Projeto pretende transformar a mobilidade no município de Fazenda Rio Grande

Projeto representa um marco para Fazenda Rio Grande, devendo impulsionar desenvolvimento urbano e econômico
Crédito: Divulgação

Fazenda Rio Grande, município da Região Metropolitana de Curitiba, vive um momento decisivo. Com uma população que quase dobrou em pouco mais de uma década, saltando de 81 mil habitantes em 2010 para 149 mil em 2022, a cidade sofre diariamente com congestionamentos, sobretudo na BR-116, principal ligação com Curitiba e com outros municípios do sul do Paraná.

O desafio de modernizar a mobilidade urbana encontrou resposta no projeto desenvolvido pela Geplan, que coordena uma das maiores intervenções viárias já realizadas na cidade. A obra, fruto de uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura, tem orçamento de R$ 160 milhões e prevê a construção de dois viadutos, reestruturação de vias marginais e revitalização de áreas de lazer.

“O município enfrenta várias dificuldades no planejamento estratégico urbano. O aumento populacional e o fluxo transitório dificultam o deslocamento das pessoas e causam congestionamentos, especialmente nos horários de pico”, explica Ricardo Amaral, fundador do escritório Ricardo Amaral Arquitetos Associados e da Geplan – Gerenciamento e Planejamento de Obras.  

Diagnóstico técnico e participação comunitária

Antes de pôr a mão na massa, a Geplan realizou um mapeamento detalhado dos gargalos de mobilidade na cidade. A metodologia incluiu pesquisas em escolas, terminais urbanos e oficinas comunitárias. “Buscamos acessar famílias de diferentes regiões da cidade para obter um diagnóstico mais preciso”, afirma.

Projeto representa um marco para Fazenda Rio Grande, devendo impulsionar desenvolvimento urbano e econômico
Crédito: Divulgação

O projeto também foi alinhado com diretrizes de órgãos como a Agência de Serviços Metropolitanos do Paraná (AMEP), a concessionária Arteris, a prefeitura e a Paraná Projetos. O objetivo foi garantir sinergia com outras intervenções já planejadas e evitar sobreposição de obras.

Segundo Amaral, o uso de softwares especializados de engenharia permitiu simular diferentes cenários de tráfego e avaliar o comportamento do sistema viário com os novos elementos previstos, como ruas, rotatórias, semáforos e binários. “Essa tecnologia nos permitiu testar soluções e prever a evolução da mobilidade a curto, médio e longo prazos”, detalha.

Obras estruturantes: dois viadutos e 1,5 km de vias revitalizadas

O projeto de engenharia prevê a construção de dois viadutos: o primeiro na Rua Nelson Claudino dos Santos, ligando os bairros Eucaliptos e Pioneiros, e o segundo na Rua Jatobá, nas proximidades do Posto Pelanda 21. Juntas, essas estruturas deverão melhorar significativamente o fluxo de aproximadamente 100 mil veículos que trafegam diariamente pela BR-116.

Além dos viadutos, serão revitalizados 1,5 km de vias marginais. A licitação será feita em modelo de contratação semi-integrada, modalidade que prevê a execução do projeto executivo e da obra pela mesma empresa, aumentando a eficiência e a agilidade do processo.

Requalificação urbana com foco em lazer e sustentabilidade

Mas o projeto vai além da mobilidade. A iniciativa também contempla melhorias em espaços públicos, como a Praça Brasil e o Parque Verde. Entre as novidades estão a construção de uma ponte sobre o vertedouro, ampliação do estacionamento, instalação de espaços gastronômicos para food trucks, criação de quadras esportivas e modernização do playground com piso emborrachado. Também haverá estrutura para esportes aquáticos.

As ruas Lapa, Paranaguá e a Avenida Paraná serão revitalizadas para facilitar o acesso ao Parque Verde, cujo objetivo é fomentar o turismo e integrar os espaços com calçadas acessíveis, ciclovias, pistas de corrida e estacionamento. “Avaliamos fatores como resistência e durabilidade dos materiais, impacto ambiental e custo-benefício. A experiência com outros projetos foi fundamental para garantir uma execução eficiente e duradoura”, ressalta.

Expectativa de impacto econômico e social

Com previsão de início das obras ainda este ano e conclusão em 24 meses, esse projeto representa um marco para Fazenda Rio Grande, não apenas por resolver os gargalos do trânsito, mas por impulsionar o desenvolvimento urbano e econômico da cidade. “Esse projeto foi pensado para transformar a mobilidade e a qualidade de vida da população. É uma intervenção que vai muito além da infraestrutura viária”, finaliza.

Entrevistado
Ricardo Amaral é arquiteto graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), fundador do escritório Ricardo Amaral Arquitetos Associados e da Geplan – Gerenciamento e Planejamento de Obras. Membro da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), possui mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de projetos urbanos e corporativos.

Contato
contato@ricardoamaralarquitetos.com.br


Quais os impactos do Tarifaço de Trump para a construção civil brasileira?

