Pré-fabricação nas obras de infraestrutura agiliza os prazos de execução

Crédito: Modern Concrete Show
A pré-fabricação de componentes de concreto tem se consolidado como uma solução eficaz para projetos de infraestrutura, proporcionando maior qualidade e eficiência em obras de grande escala. Durante o evento Modern Construction Show 2024, o uso de pré-fabricados em obras de infraestrutura foi tema de um dos painéis.
A engenheira Íria Lícia Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira de Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), abriu os debates sobre o tema e destacou que a pré-fabricação oferece a vantagem de produzir em um ambiente controlado, o que eleva a qualidade dos componentes e minimiza os impactos negativos em ambientes de construção adversos, como obras subterrâneas. Além disso, a presidente executiva da ABCIC destacou que o uso de elementos pré-fabricados acelera os prazos de execução e a liberação de áreas para novos trabalhos, fator crucial em projetos com exigências rigorosas de tempo, como em obras de metrô e rodovias. Por fim, Íria ressaltou que a pré-fabricação contribui para a redução de custos operacionais e aumenta a segurança, especialmente em obras que precisam ser realizadas com a infraestrutura em operação, como duplicações rodoviárias.
Evolução do uso de pré-fabricados em obras de infraestrutura
Durante sua apresentação no Modern Construction Show, o professor e doutor Fernando Stucchi, da EGT Engenharia e da Poli-USP, compartilhou uma evolução técnica no campo das estruturas e pontes, destacando a criatividade brasileira em soluções de engenharia e o uso de pré-fabricados de concreto. Ele apresentou exemplos históricos, como a Ponte da Amizade, onde o engenheiro Sérgio Marques de Souza reduziu custos de cimbramento ao usar metade do arco para suportar o peso, e o método dos balanços sucessivos, inventado pelo brasileiro Emílio Baumgart. Esse método, desenvolvido na década de 1930, revolucionou a construção de pontes sem o uso de concreto protendido, permitindo a construção de seções consecutivas até o encontro no meio da ponte, segundo Stucchi.

Com o passar dos anos, a aplicação de pré-moldados em pontes se expandiu, especialmente com o advento de tecnologias mais avançadas. Na Ponte Rio-Niterói, a utilização de segmentos pré-moldados otimizou a montagem e reduziu o tempo de execução, de acordo com Stucchi. Nos vãos de acesso sobre o mar, feitos de concreto protendido e com aproximadamente 8.000 metros de extensão, foram utilizadas aduelas pré-fabricadas, que eram coladas entre si com resina epóxi nas faces de contato. A fabricação dessas peças era realizada diretamente no canteiro localizado na Ilha do Fundão.
Stucchi lembrou ainda do caso da construção da nova Ponte do Guaíba, no qual a utilização de componentes pré-fabricados desempenhou um papel crucial na otimização do processo e na redução de custos. O consórcio responsável optou pela pré-fabricação de diversos elementos estruturais, como estacas, vigas e pilares, que foram produzidos fora do local da obra e transportados para a montagem no canteiro. Essa abordagem industrializada permitiu maior controle de qualidade, além de acelerar o cronograma da obra e diminuir a necessidade de mão de obra intensiva no local, segundo Stucchi. Como resultado, o orçamento da ponte foi significativamente reduzido, demonstrando o impacto positivo da pré-fabricação em projetos de grande escala.
Cases modernos do uso de pré-fabricação em concreto nas obras de infraestrutura viária e urbana
Durante a apresentação, Íria lembrou de alguns cases mais recentes:
• Linha 5 do Metrô de São Paulo: Utilização de lajes alveolares de concreto protendido em ambientes subterrâneos, demonstrando a eficácia da pré-fabricação em condições desafiadoras.
• Estação Osório do Metrô Rio de Janeiro e Aeroporto de Brasília: Exemplos de aplicação de novas tecnologias e sistemas de pós-tração que permitiram a conclusão das obras em tempo recorde.
• Complexo Viário do Porto de Itaguaí: O projeto utilizou concreto autoadensável e sistemas mistos de pré-tração e pós-tração, adaptando-se às restrições de espaço em canteiros.
• Terminal São Gabriel do BRT, de Belo Horizonte: Implementação de tecnologia de concreto autoadensável e pilares circulares, integrando cobertura metálica com elementos pré-fabricados.
• Ampliação e duplicação da Rodovia Raposo Tavares e viaduto da Rodovia Carvalho Pinto: Aplicações diversas em infraestrutura rodoviária demonstram a versatilidade da pré-fabricação.
Uso de sistemas construtivos racionalizados pelo Governo
Marcos Monteiro, secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, também destacou o uso de sistemas construtivos em obras públicas. “Na Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo (SIURB), o que realmente importa para os técnicos é que o processo produtivo siga a tabela SIURB, que é editada pelo município. Os valores são verificados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), que apura os serviços, materiais, preços e composição de custos. Se as composições estiverem na tabela SIURB, o uso é permitido, e essa tabela já contempla estruturas em pré-moldados."

Crédito: Governo do Estado de São Paulo
Monteiro ressaltou que os sistemas racionalizados trazem dois benefícios importantes para obras públicas: qualidade e produtividade em menor tempo. "A gestão pública dura apenas quatro anos, então há uma grande expectativa para inaugurar as obras. Conseguir entregar obras com qualidade em um prazo menor é essencial."
O secretário municipal também destacou a importância de bons projetos para justificar o uso de soluções inicialmente mais caras, como os pré-moldados, perante órgãos de controle, como o Tribunal de Contas. “Projetos bem elaborados nos dão a segurança de que a solução adotada é a de menor custo ao longo da obra. Isso não se refere apenas ao custo de materiais ou mão de obra, mas ao custo total da obra pronta, considerando fatores como o canteiro, custos fixos e o tempo de execução. Com bons projetos, conseguimos justificar essas escolhas mesmo quando o custo inicial é mais elevado”, explicou.
Fontes:
Marcos Monteiro é secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo.
Íria Lícia Oliva Doniak é a presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).
Fernando Stucchi é sócio e diretor executivo na EGT Engenharia e professor titular sênior da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Contato
Assessoria de imprensa Modern Construction Show: andre@original123.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Projeto de Lei sobre inspeção predial pretende garantir segurança e manutenção das edificações no país
A crescente preocupação com a segurança das edificações em todo o Brasil motivou a criação de um projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade da inspeção predial em todo o território nacional. A iniciativa surge como uma resposta aos inúmeros acidentes e desabamentos ocorridos nos últimos anos, que, em sua maioria, poderiam ter sido evitados com vistorias periódicas e manutenção preventiva.
O projeto de lei 6014/2013 propõe que edificações em todo o Brasil, com exceção das residenciais de até três pavimentos, passem por vistorias periódicas que possam diagnosticar suas condições estruturais, construtivas e de manutenção. O principal objetivo é evitar que pequenos problemas, não identificados a tempo, evoluam para falhas graves que comprometam a segurança de moradores, trabalhadores e transeuntes.
De acordo com Fabio Ramos, diretor da Plenno Arquitetura, a iniciativa deve fazer um mapeamento presente e a prevenção de não conformidades que possam pôr em risco as edificações, especialmente as maiores e de maior idade. “Ao antecipar riscos, o projeto contribui diretamente para a redução de acidentes e mortes causadas por falhas estruturais”, alerta.

