Como será a obra do Túnel Santos-Guarujá?
Em fevereiro de 2025, foi lançado o edital para a construção do Túnel Santos-Guarujá, que será o primeiro túnel submerso do país. Com aporte estimado em R$ 6 bilhões, o projeto é fruto de uma parceria entre os governos Federal e Estadual, coordenada pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
Integrada ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a obra será a maior do programa e promete aumentar a eficiência e a segurança no tráfego entre os dois municípios. A concessionária vencedora da licitação ficará encarregada pela construção, operação e manutenção do túnel. O leilão está agendado para 1º de agosto deste ano.
Como será o túnel Santos-Guarujá?

Crédito: Governo de SP
Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos, e 21 metros de profundidade, o túnel contará com três faixas de rolamento por sentido, incluindo uma faixa exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de acessos dedicados para pedestres e ciclistas. Atualmente, mais de 21 mil veículos passam diariamente pelas duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.
Atualmente, os usuários têm duas opções: a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, com 40 km e 50 minutos de viagem, ou a balsa, que leva de 20 minutos a 2 horas, dependendo do tráfego, movimentação no porto e condições climáticas.
O trecho vai ligar o cais do Outeirinhos, no bairro Macuco, em Santos, ao distrito Vicente de Carvalho, em Guarujá.
Construção do túnel
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4HRv9LMAu7E
De acordo com Guillermo Ruperto Martin Cortes, professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU, o túnel previsto será construído sobre o leito marinho através de trincheira. “Este modelo é similar ao construído pela Societé de Grand Travaux de Marseille sob a baía da Havana com mais de 1200 m de extensão, com 733 m imersos, a 12 m de profundidade entre os municípios Habana Vieja e Habana del Este”, compara Cortes.
No entanto, o solo da região de Santos, segundo Cortes, é considerado o segundo pior do mundo. “Portanto, a escavação terá que ser feita primeiro em trincheira a ser coberta por placas de concreto que vão suportar as seções de túnel após afundamento. Finalmente as seções de túnel serão protegidas por cobertura de pedras. A cidade e o porto de Santos se localizam em área costeira, seus solos apresentam características típicas de regiões litorâneas. A cidade se assenta sobre uma planície costeira formada por depósitos quaternários de origem marinha fluvial e camadas moles. De acordo com o perfil esquemático dos solos da região de Santos e segundo o informado sobre as características do projeto acima, o túnel vai passar pelas argilas marinhas moles”, explica o professor.
Cortes detalha o passo a passo:
- O primeiro passo para a construção é o acondicionamento do solo por meio de escavação de trincheira que será protegida por placas de concreto onde os futuros elementos do túnel vão se apoiar;
- Em doca seca serão construídas as seções ou elementos do túnel de concreto, que flutuando, serão transportados por rebocadores até o local cujo posicionamento será controlado por meios eletrônicos;
- Uma vez no local, os elementos do túnel serão fixados por pontes flutuantes, depois serão afundadas por injeção de água nas piscinas provisórias, guinchos hidráulicos aproximarão os elementos ou seções do túnel e uma vez juntos, proceder-se-á o nivelamento da seção usando macacos hidráulicos ancorados em uma das extremidades do elemento.
Ariston da Silva Melo Junior, professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU, aponta que as técnicas construtivas utilizadas em projetos de túneis imersos levam em conta a preparação do leito do canal, tomando-se o cuidado com os aspectos ligados aos elementos pré-moldados que devem ser armazenados em local seco. “Na execução da obra, prepara-se o leito removendo materiais e níveis de sedimentos de modo a garantir uma base nivelada e sólida. Deve-se garantir a estabilização e ancoragem dos elementos do projeto de modo a não haver problemas quanto a fase de acabamento, como exemplo a instalação de revestimentos; iluminação e sistemas de segurança”, afirma.
Materiais utilizados
A escolha dos materiais deve atender critérios técnicos e econômicos, além das implicações com o macro e microclima, condições de exposição e índice de agressividade ambiental. De acordo com Melo Junior, esse ponto é importante e deve-se atentar quanto às especificidades dos materiais empregados, como o caso do concreto armado. Neste caso, o aço receberá traços de níquel e/ou cromo em proporção de 3%, atribuindo melhor resistência à corrosão, pontua.
Riscos e desafios técnicos

Crédito: Governo de SP
Melo Junior pontua que, por se tratar de construção de túneis imersos, deve-se levar em conta que há diversos riscos e desafios técnicos a serem enfrentados. “Entre eles: gestão das águas subterrâneas; condições geológicas do local; segurança dos funcionários encarregados da execução; além da problemática relacionada à necessidade de técnicas específicas para esse tipo de projeto para imersão e acoplagem dos elementos constituintes do túnel. Com relação aos fatores de risco ambiental deve-se atentar a possíveis alterações no ecossistema aquático do local; bem como a atividade ocasionar ruídos e vibrações que afetem o bioma local”, afirma.
Cortes, por sua vez, aponta que o impacto ambiental no solo marinho será temporal e estará restrito à seção ocupada pela construção, sendo que os materiais tradicionalmente utilizados na construção destas obras são considerados inertes ou não reagentes com o meio aquoso. “Após passado algum tempo, o habitat marinho deve retornar a sua forma antes da escavação das trincheiras como acontece atualmente com as plataformas de petróleo ou navios afundados intencionalmente ou não, realizando o papel de recifes artificiais para promover a vida marinha”, esclarece.
Sistemas
Como instalar os sistemas de ventilação, iluminação, combate a incêndios e evacuação de emergência? De acordo com Cortes, a exemplo do Eurotúnel, a ventilação é fornecida por dois sistemas interconectados entre si, forçada desde instalações nos dois extremos do túnel.
“Seguindo esse exemplo e os de muitos outros como o Túnel de Hokkaido, no Japão, a energia é fornecida por subestações em ambos os extremos da obra, além de sistemas de emergência para fornecer energia em caso de quedas imprevistas. Seções situadas a intervalos regulares devem contar com sistemas de extinção de incêndios, e também intercomunicação entre ambas as faixas do túnel para permitir a evacuação do pessoal ameaçado. Semelhante as rodovias, sistemas telefônicos de emergência devem ser instalados a intervalos regulares dentro do túnel”, informa Cortes.