Decisões econômicas dos Estados Unidos acabam impactando os canteiros de obra no Brasil.
Crédito: Envato

No dia 12 de março de 2025, passou a valer nos Estados Unidos a taxação de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A nova tarifa afeta diretamente o setor siderúrgico de importantes parceiros comerciais dos EUA, como Canadá e México. O Brasil, segundo maior exportador de aço para o mercado norte-americano, também será atingido pela medida. Qual será o impacto para a construção civil do Brasil?

Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), acredita que esta questão da guerra tarifária gera uma incerteza muito grande. “Ainda não temos a dimensão do que pode ocorrer. O aço consumido aqui no Brasil não pode ser importado da China. Lá, o vergalhão utilizado é o CA40 e as nossas normas exigem o CA50 – trata-se de uma característica técnica diferente. O que está acontecendo, muito provavelmente, é uma sobra de produtos chineses. Na nossa opinião, isso vai afetar mais o varejo do que a construção civil. Nós nos preocupamos mais com a subida do dólar do que com esta questão tarifária. De toda a forma, é uma incerteza que se gera no mercado e que não sabemos como isso vai se desdobrar”, pontuou durante a coletiva de imprensa da CBIC.

Segundo Ieda Vasconcelos, economista chefe da CBIC e do Sinduscon-MG, a preocupação maior é com a incerteza que ela estabelece nos investimentos – especialmente nos produtivos (aqueles que visam melhorar a capacidade de produção de uma empresa ou de um setor da economia, como máquinas, equipamentos e construção de instalações) – que já estão prejudicados com o patamar de alta taxa de juros. “O nível de incerteza não é só no Brasil, isso gera uma incerteza com relação à economia global como um todo. E o menor crescimento do mundo, conforme projetado pelo FMI, impacta todos, inclusive o Brasil. O que preocupa com relação a isso é o efeito que ela pode causar no crescimento da economia mundial e isso afetar a economia brasileira”, destaca. 

Para Celso Zaffarani, fundador da Zaffarani Design Build, mesmo que não pareça à primeira vista, as decisões econômicas dos Estados Unidos acabam impactando os canteiros de obra por aqui. “Como empresário da construção civil, vejo com preocupação o modo como o aumento das tarifas e a valorização do dólar afetam diretamente o custo dos materiais que usamos diariamente. Quando o governo americano impõe tarifas sobre matérias-primas como aço, alumínio ou cobre, o efeito se espalha pelo mundo. Aqui no Brasil, esses insumos sobem de preço, mesmo quando são produzidos localmente, porque fazem parte de uma cadeia global. Isso pressiona os orçamentos, especialmente em obras com margens mais ajustadas e cronogramas rígidos”, explica.

Já Milton Bigucci Junior, diretor técnico da construtora MBigucci, acredita que o momento atual é de incerteza. “É difícil prever o cenário a médio e longo prazo, uma vez que as taxas ainda podem sofrer alterações. O Brasil, na verdade, é um dos maiores exportadores de aço para os EUA. Com a taxação — atualmente em 25% para aço e alumínio, e 10% para outros insumos — pode haver uma redução nas exportações e, consequentemente, um aumento da oferta no mercado interno, o que poderia até baratear alguns produtos da construção civil. Mas, a princípio, a expectativa é de que o mercado, de forma geral, se mantenha estável por enquanto”, prevê.

Impactos para as construtoras

Na opinião de Zaffarani, o impacto já é evidente no dia a dia das construtoras. “Estamos vendo orçamentos sendo revisados com muito mais frequência e decisões estratégicas sendo tomadas com base na volatilidade dos preços dos insumos. A imprevisibilidade dos custos tem levado até à reavaliação ou ao adiamento de projetos”, destaca.

Bigucci Junior, por sua vez, aponta que, no caso de sua construtora, a MBigucci, os impactos ainda não foram sentidos, uma vez que não depende de produtos importados para suas obras. “Mas o clima, no geral, ainda é de incerteza”, enfatiza.

Consequências

Com relação à expectativa de demanda de imóveis, assim como em 2024, Ieda afirma que há uma projeção de que o mercado continuará se destacando neste ano.

Correia complementa: “O mercado imobiliário é muito mais em função do que se tem de crédito ao cliente, porque demanda existe bastante. O FGTS hoje vai aplicar R$ 127 bilhões – mais ou menos o que fez no ano passado – e a extensão do faixa 4, renda de R$ 8 mil a R$ 12 mil, vai aplicar mais R$ 30 bilhões. Então este segmento certamente estará abastecido e poderá comprar um imóvel. Agora aquele imóvel acima de R$ 500 mil, ele vai ser um pouco mais seletivo, na nossa opinião, porque você vai ter menos dinheiro de caderneta de poupança. No ano passado, nós tivemos R$ 184 bilhões, aproximadamente, e para este ano espera-se R$ 150 bilhões aplicados em poupança. Então, deverá ter menos oportunidade de crédito, porque os bancos serão mais seletivos. Mas ainda assim é um valor muito importante”.

