Castelão e Mineirão se beneficiam do pré-fabricado

Primeiros estádios prontos para a Copa do Mundo investiram no sistema construtivo e cumpriram o cronograma de obras à risca

Por: Altair Santos

Um foi inaugurado dia 17 de dezembro de 2012; o outro, quatro dias depois. Os estádios Castelão, em Fortaleza/CE, e Mineirão, em Belo Horizonte/MG, foram os primeiros a ficar prontos para a Copa do Mundo de 2014. Enquanto outras construções só recentemente chegaram aos 50% das obras, os dois empreendimentos investiram maciçamente no pré-moldado para cumprir o cronograma à risca.

Castelão: primeiro estádio a ficar pronto apostou na laje steel deck.

Segundo o secretário especial da Copa 2014 no Ceará, Ferruccio Petri Feitosa, no caso do Castelão a aposta no pré-moldado foi decisiva para dar agilidade aos trabalhos. "Não só a utilização do pré-moldado, como também no tipo da laje utilizada, que foi a steel deck", ressalta. A laje steel deck serve como uma espécie de fôrma metálica para o concreto que fica na estrutura, trabalhando como armadura positiva. Além de dispensar escoramentos e servir de forro para o pavimento inferior, ela ainda assegura rapidez, facilidade de instalação e alta qualidade no acabamento.

O secretário Ferruccio Petri Feitosa lembra que outra solução que agilizou os trabalhos no Castelão foi o processo de terraplanagem. "Não medimos esforços para melhorar o solo e, com isso, poupar tempo com as fundações. Durante toda a obra foram realizados estudos e trabalhos intensos de engenharia para buscar sempre soluções que nos garantisse cumprir o cronograma", diz.

O Castelão, que não partiu do zero, mas foi reformado, envolveu diretamente no canteiro de obras dois mil trabalhadores. A área construída é de 150 mil m² e a capacidade do estádio comporta 63.903 pessoas. A um custo de R$ 518,6 milhões, o empreendimento consumiu 59.117 m³ de concreto.

Mineirão: tombado pelo patrimônio histórico, estádio precisou de intervenções cirúrgicas.

Já o Mineirão, que também foi reformado, teve um custo de R$ 695 milhões e consumiu 23.186 m³ de concreto, para uma área construída de 209 mil m². Com capacidade para 62.170 lugares, a construção envolveu três mil operários.

De acordo com a secretaria extraordinária da Copa do Mundo em Minas Gerais, o grande desafio enfrentado na reforma do Mineirão foi adequá-la ao fato de o estádio ser tombado pelo patrimônio histórico, o que impedia grandes alterações arquitetônicas, e equacionar a pouca oferta de mão de obra.

"Por isso, toda a tecnologia disponível para economizar no canteiro de obras foi útil. Neste ponto, o pré-moldado foi muito importante, assim como as intervenções no projeto original feitas através do sistema BIM (Building Information Modeling)", finaliza o secretário da Copa em Minas, Fuad Noman.

Veja dados técnicos dos estádios:

Castelão
Trabalhadores no canteiro de obras: 2 mil
Empregos indiretos: 3 mil
Área construída: 150 mil m²
Capacidade: 63.903 lugares
Custo: R$ 518,6 milhões
Estacionamento: 1.900 vagas
Volume de concreto: 59.117 m³

Mineirão
Trabalhadores no canteiro de obras: 3 mil
Empregos indiretos: 3 mil
Área construída: 209 mil m²
Capacidade: 62.170 lugares
Custo: R$ 695 milhões
Estacionamento: 2.521 vagas
Volume de concreto: 23.186 m³

Entrevistados
Secretaria especial da Copa do Ceará e Secretaria extraordinária da Copa do Mundo de Minas Gerais (via assessoria de imprensa)
Contatos: sabrina@secopa.ce.gov.br / ana.martins@secopa.ce.gov.br / alexandra.gonzaga@copa.mg.gov.br

Créditos foto: Glauber Queiroz/Portal da Copa/ME

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Prêmio da ABCIC insere qualidade ao pré-fabricado

Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto seleciona obras, cujos projetos agregam tecnologia, sustentabilidade e inovação ao setor

Por: Altair Santos

O anuário 2012 da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) revela que 55% das empresas filiadas à entidade projetam crescimento de 10% ou até superior a 20% em 2013. O diagnóstico, alerta o documento, depende do crescimento da renda, do controle da inflação e do compromisso do governo em seguir impulsionando a construção civil. "Se mantidas essas bases, o setor vê com otimismo o crescimento nos próximos anos. Pelo menos até o final desta década", avalia a presidente-executiva da ABCIC, Iria Doniak.

Iria Doniak: setor não busca quantidade, mas qualidade nas indústrias de pré-fabricado.

A associação conta atualmente com 54 empresas formais constituídas como indústrias de concreto pré-fabricado. Estima-se que elas produzam 80% do que é consumido no país. No entanto, para atrair mais fabricantes e estimular a qualidade no setor, a ABCIC lançou em 2011 um prêmio que elege as melhores obras em pré-fabricado do Brasil. Segundo Iria Doniak, o objetivo é incentivar a interface do sistema com a arquitetura e a engenharia estrutural, disseminando a cultura do pré-fabricado.

Na 2ª edição do Prêmio ABCIC, a construção vencedora foi o Expo Renault Barigui, em Curitiba, seguido do Shopping Estação, em Belo Horizonte/MG, do prédio da Petrobras, em Cubatão/SP, e do conjunto habitacional Ville San Marino, também na capital mineira. Idealizada pelo arquiteto Manoel Coelho, a obra curitibana venceu por combinar soluções industrializadas com aspectos de sustentabilidade. "O júri teve uma tarefa árdua, pois tivemos empreendimentos com características muito singulares e profissionais de grande relevância envolvidos nestes projetos", destaca a presidente-executiva da ABCIC.

