Na Bahia, teatro em pré-fabricado vira atração mundial
Construção monolítica tem estrutura mista, com fachada recoberta por concreto projetado. Local abriga dois espaços culturais, em Trancoso
Por: Altair Santos
O teatro ao ar livre de Trancoso, em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, tornou-se referência em arquitetura e, recentemente, ganhou citação em uma das principais publicações europeias: a Architizer. Chama a atenção, a construção com estruturas pré-fabricadas de concreto e o conceito da edificação, que abriga dois teatros em um só complexo.

Projetado pelo arquiteto François Valentiny, de Luxemburgo, o prédio tem um espaço ao ar livre e outro coberto. Cada um possui capacidade para receber 1.100 espectadores. Localizado dentro de um condomínio de alto luxo, a obra foi bancada por empresários europeus, que têm casas no local. Desde 2014, a edificação sedia o festival Música em Trancoso.
A área construída do teatro a céu aberto é de 2.750 m², enquanto a do espaço fechado atinge 1.375 m². Para viabilizar a obra, o arquiteto projetou uma estrutura mista de aço e concreto pré-fabricado. Ao final da montagem, a edificação recebeu revestimento em concreto projetado. O empreendimento resultou no consumo de cerca de 8 mil m³ de concreto.
Para alcançar desempenho acústico, François Valentiny importou tecnologia europeia, adaptada às normas brasileiras. “A solução encontrada foi o uso do concreto projetado sobre revestimento de madeira tratada, cujos ensaios mostraram ser um bom isolante acústico”, diz o arquiteto. Além disso, as estruturas triangulares dos contornos vazados que circundam o teatro a céu aberto ajudam na reverberação do som. “Essa ideia foi tirada dos antigos diapasões para afinar instrumentos”, confessa o Valentiny.
Construção sustentável
Por Trancoso estar inserida em uma área de preservação ambiental, o empreendimento também precisou levar em conta o compromisso com a sustentabilidade. “Tivemos que pensar em um sistema construtivo que não gerasse tanto entulho no canteiro de obras e também nos ganhos de produtividade”, revela François Valentiny.
O arquiteto conta que a maior dificuldade foi encontrar mão de obra especializada e familiarizada com instalações de construções mistas. “O maior tempo gasto foi para ter um grupo de trabalhadores preparados e instalados no canteiro de obras. Isso custou ter de trazer gente de fora para treinar o pessoal local que foi contratado”, completou. A construção levou dois anos para ficar pronta. Começou em 2012 e foi inaugurada em 2014.
François Valentiny, que projetou também a Sala de Concerto de Saarbrücken, na Alemanha, e a Casa de Mozart, na Áustria, além do Pavilhão Expo 2010, em Xangai, na China, afirma que a obra do Teatro de Trancoso é o seu projeto mais ousado. “Digo que é o mais relevante, por que é único, construído em uma área de exuberante beleza e que, graças à arquitetura, foi incorporado pela natureza. Quem chega ao local, imagina que aquela construção monolítica sempre existiu naquele lugar”, exalta.
Entrevistado
Arquiteto François Valentiny (via assessoria de imprensa)
Contato: office@hvp.lu
Créditos fotos: Divulgação/Architizer/Musica em Trancoso/Architizer/Terra Vista Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construtoras passam a processar resíduos da construção
Empresas utilizam produtos recicláveis em suas obras e transformam coleta, separação e transformação de entulhos em um novo nicho de negócio
Por: Altair Santos
Elementos de concreto não-estruturante, fabricados a partir de resíduos da construção civil, estão cada vez mais frequentes nos canteiros de obras. A novidade é que as construtoras passaram a atuar no processo de reciclagem destes materiais. Empreiteiras de maior porte enxergaram até um novo nicho de negócio. Como a Odebrecht, que criou uma unidade que transforma entulhos em agregados reciclados. A UVR Grajaú, localizada na região metropolitana de São Paulo, é a maior central de tratamento da América Latina. Tem capacidade para triturar, separar, classificar e armazenar cerca de 40 mil toneladas por mês, transformando entulhos em insumos.

A Odebrecht Ambiental é quem faz a gestão da UVR (Unidade de Valorização de Resíduos da Construção Civil). A coleta dos entulhos não é realizada diretamente nas construções. A captação se dá por meio da operação de um aterro licenciado, que funciona ao lado da recicladora de Grajaú, onde são recebidos materiais de clientes públicos e privados para tratamento e beneficiamento. Os agregados são destinados a obras de infraestrutura, como pavimentação, guias e sarjetas, recomposição de pátios de estacionamento e calçamento, além de serem encaminhados para obras civis em forma de artefatos de cimento, como pisos intertravados, blocos de alvenaria e muros de fechamento.
Faltam marcos legais
No Brasil, não há normalização para o uso de insumos reciclados na produção de concreto estruturante. Por isso, a Odebrecht Ambiental e outras construtoras que atuam no reaproveitamento de entulhos avaliam que é preciso fortalecer os marcos legais do setor, para que ele possa expandir. “Temos planos para implantar novas Unidades de Valorização de Resíduos, mas isso só ocorrerá de acordo com a resposta do mercado e do fortalecimento dos marcos legais para o uso de insumos reciclados na construção civil”, diz a empresa, através de sua assessoria de imprensa. Atualmente, duas normas técnicas, além da Resolução nº 307 do CONAMA, estabelecem procedimentos para o uso de agregados reciclados: ABNT NBR 15115 e ABNT NBR 15116 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.

