A torre impressa em 3D mais alta do mundo fica na Suíça
Em maio de 2025, a vila alpina de Mulegns, na Suíça, recebeu a Tor Alva, ou Torre Branca, o edifício impresso em 3D mais alto do mundo. Concebida como um espaço imersivo para apresentações, a torre tem 30 metros de altura (incluindo uma base existente) e abriga um teatro em forma de cúpula que se ergue acima dos telhados da vila, tornando-se um novo marco arquitetônico e cultural à região.

Crédito: Digital Building Technologies
O projeto foi realizado graças a um trabalho colaborativo e interdisciplinar, reunindo especialistas em arquitetura, engenharia estrutural, ciência dos materiais e robótica, cada um contribuindo com inovações específicas de sua área. O grupo responsável foi chamado de Digital Building Technologies (DBT) e faz parte do Institute of Technology in Architecture, da ETH Zurich. A torre foi construída em parceria com a Nova Fundaziun Origen, as construtoras Uffer Group e Zindel United, e a empresa de engenharia Conzett Bronzini Partner AG.
“A construção representa um avanço revolucionário em design computacional, fabricação digital, engenharia estrutural e ciência dos materiais, com foco na sustentabilidade. Entre suas contribuições pioneiras estão soluções inovadoras para o reforço do concreto impresso em 3D — um dos maiores desafios do setor até hoje. A Tor Alva utiliza concreto estrutural com paredes finas e de alta eficiência material, além de um sistema modular que permite a reutilização futura dos componentes”, informa o Digital Building Technologies (DBT).
O elemento central do design da torre é composto por 32 colunas únicas de concreto impresso em 3D, que sustentam os diferentes níveis do edifício e definem sua fachada, de acordo com o DBT. Essas colunas variam em forma, desde colunas largas e robustas, com 3,4 metros de altura nos andares inferiores, até colunas esbeltas e entrelaçadas no último andar atingindo 6 metros de altura.
Concreto impresso em 3D reforçado
Segundo o DBT, o concreto impresso em 3D era usado principalmente para elementos não estruturais ou com baixa demanda estrutural. “A limitação se devia à falta de normas e modelos mecânicos que considerassem as propriedades anisotrópicas do material, além da ausência de conceitos testados para integração de armaduras”, esclarece o grupo de estudo.
Pesquisas intensivas levaram ao desenvolvimento de modelos estruturais e ensaios experimentais, incluindo colunas em escala reduzida e real, além de tirantes reforçados, e o novo Ensaio de Cisalhamento Inclinado Modificado (“Modified Slant Shear Test”), que quantifica a influência das interfaces entre camadas do concreto impresso. “Esses avanços permitiram que o concreto da Tor Alva fosse reforçado com aço e protensão, garantindo comportamento mecânico semelhante ao do concreto convencional e tornando a torre o primeiro edifício de múltiplos pavimentos do mundo com concreto 3D totalmente estrutural e reforçado”, destaca o DBT.
Ao todo, a torre conta com 2.500 camadas de concreto extrudado, sendo que cada uma delas tem 10 mm de altura e 15–20 mm de largura. O tempo estimado de impressão foi de 900 horas.
Robôs em sincronia
Outro destaque é a integração automática das armaduras durante a impressão. “Dois robôs trabalham em conjunto: um extrude o concreto camada por camada, enquanto o outro posiciona o reforço entre as camadas. Após a impressão de elementos ocos de paredes finas, as armaduras longitudinais são inseridas em canais verticais e preenchidas com graute. Essa tecnologia torna a estrutura totalmente capaz de suportar cargas, com redução significativa no consumo de material em comparação às técnicas tradicionais”, esclarece o DBT.
Impressão 3D sem fôrmas e eficiente
Na impressão 3D, um braço robótico aplica finas camadas de concreto maleável de 8 mm de altura por 25 mm de largura, formando trajetórias contínuas de aproximadamente 5.000 metros por coluna. Cada coluna é composta por três filamentos: o externo com textura ornamental, o intermediário contendo o revestimento das armaduras, e o interno formando canais ocos para a armadura longitudinal principal. O método sem fôrmas e o uso preciso de material resultaram em 40% de redução no consumo de concreto.
Sustentabilidade e captura de carbono
Apesar de a pegada de CO₂ do concreto impresso em 3D ser geralmente maior que a do concreto convencional, o design da torre permite reduzir a quantidade de material usado e capturar carbono ao longo da vida útil do concreto. “Elementos mais finos absorvem CO₂ mais rapidamente, e amostras dos elementos da torre são monitoradas para acompanhar a recaptura de carbono. Para evitar problemas de durabilidade, a torre utiliza aço inoxidável, estabelecendo um novo paradigma de design sustentável com impressão 3D”, aponta DBT.
Design computacional e tecnologia digital
O projeto é totalmente gerado por código, sem desenhos manuais. “Cada detalhe é parametrizado, permitindo ajustes, visualização imersiva, simulação da fabricação e conformidade com as restrições da impressora 3D robótica. Todos os dados estão em um gêmeo digital, que coordena, simula, avalia e executa a torre sem a necessidade de planos convencionais, integrando inclusive sistemas elétricos e de iluminação”, destaca o DBT.
Circularidade e reutilização
Pensada para a economia circular, a Tor Alva possui conexões destacáveis, podendo ser desmontada após cinco anos de uso em Mulegns e remontada em outro local.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=nhylOL5SM3U&t=1s
Fonte
Digital Building Technologies - Institute of Technology in Architecture, ETH Zurich
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Falhas estruturais: impactos ocultos dos desabamentos e a contribuição da engenharia preventiva
Quando uma construção desaba, um teto cede ou uma ponte entra em colapso, o foco recai sobre os impactos humanos e os prejuízos financeiros imediatos. No entanto, existe uma dimensão menos visível, frequentemente mais complexa e duradoura. São os custos invisíveis ou indiretos, constituídos por perdas ambientais, danos ao patrimônio cultural, riscos à segurança de moradores, transeuntes e trabalhadores, além da perda da confiança pública na engenharia e nas instituições responsáveis pela fiscalização e garantia da integridade estrutural das construções.
Segundo o engenheiro civil Gilberto Luiz, especialista em patologia das obras civis e diretor técnico da Ad Fiducia Avaliações e Perícias de Engenharia, escondido atrás dessa primeira impressão, pode existir um custo silencioso, que às vezes é muito maior e passa despercebido. “Cada metro cúbico de concreto ou quilo de aço perdido carrega a energia gasta na extração, transporte, fabricação e descarte. O impacto ambiental é enorme e raramente é considerado”, afirma.
Esses efeitos se multiplicam quando o acidente envolve edificações históricas. “Quando a tragédia atinge um patrimônio histórico, somam-se perdas culturais irreparáveis e danos à memória coletiva”, completa o engenheiro.
Prejuízos que vão além do visível
Casos emblemáticos ajudam a dimensionar o problema. Luiz cita, por exemplo, o colapso de um galpão industrial de 5 mil m², em 2010, que interrompeu a produção de 18 centros de usinagem e causou perdas acima de US$ 30 milhões. “Esse valor ainda não inclui o impacto ambiental, as perdas culturais nem a perda de confiança pública na engenharia”, diz.
Segundo o especialista, um desabamento, mesmo de pequena escala, afeta a economia local, pode interromper o comércio e abala a segurança da população. “Desabamentos de casas e edifícios resultam no comprometimento de investimentos de vidas inteiras, além de danos psicológicos e sociais difíceis de mensurar”, explica.
Lições de tragédias que mudaram leis
Os grandes acidentes, no Brasil e no mundo, frequentemente se tornam marcos regulatórios. “Foi assim em Nova Iorque, em 1979, quando a morte de uma jovem atingida por fragmentos de fachada levou à criação do primeiro programa de inspeções periódicas de fachadas”, relembra Luiz. Mais recentemente, em 2021, o desabamento de um edifício em Miami impulsionou regras mais rígidas para prédios na Flórida.
Já no Brasil, a queda da marquise de uma loja em Porto Alegre, em 1988, motivou a criação da primeira lei de inspeção obrigatória de marquises. Já o colapso do teto da Igreja do Ouro, em Salvador, no início de 2025, reacendeu o debate sobre a preservação de templos históricos. “Cada episódio cobrou um preço alto e mostrou que a prevenção é menos custosa do que a reconstrução após a tragédia”, reforça o engenheiro.
Diagnóstico e manutenção: pilares da segurança