Melo Junior destaca que é importante avaliar estes pontos. “Sem dúvidas, as medidas de segurança privam por ventilação chamada de ventilação longitudinal mecanizada; ventilação transversal e um sistema automatizado de controle. Na ventilação longitudinal mecanizada são utilizados jatos de ar para movimentar e remover a fumaça e gases tóxicos no interior do túnel. Enquanto a ventilação transversal ajuda na liberação de dióxido de carbono e gases sulfatados, eliminados do escapamento dos veículos. A iluminação utiliza sistemas de fitas LED para direcionar as saídas de evacuação. Com relação a possíveis incêndios internos é importante a instalação de hidrantes, extintores e mangueiras, alocados e distribuídos ao longo do túnel imerso. Tais medidas são tão importantes que no Brasil temos um conjunto de normas pré-estabelecidas que devem ser obrigatoriamente executadas nesse tipo de projeto. Como exemplo de normas temos: ABNT NBR 17027/2022 e a ABNT NBR 17175/2024”, conclui.
Entrevistados
Guillermo Ruperto Martin Cortes é professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU.
Ariston da Silva Melo Junior é professor de Engenharia Civil e Ambiental do Centro Universitário FMU.
Contato
Diretoria da Escola de Engenharias da FMU - angela.ninomia@fmu.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Novo Horizonte inicia operações e marca presença no agronegócio com fornecimento de calcário agrícola

Crédito: Cimento Itambé
Com um investimento robusto em equipamentos de ponta e logística, a Novo Horizonte, empresa do mesmo grupo da Cimento Itambé, começou suas operações em maio de 2025. Voltada à produção e comercialização de calcário agrícola, a empresa nasce com a missão de atuar no setor do agronegócio, aproveitando décadas de experiência em produção e comercialização na indústria cimenteira.
A criação da Novo Horizonte reforça a experiência da Cimento Itambé ao longo dos anos, já que ambas as empresas compartilham da mesma matéria-prima, o calcário. “Estamos levando toda a expertise que acumulamos no mercado de cimento para o agronegócio, observando especificações desta nova atividade e mercado consumidor de calcários, oferecendo produtos de qualidade e uma estrutura logística eficiente”, explica Marcio Lobo, diretor comercial da Cimento Itambé e Novo Horizonte.
A nova planta da Novo Horizonte está localizada às margens da BR-277, no município de Campo Largo (PR), corredor logístico estratégico que liga o Porto de Paranaguá aos grandes polos agrícolas dos Estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Paraguai. A posição geográfica privilegiada permite reduzir custos de transporte e otimizar o escoamento da produção.
Foco em qualidade e inovação

Neste início de operação, a empresa está comercializando calcário dolomítico e, nas próximas semanas, ofertará ao mercado o calcário calcítico. Ambos são corretivos de solos que atendem com segurança e regularidade as características técnicas exigidas pelo produtor rural, resultado da blendagem de diferentes frentes de matéria-prima extraídas das jazidas do grupo.
Com capacidade instalada de 300 mil toneladas por ano e previsão de expansão nos próximos anos, a Novo Horizonte destaca-se por entregar regularidade técnica e qualidade superior. “Produzimos corretivos agrícolas com qualidade acima do que o mercado oferece. Contribuímos diretamente para a sustentabilidade, já que nossos produtos, por serem mais reativos, exigem menor volume de aplicação”, afirma José Eduardo Silveira, assessor comercial da Novo Horizonte.
Contribuição direta à produtividade no campo
A atuação da Novo Horizonte vai além da simples oferta de insumos. A empresa posiciona-se como parceira estratégica do produtor rural, contribuindo de forma efetiva para a melhoria do manejo do solo. “Não existem altas produtividades sem a prática do manejo do solo e uso de corretivos. Eles reduzem a acidez, neutralizam alumínio e manganês tóxicos e fornecem nutrientes como cálcio e magnésio, fundamentais para o desempenho das lavouras”, completa Silveira.

Crédito: Cimento Itambé
Outro diferencial importante é a infraestrutura da empresa. Com laboratório próprio certificado pelo Inmetro, a Novo Horizonte oferece análise de solos, fertilizantes e corretivos, garantindo que os produtos estejam sempre dentro dos parâmetros ideais de qualidade e desempenho.
Além disso, a logística foi planejada para facilitar a vida do produtor, com acesso pavimentado, horários estendidos e carregamento ágil, contribuindo para um processo de compra e retirada eficiente.
Compromisso com o futuro do agro
A Novo Horizonte chega em um momento de recorde histórico no consumo de corretivos agrícolas. De acordo com a ABRACAL - Associação Brasileira dos Produtores de Calcários Agrícolas, o Brasil consumiu 61,6 milhões de toneladas em 2023, representando um reforço importante para a cadeia produtiva do agronegócio.
Com foco na inovação, sustentabilidade e eficiência, a empresa cumpre com a missão do grupo de contribuir para o desenvolvimento de setores estratégicos da economia brasileira. “Estamos apenas começando, mas com uma estrutura sólida e preparada para crescer junto com o agronegócio”, finaliza Marcio Lobo.
Entrevistados
Marcio Lobo, Diretor Comercial da Cimento Itambé e Novo Horizonte.
José Eduardo Silveira, Assessor Comercial da Novo Horizonte.
Contatos
marcio@cimentoitambe.com.br
eduardo.silveira@cimentoitambe.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Assentamento Mario Covas recebe o projeto piloto de construção offsite
O Assentamento Mario Covas, em São Simão (SP), recebeu o projeto piloto de construção offsite realizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). Por meio desta iniciativa, unidades habitacionais são construídas com tecnologias industrializadas modulares offsite, a partir de um chamamento público feito pela CDHU para estimular métodos inovadores de produção habitacional.
A área, de propriedade do Estado, foi transformada em assentamento em 2011. Hoje, abriga 124 lotes destinados a famílias assentadas pela Fundação Instituto de Terras de São Paulo (Itesp), totalizando 748,2660 hectares, incluindo zonas de preservação ambiental. Ela está localizada em uma área contínua à Estação Ecológica da Fazenda Santa Maria, administrada pela Fundação Florestal, que mantém mais de 80% de sua vegetação nativa preservada.
Em fevereiro de 2024, a CDHU publicou um edital de chamamento para credenciar empresas interessadas na construção de 15 mil unidades habitacionais, além de 100 mil m² de edificações não residenciais, utilizando o sistema de construção industrializada modular offsite. O objetivo, dentro do horizonte do Plano Plurianual até 2027, é entregar 7,5 mil moradias verticais (prédios), 7,5 mil moradias horizontais (casas) e 100 mil m² em estruturas voltadas ao uso público.
As obras fazem parte de um convênio firmado no fim de 2024 entre a CDHU e Itesp, com a finalidade de atender 630 famílias de assentamentos rurais e comunidades quilombolas em diversas regiões do Estado.

Crédito: CDHU
Tecnologias construtivas
Dentre as tecnologias empregadas para a construção das casas estão o Painel de Concreto e Impressão 3D. Essas tecnologias permitem a fabricação dos componentes em uma fábrica, reduzindo o tempo e os resíduos de construção, bem como a emissão de poluentes.