Zaffarani acredita que o risco de repasse ao consumidor final é bastante concreto — e preocupante. “No caso de obras públicas ou projetos voltados à habitação popular, que operam com margens muito justas e regras rígidas de reajuste, os aumentos de custo nem sempre conseguem ser absorvidos. Isso pode levar, infelizmente, à suspensão de contratos, à desaceleração dos canteiros e até à inviabilidade de certas obras”, afirma.

Já no setor privado, existe, de fato, maior flexibilidade para repassar parte desses aumentos ao consumidor final. “No entanto, é um movimento delicado, pois o encarecimento da construção costuma vir acompanhado de crédito mais restrito e mais caro, o que reduz a capacidade de compra da população. Ou seja, o impacto acaba sendo duplo: a obra custa mais para ser feita e o cliente tem mais dificuldade para financiá-la”, comenta Zaffarani.

Quando se trata de empreendimentos voltados à população de menor renda, essa equação se torna ainda mais sensível. “A elasticidade de preço é alta, e qualquer variação significativa pode comprometer a viabilidade do projeto. Por isso, o setor como um todo precisa buscar soluções criativas e sustentáveis para mitigar esses efeitos — e garantir que o acesso à moradia continue sendo possível para quem mais precisa”, pondera Zaffarani.

De acordo com Bigucci Junior, sempre existe o risco de repasse de preços aos consumidores finais, para mais ou para menos, conforme a oferta e a demanda no mercado de materiais de construção. “Entretanto, o momento ainda é de incerteza e, por enquanto, segue estável”, justifica.

Impactos do dólar na construção civil

Outro fator a ser considerado é que, com o dólar mais alto, tudo o que depende de importação — de equipamentos a componentes técnicos — fica mais caro. “Isso nos obriga a rever estratégias, antecipar compras e agir com muito mais cautela. Não é só uma questão de custo, mas de garantir que a obra continue, que o cliente não seja impactado e que a entrega mantenha o padrão de qualidade que defendemos. Além disso, lidamos com tarifas voláteis impostas pelo governo norte-americano e com toda a evolução dessa situação, o que gera um clima constante de incerteza. Essa instabilidade afeta diretamente os custos e a composição de preços, exigindo ainda mais planejamento e resiliência das empresas do setor”, opina Zaffarani.

Estratégias para mitigar os impactos

Zaffarani comenta que está atualmente executando uma obra cujo projeto vem dos Estados Unidos. “Os materiais de acabamento especificados são de origem italiana, espanhola, alemã e também americana, e estavam inicialmente previstos para serem adquiridos por meio de representantes nos Estados Unidos. Para manter os preços orçados e reduzir os impactos causados pelas tarifas e custos adicionais, adotamos uma mudança estratégica: estamos realizando a importação direta dos fabricantes europeus, eliminando a intermediação dos representantes norte-americanos. Essa decisão tem nos permitido maior controle sobre os custos e os prazos de entrega. Além disso, incluímos a importação direta de peças sob medida, como um lustre feito sob encomenda na China, o que também contribui para manter a previsibilidade orçamentária da obra”, relata.

Bigucci Junior destaca que, por enquanto, não houve grandes alterações que exigissem renegociações ou antecipação de compras.

Entrevistados

Renato Correia é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Ieda Vasconcelos, economista chefe da CBIC e do Sinduscon-MG.

Celso Zaffarani é CEO da Zaffarani Construtora, uma empresa especializada no desenvolvimento de empreendimentos de alto padrão, com um olhar inovador para o mercado imobiliário de luxo. Com expertise em projetos diferenciados, a construtora tem acompanhado de perto a transformação dos shoppings centers em hubs multifuncionais, um fenômeno que tem impactado diretamente a valorização imobiliária em seu entorno.

Milton Bigucci Junior é diretor técnico da MBigucci e presidente da Associação dos Construtores do Grande ABC.

Contatos

CBIC - ascom@cbic.org.br

Celso Zaffarani – Assessoria de imprensa: abigail.reis@baronesarp.com.br

Milton Bigucci Junior – Assessoria de imprensa: imprensa@mbigucci.com.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Inovações trazem benefícios para as obras e construção

Soluções como vistorias remotas, inteligência artificial e plataformas digitais estão sendo incorporadas para otimizar processos e reduzir custos
Crédito: Envato

Inovações tecnológicas vêm transformando a construção civil, trazendo mais agilidade, precisão e eficiência para as obras. Soluções como vistorias remotas, inteligência artificial e plataformas digitais estão sendo incorporadas por construtoras para otimizar processos, reduzir custos e melhorar a experiência do cliente — tanto durante a execução quanto nas etapas pós-entrega dos empreendimentos. Confira algumas soluções:

Primeiro chat de IA do setor de construção civil

Recentemente, a construtora BRZ Empreendimentos lançou o Kintú, um chat de inteligência artificial (IA) desenvolvido internamente pelo setor de Tecnologia e Inovação. De acordo com Francis Navarro, CTO na BRZ Empreendimentos, a ferramenta foi criada para ampliar a capacidade analítica dos times. “Treinado com base em dados estratégicos da empresa, ele permite que qualquer colaborador envie documentos próprios, como contratos, apresentações e planilhas complexas com grandes volumes de dados, e receba respostas inteligentes, organizadas e contextualizadas em segundos. O KINTÚ eleva o nível das análises, amplia a autonomia dos times e fortalece a maturidade operacional. Na prática, cada colaborador passa a contar com um assistente pessoal, com conhecimento ilimitado e senioridade elevada, capaz de trazer mais segurança, agilidade e precisão ao dia a dia”, informa o CTO.