Crédito: Envato
Para Gilberto Luiz, evitar falhas e desabamentos não depende apenas da execução robusta de uma obra. “Tudo começa antes mesmo do concreto ser lançado nas fundações. É preciso projeto bem concebido, dimensionamento correto, materiais de qualidade e controle tecnológico rigoroso durante a execução”, enumera.
Mas o ciclo de segurança não termina na entrega. A manutenção planejada e as inspeções periódicas são indispensáveis para acompanhar a degradação natural dos materiais e impedir que pequenas fissuras evoluam para colapsos. “Conversar com as estruturas é uma atividade indispensável. Essas conversas acontecem nas inspeções, nas revisões de projeto e nas perícias, que ajudam a entender o que as edificações estão tentando nos dizer”, orienta.
Ameaças e sinais
As ameaças, muitas vezes, se escondem dentro das estruturas. “Corrosão silenciosa das armaduras, fissuras internas, recalques diferenciais ou falhas de pilares podem comprometer a segurança sem qualquer sinal visível aos usuários”, explica.
Nesses casos, entram em cena tecnologias de diagnóstico avançado, como ultrassonografia, georadar, termografia, vídeoscopia, análises químicas e microscopia. Esses recursos permitem identificar problemas ocultos, estimar a vida útil residual da estrutura e realizar intervenções antes que as falhas se transformem em tragédias.
A mensagem central, segundo o engenheiro, é simples: a prevenção não é custo, é investimento essencial. “O planejamento correto nas fases de projeto, a execução controlada, o diagnóstico e a manutenção preventiva não são despesas que podem ser descartadas”, destaca. São investimentos em segurança, durabilidade e sustentabilidade.
Essas práticas reduzem riscos, preservam o meio ambiente e protegem vidas. “A engenharia e a arquitetura precisam deixar de reagir apenas às emergências. Devem assumir o papel de proteção à vida e à preservação do patrimônio construído e natural”, conclui.
Entrevistado
Gilberto Luiz é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), especialista em Patologia nas Obras Civis e Engenharia de Estruturas, diretor técnico da empresa Ad Fiducia Avaliações e Perícias de Engenharia, professor de cursos de pós-graduação e extensão na área de ensaios tecnológicos, inspeção de estruturas e perícias de engenharia, membro do Instituto Catarinense de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape/SC).
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Ana Carvalho
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Cimento supergelado mantém prédios mais frios que o ar ambiente
Pesquisadores da Universidade do Sudeste da China conduziram estudos na Universidade de Purdue (EUA) para desenvolver um novo tipo de cimento com propriedades fotônicas avançadas. Este material inovador é capaz de reduzir significativamente a temperatura superficial e, consequentemente, o consumo energético de edificações.
O chamado “supercool cement” (ou, em tradução livre, cimento “supergelado”) reflete até 96,2% da radiação solar incidente e apresenta emissividade infravermelha de 96%, atingindo temperaturas até 5,4 °C abaixo da do ar ambiente sem qualquer fonte de energia ativa.
O estudo, publicado na revista Science Advances (2025), propõe uma solução que une desempenho térmico, viabilidade estrutural e menor impacto ambiental — fatores críticos no contexto da descarbonização do setor da construção civil.
Mecanismo fotônico de resfriamento