Mesmo construtoras que ainda não utilizam agregados reciclados em suas obras já estão comprometidas em selecionar os entulhos e encaminhá-los para reaproveitamento. É o caso da CMO, de Goiânia, que adotou uma política de separação dos resíduos. “Separamos os materiais recicláveis por classes e destinamos para as empresas habilitadas, responsáveis pelo reaproveitamento e pelo reprocessamento”, explica a gerente de planejamento da CMO Construtora, Mariana Cátima Queiroz e Silva. A engenheira civil explicou que a empresa também atua no controle de resíduos gerados em suas obras, buscando reduzir o volume de acordo com a área construída. No Paraná, a Hestia Construções foi pioneira em implantar um programa contínuo de gestão de resíduos sólidos com o objetivo de dar destinação aos entulhos e encaminhá-los à reciclagem.
Entrevistados
Odebrecht Ambiental (via assessoria de imprensa) e engenheira civil Mariana Cátima Queiroz e Silva, gerente de planejamento da Construtora CMO
Contatos
http://www.odebrechtambiental.com/contato
mariana.catima@cmoconstrutora.com.br
engenharia@cmoconstrutora.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/ Odebrecht Ambiental
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Placas cimentícias evoluem e chegam ao banheiro
Elementos são fabricados a partir de cimento, celulose e agregados, permitindo que as áreas úmidas da casa se beneficiem da construção a seco
Por: Altair Santos
Banheiros construídos inteiramente com placas cimentícias já são viáveis. Valendo-se da construção a seco, o sistema elimina custos com fundações e pode receber ligações hidráulicas e revestimentos de diferentes tipos. Isso se deve à evolução das placas cimentícias, fabricadas com nova tecnologia em fibrocimento, que utiliza cimento e celulose como matérias-primas, dispensando fibras minerais e sintéticas. A construção se mostra eficiente para hotéis, hospitais e shopping centers, mas tem também aplicabilidade em empreendimentos residenciais. “O sistema é adaptável a qualquer tipo de obra, mas é importante que seja prevista essa questão no projeto”, diz a engenheira civil Thaís Helena Martinetti, especialista em soluções com placas cimentícias NTF.

NTF (Nova Tecnologia em Fibrocimento) é a sigla que define as novas placas cimentícias que incorporam tecnologia capaz de resistir às ações da água, como paredes exteriores e áreas molhadas (cozinha, banheiro e lavanderias). “Desde que a execução atenda aos requisitos de projeto, a durabilidade dos produtos aplicados nesse ambiente pode ser até superior ao sistema convencional”, diz Thaís Helena Martinetti. “Essas placas recebem tratamento específico contra o acesso da água, o que permite a passagem do vapor, porém impede o acesso da água por sua superfície. Isso auxilia na garantia da estanqueidade do banheiro”, completa a engenheira.
As placas cimentícias seguem a norma técnica ABNT NBR 15498 - Placa de fibrocimento sem amianto – Requisitos e métodos de ensaio. Diz a norma que, para estes produtos, os materiais a serem utilizados para assentamento de revestimentos cerâmicos ou argamassa devem ser compatíveis com o processo de construção a seco (steel framing + placas cimentícias) devido ao comportamento da estrutura. “Esses materiais são facilmente encontrados no mercado e os fabricantes possuem seus fornecedores homologados, para evitar uso de materiais inadequados e patologias”, explica Thaís Helena Martinetti.

Foco nas construções habitacionais
Para adequar as placas cimentícias em áreas úmidas é preciso construir a estrutura em steel framing para fixação das placas cimentícias (parafusadas). Essa estrutura é fixada na alvenaria por meio de ancoradores. Elas podem substituir a argamassa e possibilitam uma parede com elevada planicidade, reduzindo o consumo de materiais de acabamento. “Há estudos de eliminação da estrutura de aço por assentamento das placas cimentícias com argamassa específica para este fim”, afirma a especialista, que ajudou a montar um modelo de banheiro com NTF na recente edição da Feicon (Feira Internacional da Construção) no estande da Infibra.
O protótipo pode ser montado fora da obra e vir completo para ser instalado, diminuindo o impacto no cronograma e gerando desperdício zero de materiais. Por isso, empresas especializadas em construir hotéis são os principais clientes deste tipo de tecnologia. No entanto, o setor fabricante de placas cimentícias quer conquistar espaço nas construções residenciais de múltiplos pavimentos. “O banheiro proposto na Feicon foi idealizado para apartamentos”, confirma Thaís Helena Martinetti. O próximo passo dos fabricantes é viabilizar banheiros com placas cimentícias para obras em reforma. Por enquanto, explica a engenheira, para substituir um banheiro convencional em reforma por um com placas cimentícias é necessário consultar um profissional experiente da área, que irá verificar a possibilidade de adequação para cada situação de projeto.