Crédito: Envato
O Estado do Rio de Janeiro já tem uma lei similar em vigor, a Lei de Autovistoria (Lei 6400/2013), que obriga proprietários e responsáveis por edificações a realizar vistorias técnicas periódicas. Desde a sua implementação, a lei tem contribuído para a prevenção de acidentes, embora ainda haja desafios na sua fiscalização e aplicação.
Com o projeto de lei em âmbito nacional, espera-se que mais Estados adotem práticas semelhantes, com uma fiscalização mais efetiva e um compromisso maior das construtoras e administradoras de imóveis em garantir a segurança de suas edificações. “A ampliação dessa obrigatoriedade para todo o país trará um impacto positivo na segurança das construções e na preservação da vida humana”.
Laudo de Inspeção Técnica de Edificação
Para empresas e proprietários de imóveis, a implementação desse projeto de lei significará uma nova rotina de inspeções obrigatórias. Cada vistoria deverá gerar um Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (LITE), que deve ser emitido por profissionais técnicos habilitados, como engenheiros civis e mecânicos. O laudo detalha as condições da edificação, apontando possíveis falhas e sugerindo medidas corretivas, se necessário.
Empresas que já seguem práticas de manutenção preventiva vão presenciar poucos impactos adicionais, mas para aquelas que ainda não implementaram rotinas de inspeção, será necessário um esforço maior para se adequar. “Na prática, empresas e proprietários precisarão realizar vistorias periódicas conforme a idade e o perfil da edificação”, afirma.
Além de ser uma exigência legal, essa nova prática também pode trazer benefícios econômicos a longo prazo. Ao garantir que as edificações estejam em boas condições, proprietários e administradores evitam custos elevados com reparos emergenciais, que costumam ser muito mais caros do que a manutenção regular.
Fortalecimento da engenharia e novas oportunidades
O projeto também é visto como um fortalecimento da profissão de engenheiro civil e mecânico, já que esses profissionais serão fundamentais tanto no processo de vistoria quanto na emissão do laudo. A necessidade de laudos técnicos aumentará a demanda por profissionais especializados, criando novas oportunidades no mercado de trabalho. “Essa valorização também se reflete na importância de uma formação sólida e contínua para os engenheiros, que precisam estar atualizados com as novas normas e tecnologias de inspeção”, observa ele.
Ramos alerta que muitas tragédias poderiam ter sido evitadas com a realização de vistorias periódicas e manutenção preventiva. “O maior ganho para a sociedade é a garantia de uma edificação segura, independente de sua finalidade”, comenta Ramos, reforçando a importância do projeto para a preservação da vida e do patrimônio.
Benefícios sociais e ambientais
Além da segurança, a inspeção predial periódica também contribui para a sustentabilidade das edificações. O diagnóstico constante permite que os edifícios passem por adequações que aumentem sua eficiência energética, melhorem o isolamento térmico e reduzam o consumo de água. Essas melhorias, por sua vez, resultam em construções mais sustentáveis e com menor impacto ambiental.
A proposta do projeto de lei também atende à crescente demanda por práticas sustentáveis no setor da construção civil. Ao garantir a manutenção regular, as edificações podem se adaptar mais facilmente às novas normas ambientais e se preparar para o futuro, quando a sustentabilidade será um fator determinante para o valor de mercado de imóveis.
Dessa forma, o projeto de lei sobre inspeção predial representa um avanço significativo para o Brasil em termos de segurança e manutenção de edificações. Com a ampliação da obrigatoriedade das vistorias periódicas para todo o território nacional, empresas, proprietários e gestores de imóveis precisarão se adaptar a uma nova realidade, onde a prevenção e a manutenção serão prioridades.
Entrevistado
Fabio Ramos é administrador de empresas graduado e pós-graduado pela Universidade Nove de Julho, possui MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Mercado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É diretor geral da Plenno Arquitetura.
Contato:
fabio.ramos@plenno.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Comunidade do Pavimento estimula compartilhamento de informações sobre método
O pavimento de concreto apresenta diversas vantagens, que vão desde menor necessidade de manutenção e maior durabilidade até a sustentabilidade. No entanto, de acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), dentre as estradas pavimentadas no Brasil, apenas 2 a 3% são pavimentadas em concreto. Embora seja uma técnica muito utilizada em outros países, aqui no Brasil, ainda existe um gargalo com relação ao conhecimento dos profissionais sobre este método construtivo. “Isso precisa ser desenvolvido para a cadeia construtiva ficar mais confortável em utilizar o pavimento de concreto. Esta técnica já existe há mais de 100 anos. Aqui no Brasil, somente nos últimos 10 - 15 anos que ele passou a ser usado em maior volume”, afirma Dejalma Frasson Junior, gerente da Regional Sul da ABCP.

Crédito: Roberto Dziura Jr/AEN
Para promover e incentivar o uso do pavimento de concreto no Brasil, a ABCP acaba de criar a Comunidade do Pavimento (Pavi+), um grupo formado por profissionais e empresas para discutir, compartilhar, aprofundar conhecimentos e desenvolver melhorias dos sistemas à base de cimento e concreto para pavimentação de vias.
“Dentre os objetivos desta iniciativa está identificar gargalos potenciais, a partir da visão de diferentes atores da cadeia produtiva, bem como trocar experiências para acelerar o aprendizado. Além disso, entendemos que quando reunimos vários players do mercado, é muito mais fácil diluir recursos e ampliar o potencial intelectual. Sobretudo, juntos podemos impactar positivamente a infraestrutura logística do país”, pontua o Frasson Junior.
O lançamento do Pavi+ aconteceu no dia 24 de setembro e “a receptividade foi muito positiva, fizemos várias captações no evento mesmo”, indica Frasson Junior.
Como funciona a Comunidade do Pavimento?
Este movimento foi inspirado em outras iniciativas similares já realizadas pela ABCP como o hubIC, Parede de Concreto e Comunidade da Construção. “A ABCP decidiu encabeçar este movimento por já possuir expertise em redes e plataformas, além de uma ampla rede de relacionamento nacional e internacional. Da mesma forma, a instituição possui conhecimento técnico sobre sistemas construtivos para vias de concreto e um laboratório de referência que servirá de suporte para estas pesquisas especializadas. Ainda, a ABCP conta com experiência de implantação de inovações no mercado e uma parceria com a Poli/USP. Por fim, temos um acordo de cooperação técnica com o DNIT, que facilita nossa interlocução com este órgão. Também temos relacionamento com os órgãos estaduais”, destaca Frasson Junior.
Esta iniciativa prevê ciclos temáticos de 18 meses. Ao aderir à Comunidade do Pavimento, cada empresa ou entidade indica dois representantes (titular e suplente) para fazer parte.
Nesse período, além de participar proativamente da linha de trabalho do tema (desenvolvimento de produtos e/ou estudos), o participante terá acesso a: 2 Jornadas Técnicas, 4 Cursos, 15 Webinars com profissionais (brasileiros e estrangeiros), 3 Visitas técnicas e 1 Missão internacional.
Ao final do ciclo, os resultados são apresentados e podem ser apropriados pela empresa.
Quem pode participar?
De acordo com a ABCP, a ideia é envolver profissionais de diversos setores:
• Empreiteiras e concessionárias;
• Projetistas;
• Empresas fornecedoras (aditivos, cimento, equipamentos, fibras etc.);
• Órgãos públicos setoriais, como DERs, DNIT, entre outros;
• Entidades ligadas ao setor;
• Universidades.