Segundo Navarro, desde a implementação do KINTÚ, a BRZ Empreendimentos tem observado ganhos expressivos em agilidade, precisão e produtividade. “As áreas que mais se beneficiaram até agora foram Engenharia, Jurídico, Financeiro, Gente e Gestão e Comercial, especialmente em rotinas que exigem análise de documentos extensos, interpretação de dados e apoio a decisões operacionais. Além disso, temos percebido redução no retrabalho, maior autonomia dos times e aceleração nos ciclos de decisão. O KINTÚ tem se consolidado como um reforço estratégico no dia a dia, transformando tarefas operacionais em decisões mais rápidas e inteligentes”, pontua.

Navarro destaca que optaram por desenvolver uma IA própria, pois o custo de licenciar uma IA genérica, como o ChatGPT, para mais de mil colaboradores superaria R$ 1,5 milhão por ano, com limitações de uso individual e pouca flexibilidade de personalização.

O primeiro grande entrave para a criação de uma IA própria é estratégico: superar a resistência natural à mudança em um cenário onde a inteligência artificial ainda é, para muitos, uma abstração. Do ponto de vista técnico, os desafios são complexos. “É necessário escolher entre diferentes motores de IA como OpenAI, Anthropic ou Google, avaliando desempenho, custo por token, velocidade e profundidade contextual. No caso do KINTÚ, foi fundamental implementar uma camada de autenticação exclusiva para colaboradores, garantindo que apenas usuários autorizados possam acessar o conteúdo e interagir com dados estratégicos da empresa”, destaca Navarro.

Gêmeos digitais em diferentes tipos de obras

Os gêmeos digitais são réplicas virtuais dinâmicas que permitem simular, emular ou espelhar dados coletados em tempo real de ativos físicos, como edifícios, rodovias, fábricas etc. “O modelo BIM pode ser utilizado como base para a criação do gêmeo digital, no qual dados dinâmicos provenientes de sensores podem ser vinculados para permitir a visualização em tempo real”, expõe Natália Nakamura Barros, arquiteta no Tech Lab - Hub de BIM e Inovação - da Sondotécnica. 

Os gêmeos digitais são réplicas virtuais dinâmicas que permitem simular, emular ou espelhar dados coletados em tempo real de ativos físicos.
Crédito: Envato

Algumas referências trazem que o primeiro estágio de maturidade do gêmeo digital é o ativo virtual, que pode ser um modelo BIM, e que estágios mais avançados de maturidade incluem a conexão com dados de sensores, análise preditiva e ativos conectados. “Deste modo, os gêmeos digitais consistem em ativos virtuais que refletem o que está acontecendo no ativo físico em tempo real, permitindo análises preditivas e decisões baseadas em dados atualizados”, destaca Natália.

Segundo a arquiteta, o gêmeo digital pode ser utilizado em todo o ciclo de vida do empreendimento:

  • Concepção: dados agregados ao ativo virtual, ou modelo BIM, podem ser utilizados para auxiliar nas simulações e requisitos operacionais
  • Construção: sensores instalados no canteiro de obras podem monitorar progresso, qualidade e segurança, sincronizando dados com o modelo virtual.
  • Operação e manutenção: o gêmeo digital se torna uma ferramenta essencial, recebendo dados em tempo real sobre variáveis como temperatura, consumo energético e condições de operação, o que permite a manutenção preditiva, eficiência energética e gestão proativa de ativos.

Apesar de hoje ser mais comum o uso de gêmeos digitais em grandes empreendimentos, a viabilidade em empreendimentos de médio e pequeno porte está crescendo, segundo Natália. “Soluções baseadas em nuvem podem reduzir custos com infraestrutura física, enquanto módulos específicos — como os dedicados à manutenção preditiva de ativos — permitem uma adoção gradual”, aponta.

Atualmente, o setor industrial está à frente na adoção de gêmeos digitais, devido à complexidade dos ativos e à necessidade de manutenção preditiva: 

  • Fábricas e plantas industriais, por exemplo, dependem de monitoramento constante para evitar paradas não programadas. 
  • O setor de infraestrutura, como rodovias e redes de saneamento básico, está avançando, uma vez que requerem gestão eficiente ao longo de décadas. 
  • O setor de edificações, especialmente em projetos de edifícios inteligentes e certificações sustentáveis, também está crescendo rapidamente, impulsionado pela demanda por eficiência energética e conforto dos usuários. A evolução desses setores serve como um laboratório para práticas que, futuramente, podem ser replicadas em outros setores da construção civil.