Outro diferencial do material é a variedade de espessuras, que vão de 5 mm a 30 mm, cada uma adequada a um tipo de aplicação. “As de 8 mm são ideais para interiores, enquanto que placas de 10 mm e 12 mm seriam para situações exteriores, com tratamento de juntas. Já as placas de 14 mm a 20 mm são ideais para fachadas de edificações, lojas,hospitais e shopping centers, podendo ser aplicadas com ou sem tratamento de juntas expostas às intempéries. Placas acima de 22 mm são recomendadas para uso em pisos. Elas são utilizadas como base para pisos ou mesmo como piso acabado”, conclui Thaís Helena Martinetti.
Entrevistada
Thaís Helena Martinetti é engenheira civil, com mestrado pela UFSCar. Atua como engenheira de novos produtos na Infibra, principalmente em soluções com placas cimentícias NTF
Contato: thaishm@infibra.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Infibra
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Ranking ITC mostra as 100 construtoras de 2014
Grupos Plaenge e Thá são eleitos os melhores do sul em construções residenciais e comerciais; Matec vence no segmento construção industrial
Por: Altair Santos
Cinco construtoras paranaenses se destacaram na 11ª edição do Ranking ITC, que anualmente aponta as 100 construtoras que mais empreenderam no país - de acordo com o volume de m² ativos de 2014. Duas delas foram eleitas as melhores da região sul, nos segmentos construções residenciais e construções comerciais. São os grupos Plaenge e Thá. Já em área total construída, a Casa Alta, que atua principalmente nos interiores do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, apareceu na 5ª colocação geral, com 3.233.536,47 m² de obras produzidas em 2014. A empresa superou gigantes como Rossi e Gafisa. As outras paranaenses bem posicionadas no ranking (estão entre as 50 melhores) foram a A. Yoshi, de Maringá, e a Construtora JL, de Cascavel.

Apontado como um dos principais termômetros de desempenho pelas construtoras, o Ranking ITC teve a sua 11ª edição divulgada no dia 4 de março, durante a Expo Revestir, que aconteceu na cidade de São Paulo. Repetindo anos anteriores, o prêmio contemplou empresas nas seguintes categorias: residencial, comercial e industrial, todas subdivididas pelas regiões do país (sul, sudeste, norte, nordeste e centro-oeste). O ITC também premiou construtoras que se destacaram nas seguintes categorias: residências populares, mais lançamentos e mais obras entregues. Pela soma de todos os itens, a mineira MRV ganhou o prêmio Top ITC, por empreender 8.707.012 m² de obras em 2014.
Plaenge e Thá
No ranking geral, os grupos Plaenge e Thá apareceram, respectivamente, nas 14ª e 22ª colocações. No entanto, se destacaram regionalmente pela qualidade de seus empreendimentos. “Este prêmio mostra nossa consolidação no mercado do sul do país”, comemora Gilberto Kaminski, diretor de planejamento e controle da produção do grupo Thá, que recebeu o prêmio regional sul pela produção da empresa no segmento de edifícios comerciais. Já o grupo Plaenge ganhou pelo seu desempenho regional na construção de prédios residenciais. A construtora atua no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em 2014, entregou 1.529.367,43 m² de área total construída, segundo o Ranking ITC. Ainda na região sul, no segmento obras industriais, a premiada foi a Matec. Fundada em São Paulo, a empresa consolidou subsidiárias que atuam fortemente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Ranking ITC mostrou que, em comparação com 2012 e 2013, em 2014 houve um incremento expressivo do setor imobiliário na área comercial. Em 2012, o segmento recebeu US$ 40,70 bilhões (R$ 126 bilhões); em 2013, US$ 44,47 bilhões (R$ 136,92 bilhões) e em 2014, US$ 171,20 bilhões (R$ 530,7 bilhões). Neste mesmo período de 2014, a área industrial recebeu US$ 104,47 bilhões (R$ 323,85 bilhões) e a residencial US$ 12,32 bilhões (R$ 38,19 bilhões). Quanto ao número de obras, o destaque ficou com o segmento residencial. Foram 2.191 empreendimentos entregues em 2012; 1.529 em 2013, e 3.882 em 2014. Juntas, as regiões norte e nordeste viabilizaram 844 obras residenciais em 2014. Já o centro-oeste teve 258, o sul 769 e o sudeste 2.011. Segundo especialistas, esse número significativo de obras residenciais entregues no ano passado tem relação com empreendimentos iniciados durante o boom imobiliário experimentado no Brasil entre 2009 e 2012.
Confira o ranking ITC
Entrevistado
Inteligência Empresarial da Construção (ITC) (via assessoria de imprensa)
Contato: ranking@itc.etc.br
Créditos Fotos: Divulgação/ITC
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Fachadas de concreto colorido propagam-se pelo mundo
Quinze casos, considerados emblemáticos, foram mostrados em fórum internacional que aconteceu na cidade de Recife-PE
Por: Altair Santos
Pela primeira vez, o Brasil sediou um fórum internacional sobre concreto colorido. O evento ocorreu na cidade do Recife-PE, no final de 2014, quando foram apresentados os 15 casos mais bem sucedidos quanto à aplicação deste material. Destacam-se obras na Espanha (2), na Polônia, na Holanda (2), na Colômbia, na Coreia (2), no Chile, nos Emirados Árabes, na Suécia, na África do Sul, na Áustria, em Portugal e no Brasil, com o projeto Praça das Artes, em São Paulo.

