Conheça o conceito de cidades-esponja, criado por Kongjian Yu

No dia 24 de setembro, foi confirmada a morte do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo e pai do conceito de "cidades-esponja".  Ele atuava como professor na Universidade de Pequim e liderava o escritório de arquitetura paisagística Turenscape, fundado em 1998 e considerado um dos maiores do mundo.

 No projeto Haikou Meishe River Greenway & Fengxiang Park, na China, a infraestrutura verde substitui o concreto, trata águas pluviais e esgoto de forma natural, além de restaurar manguezais. 
Crédito: Turenscape

Um dos grandes pontos defendidos por Kongjian Yu, referência mundial no tema, é que a água deve ser vista como uma solução, e não como um problema, segundo Edson Villela, professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo. “Nesse sentido, a aplicação de técnicas inspiradas no conceito de cidade esponja transforma espaços urbanos — como parques em Curitiba e em outras cidades — em verdadeiros sistemas de resiliência contra enchentes, conciliando infraestrutura, meio ambiente e qualidade de vida”, afirma.

O arquiteto chinês Kongjian Yu foi um dos grandes responsáveis por difundir o conceito de cidade esponja. “Seu trabalho ganhou força após uma grande enchente na China. Ele já defendia a criação de áreas permeáveis nas cidades, mas foi somente depois desse desastre que suas propostas passaram a ser ouvidas com mais atenção. Quando os governantes percebem resultados concretos e positivos — seja na China, no Brasil ou em outros países — eles tendem a adotar e ampliar essas soluções, seguindo esse legado. O conceito criado por Kongjian Yu mostrou que é possível integrar arquitetura, urbanismo, engenharia e participação popular para tornar as cidades mais resilientes. Esse diálogo entre diferentes saberes foi essencial para o sucesso da ideia” destaca Villela.

O que são cidades-esponja?

De acordo com Villela, o conceito de cidade esponja é bastante abrangente. “Ele propõe soluções para lidar com a drenagem urbana — um desafio que afeta não só o Brasil, mas cidades em todo o mundo. A ideia central é reter e desacelerar o escoamento da água da chuva, que, devido à impermeabilização do solo por calçadas e construções, escoa rapidamente para os rios, aumentando o risco de enchentes. Nas cidades esponja, essa água é absorvida e armazenada temporariamente em áreas verdes, parques e bacias de retenção. Além de controlar o volume, a vegetação ajuda a filtrar e tratar a água, permitindo que ela retorne gradualmente à natureza sem causar impactos negativos”, explica.

Em Curitiba, por exemplo, muitos parques foram planejados para alagarem de forma controlada. “Quando chove muito, essas áreas funcionam como bacias de retenção: acumulam a água temporariamente e permitem que ela retorne lentamente aos rios. O arquiteto chinês Kongjian Yu, propunha justamente isso: reter a água, usá-la de maneira inteligente e criar mais pontos de permeabilidade no espaço urbano”, pontua Villela.

Em Curitiba, parques funcionam como bacia de retenção.
Crédito: Prefeitura de Curitiba

Os parques cumprem esse papel em grande escala, mas não é possível depender apenas deles. “Por isso, o conceito também envolve soluções de menor porte, como os jardins de chuva, que podem ser instalados em calçadas, ruas ou até em quintais residenciais. Esses espaços permitem que a água da chuva infiltre no solo, reduzindo o risco de alagamentos”, justifica Villela.

Outra estratégia é o uso de pavimentos permeáveis. “Eles funcionam bem em áreas menores, como estacionamentos de mercados ou pátios, permitindo que parte da água seja absorvida. Hoje já existem pavimentos feitos de cimento, borracha, fibras e até materiais reciclados. No entanto, é importante lembrar que eles têm limite de absorção: funcionam como uma esponja, que retém água até saturar”, destaca Villela.

O professor acredita que o conceito de cidade esponja precisa ser aplicado em diferentes escalas — pequenas, médias e grandes — combinando soluções como parques, jardins de chuva e pavimentos permeáveis para tornar as cidades mais resilientes às chuvas intensas.

Desafios para implantar o conceito em cidades

Do ponto de vista do poder público — que é o principal responsável pelo planejamento urbano — o primeiro obstáculo é o custo. “Grandes projetos de drenagem demandam investimentos significativos. Além disso, há o fator espaço físico: cidades consolidadas já estão ocupadas por construções, casas e edifícios, o que dificulta a implantação de soluções em larga escala”, pondera Villela.

Nesses casos, a saída está em intervenções pontuais e criativas. “Por exemplo, canteiros de avenidas, que muitas vezes são apenas faixas de concreto ou espaços com pouca vegetação, podem se transformar em áreas de absorção de água. Com planejamento urbano inovador, é possível multiplicar pequenos pontos de drenagem espalhados pela cidade, criando um efeito coletivo relevante”, sugere o professor.

No âmbito privado, também há responsabilidades. “Proprietários de casas e condomínios podem contribuir evitando a impermeabilização excessiva do solo. Muitas pessoas optam por pavimentar quintais e jardins para reduzir manutenção, mas isso aumenta o risco de alagamentos no próprio terreno. Manter áreas verdes e contato direto com a terra é fundamental para permitir a infiltração da água da chuva e reduzir a pressão sobre os sistemas de drenagem”, comenta Villela.

Assim, o conceito de cidade esponja não depende apenas de grandes obras. “Ele se constrói a partir da soma de pequenas soluções — públicas e privadas — que, juntas, formam um ecossistema urbano mais resiliente e sustentável”, opina o professor.

Curitiba e o conceito de cidade-esponja

Para Villela, um paralelo interessante pode ser feito com Curitiba. “Nos anos 1970, sob a liderança de Jaime Lerner, a cidade criou parques projetados para acumular a água da chuva e depois devolvê-la aos rios, reduzindo os riscos de enchentes. A diferença é que, enquanto o modelo curitibano focava apenas nos parques, a proposta de Kongjian Yu amplia esse raciocínio: em vez de soluções pontuais, a ideia é aplicar estratégias em múltiplas escalas, desde grandes áreas verdes até pequenos jardins e intervenções urbanas”, relata.