Entre os premiados, chamou a atenção também o Ville San Marino, que trata-se de um empreendimento habitacional em pré-fabricado. De acordo com Iria Doniak, o prédio é um case de bom uso de sistemas industrializados em construção de edifícios. "Foi uma obra que usou sistemas devidamente aprovados pelo SINAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) e que possui o Selo Casa Azul de sustentabilidade, da Caixa Econômica Federal. Além disso, obteve o selo de excelência ABCIC, no nível 3", afirma.

Prédio do Expo Renault Barigui: vencedor do Prêmio ABCIC, por combinar soluções industrializadas com aspectos de sustentabilidade.

Fundada há 11 anos, a Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto observa que o setor está pronto para atender qualquer tipo de obra. "Os desafios vencidos ao longo de mais de 50 anos de história do pré-fabricado no país permitiram o desenvolvimento de um parque industrial apto a atender desde fundações a fechamentos laterais, passando por edificações de programas habitacionais e grandes estádios de futebol", diz Iria Doniak, para quem o selo de excelência da ABCIC tem grande importância nesse processo. "Ele avalia qualidade, segurança e normatização em fábricas e obras", completa.

A presidente-executiva da ABCIC lembra ainda que o mercado não precisa de quantidade de empresas no setor de pré-fabricados, mas de qualidade. "Nos preocupa o grande número de empresas que em sua essência não possuem a expertise da indústria e estão produzindo em canteiro sem a devida observação de critérios técnicos e de desempenho. É importante crescer sem passivos futuros, no que diz respeito a patologias. Por esta razão, em ambos os casos devem ser devidamente observadas todas as normas aplicáveis, em especial a NBR 9062 - Projeto e Execução de Estrutura Pré-Moldada", finaliza.

Confira o regulamento do Prêmio ABCIC: clique aqui

Confira diagnóstico para a construção civil nos próximos anos: clique aqui 

Entrevistado
Iria Doniak, presidente-executiva Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto).
Currículo
- Iria Doniak é graduada em engenharia civil e ocupa o cargo de presidente-executiva da ABCIC. - Também ocupa cargos diretivos no IBRACON e no DECONCIC-FIESP (Departamento da Construção Civil da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
- É representante da ABCIC junto à fib (CEB-FIP) e membro do C6 fib (CEB-FIP) atuando nos subgrupos de trabalho Affordable Housing, Quality Control, Sustainability e Hollow Core Slabs.
- Atua como membro da ACHE (Associación Científico Técnica del Hormigón Etructural, da Espanha) e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas, no âmbito CB-02 e CB-18).
Contatos: administrativo@abcic.org.br / abcic@abcic.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Interior descobre pavimento urbano de concreto

Cidades de médio porte, com população entre 250 mil a 700 mil habitantes, são incentivadas pela ABCP a investir na tecnologia para economizar recursos

Por: Altair Santos

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) define como cidade de médio porte aquela com população entre 250 mil a 700 mil habitantes. No país, 75 municípios se enquadram neste perfil. É para esse grupo que a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) se dedicará em 2013, a fim de levar o conceito de pavimento urbano de concreto ao interior. "Toda cidade que tiver planejamento urbano é de interesse da ABCP ajudar a desenvolver projetos, principalmente os ligados ao transporte público. As de médio porte estão despertando para isso, seja investindo em corredores exclusivos de ônibus, contornos ou ciclovias", explica Ronaldo Vizzoni, gerente nacional de infraestrutura da ABCP.

Ronaldo Vizzoni: optar pelo pavimento de concreto exige vontade política.

Entre os municípios de médio porte que adeririam ao pavimento urbano de concreto, a maioria está localizada nos estados de São Paulo e Paraná. Entre eles, São José dos Campos-SP, Ribeirão Preto/SP, Sorocaba/SP, Cascavel/PR, Londrina/PR, Maringá/PR e Ponta Grossa/PR. Há também as cidades de Uberlândia/MG, Feira de Santana/BA, Olinda/PE, Joinville/SC e Criciúma/SC. Segundo Vizzoni, as prefeituras dessas cidades já entenderam que investir em pavimento rígido é economia para o município. "O pavimento rígido gera tarifa social nas passagens dos ônibus, devido à sua longa duração, inexistência de trilhas de rodas, buracos e grandes deformações plásticas. Isso baixa significativamente o custo operacional dos veículos", afirma.

Quando não é possível pavimentar longos trechos em concreto no ambiente urbano, o recomendável é que ele seja utilizado pelo menos em paradas de ônibus, onde as operações de frenagem e arrancada danificam rapidamente o asfalto. Sugere-se também que em ruas onde há operações de carga e descarga o pavimento em concreto tenha prioridade. Da mesma forma, é de bom senso aplicá-lo em cruzamentos, curvas e alças de acesso. Nestes trechos, o pavimento de concreto garante a mobilidade e fluidez do tráfego, reduzindo gastos com manutenção. Além disso, proporciona maior aderência da superfície, luminosidade, solidez e demarcação clara das pistas.

BRT de Sorocaba, no interior de São Paulo: uma das cidades de médio porte que aderiu ao pavimento de concreto.