Vistoria remota na pós-entrega

Setores da construção civil têm adotado plataformas digitais para vistorias remotas, especialmente no pós-obra ou pós-entrega. Na Octágora, por exemplo, após a entrega das chaves, o cliente avalia o imóvel e pode relatar problemas via atendimento por vídeo. “A vistoria remota permite registrar os apontamentos do cliente em um laudo padronizado, sem necessidade de visita presencial”, explica Daniel Cussi, cofundador e CTO da empresa.

Além disso, formulários digitais permitem iniciar o atendimento de forma assíncrona, coletando fotos e descrições que passam por análise técnica. Se necessário, uma videochamada é agendada para aprofundar o diagnóstico. Essa abordagem reduz custos, acelera o atendimento e traz mais comodidade às partes envolvidas.

Segundo Cussi, a vistoria remota é eficaz quando o suporte visual é suficiente. Em casos mais complexos, ela funciona como triagem, permitindo que a equipe vá ao local já preparada, muitas vezes evitando visitas adicionais.

Entrevistados

Francis Navarro é CTO na BRZ Empreendimentos.

Natália Nakamura Barros, arquiteta no Tech Lab - Hub de BIM e Inovação - da Sondotécnica.

Daniel Cussi é cofundador e CTO da Octágora.

Contatos

Assessoria de imprensa BRZ Empreendimentos: annacarolina@nbpress.com.br 

Natália Nakamura Barros: natalianakamura.arq@gmail.com

Assessoria de imprensa Octágora: cassio.valler@camp1.co

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Plano Nacional de Economia Circular propõe novo modelo de desenvolvimento sustentável

Economia circular busca repensar processos, valores e formas de produzir
Crédito: Envato

O Brasil está se preparando para uma mudança significativa na forma como lida com recursos naturais, resíduos e cadeias produtivas. O governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), está elaborando o Plano Nacional de Economia Circular (PNEC).

A proposta busca promover uma transição do modelo linear de produção, baseado em extrair, consumir e descartar, para uma lógica circular, que valoriza o reuso, a regeneração e o reaproveitamento de recursos.

“O plano parte da premissa de que precisamos de uma abordagem sistêmica, intersetorial e integrada para lidar com os desafios ambientais, sociais e econômicos do país”, afirma Flávio Ribeiro, coordenador da Cooperação Técnica alemã da GIZ no Brasil para a agenda de economia circular.

Estratégia ampla e participação ativa

O PNEC está sendo construído com a contribuição de representantes do setor produtivo, poder público, academia e sociedade civil. Segundo Ribeiro, o objetivo é que o plano seja não apenas uma política pública, mas um verdadeiro pacto nacional pela transformação do modelo de desenvolvimento brasileiro.

“Estamos focando em quatro grandes eixos estratégicos: promoção da circularidade nas cadeias produtivas, incentivo a modelos de negócio circulares, estímulo à inovação e melhoria do ambiente regulatório”, explica o coordenador. Além disso, estão previstas medidas de educação, formação profissional e financiamento para iniciativas sustentáveis.

Entre os setores que podem se beneficiar dessa transição e já atuam com economia circular, está a indústria cimenteira. De acordo com Ribeiro, o setor tem diversas oportunidades para aplicar os princípios circulares de maneira prática e estratégica.

“O setor cimenteiro pode adotar tecnologias de coprocessamento de resíduos, substituindo parte do combustível fóssil por resíduos sólidos urbanos, industriais e da agricultura”, afirma. 

Exemplo disso é a Rio Bonito, empresa do grupo Itambé especializada em coprocessamento e que em 2024 processou 155.786 toneladas de resíduos. “Hoje, o coprocessamento é uma técnica consolidada, reconhecida por sua eficiência no tratamento de resíduos. A diversidade de vias de introdução de resíduos nos fornos é um diferencial técnico que posiciona a Rio Bonito como líder no mercado”, assinala Israel Wisniewski Vaz, gerente técnico e de coprocessamento da Rio Bonito.

Leia mais: https://www.cimentoitambe.com.br/rio-bonito-obtem-acreditacao-do-inmetro-e-diferencia-se-em-solucoes-ambientais-sustentabilidade-e-coprocessamento-de-residuos/

A economia circular é reconhecida mundialmente por seus efeitos positivos na geração de empregos, redução de emissões e estímulo à inovação. De acordo com Flávio Ribeiro, a experiência norueguesa mostra como é possível implementar soluções concretas e eficientes no setor da construção civil, promovendo a circularidade desde o início das obras.

“Na Noruega, está sendo adotado um modelo no qual os estandes de vendas de imóveis já são construídos com planejamento para serem desmontados e reutilizados em outras obras. Ou seja, nada é descartado após a venda do empreendimento”, destaca Ribeiro.

