Concreto impulsiona avanço da energia eólica offshore
Com ventos constantes e águas rasas na faixa litorânea, o Brasil desponta como um dos países com maior potencial para o desenvolvimento da energia eólica offshore. A combinação entre recursos naturais favoráveis e inovação tecnológica tem colocado o país em posição estratégica para avançar nesse segmento — e o concreto ocupa papel de protagonista nesse movimento.
Segundo Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia, o país reúne condições únicas para a instalação de turbinas em alto-mar.
“A exemplo do que acontece no setor onshore, as jazidas de vento no litoral brasileiro são de excelente qualidade. Não há tanta turbulência, e a constância dos ventos é muito melhor. O Brasil tende a ser um excelente país para a energia offshore, mesmo ela sendo mais cara que a onshore. São coisas distintas, mas temos que encarar como alternativas complementares para a geração de energia — e nos preparar o quanto antes”, afirma.

Crédito: Elisa Project | Esteyco
Azevedo destaca que, principalmente no Rio Grande do Norte e no Ceará, as condições geográficas favorecem a implantação de parques eólicos próximos à costa.
“O que encontramos no Brasil são águas rasas, entre três e cinco quilômetros da costa, com profundidade média de 13 a 20 metros. Isso permite que a instalação de uma turbina eólica offshore aqui seja cerca de 40% mais barata do que em qualquer outro lugar do mundo. É um diferencial competitivo que pode fazer com que o custo de geração de energia offshore no país esteja entre os menores do planeta”, sugere.
Tecnologia Elisa e o uso do concreto
A Dois A Engenharia, em parceria com o Senai, vem desenvolvendo protótipos com tecnologia Elisa, sistema que utiliza torres telescópicas de concreto e permite construir grande parte da estrutura em dique seco, no continente — reduzindo a necessidade de operações complexas no mar.
“O grande diferencial do sistema Elisa é que toda a fundação é produzida na terra. Produzimos, concretamos e montamos a torre diretamente na base, ainda em ambiente controlado. Depois, a estrutura flutua até o ponto de instalação e é submersa no local definitivo. Tudo é preparado no continente, dispensando o uso de grandes rebocadores e navios de alto custo”, explica Azevedo.
Esse processo, além de reduzir riscos e custos logísticos, aumenta o conteúdo local, já que depende menos de equipamentos importados, segundo Azevedo.
“O uso do concreto e a execução em dique seco permitem um projeto com muito conteúdo local. Fizemos esse acordo com o Senai justamente para viabilizar um modelo inovador, com dois protótipos sendo construídos próximo ao Porto Ilha, no Rio Grande do Norte.”
A torre telescópica também contribui para a estabilidade e facilita a instalação. Durante o transporte e a montagem, o centro de gravidade é mantido baixo, o que reduz o balanço da estrutura. O sistema pode ser monitorado remotamente, garantindo segurança e precisão em todas as etapas.
“Essa tecnologia dispensa navios de içamento pesado, o que elimina restrições ligadas à disponibilidade e às regras de uso de embarcações estrangeiras. É um avanço essencial para a escalabilidade da próxima geração de turbinas eólicas de grande porte”, acrescenta o executivo.
Perspectivas e desafios
Apesar do potencial, o setor de energias renováveis no Brasil enfrenta desafios conjunturais. Segundo o CEO da Dois A Engenharia, o sistema nacional sofre hoje com superoferta de energia, principalmente pela expansão da geração solar distribuída, e limitações de transmissão entre o Nordeste e as regiões Sul e Sudeste.
“Temos um problema de escoamento. O Brasil desenvolvido, industrializado, está no Sul e no Sudeste, e não conseguimos mandar toda a energia produzida no Nordeste para essas regiões. Isso tem gerado um desequilíbrio enorme no sistema interligado nacional”, pontua Azevedo.
Para ele, a solução passa por incentivar a industrialização no Nordeste e criar alternativas locais de consumo de energia, como data centers, sistemas de armazenamento e projetos híbridos que combinem diferentes fontes de geração.
“O Brasil desenvolveu uma tecnologia de concreto, fundação e execução de parques eólicos que é referência e até copiada em outros países. As fundações de concreto brasileiras são cada vez mais otimizadas, e acreditamos que essa solução é superior às metálicas, especialmente porque permite alcançar alturas maiores, entre 120 e 150 metros, onde estão os ventos de melhor qualidade.”
Na avaliação de Azevedo, a tecnologia 100% em concreto também se adapta melhor às condições locais.
“Para o ambiente salino brasileiro e para as águas rasas do nosso litoral, o concreto é a solução mais adequada. Além disso, os ventos offshore do país têm um fator de capacidade altíssimo, possivelmente entre os melhores do mundo. Isso nos dá confiança de que estamos no caminho certo”, conclui.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=y1HaokUSulw
Fonte
Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia.
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Ultrassom acelera resistência e reduz emissões de CO₂ no concreto
A busca por concretos mais sustentáveis e aumento de produtividade tem levado pesquisadores a explorar novas fronteiras tecnológicas — e uma das mais promissoras vem das ondas sonoras. A aplicação da tecnologia ultrassônica na produção do concreto vem mostrando resultados surpreendentes ao acelerar o ganho de resistência e reduzir a emissão de CO2. É o que mostra o estudo conduzido por Ricardo Couceiro Bento, professor da PUC Minas, que acaba de concluir seu doutorado sobre o tema em parceria com uma startup alemã especializada, a Sonocrete.

