclusão foi que, para chegar aonde chegou, a Alemanha teve uma participação decisiva de seus engenheiros. Mobilizados, os profissionais aprenderam a dizer não para projetos não comprometidos com produtividade e sustentabilidade.

Para Bernasconi e Batlouni Neto, é hora da categoria fazer o mesmo no Brasil. "O contratante precisa saber que tudo que é planejado na engenharia dá certo. Só que isso requer projetos bem consolidados, simples e com remuneração justa. A Alemanha nos deu essa lição, mostrando que eles estão focados em estruturas que combinam economicidade e segurança. Eles chegaram ao ponto de produzir concreto e aço com preço 50% mais barato que no Brasil. Além disso, a mão de obra deles hoje está em 8 a 9 homens/hora por m³ de concreto consumido em obra. No Brasil, até 1995, esse valor era de 72 homens/hora e atualmente foi reduzido para 17 homens/hora, o que ainda é muito alto. Houve uma evolução significativa no país, de 2007 para cá, mas o Custo Brasil ainda nos impõe projetos de risco. É para isso que temos que aprender a dizer não", afirma Jorge Batlouni Neto.
O presidente do Sinaenco avalia que trata-se de uma questão cultural entre o que acontece na Alemanha e no Brasil. "A engenharia é o instrumento de crescimento e o engenheiro é o operador desse crescimento. Então, lá na Alemanha, todas as etapas de uma licitação têm engenheiros envolvidos, sobretudo nas obras públicas. Aqui, isso não ocorre. Prevalece uma única tese: licitação no menor prazo e com menor preço. É uma realidade cruel que deve piorar com a lei 8.666, que institui o Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Isso está possibilitando algumas aberrações, como licitações serem vencidas com desconto de 47% no orçamento. Só há uma certeza nesta prática: o serviço não será de qualidade. Para isso, o engenheiro precisa aprender a dizer não", alerta Roberto Bernasconi.

No 15º Enece (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) que ocorreu em outubro, em São Paulo, Bernasconi e Batlouni participaram de uma mesa redonda em que expuseram um exemplo clássico de obra licitada pelo menor preço, que gerou uma construção de má qualidade e que compromete a credibilidade da engenharia. "Na Transposição do rio São Francisco, em um dos 14 lotes, num trecho de dez quilômetros, existe apenas dois furos de sondagem, ou seja, houve um total desrespeito com a engenharia", reclama Bernasconi. Os furos de sondagens são regulamentados pela norma técnica NBR 6484. Ela define o número de furos de sondagem de acordo com a área de projeção da edificação e do padrão do solo.
Uma proposta colocada por Bernasconi é que CONFEA/Crea e CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) criem códigos de ética que disciplinem a participação de construtoras em licitações, regulando preço mínimo e prazo para a apresentação de projetos consistentes. "O ganho pela economia deve ter restrições, tanto na área pública quanto no setor privado. Hoje há muita gente vendendo soluções mágicas e desrespeitando os critérios de engenharia, que são muito sérios. Não é à toa que tem se visto muitos casos de patologias em obras. Nestes casos, é melhor dizer não que entrar numa aventura", finaliza o presidente do Sinaenco.
Entrevistados
José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) de São Paulo-SP, e Jorge Batlouni Neto, coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Construção)
Currículos
- Jorge Batlouni Neto é graduado e pós-graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e mestre em engenharia pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)
- É diretor-técnico da Tecnum & Corporate Empreendimentos Imobiliários, além de professor de tecnologia na gestão da produção de edifício do MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Também atua como coordenador do grupo de estruturas do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, além de ocupar o cargo de assessor da presidência do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto)
- José Roberto Bernasconi é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e advogado pela Faculdade de Direito pela Universidade Paulista de São Paulo
- Foi professor na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no Departamento de Estruturas e Fundações (1970 a 1975) das disciplinas construções de concreto e, posteriormente, pontes e grandes Estruturas
- Preside o Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) de São Paulo-SP
Contatos: jbn@tecnum.com.br / sinaenco@sinaenco.com.br
Créditos fotos: Divulgação / Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Demanda aquece área da construção civil voltada aos hotéis
Até 2016, por conta dos eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, Brasil deverá ganhar mais 396 novos empreendimentos. Industrialização impulsiona setor
Por: Altair Santos
Das 27 unidades federativas do Brasil - incluindo o Distrito Federal -, apenas o Piauí não está construindo novos hotéis. No país, há 396 projetos com esse perfil, segundo a ferramenta de pesquisa e-Construmarket. Somente na região sudeste, existem 187 obras em fase de execução ou em estudo de viabilidade econômica. Outras 100 localizam-se no Nordeste, 55 no Sul, 37 no Centro-Oeste e 17 no Norte. Por conta dos eventos Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas 2016, o mercado hoteleiro é o segundo mais aquecido no país - perdendo apenas para o habitacional -, porém com as construções mais aceleradas. Isso se deve ao maciço investimento do setor em processos industriais.