Lerner chamava isso de “acupuntura urbana” — pequenas transformações que geram grandes impactos no todo. “Da mesma forma, o conceito de cidade esponja mostra aos governantes que é possível enfrentar enchentes e alagamentos com soluções criativas, integradas e sustentáveis”, conclui o professor.

Entrevistado
Edson Villela é professor do UniBrasil Centro Universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo, mestre em gestão urbana e doutorando em urbanismo.

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Assessoria UniBrasil Centro Universitário – pauta@acciocomunicacao.com

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Concreto de subpressão garante durabilidade e segurança em obras abaixo do nível do mar

Projetar e executar uma estrutura localizada abaixo do nível do mar exige soluções técnicas de alto desempenho. Esse é o caso de um empreendimento de altíssimo padrão localizado na praia de Jurerê Internacional, região norte de Florianópolis (SC), onde foi adotada a solução do uso de lajes de subpressão, com apoio técnico da Concrebras. O objetivo era ampliar o número de vagas de garagem, preservando a segurança da estrutura.

Concreto de subpressão amplia as possibilidades da construção civil em terrenos antes considerados inviáveis.
Crédito:
Divulgação/CFL

O empreendimento, localizado de frente para o mar, possui apartamentos que variam de 182 a 976 metros quadrados e quase 88 mil metros de área construída. Mais do que atender às necessidades de conforto e estética, a solução técnica aplicada na laje de subpressão garante que o subsolo, mesmo cinco metros abaixo do nível do mar, permaneça seco, seguro e conferindo a durabilidade e vida útil essenciais para o ambiente agressivo.

“Estamos abaixo do nível do mar devido à necessidade de mais vagas de garagem. O grande desafio da laje de subpressão é conseguir controlar o grande volume de água que verte do solo constantemente. Além disso, precisamos garantir a total vedação do sistema, conhecido como conceito casco de navio”, explica Francisco Ferreira, coordenador de obras da CFL Empreendimentos.

A solução adotada incluiu o uso de parede diafragma, instalação de ponteiras filtrantes e o desenvolvimento de um traço especial de concreto aditivado com cristalizante, capaz de selar fissuras e proteger contra a ação agressiva do ambiente marinho.

Concreto especial para resistir à pressão hidrostática

Estágio atual da obra, que prevê concreto de subpressão com expertise da Concrebras.
Crédito:
Acervo pessoal/Francisco Ferreira

Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, a laje de subpressão deve ser projetada para resistir à pressão hidrostática, garantindo total impermeabilidade. “A utilização do cristalizante é fundamental para uma estrutura como a laje de subpressão, pois, em conjunto com os ligantes previamente dimensionados, resiste a altas pressões hidrostáticas, possui capacidade de auto-cicatrização de fissuras até 0,4 mm, resiste a ataques químicos, reduz a penetração de cloretos e protege contra sulfatos”, detalha.

O empreendimento demandou cerca de 450 m³ de concreto apenas na primeira fase da concretagem, volume equivalente a 56 caminhões. Além da formulação específica do traço, outro diferencial foi o acabamento do piso com polimento, realizado em até seis horas após a concretagem, atendendo às restrições de ruído do entorno.

Expertise e inovação à beira-mar

Construir em regiões costeiras exige atenção redobrada quanto à agressividade ambiental. Nesse cenário, a Concrebras se destaca pela capacidade de desenvolver projetos personalizados em parceria com seus clientes. “Estamos aptos a superar os maiores desafios. Para obras próximas ao mar, os principais cuidados se referem à classe de agressividade ambiental e ao ataque de cloretos. Esses parâmetros orientam o dimensionamento necessário para assegurar a durabilidade e a vida útil do concreto, em conformidade com a ABNT NBR 6118”, afirma Esteves.

O concreto de subpressão, portanto, não se limita a resolver um desafio técnico: ele viabiliza projetos arrojados e amplia as possibilidades da construção civil em terrenos antes considerados inviáveis. Isso só é possível com tecnologia de ponta, materiais de alta performance e expertise de planejamento e execução.

Entrevistados
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.
Francisco Ferreira é engenheiro civil com MBA em Gerenciamento de Canteiros de obras pelo Instituto Mauá de Tecnologia e formação para Auditor Interno da Qualidade - ISO 9001 e SIAC PBQP-H 2012 pelo CTE. Atualmente, é coordenador de Obras da CFL Empreendimentos.

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jair.esteves@concrebras.com.br
francisco.ferreira@cfl.com.br

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Ana Carvalho
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Congresso Internacional de Patologia reúne especialistas em Madrid para debater inovação e qualidade na construção

De 24 a 26 de setembro de 2025, Madrid foi palco do XVIII Congreso Iberoamericano de Patología de la Construcción e do XX Congreso de Control de Calidad en la Construcción (CONPAT 2025). Realizado a cada dois anos, o evento é reconhecido como um dos mais importantes fóruns técnicos do setor, reunindo pesquisadores, profissionais, empresas e instituições de diversos países.

Reuniões da junta diretiva da Associação Internacional com as diretorias de cada país.
Crédito:
Acervo pessoal/Roberto Christ

Com foco no controle de qualidade, na patologia e na recuperação de edificações, o congresso busca oferecer respostas cada vez mais assertivas aos desafios da construção civil contemporânea. “O objetivo do CONPAT é reunir pesquisadores, profissionais e empresas para divulgar avanços científicos e tecnológicos, trocar experiências e promover a integração internacional, estimulando inovação e sustentabilidade”, explica Roberto Christ, presidente da ALCONPAT Brasil.

Ênfase em novas tecnologias e sustentabilidade

A edição de 2025 teve como destaque a análise das melhores estratégias e tecnologias aplicadas ao setor de construção e reabilitação, com a apresentação de estudos de caso, minicursos e conferências de alto nível.

Christ ressalta que a patologia das construções não deve ser vista apenas como o estudo dos problemas. “É fundamental compreender as causas das falhas para preveni-las ou mitigá-las. Novas ferramentas estão sendo desenvolvidas justamente para identificar com mais precisão as origens e propor soluções eficazes”, afirma.