A um custo que pode ser até três vezes maior do que o m³ do concreto convencional, o concreto colorido é obtido através da adição de pigmentos diretamente à mistura, o que, geralmente, é feito quando o material está no caminhão-betoneira, logo após a dosagem de outros materiais. Além de ser aplicado para dar melhor efeito arquitetônico, é usado também em grandes obras para associar uma cor a uma peça em processo de concretagem, minimizando o risco de uma estrutura ser montada de forma errada.
Nos 15 cases apresentados no 7º Fórum Colored Concrete Works, o concreto colorido foi usado para atingir objetivos arquitetônicos e estéticos, e também para prevenir patologias. Na Praça das Artes, em São Paulo, cuja obra foi finalizada em novembro de 2012, o material destacou-se pela sua alta resistência à poluição e o baixo custo de manutenção. As cores em tom madeira e vermelho-ocre também serviram para demarcar os edifícios do complexo cultural. A edificação consumiu aproximadamente 10.000 m³ de concreto.
Na Holanda, sete pequenas pontes construídas sobre o canal Het Len, em Roterdã, procuraram demarcar a ligação com o novo bairro construído no entorno da cidade: o Spijkenisse. Cada travessia recebeu um tom de concreto colorido e estilo arquitetônico que imita as pontes presentes nas notas de 5, 10 e 50 euros. Houve uma busca estética na execução, mas também a preocupação em proteger as estruturas contra patologias. Cada obra recebeu, em média, 20 m³ de concreto colorido.
Na ilha de Jeju, na Coreia do Sul, o material foi empregado na construção da sede da Daum - uma das principais empresas de TI (Tecnologia da Informação) do país. O imponente prédio de 132 mil m² simula tábuas corridas de madeira. Para atender esse conceito estético, foram utilizados 6 mil m³ de concreto colorido.
Maior obra em consumo de concreto colorido na Europa – foram empregados 240 mil m³ do material -, a Cidade da Justiça, em Barcelona, envolve um complexo de nove edifícios de até 14 andares. Cada prédio tem um tom diferente. Os pigmentos foram agregados diretamente nos caminhões-betoneira. O mesmo processo foi usado para construir o conjunto de torres erguido em Bogotá, na Colômbia, para a nova sede da Aliança Francesa. Na obra, foram consumidos 5.300 m³ de concreto.
De prédios culturais a hotéis de luxo
Muito empregado em projetos voltados para casas de cultura, o concreto colorido viabilizou em Cascais, na Costa do Estoril, em Portugal, o museu da artista plástica Paula Rego. Consumiu 750 m³ do material e é apontado como uma das mais arrojadas obras da recente arquitetura portuguesa. Em Cracóvia, na Polônia, o Museu da Aviação Lotnictwa Polskiego tem uma arquitetura que lembra um origami (arte com dobraduras de papel) e também se valeu do concreto colorido para se viabilizar. Foram pigmentados 3.500 m³ do material. Já a Vila das Artes, em Heiry, na Coreia do Sul, tem vários pequenos edifícios - cada um de uma cor -, usados para oficinas de arte e como espaço para eventos de artistas populares.
Para mostrar a versatilidade do concreto colorido, o fórum internacional escolheu o teleférico Ahornbahn, na Áustria, e o estádio Soccer City, na África do Sul, onde placas do material revestem as obras. Conceito semelhante foi usado na reconstrução do prédio da prefeitura de Middelburg, capital da província holandesa de Zeeland. O material foi escolhido também para revestir as salas de envelhecimento de vinho na adega Antión, em La Rioja, na Espanha. Utilizou-se cerca de 12.000 m³ de concreto colorido na obra, assim como para construir o hotel ESO, no Chile.
Porém, dos 15 cases mostrados no fórum, dois são emblemáticos: a Ponte Arsta, em Estocolmo, e o hotel Emirates Palace, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). O primeiro, por que exigiu ações inovadoras para o bombeamento do concreto colorido em uma estrutura de 19,5 metros de largura, 26 metros de altura e 993 metros de comprimento. Foram empregados 6 mil m³ do material na ponte que desafogou o sistema ferroviário da capital sueca. No outro caso relevante, impressiona o volume de concreto colorido usado. O edifício, cuja arquitetura lembra um palácio, é atualmente o maior do mundo no uso do material, consumindo 243 mil m³.
Veja as 15 obras mais importantes no uso do concreto colorido
http://www.forumcoloredconcreteworks.com/downloads.asp
Entrevistado
Conteúdo com informações do relatório sobre os casos estudados no fórum
Créditos Fotos:Divulgação/Fórum do Concreto Colorido
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pesquisa consolida bambu como parceiro do concreto
Alguns tipos da planta, denominada de “aço verde” ou “madeira do futuro”, têm resistência de até 100 MPa e podem atuar como elemento estruturante
Por: Altair Santos
Na Índia, Indonésia e China, e em países sul-americanos, como Colômbia, Peru e Equador, o emprego do bambu em substituição ao aço, junto a estruturas de concreto armado, já é realidade. Há mais de um século, a engenharia civil destas nações incorpora a planta à construção de casas populares e prédios habitacionais com até quatro pavimentos. Os bons resultados estimulam o Brasil a começar a testar essa tecnologia. “Dependendo da espécie, maturidade, tratamento e teor de umidade, o bambu pode ser empregado com eficiência como elemento de colunas e vigas estruturais, suportando cargas bem altas”, explica Vitor Hugo Silva Marçal, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU).

