SBTA foca em inovações tecnológicas e sustentabilidade

Luiz Alberto Trevisol Jr., gerente técnico da Hobimix falou sobre aditivos para argamassa e composição de misturas durante evento.
Crédito: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas

Durante os dias 11 a 13 de junho de 2025, aconteceu o Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas – XV SBTA, em Porto Alegre (RS).

O engenheiro Luiz Alberto Trevisol Jr., gerente técnico da Hobimix, foi um dos palestrantes do evento. “Depois de dez anos, pude retornar a Porto Alegre e perceber quanta coisa mudou. Muita coisa evoluiu no conceito da argamassa estabilizada, agora chamada de Argamassa de Hidratação Controlada. Essa evolução passa principalmente pela evolução tecnológica dos aditivos empregados e do conhecimento adquirido em parceria com a academia, mas principalmente com a indústria”, comenta Trevisol.

Trevisol acredita que um evento como o SBTA promove uma miscelânea de informações, desde aqueles conceitos básicos, que por ora passam esquecidos, e que sim, são importantes, até novas tecnologias que estão batendo à porta. “É empolgante ouvir alunos, indústria e academia, na figura de professores experientes, falando de temas de forma equilibrada. Tecnologias como a impressão de argamassas, redução de carbono, uso racionalizado da água e seu reaproveitamento na produção de argamassa mostram um novo/velho conceito surgindo: o de que precisamos fazer algo para melhorar a eficiência da produção e também das nossas edificações”, destaca.

Aditivos para argamassa e composição de misturas

Durante o evento, um dos minicursos foi “Aditivos para argamassa e composição de misturas”, ministrado por Trevisol e Rogerio Venâncio, da Chryso/Saint-Gobain.

Durante o evento, um dos minicursos foi “Aditivos para argamassa e composição de misturas”, ministrado por Trevisol e Rogerio Venâncio, da Chryso/Saint-Gobain.
Crédito: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas

“Poder falar um pouco do trabalho realizado em parceria com a Chryso para mais de 60 inscritos — recorde em um minicurso no SBTA —, entre alunos, professores, consultores e indústria, comprova que estamos no caminho certo. Muito ainda há a fazer, muita coisa para aprender e para poder compartilhar”, afirma.

Desafios do setor

Para Trevisol, a disponibilidade e a qualidade da mão de obra talvez sejam o grande problema a ser resolvido. “Muita tecnologia envolvida, muita coisa nova saindo da academia e da indústria. A quantidade e a qualidade das pesquisas em andamento podem sofrer com a falta de mão de obra qualificada. A cadeia produtiva precisa olhar para a frente — literalmente, para a ponta, onde estarão as pessoas que farão todo o esforço de planejamento e desenvolvimento ser colocado em prática. E, se essas pessoas não estiverem prontas e capacitadas, poderemos ter muita coisa boa sendo deixada de lado”, comenta Trevisol.

Sustentabilidade e descarbonização

Trevisol destaca que a sustentabilidade veio para ficar. “As possibilidades técnicas para a descarbonização estão colocadas à mesa. Muita coisa acerca desse tema foi vista nesta edição do SBTA. Misturas mais racionais, possibilidade de diferentes combinações de ligantes, uso de polímeros e aditivos mais eficientes nos mostram o caminho. Resta estudar, desenvolver e colocar em prática”, conclui.

Entrevistado
Luiz Alberto Trevisol Jr. é engenheiro e gerente técnico da Hobimix.

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luiz.alberto@hobimix.com.br

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Região Sul é projetada como novo polo estratégico para investimentos na construção civil

A cidade de Curitiba foi o palco do Construa Sul, um evento inédito que reposicionou a Região Sul no mapa dos grandes investimentos nacionais e internacionais na construção civil. Realizado nos dias 12 e 13 de junho, o evento teve a presença dos três governadores da região e lideranças empresariais de todo o país, o encontro teve como foco responder à pergunta central: por que investir na Região Sul do Brasil?

Curitiba sediou o Construa Sul, palco para unir os três Estados da região na atração de investidores
Crédito: Envato

Para o presidente do Sinduscon-PR, Carlos Cade, o momento é estratégico. “O Construa Sul surge para consolidar a força da Região Sul como um polo de investimento, gerando as conexões e o conhecimento necessários para que a indústria da construção avance ainda mais no cenário regional e nacional”, afirma.

A Região Sul representa 17% do PIB nacional e tem demonstrado indicadores econômicos comparáveis aos de países em desenvolvimento acelerado. Só nos últimos 12 meses, a região movimentou R$ 82 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) no setor imobiliário, destacando-se especialmente em cidades do litoral catarinense e em polos urbanos como Curitiba e Porto Alegre.

Sinergia entre público e privado atrai investidores

Segundo Marcos Mauro Filho, vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) na Região Sul, o ambiente de negócios regional é resultado de décadas de planejamento conjunto entre sociedade civil, governos e setor privado. “Temos um crescimento econômico impulsionado por setores como agronegócio, indústria e turismo, além de uma demanda espontânea por habitação e infraestrutura, o que torna o Sul altamente atrativo para investidores”, explica.

Nos últimos 12 meses, região Sul movimentou R$ 82 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) no setor imobiliário
Crédito: Divulgação/Sinduscon-PR

O evento contou com cases de sucesso dos três Estados: no Paraná, a Ademicon; em Santa Catarina, a Vokkan; e no Rio Grande do Sul, a Melnick. Cada uma dessas empresas representa um modelo de gestão inovador com foco em sustentabilidade, urbanismo inteligente e soluções habitacionais modernas.