Entre as inovações em debate, está o concreto de ultra alto desempenho (UHPC), tema da palestra de Christ. Segundo ele, o material se diferencia por sua resistência mecânica elevada, baixa permeabilidade e longa durabilidade, possibilitando seções estruturais mais esbeltas, redução de manutenção e maior vida útil.

Concreto de ultra desempenho foi um dos temas do evento.
Crédito:
Envato

ALCONPAT Internacional: avanços e parcerias

O congresso também representou uma oportunidade para avaliar os resultados da atual gestão da entidade. O presidente da ALCONPAT Internacional Enio Pazini Figueiredo apresentou a conferência “Gestión 2022-2025: logros, futuro y agradecimientos”, destacando conquistas institucionais e a expansão da rede de associações nacionais.

“Entre os avanços estão a refundação de capítulos nacionais que estavam inativos, a entrada de novas empresas mantenedoras, além da parceria com a FICEM (Federação Interamericana de Cimento), que já resultou em cursos de capacitação. Também consolidamos atividades como os cursos de educação contínua, webinars e publicações técnicas, fortalecendo a rede de conhecimento na Iberoamérica”, afirma Figueiredo.

Perspectivas para o futuro da construção

A programação do CONPAT 2025 incluiu apresentações de trabalhos científicos, minicursos especializados e palestras de referência, além de pesquisadores de diversos países. Mais do que um encontro acadêmico, o congresso se firma como espaço estratégico para pensar o futuro da construção. “Estamos falando de um fórum internacional que promove o intercâmbio de inovação, conhecimento e práticas sustentáveis, oferecendo ao setor caminhos para aumentar a durabilidade e a qualidade das edificações em todo o mundo”, conclui Christ.

Entrevistados
Roberto Christ é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), mestre e doutor em Engenharia Civil pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da mesma universidade. Atualmente é professor do curso de Engenharia Civil da Unisinos. Professor pesquisador na Universid de la Costa (Colômbia). Coordenador do Instituto Tecnológico Desempenho para Construção Civil (Itt Performance), onde desenvolve e orienta avaliações de desempenho de sistemas e métodos construtivos inovadores. Coordena o curso de especialização "Patologia e Perícia das Edificações" da Unisinos. É Presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções - Alconpat Brasil.
Enio Pazini Figueiredo é graduado em Engenharia Civil, possui especialização em Patologia das Construções pelo Instituto Eduardo Torroja/Espanha, Mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Doutor em Engenharia de Construção Civil e Urbana pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1994), em Sandwich com o Instituto Eduardo Torroja/Espanha e a Aston University/Inglaterra, e Pós-Doutor na Norwegian University of Science and Tecnhology, Trondheim, Noruega. Atualmente é presidente da ALCONPAT Internacional e 2º Vice-Presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON).

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rchrist@unisinos.br 
epazini@terra.com.br

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Ana Carvalho
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Tendência do mercado short stay atrai investidores

O mercado de short stay, ou locações de curta duração, está crescendo rapidamente e se apresenta como uma opção interessante para quem busca diversificar seus investimentos em imóveis.

De acordo com o ranking MySide Melhores Cidades para Investir em Imóveis©, as cidades com maior estimativa de retorno em investimentos para short stay são Itapema (SC), com rentabilidade de 17% ao ano; Vila Velha (ES), com 16,3% ao ano; e Balneário Camboriú (SC), com 15,9% ao ano.

Em Curitiba, o mercado de short stay segue em alta. Entre 2015 e 2024, as vendas de estúdios e apartamentos compactos tiveram um crescimento de 210%, atraindo investidores que enxergam na cidade uma oportunidade promissora para aquisição de imóveis, segundo dados da Brain Inteligência Estratégica.

O Mapa das Construtechs & Proptechs 2025, da Terracota Ventures, aponta a consolidação de novos modelos de negócios a partir da combinação de diferentes tendências, como copropriedade urbana, studios e serviços. Esses formatos estão impulsionando novas experiências de habitação e uso, oferecendo serviços sob demanda e modelos de investimento que incorporam o conceito de multipropriedade no contexto do short stay corporativo.

Além disso, o Mapa das Construtechs & Proptechs 2025 destaca que a construção offsite para o mercado de short stay vêm se consolidando como tendência crescente. “Existem 45 empresas no Brasil focadas no desenvolvimento de construção offsite voltada à operação de imóveis para locação de curta estadia”, informa o documento.

Benefícios e desafios

Para entrar no mercado de short stay, construtoras têm investido em studios e prédios com uma série de serviços e comodidades.
Crédito: Divulgação/MBigucci

Para os proprietários de imóveis, o retorno financeiro do short stay é geralmente uns 40% a 50% a mais do que a locação convencional, segundo Marcelo Bigucci, diretor de marketing e locação da MBigucci. “Isso já corresponde ao lucro líquido. No entanto, existe o risco de períodos sem locação e o transtorno da operação: manutenção do imóvel, gestão de check-in e check-out, além das comissões pagas às plataformas. Ainda assim, de forma geral, a locação em short stay pode render, dependendo da localização, até 50% a mais em comparação a outros formatos”, explica Bigucci.

Para Fábio Inthurn, CEO da Lotisa, o perfil do consumidor está mudando e isso tem incentivado o mercado de short stay. “Há um número cada vez maior de pessoas morando sozinhas, famílias menores e os chamados nômades digitais, além de estudantes universitários e executivos que buscam um estilo de vida sustentável, prático, com conforto e de alta qualidade. Temos percebido também uma alta de investidores conectados a este cenário que buscam opções seguras e confiáveis para investir com a possibilidade de locação e excelente liquidez, além da valorização do imóvel em si, acima da média”, destaca. 

Do ponto de vista do cliente final, o mercado de short stay se tornou atrativo porque passou a contar com plataformas digitais confiáveis. “Hoje elas trazem preços mais acessíveis do que a hospedagem tradicional em hotéis. Além do custo, há também a experiência: em vez de um quarto de hotel, o viajante se hospeda em apartamentos ou casas, com cozinha, pia e outros recursos que proporcionam a sensação de estar em casa. Esse diferencial tem sido um dos grandes atrativos do segmento”, comenta Bigucci.