Oportunidades e desafios para o uso do pavimento de concreto:
A ABCP enxerga algumas oportunidades para uso do pavimento de concreto:
- Rodovias: o Brasil possui uma malha grande e, segundo o gerente da Regional Sul da ABCP, o pavimento de concreto pode ser utilizado nestes espaços;
- Corredores urbanos (ônibus): a cidade de São Paulo (SP) já possui, no entanto, a iniciativa começou em Curitiba (PR). A ideia é levar para outras cidades do Brasil;
- Vias municipais/urbanas: “Hoje elas são feitas primordialmente com asfalto, mas alguns Estados como é o caso do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já vêm enxergando de forma positiva o pavimento de concreto em vias urbanas. É o caso, por exemplo, do Bairro Novo do Cachimba, que está passando por uma revitalização e estão usando pavimento de concreto em algumas vias”, lembra Frasson Junior.
Resultados esperados para a Comunidade do Pavimento
Segundo Frasson Junior, dentre os resultados esperados estão:
- Melhorar o uso de sistemas que usam cimento nas vias;
- Capacitar agentes da cadeia produtiva;
- Identificar e equacionar gargalos técnicos;
- Desenvolver projetos de inovação de forma colaborativa;
- Apresentar oportunidades de inovação brasileiras e internacionais;
- Dar visibilidade a empresas;
- Gerar espaços de relacionamentos;
- Integração da cadeia produtiva.
Entrevistado
Dejalma Frasson Junior é engenheiro civil formado pela Universidade do Federal de Santa Catarina (UFSC), foi pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e possui especialização em edificações, gestão empresarial e tecnologia do concreto. Atualmente, é gerente da Regional Sul da ABCP.
Contato
Assessoria de imprensa ABCP: daniela.nogueira@fsb.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Retrofit: um conceito que une engenharia e arquitetura para dar nova vida para edificações antigas
Com o aumento da demanda por espaços modernos e sustentáveis, o retrofit surge como uma solução promissora para a construção civil no Brasil. Além de preservar o patrimônio arquitetônico e cultural, essa técnica de revitalização e modernização de construções promove a sustentabilidade ao evitar a demolição de prédios antigos e, consequentemente, a geração de resíduos.
Ricardo Amaral, arquiteto e fundador do escritório Ricardo Amaral Arquitetos Associados, explica que a técnica surgiu na Europa como uma resposta à necessidade de preservar edificações antigas que não atendiam mais às demandas contemporâneas.
Essa prática visa recuperar, requalificar e modernizar construções, preservando seu valor arquitetônico e histórico. “O retrofit apareceu como uma solução para edifícios sem condições de utilização, preservando o patrimônio histórico e cultural, dando uma nova vida às edificações”. Ele destaca o exemplo do bairro Soho, em Nova York, onde antigas fábricas foram transformadas em lofts e espaços para artistas, um marco na história do retrofit.
No Brasil, a prática tem ganhado relevância com projetos que buscam adaptar construções a novas necessidades, como acessibilidade, eficiência energética e novos usos. Rafael Medeiros, engenheiro e diretor da Piemonte Engenharia, reforça o papel do retrofit na sustentabilidade, uma vez que, ao invés de demolir, o processo reaproveita a estrutura existente, gerando menos resíduos e otimizando recursos.
Função do concreto no retrofit

Uma das principais preocupações ao realizar um retrofit é a estrutura da edificação. Medeiros afirma que o concreto é amplamente utilizado nesses projetos, seja para reforçar estruturas já existentes ou como parte de sistemas mistos, que combinam concreto e aço para criar edificações mais leves e eficientes. “O concreto é essencial quando falamos de edificações mais antigas, onde muitas vezes não há projetos ou cálculos estruturais disponíveis. Nesses casos, o concreto é usado para garantir a segurança e viabilidade da ampliação ou substituição de partes da estrutura”, destaca.
O uso do concreto também pode ser observado em casos como o Palácio Avenida, em Curitiba, onde a fachada foi mantida e a estrutura interna passou por um retrofit que utilizou o concreto armado para dar nova funcionalidade ao edifício. “Esse tipo de abordagem permite preservar a estética e a história do prédio, enquanto moderniza suas funções”, observa Amaral.
O engenheiro Carlos Eduardo Maciel, que executou a obra de retrofit em uma casa antiga para servir de sede para a Construtora Paranista, aponta que foram criados quatro pilares de concreto, desde a fundação até a cobertura, para gerar apoios para a nova carga de laje do pavimento superior e cobertura. “A nova estrutura deu espaço à rigidez da edificação, sem alterar as características externas da casa original, permanecendo as esquadrias, portas, escadas que foram restauradas e reinstaladas nas mesmas aberturas”, relata.
Desafios das obras de retrofit
Apesar de ser uma solução viável e sustentável, o retrofit não é isento de desafios. Os especialistas ressaltam a imprevisibilidade desse tipo de obra, já que muitos edifícios antigos não possuem um histórico completo de suas estruturas e instalações. “As surpresas são grandes, mesmo com um bom planejamento”, afirma Medeiros. Ele recomenda uma análise técnica minuciosa das instalações existentes para evitar sobrecustos e retrabalhos.
Amaral também pontua a importância do diagnóstico inicial. “É fundamental entender o que pode e deve ser preservado, e como a nova função do edifício se compatibiliza com suas características originais”, assinala. Ele cita como exemplo o projeto da Fábrica de Ideias, em Curitiba, uma construção industrial de concreto em vários níveis que suportou a antiga cervejaria Atlântica e no final se tornou um complexo cervejeiro da Ambev, no bairro Rebouças, em Curitiba, um antigo distrito industrial da cidade.
A meta era realizar o retrofit dos edifícios para que se tornassem um centro de tecnologia, economia criativa, inovação, cultura e lazer para o Estado do Paraná e para a cidade. O maior desafio foi adequar os prédios às novas normas de segurança e acessibilidade, um processo complexo que exige monitoramento constante.
“Mantivemos metade da estrutura do edifício, que marcou a época fabril do Estado e da cidade de Curitiba e implantamos uma edificação moderna e contemporânea, realizando um contraponto entre as duas épocas”, relata Amaral.
Maciel aponta que, na execução de obras de retrofit, é preciso cuidado com dois aspectos principais. “O primeiro deles é não perder a característica original da edificação, que muitas vezes tem valor arquitetônico da época em que foram concebidas. Outro cuidado é para que os custos da obra não excedam um valor pré-estabelecido, como sendo o limite máximo, sob risco de encarecer a ponto de inviabilizar a operação”, orienta.
Casos de sucesso
Alguns projetos de retrofit têm se destacado por sua relevância arquitetônica e cultural. Um exemplo é o Floripa Shopping, em Florianópolis, onde um edifício garagem de quatro pavimentos foi construído sobre a estrutura de concreto armado já existente. Medeiros conta que a obra, além de ampliar a capacidade do shopping, evitou a geração de cerca de 3.000 m³ de resíduos ao reutilizar parte da estrutura original.

Outro projeto é o retrofit da Casa Solar da Glória, conhecida antigamente como Casa Veiga, em Curitiba. A construção havia sido uma residência térrea com um porão do ervateiro Bernardo Augusto da Veiga, situada ao lado da Capela da Glória, construída em 1896 em estilo eclético.