Além disso, ocorreu uma plenária sobre Habitação de Interesse Social, com nomes como Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Lange, presidente da Cohapar, e Eduardo Fischer, CEO da MRV. “Queremos deixar um legado de integração regional mais forte, mostrando que desenvolvimento econômico e sustentabilidade caminham lado a lado, focados na qualidade de vida da população”, reforça Carlos Cade.

O Sul como vitrine da nova economia da construção

Com 470 mil empregos formais na construção civil, o Sul já é referência em mão de obra qualificada, inovação e responsabilidade social. O Paraná, anfitrião do evento, representa 6,1% do PIB nacional e abriga um setor da construção que responde por 4% do PIB estadual. “O Construa Sul foi palco para desvendar boas práticas de gestão pública que melhoram o ambiente de negócios e estimulam o desenvolvimento de novos projetos”, afirma Marcos Mauro Filho.  Para os investidores, foi a chance de acessar um mapa concreto de oportunidades, dialogar com tomadores de decisão e compreender as políticas públicas que impulsionam o setor.

Além das palestras, debates e painéis técnicos, o evento celebrou também os 81 anos do Sinduscon-PR, uma das três maiores entidades do setor no país. “Celebrar esse marco com um evento dessa magnitude é motivo de orgulho. O Sinduscon-PR representa mais de 9 mil empresas em 135 municípios. É uma oportunidade de reafirmar nosso compromisso com a construção civil e com o bem-estar das famílias que dela dependem”, conclui Cade.

Entrevistados
Carlos Cade é presidente do Sinduscon-PR.
 Marcos Mauro Filho é vice-presidente da CBIC na Região Sul.

Contatos
imprensa@sindusconpr.com.br (Assessoria de Imprensa)
cbic@cbic.org.br

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Ana Carvalho
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Concreto aparente tem sido usado como identidade visual de empreendimentos e traz versatilidade arquitetônica

Uma construção singular em Blumenau (SC) tem chamado atenção de quem circula pela cidade. Trata-se de um empreendimento residencial que resgata os princípios da arquitetura e presta homenagem ao arquiteto Hans Broos, conhecido por sua visão poética e sincera da construção civil.

Uso do concreto aparente é uma tendência crescente no mercado da construção
Crédito: Divulgação

O edifício, com apenas sete unidades duplex, é muito mais do que um conjunto habitacional: é um manifesto em concreto, onde estética e estrutura se tornam uma só linguagem. “O projeto nasce como uma homenagem viva à obra do arquiteto Hans Broos, resgatando seus princípios fundamentais: a verdade construtiva, a integridade formal e o uso expressivo do concreto”, explica o engenheiro Ramon Oliveira, responsável pela obra e diretor da Castelo Engenharia.

Concreto como essência e poesia

O concreto aparente não foi usado como revestimento, mas como essência da construção. “Aqui, o concreto comunica o que sustenta, expõe suas imperfeições e narra o processo construtivo: ele é pele, esqueleto e narrativa”, destaca Ramon.

Além disso, o edifício traz como inovação a presença de um museu no último pavimento, dedicado à obra escrita de Hans Broos, com poesias e reflexões do arquiteto moldadas diretamente nos painéis estruturais.

Frases como “O caminho é mais importante que a pessoa” e “Alimentar os sonhos, as esperanças, significa incentivar o motor da vida do indivíduo e da sociedade” estão eternizadas no concreto, unindo moradia, arte e memória em um único espaço.

A engenharia por trás da beleza

A expertise da Concrebras foi essencial para tornar esse projeto realidade
Crédito: Divulgação

Para que essa concepção se tornasse realidade, foi essencial a expertise técnica da Concrebras, empresa fornecedora do concreto para a obra. Desde o início, a participação da Concrebras foi estratégica, atuando de forma personalizada para atender às exigências estéticas e estruturais do projeto.

Ao todo, foram fornecidos 940 m³ de concreto aparente. “O concreto precisava ter elevada fluidez para garantir o acabamento perfeito, mesmo com uma quantidade de água muito reduzida. Trabalhamos com uma relação água/cimento de 0,45, o que corresponde à classe de agressividade ambiental IV, de risco elevado, segundo a ABNT NBR 6118:2024”, explica Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras. 

O traço utilizou aditivos de alta performance, sílica ativa e aditivo cristalizante, permitindo um acabamento impecável e ao mesmo tempo resistente às intempéries. Além disso, a estética foi garantida por um rigoroso controle de produção, limpeza dos balões e utilização do mesmo conjunto de caminhões betoneira para evitar contaminações e variações de cor ou textura.

Um novo olhar para o concreto

Além do desempenho técnico, o uso do concreto aparente se mostra uma tendência crescente no mercado da construção, especialmente nos estados de Santa Catarina e Paraná. “Muitos clientes têm buscado soluções que unam desempenho, economia e identidade visual. O concreto aparente atende tudo isso: reduz custos com acabamentos e permite uma arquitetura honesta e expressiva”, afirma Esteves.

Para Ramon Oliveira, o concreto dá alma ao projeto: “Ele permite valorizar o trabalho da mão de obra, revela a estrutura e conecta o edifício ao tempo, à natureza e à arte. Mais do que uma opção construtiva, é uma declaração de princípios”.