Mas este mercado também traz alguns riscos. “Um dos maiores problemas é investir em um imóvel que não tem demanda. Por isso, é preciso fazer uma análise minuciosa deste investimento”, declara Bigucci. Com relação à legislação, o diretor de marketing e locação da MBigucci aconselha verificar se a cidade em questão permite a realização do shortstay, bem como se a convenção do condomínio possibilita esta modalidade.

Construtoras apostando no formato shortstay 

Em diversas cidades, as construtoras já estão de olho na tendência e construindo edifícios já pensando no formato shortstay. Em Itajaí (SC), o Lotisa Downtown é o primeiro prédio da cidade com serviço on demand, com gestão da Housi, startup pioneira em moradia por assinatura. Com estúdios de 40 m² a 50 m², o empreendimento valoriza bastante a área comum, trazendo lavanderia automatizada até adega compartilhada.

Em Belo Horizonte, o edifício Hércules também tem este mesmo perfil. Ele terá unidades de 1 ou 2 quartos, com metragens que podem variar entre 35 e 98 m². Nele, todas as unidades terão o mesmo acabamento e decoração, garantindo a padronização dos serviços. Também oferece uma série de comodidades, como academia, 3 espaços gourmet, piscina, lavanderia, coworking, espaço gourmet, além de facilidades como wi-fi nas áreas comuns.

A construtora MBigucci também tem trabalhado com imóveis neste formato. “Temos quatro empreendimentos no modelo shortstay. Todos eles estão atendendo nossas expectativas e a gente está com quase a ocupação máxima em todos eles. Temos uma parceria com uma empresa que faz o gerenciamento das estadias”, conta Bigucci. 

Entrevistados
Marcelo Bigucci é diretor de marketing e locação da MBigucci.
Fábio Inthurn é CEO da Lotisa.

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Assessoria de imprensa MBigucci - imprensa@mbigucci.com.br
Assessoria de imprensa Lotisa - redacao5@rotascomunicacao.com.br

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Pavimento de concreto se torna alternativa sustentável para rodovias

Mais durável, seguro e ambientalmente responsável, o pavimento de concreto vem se consolidando como alternativa sustentável para a infraestrutura viária. De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), sua vida útil é significativamente maior que a do pavimento flexível, além de diminuir as intervenções de manutenção, o que reduz congestionamentos e o consumo de combustíveis.

A superfície clara contribui ainda para reduzir em cerca de 5 °C a temperatura ambiente, proporcionando mais conforto térmico, enquanto o desempenho técnico garante até 40% menos distância de frenagem, aumentando a segurança nas estradas. Ainda segundo a ABCP, ele é reciclável ao fim da vida útil e aliado a processos como o coprocessamento de resíduos, o que faz com que ele reúna vantagens que o tornam um material ecoeficiente e estratégico para o futuro da mobilidade.

Veja como está o panorama do uso de pavimentos de concreto, os desafios e oportunidades:

Custos: pavimento de concreto x pavimento flexível

De acordo com Dejalma Frasson Junior, gerente da regional Sul da ABCP, no início dos anos 2000 o pavimento de concreto ainda apresentava custo bem mais elevado em comparação ao flexível. “A base do pavimento de concreto é o cimento, enquanto o pavimento flexível é formado pelo CAP — Cimento Asfáltico de Petróleo — misturado à areia, pedra e brita resultando no Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Ocorre que, nos últimos 15 a 20 anos, o CAP sofreu aumentos expressivos, principalmente em função da variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo, o que impactou diretamente o valor final do CBUQ”, explica.

Paraná e Santa Catarina têm apostado no pavimento de concreto para rodovias.
Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN

Segundo Frasson Junior, não se trata de uma queda no preço do concreto, mas de um encarecimento do CBUQ, o que acabou tornando a solução em concreto mais competitiva. “Hoje posso afirmar com segurança que boa parte das obras projetadas no Brasil já considera o pavimento de concreto como alternativa viável, seja em novas implantações ou em restaurações, por meio do sistema whitetopping”, afirma.

Sobre a diferença de custos entre os dois materiais, o gerente da regional Sul da ABCP destaca que não há um percentual fixo. “Muitos perguntam se o pavimento de concreto é tantos por cento mais barato que o pavimento flexível, mas cada caso precisa ser analisado individualmente. O orçamento depende de fatores como equipamentos disponíveis, mão de obra, tipo de solo, entre outros. O que podemos dizer com segurança é que, se antes o pavimento de concreto não era uma realidade, hoje já é”, conclui.

Paraná e Santa Catarina na vanguarda do pavimento de concreto

Frasson Junior destaca que os estados do Paraná e de Santa Catarina têm avançado na adoção do pavimento de concreto. “O Paraná hoje é o governo que mais executa obras nesse sistema. São mais de 500 quilômetros de projetos e frentes de trabalho em andamento. Santa Catarina também acompanha esse movimento, com importantes obras em execução”, afirma.

Para o gerente da ABCP, o diferencial está no caráter de continuidade das iniciativas. “Não se trata de um projeto de governo, mas de Estado. Em Santa Catarina, por exemplo, mesmo com a troca de governador, os projetos foram mantidos, licitados e estão sendo tocados”, explica.

Frasson Junior também cita o Distrito Federal, que segue a mesma linha, e ressalta a importância do apoio federal. “O mais relevante é que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão máximo de infraestrutura de transportes do país, tem participado ativamente de eventos da ABCP. Hoje, apenas 2% das rodovias federais são pavimentadas em concreto, mas se o DNIT já enxerga a importância dessa solução, é natural que os estados sigam esse caminho”, avalia.

Adoção em larga escala

Segundo Dejalma, a adoção em larga escala do pavimento de concreto no Brasil ainda deve levar tempo. “Uma obra tem uma gestação longa. Ela começa na concepção da ideia, passa pelo estudo de viabilidade, depois pelos projetos rodoviários, que podem levar de dois a três anos, segue para a licitação e só então chega à execução. Estamos falando de um ciclo que pode variar de sete a dez anos”, explica.

Por isso, a transição deve ser gradual. “A mudança para o pavimento de concreto ainda vai levar de dez a quinze anos para ser percebida de forma mais ampla no Brasil”, avalia.