Para Ronaldo Vizzoni, o maior desafio para levar o concreto às ruas e avenidas das cidades de médio porte está em demonstrar economicamente às prefeituras a viabilidade técnica e econômica do pavimento rígido, além dos aspectos relacionados à sustentabilidade. "Também é preciso vontade política e visão de longo prazo do prefeito", alerta, assegurando que, independentemente de onde se localize a cidade, a ABCP tem amplas condições de prestar assessoria técnica e de fornecer equipamentos para as obras. "Damos apoio desde o projeto até a execução das obras, com o mesmo atendimento que prestamos às grandes cidades", garante o gerente nacional de infraestrutura da associação.

Impulso

Em 2012, o governo federal deu um grande incentivo para que as cidades de médio porte possam reestruturar a malha urbana. Foi lançado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Médias Cidades. Uma linha de financiamento no valor de R$ 7 bilhões passou a ficar disponível para os 75 municípios com população entre 250 mil a 700 mil habitantes. Essas cidades, de acordo com o IBGE, estão distribuídas em 18 estados. Para elas, o PAC da Mobilidade dará prioridade a projetos de corredores de ônibus. Até o final do ano passado, 71 haviam cadastrado projetos para receber os recursos. Nos documentos entregues ao Ministério das Cidades, e ainda em fase de análise, boa parte propunha trechos em pavimento rígido.

Entrevistado
Ronaldo Vizzoni, gerente nacional de infraestrutura da ABCP
Currículo
- Ronaldo Vizzoni é graduado em engenharia civil e administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Também é pós-graduado em marketing industrial na Fundação Getúlio Vargas (FGV)
- Atualmente é responsável pela consultoria de grandes obras e ministra cursos na ABCP para capacitação de mão de obra relacionada a pavimento de concreto em rodovias e corredores de ônibus
Contato: ronaldo.vizzoni@abcp.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Crédito imobiliário bate recorde em 2012: isso é bom ou ruim?

No ano passado, Caixa Econômica Federal liberou R$ 101 bilhões para financiar a compra da casa própria. Este ano, volume pode chegar a R$ 120 bilhões

Por: Altair Santos

O crédito para a compra da casa própria bateu recorde em 2012. A Caixa Econômica Federal concedeu um volume de R$ 101 bilhões para empréstimos imobiliários. Houve um crescimento de 33,8% em relação ao ano anterior (2011) quando a disponibilidade de recursos atingiu R$ 75,4 bilhões. Diante do aquecimento do mercado, a projeção para 2013 é ainda mais otimista. O banco estima que as contratações cheguem a R$ 120 bilhões.

Octavio de Lazari Júnior, presidente da Abecip: crédito imobiliário ganha peso no Brasil e situação veio para ficar.

Do total de crédito concedido pela Caixa para financiamentos imobiliários, boa parte veio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) que destina 65% dos depósitos da caderneta de poupança para a compra da casa própria. Foram R$ 44,95 bilhões. O banco complementou R$ 38,7 bilhões com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e R$ 17,36 com verbas do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e de demais fontes.

Como em 2012 a caderneta de poupança registrou a maior captação líquida desde 1995 - ano em que o Banco Central passou a fazer o acompanhamento -, e os depósitos superaram os saques em R$ 49,719 bilhões, a expectativa segue altamente positiva para o setor de empréstimos imobiliários.

É o que demonstra o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) Octavio de Lazari Júnior. "O crédito imobiliário ganha peso no Brasil, e esta é uma situação que veio para ficar. Ele está pronto para uma expansão mais forte do ritmo de operações, baseada em instituições financeiras sólidas e empresas imobiliárias capitalizadas, além de oferta satisfatória de crédito, custos de transação baixos e condições adequadas de competitividade, incluindo instrumental jurídico sólido", avalia.

O executivo complementa sua análise explicando o porquê de os empréstimos imobiliários terem batido recorde no ano passado. "Destacaram-se, em 2012, os financiamentos destinados às pessoas físicas, que em muitos casos haviam adquirido o imóvel na planta e agora estão contratando o crédito", disse.

Octavio de Lazari Júnior também vê como positivo o fato de ter caído a participação das pessoas jurídicas no crédito imobiliário. "Longe de ser má notícia, isso indica normalização após os problemas conhecidos de custos e mão de obra, entre outros. Deve ser vista, portanto, como sinal do grau de maturidade de incorporadores e construtores, que após uma fase de transição preparam-se para um novo salto e para a retomada dos lançamentos em 2013", complementa.

O presidente da Abecip, seguindo as projeções da Caixa Econômica Federal, aposta que os financiamentos imobiliários crescerão de 15% a 20% em 2013. "A estabilização em curso dos preços dos imóveis será muito favorável para a qualidade do crédito, além da baixíssima inadimplência verificada no SBPE", diz.

Dados mais recentes do Banco Central demonstram que a falta de pagamento dos financiamentos, de fato, é baixa. O BC considera em atraso contratos com três meses seguidos sem pagamento. Por esse critério, a inadimplência no volume total de créditos via operações com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) é de 5,36% - a menor desde 2002.

Outro lado

Para o professor da Fundação Getúlio Vargas, Samy Dana, que tem a coluna Caro Dinheiro, no jornal Folha de S. Paulo, esse positivismo no crédito imobiliário só se sustenta se o governo federal mantiver sob controle a inflação. Foi o que escreveu no artigo Existe bolha imobiliária no Brasil?, de 10 de janeiro de 2013. "Quando a inflação dos preços alcança níveis inadmissíveis para a população, a política monetária se inverte, destruindo a maioria dos investimentos de longo prazo. (...) Principalmente o setor imobiliário. Com os juros baixos em excesso, a construção de casas e apartamentos, que antes não era possível, se torna lucrativa e então os empréstimos são realizados e as obras começam. O crédito abundante cria uma demanda crescente por moradias, os preços aumentam e logo um mercado especulativo é criado. Investidores percebem que comprar na planta e revender depois é um método fácil de ganhar dinheiro. Tudo isso é sustentado pelo crédito abundante e barato. Quando os juros sobem, os lucros dos empreendimentos desaparecem, as construtoras sofrem, os preços caem e os especuladores também perdem dinheiro e, numa espiral de prejuízos, a economia inteira é afetada", conclui.