Com a parceria entre a Castelo Engenharia e a Concrebras, o empreendimento tornou-se não apenas uma moradia, mas um marco arquitetônico que une técnica, arte e memória, uma verdadeira referência de como o concreto aparente pode ser, ao mesmo tempo, estrutura e poesia.


Entrevistados

Ramon Oliveira é graduado em Engenharia Civil pela Fundação Universitária Regional de Blumenau (FURB), com 17 anos de experiência no setor da construção civil. À frente da Castelo Engenharia, empresa especializada em edificações residenciais e comerciais, Ramon tem atuado de forma destacada em projetos na cidade de Blumenau e no litoral catarinense.
Jair Schwanck Esteves é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), pós-graduado em Auditoria, Avaliações e Perícias em Engenharia (IPOG) e coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras.

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ramon@casteloeng.com.br
jair.esteves@concrebras.com.br

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Ana Carvalho
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Quais as consequências da tributação das Letras de Crédito Imobiliário?

Por meio de uma medida provisória (MP) divulgada nesta quarta-feira (11), o governo federal oficializou o encerramento da isenção do Imposto de Renda (IR) para aplicações em instrumentos como Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e debêntures incentivadas.

A medida provisória entra em vigor na data de sua publicação e terá validade por 120 dias, prazo no qual o Congresso Nacional precisa avaliar e deliberar sobre o conteúdo.

Com isso, as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) — atualmente isentas de Imposto de Renda — passarão a ter uma alíquota de 5%. A medida faz parte da estratégia do governo para elevar a arrecadação e conter o déficit fiscal, após recuar da tentativa de aumentar o IOF. O governo manteve a isenção de Imposto de Renda (IR) para os aportes realizados em Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e nos Fundos voltados às Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagro).

Diante deste cenário, algumas entidades do setor de construção civil têm se posicionado a respeito deste assunto. Em comunicado, a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP) destacou a importância das LCIs na sustentação do mercado de crédito imobiliário, especialmente em um cenário em que a caderneta de poupança – tradicional fonte de recurso do setor – vem apresentando retração nos volumes disponíveis.

Retirada da isenção do Imposto de Renda sobre as LCIs trará um impacto direto sobre o financiamento da casa própria.
Crédito: Envato

“Nesse contexto, as LCIs tornaram-se uma alternativa robusta e eficiente, contribuindo diretamente para mitigar os impactos no mix de taxas dos financiamentos e assegurar a continuidade da oferta de crédito imobiliário a taxas que viabilizem a aquisição da habitação. O fortalecimento do mercado imobiliário passa necessariamente por uma estrutura de funding estável, previsível e com condições atrativas, e a LCI tem cumprido com eficácia esse papel. Assim, qualquer mudança em sua estrutura de incentivos precisa considerar cuidadosamente seus impactos sobre o financiamento imobiliário e, por consequência, sobre a dinâmica de um setor que é chave para o desenvolvimento econômico e social do país e para o bem-estar das famílias”, informou a ABECIP.

Impactos no financiamento da casa própria

Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), a retirada da isenção do Imposto de Renda sobre as LCIs trará um impacto direto sobre o financiamento da casa própria. “Na prática, a medida aumenta em 0,5% o valor da taxa de financiamento SBPE, onerando ainda mais o valor da parcela. E isso acontece em um contexto de alta na Taxa Selic, em que as taxas de financiamento a pessoa física já se encontram em elevado patamar”, destacou a entidade.

A ABECIP reforça que a LCI não deve ser analisada unicamente sob a ótica do investimento financeiro. “Alterações que aumentem seu custo, como o eventual fim da isenção de Imposto de Renda, resultam na elevação do custo da moradia e podem comprometer o acesso à casa própria”, pondera a Associação.

A CBIC ainda destaca que é importante discutir a eficiência do gasto público e alternativas para reduzir despesas improdutivas. “Enfrentar esse desafio apenas pela via da arrecadação afeta diretamente o financiamento habitacional, a geração de empregos, a renda e toda a cadeia produtiva da construção civil. Além disso, hoje o setor já enfrenta sérias restrições de funding, seja pela desaceleração da poupança, seja pelas limitações do FGTS, fundamentais para viabilizar projetos habitacionais”, alerta o órgão.

Possíveis soluções

Para a CBIC, o ideal é focar na eficiência dos gastos públicos e na implementação de uma reforma administrativa ampla. Na opinião da entidade, sem essas mudanças, o peso do ajuste fiscal continuará sendo suportado pelo setor produtivo e, no fim das contas, pela população, que já arca com esse custo.

“A criação de um ambiente propício à redução dos juros e à retomada segura e acelerada dos investimentos depende diretamente do avanço das reformas estruturais. É momento de o país fazer uma reflexão profunda e unir todos os setores da sociedade em torno desse objetivo comum. No final, quem sente os impactos é o cidadão”, conclui.

Fontes
Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC)

Contatos
ABECIP - daniela.ferreira@abecip.org.br
CBIC - ascom@cbic.org.br  

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Ultrarricos e o luxo sob medida: o que esse público espera de empreendimentos imobiliários

De acordo com o relatório The Wealth Report 2025, a população de ultrarricos deve crescer 28,1% até 2029, impulsionando mudanças no mercado imobiliário global. Exemplo disso são construtoras de alto luxo, que oferecem vivências em iates, showroom inspirado na realeza e projetos que unem acabamentos exclusivos, design, exclusividade e legado. 