O engenheiro civil cita que na Colômbia há casas de bambu estrutural revestido de concreto que possuem mais de 100 anos e continuam íntegras e funcionais. Atualmente, no Brasil, universidades e grupos de pesquisa passaram a desenvolver projetos utilizando a planta, a fim de diminuir os gastos energéticos e aumentar a sustentabilidade das construções. Estudos mostram que o bambu pode sim ser utilizado no lugar do aço, já que sua resistência à tração e à compressão atinge valores médios de 100 MPa e 40 MPa, respectivamente. Segundo Vitor Marçal, a planta no formato roliço se adapta muito bem a sistemas construtivos pré-fabricados, pois ajuda a produzir peças eficientes sob o ponto de vista de leveza e eficiência térmica.
Norma técnica
UnB (Universidade de Brasília), Unicamp (Universidade de Campinas) e PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) já possuem núcleos em seus departamentos de engenharia civil para estudar o bambu e os tipos da planta que melhor se adaptam à construção civil (há variedades que funcionam melhor para a fabricação de

laminados e aglomerados de madeira). Mas o que leva as universidades a pesquisar o material está relacionado ao seu grau de resistência a patologias, quando aplicado ao concreto. “Muitas das patologias encontradas até o momento estão relacionadas ao mau dimensionamento das peças e à utilização de material com pouca qualidade, imaturo e com teor de umidade inadequado”, diz o secretário-executivo da APROBAMBU.
As universidades que pesquisam o bambu como elemento-estruturante também atuam para que o material possua norma técnica, junto à ABNT, a fim de que possa ser usado na construção civil brasileira. Só assim, ele poderá ser incorporado, por exemplo, em sistemas construtivos credenciados para o programa Minha Casa Minha Vida. Como material de construção, o bambu precisa estar maduro, ser cortado da forma correta, passar por tratamento adequado, secar de forma progressiva e ser bem armazenado. Outro fator importante é a capacitação e o conhecimento da mão de obra que trabalha com o bambu. “Na Colômbia, onde a planta tem normalização, ela é adotada em programas de habitação popular para edificações de até dois pavimentos. Na Índia, existem estruturas construídas com quatro pavimentos”, exemplifica Vitor Marçal, apostando que o “aço verde” e a “madeira do futuro” ainda irão revolucionar a construção civil brasileira.

Entrevistado
Engenheiro civil Vitor Hugo Silva Marçal, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU)
Contatos
vitormarcal@projetobambu.com
vitor_vhsm@hotmail.com
www.projetobambu.com
Créditos Fotos: Divulgação/ APROBAMBU
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Informalidade na construção custa R$ 1,8 bi por ano
Valor engloba mão de obra sem carteira assinada, materiais sem nota fiscal, sonegação tributária e obras sem alvará, alertam organismos ligados ao setor
Por: Altair Santos
A informalidade é um dos principais desafios dos setores produtivos, em todo o Brasil. Para driblar esse gargalo, a indústria da construção civil desenvolve uma série de ações. No Paraná, foi constituído há 14 anos o Comitê de Incentivo à Formalidade - uma ação do SindusCon-PR, em parceria com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e outros 20 organismos ligados direta ou indiretamente ao setor. A boa iniciativa se propaga por outros sete estados e já ajudou a regularizar a situação de 500 mil trabalhadores.