Leia a íntegra do artigo Existe bolha imobiliária no Brasil? Clique aqui

Entrevistado
Octavio de Lazari Júnior, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)
Currículo
- Octavio de Lazari Júnior é graduado em ciências econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco (FAC-FITO), com especialização em estratégias financeiras e marketing MBA-BRADESCO pela Fundação Instituto de Administração - FIA (FEA/USP)
- Iniciou a carreira no Banco Bradesco S.A. em setembro de 1978. Em dezembro de 1998, foi promovido ao cargo de superintendente executivo, sendo, em maio de 2009, eleito diretor. Em agosto de 2010, tornou-se diretor departamental e, em janeiro de 2012, diretor executivo adjunto, cargo que ocupa atualmente
- É também presidente do conselho diretor da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Formação de líderes vai além do banco escolar

Segundo o consultor Alfredo Castro, cursos, livros, MBA e outros programas de educação respondem por 10% no desenvolvimento de uma liderança

Por: Altair Santos

No milênio passado, Jack Welch, que comandou a General Eletric por décadas e foi eleito o CEO (Chief Executive Officer) do século nos Estados Unidos, criou a regra 20-70-10. Para ele, uma companhia deveria se basear nos seguintes pilares: premiar os melhores colaboradores, que, segundo seus conceitos, representam 20% do corpo de uma empresa, manter 70% dos funcionários, que compõem a média, e afastar 10%, que formam a taxa dos que pouco produzem.

Alfredo Castro: o bom líder deve ser obcecado por formar seu sucessor.

Com base no que definiu Welch, novas regras foram criadas. No livro The Talent Masters, o indiano Ram Charan, considerado um dos gurus do universo empresarial, elaborou o modelo 70-20-10, onde, de acordo com sua análise, o aperfeiçoamento do profissional se dá com base nos seguintes percentuais: 70% pelo compartilhamento de experiências no próprio trabalho, 20% em salas de aula e 10% pelo esforço do próprio colaborador em acelerar seu aprendizado dentro da corporação.

Partindo das ideias de Jack Welch e Ram Charan, o consultor brasileiro Alfredo Costa projetou a regra 10-20-70 para explicar como se formam bons líderes. Segundo seus conceitos, as lideranças nascem além dos bancos escolares. "Na escola, nos livros e nos cursos de MBA estão 10% da formação de um líder. Outros 20% vêm da orientação que ele recebe dos seus líderes e 70% da sua capacidade de vencer os desafios novos e aprender com eles. A experiência é mais importante que o banco de escola", avalia.

A partir da regra 10-20-70, Alfredo Castro teorizou as dez competências da liderança, que são:

1) Possuir equilíbrio entre conhecimento técnico e comportamental;

2) Conhecer seu próprio perfil e comportamento, ficando atento ao impacto que provoca na equipe;

3) Ter capacidade de pensar globalmente e de compreender as mudanças econômicas e sociais;

4) Compreender o conceito de diversidade de maneira ampla, incluindo novos fatores que possam impactar no futuro;

5) Demonstrar boa percepção a respeito de seu próprio comportamento e o dos outros;

6) Ser ético e íntegro em relação a seus valores;

7) Ter habilidade no uso de ferramentas tecnológicas e estar integrado com as mídias sociais;

8) Ser capaz de construir parcerias e influenciar pessoas, mesmo sem ter autoridade sobre elas;

9) Possuir competência para entender as necessidades dos colaboradores e dividir a liderança;

10) Ter habilidade para mudar o estilo de liderança, sabendo variar entre autoridade e orientação.

Segundo o consultor, essas competências não se limitam aos líderes de empresas de ponta, mas servem para qualquer corporação que busque desafios e mostre disposição em competir no mercado. "Hoje em dia, o líder pode comandar duas pessoas ou duas mil. Então, essas competências são recomendadas para empresas de todos os tamanhos, desde que elas queiram superar desafios", completa.

Alfredo Costa ressalta ainda que o líder que segue as dez competências relevantes para a função deve também saber quando começar a preparar o sucessor. "O líder teve ter duas obsessões: o modelo que ele irá adotar e quem irá substituí-lo. Ele só vai descobrir esse talento se desenvolver a equipe e delegar poderes. Isso deve ser como água para a liderança. É vital", explica o consultor, completando que há casos em que a preocupação do líder com essas prioridades é tão intensa que ele chega a contratar um consultor externo para ajudá-lo. "É um recurso que só funciona quando o consultor domina a técnica da liderança. Caso contrário, é dentro da própria empresa que o líder vai encontrar as respostas", conclui.

Entrevistado
Alfredo Castro, consultor empresarial
Currículo
- Alfredo Castro é graduado em engenharia civil, com pós-graduação em Finanças e especialização em Qualidade, Psicologia e Eficiência Organizacional
- É sócio-diretor da MOT (Mudanças Organizacionais e Treinamento Ltda), voltado à consultoria empresarial
- Atua como professor de cursos de MBA da FIA/USP e palestrante. Desenvolve e aplica treinamento técnico e comportamental para alta gerência e diretoria de empresas. É master trainer certificado pela Development Dimensions International (DDI) de Pittsburgh- EUA
Contato: alfredocastro@motvirtual.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Recordista, material de construção vende R$ 55 bilhões

Anamaco comemora valor arrecadado, mas estima que em 2013 números serão mais positivos, por conta dos incentivos governamentais

Por: Altair Santos

O comércio de materiais de construção atingiu em 2012 um recorde: vendeu R$ 55 bilhões - valor que nunca havia sido alcançado em um único ano. Em relação ao volume de produtos negociados, houve crescimento de 3,5% no comparativo a 2011. O percentual ficou abaixo do projetado pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) no começo de 2012, que era de 8%.