Para os ultrarricos, adquirir um empreendimento não é uma decisão financeira, mas uma afirmação de estilo, status e pertencimento
Crédito: Divulgação

Com o crescimento do público de altíssimo poder aquisitivo, construtoras de luxo têm apostado em experiências imersivas para diferenciar seus empreendimentos. No universo dos ultrarricos, adquirir um imóvel vai além da metragem ou da vista privilegiada. Trata-se de um símbolo de pertencimento a um estilo de vida exclusivo. 

Ana Carolina Belloni, gestora de marketing da Gessele Empreendimentos, explica que o público ultra high net Worth é formado por investidores e compradores com patrimônio elevadíssimo e desejos cada vez mais refinados. “Esse cliente busca experiências únicas, personalização extrema e excelência em cada detalhe. Ele não quer apenas um apartamento; ele quer um estilo de vida elevado à máxima potência”, afirma.

Os imóveis voltados aos ultrarricos precisam incorporar cinco pilares fundamentais:

Exclusividade: unidades únicas e espaçosas, com privacidade total.

Personalização: liberdade para customizar acabamentos e layouts.

Design com assinatura: móveis e ambientações de grife, curadoria artística e estética refinada.

Conforto e tecnologia: piso aquecido, banheira de imersão, aspiração central, isolamento acústico, vidros laminados com proteção UVA/UVB e sistemas de automação.

Experiências e serviços: ambientes que remetem a hotéis 5 estrelas, spa, concierge, sky lounges e rooftops projetados para eventos de alto padrão.

A era da imersão sensorial

Outro elemento que ganha espaço entre as preferências dos ultrarricos são as experiências imersivas ligadas ao estilo de vida que o imóvel promete. Passeios em iates personalizados, showrooms com identidade olfativa, sonora e tátil, e visitas exclusivas com roteiros sensoriais são exemplos de como o luxo passa a ser sentido e não apenas visto.

A ideia é criar vínculos emocionais antes mesmo da aquisição. O imóvel precisa entregar não só valor patrimonial, mas uma narrativa aspiracional de vida, algo que transcende a ideia de “morar bem” para tocar em aspectos como pertencimento, legado e status global.

Do aroma no ambiente ao som ambiente e à textura dos acabamentos, tudo é pensado para emocionar. Entregar luxo é, acima de tudo, criar conexões memoráveis com o cliente”, assinala.

Luxo que representa identidade

Entre os ultrarricos, adquirir um empreendimento é uma forma de reafirmar seu lugar no mundo. A propriedade funciona como extensão da personalidade: única, imponente e altamente curada. Isso significa que, cada vez mais, o imóvel precisa funcionar como um cartão de visitas silencioso, com história, requinte e uma estética que una tradição e modernidade.

Exemplo disso é o empreendimento Elizabeth II Royal Home, cujo concreto está sendo fornecido pela Concrebras. Inspirado no Palácio de Sandringham, a obra está localizada em Itapema (SC). Nas unidades de 261 m², o edifício oferece acabamento em mármore, piso aquecido, vidros duplos, isolamento acústico e automação total

 Entregar luxo é, acima de tudo, criar conexões memoráveis com o cliente
Crédito: Divulgação

Nesse cenário, a arquitetura inspirada em ícones da realeza ou elementos náuticos, por exemplo, têm conquistado esse público por evocarem um imaginário de sofisticação atemporal e liberdade. O empreendimento Charles II Yacht Home by OKEAN representa a união do universo náutico ao luxo verticalizado, tendo garagem náutica para 100 jetskis e rooftop com piscina panorâmica a 180°. “O cliente se sente em um resort exclusivo, com o privilégio da propriedade privada”, diz Ana Carolina.

Imóvel como símbolo de legado

Mais do que conforto ou segurança, o que está em jogo é a construção de um legado. Um empreendimento de altíssimo padrão precisa ser capaz de atravessar gerações mantendo seu valor, não apenas de mercado, mas simbólico.

Por isso, o futuro do mercado imobiliário de luxo passa pela capacidade de traduzir estilo de vida em espaços tangíveis, em imóveis que entreguem não apenas chaves, mas experiências, significado e distinção.

Entrevistada

Ana Carolina Belloni é graduada em Publicidade pela PUC-SP, pós-graduada em Administração de Empresas pela FGV, acumula mais de 18 anos de experiência na área, com atuação estratégica em construção de marca, posicionamento e comunicação voltada ao mercado de luxo. Atualmente, é gestora de marketing da Gessele Empreendimentos.

Contato: gerencia.mkt@gesseleempreendimentos.com.br

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Construsummit 2025 destaca o uso de inteligência artificial

Nos dias 4 e 5 de junho, aconteceu em Florianópolis (SC) o Construsummit 2025, evento de gestão e tecnologia da Indústria da Construção e do Mercado Imobiliário. 
O evento reuniu gestores do setor para compartilhar conhecimentos, explorar tendências e impulsionar suas carreiras e negócios.  

Inteligência artificial e automação na construção civil

Um dos temas que mais esteve presente no evento foi a aplicação da inteligência artificial na construção civil. 