“Estamos vistoriando as oito casas já construídas para verificar a qualidade e conforto da construção, que são alguns dos aspectos a serem observados no nosso chamamento. Também vamos levar em conta os custos de cada modalidade, além da capacidade de produção em longa escala. É um processo muito técnico e inovador, então é um aprendizado comum para as empresas e para as equipes da CDHU", aponta Marcelo Branco, secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XI1qf-KKO8w
Para o professor e doutor Roberto Christ e coordenador do itt Performance DPPGI – Diretoria de Pesquisas, Pós-Graduação e Inovação / itt da Unisinos, as casas modulares têm a vantagem de utilizar materiais com tempo de cura menores, o que permite uma maior produtividade. “O mercado da construção civil para casas de interesse social sempre foi grande, e temos um déficit habitacional gigante. A construção modular pode ajudar tanto a diminuir esse déficit quanto a aumentar a produtividade. A construção modular não é aplicável apenas para construções de interesse social, mas para toda e qualquer construção, seja ela residencial, industrial ou comercial. Com a escassez de mão de obra, a industrialização será uma pauta em todas as construtoras a médio e longo prazo”, conclui.
Fontes
O professor e doutor Roberto Christ é coordenador do itt Performance DPPGI – Diretoria de Pesquisas, Pós-Graduação e Inovação / itt da Unisinos.
Contato: RCHRIST@unisinos.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Leilões de imóveis ganham força no Brasil e atraem novos investidores em busca de preços atrativos
Nos últimos anos, os leilões de imóveis deixaram de ser uma alternativa pouco conhecida para se tornar um dos meios mais estratégicos de aquisição no mercado imobiliário brasileiro. Em 2024, a Caixa Econômica Federal registrou um crescimento de 228% no volume de imóveis leiloados em comparação a 2022. Foram 25.500 unidades levadas à praça, frente às 7.700 de dois anos antes.
Esse aumento acompanha o volume de imóveis retomados por inadimplência, ampliando as oportunidades para quem busca comprar com preços abaixo da média. Segundo dados do Banco Central, até novembro de 2024, os bancos acumulavam um estoque de R$ 79 bilhões em imóveis, o equivalente a um terço de todos os empreendimentos lançados no país no ano anterior.
Ana Castelo, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que este é um efeito defasado da pandemia, quando os bancos deram mais prazos e aceitaram postergar pagamentos. “Mas depois tudo voltou ao normal e muitos não conseguiram se equilibrar. Acontece que o processo de retomar imóveis e pôr a leilão não é tão rápido e estamos vendo agora o resultado”, ressalta.
Compras com até 40% de desconto
Para investidores e famílias em busca da casa própria, os leilões oferecem vantagens expressivas. “É possível adquirir imóveis com até 40% de desconto em relação ao preço de mercado. Com planejamento e suporte jurídico, trata-se de uma excelente oportunidade”, afirma o advogado Samuel Rangel de Miranda, especialista em direito imobiliário e fundador do Instituto Nacional de Direito e Empreendedorismo.

Crédito: Envato
A liquidez do mercado também tem atraído um novo perfil de comprador. “Estamos vendo um número crescente de pessoas físicas participando dos leilões. Isso se deve à popularização das plataformas digitais e à necessidade de encontrar preços mais acessíveis”, acrescenta.
Cuidados jurídicos e burocracia reduzida
Apesar do atrativo dos valores, a compra de imóveis em leilão exige atenção redobrada. “O comprador precisa observar se há débitos pendentes, como IPTU, condomínio ou ações judiciais, e avaliar o risco de o imóvel estar ocupado. Ter uma orientação jurídica é fundamental para evitar surpresas”, recomenda.
Ele explica que os imóveis leiloados, em geral, foram retomados por instituições financeiras após a inadimplência de financiamentos. “A execução judicial ou extrajudicial culmina na perda do bem. A participação do comprador se dá em um processo transparente, mas que requer conhecimento das regras e da situação do imóvel.”
Tecnologia e democratização do acesso
Plataformas digitais de leilões têm ampliado a capilaridade desse mercado, permitindo que interessados de qualquer lugar do país participem de lances com segurança. A digitalização também trouxe mais transparência ao processo. “O ambiente online democratizou o acesso aos leilões, que antes estavam restritos a investidores experientes ou empresas especializadas. Hoje, qualquer pessoa com CPF regular pode participar”, ressalta Miranda.
Perspectivas de crescimento
A tendência é de que o volume de imóveis em leilão continue crescendo em 2025. Segundo os entrevistados, o panorama econômico de juros altos e desigualdade na contratação dos financiamentos tendem a gerar um aumento da inadimplência, aliado aos contratos vinculados a uma correção monetária que leva a um desiquilíbrio financeiro com a realidade do país. “A tendência é aumentar as parcelas e os compradores não vão acompanhar esses acréscimos e os bancos vão começar a retomar esses imóveis”, completa Miranda.
De acordo com ele, com o aumento da oferta, o mercado precisará se ajustar em termos de segurança jurídica e transparência. “Sem dúvida, os leilões já se consolidaram como uma via viável e estratégica para aquisição de imóveis no Brasil”, conclui.
Entrevistados
Samuel Rangel de Miranda é graduado em Direito pela Universidade Positivo, pós-graduado em Direito Processual Civil, MBA em Gestão Empresarial, especialista em Direito Empresarial e Imobiliário e pós-graduando em Direito e Processo Tributário pela PUC-RS. É um dos fundadores do Instituto Nacional de Direito e Empreendedorismo.
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.
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ana.castelo@fgv.br
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Ana Carvalho
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CBIC mantém projeção de crescimento de 2,3% do PIB para 2025 e indicadores do primeiro trimestre mostram resiliência do setor

Crédito: Envato
A construção civil brasileira começou o ano com sinais claros de resiliência. Embora o PIB do setor tenha apresentado uma leve retração de 0,5% no primeiro trimestre, a atividade segue em ritmo consistente, amparada por fundamentos sólidos e boas expectativas para os próximos meses. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mantém sua projeção de crescimento de 2,3% para o setor em 2025, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador.
De acordo com o presidente da CBIC, Renato Correia, os números indicam uma fase de acomodação após ciclos intensos de expansão. “O setor está ajustando seu ritmo, mas segue robusto. A retomada de programas habitacionais e os investimentos públicos em infraestrutura devem impulsionar ainda mais a atividade nos próximos trimestres”, avalia.
No 1º trimestre de 2025 o saldo de novas vagas criadas (654.503) sofreu redução de 9,84% em relação a igual período do ano anterior (725.973). Embora esse número seja um pouco menor do que o registrado em igual período de 2024, permanece acima dos resultados observados em 2022 e 2023, reflexo da continuidade das obras e do bom desempenho dos lançamentos no ano passado. “É um dado que mostra vitalidade e comprova que as obras continuam em andamento, movimentando a economia e gerando oportunidades”, destaca a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos.