Expectativa do setor é que em 2013 vendas retomem ritmo de crescimento interrompido em 2012.

Para o presidente da entidade, Cláudio Conz, a demora do governo em liberar a linha de financiamento de material de construção com recursos do FGTS atrapalhou o setor. "A linha esbarrou em uma série de questões burocráticas, mas confiamos que em 2013 ela entre em vigor e impulsione as vendas. Muitos consumidores estão aguardando a medida para iniciar suas obras", diz o executivo, projetando crescimento de 6,5% este ano.

O financiamento poderá ser usado para construção, reforma ou ampliação de unidade habitacional, além de instalação de hidrômetro e sistema de aquecimento solar para residências. A concessão do crédito não dependerá de renda familiar e será destinada apenas a titulares de conta vinculada ao FGTS. Os empréstimos poderão ser de até R$ 20 mil e terão juros nominais de 8,5% ao ano. A amortização deverá ser feita em, no máximo, dez anos.

Terão prioridade famílias com renda até R$ 5,4 mil, para compra de materiais para imóveis de até R$ 90 mil, incluindo idosos, pessoas com deficiência e mulheres chefes de família. "Além destas medidas de incentivo, estamos também otimistas por causa da manutenção da redução do IPI para os produtos do setor, das obras do Minha Casa, Minha Vida e dos eventos esportivos no país", afirma o presidente da Anamaco.

Para a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) a medida que permite usar recursos do FGTS nas reformas também é aguardada. Até porque, para o setor, o crescimento foi de apenas 2% em 2012. Mas, segundo o presidente do organismo, Walter Cover, as projeções para 2013 são mais otimistas. A expectativa é de crescimento de 5% este ano. "A prorrogação das atuais alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) a perspectiva de melhorias nas linhas de crédito no varejo e a aceleração das obras previstas pelos programas governamentais sustentam essas previsões", cita Cover.

Outro recorde

A venda de cimento também atingiu um recorde em 2012. O volume em toneladas alcançou 68,3 milhões no ano passado, superando a marca do período anterior, que foi de 63,5 milhões. Os dados foram divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e equivalem a um crescimento de 6,9% - inferior aos 7,3% de 2011. A projeção era de que o setor poderia crescer 8,1%, mas houve uma desaceleração ao longo dos trimestres do ano passado. No 1º (janeiro, fevereiro e março) o setor cresceu 13,7%; no 2º (abril, maio e junho) 5,9%; no 3º (julho, agosto e setembro) 4,7% e no 4º (outubro, novembro e dezembro) 4,4%.

Entrevistados
Anamaco, Abramat e SNIC (via assessoria de imprensa)
Contatos: www.anamaco.com.br / www.abramat.org.br / www.snic.org.br

Créditos foto: Rafael Silva/Cohab

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Uso da internet mede interesse no trabalho

Para especialista, se alguma empresa tem registro de cyberslacking é por que o colaborador que a comete pode estar dando sinais de desmotivação

Por: Altair Santos

Conhecido pelo termo inglês de cyberslacking, o tempo que o colaborador desperdiça na internet tem sido um dos principais problemas relacionados com a baixa produtividade nas empresas. Pesquisa da Triad PS revela que 62,3% dos que têm acesso à rede, dentro das corporações, se perdem em outros assuntos durante a navegação e procrastinam tarefas importantes.

Samuel Pagano: empresas com metas bem definidas não precisam colocar filtros em suas redes.

Para o consultor Samuel Pagano, a culpa não está na internet, mas no nível de interesse que o trabalho desperta no colaborador. Segundo ele, o cyberslacking está relacionado à desmotivação do funcionário. Neste caso, é papel da empresa detectar onde está a falha e estabelecer metas bem definidas de produtividade, que voltem a conectar o indivíduo com sua função. Veja como fazer isso na entrevista a seguir:

Recentemente, a Triad PS revelou pesquisa em que mais de 62% dos entrevistados admitiram se perder na internet, comprometendo a produtividade no trabalho. Como se resolve isso?
Isso se resolve com bom planejamento e metas bem descritas. Cabe à empresa deixar bem claro aos colaboradores que a internet é uma ferramenta para auxiliar na produtividade e para atingir os objetivos da corporação. Caso contrário, a pessoa acaba se dispersando e não atingindo o que foi proposto pela Companhia.

A empresa colocar filtros que impeçam o acesso a determinados sites e redes sociais é uma solução que traz resultado?
Não, principalmente barrando redes sociais. Hoje há muitos clientes sendo atraídos através das redes sociais. Diria que não só clientes, mas colaboradores também. Além disso, atualmente se faz muita pesquisa de mercado usando as redes sociais. Elas foram incorporadas às ferramentas de trabalho, tornaram-se aliadas e filtrá-las é contraproducente.

As empresas que conseguiram aumentar a produtividade, apesar da internet, obtiveram sucesso com quais ações?
Um passo importante se dá na contratação do colaborador. É importante deixar claro qual será o papel do indivíduo na corporação e qual é o intuito da empresa. Assim, quando a pessoa é contratada, ela sabe onde a Companhia quer chegar, quais as metas e como funciona o planejamento.