De acordo com Guilherme Quandt, diretor de Estratégia e Mercado do Ecossistema Sienge, esta tecnologia impacta tanto na gestão e no atendimento aos clientes quanto nas decisões da gestão das empresas. “Dentro das organizações, a IA auxilia na automação de processos. Como consequência, isso aumenta a produtividade já que alguns processos que eram manuais se tornam automáticos. A inteligência artificial também é capaz de compilar uma grande quantidade de dados que auxiliam nas decisões estratégicas”, explica Quandt.

Para Cristiano Gregorius, diretor executivo do Ecossistema Sienge, diante dos desafios atuais da indústria da construção, a inteligência artificial deixou de ser uma vantagem competitiva e se tornou um fator essencial para a sobrevivência e o crescimento das empresas do setor.

Um exemplo disso é com relação à escassez de mão de obra na construção civil. Roberta Chicoli, diretora da divisão de Projetos e Obras da Construmarket, destacou como um dos maiores desafios do setor a falta e a dependência de profissionais qualificados. Ela apontou que a adoção de processos automatizados surge como uma alternativa estratégica para enfrentar essa dificuldade, proporcionando maior padronização, rapidez na execução e qualidade superior nos resultados, ao mesmo tempo em que diminui a vulnerabilidade da indústria diante da escassez de especialistas.

Desafios do financiamento para a construção civil

Outro tema debatido durante o evento foi o financiamento para a construção civil. De acordo com Quandt, o grande desafio é que ele é caro e enfrenta pouca oferta no mercado financeiro formal em função da alta dos juros da Selic, atualmente em 14,75% ao ano. Ele cita também a reforma tributária que é um desafio ao setor, mas indica que vai colaborar para uma maior produtividade.

Inteligência artificial deixou de ser uma vantagem competitiva e se tornou um fator essencial para a sobrevivência no setor de construção civil.
Crédito: Sienge

Durante o evento, foi apresentado o Grua Report – Funding Imobiliário: a bússola do financiamento para pequenas e médias incorporadoras em tempos de escassez de recursos tradicionais.

De acordo com o relatório, “a taxa Selic em patamar elevado reduz a atratividade da poupança e, com menor disponibilidade de recursos, os bancos têm dado preferência a contratos de aquisição de imóveis, que lhes garantem relacionamento com clientes por até 35 anos. Sem a estrutura e as garantias das incorporadoras de porte super grande, pequenos e médios empresários precisam buscar alternativas, como LCIs, CRIs e outras modalidades de crédito. O problema é que estas linhas são mais caras e pressionam as margens de lucro”.

Como solução, o Grua Report aponta que as fontes de funding que trouxeram o mercado imobiliário até aqui não serão as mesmas que nos levarão adiante. “O aumento no custo do crédito, ainda mais em tempos de Selic elevada, é um convite às incorporadoras para lançarem um novo olhar sobre suas próprias estratégias de financiamento. É preciso um foco bastante acertado na viabilidade e na eficiência operacional dos empreendimentos, com a consciência de que os custos de mão de obra e de materiais sofrem pressões constantes. É preciso, ainda, atentar para as oportunidades, como as fintechs que oferecem soluções de crédito baseadas não no histórico da incorporadora junto a instituições financeiras, mas a partir da viabilidade do empreendimento em questão”, recomenda o relatório.

Fontes
Guilherme Quandt é diretor de Estratégia e Mercado do Ecossistema Sienge.
Cristiano Gregorius é diretor executivo do Ecossistema Sienge.
Roberta Chicoli é diretora da Divisão de Projetos e Obras da Construmarket.
Contato: softplan@vcrp.com.br

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Ponte Joinville: a maior obra de infraestrutura da cidade já avança sobre o rio Cachoeira

Iniciada em maio de 2024, a construção da Ponte Joinville segue em ritmo acelerado. A obra atingiu um marco importante ao alcançar as águas do rio Cachoeira, permitindo o avanço da estrutura a partir das margens. Com previsão de entrega em 24 meses, a ponte deverá estar pronta até maio de 2026, consolidando-se como a maior obra de infraestrutura da história da cidade.

Para construir a ponte em locais de difícil acesso ou com restrições ambientais, como é o caso, optou-se pelo método construtivo cantitravel, técnica que utiliza um equipamento de grande porte, com um guindaste montado sobre estruturas móveis, para construção de pontes. Além disso, o equipamento faz o lançamento do concreto, a cravação da estrutura metálica e escavação das estacas, tanto em solo quanto em rocha.

“Na margem do bairro Boa Vista, o equipamento está cavando as estacas que servirão de base para a grua. Do lado do bairro Adhemar Garcia, as estacas da linha de pilar 14 já estão prontas, e os trabalhos seguem em direção ao rio”, explica Paulo Mendes de Castro, diretor da Secretaria de Infraestrutura Urbana de Joinville.

Uso do sistema cantitravel é um dos diferenciais da obra, permitindo avançar a construção e minimizar os impactos ambientais
Crédito: Divulgação/Prefeitura de Joinville

Segundo ele, o uso do sistema cantitravel (construção da estrutura em segmentos, avançando sobre a estrutura já existente), é um dos diferenciais da obra. “Trata-se de uma tecnologia mais comum em obras portuárias, que permite avançar a construção a partir das margens, minimizando os impactos ambientais. Foi essa solução que viabilizou a emissão das licenças pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina.”