Sua nova função seria a de ser um centro cultural e ao mesmo tempo um apoio para a capela da Glória. Nesse retrofit, toda a fachada original foi preservada e restaurada, enquanto a parte interna foi reformulada para abrigar um centro cultural. “Criamos uma nova estrutura para dar suporte ao grande vão interno, sem comprometer as características históricas do prédio e instalamos um novo piso de madeira para suportar estas novas funções sem perder as características e sua essência”, explica Amaral.
Colaboração entre arquitetos e engenheiros
O sucesso de um projeto de retrofit depende da colaboração entre diversas áreas. Amaral explica que, em projetos complexos como o da Fábrica de Ideias, mais de 20 especialistas trabalharam juntos para garantir a viabilidade técnica e a preservação dos elementos históricos da edificação. “O retrofit é um processo colaborativo, no qual engenheiros e arquitetos precisam trabalhar lado a lado para compatibilizar as novas funções e tecnologias às características originais dos edifícios”, afirma Amaral.
Medeiros reforça essa ideia, destacando a importância de uma equipe técnica qualificada. “O retrofit exige um profundo conhecimento das estruturas existentes e uma boa dose de criatividade para transformar o antigo em um projeto moderno e funcional, sem perder sua essência”, assinala.
Entrevistados
Ricardo Amaral é arquiteto graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e é arquiteto sênior e fundador do Ricardo Amaral Arquitetos Associados.
Rafael Luiz de Medeiros é engenheiro civil graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), pós-graduado em Gerenciamento de Obras pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV-RJ. Diretor de Engenharia da Piemonte Engenharia.
Carlos Eduardo Maciel é engenheiro civil graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e diretor da Construtora Paranista.
Contatos:
lilian@maverick360.com.br
rafael.medeiros@piemonte.com.br
maciel@construtoraparanista.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Quais os efeitos da estiagem na construção civil?

Crédito: Envato
Uma pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) indicou que a seca prevista para 2024 tem potencial para ser a mais grave já registrada no país. O estudo, que utilizou imagens de satélite, aponta que aproximadamente 55% do território brasileiro está em risco por conta da estiagem. Diante desse panorama, como essa situação poderá impactar o setor da construção civil?
EPIs e cuidados com os trabalhadores
Os cuidados usuais com a segurança incluem a hidratação periódica e a proteção solar. Porém, devido à exposição dos trabalhadores, principalmente em obras de infraestrutura, os cuidados devem ser redobrados. “Além do desgaste físico já inerente às atividades desses trabalhadores, períodos de estiagem também são associados a exposições solares de maior intensidade e baixa umidade do ar. Esse fato prejudica ainda mais os trabalhadores expostos à poeira, que devem intensificar o uso de máscaras para evitar doenças respiratórias”, justifica Lucas Vaslanv da Silva Wolff, professor dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura da FAE Centro Universitário.
Além da responsabilidade ética com os funcionários, a preocupação das empresas em treinar, conscientizar, exigir o uso dos EPIs e promover a hidratação dos trabalhadores representa um investimento menor do que os custos com eventuais afastamentos que possam ocorrer. “Esses afastamentos não apenas possuem implicações quanto às responsabilidades trabalhistas, mas também afetam o planejamento e a produtividade da obra”, defende Wolff.
Leia mais: Como lidar com as altas temperaturas nas obras?
Bandeira vermelha
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou que a bandeira tarifária será vermelha, patamar 2, em outubro. A sinalização demonstra que haverá cobrança complementar na conta de luz para os consumidores de energia elétrica.
O professor dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura pontua que a construção civil é responsável por um alto consumo de água e energia elétrica, sendo afetada duplamente neste quesito em períodos de estiagem. “Uma boa parte dos equipamentos leves utilizados em construção são elétricos e de alta potência, consumindo muita eletricidade em seu uso. Mesmo o uso de geradores ou equipamentos a combustão são afetados, pois caso exista uma alternativa à combustão do equipamento, o aumento da demanda pelo uso destes pode gerar uma correção de valores pelo mercado, tanto de combustível como de equipamentos”, aponta Wolff.

Crédito: Envato
Outro ponto importante é que a disponibilidade de água não é afetada apenas pelas chuvas, mas também pela poluição dos rios. “Mesmo que seja para geração de energia elétrica ou abastecimento, a água poluída de um rio afeta o desgaste nas turbinas de geração, promove a eutrofização dos rios e reservatórios, onerando ainda mais o processo de geração de energia em um momento em que a disponibilidade está baixa”, destaca Wolff.
Indiretamente existe a elevação dos custos em que a energia elétrica e a água afetam na produção ou transporte - lembrando que existe um gasto considerável quando há a necessidade de limpeza dos pneus dos caminhões e vias afetadas, segundo Wolff.
“Além destes, a logística pode ser diretamente afetada caso a obra esteja em região de rodízio de fornecimento de água, causando até sua paralisação”, informa Wolff.
Impactos nas obras
Embora períodos sem chuva possam proporcionar frentes ininterruptas de serviço, principalmente em obras de terraplanagem, a escassez de chuvas também pode provocar a compactação do solo com umidade abaixo da desejável (umidade ótima), precisando ser molhado por caminhões-pipa.
De acordo com Wolff, com a baixa umidade do ar, a perda de água do concreto para o ambiente se acentua significativamente, sendo necessários cuidados extras com a cura do concreto para evitar patologias relacionadas à retração autógena. “Além da necessidade de umedecimento mais frequente das superfícies do concreto recém-endurecido, pode-se também cobrir as superfícies com geotêxteis encharcados, que evitem a evaporação da água, e utilizar curas químicas”, explica.
Outros problemas relacionados à estiagem
Wolff também menciona alguns problemas menos comuns relacionados à estiagem: “Recalques em edificações devido ao rebaixamento do lençol freático, principalmente em fundações diretas, e falhas no fornecimento de serviços cuja infraestrutura esteja abaixo do solo, também por deformações de adensamento profundo, como na distribuição de água potável, gás, recolhimento de esgoto sanitário e águas pluviais. Além disso, a pavimentação pode ser afetada, surgindo afundamentos e quebras nos materiais envolvidos”.
Entrevistado
Lucas Vaslanv da Silva Wolff é professor dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura da FAE Centro Universitário, com mestrado na área de estruturas e geotecnia.
Contato
lucas.wolff@fae.edu
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Uso de macrofibras no pavimento de concreto traz vantagens
A macrofibra é um tipo de fibra sintética, com diâmetro maior do que o das microfibras, usada como reforço em concretos e argamassas. “Ela é geralmente feita de materiais sintéticos como polipropileno, polietileno ou outros polímeros duráveis, podendo também ser composta por fibras de aço. Sua principal função é melhorar o comportamento mecânico do concreto, especialmente no controle de fissuração”, explica Eduardo Tartuce, CEO da MixDesign – Tartuce Engenheiros Associados.
Tipos de macrofibras
Existem diferentes tipos de macrofibras no mercado. De acordo com Tartuce, elas podem ser classificadas com base no material de fabricação e no formato:
• Macrofibras de polipropileno: são fibras sintéticas leves, resistentes à corrosão e usadas principalmente para controle de fissuração e melhoria da durabilidade do concreto.
• Macrofibras de aço: oferecem maior resistência estrutural e são recomendadas para aplicações que exigem reforço elevado à tração e flexão. São usadas em pavimentos com maiores cargas e tensões.
• Macrofibras híbridas: combinam diferentes tipos de fibras (sintéticas e metálicas) para obter as vantagens de ambos os materiais.