Essa prática alia sustentabilidade à redução de custos, ao evitar o desperdício de materiais e gerar menor impacto ambiental. Além disso, ela representa uma mudança na mentalidade do setor, priorizando o design reversível e reutilizável desde a concepção do projeto arquitetônico. “É uma aplicação clara do conceito de economia circular. O que antes era visto como lixo passa a ser entendido como recurso”, completa.

Para o Brasil, as oportunidades são especialmente promissoras nos setores da construção civil, agronegócio, indústria e saneamento. “É um caminho para tornar o país mais competitivo internacionalmente, com produtos mais sustentáveis, e ao mesmo tempo promover inclusão social e melhoria na qualidade de vida”, reforça Ribeiro. Ele também destaca que o plano prevê indicadores para medir os avanços e identificar áreas prioritárias para políticas públicas.

Brasil como protagonista

O PNEC representa uma oportunidade para o país liderar uma agenda ambiental moderna e inclusiva. Para Ribeiro, o momento é de ação coordenada e construção de consensos. “A economia circular nos convida a repensar processos, valores e formas de produzir. É uma proposta transformadora, que pode gerar benefícios para as atuais e futuras gerações.”

O plano, que já passou pela fase de consulta pública, deve ser finalizado ainda este ano, e a expectativa é de que se torne referência para estados e municípios. “Nosso desafio é construir um modelo que funcione na prática, com metas claras, recursos e governança. E estamos no caminho certo para isso”, conclui.

Iniciativa prática: Caçamba do Bem

Um exemplo concreto de economia circular em prática é o projeto Caçamba do Bem, idealizado por Marília Bender Almeida, designer de interiores e empreendedora social. O projeto funciona como um brechó da construção civil, evitando o descarte de materiais e promovendo seu reaproveitamento.

“Nós reinscrevemos no mercado peças que seriam jogadas fora, por meio da venda ou da doação desses materiais. Em 2024, já ressignificamos mais de 6 mil peças”, afirma Marília. A ação ajuda a reduzir resíduos em canteiros de obras e democratiza o acesso a materiais de construção.

Entrevistados
Flavio Ribeiro é embaixador do Movimento Circular, consultor e professor de Economia Circular, Logística Reversa e Regulação Ambiental Empresarial. Engenheiro Mecânico, especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais e Análise Pluridisciplinar do Estado do Mundo. Mestre em Energia e Doutor em Ciências Ambientais. Conselheiro para Economia Circular do Pacto Global da ONU. Professor na Pós-Graduação em Direito Ambiental Internacional da Universidade Católica de Santos e na FIA Business School.

Marília Bender Almeida é formada em direito pela Universidade Positivo e designer de interiores pelo Centro Europeu. Sócia do escritório Bender Arquitetura e fundadora e CEO do Caçamba do Bem

Israel Wisniewski Vaz é graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduado em Gestão da Produção e Recursos Humanos pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI), MBA em Lean Manufacturing pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Atualmente, é gerente técnico e coprocessamento da Cimento Itambé e Rio Bonito Soluções Ambientais. 

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Rooftops impulsionam valorização de empreendimentos imobiliários

A valorização dos rooftops pode variar entre 20% e 25%, se comparada à de empreendimentos semelhantes que não contam com essa estrutura.
Crédito: Rottas Construtora

Em grandes metrópoles como Nova York, Paris e Londres, os prédios com rooftops já fazem sucesso há bastante tempo. Mais recentemente, essa tendência passou a fazer parte da cultura brasileira também. De acordo com um levantamento da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), empreendimentos com rooftops podem apresentar uma valorização de até 25% no metro quadrado.

Para Felipe Silveira, diretor comercial e de marketing da Rottas Construtora, o rooftop valoriza significativamente o empreendimento como um todo. “Ele eleva o padrão das áreas comuns, cria espaços mais agradáveis e desejados e ainda oferece uma vista exclusiva da cidade — algo que realmente faz diferença na experiência do morador. Isso agrega valor ao imóvel e à percepção que o cliente tem do produto”, afirma.

A valorização pode chegar a 20% em comparação com produtos semelhantes que não contam com essa estrutura, segundo Silveira. “Hoje, o rooftop é um diferencial claro de mercado e influencia tanto o valor de venda quanto a atratividade para locação”, expõe.

Este movimento veio em conjunto com a valorização das áreas de lazer na pandemia. “Este momento mudou o comportamento do cliente. Ele passou a dar muito mais valor a áreas ao ar livre, espaços integrados, comodidades como coworking, academia, salão gourmet e o rooftop ganhou ainda mais protagonismo nisso tudo”, destaca Silveira.

Como são os rooftops hoje?

Os rooftops se destacam por oferecer áreas comuns diferenciadas, como espaços para coworking, piscinas, academias e áreas gourmet, proporcionando aos moradores experiências únicas sem que precisem sair do condomínio.

"O rooftop vai além da estética; ele redefine o uso das áreas comuns dos empreendimentos, oferecendo espaços que integram lazer, trabalho e bem-estar, tornando o dia a dia mais prático e funcional", comenta Silveira.