Crédito: Sonocrete
“O ultrassom é utilizado para gerar cavitação — a formação e o colapso de microbolhas em uma suspensão líquida. Quando essas bolhas implodem, elas liberam energia suficiente para alterar a microestrutura do cimento”, explica o professor. “Isso cria novas superfícies ativas, favorecendo a hidratação e, consequentemente, o ganho de resistência nas primeiras horas do concreto”, completa Bento.
Pesquisa na Alemanha
A pesquisa começou de forma curiosa. “Vi uma publicação alemã sobre o tema, fui ler e me encantei. Entrei em contato com uma pesquisadora de lá, comecei a estudar por conta própria e, algum tempo depois, fui convidado para participar das pesquisas presenciais”, conta Bento. O projeto envolveu enviar amostras de cimento CP V produzido no Brasil para a Alemanha, onde foram realizados ensaios comparativos entre concretos convencionais, tratados termicamente e tratados com ultrassom.
Como funciona a tecnologia?
O princípio físico é simples, mas os efeitos são intensos. O ultrassom, ao ser aplicado em uma suspensão de cimento e água, provoca microimplosões que geram altas temperaturas e pressões localizadas, produzindo ondas de choque e jatos líquidos. Esse processo fragmenta partículas, ativa superfícies reativas e aumenta os pontos de nucleação, onde se formam os produtos de hidratação responsáveis pela resistência do concreto — principalmente o silicato de cálcio hidratado (CSH).
“O que observamos é que o ultrassom adianta a reação química, sem alterar seu curso. O pico de calor de hidratação acontece mais cedo, e a resistência inicial cresce rapidamente. Isso é essencial para a indústria de pré-fabricados, que depende da desforma rápida das peças”, explica o pesquisador.

Crédito: Sonocrete
Resultados: 75% mais resistência em 8 horas
Nos ensaios realizados na Alemanha, o concreto tratado com ultrassom apresentou resistência à compressão 75% maior nas primeiras oito horas, em comparação ao convencional. Após dez horas, o ganho ainda era de 27%. “Isso significa poder desformar mais rápido ou, alternativamente, reduzir o consumo de cimento mantendo o mesmo tempo de produção”, diz Bento.
Aos 28 dias, a resistência final caiu levemente — cerca de 6% inferior à do concreto de referência. “A hipótese é que a hidratação acelerada recobre mais rapidamente as partículas de cimento, o que pode limitar reações posteriores. Mas isso não compromete o desempenho final, considerando que o objetivo é o ganho rápido nas idades iniciais”, explica.
Aplicação industrial e ganhos ambientais
A tecnologia pode ser integrada às plantas de pré-fabricação sem grandes alterações. “É um sistema bypass: parte da água e do cimento é separada e tratada com ultrassom, depois reintegrada à mistura. O equipamento ocupa cerca de 6 m² e tem 5 metros de altura”, detalha o professor. O processo consome de 1,5 a 2 kWh por metro cúbico de concreto — um custo considerado baixo.
Na Alemanha, onde 70% da produção de concreto é pré-fabricada, os resultados já são expressivos. Segundo dados da Sonocrete, é possível alcançar redução de até 30% no consumo de cimento e, consequentemente, nas emissões de CO₂ incorporadas ao produto final. “Em uma planta que produz 35 mil m³ de concreto por ano, isso representa até 3,2 mil toneladas a menos de clínquer consumido”, destaca Bento.
Perspectivas para o Brasil
Embora o custo inicial da tecnologia ainda seja elevado — cerca de duas vezes o valor de uma planta convencional —, o professor acredita que a tendência é de redução conforme o avanço da adoção. “Como toda inovação, começa cara. Mas o potencial de economia de cimento, aumento de produtividade e ganhos ambientais justificam o investimento”, afirma.
O pesquisador também ressalta que a adoção no Brasil deve começar pelo setor de pré-fabricados, mais sensível a ganhos de produtividade. “É perfeitamente viável aqui. A tecnologia está madura e o país tem um potencial enorme de aplicação”, conclui Bento.
Fonte
Ricardo Couceiro Bento é engenheiro civil, projetista de estruturas de concreto armado e fundações, pós-doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, Mestrado Profissional em Habitação: Planejamento e Tecnologia pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), e professor da PUC Minas.
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Industrialização do concreto conquista espaço como ferramenta que alia estética, tecnologia e desempenho
Os pré-fabricados de concreto deixaram de ser vistos apenas como elementos estruturais padronizados. Hoje, representam versatilidade, precisão e design. A industrialização desse material abriu caminho para projetos mais ousados, com geometrias complexas, fachadas personalizadas e soluções que unem estética e desempenho.

Crédito: Divulgação/Sidonio Porto
Segundo Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), o setor vive um salto tecnológico. “O uso de concretos de alto desempenho e autoadensáveis, aliado à protensão e à automação das fábricas, trouxe liberdade criativa e sustentabilidade. Reduzir o peso dos elementos e avançar para edifícios mais altos tem sido fundamental para o crescimento do setor”, afirma.
Essa industrialização permite um nível de detalhamento antes inviável em obras convencionais, já que o processo fabril garante precisão milimétrica e acabamento de qualidade. Além disso, o uso de tecnologias como BIM integrado à produção e rastreabilidade por QR Code reforça o controle de cada etapa — da compra de insumos à montagem final no canteiro.
Estética aliada à técnica
Para o arquiteto Márcio Porto, do escritório Sidonio Porto Arquitetos Associados, os pré-fabricados se tornaram também uma ferramenta estética poderosa. “Nos projetos da Petrobras, em Macaé e Vitória, exploramos ao máximo o potencial plástico do concreto. Os painéis de fachada foram desenhados peça a peça, com variações de forma, textura e função, sem limitações impostas pelo sistema construtivo”, explica.

Crédito: Divulgação/Sidonio Porto
A liberdade criativa vem acompanhada de precisão e funcionalidade. “A industrialização permite criar fachadas sofisticadas, com acabamentos já saindo da fábrica, sem comprometer o prazo nem o orçamento. É o casamento perfeito entre beleza e racionalidade construtiva”, afirma o arquiteto.
Projetos como o Centro de Treinamento do Comperj e o Instituto Bola Pra Frente, ambos no Rio de Janeiro, ilustram bem esse conceito. No primeiro, todas as peças — pilares, vigas, lajes e fechamentos — foram pré-fabricadas, otimizando tempo e eliminando desperdícios. Já no segundo, a combinação entre concreto e estrutura metálica resultou em um edifício social de rápida execução e forte expressão arquitetônica.
Eficiência, sustentabilidade e novos usos