Mas ainda há muito trabalho a ser feito. Para o coordenador do comitê paranaense, e vice-presidente do Sinduscon-PR, Euclésio Finatti, a informalidade deve envolver atualmente, no país, 3 milhões de trabalhadores. Mas ela não está apenas na regularização da mão de obra, ramificando-se por outras vertentes da atividade empresarial, como compra de materiais sem nota fiscal, sonegação tributária, obras sem alvará e a ausência de segurança do trabalho. Somente no que se refere aos trabalhadores na informalidade, o Brasil deixa de arrecadar anualmente R$ 1,8 bilhão.
A carga tributária é responsabilizada por esse quadro. O comitê usa o exemplo da construção de uma casa popular do programa Minha Casa Minha Vida para demonstrar o “custo Brasil”. Do valor total pago para viabilizar a obra, 45% são convertidos em impostos e contribuições sociais. Isso resulta em um círculo vicioso, que afeta desde a qualidade do empreendimento até a saúde e a segurança do trabalho, influenciando nos índices de sonegação e de acidentes. “Por isso, o Comitê de Incentivo à Formalidade age para diminuir a precarização do trabalho na construção civil”, ressalta o presidente do SindusCon-PR, José Eugenio Gizzi.
Paraná é modelo
Desde o período em que o comitê está em atuação, a informalidade no Paraná caiu de 55% para 39%. Em Curitiba, os números são ainda melhores: de 45% para 25%. “Nós não podemos afirmar categoricamente que se trata de uma ação exclusiva do comitê. Mas uma atuação forte do programa em todo o Paraná, durante esses 14 anos, contribuiu para que a realidade melhorasse, ou seja, o nosso trabalho formiguinha colaborou para estimular a formalização”, reforça Euclésio Finatti.
Além do planejamento periódico de ações, o Comitê de Incentivo à Formalidade atua com visitas técnicas por meio de um representante do CREA-PR, um do SindusCon-PR e um dos trabalhadores, que vão até as obras para orientar quanto à saúde, segurança do trabalho e para exigir um responsável técnico na obra. “A ação propaga a conscientização e a necessidade de mudanças”, afirma Finatti.
Com apoio governamental, o comitê estima que conseguiria formalizar anualmente cerca de 22 mil trabalhadores por ano no Paraná, aumentando a arrecadação estadual em aproximadamente R$ 75 milhões.
Entrevistado
Comitê de Incentivo à Formalidade, durante palestra concedida dia 6 de abril na sede da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná)
Contato: imprensa@sindusconpr.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Fiep
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Norma das reformas faz um ano, mas enfrenta descaso
Para organismos envolvidos com a ABNT NBR 16280, como a AsBEA, a falta de divulgação impede que ela se popularize e chegue aos condomínios
Por: Altair Santos
Dia 18 de abril de 2014 entrou em vigor a ABNT NBR 16280 - Reformas em edificações. A norma técnica define procedimentos para que o proprietário viabilize obras em seu imóvel, assim como estabelece limites para intervenções nas áreas externas de um edifício sob o regime de condomínio. Entre as diretrizes, a NBR 16280 vincula-se ao Código Civil Brasileiro para responsabilizar civil e criminalmente, síndico e proprietário, caso a reforma cause danos ao prédio.

Mesmo carregada de relevância, a norma técnica completa um ano enfrentando descaso. Principalmente, por causa da desinformação de síndicos, administradoras de condomínios e proprietários sobre os riscos a que estão sujeitas reformas sem assessoria técnica. Mal realizadas, elas podem danificar estruturas, trazer problemas hidráulicos, gerar sobrecarga elétrica, comprometer a impermeabilização e afetar a termoacústica das edificações. “Por isso, o pleno acompanhamento de um arquiteto ou de um engenheiro civil evita riscos à obra”, explica Keiro Yamawaki, presidente da AsBEA-PR.
Arquiteto e urbanista, Yamawaki entende que o problema da ABNT NBR 16280 é de comunicação. “Neste primeiro ano, observo que a norma ainda não pegou completamente. Na AsBEA, entendemos que ela deve ser mais divulgada e vista como um avanço para o cidadão comum. Hoje, ela só é lembrada quando acontecem fatalidades, ainda que o número de síndicos que tomam conhecimento da norma aumente significativamente”, destaca.
Por conta da indiferença à norma, as projeções feitas por arquitetos e engenheiros que atuam com reformas de imóveis não se confirmou. “A entrada em vigor da norma nos fez criar a expectativa de que haveria um aumento mais acentuado de consultorias e contratações de projetos, mas isso ainda não se confirmou”, avalia o presidente da AsBEA-PR.
Cinco passos básicos