Alvenaria estrutural, construções em pré-fabricado e tilt-up - sistema que utiliza painéis pré-moldados em concreto - estão entre as modalidades construtivas que têm ajudado a impulsionar as obras de hotéis no Brasil. "São tecnologias que aceleram as obras, uma vez que o hotel precisa estar pronto o mais rápido possível e quanto mais industrializada a construção, melhor", avaliza Caio Sérgio Calfat Jacob, especialista em real estate consulting. Por conta desta celeridade, o investimento em hotel é o que mais tem dado rentabilidade aos fundos imobiliários em 2012. O retorno é de 56%, contra 42% de quem investe em escritórios e 20% dos recursos aplicados em shopping centers e lojas.
Boa parte dos investimentos no setor concentra-se nos chamados hotéis econômicos. No Brasil, o preço das diárias neste segmento subiu 20% e a ocupação cresceu 12%. "Eles predominam, por que são a base da pirâmide. São os modelos de hotéis que mais se precisa construir no Brasil", destaca Caio Sérgio Calfat Jacob. Trata-se também da modalidade que mais tem investido em processos industriais de construção e acabamento. Como exemplo, os hotéis econômicos utilizam paredes em dry-wall e os banheiros prontos pré-fabricados. São inovações que antecipam a entrega em até um semestre. "Conseguimos reduzir o tempo por volta de seis meses, ou seja, o que daria para fazer em um ano e seis meses hoje dá para fazer em um ano", comenta o especialista em real estate consulting.

Caio Sérgio Calfat Jacob avalia que esses novos hotéis em construção no Brasil passarão pelo seu grande teste, sob o ponto de vista de viabilidade econômica, depois da Copa e das Olimpíadas. "Se eles não forem bem planejados, podem ficar ociosos. Por isso, o Secovi-SP desenvolveu um manual de melhores práticas para a construção de hotéis. Nenhum empreendimento neste setor deve ser iniciado sem antes ser realizado um estudo de mercado de viabilidade econômica-financeira. Nossa recomendação é que não sejam construídos hotéis apenas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem que haver planejamento para que o investimento traga retorno não apenas por um mês, mas por vários anos", alerta.
Entrevistado
Caio Sérgio Calfat Jacob, especialista em real estate consulting
Currículo
- Caio Sérgio Calfat Jacob é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting – empresa de consultoria imobiliária que atua em planejamento e desenvolvimento de empreendimentos imobiliários desde outubro de 1996
- É vice-presidente de assuntos turístico-imobiliários do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) para o mandato 2012-2014
- É fundador, ex-presidente e membro do conselho deliberativo vitalício da LARES (Latin American Real Estate Society)
- É professor de análise de projetos de hotéis e resorts, do MBA Real Estate promovido pela FUPAM-USP, na FAU-USP
- É professor de planejamento de empreendimentos hoteleiros, do curso de especialização em gerenciamento de empreendimentos na construção civil, na FAU-Mackenzie, de São Paulo
Contato: caio@caiocalfat.com / www.caiocalfat.com / www.lares.org.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Internet democratiza ações de marketing imobiliário
Meio digital potencializa resultados, muda relação com o cliente e permite que pequenas e médias construtoras sejam tão competitivas quanto as grandes
Por: Altair Santos
Atualmente, há uma certeza no mercado imobiliário brasileiro. Não se sobrevive sem investimento em marketing. Das gigantes, às médias e pequenas empresas do setor, todas buscam ações para atingir o consumidor. A internet é, seguramente, o canal mais usado para propagar mecanismos de divulgação, venda e convencimento de clientes. Segundo a publicitária Mariana Ferronato, a mídia eletrônica democratizou o marketing imobiliário. "Hoje, praticamente todas as empresas e profissionais do mercado possuem condições de divulgar seus imóveis online, não necessitando de altos investimentos como outras mídias, que ainda por cima não permitem a mensuração e controle dos resultados. A internet possibilita o controle total do investimento, gerando ações mais inteligentes. Por isso, digo que a internet democratizou o marketing imobiliário", avalia.