Crédito: Divulgação/Sidonio Porto
Além da estética, a industrialização do concreto oferece ganhos reais e significativos em produtividade, previsibilidade e sustentabilidade. “Há obras em que a redução de resíduos chega a 80% em relação ao sistema convencional”, destaca Íria Doniak. “A precisão dimensional elimina retrabalhos e garante qualidade superior, o que também impacta positivamente nos custos e no desempenho ambiental das construções”, complementa.
A presidente da Abcic lembra que o setor também se beneficia da redução do prazo de obra — já que a produção das peças ocorre em paralelo à execução das fundações — e de um canteiro mais limpo e seguro, com menos operários e menos entulho.
De acordo com dados da entidade, os pré-fabricados estão ganhando espaço em segmentos variados: edifícios comerciais e residenciais, galpões logísticos, centros de dados e obras de infraestrutura. Essa expansão é resultado da crescente busca por produtividade e da necessidade de diminuir o impacto ambiental e o consumo de recursos naturais.
Caminho aberto para a descarbonização e a inovação
Com a adoção crescente dos pré-fabricados, a arquitetura contemporânea ganha um novo aliado na criação de obras autorais e sustentáveis. “A construção industrializada permite uma arquitetura flexível, que pode ser desmontada e adaptada no futuro. Isso é pensar em estética e função com responsabilidade”, resume Márcio Porto.
Para Íria Doniak, o avanço da industrialização é também um caminho para a descarbonização e a inovação contínua. “O concreto pré-fabricado de hoje é tecnológico, leve, rastreável e cada vez mais sustentável. É a prova de que eficiência e beleza podem e devem caminhar juntas”, conclui.
Entrevistados
Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto).
Marcio Porto é graduado em Arquitetura pela Universidade Mackenzie, mestre e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/USP, professor da Universidade Mackenzie e sócio-diretor do escritório Sidonio Porto Arquitetos Associados.
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Sustentabilidade torna-se o padrão do público investidor e redefine empreendimentos no Brasil
O conceito de sustentabilidade na construção civil ultrapassou o discurso e passou a ser uma prática fundamental para quem projeta, constrói e habita. De acordo com Nilson Sarti, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o movimento é reflexo direto da mudança de mentalidade do consumidor e da própria evolução técnica do setor.

Crédito: Wagner Melo
“Sustentabilidade é um caminho sem volta. Hoje, quem compra um imóvel quer bem-estar, conforto térmico, ventilação e economia de energia e água”, afirma.
A pandemia acelerou essa conscientização. “Quem morava em edifícios sem tecnologias sustentáveis percebeu o quanto isso pesa no bolso e no conforto. Hoje o público quer viver em paz dentro de casa, e isso passa por projetos mais inteligentes e eficientes”, acrescenta.
Além disso, a percepção dos compradores também mudou. “O cliente entende que investir em um imóvel sustentável é investir em qualidade de vida e economia no longo prazo. E isso influencia não só a venda, mas também a revenda, uma vez que imóveis verdes têm maior valorização e menor vacância”, observa.
Segundo ele, os empreendimentos mais sustentáveis são mais baratos de operar e valorizam mais na revenda. “Em cidades como Salvador, já existem incentivos de IPTU e outorga verde para quem adota práticas sustentáveis”, cita.
Certificações ambientais em ascensão
A busca por selos verdes, como o GBC Condomínio, GBC Life e GBC Biodiversidade, tornou-se uma das principais ferramentas de valorização imobiliária. Segundo Sarti, a certificação é a “prova concreta” de que o empreendimento entrega mais eficiência e qualidade de vida.

Crédito: Wagner Melo
“Assim como os eletrodomésticos têm selo de eficiência energética, os imóveis também precisam mostrar que consomem menos e impactam menos o meio ambiente. Isso é algo que o comprador entende e valoriza”, explica.
Esses selos não se restringem mais apenas ao alto padrão. A CBIC observa a democratização da sustentabilidade, com empreendimentos populares já adotando painéis fotovoltaicos e sistemas de reuso de água. “O programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, já incorpora energia solar até nas faixas de menor renda. Isso mostra que o mercado está se ajustando à nova realidade”, complementa Sarti.
Sustentabilidade aplicada
Um dos exemplos dessa nova geração de empreendimentos é o Bossa, em Curitiba, projeto entregue pela Construtora TM3 em dezembro de 2023. Com apenas 14 unidades e três certificações ambientais (GBC Condomínio, GBC Life e GBC Biodiversidade), o edifício foi planejado para integrar eficiência, saúde e regeneração ambiental.

Crédito: Divulgação/CBIC
Segundo Lais Ito, engenheira civil da Construtora TM3, o empreendimento mostra que sustentabilidade e sofisticação podem caminhar juntas. “O Bossa gera mais de 91% da energia das áreas comuns com placas fotovoltaicas, reutiliza água da chuva, reciclou 99,9% dos resíduos da obra e usa materiais que reduzem em mais de 82% as emissões de compostos orgânicos voláteis”, explica.
O conforto ambiental foi projetado em conformidade com a NBR 15575, garantindo desempenho térmico e lumínico acima da média. “Cada apartamento conta com sensor de qualidade do ar, persianas que bloqueiam 95% da luz externa e metais eficientes que reduzem o consumo de água”, acrescenta Iago de Oliveira, consultor de sustentabilidade do projeto.
Outro diferencial está na biodiversidade urbana: 100% das espécies usadas no paisagismo são nativas, e todas as árvores são frutíferas. “Mais de 41% da área verde é composta por plantas polinizáveis, o que atrai aves e insetos e ajuda a regenerar o ecossistema local”, completa Oliveira.
Consumidor mais consciente e marcas mais fortes