O canal navegável sob a ponte terá 80 metros de largura e 9,5 metros de altura, respeitando o fluxo de embarcações no Rio Cachoeira.

Mobilidade para 448 mil moradores

A Ponte Joinville ligará a avenida Alwino Hansen, no bairro Adhemar Garcia, ao sistema viário das ruas São Leopoldo e São Borja, no Boa Vista. Essa nova conexão promete aliviar gargalos históricos no trânsito e integrar regiões com intensa circulação de veículos e transporte público. “A expectativa é que cerca de 65 mil pessoas utilizem a ponte diariamente, impactando diretamente a rotina de quase meio milhão de moradores”, destaca Castro.

Além da ponte em si, o projeto prevê a requalificação de 3,2 km de vias no entorno, o que inclui as ruas São Leopoldo, São Borja e a própria Alwino Hansen.

Concreto e inovação: estrutura pensada para o futuro

No total, serão utilizados 32 mil m³ de concreto e 2 mil toneladas de aço na construção da ponte, que terá 980 metros de extensão e 26 metros de largura. O projeto contempla duas pistas em cada sentido, acostamento, ciclovia e calçada para pedestres, oferecendo segurança e acessibilidade para todos os modais de transporte.

Com investimento robusto, método construtivo moderno e foco em mobilidade sustentável, a Ponte Joinville é símbolo da nova fase de desenvolvimento urbano da maior cidade catarinense. “É uma obra que não apenas conecta bairros, mas que transforma a forma como as pessoas se deslocam em Joinville. É um divisor de águas para a mobilidade da cidade”, conclui Paulo Mendes de Castro. A população acompanha com expectativa os avanços. A cada metro construído, a cidade se aproxima de um futuro com mais fluidez no trânsito, qualidade de vida e integração urbana.


Entrevistado

Paulo Mendes de Castro é engenheiro civil, formado na Universidade Católica de Minas Gerais e pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Possui experiência profissional na construção e operação de rodovias, construção de obras de arte especiais (pontes), terraplenagem, barragem, obras para captação de água, estação de tratamento de água, construção de aterro hidráulico, entre outras. Desde 2021 é diretor na Secretaria de Infraestrutura Urbana da Prefeitura de Joinville, coordenando a construção de obras, como a Ponte Harald Karmann, Ponte Albertinho Bornschein e a Ponte Joinville.

Contato
seinfra.uoe@joinville.sc.gov.br

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Mercado imobiliário resiste à Selic alta e cresce 15% no primeiro trimestre de 2025

Apesar da taxa Selic ainda se manter em patamares elevados, atingindo 14,75% ao ano no início de 2025, o mercado imobiliário surpreendeu ao registrar crescimento de 15% nas vendas e lançamentos de imóveis no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2024. Os dados são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Outro dado, revelado pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), aponta aumento expressivo no volume de lançamentos nos segmentos de médio e alto padrão. Os dados mais recentes do indicador ABRAINC-FIPE mostram um crescimento de 27,8% nos lançamentos no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, e aumento de 12,3% no valor total das vendas. 

Essa expansão indica que, embora a Selic tenha impacto direto sobre o custo dos financiamentos imobiliários, outros fatores vêm sustentando o bom desempenho do setor, especialmente nos nichos que menos dependem de crédito bancário.

Classe média é a mais afetada

De acordo com João Teodoro, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), os efeitos da Selic alta são sentidos de forma desigual dentro do setor. “Os imóveis de luxo praticamente não são afetados pela Selic, porque pouco ou nada dependem de financiamentos. Já a classe média sofre, porque depende do crédito baseado no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), que é diretamente impactado pela taxa Selic”, explica.

Enquanto a Selic não cair, acesso ao imóvel próprio ficará restrito a faixas específicas da população
Crédito: Envato

Além disso, o cenário se agrava porque o rendimento da poupança fica menos atrativo com a Selic em alta, desviando recursos para investimentos mais rentáveis, como o Tesouro Direto. “Além dos juros altos, há falta de funding para a classe média”, destaca.

Em relação ao funding, a ABRAINC destaca a urgência de ampliar as fontes de financiamento para o setor. Entre as medidas necessárias estão: a criação de uma LCI institucional (Letra de Crédito Imobiliário é um investimento de renda fixa emitido pela CAIXA e que tem como lastro uma carteira de empréstimos imobiliários garantidos por hipoteca ou alienação fiduciária mantidos pela instituição), o aumento da exigibilidade de aplicação dos recursos da poupança para 70% em crédito imobiliário, a preservação do FGTS e o fim da antecipação do saque-aniversário. É fundamental avançar com uma ampla reforma administrativa e maior controle dos gastos públicos, criando as bases para uma redução estrutural da taxa de juros no país. Somente com responsabilidade fiscal será possível estimular investimentos sustentáveis, ampliar o acesso à moradia e manter o crescimento consistente da construção civil no Brasil”, alerta o presidente da ABRAINC, Luiz França.

Minha Casa, Minha Vida preserva base popular

No segmento de baixa renda, o impacto da Selic é praticamente nulo. Isso porque o programa Minha Casa, Minha Vida oferece subsídios e juros reduzidos, independentemente das oscilações da taxa básica de juros. O resultado é que essa faixa do mercado continua aquecida, sustentada por políticas públicas de incentivo à moradia popular.

