CONSEC 2024 aborda sistemas de construção expostos a condições extremas
Evento realizado na Índia trata do concreto sob condições severas
Entre os dias 24 e 27 de setembro, acontece em Chennai, na Índia, a 10ª CONSEC (CONSEC2024) – 10th International Conference On Concrete Under Severe Conditions – Environment & Loading. Esta conferência foca nos avanços nas áreas relacionadas ao projeto, construção, teste e preservação de diversos materiais e sistemas de construção expostos a condições ambientais e de carga severas.
“A CONSEC24 proporcionará uma plataforma única para a troca de ideias de maneira focada e holística para o projeto, construção e conservação de estruturas de concreto armado expostas a condições severas. Convidamos estudantes, pesquisadores, professores e profissionais que atuam nas áreas relevantes de engenharia estrutural e materiais de construção a participar da CONSEC24 e torná-la um grande sucesso”, informam os organizadores do evento.
Veja alguns destaques do evento:
Resiliência de estruturas de concreto armado em condições corrosivas
Na palestra do professor Robert Melchers, da Universidade de Newcastle, na Austrália, ele pontua que estruturas de concreto armado, quando bem executadas, podem suportar condições muito agressivas por longos períodos sem corrosão das armaduras ou deterioração do concreto.
“Há evidências disso disponíveis há muitos anos, mas que foram amplamente ignoradas em face dos resultados de experimentos laboratoriais, embora estes não representem adequadamente o comportamento de estruturas de concreto reais. Para concretos de alta qualidade, bem compactados e de baixa permeabilidade, não é a difusão interna de oxigênio que controla a taxa de corrosão a longo prazo, mas sim a lenta lixiviação externa dos álcalis do concreto, sendo que no caso de Ca(OH)2, a presença de cloretos contribui para isso”, afirma Melchers.
A chamada ‘carbonatação’ do concreto, frequentemente considerada como uma das causas de corrosão da armadura, contraria princípios termodinâmicos básicos, segundo o professor. “O mecanismo crítico é a lenta perda por lixiviação externa de Ca(OH)2. A camada de carbonato de cálcio (“carbonatação”) na superfície externa, na verdade, atua como uma barreira de difusão para essa lixiviação. Há evidências crescentes de que a corrosão das armaduras pode ser o resultado da quebra da proteção do concreto devido à reatividade álcali-silicato (RAS) ou à reatividade álcali-agregado (RAA) dos agregados no concreto”, destaca Melchers.
Design de materiais e processos na impressão de concreto 3D por meio de experimentos e modelagem impulsionados por IA
O desenvolvimento de um traço de argamassa imprimível é um processo complexo que normalmente envolve uma fase de tentativa e erro para ajustar as proporções exatas de cada componente. Prever como os parâmetros reológicos serão afetados pelos materiais e dosagens selecionados representa um desafio significativo.
Nesta palestra de Liberato Ferrara, professor do Politécnico de Milão, na Itália, é apresentada uma metodologia especificamente voltada para regular a imprimibilidade de compósitos cimentícios.
“O trabalho começa com uma caracterização experimental preliminar das propriedades reológicas (por meio do teste de mesa de fluxo) de misturas imprimíveis em 3D, retiradas da literatura. Em seguida, aproveitando um modelo numérico previamente desenvolvido e validado (Rizzieri et al. (2023)), a abordagem foi empregada para avaliar se a resistência ao cisalhamento estático e a viscosidade das misturas selecionadas estão alinhadas com fatores-chave como velocidade de impressão, altura do bico e o número máximo de camadas admissíveis (todos aspectos integrais do processo de impressão). Uma vez que as características reológicas foram definidas, uma Rede Neural Artificial (RNA) meticulosamente projetada foi empregada, treinada utilizando um banco de dados contendo dados sobre várias misturas de concreto da literatura existente, a fim de correlacionar os parâmetros reológicos que permitem a imprimibilidade, conforme modelagem numérica previamente realizada, aos potenciais constituintes e dosagens da fórmula, garantindo que atendam aos requisitos especificados e à viabilidade”, explica Ferrara.
Considerações de Projeto, Testes Experimentais e Aplicações de Campo do Reforço em Concreto de Alto Desempenho Reforçado com Fibras (High performance fiber-reinforced concrete – HPFRC) em Pilares de Pontes
Os recentes colapsos de pontes de concreto armado em muitos países ocidentais destacaram desafios significativos associados à infraestrutura envelhecida. Muitas dessas pontes, construídas há mais de 50 anos, deterioraram-se, levantando preocupações sobre sua segurança e vida útil. Como consequência, governos e autoridades estão agora focando na avaliação da segurança das estruturas de Concreto Reforçado e seu impacto na resiliência de toda a rede viária.
Nesse contexto, esta palestra do professor Giovanni Plizzari, da Universidade de Brescia, na Itália, aborda algumas considerações de projeto, testes experimentais e aplicações de campo do Concreto Reforçado com Fibras de Alto Desempenho (HPFRC) como uma solução avançada para melhorar a durabilidade e o desempenho de pontes existentes, muitas vezes deterioradas pela corrosão. Em particular, a palestra apresenta resultados de um projeto financiado pela União Europeia que envolve a recuperação de duas pontes rodoviárias na Itália usando HPFRC. Dentro do projeto, pilares de ponte e vigas de captação foram retrofitados com um revestimento de HPFRC, reduzindo a necessidade de reforço de aço e minimizando a espessura do revestimento para 60 mm. Os resultados demonstram um aumento significativo da capacidade de carga do pilar da ponte sob flexão, juntamente com uma melhoria na ductilidade, medida por meio de deslocamento e curvatura. A palestra inclui uma discussão sobre as implicações dessas descobertas para o projeto, bem como sobre a implementação dessa técnica de reparo frente a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) comparativa, realizada desde a fase de extração até a entrega.
Fonte
10ª CONSEC (CONSEC2024)
Contato
CONSEC24@civil.iitm.ac.in
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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