Venda de cimento em alta
O consumo de insumos típicos da construção também apresentou desempenho positivo. Em janeiro e fevereiro deste ano, a produção industrial desses materiais cresceu 4,9% em relação ao mesmo período de 2024. O comércio varejista de materiais de construção também cresceu: alta de 6,7% nos dois primeiros meses de 2025 em relação a iguais meses de 2024.
O volume de cimento vendido também reforça esse cenário: foram 15,6 milhões de toneladas no primeiro trimestre, um crescimento de quase 6% na comparação anual. A expectativa do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) é de estabilidade com leve crescimento até o final do ano.
Em março, na comparação com igual mês de 2024, observou-se incremento de 5,2%. O aumento de lançamentos em 2024 e também o mercado de trabalho aquecido ajudam a explicar esse resultado. Porém, apesar dos resultados positivos, o SNIC projeta crescimento entre 1% e 1,5% em 2025 em relação ao ano anterior em virtude do desempenho da economia, investimentos em habitação e infraestrutura e política monetária.
Setor imobiliário registra vendas aquecidas e estoques em baixa
Outro sinal positivo veio do mercado imobiliário. As vendas de apartamentos novos aumentaram 17% no primeiro trimestre, mesmo com uma queda de 7% nos lançamentos. O desempenho das vendas reforça a confiança do consumidor e evidencia o potencial de recuperação contínua do setor.
Com a redução dos estoques, novas oportunidades de lançamentos devem surgir ao longo de 2025, especialmente com o estímulo do programa Minha Casa, Minha Vida. A criação da Faixa 4 no programa habitacional federal trouxe novo ânimo ao segmento. O novo programa oferece financiamento com juros subsidiados para famílias com renda mensal de R$ 8 mil até R$ 12 mil. A medida deve contribuir para ampliar o acesso à moradia e dinamizar o mercado, especialmente nas regiões metropolitanas.
Empresariado mantém confiança positiva
A confiança dos empresários, apesar de estar levemente abaixo da linha neutra dos 50 pontos, mantém viés positivo. Os indicadores de expectativa para novos empreendimentos, compras de insumos e número de empregados permanecem acima desse patamar, apontando que o setor aposta em uma retomada mais intensa a partir do segundo semestre.
A construção civil segue como um pilar estratégico da economia brasileira. Responsável por 6,18% de todos os empregos formais do país e com protagonismo em grandes centros urbanos e projetos de infraestrutura, o setor mostra que está preparado para enfrentar os desafios do ano e continuar avançando.
Fontes
Ieda Vasconcelos é economista da CBIC.
Renato Correa é presidente da CBIC.
Contato
ascom@cbic.org.br (Assessoria de Imprensa)
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Carros elétricos demandam infraestrutura em empreendimentos e Brasil caminha para implantar normas para carregamento em garagens

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O avanço dos veículos elétricos no Brasil tem pressionado por uma regulamentação específica para a instalação de pontos de recarga em garagens de edifícios. Até agora, o país opera sem uma norma técnica unificada, o que gera insegurança para construtoras, síndicos e moradores. Agora, esse cenário está prestes a mudar.
“Estamos discutindo uma norma nacional que vai atualizar a regulamentação dos estacionamentos, incluindo a recarga de veículos elétricos. A expectativa é de que ela seja publicada até o início de junho”, afirma Márcio Severine, diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). A norma está sendo desenvolvida em parceria com o Corpo de Bombeiros e outras entidades técnicas, e deve ser aplicada em todo o território nacional.
Segurança e responsabilidade técnica
A elaboração da nova norma leva em conta episódios recentes de incêndios ocorridos durante o carregamento de veículos elétricos. Em São José (SC), em novembro de 2024, um incêndio destruiu parte de uma residência após a combustão de um carro elétrico em recarga. Em Presidente Prudente (SP), um veículo híbrido pegou fogo e danificou a estrutura de uma casa. Ambos os casos levantaram alertas importantes.
“Esses incidentes mostram que o carregamento precisa ocorrer em ambientes preparados, com sistemas de detecção de fumaça, sprinklers automáticos e ventilação mecânica, especialmente em garagens subterrâneas”, alerta Diogo Pellissari Nogaroli, engenheiro civil, especialista em segurança contra incêndio e diretor de operações da Nogaroli Engenharia
Entre os itens obrigatórios discutidos estão: uso de carregadores certificados conforme norma NBR IEC 61851-1, instalações elétricas adequadas à NBR 17019 e emissão de laudo técnico por profissional habilitado.
Impactos diretos na construção civil
Para os novos empreendimentos, a adaptação às futuras normas já é uma realidade em andamento. “Os lançamentos de médio e alto padrão já nascem com infraestrutura para recarga de carros elétricos. Não em todas as vagas, mas sempre com pontos dedicados”, afirma Marcos Kahtalian, vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.
Segundo ele, esse diferencial está se tornando padrão em projetos comerciais e residenciais. Conforme avança o barateamento da tecnologia, a tendência é de que todas as vagas estejam prontas para receber recarga elétrica nos próximos anos.
Desafios para prédios antigos e gestão condominial
A norma também pretende orientar como condomínios existentes podem se adaptar à nova demanda. “Em edifícios mais antigos, será necessário avaliar caso a caso, considerando a capacidade elétrica e o tipo de sistema que será adotado. A instalação exige projeto técnico, ART e profissionais qualificados”, pontua Severine.
A recomendação para esses casos é instalar carregadores com controle de carga, interligados à nuvem, e fazer uso de softwares de balanceamento para gerenciar a distribuição da energia. “A solução caseira de puxar uma extensão da tomada comum é perigosa e pode comprometer a segurança do edifício”, alerta o diretor da ABVE.
Normatização abre caminho para padronização e segurança
A construção da norma traz um ambiente mais seguro para todos os envolvidos: consumidores, construtoras e gestores de condomínio. “Estamos num ponto de transição. A normatização traz previsibilidade, reduz riscos e viabiliza a disseminação da eletromobilidade nos projetos urbanos”, avalia Kahtalian.
Além de garantir segurança técnica, a adequação às normas valoriza os imóveis e amplia o leque de compradores. “Quanto antes os empreendimentos estiverem prontos, mais preparados estarão para o futuro”, assinala Nogaroli.
Tecnologia e valorização caminham juntas
Para o mercado da construção civil, a mobilidade elétrica representa uma oportunidade concreta de inovação. “À medida que os padrões forem consolidados e os custos reduzidos, a tendência é de que todas as vagas contem com essa estrutura. Em poucos anos, esse tipo de instalação será tão natural quanto uma vaga de garagem tradicional”, aposta Kahtalian.