Gargalos na adoção do pavimento de concreto

De acordo com o gerente da regional Sul da ABCP, para expandir o uso do pavimento de concreto no Brasil, é preciso atualizar e aprimorar os processos técnicos e financeiros. “Precisamos trabalhar de forma mais clara e revisar as especificações de projetos e execução, além das planilhas de custos, que estão surgindo com novos materiais e tecnologias. A inclusão de fibras, por exemplo, é uma inovação que pode melhorar o desempenho técnico e gerar reflexos positivos no custo final”, afirma.

Ele destaca ainda outros gargalos que precisam ser superados. “A liberação do tráfego é um ponto crítico, assim como a modernização dos equipamentos. Resolver essas questões é fundamental para tornar o pavimento de concreto mais competitivo e eficiente”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.

Pavimento de concreto nas faculdades

Para Frasson Junior, o ensino sobre pavimento de concreto nos cursos de graduação ainda é incipiente. “Muitos colegas da ABCP lecionam em faculdades, mas acabam focando mais em cursos de especialização. Com a mudança de postura do Dnit, porém, cada vez mais universidades estão reavaliando seus currículos”, afirma.

Ele compara o ritmo da educação com o das obras. “Assim como as obras levam alguns anos para se tornar realidade de forma significativa, acredito que a introdução do pavimento de concreto nos cursos de graduação também levará tempo. Mas, à medida que o mercado demanda, creio que logo as universidades começarão a incluir esse tema nas graduações”, completa o gerente da regional Sul da ABCP.

Entrevistado
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Edificações, Gestão Empresarial, Tecnologia do Concreto e Engenharia Rodoviária. Foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, é gerente da regional Sul da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Contato
dejalma.frasson@abcp.org.br

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Pesquisa brasileira avalia uso de resíduos de construção e demolição como materiais cimentícios suplementares

Pesquisa oferece alternativas de baixo carbono à indústria cimenteira.
Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal

A indústria do cimento é responsável por aproximadamente 7% a 8% das emissões globais de CO₂, principalmente devido à produção de clínquer. Nesse contexto, a incorporação de Materiais Cimentícios Suplementares (MCS) representa uma das estratégias mais eficazes para reduzir a pegada de carbono do setor, sem comprometer o desempenho das matrizes cimentícias.

Um estudo conduzido na Universidade Federal do Paraná (UFPR) pela pesquisadora Dra. Dayana Ruth Oliveira Pruner, com orientação do professor Dr. José Marques (UFPR) e da professora Dra. Edna Possan (UNILA), analisou o uso de pós provenientes de resíduos de construção e demolição (RCD) como MCS. Trata-se da primeira pesquisa de doutorado no Brasil a avaliar sistematicamente o comportamento da fração fina dos RCDs em substituição parcial ao clínquer.

Potencial dos resíduos de construção e demolição

Os RCDs são formados por concreto, argamassas, tijolos, telhas e outros elementos, e sua composição pode variar conforme a origem. Estudos indicam que cerca de 80% da massa desses resíduos é composta por concreto e cerâmica, o que confere elevado potencial de reaproveitamento.

Segundo dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), o Brasil gerou 44 milhões de toneladas de RCD em 2024, o que corresponde a cerca de 208 kg por habitante/ano. Atualmente, a destinação ocorre majoritariamente em aterros ou descartes irregulares. Para a pesquisadora, isso representa um desafio, mas também uma oportunidade. “Estamos transformando um passivo ambiental em um insumo de valor técnico, com impacto direto na durabilidade e sustentabilidade das matrizes cimentícias”, afirma Dayana.

Pesquisadoras Dayana Ruth Oliveira Pruner e Edna Possan.
Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal

Reatividade e desempenho técnico

O pó de RCD contém fases parcialmente hidratadas e resíduos de cimento ainda ativos. Durante a moagem, obtém-se uma fração fina capaz de apresentar atividade pozolânica ou hidráulica. Quando adicionada ao cimento Portland, essa fração reage em meio alcalino, promovendo a formação adicional de C-S-H e aumentando resistência e durabilidade.

“O aproveitamento dos RCDs como materiais cimentícios suplementares contribui não apenas para a redução significativa das emissões de CO₂, mas também para a valorização de resíduos em uma lógica de economia circular. Além disso, promove ganhos técnicos importantes, como durabilidade e desempenho mecânico, resultando em matrizes cimentícias mais sustentáveis”, explica a pesquisadora. Por essa pesquisa, Dayana foi premiada em primeiro lugar como a Melhor Tese de Doutorado de Materiais no 65º Congresso Brasileiro do Concreto (IBRACON), ocorrido em 2024

Assim como outros MCS já normatizados, a exemplo da sílica ativa, cinzas volantes e escórias granuladas de alto-forno, os pós de RCD podem ser aplicados em cimentos compostos, concretos convencionais, argamassas e pré-moldados. O uso amplia a economia circular do setor, além de reduzir custos associados ao transporte e destinação de resíduos.

O trabalho também se destacou pela resiliência na execução. Em 2021, com os laboratórios fechados devido à pandemia, a pesquisadora montou um espaço experimental improvisado em sua residência. “Transformei a cozinha da casa da minha mãe em laboratório. Com apoio da família, conseguimos realizar ensaios durante meses e avançar na etapa experimental do doutorado”, relembra.

Processo primário de tratamento do RCD.
Crédito: Dayana Ruth Oliveira Pruner/Acervo pessoal

Novas linhas de pesquisa

Atualmente, o grupo de pesquisa CO2 Construction da Unila avança em estudos complementares voltados ao aumento da eficiência dos RCDs como materiais cimentícios. A Doutora Kathellen Dall Bello de Souza Risson, investiga o tratamento dos pós de RCD com emprego da tecnologia de captura e estocagem de carbono, enquanto a pesquisadora Ma. Melissa Pastorini Proença estuda o uso de bioaditivos para ampliar o potencial de aplicação desses resíduos. Essas estratégias consolidam o papel dos RCDs como insumos de baixo carbono, alinhados à descarbonização e à sustentabilidade da indústria cimenteira.