Crédito: Envato
O desempenho térmico do material é resultado de uma estrutura fotônica heterogênea, formada pela autoformação de cristais de etringita durante o processo de hidratação do cimento. “Esses cristais se distribuem em uma matriz de aluminossilicatos de cálcio, criando uma topologia óptica capaz de espalhar fortemente a luz solar (especialmente nas faixas de 0,3 a 2,5 µm) e emitir radiação térmica na janela atmosférica (8–13 µm), promovendo o chamado resfriamento radiativo passivo”, informam os pesquisadores no estudo, que foi liderado pelo professor Wei She.
Ao contrário de revestimentos com pigmentos ou aditivos refletivos, o cimento supergelado não depende de camadas superficiais: suas propriedades ópticas estão integradas à microestrutura. “Essa característica garante durabilidade superior e manutenção da refletância mesmo após longos períodos de exposição solar e abrasão”, aponta o estudo.
Resultados experimentais
Nos testes conduzidos em ambiente externo, sob irradiância solar de 850 W/m², as amostras apresentaram:
- Refletância solar média (ρs): 96,2%
- Emissividade térmica (ε): 96%
- Variação de temperatura (ΔT) entre a superfície e o ar ambiente: -5,4 °C
- ΔT em relação ao cimento Portland comum: -26 °C
Após 1.080 horas de envelhecimento acelerado por radiação UV e 50 ciclos de congelamento-descongelamento, o material manteve sua refletância acima de 95% e não apresentou microfissuração nem perda de resistência mecânica.
Além disso, a superfície côncava obtida naturalmente durante o processo de moldagem contribui para o aumento da refletância difusa e reduz a acumulação de partículas sólidas, conferindo características anfifóbicas (capacidade de repelir simultaneamente água e óleo) e propriedade autolimpante.
Formulação e processo de fabricação
De acordo com o estudo publicado na revista Science Advances, o cimento supergelado é obtido por um processo de calcinação otimizado, tornando sua fabricação aproximadamente 25% menos intensiva em carbono em comparação ao cimento Portland convencional. “A composição utiliza clínqueres de baixo teor de cálcio, com substituição parcial por compostos ricos em alumínio, silício e enxofre”, explicam os pesquisadores
Durante a cura, ocorre a nucleação espontânea de etringita em escala nanométrica, cuja distribuição espacial determina o comportamento óptico. Os pesquisadores destacam que o processo é compatível com as linhas industriais existentes, podendo ser adaptado para produção de pré-fabricados, painéis e revestimentos estruturais.
Análise de ciclo de vida (LCA)
Modelagens de Análise de Ciclo de Vida orientadas por aprendizado de máquina indicam que o uso do cimento supergelado pode gerar redução de até 2.867 kg CO₂ por tonelada de material ao longo de 70 anos, considerando tanto a menor intensidade de carbono do processo produtivo quanto a economia de energia em climatização.
“Em cenários urbanos de alta insolação, como Niamey (Níger) e Chongqing (China), o balanço energético e de emissões se torna negativo, ou seja, o material compensa mais carbono do que emite durante todo o ciclo de vida da edificação”, aponta o estudo.
Potencial de aplicação
O estudo sugere que o cimento pode ser utilizado tanto em estruturas aparentes quanto em revestimentos externos e coberturas, sem necessidade de manutenção específica. Além da coloração branca original, os pesquisadores desenvolveram pigmentações seletivas (amarela, verde e vermelha) com refletância acima de 90%, permitindo aplicações arquitetônicas diversas sem comprometer o desempenho térmico.
Fonte
Estudo “Scalable metasurface-enhanced supercool cement”, da revista Science Advances, liderado pelo professor Wei She.
Contato:
weishe@seu.edu.cn
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Construção Civil sustenta geração de empregos e projeta futuro desafiador diante dos juros altos
O Brasil ultrapassou o número de 3 milhões de trabalhadores formais no setor da construção civil, patamar que não ocorria desde 2014. Já no estado do Paraná, existem atualmente 183.027 trabalhadores formais, demonstrando que o setor é um dos mais relevantes quando o assunto é geração de empregos no país.

Crédito: Envato
De acordo com dados do Novo Caged, o setor gerou 129.775 empregos com carteira assinada em julho de 2025. Desse total, 19.066 vieram da Construção Civil, que respondeu por 14,69% das vagas abertas no país. O saldo positivo, fruto de 221.024 admissões e 201.958 desligamentos, representou um salto de 94,15% em relação a junho, quando haviam sido criados 9.820 postos de trabalho.
Além disso, o salário médio de admissão, de R$ 2.490,54, é superior à média nacional (R$ 2.277,51). “Isso mostra que a construção não só emprega muito, como oferece remuneração acima da média, reforçando seu papel na valorização do trabalho formal”, destaca Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG.
Todos os ramos da construção fecharam julho em alta no número de empregos: construção de edifícios (6.095), infraestrutura (7.681) e serviços especializados (5.290). O setor alcançou 3,035 milhões de trabalhadores, crescimento de 2,91% em relação a julho de 2024.
Paraná: estabilidade e novos motores de crescimento
No Paraná, o saldo acumulado de empregos na construção chegou a 9.714 vagas entre janeiro e agosto de 2025, com 465 postos gerados apenas em agosto. O estado contabiliza hoje 183.027 trabalhadores formais, número maior que os 177.370 registrados em agosto de 2024.

Crédito: Divulgação
Segundo o presidente do Sinduscon-PR, Carlos Cade, a força dos programas habitacionais explica parte desse desempenho. “A sinergia entre o Minha Casa, Minha Vida (Federal) e o Casa Fácil Paraná (Estadual) garante um fluxo previsível de obras. Isso dá segurança para que as construtoras invistam e contratem continuamente. Além disso, a estabilidade econômica e a segurança jurídica do Paraná têm atraído capital privado para lançamentos imobiliários e obras de infraestrutura”, afirma.
As funções mais demandadas no estado incluem mestres de obras, carpinteiros de formas, eletricistas, hidráulicos, armadores de ferragens e profissionais de acabamento fino, como gesseiros, azulejistas e pintores especializados.
Desafios da mão de obra e inovação tecnológica
Apesar do bom desempenho, a construção enfrenta gargalos de qualificação. “O setor precisa investir massivamente em treinamento, em parceria com o Sistema S, preparando profissionais para atender às exigências da construção moderna, que vão além do ofício e incluem gestão e segurança”, observa Cade.
A inovação também é vista como estratégica. “Ferramentas como BIM, softwares de gestão e novos sistemas construtivos tornam o setor mais ágil e atrativo para as novas gerações, reduzindo a percepção de trabalho pesado e posicionando a construção como uma carreira tecnológica e promissora”, acrescenta.
Juros seguem como entrave para investimentos
Se, por um lado, os números recentes confirmam a vitalidade da construção, por outro o futuro preocupa. “Para mantermos o ritmo de geração de empregos, precisamos de novos lançamentos. Mas a taxa de juros nesse patamar elevado acaba inibindo os investimentos produtivos”, alerta Ieda Vasconcelos.
A economista lembra que, há três trimestres consecutivos, empresários apontam os juros como principal obstáculo. “O crédito caro afeta diretamente quem constrói. Isso pode adiar lançamentos e comprometer o ritmo de contratações no médio e longo prazo”, conclui.
Perspectivas