Vantagens dos rooftops

Dentre as vantagens de ter um rooftop em um prédio residencial estão: 

Maior privacidade — especialmente nos casos em que a piscina fica no topo;
Vista privilegiada;
• Menor chance de ter áreas com sombra de outros prédios.

Desafios de projetar rooftops

De acordo com Silveira, o primeiro ponto é o planejamento do terreno. “Para que o rooftop realmente tenha valor, a vista precisa estar garantida, sem risco de ser bloqueada no futuro”, explica.

Além disso, é importante cuidar do conforto acústico. “No empreendimento DOOR, por exemplo, usamos manta acústica e laje com maior espessura para barrar os ruídos das áreas comuns”, pontua o diretor comercial e de marketing da Rottas Construtora.

Entre outros pontos de atenção, estão:
– O atendimento às normas de segurança, como a ABNT NBR 14.718 de Guarda-Corpo (que prevê a necessidade de aplicar um corrimão acima de 1,10 m);
– A existência de pontos apropriados para manutenção e limpeza de canos de água pluvial, caixa-d'água e máquinas de ar-condicionado;
– O acesso à casa de máquinas dos elevadores.

Entrevistado

Felipe Silveira é diretor comercial e de marketing da Rottas Construtora.

Contato

Assessoria de imprensa - marilia@iemecomunicacao.com.br

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Usinas hidrelétricas devem investir R$ 12 bilhões em atualizações até 2030

Usinas devem adotar um plano que envolve monitoramento contínuo, inspeções de segurança e a instalação de sistemas redundantes
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O setor elétrico brasileiro atravessa um momento decisivo de transformação. Até 2030, pelo menos 40 usinas hidrelétricas no país passarão por um amplo processo de modernização e atualização tecnológica, com investimentos que devem somar R$ 12 bilhões. A iniciativa busca enfrentar os desafios de um parque gerador envelhecido, aumentar a eficiência dos equipamentos e garantir maior confiabilidade no fornecimento de energia.

As informações foram confirmadas por Sérgio Fagundes, CEO da Insight Energy, empresa responsável pela modernização da usina de Salto Grande, em Minas Gerais. “A maioria dos geradores já ultrapassou os 40 anos de uso, que é a vida útil estimada para esse tipo de equipamento. A modernização é fundamental para garantir segurança e confiabilidade para o setor elétrico brasileiro”, explica.

Equipamentos novos, estrutura renovada

O trabalho de modernização inclui a troca de peças danificadas, a implementação de novas tecnologias e a atualização de sistemas de controle. “Além de aumentar a eficiência e a durabilidade dos equipamentos, as atualizações também reduzem os impactos ambientais ao promover um uso mais racional dos recursos naturais”, explica.

O engenheiro civil e professor Ariston da Silva Melo Junior, do Centro Universitário FMU, destaca que o investimento em manutenção e infraestrutura é imprescindível. “É preciso garantir maior confiabilidade e eficiência na geração de energia com a minimização dos custos e riscos. Isso só é possível com uma manutenção preventiva eficaz, que deve utilizar sensores e sistemas de monitoramento para prever falhas antes que se tornem problemas graves”, defende.

O papel do concreto e da engenharia de manutenção

Ele aponta que o concreto é protagonista nas estruturas das hidrelétricas, presente na barragem, no vertedouro, na casa de força e nas edificações auxiliares. “A estrutura deve passar por reparos em fissuras, substituição de componentes desgastados e impermeabilizações atualizadas. Hoje, temos materiais mais resistentes que garantem maior vida útil e segurança às obras”, explica.

Além disso, a diversidade do concreto é aplicada conforme a demanda de cada estrutura. “Usa-se concreto-massa em grandes volumes, como nas barragens, concreto compacto com rolo para maior permeabilidade e concreto armado em elementos que exigem resistência, como vigas e pilares”, complementa Ariston.

Segurança de barragens: foco prioritário

A segurança das barragens também é um dos focos do processo de modernização. Melo ressalta a importância da implantação de planos emergenciais: “As usinas devem adotar um Plano de Ação Emergencial (PAE), que envolve o monitoramento contínuo, inspeções de segurança especiais e a instalação de sistemas redundantes, como drenos e vertedouros emergenciais, para lidar com situações de risco”, afirma.

De acordo com o professor, esses procedimentos vêm sendo atualizados constantemente. “O Operador Nacional do Sistema (ONS) informa que os planos de segurança de barragens estão em dia e os níveis dos reservatórios estão acima de 50%, garantindo estabilidade energética. Ainda assim, o monitoramento não pode ser interrompido”, completa.

Para debater essas questões, a Semana de Barragens 2025, também conhecida como Damsweek 2025, vai ocorrer em Porto Alegre de 24 a 29 de agosto de 2025, com o objetivo de contribuir com soluções técnicas para a segurança e sustentabilidade de barragens.