Crédito: Wagner Melo
Para a CBIC, o avanço dos empreendimentos sustentáveis está transformando o mercado imobiliário brasileiro. “A sustentabilidade deixou de ser um discurso de marketing e virou estratégia de negócio”. Ela reduz custos operacionais, melhora o desempenho das edificações e cria um diferencial competitivo poderoso”, aponta Sarti.
No caso do Bossa, o retorno foi evidente. “Depois da entrega, recebemos diversos feedbacks positivos. Muitos moradores disseram que a sustentabilidade foi determinante na compra”, conta Lais Ito. “Essas certificações fortalecem a credibilidade da marca e agregam valor aos próximos lançamentos.”
Um futuro mais verde para o setor
O Brasil ainda enfrenta desafios, como ampliar a cultura de manutenção e incentivar financeiramente a construção verde, mas os avanços são visíveis. A CBIC aposta em iniciativas como o Prêmio CBIC de Sustentabilidade, que valoriza boas práticas ambientais em obras de todo o país. “Temos visto um número crescente de incorporadoras que colocam o tema no centro da estratégia. Não é apenas sobre reduzir impacto, mas sobre construir cidades mais humanas, eficientes e resilientes”, conclui.
Entrevistados
Nilson Sarti é graduado em Engenharia Civil pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), MBA em Gestão Empresarial pela FGV, Diretor da Akasa Incorporadora, atual Conselheiro e ex-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (ADEMI-BA), vice-presidente de área da CBIC e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Laís Ito é graduada em Engenheira Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com pós-graduação em Administração e Negócios e em Gerenciamento de Obra pela mesma instituição. Possui certificação Lean Six Sigma Green Belt, com experiência em gestão estratégica e melhoria contínua de processos e foco em inovação.
Iago de Oliveira é graduado em Engenharia Civil, Consultor de Sustentabilidade e Sócio da Bloco Base, escritório de projetos e consultoria para sustentabilidade, conforto e eficiência na construção civil, que atende clientes como AG7, Weefor, GT Building, Bidese, ATR, IDEE, Altma, HIEX, Hype, Neolar e Treéle.
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Ana Carvalho
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A torre impressa em 3D mais alta do mundo fica na Suíça
Em maio de 2025, a vila alpina de Mulegns, na Suíça, recebeu a Tor Alva, ou Torre Branca, o edifício impresso em 3D mais alto do mundo. Concebida como um espaço imersivo para apresentações, a torre tem 30 metros de altura (incluindo uma base existente) e abriga um teatro em forma de cúpula que se ergue acima dos telhados da vila, tornando-se um novo marco arquitetônico e cultural à região.

Crédito: Digital Building Technologies
O projeto foi realizado graças a um trabalho colaborativo e interdisciplinar, reunindo especialistas em arquitetura, engenharia estrutural, ciência dos materiais e robótica, cada um contribuindo com inovações específicas de sua área. O grupo responsável foi chamado de Digital Building Technologies (DBT) e faz parte do Institute of Technology in Architecture, da ETH Zurich. A torre foi construída em parceria com a Nova Fundaziun Origen, as construtoras Uffer Group e Zindel United, e a empresa de engenharia Conzett Bronzini Partner AG.
“A construção representa um avanço revolucionário em design computacional, fabricação digital, engenharia estrutural e ciência dos materiais, com foco na sustentabilidade. Entre suas contribuições pioneiras estão soluções inovadoras para o reforço do concreto impresso em 3D — um dos maiores desafios do setor até hoje. A Tor Alva utiliza concreto estrutural com paredes finas e de alta eficiência material, além de um sistema modular que permite a reutilização futura dos componentes”, informa o Digital Building Technologies (DBT).
O elemento central do design da torre é composto por 32 colunas únicas de concreto impresso em 3D, que sustentam os diferentes níveis do edifício e definem sua fachada, de acordo com o DBT. Essas colunas variam em forma, desde colunas largas e robustas, com 3,4 metros de altura nos andares inferiores, até colunas esbeltas e entrelaçadas no último andar atingindo 6 metros de altura.
Concreto impresso em 3D reforçado
Segundo o DBT, o concreto impresso em 3D era usado principalmente para elementos não estruturais ou com baixa demanda estrutural. “A limitação se devia à falta de normas e modelos mecânicos que considerassem as propriedades anisotrópicas do material, além da ausência de conceitos testados para integração de armaduras”, esclarece o grupo de estudo.
Pesquisas intensivas levaram ao desenvolvimento de modelos estruturais e ensaios experimentais, incluindo colunas em escala reduzida e real, além de tirantes reforçados, e o novo Ensaio de Cisalhamento Inclinado Modificado (“Modified Slant Shear Test”), que quantifica a influência das interfaces entre camadas do concreto impresso. “Esses avanços permitiram que o concreto da Tor Alva fosse reforçado com aço e protensão, garantindo comportamento mecânico semelhante ao do concreto convencional e tornando a torre o primeiro edifício de múltiplos pavimentos do mundo com concreto 3D totalmente estrutural e reforçado”, destaca o DBT.
Ao todo, a torre conta com 2.500 camadas de concreto extrudado, sendo que cada uma delas tem 10 mm de altura e 15–20 mm de largura. O tempo estimado de impressão foi de 900 horas.
Robôs em sincronia
Outro destaque é a integração automática das armaduras durante a impressão. “Dois robôs trabalham em conjunto: um extrude o concreto camada por camada, enquanto o outro posiciona o reforço entre as camadas. Após a impressão de elementos ocos de paredes finas, as armaduras longitudinais são inseridas em canais verticais e preenchidas com graute. Essa tecnologia torna a estrutura totalmente capaz de suportar cargas, com redução significativa no consumo de material em comparação às técnicas tradicionais”, esclarece o DBT.
Impressão 3D sem fôrmas e eficiente
Na impressão 3D, um braço robótico aplica finas camadas de concreto maleável de 8 mm de altura por 25 mm de largura, formando trajetórias contínuas de aproximadamente 5.000 metros por coluna. Cada coluna é composta por três filamentos: o externo com textura ornamental, o intermediário contendo o revestimento das armaduras, e o interno formando canais ocos para a armadura longitudinal principal. O método sem fôrmas e o uso preciso de material resultaram em 40% de redução no consumo de concreto.
Sustentabilidade e captura de carbono
Apesar de a pegada de CO₂ do concreto impresso em 3D ser geralmente maior que a do concreto convencional, o design da torre permite reduzir a quantidade de material usado e capturar carbono ao longo da vida útil do concreto. “Elementos mais finos absorvem CO₂ mais rapidamente, e amostras dos elementos da torre são monitoradas para acompanhar a recaptura de carbono. Para evitar problemas de durabilidade, a torre utiliza aço inoxidável, estabelecendo um novo paradigma de design sustentável com impressão 3D”, aponta DBT.
Design computacional e tecnologia digital
O projeto é totalmente gerado por código, sem desenhos manuais. “Cada detalhe é parametrizado, permitindo ajustes, visualização imersiva, simulação da fabricação e conformidade com as restrições da impressora 3D robótica. Todos os dados estão em um gêmeo digital, que coordena, simula, avalia e executa a torre sem a necessidade de planos convencionais, integrando inclusive sistemas elétricos e de iluminação”, destaca o DBT.
Circularidade e reutilização
Pensada para a economia circular, a Tor Alva possui conexões destacáveis, podendo ser desmontada após cinco anos de uso em Mulegns e remontada em outro local.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=nhylOL5SM3U&t=1s
Fonte
Digital Building Technologies - Institute of Technology in Architecture, ETH Zurich
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guala@arch.ethz.ch
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Falhas estruturais: impactos ocultos dos desabamentos e a contribuição da engenharia preventiva
Quando uma construção desaba, um teto cede ou uma ponte entra em colapso, o foco recai sobre os impactos humanos e os prejuízos financeiros imediatos. No entanto, existe uma dimensão menos visível, frequentemente mais complexa e duradoura. São os custos invisíveis ou indiretos, constituídos por perdas ambientais, danos ao patrimônio cultural, riscos à segurança de moradores, transeuntes e trabalhadores, além da perda da confiança pública na engenharia e nas instituições responsáveis pela fiscalização e garantia da integridade estrutural das construções.
Segundo o engenheiro civil Gilberto Luiz, especialista em patologia das obras civis e diretor técnico da Ad Fiducia Avaliações e Perícias de Engenharia, escondido atrás dessa primeira impressão, pode existir um custo silencioso, que às vezes é muito maior e passa despercebido. “Cada metro cúbico de concreto ou quilo de aço perdido carrega a energia gasta na extração, transporte, fabricação e descarte. O impacto ambiental é enorme e raramente é considerado”, afirma.
Esses efeitos se multiplicam quando o acidente envolve edificações históricas. “Quando a tragédia atinge um patrimônio histórico, somam-se perdas culturais irreparáveis e danos à memória coletiva”, completa o engenheiro.
Prejuízos que vão além do visível
Casos emblemáticos ajudam a dimensionar o problema. Luiz cita, por exemplo, o colapso de um galpão industrial de 5 mil m², em 2010, que interrompeu a produção de 18 centros de usinagem e causou perdas acima de US$ 30 milhões. “Esse valor ainda não inclui o impacto ambiental, as perdas culturais nem a perda de confiança pública na engenharia”, diz.
Segundo o especialista, um desabamento, mesmo de pequena escala, afeta a economia local, pode interromper o comércio e abala a segurança da população. “Desabamentos de casas e edifícios resultam no comprometimento de investimentos de vidas inteiras, além de danos psicológicos e sociais difíceis de mensurar”, explica.
Lições de tragédias que mudaram leis
Os grandes acidentes, no Brasil e no mundo, frequentemente se tornam marcos regulatórios. “Foi assim em Nova Iorque, em 1979, quando a morte de uma jovem atingida por fragmentos de fachada levou à criação do primeiro programa de inspeções periódicas de fachadas”, relembra Luiz. Mais recentemente, em 2021, o desabamento de um edifício em Miami impulsionou regras mais rígidas para prédios na Flórida.
Já no Brasil, a queda da marquise de uma loja em Porto Alegre, em 1988, motivou a criação da primeira lei de inspeção obrigatória de marquises. Já o colapso do teto da Igreja do Ouro, em Salvador, no início de 2025, reacendeu o debate sobre a preservação de templos históricos. “Cada episódio cobrou um preço alto e mostrou que a prevenção é menos custosa do que a reconstrução após a tragédia”, reforça o engenheiro.
Diagnóstico e manutenção: pilares da segurança