Além da valorização do imóvel, os carros elétricos também contribuem para a redução de ruídos e de emissões nos ambientes internos, trazendo benefícios diretos para a convivência nos condomínios. Como resume Nogaroli: “A eletromobilidade é uma realidade irreversível. Cabe à construção civil se preparar para esse novo cenário com segurança, planejamento e responsabilidade”.
Entrevistados
Márcio Severine é graduado em Engenharia Elétrica e Administração de Empresas, com MBA pela University of Toronto e com pós-graduação em Comunicação Elétrica pelo Politecnico di Torino. Atualmente, é integrante do Conselho Diretor e diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Marcos Kahtalian é vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.
Diogo Pellissari Nogaroli é engenheiro civil, especialista em segurança contra incêndio, sócio e diretor de operações da Nogaroli Engenharia, sediada em Curitiba. Possui formação em gestão estratégica de negócios e atualmente cursa especialização em segurança contra incêndio pela INBEC.
Contatos
mseverine@mobilitastec.com
marcosk@brain.srv.br
diogo@nogaroli.com
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
O que faz um imóvel valorizar?

Crédito: Envato
Em 2024, as vendas de imóveis novos no Brasil aumentaram 11,8% em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com o indicador ABRAINC-FIPE, um levantamento realizado com 20 empresas associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
Mas o que faz um imóvel valorizar? Para Thiago Bernardes, head comercial do QuintoAndar, regiões com fácil acesso ao transporte público, boa oferta de comércio, serviços essenciais e segurança tendem a se valorizar ao longo do tempo. “Além disso, projetos de infraestrutura, como novas estações de metrô e investimentos públicos, podem impulsionar os preços de imóveis em áreas antes pouco valorizadas”, complementa.
Fatores que impulsionam a valorização
Um estudo recente da Proptech, em parceria com o Datafolha, apontou que os principais fatores que valorizam um imóvel são:
• Localização: É um dos elementos mais determinantes na hora de precificar um imóvel. A pesquisa indica que 65% dos compradores e locatários, assim como 62% dos vendedores e proprietários, consideram a localização um fator essencial.
• Características do imóvel: Dois imóveis com a mesma área podem ter valores bem diferentes, dependendo do número de quartos, da organização dos cômodos e da funcionalidade dos espaços. Ambientes versáteis são especialmente valorizados. “Um quarto menor pode ser adaptado como escritório, por exemplo – algo que ganhou relevância após a pandemia, ampliando o público interessado”, afirma Bernardes.
• Condições e reformas: Melhorias estruturais e funcionais costumam valorizar o imóvel, enquanto alterações muito personalizadas podem limitar o interesse de potenciais compradores. Segundo levantamento do Datafolha, identificar possíveis problemas estruturais é a segunda maior dificuldade enfrentada por quem pretende comprar ou alugar um imóvel. Investir em manutenção constante e acabamentos modernos pode facilitar a venda ou locação.
• Infraestrutura do condomínio: Comodidades como portaria 24 horas, academia, piscina e salão de festas contribuem para o valor final do imóvel. Esses itens também impactam no valor do condomínio, que tende a ser mais alto devido aos custos de manutenção desses serviços.
De acordo com Fabrício Bellini, executivo do mercado imobiliário com mais de 20 anos de atuação na área e na liderança da construtora Blue Heaven Empreendimentos, uma sugestão para quem não atua no setor é observar a escassez do imóvel, compreender o potencial construtivo do terreno e identificar a fração de terreno atribuída a cada unidade. “A lógica é que quando um prédio tem muitas unidades, o terreno é dividido entre todos e cada apartamento fica com uma parte muito pequena dele. Já em empreendimentos mais exclusivos, com poucas unidades, cada imóvel carrega uma parte maior do terreno, e isso, obviamente, faz toda a diferença no valor e no potencial de valorização”, afirma Bellini.
Em toda avaliação imobiliária, o terreno deve ser considerado como ponto inicial, é ele que define as possibilidades de construção, seja uma casa térrea ou um edifício de 30 andares, segundo Bellini. “O método mais comum utilizado no mercado brasileiro ainda é o comparativo, que analisa os valores praticados em imóveis semelhantes na mesma região. Porém, esse método pode ser falho, já que muitas vezes considera imóveis com preços acima do valor real ou desvalorizados por venda forçada. Isso distorce o valor de mercado, gera insegurança e compromete a tomada de decisão do investidor”, comenta.
Bellini cita como exemplo Balneário Camboriú (SC), que lidera o ranking do metro quadrado mais valorizado do Brasil segundo o Índice FipeZap. “Imóveis na região das praias agrestes, como o Estaleiro, têm se destacado rapidamente. Além de ser uma área que começou a ser explorada pela construção civil há poucos anos, e que integra um município ‘fora da curva’ em valorização, ela carrega vantagens como uma praia paradisíaca e perto de grandes centros. Além disso, por estar em uma Área de Proteção Ambiental (APA), a legislação local permite apenas construções com até três pavimentos e 40% de ocupação do terreno. O resultado é um número reduzido de unidades por empreendimento, o que aumenta, consequentemente, o potencial de valorização de cada imóvel”, destaca.
Curitiba: a capital com maior alta nos preços de imóveis residenciais
Curitiba foi a capital com maior alta nos preços de imóveis residenciais do Brasil em 2024, de acordo com pesquisa da FipeZAP. Entre as capitais monitoradas, os maiores avanços no ano foram em Curitiba (18%), Salvador (16,38%), João Pessoa (15,54%) e Aracaju (13,79%). Os dados de dezembro mostram que o valor médio para venda de um imóvel em Curitiba foi de R$ 10.703,00 por metro quadrado. Desta forma, um apartamento de 50 metros quadrados custou, em média, R$ 535.150,00. O valor médio ficou atrás apenas dos de Vitória (ES), Florianópolis (SC) e São Paulo (SP), segundo a pesquisa. Em 2023, imóveis de luxo e superluxo em Curitiba registram recorde de vendas.
Segundo o Índice FipeZAP, Curitiba vem se destacando por unir qualidade de vida, boa infraestrutura urbana e um ritmo de crescimento econômico consistente, fatores que têm atraído cada vez mais investidores e novos moradores.
Entre os bairros com maior valorização no último ano, destacam-se:
• Campo Comprido: 32,2%
• Batel: 29,8%
• Água Verde: 16,5%
• Portão: 15,4%
• CIC: 13,2%
Já de acordo com a pesquisa mais recente da ABRAINC, com dados da Brain Inteligência Estratégica (GeoBrain), o preço médio do metro quadrado de imóveis privados vendidos em Curitiba subiu 10% em setembro de 2024, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. O bairro Água Verde registrou o maior Valor Geral de Vendas (VGV) médio por empreendimento, concentrando imóveis de médio, alto padrão e luxo. Na sequência, destacaram-se os bairros Centro, Campo Comprido, Vila Izabel e Batel.