O estudo comprova que a utilização dos resíduos de construção e demolição como materiais cimentícios suplementares é tecnicamente viável e ambientalmente estratégica. Além de reduzir as emissões de CO₂, a prática contribui para aumentar a vida útil das estruturas e para consolidar a economia circular na construção civil.

A pesquisa abre espaço para que a indústria nacional adote soluções inovadoras e de baixo impacto ambiental, alinhando desempenho técnico e sustentabilidade em escala global. “A utilização de resíduos como MCS é uma solução concreta para reduzir a pegada de carbono da cadeia do cimento e diminuir o consumo de matérias-primas não renováveis”, conclui.

Entrevistada
Dayana Ruth Oliveira Pruner é graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestra e doutora em Engenharia Civil pela mesma faculdade e pós-doutora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). É Professora do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) em cursos de Graduação e Pós-graduação. É servidora pública na Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu exercendo o cargo de Engenheira Civil na Secretaria de Planejamento Urbano. Foi coordenadora do curso de graduação em Engenharia Civil da Faculdade Educacional de Medianeira (UDC Medianeira) por 5 anos. Atua na área de construção civil, construção enxuta, logística nos canteiros de obras, gestão e gerenciamento de obras, segurança do trabalho, patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente. Tem experiência na área de Engenharia, com ênfase em durabilidade, empacotamento de partículas, emissões e captura de CO2, aproveitamento de resíduos sólidos, sustentabilidade da construção, economia circular e ecoeficiência.
E é acima de tudo, mamãe do Levi, com sete meses!

Contato
dayruth@gmail.com

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Ana Carvalho
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Escritórios do futuro: como a nova rotina corporativa redefine os empreendimentos comerciais

O retorno gradual ao trabalho presencial e a consolidação do modelo híbrido nos últimos cinco anos alteraram de forma significativa o comportamento das empresas diante das locações comerciais. A busca deixou de estar centrada apenas na metragem ou no endereço e passou a priorizar a experiência do usuário.

De acordo com o vice-presidente de Desenvolvimento e Negócios do Sinduscon-PR, Erick Takada, os conjuntos ficaram mais modernos e enxutos, refletindo a necessidade de espaços que favoreçam tanto a produtividade quanto o bem-estar dos colaboradores. “Hoje presenciamos escritórios mais acolhedores, com iluminação indireta e repletos de automação e tecnologia. Aquela tendência de usar muito piso frio e luz branca já não impera mais”, afirma.

Espaços flexíveis e mais integrados

A preferência por conjuntos compartimentados, com iluminação fluorescente e pouco investimento em conforto, perdeu força. Em seu lugar, surgem plantas abertas, adaptáveis a diferentes layouts e alinhadas a modelos híbridos de trabalho.

Espaços devem favorecer tanto a produtividade quanto o bem-estar dos colaboradores.
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Segundo Takada, a transformação não está apenas nas unidades locadas, mas também na concepção dos edifícios. “Hoje é comum vermos a chamada fachada ativa, com mercados, cafés e academias no térreo. Isso aproxima os prédios da vida urbana e aumenta a convivência entre usuários e comunidade”.

Infraestrutura como diferencial

Os novos empreendimentos precisam entregar mais do que espaço físico. Sistemas de climatização eficiente, cabeamento estruturado, controle de acesso inteligente, segurança eletrônica e conectividade em alta velocidade estão entre os itens mais demandados.

“Os imóveis com estrutura simples perderam espaço. Hoje, o diferencial está em oferecer tecnologia, segurança e bem-estar. É o escritório que precisa conquistar o colaborador”, explica Ilso Gonçalves, diretor-executivo da JBA Imóveis.

Ele destaca ainda a crescente procura por salas compactas de até 50 m², buscadas por startups e profissionais liberais pela praticidade e custo reduzido.

Impacto direto na construção civil

Essa mudança de perfil impacta diretamente os projetos em desenvolvimento. Incorporadoras e construtoras têm apostado em edifícios multiuso, que combinam torres comerciais, residenciais e até hotéis em um mesmo complexo.

Além disso, cresce a atenção para certificações ambientais e soluções de eficiência energética. “O mercado exige edifícios mais inteligentes, que unam conforto, serviços e integração urbana. A legislação tem acompanhado esse movimento, estimulando térreos abertos, com fruição pública e serviços disponíveis para todos, não apenas condôminos”, reforça Takada.

Um mercado em reconstrução

O escritório deixou de ser apenas uma despesa fixa para se tornar parte da estratégia de atração e retenção de talentos. Nesse novo cenário, a construção civil assume protagonismo ao entregar empreendimentos que traduzam os valores contemporâneos: flexibilidade, sustentabilidade e acolhimento. “Estamos diante de um novo ciclo para os imóveis comerciais. Quem não acompanhar essa evolução ficará para trás”, conclui Gonçalves.

Entrevistados
Erick Takada é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), MBA em Gestão Empresarial pela UFRJ e especialização em Gestão de Negócios Aplicada à Incorporação Imobiliária pela FIA. Atualmente, é vice-presidente de Desenvolvimento e Negócios do Sinduscon-PR.

Ilso Gonçalves atua no mercado imobiliário desde 1990. É diretor do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná), participante da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná), ADPI Associação dos Proprietários de Imobiliárias de Curitiba) e Confraria Imobiliária. É fundador da JBA Imóveis. 

Contatos
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contato@bombai.com.br (Assessoria de Imprensa)

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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NR-24 passa por atualização e foi submetida a consulta pública

Até o dia 25 de agosto, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) manteve aberta uma consulta pública para revisar a Norma Regulamentadora nº 24 (NR-24), que define critérios sobre condições sanitárias e de conforto nos ambientes de trabalho. A minuta segue as exigências da Análise de Impacto Regulatório (AIR) e tem como objetivo atualizar e modernizar as regras atualmente em vigor.

A proposta da NR-24 revisada fixa diretrizes mínimas relacionadas à higiene, privacidade e bem-estar dos empregados, abrangendo tanto locais de trabalho permanentes quanto temporários. O documento detalha normas de dimensionamento, manutenção, acessibilidade e proteção, adaptadas a diferentes realidades ocupacionais.