A expectativa da CBIC é de crescimento de 2,3% no PIB da construção em 2025, sustentado principalmente por programas habitacionais e pela retomada de investimentos privados. No Paraná, a visão é otimista. “As perspectivas são de continuidade, com o setor mantendo seu papel de destaque na geração de empregos. Se tivermos um ambiente de juros mais favorável, 2026 pode ser ainda mais promissor”, prevê Carlos Cade.
Para Ieda, o recado é claro: “O país tem déficit habitacional de quase seis milhões de moradias e metade da população sem acesso a saneamento. A base do crescimento sustentado está na construção civil. O setor não é apenas estratégico, é essencial para o desenvolvimento nacional”.
Entrevistados
Ieda Vasconcelos é economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). É doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade FUMEC. Possui Pós-graduação Lato Sensu em Gestão de Negócios pela UFMG e em Finanças pela PUC-MG, e é Bacharel em Economia pela PUC-MG. Foi professora e coordenadora do curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário Unihorizontes. Realiza palestras sobre conjuntura econômica nacional e do setor da Construção Civil em todo o País.
Carlos Cade é presidente do Sinduscon-PR, formado em engenharia civil pela Universidade Federal do Espírito Santo e fundador da empresa Oros Engenharia.
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Conheça o conceito de cidades-esponja, criado por Kongjian Yu
No dia 24 de setembro, foi confirmada a morte do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo e pai do conceito de "cidades-esponja". Ele atuava como professor na Universidade de Pequim e liderava o escritório de arquitetura paisagística Turenscape, fundado em 1998 e considerado um dos maiores do mundo.

Crédito: Turenscape
Um dos grandes pontos defendidos por Kongjian Yu, referência mundial no tema, é que a água deve ser vista como uma solução, e não como um problema, segundo Edson Villela, professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo. “Nesse sentido, a aplicação de técnicas inspiradas no conceito de cidade esponja transforma espaços urbanos — como parques em Curitiba e em outras cidades — em verdadeiros sistemas de resiliência contra enchentes, conciliando infraestrutura, meio ambiente e qualidade de vida”, afirma.
O arquiteto chinês Kongjian Yu foi um dos grandes responsáveis por difundir o conceito de cidade esponja. “Seu trabalho ganhou força após uma grande enchente na China. Ele já defendia a criação de áreas permeáveis nas cidades, mas foi somente depois desse desastre que suas propostas passaram a ser ouvidas com mais atenção. Quando os governantes percebem resultados concretos e positivos — seja na China, no Brasil ou em outros países — eles tendem a adotar e ampliar essas soluções, seguindo esse legado. O conceito criado por Kongjian Yu mostrou que é possível integrar arquitetura, urbanismo, engenharia e participação popular para tornar as cidades mais resilientes. Esse diálogo entre diferentes saberes foi essencial para o sucesso da ideia” destaca Villela.
O que são cidades-esponja?
De acordo com Villela, o conceito de cidade esponja é bastante abrangente. “Ele propõe soluções para lidar com a drenagem urbana — um desafio que afeta não só o Brasil, mas cidades em todo o mundo. A ideia central é reter e desacelerar o escoamento da água da chuva, que, devido à impermeabilização do solo por calçadas e construções, escoa rapidamente para os rios, aumentando o risco de enchentes. Nas cidades esponja, essa água é absorvida e armazenada temporariamente em áreas verdes, parques e bacias de retenção. Além de controlar o volume, a vegetação ajuda a filtrar e tratar a água, permitindo que ela retorne gradualmente à natureza sem causar impactos negativos”, explica.
Em Curitiba, por exemplo, muitos parques foram planejados para alagarem de forma controlada. “Quando chove muito, essas áreas funcionam como bacias de retenção: acumulam a água temporariamente e permitem que ela retorne lentamente aos rios. O arquiteto chinês Kongjian Yu, propunha justamente isso: reter a água, usá-la de maneira inteligente e criar mais pontos de permeabilidade no espaço urbano”, pontua Villela.

Crédito: Prefeitura de Curitiba
Os parques cumprem esse papel em grande escala, mas não é possível depender apenas deles. “Por isso, o conceito também envolve soluções de menor porte, como os jardins de chuva, que podem ser instalados em calçadas, ruas ou até em quintais residenciais. Esses espaços permitem que a água da chuva infiltre no solo, reduzindo o risco de alagamentos”, justifica Villela.
Outra estratégia é o uso de pavimentos permeáveis. “Eles funcionam bem em áreas menores, como estacionamentos de mercados ou pátios, permitindo que parte da água seja absorvida. Hoje já existem pavimentos feitos de cimento, borracha, fibras e até materiais reciclados. No entanto, é importante lembrar que eles têm limite de absorção: funcionam como uma esponja, que retém água até saturar”, destaca Villela.
O professor acredita que o conceito de cidade esponja precisa ser aplicado em diferentes escalas — pequenas, médias e grandes — combinando soluções como parques, jardins de chuva e pavimentos permeáveis para tornar as cidades mais resilientes às chuvas intensas.
Desafios para implantar o conceito em cidades
Do ponto de vista do poder público — que é o principal responsável pelo planejamento urbano — o primeiro obstáculo é o custo. “Grandes projetos de drenagem demandam investimentos significativos. Além disso, há o fator espaço físico: cidades consolidadas já estão ocupadas por construções, casas e edifícios, o que dificulta a implantação de soluções em larga escala”, pondera Villela.
Nesses casos, a saída está em intervenções pontuais e criativas. “Por exemplo, canteiros de avenidas, que muitas vezes são apenas faixas de concreto ou espaços com pouca vegetação, podem se transformar em áreas de absorção de água. Com planejamento urbano inovador, é possível multiplicar pequenos pontos de drenagem espalhados pela cidade, criando um efeito coletivo relevante”, sugere o professor.
No âmbito privado, também há responsabilidades. “Proprietários de casas e condomínios podem contribuir evitando a impermeabilização excessiva do solo. Muitas pessoas optam por pavimentar quintais e jardins para reduzir manutenção, mas isso aumenta o risco de alagamentos no próprio terreno. Manter áreas verdes e contato direto com a terra é fundamental para permitir a infiltração da água da chuva e reduzir a pressão sobre os sistemas de drenagem”, comenta Villela.
Assim, o conceito de cidade esponja não depende apenas de grandes obras. “Ele se constrói a partir da soma de pequenas soluções — públicas e privadas — que, juntas, formam um ecossistema urbano mais resiliente e sustentável”, opina o professor.
Curitiba e o conceito de cidade-esponja
Para Villela, um paralelo interessante pode ser feito com Curitiba. “Nos anos 1970, sob a liderança de Jaime Lerner, a cidade criou parques projetados para acumular a água da chuva e depois devolvê-la aos rios, reduzindo os riscos de enchentes. A diferença é que, enquanto o modelo curitibano focava apenas nos parques, a proposta de Kongjian Yu amplia esse raciocínio: em vez de soluções pontuais, a ideia é aplicar estratégias em múltiplas escalas, desde grandes áreas verdes até pequenos jardins e intervenções urbanas”, relata.
Lerner chamava isso de “acupuntura urbana” — pequenas transformações que geram grandes impactos no todo. “Da mesma forma, o conceito de cidade esponja mostra aos governantes que é possível enfrentar enchentes e alagamentos com soluções criativas, integradas e sustentáveis”, conclui o professor.
Entrevistado
Edson Villela é professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo, mestre em gestão urbana e doutorando em urbanismo.
Contato
Assessoria UniBrasil Centro Universitário – pauta@acciocomunicacao.com
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Concreto de subpressão garante durabilidade e segurança em obras abaixo do nível do mar
Projetar e executar uma estrutura localizada abaixo do nível do mar exige soluções técnicas de alto desempenho. Esse é o caso de um empreendimento de altíssimo padrão localizado na praia de Jurerê Internacional, região norte de Florianópolis (SC), onde foi adotada a solução do uso de lajes de subpressão, com apoio técnico da Concrebras. O objetivo era ampliar o número de vagas de garagem, preservando a segurança da estrutura.