Crédito: Envato
Para Gilberto Luiz, evitar falhas e desabamentos não depende apenas da execução robusta de uma obra. “Tudo começa antes mesmo do concreto ser lançado nas fundações. É preciso projeto bem concebido, dimensionamento correto, materiais de qualidade e controle tecnológico rigoroso durante a execução”, enumera.
Mas o ciclo de segurança não termina na entrega. A manutenção planejada e as inspeções periódicas são indispensáveis para acompanhar a degradação natural dos materiais e impedir que pequenas fissuras evoluam para colapsos. “Conversar com as estruturas é uma atividade indispensável. Essas conversas acontecem nas inspeções, nas revisões de projeto e nas perícias, que ajudam a entender o que as edificações estão tentando nos dizer”, orienta.
Ameaças e sinais
As ameaças, muitas vezes, se escondem dentro das estruturas. “Corrosão silenciosa das armaduras, fissuras internas, recalques diferenciais ou falhas de pilares podem comprometer a segurança sem qualquer sinal visível aos usuários”, explica.
Nesses casos, entram em cena tecnologias de diagnóstico avançado, como ultrassonografia, georadar, termografia, vídeoscopia, análises químicas e microscopia. Esses recursos permitem identificar problemas ocultos, estimar a vida útil residual da estrutura e realizar intervenções antes que as falhas se transformem em tragédias.
A mensagem central, segundo o engenheiro, é simples: a prevenção não é custo, é investimento essencial. “O planejamento correto nas fases de projeto, a execução controlada, o diagnóstico e a manutenção preventiva não são despesas que podem ser descartadas”, destaca. São investimentos em segurança, durabilidade e sustentabilidade.
Essas práticas reduzem riscos, preservam o meio ambiente e protegem vidas. “A engenharia e a arquitetura precisam deixar de reagir apenas às emergências. Devem assumir o papel de proteção à vida e à preservação do patrimônio construído e natural”, conclui.
Entrevistado
Gilberto Luiz é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), especialista em Patologia nas Obras Civis e Engenharia de Estruturas, diretor técnico da empresa Ad Fiducia Avaliações e Perícias de Engenharia, professor de cursos de pós-graduação e extensão na área de ensaios tecnológicos, inspeção de estruturas e perícias de engenharia, membro do Instituto Catarinense de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape/SC).
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Cimento supergelado mantém prédios mais frios que o ar ambiente
Pesquisadores da Universidade do Sudeste da China conduziram estudos na Universidade de Purdue (EUA) para desenvolver um novo tipo de cimento com propriedades fotônicas avançadas. Este material inovador é capaz de reduzir significativamente a temperatura superficial e, consequentemente, o consumo energético de edificações.
O chamado “supercool cement” (ou, em tradução livre, cimento “supergelado”) reflete até 96,2% da radiação solar incidente e apresenta emissividade infravermelha de 96%, atingindo temperaturas até 5,4 °C abaixo da do ar ambiente sem qualquer fonte de energia ativa.
O estudo, publicado na revista Science Advances (2025), propõe uma solução que une desempenho térmico, viabilidade estrutural e menor impacto ambiental — fatores críticos no contexto da descarbonização do setor da construção civil.
Mecanismo fotônico de resfriamento