“As diferenças entre elas residem principalmente nas propriedades mecânicas e nos tipos de aplicação. As macrofibras de aço fornecem maior resistência estrutural, enquanto as de polipropileno são mais usadas para melhorar a resistência ao desgaste e evitar fissuras”, informa Tartuce.
Vantagens de utilizar macrofibras no pavimento de concreto
Tartuce aponta que existem diversos benefícios em empregar macrofibras no pavimento de concreto:
• Controle de fissuração: as macrofibras atuam no controle de fissuras causadas por retração plástica e térmica.
• Maior durabilidade: o concreto com macrofibra resiste melhor a cargas cíclicas e à fadiga, tornando-o ideal para pavimentos sujeitos a tráfego intenso.
• Substituição de armadura de aço: em muitos casos, podem substituir as armaduras tradicionais de aço, economizando tempo e custos de instalação.
• Distribuição uniforme de tensões: reduzem o risco de concentrações localizadas de tensões, diminuindo a propagação de fissuras.
• Resistência ao impacto e abrasão: aumentam a capacidade de absorção de energia do pavimento, sendo ideal para ambientes com alta demanda de tráfego.
Com relação à durabilidade, Tartuce indica seu uso especialmente em ambientes de tráfego intenso, devido aos seguintes fatores:
• Redução do desgaste: aumentam a resistência à abrasão e ao impacto, diminuindo a necessidade de manutenção ao longo do tempo.
• Controle da fissuração: como previnem a formação de fissuras, o concreto permanece mais intacto, o que é essencial para pavimentos em áreas de tráfego intenso, onde pequenas fissuras podem evoluir rapidamente.
• Resistência à fadiga: a macrofibra ajuda o concreto a resistir a ciclos de carga repetidos, o que é crítico para rodovias e pavimentos industriais sujeitos a cargas pesadas.

Outra vantagem do uso da macrofibra no concreto é que ela influencia tanto a resistência à tração quanto a resistência à flexão do concreto. Tartuce aponta que as fibras funcionam como um reforço disperso na matriz de concreto, contribuindo para:
• Resistência à tração: as macrofibras ajudam a resistir à abertura de fissuras após o início da fissuração, melhorando o desempenho pós-fissuração do concreto.
• Resistência à flexão: elas distribuem melhor as tensões em todo o pavimento, aumentando a capacidade de carga flexural. Isso faz com que o pavimento tenha melhor comportamento em situações de cargas pesadas e repetidas.
Normas para o uso de macrofibras em pavimentação no Brasil
Tartuce lembra que o Brasil possui normas que regulam o uso de fibras sintéticas e de aço em concretos. Algumas das normas pertinentes incluem:
• ABNT NBR 16941:2019 – Fibras para concreto – Classificação, requisitos e métodos de ensaio.
• ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento, que aborda o uso de reforços no concreto, incluindo fibras.
“Essas normas fornecem diretrizes para a especificação, uso e controle de qualidade de macrofibras no concreto”, afirma.
Cases do uso de macrofibra em pavimentos de concreto
Tartuce aponta que há diversos exemplos de sucesso no uso de macrofibras em pavimentação no Brasil e no exterior. “Pavimentos rodoviários, pisos industriais, estacionamentos e até pistas de aeroportos têm adotado macrofibras para aumentar a durabilidade e reduzir os custos de manutenção. Um exemplo é o uso de macrofibras em pavimentos industriais no Brasil, que têm sido elogiados por sua durabilidade e redução de fissuração”, explica.
Segundo Tartuce, o uso de macrofibras é especialmente recomendado em:
- Pavimentos industriais: onde há grande solicitação de cargas e a resistência ao impacto é essencial.
- Rodovias de alta demanda: a resistência à fadiga e a durabilidade oferecidas pelas macrofibras são ideais para rodovias sujeitas a tráfego pesado.
- Pavimentos urbanos: para ruas e avenidas com tráfego médio, onde se busca controle de fissuras e maior durabilidade.
Uso de macrofibra x sustentabilidade e redução de custos
De acordo com Tartuce, o uso de macrofibras contribui para a sustentabilidade e redução de custos:
- Redução de materiais: ao substituir parcial ou totalmente as armaduras de aço, há economia de material e redução de resíduos.
- Menor consumo de recursos naturais: concretos com macrofibra podem exigir menos manutenção e reparos, reduzindo a necessidade de novas matérias-primas e energia ao longo do ciclo de vida.
- Economia de mão de obra e tempo: a simplificação na execução das obras, sem a necessidade de posicionamento de armaduras, reduz o tempo de construção e o custo de instalação.
Em suma, a macrofibra demonstra versatilidade de aplicação no concreto para pavimentos, conferindo maior durabilidade, rapidez de aplicação e redução de materiais, contribuindo positivamente para a redução da pegada de carbono.
Entrevistado
Eduardo Tartuce, CEO da MixDesign – Tartuce Engenheiros Associados.
Contato:
eduardo@mixdesign.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Concreto reforçado com macrofibras sintéticas tem ganhado espaço no agronegócio

O uso do pavimento de concreto reforçado com macrofibras sintéticas tem se tornado uma solução viável, competitiva e sustentável não apenas para a pavimentação de áreas rurais. Tradicionalmente utilizado em obras rodoviárias e urbanas, esse tipo de solução em concreto está sendo aplicado em estradas vicinais, pisos para galpões de confinamento, bases de silos e terreiros de café, atendendo às demandas específicas do setor agrícola.
As macrofibras sintéticas, que são incorporadas ao concreto durante a sua produção, possuem a função de reforçar a matriz do material, tornando-o mais resistente e durável. O gerente regional do Estado de São Paulo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Ricardo Humberto Moschetti, destaca que o pavimento de concreto reforçado com macrofibras se apresenta como uma alternativa técnica robusta. “É uma solução que confere ao concreto uma resistência extra, o que é essencial para suportar o tráfego pesado e as condições adversas típicas das áreas rurais”, afirma Moschetti.
Além disso, o uso do concreto com macrofibras garante uma maior durabilidade em relação aos pavimentos asfálticos convencionais, que sofrem mais com o desgaste natural e necessitam de manutenções frequentes. "O pavimento de concreto oferece uma vida útil superior, o que reduz a necessidade de reparos e, consequentemente, os custos de manutenção no longo prazo", complementa.
Benefícios para o agronegócio
As áreas rurais possuem características e necessidades específicas que tornam o concreto reforçado com macrofibras sintéticas ideal. Entre as principais demandas atendidas estão a resistência ao tráfego pesado de maquinários agrícolas e veículos de carga, assim como a capacidade de suportar grandes variações climáticas. Esse tipo de pavimento também é altamente recomendado para locais de armazenagem e movimentação de produtos agrícolas, como galpões de confinamento e bases de silos.
- Galpões de confinamento: o piso de concreto com macrofibras é utilizado para suportar o peso dos animais e das máquinas, oferecendo uma superfície resistente e fácil de limpar, aliando com o esterco que se valoriza por estar limpo sem contaminação da terra.
- Base de silos: proporciona uma base sólida e estável para silos, suportando o peso do material armazenado e evitando movimentações indesejadas.
- Terreiros de café: oferece uma superfície adequada para a secagem dos grãos, permitindo a movimentação de máquinas sem danificar o pavimento, além de facilitar a limpeza após a colheita.