Crédito: Divulgação/CFL
O empreendimento, localizado de frente para o mar, possui apartamentos que variam de 182 a 976 metros quadrados e quase 88 mil metros de área construída. Mais do que atender às necessidades de conforto e estética, a solução técnica aplicada na laje de subpressão garante que o subsolo, mesmo cinco metros abaixo do nível do mar, permaneça seco, seguro e conferindo a durabilidade e vida útil essenciais para o ambiente agressivo.
“Estamos abaixo do nível do mar devido à necessidade de mais vagas de garagem. O grande desafio da laje de subpressão é conseguir controlar o grande volume de água que verte do solo constantemente. Além disso, precisamos garantir a total vedação do sistema, conhecido como conceito casco de navio”, explica Francisco Ferreira, coordenador de obras da CFL Empreendimentos.
A solução adotada incluiu o uso de parede diafragma, instalação de ponteiras filtrantes e o desenvolvimento de um traço especial de concreto aditivado com cristalizante, capaz de selar fissuras e proteger contra a ação agressiva do ambiente marinho.
Concreto especial para resistir à pressão hidrostática

Crédito: Acervo pessoal/Francisco Ferreira
Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, a laje de subpressão deve ser projetada para resistir à pressão hidrostática, garantindo total impermeabilidade. “A utilização do cristalizante é fundamental para uma estrutura como a laje de subpressão, pois, em conjunto com os ligantes previamente dimensionados, resiste a altas pressões hidrostáticas, possui capacidade de auto-cicatrização de fissuras até 0,4 mm, resiste a ataques químicos, reduz a penetração de cloretos e protege contra sulfatos”, detalha.
O empreendimento demandou cerca de 450 m³ de concreto apenas na primeira fase da concretagem, volume equivalente a 56 caminhões. Além da formulação específica do traço, outro diferencial foi o acabamento do piso com polimento, realizado em até seis horas após a concretagem, atendendo às restrições de ruído do entorno.
Expertise e inovação à beira-mar
Construir em regiões costeiras exige atenção redobrada quanto à agressividade ambiental. Nesse cenário, a Concrebras se destaca pela capacidade de desenvolver projetos personalizados em parceria com seus clientes. “Estamos aptos a superar os maiores desafios. Para obras próximas ao mar, os principais cuidados se referem à classe de agressividade ambiental e ao ataque de cloretos. Esses parâmetros orientam o dimensionamento necessário para assegurar a durabilidade e a vida útil do concreto, em conformidade com a ABNT NBR 6118”, afirma Esteves.
O concreto de subpressão, portanto, não se limita a resolver um desafio técnico: ele viabiliza projetos arrojados e amplia as possibilidades da construção civil em terrenos antes considerados inviáveis. Isso só é possível com tecnologia de ponta, materiais de alta performance e expertise de planejamento e execução.
Entrevistados
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Francisco Ferreira é engenheiro civil com MBA em Gerenciamento de Canteiros de obras pelo Instituto Mauá de Tecnologia e formação para Auditor Interno da Qualidade - ISO 9001 e SIAC PBQP-H 2012 pelo CTE. Atualmente, é coordenador de Obras da CFL Empreendimentos.
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jair.esteves@concrebras.com.br
francisco.ferreira@cfl.com.br
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Congresso Internacional de Patologia reúne especialistas em Madrid para debater inovação e qualidade na construção
De 24 a 26 de setembro de 2025, Madrid foi palco do XVIII Congreso Iberoamericano de Patología de la Construcción e do XX Congreso de Control de Calidad en la Construcción (CONPAT 2025). Realizado a cada dois anos, o evento é reconhecido como um dos mais importantes fóruns técnicos do setor, reunindo pesquisadores, profissionais, empresas e instituições de diversos países.

Crédito: Acervo pessoal/Roberto Christ
Com foco no controle de qualidade, na patologia e na recuperação de edificações, o congresso busca oferecer respostas cada vez mais assertivas aos desafios da construção civil contemporânea. “O objetivo do CONPAT é reunir pesquisadores, profissionais e empresas para divulgar avanços científicos e tecnológicos, trocar experiências e promover a integração internacional, estimulando inovação e sustentabilidade”, explica Roberto Christ, presidente da ALCONPAT Brasil.
Ênfase em novas tecnologias e sustentabilidade
A edição de 2025 teve como destaque a análise das melhores estratégias e tecnologias aplicadas ao setor de construção e reabilitação, com a apresentação de estudos de caso, minicursos e conferências de alto nível.
Christ ressalta que a patologia das construções não deve ser vista apenas como o estudo dos problemas. “É fundamental compreender as causas das falhas para preveni-las ou mitigá-las. Novas ferramentas estão sendo desenvolvidas justamente para identificar com mais precisão as origens e propor soluções eficazes”, afirma.
Entre as inovações em debate, está o concreto de ultra alto desempenho (UHPC), tema da palestra de Christ. Segundo ele, o material se diferencia por sua resistência mecânica elevada, baixa permeabilidade e longa durabilidade, possibilitando seções estruturais mais esbeltas, redução de manutenção e maior vida útil.