A norma das reformas não interfere em obras que não representem risco à segurança do prédio, como pinturas, por exemplo. No entanto, orienta que o síndico esteja à par de qualquer procedimento, por mais simples que ele seja. Já as seguintes intervenções precisam seguir trâmites técnicos. A saber:
1) Alterações que afetem estruturas e paredes de vedação deverão possuir um responsável técnico (engenheiro civil ou arquiteto) e a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT). Caso contrário, qualquer cidadão que se sinta prejudicado pela obra pode requerer o embargo através de denúncia ao CREA e ao CAU.
2) O síndico deve ser comunicado antecipadamente sobre a obra e submetê-la à análise de um responsável técnico de confiança do condomínio. Dependendo do parecer, ele poderá autorizá-la ou rejeitá-la.
3) A reforma precisa que seu cronograma seja comunicado ao condomínio e não poderá ferir o regulamento do condomínio, como horários para obras, lei do silêncio, etc.
4) O síndico deve também controlar a entrada de materiais de construção e mão de obra especializada no local da obra.
5) Todos os documentos ligados à reforma devem ser arquivados pelo condomínio.
Entrevistado
Arquiteto e urbanista Keiro Yamawaki, presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) na gestão 2014-2016
Contato: asbea@asbea-pr.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/AsBEA-PR e Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
E-commerce: mercado da construção está pronto para ele?
Segundo especialista, setor precisa se preparar para atender as próximas gerações, cujo hábito de consumo estará calcado na internet
Por: Altair Santos
Em 2014, o comércio eletrônico obteve crescimento de 21% em comparação a 2013. De acordo com dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), são 63 milhões de brasileiros que utilizam a internet para comprar eletrodomésticos, vestuários, calçados e perfumaria. Na construção civil, no entanto, o e-commerce engatinha. Mesmo na área de varejo, as redes que vendem material de construção não abrem mão da venda física. Por quê? A alegação é que a especificidade dos produtos limita a venda on-line. Há analistas, no entanto, que veem certo conservadorismo no setor ou que o próprio mercado ainda não está pronto para o e-commerce. Essa e outras teses são analisadas pelo especialista em marketing digital e e-commerce, Márcio Eugênio. Confira a entrevista:

O comércio digital só faz crescer. No entanto, a construção civil parece alheia a isso e praticamente não adere ao e-commerce. Há uma explicação para isso?
Existe uma explicação. Primeiro, são os hábitos de consumo. Muitas pessoas têm o hábito de ver os produtos, de ir até o local para analisar o produto e comprar. Segundo, que muitos dos produtos da área da construção civil têm a questão do frete que, dependendo do tamanho e do volume, inviabiliza a questão de atendimento para todo o território nacional. O frete é um grande desafio para toda a construção civil.
Mesmo grandes redes de varejo da construção civil, apesar de detalharem seus produtos em seus sites, preferem a venda física. Será que material de construção não tem comprador na web?
Acredito que tenha, mas é preciso trabalhar melhor a questão de hábitos de consumo. O público atual está acostumado a ir até o local para comprar os produtos, mas acho que conforme as próximas gerações forem entrando no mercado, forem ficando mais maduras, elas tendem a utilizar, junto aos materiais de construção, os mesmos hábitos que têm hoje para consumir outros produtos. Os varejistas do setor precisam estar alinhados e preparados para essa mudança.
O conservadorismo do setor pesa na hora de o e-commerce ser incorporado ao negócio?
Sim, pesa porque muitas vezes o pessoal desta área está acostumado a fazer negócio de um jeito tradicional. Isso ainda não é um grande problema para eles, por que a maioria dos consumidores deste tipo de material ainda é conservadora. Então, há tempo para aprender, se adaptar e para um novo tipo de público que virá.
A especificidade dos produtos que a construção civil vende atrapalha para que sejam negociados via e-commerce?
Bem pelo contrário, facilita. É muito mais fácil ter uma especificação de um produto e localizá-lo pelo sistema eletrônico, através de um Google ou através de uma busca dentro de um site, do que você ter que sair numa loja física com milhares de produtos e tentar localizá-lo. Então, para as pessoas que têm o hábito de consumo, mas não gostam de fazer compra no varejo, a especificação através da internet facilita o consumo.
O senhor sabe se essa restrição da construção civil ao e-commerce é uma característica do mercado brasileiro ou fora do país também é assim?
Fora do Brasil existem redes de varejo que tem uma atuação muito forte na internet. Eu vi uma campanha de uma rede americana, voltada para donos de casas no estilo colonial, que mostrava produtos da loja virtual apenas para quem utiliza esse tipo de construção. Era uma campanha em vídeo, extremamente interativa e muito mais envolvente que um e-mail com promoções tipo “Tá barato!”, “Quer comprar?”. Esse tipo de segmentação funciona muito bem para produtos relacionados à construção civil.
A tendência é a construção se render ao e-commerce? Caso sim, de que forma isso deve ocorrer?
Não acredito que isso possa acontecer no curto prazo. Hoje, quem consome produtos da construção civil não está 100% adaptada a compras através da internet. É um público um pouco mais velho. Mas nos próximos anos, acredito que isso vai ser uma necessidade. Quem se posicionar primeiro, quem estiver atuando e conseguir resolver os desafios do comércio eletrônico para este tipo de venda vai se destacar e vai ter muito sucesso.
Por outro lado, o e-commerce para venda de imóveis parece já funcionar a pleno vapor?
Sim, existem construtoras com ações incríveis para fazer venda pela internet. Elas têm muito a ensinar a quem atua no varejo e no atacado da construção civil. O e-commerce está aí para ajudar os donos de empresas deste setor a ter resultados nas vendas on-line.
Entrevistado
Márcio Eugênio é especialista em e-commerce, fornecedor de plataformas de lojas virtuais para empresas e consultor em comércio eletrônico
Contatos
marcio.eugenio@dlojavirtual.com
www.dlojavirtual.com
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Tecnologias aprimoram manutenção de pontes e viadutos
Na Road Expo 2015, presidente do IBRACON, Túlio Nogueira Bittencourt, destaca novas ferramentas que serão incorporadas na revisão da ABNT NBR 9452
Por: Altair Santos
Na recente edição da Brazil Road Expo, especialistas debateram a manutenção de estruturas em concreto convencional e pré-fabricado. No encontro, o presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) Túlio Nogueira Bittencourt, destacou que atualmente há uma série de ferramentas modernas e eficientes para executar a manutenção de pontes e viadutos. Segundo o engenheiro civil, e professor da Poli-USP, há instrumentos que indicam, inclusive, quando agir na estrutura. “Com essas tecnologias, que fornecem não apenas uma visão global das estruturas, mas também elementos para uma análise local, envolvendo detalhes de juntas e ligações, é possível perceber níveis de deterioração provocada pela ação do tempo, intempéries e também das cargas às quais a ponte é submetida, além de detectar danos como trincas e fissuras”, afirma.