Inteligência artificial para avaliar valorização de imóveis
De acordo com Daniel Pazinatto, empresário e especialista em Gestão de Empreendimentos Privados de Desenvolvimento Urbano, a inteligência artificial tem incidido na insegurança ao investir em imóveis por possibilitar a análise de dados em uma escala e velocidade que nenhum ser humano poderia igualar.
“Um dos principais benefícios da IA no mercado imobiliário é a capacidade de cruzar milhares de dados para estimar se um imóvel tende a valorizar ou desvalorizar ao longo dos anos. Entre os principais fatores analisados estão o crescimento populacional, a infraestrutura planejada, o histórico de valorização, a segurança e a qualidade de vida na região, bem como a demanda por aluguel. Esses são alguns dos aspectos cruciais que influenciam o valor de um imóvel e que podem ser precisamente avaliados pela tecnologia, proporcionando informações valiosas para qualquer tomada de decisão”, conclui Pazinatto.
Fontes
Daniel Pazinatto é empresário e especialista em Gestão de Empreendimentos Privados de Desenvolvimento Urbano. Com 25 anos de experiência, foi presidente da Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano (Aelo) RMC e diretor do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis (SECOVI) de Campinas/SP. Atualmente, o profissional é sócio-diretor da Antonio Andrade Empreendimentos Imobiliários, fundada em 1978 pelo seu tio e referência no mercado de loteamento de alto padrão no estado de São Paulo.
Fabrício Bellini é diretor da Blue Heaven Empreendimentos e especialista em mercado imobiliário com mais de 20 anos de experiência.
Thiago Bernardes é head comercial do QuintoAndar.
Contatos
Daniel Pazinatto - Assessoria de imprensa - pedro.assis@mention.net.br
Assessoria de imprensa QuintoAndar - izabelly.lopes@agencia.pub
Assessoria de imprensa Blue Heaven – redacao2@rotascomunicacao.com.br
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
“São Paulo pra Toda Obra” terá mais de 1.500 obras públicas e privadas

Crédito: Pablo Jacob/Governo de SP (enviada pela assessoria)
O Governo de São Paulo apresentou em abril o programa “São Paulo pra Toda Obra” — considerado o maior plano de modernização da malha rodoviária já realizado no estado. Ao todo, serão investidos R$ 30 bilhões em melhorias nas rodovias públicas e concedidas.
A iniciativa contempla mais de 1.500 intervenções com foco na melhoria da infraestrutura e da segurança viária, na criação de empregos e no impulso ao desenvolvimento econômico, promovendo mais qualidade de vida para a população.
“O SP pra Toda Obra não trata só de asfalto, concreto, máquina e engenharia. Estamos falando de gente, porque são as pessoas que vão se beneficiar desse empreendimento, com a diminuição do tempo de viagem e o aumento da segurança. Estamos falando do pai que vai ficar mais tempo com os filhos, da mãe que ficará despreocupada porque o filho vai sair e voltar em segurança e do produtor rural que vai deslocar sua produção com menos custos e transtornos. É prosperidade nos quatro cantos do estado”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas durante o evento de lançamento do programa.
De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, a expectativa é que o programa gere um total de 252,6 mil postos de trabalho, sendo 86,7 mil nas obras já entregues e 168,8 mil nos serviços em andamento e nos projetos futuros.
Obras previstas
O SP pra Toda Obra prevê intervenções em 22,3 mil quilômetros de vias, abrangendo grandes rodovias, estradas estaduais, concedidas e vicinais. Das cerca de 1.500 obras previstas, 544 já foram entregues, 208 estão em execução e outras 829 ainda serão iniciadas. Desse total, 617 obras são de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER – SP), com investimentos de R$ 14,5 bilhões. Já nas rodovias sob concessão, há 964 obras gerenciadas pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), que somam R$ 15,4 bilhões em investimentos.
Durante o evento, o governador Tarcísio de Freitas anunciou o início de 62 novas obras, que somam um aporte de R$ 1 bilhão. Dessas ordens de serviço, 61 são convênios para melhorias em estradas vicinais que beneficiam 70 municípios e uma relativa a um viaduto na rodovia estadual SP 322, em Bebedouro, na região de Barretos, com aporte de R$ 67,1 milhões.
As melhorias envolvem pavimentação, restauração funcional, duplicações, interseções viárias, iluminação, adequações de trevos e recapeamento. As regiões com os maiores volumes de investimento, considerando os projetos do DER e da Artesp, são: Grande São Paulo (R$ 4,3 bilhões), região Central (R$ 3,19 bilhões), São José dos Campos (R$ 3,14 bilhões), Campinas (R$ 2,99 bilhões) e São José do Rio Preto (R$ 2,94 bilhões).
Parceria público-privada
Durante o lançamento do programa, o governador Tarcísio de Freitas ressaltou o desafio de consolidar uma mudança efetiva no modelo de regulação. “Não adianta pensar em transferir ativos para a iniciativa privada sem antes fortalecer a regulação. Mais uma vez, a Assembleia Legislativa foi protagonista: o arcabouço regulatório que temos em São Paulo é único no país. Não se pode ampliar a participação privada sem garantir uma regulação sólida e eficiente", afirmou.
Tarcísio de Freitas destacou ainda o papel essencial do capital privado nos investimentos em infraestrutura. “Estamos falando de R$ 30 bilhões apenas neste programa. E, no total, os investimentos em rodovias concedidas devem se aproximar de R$ 100 bilhões em breve. É um volume expressivo. Não é possível atender à demanda por infraestrutura apenas com recursos do Tesouro, que são limitados e sujeitos a oscilações econômicas. O Estado de São Paulo não é uma ilha, depende também do desempenho do Brasil como um todo", informou.
O governador lembrou ainda os avanços obtidos por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). “Já temos cerca de R$ 354 bilhões contratados por meio do PPI, com leilões realizados em áreas como saneamento básico, mobilidade urbana, transporte sobre trilhos, entre outros. Estamos fazendo a nossa parte para impulsionar o crescimento do país, buscando e atraindo investimentos que geram desenvolvimento e melhoram a vida da população”, concluiu.
Lançamento do programa SP Pra Toda Obra:
Fonte
Agência de Notícias do Governo do Estado de São Paulo/Lançamento do Programa SP Pra Toda Obra.