Crédito: Envato
ALCONPAT Internacional: avanços e parcerias
O congresso também representou uma oportunidade para avaliar os resultados da atual gestão da entidade. O presidente da ALCONPAT Internacional Enio Pazini Figueiredo apresentou a conferência “Gestión 2022-2025: logros, futuro y agradecimientos”, destacando conquistas institucionais e a expansão da rede de associações nacionais.
“Entre os avanços estão a refundação de capítulos nacionais que estavam inativos, a entrada de novas empresas mantenedoras, além da parceria com a FICEM (Federação Interamericana de Cimento), que já resultou em cursos de capacitação. Também consolidamos atividades como os cursos de educação contínua, webinars e publicações técnicas, fortalecendo a rede de conhecimento na Iberoamérica”, afirma Figueiredo.
Perspectivas para o futuro da construção
A programação do CONPAT 2025 incluiu apresentações de trabalhos científicos, minicursos especializados e palestras de referência, além de pesquisadores de diversos países. Mais do que um encontro acadêmico, o congresso se firma como espaço estratégico para pensar o futuro da construção. “Estamos falando de um fórum internacional que promove o intercâmbio de inovação, conhecimento e práticas sustentáveis, oferecendo ao setor caminhos para aumentar a durabilidade e a qualidade das edificações em todo o mundo”, conclui Christ.
Entrevistados
Roberto Christ é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), mestre e doutor em Engenharia Civil pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da mesma universidade. Atualmente é professor do curso de Engenharia Civil da Unisinos. Professor pesquisador na Universid de la Costa (Colômbia). Coordenador do Instituto Tecnológico Desempenho para Construção Civil (Itt Performance), onde desenvolve e orienta avaliações de desempenho de sistemas e métodos construtivos inovadores. Coordena o curso de especialização "Patologia e Perícia das Edificações" da Unisinos. É Presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções - Alconpat Brasil.
Enio Pazini Figueiredo é graduado em Engenharia Civil, possui especialização em Patologia das Construções pelo Instituto Eduardo Torroja/Espanha, Mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Doutor em Engenharia de Construção Civil e Urbana pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1994), em Sandwich com o Instituto Eduardo Torroja/Espanha e a Aston University/Inglaterra, e Pós-Doutor na Norwegian University of Science and Tecnhology, Trondheim, Noruega. Atualmente é presidente da ALCONPAT Internacional e 2º Vice-Presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON).
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Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Tendência do mercado short stay atrai investidores
O mercado de short stay, ou locações de curta duração, está crescendo rapidamente e se apresenta como uma opção interessante para quem busca diversificar seus investimentos em imóveis.
De acordo com o ranking MySide Melhores Cidades para Investir em Imóveis©, as cidades com maior estimativa de retorno em investimentos para short stay são Itapema (SC), com rentabilidade de 17% ao ano; Vila Velha (ES), com 16,3% ao ano; e Balneário Camboriú (SC), com 15,9% ao ano.
Em Curitiba, o mercado de short stay segue em alta. Entre 2015 e 2024, as vendas de estúdios e apartamentos compactos tiveram um crescimento de 210%, atraindo investidores que enxergam na cidade uma oportunidade promissora para aquisição de imóveis, segundo dados da Brain Inteligência Estratégica.
O Mapa das Construtechs & Proptechs 2025, da Terracota Ventures, aponta a consolidação de novos modelos de negócios a partir da combinação de diferentes tendências, como copropriedade urbana, studios e serviços. Esses formatos estão impulsionando novas experiências de habitação e uso, oferecendo serviços sob demanda e modelos de investimento que incorporam o conceito de multipropriedade no contexto do short stay corporativo.
Além disso, o Mapa das Construtechs & Proptechs 2025 destaca que a construção offsite para o mercado de short stay vêm se consolidando como tendência crescente. “Existem 45 empresas no Brasil focadas no desenvolvimento de construção offsite voltada à operação de imóveis para locação de curta estadia”, informa o documento.
Benefícios e desafios