Atualização da NR-24 deverá abordar o uso de contêineres como áreas de vivência.
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Histórico

A NR-24, criada em 1978 para regulamentar condições sanitárias e de conforto no trabalho, passou por alterações pontuais em 1993, no entanto, ao longo dos anos, sua aplicação se tornou defasada. Em 2007 foi iniciado um processo de revisão, que buscava adequá-la às transformações no ambiente de trabalho, resultando em uma ampla revisão, aprovada pela Portaria SEPRT nº 1.066, e na republicação da norma em 2019. Por ser uma Norma Especial, de caráter geral e não restrita a setores específicos, sua atualização impacta diferentes áreas de atividade.

Uso de contêineres

O problema regulatório inicialmente identificado na NR-24 dizia respeito apenas à insegurança jurídica no uso de contêineres como áreas de vivência, de acordo com a Análise de Impacto Regulatório.

O documento do MTE também aponta que a popularização do uso de contêineres para habitação, escritórios e banheiros públicos traz vantagens como rapidez, mobilidade e sustentabilidade, mas exige parâmetros técnicos claros de conforto, higiene e segurança. “Quando projetados adequadamente, com isolamento, ventilação e instalações modernas, podem ser uma solução prática e eficiente. No entanto, seu uso indevido expõe trabalhadores a riscos ambientais, especialmente de temperatura, ventilação, estabilidade e manutenção”, informa o relatório.

O documento do MTE também constatou a ausência de diferenciação, na norma, entre contêineres industriais pré-fabricados e contêineres marítimos reutilizados, o que pode afetar tanto a proteção dos trabalhadores quanto a segurança jurídica das empresas. 

Vale lembrar que, em 2022, a publicação da Portaria MTP nº 4.390, de 29/12/2022 (DOU 30/12/2022), pelo Ministério do Trabalho e Previdência, estabeleceu prazos para implementação do item 18.17.2 da Norma Regulamentadora nº 18 (NR – 18) – Condições de Saúde e Segurança do Trabalho na Indústria da Construção.  Esta portaria prorrogou o prazo para a proibição do uso de contêineres em áreas de vivência de canteiros de obra, permitindo posteriormente sua utilização mediante laudo técnico. Posteriormente, essa portaria foi revogada pela Portaria MTE nº 1.420, de 27/08/2024, que excluiu o item 18.17.2 da NR-18.

Instalações sanitárias

A análise do MTE mostrou que também existem lacunas quanto aos requisitos para instalações sanitárias móveis, o que pode gerar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores.

O texto do relatório aponta que entre as principais falhas regulatórias estão: inexistência de normas para sistemas hidrossanitários como fossas secas, falta de requisitos de fixação, falta de inspeções regulares e de manutenções elétricas, ventilação e higienização adequada de banheiros químicos, além do baixo comprometimento de algumas organizações com o conforto e a higiene.

Próximos passos
Após o término da consulta pública, a Secretaria de Inspeção do Trabalho avaliará todas as contribuições recebidas. Em seguida, os textos revisados serão discutidos por um grupo tripartite, composto por representantes do governo, dos empregadores e dos trabalhadores, no âmbito da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), conforme previsto na Portaria nº 672/2021.

Fonte
Relatório Análise de Impacto Regulatório Norma Regulamentadora N° 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

Contato
imprensamte@mte.gov.br 

Jornalista responsável:

Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Mercado livre de energia ganha espaço na construção civil e abre caminho para economia e sustentabilidade

Imagine poder escolher de quem comprar a energia elétrica de um empreendimento e ainda pagar menos por isso, com a possibilidade de utilizar exclusivamente fontes renováveis. Essa realidade, que até pouco tempo parecia distante, já é comum em diversos setores da economia e agora chega com força também à construção civil, impulsionando obras mais sustentáveis e competitivas.

O que é o mercado livre de energia

No modelo tradicional, chamado mercado cativo, o consumidor depende exclusivamente da distribuidora local, responsável por transmitir e repassar a energia adquirida, com tarifas reguladas pela agência nacional. Já no mercado livre, ou Ambiente de Contratação Livre (ACL), há a desintegração dessas funções: o consumidor pode negociar diretamente com o gerador de energia, definindo volume, preço e origem, muitas vezes de fontes renováveis. Essa flexibilidade permite ganhos financeiros expressivos, podendo chegar a mais de 30% de economia, além de contribuir para a agenda ESG de grandes corporações.

Nesse cenário, as construtoras começam a se beneficiar desse modelo. Para José Luiz Esteves, gestor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV&CO, a abertura do mercado acelera oportunidades. “Hoje já utilizamos energias renováveis em canteiros e obras de infraestrutura. Com a ampliação para o varejo, será mais fácil negociar ofertas e tornar os projetos ainda mais competitivos”, afirma.

A MRV&CO, por exemplo, aposta em geração distribuída renovável. “Temos duas usinas solares próprias, em Uberaba (MG) e Lapão (BA), que já suprem obras nesses estados. Nos demais, negociamos contratos de fornecimento de energia com empresas do mercado”, explica Esteves.

Mercado livre de energia é um caminho inevitável que une economia, sustentabilidade e inovação.
Crédito: Envato

A visão da indústria do cimento

Entre os setores que mais migram para o ACL, destacam-se as indústrias de grande porte. Segundo o engenheiro Dionísio Veiga Neto, gerente de Engenharia Elétrica, Automação e Energia da Cia. de Cimento Itambé, a tendência é irreversível. “O mercado livre começou a atrair novos consumidores em ritmo mais veloz, sobretudo aqueles com demanda inferior a 500 kW. Só em junho de 2025, o país já somava 77 mil unidades consumidoras livres, 57,7% a mais do que no mesmo período do ano anterior”, relata.

A economia na conta de luz é o principal atrativo. “Ao sair do mercado cativo, a redução no gasto com energia varia de 20% a mais de 30%, dependendo do perfil de consumo. É um ganho imediato e consistente”, destaca o engenheiro.