Um estudo produzido pelo Instituto Cidades Responsáveis reforça os desafios causados pela Selic alta. Segundo a análise, uma prestação de financiamento que era de R$ 3.966 em 2021 (com a Selic em 5,5%) saltou para R$ 5.425 em 2025. Já a renda mínima exigida para o financiamento subiu de R$ 13.220 para R$ 18.086. O impacto é direto na capacidade de compra da população e na viabilidade de contratos já assinados.

Leia mais: https://www.cimentoitambe.com.br/leiloes-de-imoveis-ganham-forca-no-brasil-e-atraem-novos-investidores-em-busca-de-precos-atrativos/

Perspectivas para 2025: cautela e otimismo

Ainda assim, Teodoro acredita que o mercado imobiliário continuará aquecido. “O impacto da Selic na inadimplência dos contratos em curso é quase imperceptível, já que os financiamentos antigos não são atingidos. Mas os novos contratos podem enfrentar dificuldades se os juros permanecerem altos”, afirma.

A ABRAINC também adota um tom otimista para os próximos meses, com expectativa de novos lançamentos e manutenção da demanda nos segmentos mais resilientes ao custo do crédito. Mas alerta: enquanto a Selic não cair, o acesso ao imóvel próprio continuará restrito a faixas específicas da população.

O desempenho positivo do setor no início de 2025 mostra que o mercado imobiliário brasileiro tem capacidade de adaptação. No entanto, a continuidade desse crescimento dependerá do equilíbrio entre política monetária, acesso ao crédito e programas de incentivo à habitação. A Selic, nesse cenário, segue como um fator decisivo para os rumos da construção civil e da realização do sonho da casa própria.

“As perspectivas são otimistas, mesmo em um ambiente de juros elevados. Há uma base sólida para crescimento sustentável, com incorporadoras capitalizadas e uma demanda habitacional consistente. Temos um déficit habitacional superior a 7 milhões de moradias e uma demanda futura que supera 11 milhões de moradias nos próximos 10 anos”, conclui França. 

Entrevistados
João Teodoro é graduado em Gestão de Negócios Imobiliários, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, além de ser advogado civil e trabalhista. Foi fundador e diretor das empresas Teodoro Imóveis Ltda e da Brooklin Construções e Empreendimentos Ltda. Foi presidente do Sindimóveis-PR por três anos e do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci/PR) durante três gestões. Atualmente, é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci).

Luiz França é presidente da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).

Contatos
silvia@mafer-comunicacao.com.br (Assessoria de Imprensa)
abrainc@abrainc.org.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Como promover a segurança no canteiro de obras?

Em maio de 2025, a queda de um elevador de carga deixou três operários mortos na obra de um condomínio residencial no Butantã, na Zona Oeste de São Paulo. Tratava-se de um elevador de cremalheira, que despencou do 17º andar. O Estado de São Paulo registrou um aumento de 13,9% nos acidentes de trabalho em atividades da construção civil até março de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.

Até março deste ano, 377 casos foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Em 2024, foram 1.390 casos de acidentes de trabalho no setor.

Normas de segurança para o canteiro de obras

De acordo com Haruo Ishikawa, membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP e vice-presidente de Capital-Trabalho do SindusCon-SP, a NR-18 é a norma que rege a segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. “Ela passou por uma importante atualização, que começou com a publicação de uma portaria em 2020. Em 2022, a nova norma já estava em plena vigência. Mas, além da NR-18, há diversas outras normas regulamentadoras que utilizamos para garantir a consistência e a eficácia das ações de segurança no setor da construção civil”, pontua Ishikawa.

Hoje, um dos maiores problemas enfrentados na construção civil é relacionado à locação e manutenção de equipamentos
Crédito: Envato

Um exemplo é a NR-1, que trata das diretrizes gerais e incluiu, recentemente, aspectos relacionados aos riscos psicossociais. Ishikawa também cita a NR-5, que trata da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –, muito aplicada na construção civil.

“A NR-10, que aborda a segurança em instalações e serviços em eletricidade, é essencial para o setor. Já a NR-12 trata sobre segurança no trabalho com máquinas e equipamentos. Todas essas normas se complementam e estão, de certa forma, interligadas com a NR-18, contribuindo para a construção de um ambiente de trabalho mais seguro”, comenta Ishikawa.

Com relação à integração com às NBRs: Ishikawa explica que quando foi elaborada a nova NR-18, publicada na portaria do dia 10 de fevereiro de 2020, o foco era estabelecer o “o que fazer” para garantir a segurança do trabalhador. Já o “como fazer” — os métodos — foi deixado fora da norma e passou a ser tratado por meio das NBRs. 

“A partir daí, começamos a desenvolver normas técnicas complementares. Um exemplo disso é a NBR do guarda-corpo provisório, que veio justamente porque esse é um ponto crítico no canteiro de obras, com muitos acidentes por queda. Muita gente começou a usar redes de proteção em vez de bandejas secundárias. Por isso, desenvolvemos duas NBRs: uma sobre os métodos de ensaio dessas redes (já que antes só havia uma norma estrangeira, da Espanha) e outra sobre a instalação correta das redes de proteção. Vale lembrar que, na nova NR-18, o uso da bandeja secundária deixou de ser obrigatório. Antes, ela era exigida a cada três andares, além da primária no primeiro pavimento. Agora, cabe ao profissional legalmente habilitado — o engenheiro de segurança, por exemplo — decidir a melhor solução técnica. Por isso, a rede de proteção tem sido amplamente adotada. Basta andar por São Paulo e ver que grandes construtoras estão utilizando redes em vez de bandejas. Elas são eficazes tanto para evitar a queda de trabalhadores quanto de materiais”, afirma.