Crédito: Envato
O desempenho térmico do material é resultado de uma estrutura fotônica heterogênea, formada pela autoformação de cristais de etringita durante o processo de hidratação do cimento. “Esses cristais se distribuem em uma matriz de aluminossilicatos de cálcio, criando uma topologia óptica capaz de espalhar fortemente a luz solar (especialmente nas faixas de 0,3 a 2,5 µm) e emitir radiação térmica na janela atmosférica (8–13 µm), promovendo o chamado resfriamento radiativo passivo”, informam os pesquisadores no estudo, que foi liderado pelo professor Wei She.
Ao contrário de revestimentos com pigmentos ou aditivos refletivos, o cimento supergelado não depende de camadas superficiais: suas propriedades ópticas estão integradas à microestrutura. “Essa característica garante durabilidade superior e manutenção da refletância mesmo após longos períodos de exposição solar e abrasão”, aponta o estudo.
Resultados experimentais
Nos testes conduzidos em ambiente externo, sob irradiância solar de 850 W/m², as amostras apresentaram:
- Refletância solar média (ρs): 96,2%
- Emissividade térmica (ε): 96%
- Variação de temperatura (ΔT) entre a superfície e o ar ambiente: -5,4 °C
- ΔT em relação ao cimento Portland comum: -26 °C
Após 1.080 horas de envelhecimento acelerado por radiação UV e 50 ciclos de congelamento-descongelamento, o material manteve sua refletância acima de 95% e não apresentou microfissuração nem perda de resistência mecânica.
Além disso, a superfície côncava obtida naturalmente durante o processo de moldagem contribui para o aumento da refletância difusa e reduz a acumulação de partículas sólidas, conferindo características anfifóbicas (capacidade de repelir simultaneamente água e óleo) e propriedade autolimpante.
Formulação e processo de fabricação
De acordo com o estudo publicado na revista Science Advances, o cimento supergelado é obtido por um processo de calcinação otimizado, tornando sua fabricação aproximadamente 25% menos intensiva em carbono em comparação ao cimento Portland convencional. “A composição utiliza clínqueres de baixo teor de cálcio, com substituição parcial por compostos ricos em alumínio, silício e enxofre”, explicam os pesquisadores
Durante a cura, ocorre a nucleação espontânea de etringita em escala nanométrica, cuja distribuição espacial determina o comportamento óptico. Os pesquisadores destacam que o processo é compatível com as linhas industriais existentes, podendo ser adaptado para produção de pré-fabricados, painéis e revestimentos estruturais.
Análise de ciclo de vida (LCA)
Modelagens de Análise de Ciclo de Vida orientadas por aprendizado de máquina indicam que o uso do cimento supergelado pode gerar redução de até 2.867 kg CO₂ por tonelada de material ao longo de 70 anos, considerando tanto a menor intensidade de carbono do processo produtivo quanto a economia de energia em climatização.
“Em cenários urbanos de alta insolação, como Niamey (Níger) e Chongqing (China), o balanço energético e de emissões se torna negativo, ou seja, o material compensa mais carbono do que emite durante todo o ciclo de vida da edificação”, aponta o estudo.
Potencial de aplicação
O estudo sugere que o cimento pode ser utilizado tanto em estruturas aparentes quanto em revestimentos externos e coberturas, sem necessidade de manutenção específica. Além da coloração branca original, os pesquisadores desenvolveram pigmentações seletivas (amarela, verde e vermelha) com refletância acima de 90%, permitindo aplicações arquitetônicas diversas sem comprometer o desempenho térmico.
Fonte
Estudo “Scalable metasurface-enhanced supercool cement”, da revista Science Advances, liderado pelo professor Wei She.
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Construção Civil sustenta geração de empregos e projeta futuro desafiador diante dos juros altos
O Brasil ultrapassou o número de 3 milhões de trabalhadores formais no setor da construção civil, patamar que não ocorria desde 2014. Já no estado do Paraná, existem atualmente 183.027 trabalhadores formais, demonstrando que o setor é um dos mais relevantes quando o assunto é geração de empregos no país.

Crédito: Envato
De acordo com dados do Novo Caged, o setor gerou 129.775 empregos com carteira assinada em julho de 2025. Desse total, 19.066 vieram da Construção Civil, que respondeu por 14,69% das vagas abertas no país. O saldo positivo, fruto de 221.024 admissões e 201.958 desligamentos, representou um salto de 94,15% em relação a junho, quando haviam sido criados 9.820 postos de trabalho.
Além disso, o salário médio de admissão, de R$ 2.490,54, é superior à média nacional (R$ 2.277,51). “Isso mostra que a construção não só emprega muito, como oferece remuneração acima da média, reforçando seu papel na valorização do trabalho formal”, destaca Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG.
Todos os ramos da construção fecharam julho em alta no número de empregos: construção de edifícios (6.095), infraestrutura (7.681) e serviços especializados (5.290). O setor alcançou 3,035 milhões de trabalhadores, crescimento de 2,91% em relação a julho de 2024.
Paraná: estabilidade e novos motores de crescimento
No Paraná, o saldo acumulado de empregos na construção chegou a 9.714 vagas entre janeiro e agosto de 2025, com 465 postos gerados apenas em agosto. O estado contabiliza hoje 183.027 trabalhadores formais, número maior que os 177.370 registrados em agosto de 2024.