Contato: agenciadenoticias@sp.gov.br
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Projeto pretende transformar a mobilidade no município de Fazenda Rio Grande

Crédito: Divulgação
Fazenda Rio Grande, município da Região Metropolitana de Curitiba, vive um momento decisivo. Com uma população que quase dobrou em pouco mais de uma década, saltando de 81 mil habitantes em 2010 para 149 mil em 2022, a cidade sofre diariamente com congestionamentos, sobretudo na BR-116, principal ligação com Curitiba e com outros municípios do sul do Paraná.
O desafio de modernizar a mobilidade urbana encontrou resposta no projeto desenvolvido pela Geplan, que coordena uma das maiores intervenções viárias já realizadas na cidade. A obra, fruto de uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura, tem orçamento de R$ 160 milhões e prevê a construção de dois viadutos, reestruturação de vias marginais e revitalização de áreas de lazer.
“O município enfrenta várias dificuldades no planejamento estratégico urbano. O aumento populacional e o fluxo transitório dificultam o deslocamento das pessoas e causam congestionamentos, especialmente nos horários de pico”, explica Ricardo Amaral, fundador do escritório Ricardo Amaral Arquitetos Associados e da Geplan – Gerenciamento e Planejamento de Obras.
Diagnóstico técnico e participação comunitária
Antes de pôr a mão na massa, a Geplan realizou um mapeamento detalhado dos gargalos de mobilidade na cidade. A metodologia incluiu pesquisas em escolas, terminais urbanos e oficinas comunitárias. “Buscamos acessar famílias de diferentes regiões da cidade para obter um diagnóstico mais preciso”, afirma.

Crédito: Divulgação
O projeto também foi alinhado com diretrizes de órgãos como a Agência de Serviços Metropolitanos do Paraná (AMEP), a concessionária Arteris, a prefeitura e a Paraná Projetos. O objetivo foi garantir sinergia com outras intervenções já planejadas e evitar sobreposição de obras.
Segundo Amaral, o uso de softwares especializados de engenharia permitiu simular diferentes cenários de tráfego e avaliar o comportamento do sistema viário com os novos elementos previstos, como ruas, rotatórias, semáforos e binários. “Essa tecnologia nos permitiu testar soluções e prever a evolução da mobilidade a curto, médio e longo prazos”, detalha.
Obras estruturantes: dois viadutos e 1,5 km de vias revitalizadas
O projeto de engenharia prevê a construção de dois viadutos: o primeiro na Rua Nelson Claudino dos Santos, ligando os bairros Eucaliptos e Pioneiros, e o segundo na Rua Jatobá, nas proximidades do Posto Pelanda 21. Juntas, essas estruturas deverão melhorar significativamente o fluxo de aproximadamente 100 mil veículos que trafegam diariamente pela BR-116.
Além dos viadutos, serão revitalizados 1,5 km de vias marginais. A licitação será feita em modelo de contratação semi-integrada, modalidade que prevê a execução do projeto executivo e da obra pela mesma empresa, aumentando a eficiência e a agilidade do processo.
Requalificação urbana com foco em lazer e sustentabilidade
Mas o projeto vai além da mobilidade. A iniciativa também contempla melhorias em espaços públicos, como a Praça Brasil e o Parque Verde. Entre as novidades estão a construção de uma ponte sobre o vertedouro, ampliação do estacionamento, instalação de espaços gastronômicos para food trucks, criação de quadras esportivas e modernização do playground com piso emborrachado. Também haverá estrutura para esportes aquáticos.
As ruas Lapa, Paranaguá e a Avenida Paraná serão revitalizadas para facilitar o acesso ao Parque Verde, cujo objetivo é fomentar o turismo e integrar os espaços com calçadas acessíveis, ciclovias, pistas de corrida e estacionamento. “Avaliamos fatores como resistência e durabilidade dos materiais, impacto ambiental e custo-benefício. A experiência com outros projetos foi fundamental para garantir uma execução eficiente e duradoura”, ressalta.
Expectativa de impacto econômico e social
Com previsão de início das obras ainda este ano e conclusão em 24 meses, esse projeto representa um marco para Fazenda Rio Grande, não apenas por resolver os gargalos do trânsito, mas por impulsionar o desenvolvimento urbano e econômico da cidade. “Esse projeto foi pensado para transformar a mobilidade e a qualidade de vida da população. É uma intervenção que vai muito além da infraestrutura viária”, finaliza.
Entrevistado
Ricardo Amaral é arquiteto graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), fundador do escritório Ricardo Amaral Arquitetos Associados e da Geplan – Gerenciamento e Planejamento de Obras. Membro da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), possui mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de projetos urbanos e corporativos.
Contato
contato@ricardoamaralarquitetos.com.br
Quais os impactos do Tarifaço de Trump para a construção civil brasileira?

Crédito: Envato
No dia 12 de março de 2025, passou a valer nos Estados Unidos a taxação de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A nova tarifa afeta diretamente o setor siderúrgico de importantes parceiros comerciais dos EUA, como Canadá e México. O Brasil, segundo maior exportador de aço para o mercado norte-americano, também será atingido pela medida. Qual será o impacto para a construção civil do Brasil?
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), acredita que esta questão da guerra tarifária gera uma incerteza muito grande. “Ainda não temos a dimensão do que pode ocorrer. O aço consumido aqui no Brasil não pode ser importado da China. Lá, o vergalhão utilizado é o CA40 e as nossas normas exigem o CA50 – trata-se de uma característica técnica diferente. O que está acontecendo, muito provavelmente, é uma sobra de produtos chineses. Na nossa opinião, isso vai afetar mais o varejo do que a construção civil. Nós nos preocupamos mais com a subida do dólar do que com esta questão tarifária. De toda a forma, é uma incerteza que se gera no mercado e que não sabemos como isso vai se desdobrar”, pontuou durante a coletiva de imprensa da CBIC.
Segundo Ieda Vasconcelos, economista chefe da CBIC e do Sinduscon-MG, a preocupação maior é com a incerteza que ela estabelece nos investimentos – especialmente nos produtivos (aqueles que visam melhorar a capacidade de produção de uma empresa ou de um setor da economia, como máquinas, equipamentos e construção de instalações) – que já estão prejudicados com o patamar de alta taxa de juros. “O nível de incerteza não é só no Brasil, isso gera uma incerteza com relação à economia global como um todo. E o menor crescimento do mundo, conforme projetado pelo FMI, impacta todos, inclusive o Brasil. O que preocupa com relação a isso é o efeito que ela pode causar no crescimento da economia mundial e isso afetar a economia brasileira”, destaca.
Para Celso Zaffarani, fundador da Zaffarani Design Build, mesmo que não pareça à primeira vista, as decisões econômicas dos Estados Unidos acabam impactando os canteiros de obra por aqui. “Como empresário da construção civil, vejo com preocupação o modo como o aumento das tarifas e a valorização do dólar afetam diretamente o custo dos materiais que usamos diariamente. Quando o governo americano impõe tarifas sobre matérias-primas como aço, alumínio ou cobre, o efeito se espalha pelo mundo. Aqui no Brasil, esses insumos sobem de preço, mesmo quando são produzidos localmente, porque fazem parte de uma cadeia global. Isso pressiona os orçamentos, especialmente em obras com margens mais ajustadas e cronogramas rígidos”, explica.