Segurança do maquinário

Para Ishikawa, hoje, um dos maiores problemas enfrentados na construção civil é relacionado à locação e manutenção de equipamentos. “Não dá para dizer que seja o caso do acidente que aconteceu na obra da Raposo Tavares em maio — até porque, até o momento, não foi divulgado nenhum laudo pericial oficial. Tudo que se comenta está na esfera das suposições e do que saiu na imprensa. Mas, analisando situações semelhantes, os acidentes deste tipo geralmente têm duas causas principais: falta de manutenção adequada dos equipamentos; e operação incorreta, muitas vezes por profissionais não treinados o suficiente”, esclarece Ishikawa.

Seja uma grua, uma minigrua ou um elevador tipo cremalheira, todos esses equipamentos precisam de manutenções periódicas, conforme exige a norma. “Quando a empresa locadora não contrata uma assistência técnica confiável para fazer essas manutenções, os riscos aumentam consideravelmente. Infelizmente, isso ainda é comum”, alerta Ishikawa.

Já a operação de máquinas de içamento, como gruas e guindastes, exige operadores qualificados. “Para operar uma grua, o profissional precisa de 88 horas de curso, sendo 40 horas práticas. Já para guindastes, o curso deve ter cerca de 120 horas, com pelo menos 80 horas práticas. Operadores de equipamentos de guindar, em geral, precisam cumprir no mínimo 50% da carga horária em prática. E não podemos esquecer do sinaleiro amarrador, que é fundamental na operação. Ele é o responsável por preparar e sinalizar corretamente o transporte dos materiais — desde a laje até o ponto de destino. É uma das funções mais importantes no uso desses equipamentos”, comenta Ishikawa.

A orientação de Ishikawa para as construtoras é: “ao alugar qualquer equipamento, verifiquem com rigor a procedência da empresa, o histórico de manutenção, a capacitação dos operadores e acompanhem de perto a instalação. Tudo isso faz a diferença entre um canteiro seguro e um cenário de risco”.

Entrevistado
Haruo Ishikawa, membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP e vice-presidente de Capital-Trabalho do SindusCon-SP.

Contato
Assessoria de imprensa Seconci-SP - rafael.marko@seconci-sp.org.br

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Convenção coletiva de trabalho é assinada em São Paulo

Para os salários superiores a R$ 7.818,84, o aumento será de R$ 469,13.
Crédito: Envato

A Convenção Coletiva de Trabalho relativa à data-base de 1º de maio foi assinada pelos residentes do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Yorki Estefan, e do Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo), Antonio de Sousa Ramalho.

De acordo com o documento, os salários iguais ou inferiores a R$ 7.818,84 terão um reajuste de 6%, calculado com base nos valores vigentes em 30 de abril de 2025, com pagamento a partir de 1º de maio de 2025.

Para os salários superiores a R$ 7.818,84, o aumento será de R$ 469,13, também com início de pagamento em 1º de maio de 2025.

“Os reajustes foram dados levando-se também em consideração a necessidade de as remunerações serem atrativas, em face da escassez de mão de obra qualificada do setor”, afirmou Estefan.

A convenção é válida para os trabalhadores das cidades de São Paulo, Itapecerica da Serra, Taboão da Serra, Embu, Embu Guaçu, Franco da Rocha, Mairiporã, Caieiras, Juquitiba, Francisco Morato e São Lourenço da Serra.

Pisos salariais

Os novos pisos salariais para uma jornada mensal de 220 horas são:

  • Trabalhadores não qualificados (como serventes, vigias e auxiliares): R$ 2.189,97 mensais (R$ 9,95/hora);
  • Meio-oficiais (em processo de qualificação por até 12 meses): R$ 2.427,36 mensais (R$ 11,03/hora);
  • Trabalhadores qualificados (pedreiros, carpinteiros, pintores etc.): R$ 2.664,75 mensais (R$ 12,11/hora);
  • Profissionais qualificados em montagem de instalações industriais: R$ 3.192,39 mensais (R$ 14,51/hora).

Com relação à alimentação, o valor mínimo do tíquete refeição passa para R$ 31,80, e o vale supermercado para R$ 485,00. O almoço será obrigatório apenas em casos excepcionais mediante acordo, e se este não ocorrer, o Seconci-SP (Serviço Social da Construção) fará a mediação.

Contribuição Assistencial

As empresas deverão descontar dos salários reajustados de todos os empregados — sindicalizados ou não — uma contribuição assistencial de 3% em maio de 2025 e, de 1% ao mês entre junho de 2025 e abril de 2026, incluindo o 13º salário, limitada ao teto de R$ 46,30 por mês.

Esses valores devem ser repassados ao sindicato profissional até o dia 8 de cada mês, por meio de guias geradas no site do Sintracon-SP.

A primeira parcela de 3% e eventuais valores retroativos poderão ser recolhidos até 8 de junho de 2025.

É garantido ao trabalhador o direito de se opor ao desconto da contribuição.

Fontes
Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (SindusCon-SP).
Contatos
SindusCon-SP: rmontagnini@sindusconsp.com.br

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