Itambé Energética: experiência de 25 anos

A Cimento Itambé é consumidora livre há mais de duas décadas e hoje utiliza essa expertise para apoiar outras empresas na migração. A Itambé Energética, pertencente ao mesmo grupo, atende não somente a Cimento Itambé, mas também consumidores livres no mercado, oferecendo além da energia elétrica, serviços e suporte técnico ao consumidor.

Estamos aptos a oferecer suporte técnico, estudos de economia e acompanhar todo o processo de migração até a efetivação final. Para muitos consumidores, não há necessidade de investimento, desde que a entrada de energia esteja adequada às normas da distribuidora”, explica Dionísio. Esse know-how é estratégico para o setor da construção, já que muitas incorporadoras e construtoras buscam reduzir custos sem comprometer cronogramas.

Um caminho sem volta para a competitividade

O mercado livre de energia deixou de ser promessa para se tornar um dos pilares da competitividade empresarial no Brasil. Ao combinar redução de custos, previsibilidade de consumo e acesso a fontes renováveis, ele se apresenta como solução estratégica para a construção civil e para a indústria como um todo.

Para Esteves, trata-se de um diferencial que impacta diretamente o futuro das obras. “As construtoras que souberem utilizar energia limpa e mais barata terão vantagem tanto em custos quanto em reputação perante investidores e clientes”, resume.

Já para Dionísio, da Itambé, o recado é direto. “O ACL não é mais futuro, é presente. Quem não se preparar para migrar ficará em desvantagem”.

No cenário atual, o mercado livre de energia não é apenas uma opção, mas um caminho inevitável para empresas que desejam unir economia, sustentabilidade e inovação em seus projetos.

Entrevistados

Dionisio Veiga Neto é graduado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia de Joinville (UDESC) e em Administração de Empresas pela Universidade de Joinville (Univille), pós-graduado e MBA nas áreas de Engenharia de Manutenção, Gestão Empresarial e Gestão de Negócios. Especialista na área de Gestão de Energia e Operações no Mercado livre das empresas do mesmo Grupo da Itambé e gerente de Engenharia Elétrica – Manutenção, Automação e Energia da Cia. de Cimento Itambé e Itambé Energética.

José Luiz Esteves da Fonseca é gestor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV&CO.

Contatos
dionisio@cimentoitambe.com.br

jose.fonseca@mrv.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Rodovia SC-416 será duplicada com pavimento de concreto

Em agosto, os governadores Carlos Massa Ratinho Junior (PR) e Jorginho Mello (SC) firmaram um acordo judicial entre Paraná e Santa Catarina para encerrar uma disputa que se arrastava desde 1991, envolvendo o pagamento de royalties de petróleo da Petrobras. A quitação da dívida será feita por meio da execução de obras em Garuva (SC), que também trarão benefícios para Itapoá (SC), na divisa com Guaratuba (PR). 

O pacote de intervenções contempla também a duplicação da SC-417, no trecho que vai da divisa entre Paraná e Santa Catarina até o entroncamento com a BR-101, abrangendo 19,18 quilômetros, incluindo o Contorno Sul de Garuva. Pelo acordo, serão duplicados 5,3 quilômetros da SC-417, entre a divisa interestadual e o entroncamento com a SC-416, no acesso a Itapoá, onde também está prevista a construção de um viaduto. Esse segmento será executado em pavimento flexível asfáltico, favorecendo o escoamento da produção pelo Porto de Itapoá. Como contrapartida, o governo catarinense ficará responsável por duplicar em concreto a SC-416, ligando o acesso a Itapoá diretamente ao porto.

Plano de execução estima prazo de quinze meses consecutivos para a conclusão dos serviços.
Crédito: Felipe Henschel/AEN

Whitetopping

Segundo a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina, no trecho com duplicação com pavimento rígido de concreto, será utilizada a técnica de whitetopping, que consiste em recuperar o asfalto existente e aplicar uma nova camada de concreto sobre ele. Nesse ponto, também está prevista a construção de uma passagem elevada para melhorar o fluxo de veículos na bifurcação com o contorno. Ambos os segmentos já dispõem dos projetos executivos desenvolvidos pelo governo de Santa Catarina.

Desafios na obra

A Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina aponta que a gestão do tráfego será feita por meio de sinalização adequada, bloqueios parciais de pista, circulação alternada e dispositivos de segurança, de modo a evitar a interrupção total do trecho. “O relatório considera o aumento de tráfego sazonal, indicando que a duplicação deve amenizar os congestionamentos típicos da alta temporada”, explica o órgão.

Outra questão relacionada à obra são os impactos ambientais em áreas de preservação permanente e necessidade de mitigação, desapropriações e a manutenção da segurança no trânsito durante a execução, segundo a Secretaria.

Aumento no volume de cargas exportadas

Com essas modificações, haverá aumento no volume de exportações? A Secretaria afirma que o relatório destaca a importância da duplicação para melhorar o escoamento da movimentação do Porto de Itapoá e reduzir gargalos logísticos, mas não apresenta números ou estimativas quantitativas sobre aumento de volume exportado, redução de custos logísticos ou retorno econômico e fiscal. “Considerando que essas informações são constantes em documentos licitatórios, como DOD, ETP e Termo de Referência, tal estudo deverá ser realizado pelo Governo do Paraná, que será responsável pela contratação desta obra”, informa a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina.

Benefícios para o turismo

A Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina aponta que a duplicação deve reduzir os congestionamentos que ocorrem no acesso ao litoral, especialmente durante o verão, melhorando o tempo de deslocamento para turistas e aumentando a atratividade da região, além de estimular o desenvolvimento econômico dos municípios do entorno.

Apesar de não haver projeções exatas quanto a redução de tempo, a duplicação irá proporcionar maior fluidez no tráfego regional, reduzindo o congestionamento e por consequência, a redução de tempo de viagem”, comenta o órgão 

Previsão para as obras

Segundo a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina, o plano de execução estima prazo de quinze meses consecutivos para a conclusão dos serviços e considera o ano de 2026 como referência de abertura nos cálculos de tráfego. “Entretanto, esse prazo é referente somente à execução física da obra, devendo ser considerado também o prazo de trâmites administrativos e burocráticos para contratação de empreiteira através de licitação”, conclui.

Fonte

Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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