“O setor agrícola tem demandas bastante severas em relação à pavimentação, especialmente em locais onde o trânsito de máquinas e o armazenamento de insumos exigem um solo firme e resistente. O pavimento de concreto com macrofibras se encaixa perfeitamente nesse contexto, pois é capaz de suportar essas condições extremas sem apresentar deformações ou trincas”, explica Moschetti.
Outro aspecto importante é a sustentabilidade. De acordo com o gerente da ABCP, o concreto reforçado com macrofibras tem um impacto ambiental menor em comparação ao pavimento asfáltico, devido à sua durabilidade e menor necessidade de manutenção. Isso resulta em uma menor utilização de materiais ao longo do tempo e, consequentemente, na redução da pegada de carbono associada à sua manutenção.
Aplicações práticas e custo-benefício
O concreto reforçado com macrofibras pode ser aplicado em diferentes contextos no agronegócio. Nas estradas vicinais, ele oferece uma solução eficiente para o escoamento da produção, garantindo o transporte seguro e ágil de insumos e produtos. Além disso, esse tipo de solução pode ser utilizado em galpões de confinamento, onde a movimentação constante de animais e veículos pesados exige um piso resistente e fácil de limpar.
Moschetti ressalta que as bases de silos e terreiros de café também se beneficiam dessa tecnologia. “Essas áreas precisam de uma superfície que suporte o peso dos produtos armazenados e que seja fácil de higienizar. O concreto com macrofibras proporciona essas características, além de ser uma solução de alta durabilidade, ideal para o setor”, comenta o engenheiro.
Um dos grandes atrativos do pavimento de concreto com macrofibras sintéticas é sua competitividade em relação ao custo-benefício. Embora o investimento inicial seja superior ao do pavimento asfáltico, a longevidade do concreto compensa a diferença ao longo do tempo. A durabilidade do material resulta em menos manutenções, reduzindo gastos com reparos e paralisações operacionais. “O custo inicial pode parecer elevado, mas quando olhamos para o ciclo de vida do pavimento, percebemos que é uma opção muito mais econômica e eficiente, principalmente em áreas que exigem maior resistência e durabilidade”.
Ele destaca também que a adoção dessa tecnologia no campo representa uma evolução importante, alinhada às necessidades de modernização e eficiência do setor agrícola. O pavimento de concreto reforçado com macrofibras sintéticas é uma solução que alia resistência, durabilidade e sustentabilidade, características fundamentais para atender às demandas do agronegócio.
Para o gerente da ABCP, o setor agrícola só tem a ganhar com a adoção dessa inovação. “O pavimento de concreto com macrofibras é uma resposta direta às necessidades do campo. Ele oferece uma pavimentação robusta, durável e que se adapta perfeitamente às exigências do agronegócio, contribuindo para a produtividade e o desenvolvimento sustentável do setor”, aponta.
Seja em estradas vicinais, galpões ou silos, essa tecnologia proporciona um concreto de alta qualidade, com baixo custo de manutenção e excelente desempenho em condições extremas.
Entrevistado
Ricardo Humberto Moschetti é engenheiro civil graduado pela Universidade Mackenzie com extensão em Arquitetura pelo Centro Universitário Belas Artes e MBA em Estratégia de Mercado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É gerente regional do Estado de São Paulo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Contato:
daniela.nogueira@fsb.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
PR-151 entre Ponta Grossa e Palmeira será revitalizada para aumentar capacidade de tráfego
A rodovia PR-151, um dos principais eixos de ligação entre os municípios de Ponta Grossa e Palmeira, na região dos Campos Gerais (PR), será revitalizada por meio de uma obra de grande porte, no valor de R$ 257 milhões, que visa não apenas restaurar o pavimento existente, mas também ampliar a capacidade de tráfego.

Crédito: Divulgação/DER
A licitação, lançada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), foi vencida pelo Consórcio Palmeira, formado pelas empresas Castilho Engenharia e Empreendimentos S/A e Dalba Engenharia e Empreendimentos Ltda. A obra contempla uma série de intervenções ao longo de 32,71 quilômetros de rodovia, desde o entroncamento com a PR-438 até a BR-277, em Palmeira.
Esta obra é uma resposta à crescente demanda de veículos pesados e ao atual estado da via, que não comporta mais o fluxo de tráfego sem frequentes manutenções. De acordo com os estudos de tráfego do projeto da obra, o Volume Médio Diário (VMD) deve chegar a 10.142 veículos até 2034.
Atualmente, no trecho da PR-151 contemplado pela obra, trafegam 7.547 veículos por dia, sendo 1.819 veículos comerciais (ônibus e caminhões). Nas condições atuais, esse volume gera filas e congestionamentos, aumentando o tempo de viagem. Com as terceiras faixas, alargamento das faixas, novos acostamentos e vias marginais, além das melhores condições de trafegabilidade do pavimento de concreto, serão solucionados esses problemas.
De acordo com Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR), o principal objetivo da obra é garantir mais segurança aos usuários da rodovia, além de reduzir o tempo de deslocamento entre os dois municípios. “Atualmente, a PR-151 necessita de intervenções constantes de manutenção, e o pavimento não suporta adequadamente o volume de tráfego. A restauração e ampliação da rodovia vão melhorar significativamente as condições de tráfego, aumentando a capacidade e a segurança da via”, afirma.
Uso de whitetopping para maior durabilidade
O projeto prevê a restauração completa da pista existente utilizando a técnica de whitetopping, uma solução inovadora para rodovias de tráfego intenso, como é o caso da PR-151. Essa técnica consiste na aplicação de placas de concreto sobre o pavimento asfáltico atual, garantindo maior durabilidade e reduzindo a necessidade de manutenções frequentes.
O uso do whitetopping tem se mostrado uma escolha ideal para rodovias que apresentam desgaste estrutural, mas que ainda mantêm condições adequadas para suportar a base do novo pavimento. “O concreto aplicado oferece uma vida útil muito superior à do asfalto, suportando cargas pesadas com mais resistência ao desgaste”, explica Janice.
Patrícia Oltramare, gestora de Licitações e Contratos da Dalba Engenharia, empresa que integra o consórcio vencedor da licitação, reforça a importância da escolha do pavimento em whitetopping, uma vez que o tráfego pesado exige uma solução robusta e de longa durabilidade.
“O whitetopping não só prolonga a vida útil do pavimento, como também reduz os custos de manutenção a longo prazo. Esse tipo de pavimento é a melhor escolha para rodovias como a PR-151, que enfrentam cargas pesadas diariamente", assinala.
Faixas de rolamento e acostamento serão ampliados
O segmento da rodovia entre o quilômetro 344,51 e o quilômetro 377,22 será restaurado e ampliado. As faixas de rolamento, que atualmente têm 3,10 metros de largura, passarão a ter 3,60 metros, com acostamentos de três metros, proporcionando mais espaço para os veículos.
Além disso, serão construídas novas terceiras faixas, totalizando 15,2 quilômetros, em pontos estratégicos ao longo da rodovia, o que permitirá melhor fluidez no trânsito, principalmente em trechos onde o tráfego de veículos pesados é mais intenso.
Projeto inclui intervenções para segurança da população
Além das melhorias no pavimento e na capacidade da rodovia, o projeto inclui obras voltadas para a segurança e o bem-estar da população. Na travessia urbana de Palmeira, por exemplo, está prevista a construção de um viaduto sobre as ruas XV de Novembro, Manoel Ribas e Daniel Mansani, com o intuito de separar o fluxo rodoviário do trânsito local. “Essa segregação é essencial para evitar conflitos entre veículos pesados e o tráfego urbano, garantindo mais segurança para os pedestres e motoristas locais", destaca Patrícia.