Para Túlio Nogueira Bittencourt, que palestrou no II Seminário Abcic/IBRACON de Infraestrutura Viária e Mobilidade Urbana, organizado pelo IBRACON em parceria com a Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), essas novas tecnologias colocam o setor diante de uma nova realidade. “Há soluções sofisticadas, baseadas em modelos computacionais e sistemas de monitoramento, que possibilitam identificar deformações e fazer análises não-lineares ou dinâmicas, inclusive calculando a interação entre veículo, via e ponte. São modelos que desenvolvem cargas móveis realistas, compatíveis com as condições reais de tráfego e, finalmente, incorporam esses resultados para melhor avaliar as condições de segurança e desempenho das estruturas, ao longo do tempo”, diz.
O presidente do IBRACON salientou, no entanto, que para se conseguir o resultado esperado pelos profissionais da área é imprescindível que se tenha parâmetros históricos sobre o uso das pontes. “Temos casos de estruturas e de pontes, das quais não se encontra sequer o projeto quanto mais um histórico com as ocorrências, as cargas e as manutenções realizadas ao longo do tempo. Ressalto, porém, que essa falta de histórico não é uma característica apenas do Brasil. Ele lembra que, em recente viagem à Alemanha, ouviu de colegas engenheiros alemães a mesma queixa sobre falta dos projetos originais”, comenta.

Revisão da ABNT NBR 9452
Tanto a inclusão de novas tecnologias quanto a preservação de documentos e projetos estão contempladas na revisão da ABNT NBR 9452 – Inspeção de Pontes, Viadutos e Passarelas de Concreto. De acordo com o engenheiro civil Julio Timermann, vice-presidente do IBRACON e coordenador da Comissão de Estudos de Inspeção de Estruturas de Concreto da ABNT/CB-18, a atualização da norma técnica prioriza tipos de inspeção e critérios de classificação das obras. Aprovada consensualmente entre os envolvidos na cadeia produtiva, incluindo organismos governamentais, a NBR 9452 já está com o texto-base concluído e passa agora por formatação na ABNT para entrar em consulta pública ainda neste semestre.
Segundo Timermann, a norma revisada prevê quatro tipos de inspeção: cadastral, rotineira, especial e extraordinária. Além disso, sugere prazos para a execução das inspeções rotineiras (não superior a um ano) e especial (de cinco a oito anos, dependendo da classificação da obra). “Há ainda um anexo para a realização de inspeção subaquática, já que existem fissuras que aparecem por questões como a erosão”, aponta.
Outra mudança importante realizada no novo texto da NBR 9452 é a inclusão de critérios de classificação das obras, que considera parâmetros estruturais, funcionais e de durabilidade. A partir daí, são atribuídas notas de 1 a 5 para cada parâmetro, refletindo a maior ou menor gravidade dos problemas detectados, e classificando as obras por níveis. “Nosso objetivo é fornecer subsídios para entidades que administram rodovias, a fim de que elas realizem manutenção e inspeção de pontes de maneira eficiente e segura”, finaliza.
Entrevistados
Engenheiros civis Túlio Nogueira Bittencourt e Julio Timermann, presidente e vice-presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto)
Contato: qualificacao@ibracon.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/Dnit e Brazil Road Expo