Crédito: Divulgação
Segundo o presidente do Sinduscon-PR, Carlos Cade, a força dos programas habitacionais explica parte desse desempenho. “A sinergia entre o Minha Casa, Minha Vida (Federal) e o Casa Fácil Paraná (Estadual) garante um fluxo previsível de obras. Isso dá segurança para que as construtoras invistam e contratem continuamente. Além disso, a estabilidade econômica e a segurança jurídica do Paraná têm atraído capital privado para lançamentos imobiliários e obras de infraestrutura”, afirma.
As funções mais demandadas no estado incluem mestres de obras, carpinteiros de formas, eletricistas, hidráulicos, armadores de ferragens e profissionais de acabamento fino, como gesseiros, azulejistas e pintores especializados.
Desafios da mão de obra e inovação tecnológica
Apesar do bom desempenho, a construção enfrenta gargalos de qualificação. “O setor precisa investir massivamente em treinamento, em parceria com o Sistema S, preparando profissionais para atender às exigências da construção moderna, que vão além do ofício e incluem gestão e segurança”, observa Cade.
A inovação também é vista como estratégica. “Ferramentas como BIM, softwares de gestão e novos sistemas construtivos tornam o setor mais ágil e atrativo para as novas gerações, reduzindo a percepção de trabalho pesado e posicionando a construção como uma carreira tecnológica e promissora”, acrescenta.
Juros seguem como entrave para investimentos
Se, por um lado, os números recentes confirmam a vitalidade da construção, por outro o futuro preocupa. “Para mantermos o ritmo de geração de empregos, precisamos de novos lançamentos. Mas a taxa de juros nesse patamar elevado acaba inibindo os investimentos produtivos”, alerta Ieda Vasconcelos.
A economista lembra que, há três trimestres consecutivos, empresários apontam os juros como principal obstáculo. “O crédito caro afeta diretamente quem constrói. Isso pode adiar lançamentos e comprometer o ritmo de contratações no médio e longo prazo”, conclui.
Perspectivas

A expectativa da CBIC é de crescimento de 2,3% no PIB da construção em 2025, sustentado principalmente por programas habitacionais e pela retomada de investimentos privados. No Paraná, a visão é otimista. “As perspectivas são de continuidade, com o setor mantendo seu papel de destaque na geração de empregos. Se tivermos um ambiente de juros mais favorável, 2026 pode ser ainda mais promissor”, prevê Carlos Cade.
Para Ieda, o recado é claro: “O país tem déficit habitacional de quase seis milhões de moradias e metade da população sem acesso a saneamento. A base do crescimento sustentado está na construção civil. O setor não é apenas estratégico, é essencial para o desenvolvimento nacional”.
Entrevistados
Ieda Vasconcelos é economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). É doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade FUMEC. Possui Pós-graduação Lato Sensu em Gestão de Negócios pela UFMG e em Finanças pela PUC-MG, e é Bacharel em Economia pela PUC-MG. Foi professora e coordenadora do curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário Unihorizontes. Realiza palestras sobre conjuntura econômica nacional e do setor da Construção Civil em todo o País.
Carlos Cade é presidente do Sinduscon-PR, formado em engenharia civil pela Universidade Federal do Espírito Santo e fundador da empresa Oros Engenharia.
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Ana Carvalho
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Conheça o conceito de cidades-esponja, criado por Kongjian Yu
No dia 24 de setembro, foi confirmada a morte do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo e pai do conceito de "cidades-esponja". Ele atuava como professor na Universidade de Pequim e liderava o escritório de arquitetura paisagística Turenscape, fundado em 1998 e considerado um dos maiores do mundo.

Crédito: Turenscape
Um dos grandes pontos defendidos por Kongjian Yu, referência mundial no tema, é que a água deve ser vista como uma solução, e não como um problema, segundo Edson Villela, professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo. “Nesse sentido, a aplicação de técnicas inspiradas no conceito de cidade esponja transforma espaços urbanos — como parques em Curitiba e em outras cidades — em verdadeiros sistemas de resiliência contra enchentes, conciliando infraestrutura, meio ambiente e qualidade de vida”, afirma.
O arquiteto chinês Kongjian Yu foi um dos grandes responsáveis por difundir o conceito de cidade esponja. “Seu trabalho ganhou força após uma grande enchente na China. Ele já defendia a criação de áreas permeáveis nas cidades, mas foi somente depois desse desastre que suas propostas passaram a ser ouvidas com mais atenção. Quando os governantes percebem resultados concretos e positivos — seja na China, no Brasil ou em outros países — eles tendem a adotar e ampliar essas soluções, seguindo esse legado. O conceito criado por Kongjian Yu mostrou que é possível integrar arquitetura, urbanismo, engenharia e participação popular para tornar as cidades mais resilientes. Esse diálogo entre diferentes saberes foi essencial para o sucesso da ideia” destaca Villela.
O que são cidades-esponja?
De acordo com Villela, o conceito de cidade esponja é bastante abrangente. “Ele propõe soluções para lidar com a drenagem urbana — um desafio que afeta não só o Brasil, mas cidades em todo o mundo. A ideia central é reter e desacelerar o escoamento da água da chuva, que, devido à impermeabilização do solo por calçadas e construções, escoa rapidamente para os rios, aumentando o risco de enchentes. Nas cidades esponja, essa água é absorvida e armazenada temporariamente em áreas verdes, parques e bacias de retenção. Além de controlar o volume, a vegetação ajuda a filtrar e tratar a água, permitindo que ela retorne gradualmente à natureza sem causar impactos negativos”, explica.
Em Curitiba, por exemplo, muitos parques foram planejados para alagarem de forma controlada. “Quando chove muito, essas áreas funcionam como bacias de retenção: acumulam a água temporariamente e permitem que ela retorne lentamente aos rios. O arquiteto chinês Kongjian Yu, propunha justamente isso: reter a água, usá-la de maneira inteligente e criar mais pontos de permeabilidade no espaço urbano”, pontua Villela.