Ela detalha o aspecto técnico do viaduto, que terá 524,76 metros de extensão, cuja obra prevê pilares de concreto, com vigas pré-moldadas de 20 metros de comprimento. Abaixo do viaduto, serão implantadas passagens inferiores com duas faixas de rolamento de 3,60 metros cada, além de faixas de segurança e guarda-rodas. “Sobre o viaduto serão instaladas barreiras de proteção tipo New Jersey, garantindo ainda mais segurança para os motoristas”, observa.
Melhorias estruturais e ambientais
Outra modificação importante prevista no projeto é o alargamento da ponte sobre o Rio Forquilha, que será ampliada em 4,80 metros para acomodar uma faixa de serviço de 60 centímetros, uma ciclovia de três metros e uma faixa de passeio de 1,20 metros.
O objetivo é melhorar a mobilidade urbana e promover o uso de transportes não motorizados. “O alargamento será feito com vigas pré-moldadas, apoiadas em pilares com 80 centímetros de diâmetro, garantindo a estabilidade e a segurança da nova estrutura”, afirma Patrícia.
Além das melhorias viárias, o projeto contempla a execução de obras complementares voltadas para a sustentabilidade ambiental e a integração urbana. O sistema de drenagem da rodovia será modernizado para evitar alagamentos e erosões, aproveitando dispositivos já existentes, como bueiros e galerias.
Novas valas de proteção e dissipadores de energia serão instalados em áreas críticas, onde o escoamento da água precisa ser controlado com mais eficiência. “Essas melhorias visam preservar o entorno da rodovia, minimizando os impactos ambientais causados pela obra”.
No trecho da Colônia do Lago, onde o tráfego local e rodoviário se encontram, está prevista a construção de vias marginais para segregar os dois fluxos. As faixas de rolamento nas vias marginais terão 3,30 metros de largura, com acostamentos de dois metros e passeios de 1,20 metros. Isso permitirá que o tráfego local se desloque com segurança, sem interferir na rodovia principal.
Modernização da iluminação pública
Outro aspecto relevante do projeto é a modernização da iluminação pública em todo o trecho urbano de Palmeira, onde serão instaladas luminárias de LED nos retornos e nas vias marginais. Essa atualização vai melhorar a visibilidade noturna e aumentar a segurança de motoristas e pedestres. No projeto, também estão incluídos o remanejamento de adutoras e redes elétricas e a criação de ciclovias e faixas exclusivas para pedestres em alguns pontos da rodovia.
Conclusão prevista para final de 2026
O início das obras está previsto para os próximos meses, após a assinatura do contrato e a entrega do seguro de execução pela empresa vencedora da licitação. De acordo com o DER, o prazo total de execução é de 30 meses, contados a partir da emissão da ordem de serviço, com a conclusão estimada para o final de 2026.
A restauração e a ampliação da PR-151 trarão uma nova dinâmica para o tráfego da região dos Campos Gerais, promovendo mais segurança e eficiência no transporte rodoviário. Para Janice, a realização desse projeto trará inúmeros benefícios para a região dos Campos Gerais, tanto no aspecto econômico quanto no social.
“A melhoria da PR-151 é uma demanda antiga da população e dos transportadores de carga que utilizam a rodovia diariamente. Com a conclusão das obras, esperamos não apenas aumentar a segurança, mas também promover o desenvolvimento econômico, facilitando o escoamento de produtos e a circulação de pessoas”, afirma a diretora do DER.
Entrevistadas
Janice Kazmierczak Soares é engenheira civil graduada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em infraestrutura de transportes pela Universidade Paulista, especialista em projetos e obras públicas com ênfase em rodovias pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Engenheira de carreira do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), onde já atuou em fiscalização de projetos, foi coordenadora de licitações e atualmente é diretora técnica e coordenadora do programa estratégico de infraestrutura e logística em parceria com o BID.
Patrícia Oltramare é engenheira civil graduada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e gestora de Licitações e Contratos da Dalba Engenharia e Empreendimentos
Contatos:comunicacao@der.pr.gov.br
patricia@dalba.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Vendas de cimento crescem 6,6% em julho e 3,3% em agosto
As vendas da indústria de cimento mostraram recuperação em julho, após encerrar o semestre com um leve aumento. Foram comercializadas 5,9 milhões de toneladas, um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Em agosto, as vendas continuaram em alta, totalizando 6,2 milhões de toneladas, um acréscimo de 3,3% comparado a agosto de 2023. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o setor registrou uma expansão, com 43 milhões de toneladas vendidas, um crescimento de 3,1% frente ao mesmo período do ano passado.

Dois principais indutores do consumo de cimento vêm apresentando bom desempenho no ano: lançamentos imobiliários (mais precisamente o “Minha Casa, Minha Vida”) e a autoconstrução.
“Os lançamentos imobiliários estão crescendo 5,7% no acumulado do primeiro semestre, e os lançamentos do MCMV estão crescendo 65,9% no mesmo período. Já com relação ao autoconstrutor, podemos medir seu desempenho por meio do mercado de trabalho, que está bem aquecido. A taxa de desemprego atingiu 6,8%, o menor patamar para julho da série histórica iniciada em 2012. Os salários também estão em expansão. A combinação de mais emprego e maior renda alçou a massa salarial para o recorde da série histórica iniciada em 2012, refletindo no consumo geral da população”, informa Flávio Guimarães, economista do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Perspectivas para 2024
De acordo com Guimarães, a projeção inicial do SNIC era de um crescimento de 2% em 2024. Entretanto, com os eventos climáticos no Sul, a última projeção foi reduzida para 1,5%. “Neste momento, estamos realizando uma nova rodada de atualização das projeções, mas ainda não temos um número. O que podemos analisar é que o MCMV veio com crescimento acima do esperado. A expectativa do governo era de lançar 2 milhões de unidades entre 2023 e 2026. Porém, até meados de 2024, já foram contratadas mais de 1,1 milhão de unidades, sendo 491 mil em 2023 e 620 mil em 2024”, explica o economista do SNIC.
Outro fator que impacta bastante as vendas de cimento é a quantidade de dias úteis. “Em 2024, teremos 2,5 dias úteis a mais do que em 2023, o que, por si só, já é um impulso para o setor”, afirma Guimarães.
Neste segundo semestre, há eleições municipais no país. Segundo o economista do SNIC, historicamente o consumo de cimento no segundo semestre é mais forte do que no primeiro. “É sabido, também, que os anos de eleições impulsionam as vendas de cimento”, comenta Guimarães.
Impactos do PAC e Minha Casa, Minha Vida
O economista do SNIC aponta que o PAC e o MCMV são grandes indutores da construção civil e, consequentemente, do consumo de cimento. “No entanto, em relação ao PAC, o programa não tomou a velocidade esperada e está muito aquém da necessidade de investimento do Brasil. Já o MCMV, após sua regulamentação em meados de 2023, ganhou fôlego e é um dos principais indutores do consumo de cimento em 2024. O programa é responsável por 53% de todos os lançamentos imobiliários no Brasil, bem acima dos 31% verificados no 2° trimestre de 2023”, pondera.