Crédito: Divulgação/MBigucci
Para os proprietários de imóveis, o retorno financeiro do short stay é geralmente uns 40% a 50% a mais do que a locação convencional, segundo Marcelo Bigucci, diretor de marketing e locação da MBigucci. “Isso já corresponde ao lucro líquido. No entanto, existe o risco de períodos sem locação e o transtorno da operação: manutenção do imóvel, gestão de check-in e check-out, além das comissões pagas às plataformas. Ainda assim, de forma geral, a locação em short stay pode render, dependendo da localização, até 50% a mais em comparação a outros formatos”, explica Bigucci.
Para Fábio Inthurn, CEO da Lotisa, o perfil do consumidor está mudando e isso tem incentivado o mercado de short stay. “Há um número cada vez maior de pessoas morando sozinhas, famílias menores e os chamados nômades digitais, além de estudantes universitários e executivos que buscam um estilo de vida sustentável, prático, com conforto e de alta qualidade. Temos percebido também uma alta de investidores conectados a este cenário que buscam opções seguras e confiáveis para investir com a possibilidade de locação e excelente liquidez, além da valorização do imóvel em si, acima da média”, destaca.
Do ponto de vista do cliente final, o mercado de short stay se tornou atrativo porque passou a contar com plataformas digitais confiáveis. “Hoje elas trazem preços mais acessíveis do que a hospedagem tradicional em hotéis. Além do custo, há também a experiência: em vez de um quarto de hotel, o viajante se hospeda em apartamentos ou casas, com cozinha, pia e outros recursos que proporcionam a sensação de estar em casa. Esse diferencial tem sido um dos grandes atrativos do segmento”, comenta Bigucci.
Mas este mercado também traz alguns riscos. “Um dos maiores problemas é investir em um imóvel que não tem demanda. Por isso, é preciso fazer uma análise minuciosa deste investimento”, declara Bigucci. Com relação à legislação, o diretor de marketing e locação da MBigucci aconselha verificar se a cidade em questão permite a realização do shortstay, bem como se a convenção do condomínio possibilita esta modalidade.
Construtoras apostando no formato shortstay
Em diversas cidades, as construtoras já estão de olho na tendência e construindo edifícios já pensando no formato shortstay. Em Itajaí (SC), o Lotisa Downtown é o primeiro prédio da cidade com serviço on demand, com gestão da Housi, startup pioneira em moradia por assinatura. Com estúdios de 40 m² a 50 m², o empreendimento valoriza bastante a área comum, trazendo lavanderia automatizada até adega compartilhada.
Em Belo Horizonte, o edifício Hércules também tem este mesmo perfil. Ele terá unidades de 1 ou 2 quartos, com metragens que podem variar entre 35 e 98 m². Nele, todas as unidades terão o mesmo acabamento e decoração, garantindo a padronização dos serviços. Também oferece uma série de comodidades, como academia, 3 espaços gourmet, piscina, lavanderia, coworking, espaço gourmet, além de facilidades como wi-fi nas áreas comuns.
A construtora MBigucci também tem trabalhado com imóveis neste formato. “Temos quatro empreendimentos no modelo shortstay. Todos eles estão atendendo nossas expectativas e a gente está com quase a ocupação máxima em todos eles. Temos uma parceria com uma empresa que faz o gerenciamento das estadias”, conta Bigucci.
Entrevistados
Marcelo Bigucci é diretor de marketing e locação da MBigucci.
Fábio Inthurn é CEO da Lotisa.
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Pavimento de concreto se torna alternativa sustentável para rodovias
Mais durável, seguro e ambientalmente responsável, o pavimento de concreto vem se consolidando como alternativa sustentável para a infraestrutura viária. De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), sua vida útil é significativamente maior que a do pavimento flexível, além de diminuir as intervenções de manutenção, o que reduz congestionamentos e o consumo de combustíveis.
A superfície clara contribui ainda para reduzir em cerca de 5 °C a temperatura ambiente, proporcionando mais conforto térmico, enquanto o desempenho técnico garante até 40% menos distância de frenagem, aumentando a segurança nas estradas. Ainda segundo a ABCP, ele é reciclável ao fim da vida útil e aliado a processos como o coprocessamento de resíduos, o que faz com que ele reúna vantagens que o tornam um material ecoeficiente e estratégico para o futuro da mobilidade.
Veja como está o panorama do uso de pavimentos de concreto, os desafios e oportunidades:
Custos: pavimento de concreto x pavimento flexível
De acordo com Dejalma Frasson Junior, gerente da regional Sul da ABCP, no início dos anos 2000 o pavimento de concreto ainda apresentava custo bem mais elevado em comparação ao flexível. “A base do pavimento de concreto é o cimento, enquanto o pavimento flexível é formado pelo CAP — Cimento Asfáltico de Petróleo — misturado à areia, pedra e brita resultando no Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Ocorre que, nos últimos 15 a 20 anos, o CAP sofreu aumentos expressivos, principalmente em função da variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo, o que impactou diretamente o valor final do CBUQ”, explica.

Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN
Segundo Frasson Junior, não se trata de uma queda no preço do concreto, mas de um encarecimento do CBUQ, o que acabou tornando a solução em concreto mais competitiva. “Hoje posso afirmar com segurança que boa parte das obras projetadas no Brasil já considera o pavimento de concreto como alternativa viável, seja em novas implantações ou em restaurações, por meio do sistema whitetopping”, afirma.
Sobre a diferença de custos entre os dois materiais, o gerente da regional Sul da ABCP destaca que não há um percentual fixo. “Muitos perguntam se o pavimento de concreto é tantos por cento mais barato que o pavimento flexível, mas cada caso precisa ser analisado individualmente. O orçamento depende de fatores como equipamentos disponíveis, mão de obra, tipo de solo, entre outros. O que podemos dizer com segurança é que, se antes o pavimento de concreto não era uma realidade, hoje já é”, conclui.
Paraná e Santa Catarina na vanguarda do pavimento de concreto
Frasson Junior destaca que os estados do Paraná e de Santa Catarina têm avançado na adoção do pavimento de concreto. “O Paraná hoje é o governo que mais executa obras nesse sistema. São mais de 500 quilômetros de projetos e frentes de trabalho em andamento. Santa Catarina também acompanha esse movimento, com importantes obras em execução”, afirma.
Para o gerente da ABCP, o diferencial está no caráter de continuidade das iniciativas. “Não se trata de um projeto de governo, mas de Estado. Em Santa Catarina, por exemplo, mesmo com a troca de governador, os projetos foram mantidos, licitados e estão sendo tocados”, explica.
Frasson Junior também cita o Distrito Federal, que segue a mesma linha, e ressalta a importância do apoio federal. “O mais relevante é que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão máximo de infraestrutura de transportes do país, tem participado ativamente de eventos da ABCP. Hoje, apenas 2% das rodovias federais são pavimentadas em concreto, mas se o DNIT já enxerga a importância dessa solução, é natural que os estados sigam esse caminho”, avalia.
Adoção em larga escala
Segundo Dejalma, a adoção em larga escala do pavimento de concreto no Brasil ainda deve levar tempo. “Uma obra tem uma gestação longa. Ela começa na concepção da ideia, passa pelo estudo de viabilidade, depois pelos projetos rodoviários, que podem levar de dois a três anos, segue para a licitação e só então chega à execução. Estamos falando de um ciclo que pode variar de sete a dez anos”, explica.
Por isso, a transição deve ser gradual. “A mudança para o pavimento de concreto ainda vai levar de dez a quinze anos para ser percebida de forma mais ampla no Brasil”, avalia.
Gargalos na adoção do pavimento de concreto
De acordo com o gerente da regional Sul da ABCP, para expandir o uso do pavimento de concreto no Brasil, é preciso atualizar e aprimorar os processos técnicos e financeiros. “Precisamos trabalhar de forma mais clara e revisar as especificações de projetos e execução, além das planilhas de custos, que estão surgindo com novos materiais e tecnologias. A inclusão de fibras, por exemplo, é uma inovação que pode melhorar o desempenho técnico e gerar reflexos positivos no custo final”, afirma.
Ele destaca ainda outros gargalos que precisam ser superados. “A liberação do tráfego é um ponto crítico, assim como a modernização dos equipamentos. Resolver essas questões é fundamental para tornar o pavimento de concreto mais competitivo e eficiente”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.
Pavimento de concreto nas faculdades
Para Frasson Junior, o ensino sobre pavimento de concreto nos cursos de graduação ainda é incipiente. “Muitos colegas da ABCP lecionam em faculdades, mas acabam focando mais em cursos de especialização. Com a mudança de postura do Dnit, porém, cada vez mais universidades estão reavaliando seus currículos”, afirma.
Ele compara o ritmo da educação com o das obras. “Assim como as obras levam alguns anos para se tornar realidade de forma significativa, acredito que a introdução do pavimento de concreto nos cursos de graduação também levará tempo. Mas, à medida que o mercado demanda, creio que logo as universidades começarão a incluir esse tema nas graduações”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.
Entrevistado
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Edificações, Gestão Empresarial, Tecnologia do Concreto e Engenharia Rodoviária. Foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, é gerente da regional Sul da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Pesquisa brasileira avalia uso de resíduos de construção e demolição como materiais cimentícios suplementares

Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal
A indústria do cimento é responsável por aproximadamente 7% a 8% das emissões globais de CO₂, principalmente devido à produção de clínquer. Nesse contexto, a incorporação de Materiais Cimentícios Suplementares (MCS) representa uma das estratégias mais eficazes para reduzir a pegada de carbono do setor, sem comprometer o desempenho das matrizes cimentícias.
Um estudo conduzido na Universidade Federal do Paraná (UFPR) pela pesquisadora Dra. Dayana Ruth Oliveira Pruner, com orientação do professor Dr. José Marques (UFPR) e da professora Dra. Edna Possan (UNILA), analisou o uso de pós provenientes de resíduos de construção e demolição (RCD) como MCS. Trata-se da primeira pesquisa de doutorado no Brasil a avaliar sistematicamente o comportamento da fração fina dos RCDs em substituição parcial ao clínquer.
Potencial dos resíduos de construção e demolição
Os RCDs são formados por concreto, argamassas, tijolos, telhas e outros elementos, e sua composição pode variar conforme a origem. Estudos indicam que cerca de 80% da massa desses resíduos é composta por concreto e cerâmica, o que confere elevado potencial de reaproveitamento.
Segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), o Brasil gerou 44 milhões de toneladas de RCD em 2024, o que corresponde a cerca de 208 kg por habitante/ano. Atualmente, a destinação ocorre majoritariamente em aterros ou descartes irregulares. Para a pesquisadora, isso representa um desafio, mas também uma oportunidade. “Estamos transformando um passivo ambiental em um insumo de valor técnico, com impacto direto na durabilidade e sustentabilidade das matrizes cimentícias”, afirma Dayana.

Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal
Reatividade e desempenho técnico
O pó de RCD contém fases parcialmente hidratadas e resíduos de cimento ainda ativos. Durante a moagem, obtém-se uma fração fina capaz de apresentar atividade pozolânica ou hidráulica. Quando adicionada ao cimento Portland, essa fração reage em meio alcalino, promovendo a formação adicional de C-S-H e aumentando resistência e durabilidade.
“O aproveitamento dos RCDs como materiais cimentícios suplementares contribui não apenas para a redução significativa das emissões de CO₂, mas também para a valorização de resíduos em uma lógica de economia circular. Além disso, promove ganhos técnicos importantes, como durabilidade e desempenho mecânico, resultando em matrizes cimentícias mais sustentáveis”, explica a pesquisadora. Por essa pesquisa, Dayana foi premiada em primeiro lugar como a Melhor Tese de Doutorado de Materiais no 65º Congresso Brasileiro do Concreto (IBRACON), ocorrido em 2024.
Assim como outros MCS já normatizados, a exemplo da sílica ativa, cinzas volantes e escórias granuladas de alto-forno, os pós de RCD podem ser aplicados em cimentos compostos, concretos convencionais, argamassas e pré-moldados. O uso amplia a economia circular do setor, além de reduzir custos associados ao transporte e destinação de resíduos.
O trabalho também se destacou pela resiliência na execução. Em 2021, com os laboratórios fechados devido à pandemia, a pesquisadora montou um espaço experimental improvisado em sua residência. “Transformei a cozinha da casa da minha mãe em laboratório. Com apoio da família, conseguimos realizar ensaios durante meses e avançar na etapa experimental do doutorado”, relembra.

Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal
Novas linhas de pesquisa
Atualmente, o grupo de pesquisa CO2 Construction da Unila avança em estudos complementares voltados ao aumento da eficiência dos RCDs como materiais cimentícios. A Doutora Kathellen Dall Bello de Souza Risson, investiga o tratamento dos pós de RCD com emprego da tecnologia de captura e estocagem de carbono, enquanto a pesquisadora Ma. Melissa Pastorini Proença estuda o uso de bioaditivos para ampliar o potencial de aplicação desses resíduos. Essas estratégias consolidam o papel dos RCDs como insumos de baixo carbono, alinhados à descarbonização e à sustentabilidade da indústria cimenteira.
O estudo comprova que a utilização dos resíduos de construção e demolição como materiais cimentícios suplementares é tecnicamente viável e ambientalmente estratégica. Além de reduzir as emissões de CO₂, a prática contribui para aumentar a vida útil das estruturas e para consolidar a economia circular na construção civil.
A pesquisa abre espaço para que a indústria nacional adote soluções inovadoras e de baixo impacto ambiental, alinhando desempenho técnico e sustentabilidade em escala global. “A utilização de resíduos como MCS é uma solução concreta para reduzir a pegada de carbono da cadeia do cimento e diminuir o consumo de matérias-primas não renováveis”, conclui.
Entrevistada
Dayana Ruth Oliveira Pruner é graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestra e doutora em Engenharia Civil pela mesma faculdade e pós-doutora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). É Professora do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) em cursos de Graduação e Pós-graduação. É servidora pública na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu exercendo o cargo de Engenheira Civil na Secretaria de Planejamento Urbano. Foi coordenadora do curso de graduação em Engenharia Civil da Faculdade Educacional de Medianeira (UDC Medianeira) por 5 anos. Atua na área de construção civil, construção enxuta, logística nos canteiros de obras, gestão e gerenciamento de obras, segurança do trabalho, patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente. Tem experiência na área de Engenharia, com ênfase em durabilidade, empacotamento de partículas, emissões e captura de CO2, aproveitamento de resíduos sólidos, sustentabilidade da construção, economia circular e ecoeficiência.
E é acima de tudo, mamãe do Levi, com sete meses!
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