Como daria para definir o que é cyberslacking?
Cyberslacking está ligada com a desmotivação do colaborador e a perda de foco dentro da empresa. Daí, ele utiliza a internet como uma fuga e isso se torna um vício, que é denominado de cyberslacking. Quais são os sintomas. O mais acentuado é quando o empregado chega na Companhia e, antes de ver os emails, ele mergulha nas redes sociais e deixa de lado o planejamento e as metas da corporação.

Cyberslacking: vício faz com que produtividade seja deixada em segundo plano na corporação.

Quando ocorre cyberslacking em algum setor da empresa, qual o peso da responsabilidade do gestor da área?
É 100%. O gestor tem que nortear a equipe. Ele tem que estar atento e saber qual a necessidade de cada um de seus comandados. E isso se dá com interação, para que ele possa medir o grau de envolvimento do funcionário.

E quando é o gestor quem pratica cyberslacking?
Aí é complicado, pois ele vai perder o controle da equipe, deixá-la desmotivada e isso vai refletir na produtividade. Daí, quem estiver acima dele na hierarquia precisa intervir e, provavelmente, esse gestor vai precisar ser monitorado para ver o grau do vício e quais razões o levaram àquele comportamento.

A pesquisa da Triad PS também mostrou índices altos para "falta de energia para iniciar uma tarefa" (60,4%) e "preguiça" (44,1%). Isso mostra colaboradores pouco comprometidos. Quando é assim, de que forma dá para reverter o quadro?
Uma empresa precisa ter um plano de carreiras para sinalizar ao colaborador que, se ele for produtivo, vai atingir as metas da corporação e, consequentemente, seus objetivos. Caso contrário, o que vai acontecer: quando chegar domingo à noite, na hora do Fantástico, o funcionário vai pensar: meu Deus, amanhã é segunda-feira, tenho que ir trabalhar! Isso é um sinal claro de desmotivação. Então, cabe à empresa fazê-lo encontrar respostas para as seguintes perguntas: por que ele está vindo trabalhar? Por que a empresa precisa dele? O que ele quer fazer com o dinheiro que ganha? Quais as metas pessoais? Onde ele pode chegar dentro da empresa? Tudo isso está contemplado na palavra planejamento. A empresa e seus colaboradores precisam andar de mãos dadas.

Segundo estudo realizado nos Estados Unidos, um colaborador, lá, perde até duas horas de sua carga horária na internet. Será que no Brasil os trabalhadores perdem mais tempo na internet?
Isso está menos vinculado à nacionalidade e mais à produtividade. Vai de cada empresa e de cada indivíduo. Um brasileiro motivado vai produzir mais que um americano desmotivado, e vice-versa. O importante é que, após cumprir sua carga horária, o trabalhador tenha a convicção de que produziu.

Entrevistado
Samuel Pagano, consultor da Triad Consulting e sócio-proprietário da Fábrica de Empreendedores Treinamentos
Currículo
- Samuel Pagano tem formação em marketing e pós-graduação em pedagogia empresarial
- É consultor da Triad Consulting e sócio-proprietário da Fábrica de Empreendedores Treinamentos
Contato: comercial@triadedotempo.com.br
Crédito: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Trem-bala mostra China veloz e Brasil lento

Construção recentemente inaugurada em Pequim revela que burocracia e equívocos operacionais são os maiores obstáculos nacionais em direção às megaobras

Por: Altair Santos

Em 2007, quando o Brasil começou a debater o projeto do trem-bala, a China também pôs em andamento o plano de construir a maior linha de TAV (Trem de Alta Velocidade) do mundo. No final de 2012, os chineses inauguraram o trecho de 2.298 quilômetros, entre Pequim e Cantão, que será percorrido em oito horas a uma velocidade média de 315 km/h. Enquanto isso, o governo brasileiro ainda está na fase do edital de licitação e espera que o leilão ocorra em setembro de 2013. Se, finalmente, tudo correr dentro do prazo, é possível que o trem-bala brasileiro seja inaugurado entre 2019 e 2020, com uma extensão de 511 quilômetros, unindo Campinas/SP ao Rio de Janeiro/RJ, com passagem por São Paulo/SP.

TAV chinês: tecnologia exportada para mais de 10 países.

Diante desta disparidade, a pergunta que se faz é: por que a China consegue construir com tanta velocidade, enquanto o Brasil esbarra nas dificuldades burocráticas e operacionais? Para a ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura) que recentemente coordenou um grupo de trabalho sobre o tema, os dois países legislam de forma muito diferente sobre as obras de infraestrutura. O regime de contratação chinês é muito mais simplificado e a legislação ambiental quase inexiste. No caso brasileiro, além das exigências legais, a falta de mão de obra nos organismos que deveriam agilizar os processos licitatórios de infraestrutura é outro empecilho.

Três dos principais ministérios ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento - Transportes, Cidades e Integração Nacional - perderam, desde 2009, 818 analistas de infraestrutura, que são os servidores responsáveis pela elaboração de projetos licitatórios e cronogramas de investimento. Enquanto isso, entre 2008 e 2012, a China Railway Construction Co. - estatal responsável pela malha ferroviária no país - contratou 14 mil engenheiros civis e elétricos. Até 2020, quando o TAV deverá se estender por uma rota de 16 mil quilômetros em território chinês, outros seis mil engenheiros deverão ser contratados. Ou seja, a demanda de mão de obra é outro abismo que separa Brasil e China.