Impacto das questões climáticas nas vendas do cimento
Durante as enchentes no Sul, Guimarães lembra que as obras ficaram paralisadas. “Além disso, as estradas e acessos para o escoamento da produção de cimento ficaram comprometidos. Foi um período de queda na demanda por cimento. Entretanto, já percebemos uma retomada dessa demanda, com as vendas de cimento na região atingindo níveis anteriores ao evento climático”, afirma.
A preocupação para os próximos meses recai sobre a seca que afeta boa parte do território nacional, segundo o economista do SNIC. “Boa parte da produção vendida na região Norte é escoada por balsas em rios navegáveis. Porém, esses rios estão atingindo níveis muito baixos de água e se tornando inavegáveis, o que traz uma preocupação para a indústria. Outra preocupação que acompanha a estiagem é o aumento de custos. Por exemplo, o governo já anunciou a bandeira vermelha para a energia elétrica nos próximos meses”, destaca.
Venda de cimento por região
O relatório do SNIC de agosto mostrou que todas as regiões apresentaram evolução nas vendas. O Norte e o Nordeste brasileiros registraram o melhor desempenho. “Provavelmente impactadas pelo MCMV e pelo mercado de trabalho aquecido nessas regiões”, sugere Guimarães.
O Sul, que vinha registrando declínio até julho, voltou a crescer, atingindo níveis anteriores às inundações no Rio Grande do Sul. Já o Centro-Oeste continua com resultado positivo, assim como o Sudeste, que registra alta acumulada.
Entrevistado
Flávio Guimarães é economista do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Contato
Assessoria de imprensa SNIC: daniela.nogueira@fsb.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
CONSEC 2024 aborda sistemas de construção expostos a condições extremas
Entre os dias 24 e 27 de setembro, acontece em Chennai, na Índia, a 10ª CONSEC (CONSEC2024) - 10th International Conference On Concrete Under Severe Conditions - Environment & Loading. Esta conferência foca nos avanços nas áreas relacionadas ao projeto, construção, teste e preservação de diversos materiais e sistemas de construção expostos a condições ambientais e de carga severas.
“A CONSEC24 proporcionará uma plataforma única para a troca de ideias de maneira focada e holística para o projeto, construção e conservação de estruturas de concreto armado expostas a condições severas. Convidamos estudantes, pesquisadores, professores e profissionais que atuam nas áreas relevantes de engenharia estrutural e materiais de construção a participar da CONSEC24 e torná-la um grande sucesso”, informam os organizadores do evento.
Veja alguns destaques do evento:
Resiliência de estruturas de concreto armado em condições corrosivas
Na palestra do professor Robert Melchers, da Universidade de Newcastle, na Austrália, ele pontua que estruturas de concreto armado, quando bem executadas, podem suportar condições muito agressivas por longos períodos sem corrosão das armaduras ou deterioração do concreto.

“Há evidências disso disponíveis há muitos anos, mas que foram amplamente ignoradas em face dos resultados de experimentos laboratoriais, embora estes não representem adequadamente o comportamento de estruturas de concreto reais. Para concretos de alta qualidade, bem compactados e de baixa permeabilidade, não é a difusão interna de oxigênio que controla a taxa de corrosão a longo prazo, mas sim a lenta lixiviação externa dos álcalis do concreto, sendo que no caso de Ca(OH)2, a presença de cloretos contribui para isso”, afirma Melchers.
A chamada ‘carbonatação’ do concreto, frequentemente considerada como uma das causas de corrosão da armadura, contraria princípios termodinâmicos básicos, segundo o professor. “O mecanismo crítico é a lenta perda por lixiviação externa de Ca(OH)2. A camada de carbonato de cálcio ("carbonatação") na superfície externa, na verdade, atua como uma barreira de difusão para essa lixiviação. Há evidências crescentes de que a corrosão das armaduras pode ser o resultado da quebra da proteção do concreto devido à reatividade álcali-silicato (RAS) ou à reatividade álcali-agregado (RAA) dos agregados no concreto”, destaca Melchers.
Design de materiais e processos na impressão de concreto 3D por meio de experimentos e modelagem impulsionados por IA
O desenvolvimento de um traço de argamassa imprimível é um processo complexo que normalmente envolve uma fase de tentativa e erro para ajustar as proporções exatas de cada componente. Prever como os parâmetros reológicos serão afetados pelos materiais e dosagens selecionados representa um desafio significativo.
Nesta palestra de Liberato Ferrara, professor do Politécnico de Milão, na Itália, é apresentada uma metodologia especificamente voltada para regular a imprimibilidade de compósitos cimentícios.
“O trabalho começa com uma caracterização experimental preliminar das propriedades reológicas (por meio do teste de mesa de fluxo) de misturas imprimíveis em 3D, retiradas da literatura. Em seguida, aproveitando um modelo numérico previamente desenvolvido e validado (Rizzieri et al. (2023)), a abordagem foi empregada para avaliar se a resistência ao cisalhamento estático e a viscosidade das misturas selecionadas estão alinhadas com fatores-chave como velocidade de impressão, altura do bico e o número máximo de camadas admissíveis (todos aspectos integrais do processo de impressão). Uma vez que as características reológicas foram definidas, uma Rede Neural Artificial (RNA) meticulosamente projetada foi empregada, treinada utilizando um banco de dados contendo dados sobre várias misturas de concreto da literatura existente, a fim de correlacionar os parâmetros reológicos que permitem a imprimibilidade, conforme modelagem numérica previamente realizada, aos potenciais constituintes e dosagens da fórmula, garantindo que atendam aos requisitos especificados e à viabilidade”, explica Ferrara.
Considerações de Projeto, Testes Experimentais e Aplicações de Campo do Reforço em Concreto de Alto Desempenho Reforçado com Fibras (High performance fiber-reinforced concrete - HPFRC) em Pilares de Pontes
Os recentes colapsos de pontes de concreto armado em muitos países ocidentais destacaram desafios significativos associados à infraestrutura envelhecida. Muitas dessas pontes, construídas há mais de 50 anos, deterioraram-se, levantando preocupações sobre sua segurança e vida útil. Como consequência, governos e autoridades estão agora focando na avaliação da segurança das estruturas de Concreto Reforçado e seu impacto na resiliência de toda a rede viária.
Nesse contexto, esta palestra do professor Giovanni Plizzari, da Universidade de Brescia, na Itália, aborda algumas considerações de projeto, testes experimentais e aplicações de campo do Concreto Reforçado com Fibras de Alto Desempenho (HPFRC) como uma solução avançada para melhorar a durabilidade e o desempenho de pontes existentes, muitas vezes deterioradas pela corrosão. Em particular, a palestra apresenta resultados de um projeto financiado pela União Europeia que envolve a recuperação de duas pontes rodoviárias na Itália usando HPFRC. Dentro do projeto, pilares de ponte e vigas de captação foram retrofitados com um revestimento de HPFRC, reduzindo a necessidade de reforço de aço e minimizando a espessura do revestimento para 60 mm. Os resultados demonstram um aumento significativo da capacidade de carga do pilar da ponte sob flexão, juntamente com uma melhoria na ductilidade, medida por meio de deslocamento e curvatura. A palestra inclui uma discussão sobre as implicações dessas descobertas para o projeto, bem como sobre a implementação dessa técnica de reparo frente a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) comparativa, realizada desde a fase de extração até a entrega.
Fonte
10ª CONSEC (CONSEC2024)
Contato
CONSEC24@civil.iitm.ac.in
Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.