As ferramentas de marketing tornaram-se tão fundamentais que passaram a influenciar o empreendimento em todas as suas fases. "As ações envolvem desde a escolha do terreno até a entrega da obra. Especificamente sobre o projeto, o marketing imobiliário, acompanhado de pesquisas de demanda, define o produto projetado através de dados sobre o público-alvo e dos empreendimentos concorrentes no entorno", explica a especialista, lembrando que esses estudos servem para balizar as empresas diante de um consumidor cada vez mais capacitado para tomar decisões menos impulsivas e mais inteligentes. "Por outro lado, as ações de marketing, especialmente de construtoras e incorporadoras, estão cada vez mais sedutoras, usando jantares, eventos e artistas famosos para atrair o cliente", completa.
Essa é uma estratégia recorrente entre as gigantes do setor - Gafisa, Cyrela, Even, Brookfield, MRV, Tecnisa, Rossi, PDG, Rodobens e Plaenge -, que também se especializaram em utilizar as redes sociais para interagir com os consumidores. Em 2009, por exemplo, a Tecnisa efetuou a primeira venda de um apartamento pelo twitter. "De lá para cá, as empresas amadureceram a linguagem social. Hoje, com o crescimento do Facebook no Brasil, além da popularização do acesso móvel, via smartphones, a tendência é que este modelo de venda seja definitivamente incorporado pelas Companhias", cita Mariana Ferronato.
A especialista não esquece de ressaltar que soluções como e-mail marketing ainda são muito eficientes. "Apesar do grande preconceito existente contra o e-mail marketing, ele é uma das grandes ferramentas disponíveis para o marketing imobiliário. Ocorre que, para ter retorno, é necessário uma série de boas práticas que na grande maioria das vezes não é realizada. Entre elas, a mais importante é a segmentação. Não adianta oferecer um empreendimento de 900 mil reais para um mailing de pessoas que não tenham dinheiro para comprar. O retorno nunca virá", reforça.
Um dos empecilhos para que o marketing imobiliário aja com eficiência, segundo a publicitária, é a gestão centralizadora e conservadora de uma parcela das empresas do setor. Ela usa como exemplo a estratégia que algumas Companhias utilizam de não divulgar o preço do imóvel na internet. "O que muitas empresas não se atentaram é que com a internet o consumidor passou a querer as informações agora. No caso do preço, o que ocorre é que se o cliente não achá-lo no site de quem construiu, ele procura na internet e acha o mesmo imóvel, com preço, no site de outra imobiliária ou de algum corretor. Assim, esconder o preço, que poderia ser uma estratégia para aumentar leads de potenciais compradores, acaba reduzindo o número de contatos", alerta, concluindo que quem não quiser se abrir para todas as possibilidades do marketing imobiliário é melhor continuar na "era das placas".
Entrevistada
Mariana Ferronato, publicitária e idealizadora do marketingimob.com, o principal site de marketing imobiliário do Brasil
Currículo
- Publicitária, idealizadora do marketingimob.com
- Possui 8 anos de experiência na gestão de marketing de imobiliárias e construtoras
- Atualmente é gerente de marketing no portal imobiliário VivaReal (vivareal.com.br) em São Paulo
- Atua como palestrante em mais de 10 estados e é colunista para revistas do segmento
Contato: marketingimob@gmail.com
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Conselho busca competitividade para a construção civil
Governo desenvolve agenda para estimular sistemas industrializados, disseminar o BIM e difundir a norma de desempenho e as construções sustentáveis
Por: Altair Santos
Instalado em agosto de 2011, o Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil é considerado atualmente como uma das áreas mais estratégicas do Plano Brasil Maior. É a partir dele que o governo federal pretende estabelecer uma política de Estado que consolide avanços como a industrialização dos canteiros de obras, a consolidação da Tecnologia de Informação nos sistemas construtivos e a qualificação da mão de obra. O objetivo é, em dez anos, colocar a construção civil nacional em patamares semelhantes aos que são vistos hoje na Europa e nos Estados Unidos. "A agenda tem medidas de curto, médio e longo prazo. Há ações de até dez anos, mas vamos fazer um corte no final do ano que vem (2013) para medir o que já foi realizado", explica Talita Tormin Saito, vice-coordenadora do Conselho.

Essa agenda setorial conta com a participação dos principais players ligados à construção civil brasileira. Entre eles, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Sinaprocim (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento), Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). "É importante ressaltar que todas as medidas tomadas pelo conselho levam em consideração gerar condições para a expansão do programa Minha Casa, Minha Vida", afirma Talita Tormin Saito.
Por esse motivo, o Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil tem priorizado três frentes de trabalho. Uma delas é propagar a norma de desempenho NBR 15575. "O Conselho estimula a difusão e a preparação do setor privado para o atendimento da norma que será um fato a partir de março de 2013. Nossa função é ajudar a tirar dúvidas dos empresários e adequar a norma à realidade brasileira", destaca a vice-coordenadora do Conselho, ressaltando que outras frentes estão focadas no estímulo aos processos industriais de construção e no sistema BIM (Building Information Modeling). "Acreditamos que quanto mais tecnologia for agregada ao setor, mais competitivo ele será", completa.
Outro compromisso do Conselho é incentivar as construções sustentáveis. "Temos uma preocupação também com as políticas que gerem menos resíduos. Por isso, o estímulo aos prédios verdes está na nossa agenda. Tudo isso, com base nas atividades de tecnologia industrial alinhadas com o SINMETRO (Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial)", complementa Talita Tormin Saito, que também comanda o Departamento de Indústrias Intensivas, Mão de obra e Recursos Naturais do ministério da Indústria e Comércio.
Entrevistada
Talita Tormin Saito, coordenadora-geral do Departamento de Indústrias Intensivas, Mão de Obra e Recursos Naturais do Ministério da Indústria e Comércio e vice-coordenadora do Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil
Currículo
- Talita Tormin Saito é analista em comércio exterior e funcionária de carreira do governo federal.
Contato: sdp-deorn@mdic.gov.br
Créditos foto: Divulgação/MDIC