Só no trecho Pequim-Cantão trabalharam 110 mil operários. Por isso, em documento sobre o trem-bala, o Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) alerta que o projeto nacional deverá definir todo o arcabouço que envolverá a megaobra antes de levá-la a leilão. "Caberá estabelecer procedimentos e normas, definir especificações e padrões de controle de construção, operação e manutenção. Todas essas atribuições e responsabilidades são de natureza estritamente técnica", diz o CBT, que conclui: "Projetos detalhados e licitações justas vão certamente implicar na redução de custos da construção e da operação."

Trem-bala consumiu 117 milhões de toneladas de concreto na China.

No TAV Chinês, que já tem 14.813 mil quilômetros construídos, foram investidos o equivalente a R$ 300 bilhões. No Brasil, estima-se que a obra custará R$ 35,6 bilhões. No entendimento de especialistas, trata-se de um custo muito alto para um traçado de 511 quilômetros. Por isso, o CBT defende que se "promova, já na fase da pré-licitação, a realização de estudos mais aprofundados e detalhados do projeto básico, tal como recomenda a prática da boa engenharia em projetos de vulto e tal como aconteceu em casos semelhantes em países que adotam tais sistemas”. É o que diz o trecho do documento do comitê, intitulado "TAV – Presente (quase) perfeito para o futuro".

Além do projeto, da execução e da tecnologia, o trem-bala brasileiro precisará também de uma boa estratégia para o fornecimento do material de construção para a megaobra. Na China, por exemplo, foram consumidos nos trechos já construídos do TAV 48,8 milhões de m3 de concreto e 5,040 milhões de toneladas de aço. O país também desenvolveu know-how para construir o trem-bala. A ponto de hoje exportá-lo para Turquia, Venezuela, Arábia Saudita, Rússia, México, Polônia, Índia, Austrália, Cingapura, Vietnã e Estados Unidos. O Brasil também pode importar essa tecnologia, mas só quando superar todos os obstáculos para ter seu primeiro TAV.

Entrevistados
Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) e ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura) (via assessoria de imprensa)
Contatos: www.tuneis.com.br / www.aneinfra.org.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Mercado exige qualidade dos postes de concreto

Brasil tem 21 fábricas certificadas - a maioria nos estados de Paraná e Santa Catarina -, que passaram a aperfeiçoar seus produtos a partir da ABNT NBR 8451:2011

Por: Altair Santos

Programas governamentais, como Luz para Todos, Aceleração do Crescimento e Minha Casa, Minha Vida têm impulsionado o mercado de postes de concreto e, consequentemente, o aprimoramento de sua fabricação. Há dez anos, o Brasil possuía apenas seis empresas certificadas - hoje são 21. A maioria absoluta concentra-se nos estados do Paraná e de Santa Catarina. É em território paranaense onde está também o único certificador do país para esse tipo de artefato de cimento: o OCP LACTEC (Organismo Certificador de Produtos, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento).

Eustáquio Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec: organismo certifica os postes no Brasil

Segundo Eustáquio Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec, o controle de qualidade dos postes segue as seguintes normas: ABNT NBR 12654 (Controle tecnológico de materiais componentes do concreto), ABNT NBR 12655 (Concreto de cimento Portland - Preparo, controle e recebimento) e ABNT NBR 8451:2011 (Postes de concreto armado e protendido para redes de distribuição e transmissão de energia elétrica). Esta, mais recente, e que passou a vigorar a partir de 7 de janeiro de 2012, é considerada um marco para o setor. "Ela trouxe um avanço técnico considerável para a fabricação de postes", diz o especialista.

A grande virtude da nova norma é que ela permite um controle sistemático de toda a matéria-prima utilizada no processo de fabricação de postes, ou seja, agregados, água, aditivos, aço e cimento, além de ensaios de verificação da conformidade do concreto fresco e endurecido. Neste caso, todos os resultados de ensaios preconizados pela ABNT NBR 8451:2011 devem ser atendidos. Tais como: inspeção geral (dimensional, acabamento e identificação), absorção de água, elasticidade (flecha nominal e residual), ruptura, carga vertical, cobrimento de armadura e retilineidade.

Outro aspecto importante trazido pela ABNT NBR 8451:2011 é que ela reativou a fabricação de postes com concreto protendido, o que é uma tendência mundial e no Brasil estava parado há mais de 40 anos por não existir um controle eficaz do processo de produção. "Essa era uma falha enorme no setor", resume o tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec, lembrando que, a partir da nova norma, os concretos para postes devem atender três classes de agressividade ambiental:

Postes para linha de transmissão: norma recomenda concreto armado ou concreto protendido.

- Classe ambiental II - CA (Concreto armado) 25,0 MPa e CP (concreto protendido) 30,0 MPa.
- Classe ambiental III CA (Concreto armado) 30,0 MPa e CP (concreto protendido) 35,0 MPa.
- Classe ambiental IV CA (Concreto armado) 40,0 MPa e CP (concreto protendido) 40,0 MPa.

Tratam-se de medidas novas para combater as patologias mais comuns aos postes de concreto, que são ataques químicos (cloretos, sulfatos), abrasão e RAA (Reação álcali agregado). "A RAA pode ser mitigada por meio do uso de aditivos minerais, como a pozolana e microsílicas ou sílica. Mesmo assim, a RAA em postes de concreto ainda é um assunto que merece maior investigação através de pesquisas científicas. Já os ataques no concreto por íons cloretos e sulfatos podem ser evitados com a espessura de cobrimento adequado, conforme especificado pela norma ABNT NBR 8451:2011. O objetivo é proteger as armaduras da deterioração e, consequentemente, o rompimento do concreto por fissuração", define Eustáquio Ferreira.