Já Milton Bigucci Junior, diretor técnico da construtora MBigucci, acredita que o momento atual é de incerteza. “É difícil prever o cenário a médio e longo prazo, uma vez que as taxas ainda podem sofrer alterações. O Brasil, na verdade, é um dos maiores exportadores de aço para os EUA. Com a taxação — atualmente em 25% para aço e alumínio, e 10% para outros insumos — pode haver uma redução nas exportações e, consequentemente, um aumento da oferta no mercado interno, o que poderia até baratear alguns produtos da construção civil. Mas, a princípio, a expectativa é de que o mercado, de forma geral, se mantenha estável por enquanto”, prevê.
Impactos para as construtoras
Na opinião de Zaffarani, o impacto já é evidente no dia a dia das construtoras. “Estamos vendo orçamentos sendo revisados com muito mais frequência e decisões estratégicas sendo tomadas com base na volatilidade dos preços dos insumos. A imprevisibilidade dos custos tem levado até à reavaliação ou ao adiamento de projetos”, destaca.
Bigucci Junior, por sua vez, aponta que, no caso de sua construtora, a MBigucci, os impactos ainda não foram sentidos, uma vez que não depende de produtos importados para suas obras. “Mas o clima, no geral, ainda é de incerteza”, enfatiza.
Consequências
Com relação à expectativa de demanda de imóveis, assim como em 2024, Ieda afirma que há uma projeção de que o mercado continuará se destacando neste ano.
Correia complementa: “O mercado imobiliário é muito mais em função do que se tem de crédito ao cliente, porque demanda existe bastante. O FGTS hoje vai aplicar R$ 127 bilhões – mais ou menos o que fez no ano passado – e a extensão do faixa 4, renda de R$ 8 mil a R$ 12 mil, vai aplicar mais R$ 30 bilhões. Então este segmento certamente estará abastecido e poderá comprar um imóvel. Agora aquele imóvel acima de R$ 500 mil, ele vai ser um pouco mais seletivo, na nossa opinião, porque você vai ter menos dinheiro de caderneta de poupança. No ano passado, nós tivemos R$ 184 bilhões, aproximadamente, e para este ano espera-se R$ 150 bilhões aplicados em poupança. Então, deverá ter menos oportunidade de crédito, porque os bancos serão mais seletivos. Mas ainda assim é um valor muito importante”.
Zaffarani acredita que o risco de repasse ao consumidor final é bastante concreto — e preocupante. “No caso de obras públicas ou projetos voltados à habitação popular, que operam com margens muito justas e regras rígidas de reajuste, os aumentos de custo nem sempre conseguem ser absorvidos. Isso pode levar, infelizmente, à suspensão de contratos, à desaceleração dos canteiros e até à inviabilidade de certas obras”, afirma.
Já no setor privado, existe, de fato, maior flexibilidade para repassar parte desses aumentos ao consumidor final. “No entanto, é um movimento delicado, pois o encarecimento da construção costuma vir acompanhado de crédito mais restrito e mais caro, o que reduz a capacidade de compra da população. Ou seja, o impacto acaba sendo duplo: a obra custa mais para ser feita e o cliente tem mais dificuldade para financiá-la”, comenta Zaffarani.
Quando se trata de empreendimentos voltados à população de menor renda, essa equação se torna ainda mais sensível. “A elasticidade de preço é alta, e qualquer variação significativa pode comprometer a viabilidade do projeto. Por isso, o setor como um todo precisa buscar soluções criativas e sustentáveis para mitigar esses efeitos — e garantir que o acesso à moradia continue sendo possível para quem mais precisa”, pondera Zaffarani.
De acordo com Bigucci Junior, sempre existe o risco de repasse de preços aos consumidores finais, para mais ou para menos, conforme a oferta e a demanda no mercado de materiais de construção. “Entretanto, o momento ainda é de incerteza e, por enquanto, segue estável”, justifica.
Impactos do dólar na construção civil
Outro fator a ser considerado é que, com o dólar mais alto, tudo o que depende de importação — de equipamentos a componentes técnicos — fica mais caro. “Isso nos obriga a rever estratégias, antecipar compras e agir com muito mais cautela. Não é só uma questão de custo, mas de garantir que a obra continue, que o cliente não seja impactado e que a entrega mantenha o padrão de qualidade que defendemos. Além disso, lidamos com tarifas voláteis impostas pelo governo norte-americano e com toda a evolução dessa situação, o que gera um clima constante de incerteza. Essa instabilidade afeta diretamente os custos e a composição de preços, exigindo ainda mais planejamento e resiliência das empresas do setor”, opina Zaffarani.
Estratégias para mitigar os impactos
Zaffarani comenta que está atualmente executando uma obra cujo projeto vem dos Estados Unidos. “Os materiais de acabamento especificados são de origem italiana, espanhola, alemã e também americana, e estavam inicialmente previstos para serem adquiridos por meio de representantes nos Estados Unidos. Para manter os preços orçados e reduzir os impactos causados pelas tarifas e custos adicionais, adotamos uma mudança estratégica: estamos realizando a importação direta dos fabricantes europeus, eliminando a intermediação dos representantes norte-americanos. Essa decisão tem nos permitido maior controle sobre os custos e os prazos de entrega. Além disso, incluímos a importação direta de peças sob medida, como um lustre feito sob encomenda na China, o que também contribui para manter a previsibilidade orçamentária da obra”, relata.
Bigucci Junior destaca que, por enquanto, não houve grandes alterações que exigissem renegociações ou antecipação de compras.
Entrevistados
Renato Correia é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Ieda Vasconcelos, economista chefe da CBIC e do Sinduscon-MG.
Celso Zaffarani é CEO da Zaffarani Construtora, uma empresa especializada no desenvolvimento de empreendimentos de alto padrão, com um olhar inovador para o mercado imobiliário de luxo. Com expertise em projetos diferenciados, a construtora tem acompanhado de perto a transformação dos shoppings centers em hubs multifuncionais, um fenômeno que tem impactado diretamente a valorização imobiliária em seu entorno.
Milton Bigucci Junior é diretor técnico da MBigucci e presidente da Associação dos Construtores do Grande ABC.
Contatos
CBIC - ascom@cbic.org.br
Celso Zaffarani – Assessoria de imprensa: abigail.reis@baronesarp.com.br
Milton Bigucci Junior – Assessoria de imprensa: imprensa@mbigucci.com.br
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.