Crédito: Prefeitura de Curitiba
Os parques cumprem esse papel em grande escala, mas não é possível depender apenas deles. “Por isso, o conceito também envolve soluções de menor porte, como os jardins de chuva, que podem ser instalados em calçadas, ruas ou até em quintais residenciais. Esses espaços permitem que a água da chuva infiltre no solo, reduzindo o risco de alagamentos”, justifica Villela.
Outra estratégia é o uso de pavimentos permeáveis. “Eles funcionam bem em áreas menores, como estacionamentos de mercados ou pátios, permitindo que parte da água seja absorvida. Hoje já existem pavimentos feitos de cimento, borracha, fibras e até materiais reciclados. No entanto, é importante lembrar que eles têm limite de absorção: funcionam como uma esponja, que retém água até saturar”, destaca Villela.
O professor acredita que o conceito de cidade esponja precisa ser aplicado em diferentes escalas — pequenas, médias e grandes — combinando soluções como parques, jardins de chuva e pavimentos permeáveis para tornar as cidades mais resilientes às chuvas intensas.
Desafios para implantar o conceito em cidades
Do ponto de vista do poder público — que é o principal responsável pelo planejamento urbano — o primeiro obstáculo é o custo. “Grandes projetos de drenagem demandam investimentos significativos. Além disso, há o fator espaço físico: cidades consolidadas já estão ocupadas por construções, casas e edifícios, o que dificulta a implantação de soluções em larga escala”, pondera Villela.
Nesses casos, a saída está em intervenções pontuais e criativas. “Por exemplo, canteiros de avenidas, que muitas vezes são apenas faixas de concreto ou espaços com pouca vegetação, podem se transformar em áreas de absorção de água. Com planejamento urbano inovador, é possível multiplicar pequenos pontos de drenagem espalhados pela cidade, criando um efeito coletivo relevante”, sugere o professor.
No âmbito privado, também há responsabilidades. “Proprietários de casas e condomínios podem contribuir evitando a impermeabilização excessiva do solo. Muitas pessoas optam por pavimentar quintais e jardins para reduzir manutenção, mas isso aumenta o risco de alagamentos no próprio terreno. Manter áreas verdes e contato direto com a terra é fundamental para permitir a infiltração da água da chuva e reduzir a pressão sobre os sistemas de drenagem”, comenta Villela.
Assim, o conceito de cidade esponja não depende apenas de grandes obras. “Ele se constrói a partir da soma de pequenas soluções — públicas e privadas — que, juntas, formam um ecossistema urbano mais resiliente e sustentável”, opina o professor.
Curitiba e o conceito de cidade-esponja
Para Villela, um paralelo interessante pode ser feito com Curitiba. “Nos anos 1970, sob a liderança de Jaime Lerner, a cidade criou parques projetados para acumular a água da chuva e depois devolvê-la aos rios, reduzindo os riscos de enchentes. A diferença é que, enquanto o modelo curitibano focava apenas nos parques, a proposta de Kongjian Yu amplia esse raciocínio: em vez de soluções pontuais, a ideia é aplicar estratégias em múltiplas escalas, desde grandes áreas verdes até pequenos jardins e intervenções urbanas”, relata.
Lerner chamava isso de “acupuntura urbana” — pequenas transformações que geram grandes impactos no todo. “Da mesma forma, o conceito de cidade esponja mostra aos governantes que é possível enfrentar enchentes e alagamentos com soluções criativas, integradas e sustentáveis”, conclui o professor.
Entrevistado
Edson Villela é professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo, mestre em gestão urbana e doutorando em urbanismo.
Contato
Assessoria UniBrasil Centro Universitário – pauta@acciocomunicacao.com
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Concreto de subpressão garante durabilidade e segurança em obras abaixo do nível do mar
Projetar e executar uma estrutura localizada abaixo do nível do mar exige soluções técnicas de alto desempenho. Esse é o caso de um empreendimento de altíssimo padrão localizado na praia de Jurerê Internacional, região norte de Florianópolis (SC), onde foi adotada a solução do uso de lajes de subpressão, com apoio técnico da Concrebras. O objetivo era ampliar o número de vagas de garagem, preservando a segurança da estrutura.

Crédito: Divulgação/CFL
O empreendimento, localizado de frente para o mar, possui apartamentos que variam de 182 a 976 metros quadrados e quase 88 mil metros de área construída. Mais do que atender às necessidades de conforto e estética, a solução técnica aplicada na laje de subpressão garante que o subsolo, mesmo cinco metros abaixo do nível do mar, permaneça seco, seguro e conferindo a durabilidade e vida útil essenciais para o ambiente agressivo.
“Estamos abaixo do nível do mar devido à necessidade de mais vagas de garagem. O grande desafio da laje de subpressão é conseguir controlar o grande volume de água que verte do solo constantemente. Além disso, precisamos garantir a total vedação do sistema, conhecido como conceito casco de navio”, explica Francisco Ferreira, coordenador de obras da CFL Empreendimentos.
A solução adotada incluiu o uso de parede diafragma, instalação de ponteiras filtrantes e o desenvolvimento de um traço especial de concreto aditivado com cristalizante, capaz de selar fissuras e proteger contra a ação agressiva do ambiente marinho.
Concreto especial para resistir à pressão hidrostática

Crédito: Acervo pessoal/Francisco Ferreira
Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, a laje de subpressão deve ser projetada para resistir à pressão hidrostática, garantindo total impermeabilidade. “A utilização do cristalizante é fundamental para uma estrutura como a laje de subpressão, pois, em conjunto com os ligantes previamente dimensionados, resiste a altas pressões hidrostáticas, possui capacidade de auto-cicatrização de fissuras até 0,4 mm, resiste a ataques químicos, reduz a penetração de cloretos e protege contra sulfatos”, detalha.
O empreendimento demandou cerca de 450 m³ de concreto apenas na primeira fase da concretagem, volume equivalente a 56 caminhões. Além da formulação específica do traço, outro diferencial foi o acabamento do piso com polimento, realizado em até seis horas após a concretagem, atendendo às restrições de ruído do entorno.
Expertise e inovação à beira-mar
Construir em regiões costeiras exige atenção redobrada quanto à agressividade ambiental. Nesse cenário, a Concrebras se destaca pela capacidade de desenvolver projetos personalizados em parceria com seus clientes. “Estamos aptos a superar os maiores desafios. Para obras próximas ao mar, os principais cuidados se referem à classe de agressividade ambiental e ao ataque de cloretos. Esses parâmetros orientam o dimensionamento necessário para assegurar a durabilidade e a vida útil do concreto, em conformidade com a ABNT NBR 6118”, afirma Esteves.
O concreto de subpressão, portanto, não se limita a resolver um desafio técnico: ele viabiliza projetos arrojados e amplia as possibilidades da construção civil em terrenos antes considerados inviáveis. Isso só é possível com tecnologia de ponta, materiais de alta performance e expertise de planejamento e execução.
Entrevistados
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Francisco Ferreira é engenheiro civil com MBA em Gerenciamento de Canteiros de obras pelo Instituto Mauá de Tecnologia e formação para Auditor Interno da Qualidade - ISO 9001 e SIAC PBQP-H 2012 pelo CTE. Atualmente, é coordenador de Obras da CFL Empreendimentos.
Contatos
jair.esteves@concrebras.com.br
francisco.ferreira@cfl.com.br
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