Confira os parceiros da Cia. de Cimento Itambé que fabricam postes: clique aqui

Entrevistado
Eustáquio da Conceição Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec
Currículo
- Eustáquio Ferreira cursa engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- É técnico em Química (Escola Técnica Vital Brasil, de Belo Horizonte) e bacharel em Ciências Contábeis (UNICENTRO de Guarapuava-PR) (1989 – 1992)
- Possui experiência de 35 anos em construção de hidrelétricas e PCHs, qualidade de materiais, normatização e certificação de artefatos de concreto.
- Atua como coordenador do comitê de postes, cruzetas de concreto e mourões de concreto.
- É palestrante e coordena o Workshop Qualicerti de artefatos de concreto, realizados na sede do LACTEC, em Curitiba
- Ganhou o Prêmio Liberato Bernardo 2009, do Ibracon, como tecnologista em laboratório de concreto
Contato: eustaquio@lactec.org.br

Créditos foto: Divulgação / CEEE

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Recuperar obra inacabada é superar imprevistos

Equipe destacada para finalizar construção nunca sabe o que poderá encontrar nas estruturas do edifício e, normalmente, é preciso refazer o projeto

Por:Altair Santos
Palácio das Araucárias, em Curitiba: acabamento exigiu materiais leves para não sobrecarregar estrutura.

No final de 2005, um edifício abandonado havia 20 anos teve sua obra reiniciada no Centro Cívico de Curitiba - região que abriga prédios públicos do governo paranaense, além da sede da prefeitura da capital. Inicialmente projetada para abrigar as várias varas cíveis da cidade, a construção passou por uma reforma conceitual e hoje é a sede de algumas secretarias governamentais. Inaugurado em 2007, com o nome de Palácio das Araucárias, o empreendimento é emblemático para a engenharia civil, quando se precisa exemplificar como é preciso estar preparado para imprevistos ao reativar uma obra inacabada.

Para dar vida ao "esqueleto", a Thá Engenharia lançou mão de uma série de tecnologias que, ao mesmo tempo que recuperaram a estrutura de concreto, não a sobrecarregaram. Além disso, foi preciso considerar que o prédio fora abandonado por causa de problemas no projeto. Não havia, por exemplo, estudo do solo onde a construção se localiza. Isso causou desnivelamento das lajes e comprometimento dos pilares de sustentação, que chegaram a ficar com as ferragens aparentes. A solução foi construir uma estrutura auxiliar para o prédio e recuperar a antiga, substituindo barras de ferro e injetando concreto em algumas áreas.

Esqueleto do Palácio das Araucárias: abandonado por 20 anos, prédio tinha ferragens aparentes nos pilares de sustentação.

Revitalizados, os pilares receberam revestimento com ACM (Aluminum Composite Material) para protegê-los de infiltrações e outras patologias. A fachada, que estava fora do nível, foi revestida com granito preso a inserts metálicos. Com isso, chegou-se ao prumo sem expor o edifício à sobrecarga. Outra medida para poupar a edificação de peso excessivo foi retirar o piso de concreto, onde ele estava desnivelado, e substituí-lo por estruturas metálicas, além de construir as paredes internas no sistema drywall e valorizar o vidro na fachada. As limitações que a obra inacabada impunha levaram a Thá Engenharia a adotar conceitos hoje muito comuns aos prédios verdes.

Retomar a construção de prédios inacabados, porém, tem sempre um preço elevado. O resgate do Palácio das Araucárias custou R$ 30 milhões. "Recuperar significa mandar o prédio para a UTI. Ele será curado de uma série de anomalias e os remédios não saem barato. Então, esse tipo de obra sempre terá um acréscimo de custo, sem dúvida alguma", explica Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente administrativo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR). Ele lembra que o setor está sempre atento às edificações inacabadas. "Isso gera desconforto e a recomendação às construtoras é que iniciem uma obra com a certeza de que ela será finalizada", alerta.

Euclésio Manoel Finatti, do SindusCon-PR: prédios inacabados geram desconforto ao setor.

Nesse aspecto, em 1999 a construção civil brasileira sofreu um dos maiores impactos negativos, gerados pela falência da Encol. A empresa deixou 762 prédios inacabados em 64 cidades do país, causando prejuízo a 42 mil compradores. Mais de uma década depois, um bom número desses edifícios já foi entregue e outros estão em processo de retomada das obras. A maioria deles foi encampada por construtoras de pequeno e médio porte, que usaram os incentivos financeiros e fiscais dados pelo programa Minha Casa, Minha Vida para retomar as construções e alavancar seus negócios.

Vale lembrar que, no caso dos prédios inacabados da Encol, eles foram abandonados por falta de recursos e não por falhas nos projetos, o que tornou a recuperação muito mais em conta e com menos imprevistos. "De qualquer forma, um empreendimento parado sempre exige uma avaliação técnica. Não é recomendável retomar uma obra que ficou muito tempo parada sem a análise de um perito", recomenda o engenheiro civil Euclésio Manoel Finatti.

Entrevistado
Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente administrativo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR)
Currículo
- Euclésio Manoel Finatti é engenheiro civil graduado pela PUC–PR e pós-graduado em Engenharia de Produção pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP)
- Também é graduado em Ciências Econômicas pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná
- É diretor e responsável técnico há mais de 26 anos da Braengel – construções e empreendimentos imobiliários Ltda
- Participa há 18 anos da diretoria do SindusCon-PR, do conselho deliberativo do IEP (Instituto de Engenharia do Paraná) e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná(FIEP)
- Representa a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) no grupo de trabalho PAC/Trabalhadores da Construção Civil do ministério do Trabalho.
Contato: euclesio@braengel.com.br / braengel@braengel.com.br /www.braengel.com.br

Créditos foto: Divulgação / Júlio Covello / SECS

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330