Parcerias internacionais e tecnologia de ponta

Para viabilizar as atualizações, Fagundes tem buscado parceiros internacionais. Durante uma missão empresarial à China, o executivo firmou um acordo com uma empresa de equipamentos pesados. “Fiquei impressionado com a infraestrutura chinesa e, em termos de tecnologia, o Brasil não fica para trás. Visitamos fábricas em que os equipamentos são idênticos aos nossos”, informa o empresário.

Ele reforça que a modernização é, antes de tudo, uma medida estratégica. “É um movimento necessário para manter a competitividade do setor energético e garantir segurança à população e às empresas que dependem da estabilidade do fornecimento de energia elétrica”, conclui.

Entrevistados
Sérgio Fagundes é engenheiro eletricista formado pela Universidade Norte do Paraná (Unopar) e pós-graduado em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas/Senai.

É fundador da Insight Energy, empresa especializada na fabricação, conserto e manutenção de equipamentos para o setor de energia. 

Ariston da Silva Melo Junior é engenheiro civil, agrícola e de segurança do trabalho pela Unicamp, Mestre em Engenharia de Águas e Solos, Doutor em Engenharia de Recursos Hídricos pela Unicamp e pós-doutor em Engenharia de Materiais, Poluição Atmosférica, Saneamento e Infraestrutura Hídrica pelas Unicamp e IPEN/USP. Professor visitante na Unicamp, professor dos cursos de Engenharia Civil; Engenharia Ambiental; Engenharia de Petróleo e Arquitetura e Urbanismo pela FMU- FIAM FAAM. Membro do comitê de bacias hidrográficas de São Paulo, professor da FATEC/SP no curso de hidráulica e saneamento. Associado à AESABESP, órgão de engenheiros da Sabesp.

Contatos
cristorelli.lumiere@gmail.com (Assessoria de Imprensa)

angela.ninomia@fmu.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Construção modular avança no Brasil e promete transformar o setor com agilidade e precisão

Tempo de execução da obra na construção modular é reduzido, assim como atrasos por causa do clima
Crédito: Envato

A construção modular está deixando de ser uma promessa para se tornar realidade no Brasil. Baseado na fabricação de módulos pré-moldados em ambiente industrial, esse sistema vem conquistando espaço, principalmente em setores que exigem rapidez, durabilidade e precisão, como o agronegócio e a indústria.

Com peças como pilares, vigas e lajes produzidas fora do canteiro de obras e depois transportadas para o local da montagem, o processo se torna mais previsível e eficiente. E os resultados já chamam a atenção. “A construção modular tem ganhado espaço no setor agroindustrial devido à sua flexibilidade, eficiência e rapidez na execução dos projetos”, explica o engenheiro Rafael de Souza Castello, da Engebel, empresa especializada no segmento.

Eficiência começa no projeto

A diferença começa no papel. Ao contrário do modelo convencional, que costuma sofrer ajustes no decorrer da obra, a construção modular exige um projeto executivo detalhado desde o início. Cada peça é planejada, dimensionada e executada com precisão em ambiente fabril, o que garante qualidade e padronização.

“Essa etapa permite um controle de produtividade e de qualidade que dificilmente se alcança em um canteiro tradicional”, afirma Castello. A fabricação controlada também gera menos desperdício e mais sustentabilidade, já que o uso dos materiais é otimizado e as perdas são mínimas.

Com módulos prontos e equipe treinada, o tempo de execução da obra é significativamente reduzido. Além disso, o sistema minimiza a dependência da mão de obra local e evita problemas comuns na construção tradicional, como atrasos por conta do clima ou falta de materiais.

“Reduzimos a volatilidade no canteiro e entregamos com mais rapidez e previsibilidade. Isso se traduz em economia e melhores resultados para o cliente”, pontua o engenheiro.

Em estruturas específicas do agronegócio, como armazéns de fertilizantes, o uso do concreto com alto grau de proteção à corrosão também é um diferencial importante, garantindo maior durabilidade e segurança.

Leia mais: https://www.cimentoitambe.com.br/silos-de-concreto-sao-a-solucao-ideal-para-armazenagem-de-graos-em-grande-escala/

Uma escolha cada vez mais estratégica

Embora ainda represente uma fatia modesta do mercado, a construção modular cresce a passos largos. Na Espanha, por exemplo, espera-se que 10% das casas passem a adotar esse sistema até 2030. No Brasil, essa evolução já é visível em projetos agroindustriais e corporativos.

Para empresas que pensam em migrar para o modelo modular, Castello recomenda planejamento e bons parceiros: “É fundamental trabalhar com fornecedores experientes e investir em um projeto executivo bem feito. A mudança exige ajustes, mas os benefícios compensam”.

Com obras em andamento como armazéns em Paranaguá, a Engebel é uma das empresas que apostam nesse futuro. A construção modular mostra que inovação e produtividade podem caminhar juntas no canteiro de obras.

Entrevistado
Rafael de Souza Castello é engenheiro civil graduado pela União de Ensino do Sudoeste do Paraná (UNISEP), pós-graduado em Estruturas de Concreto e Fundações pela Universidade Paranaense (UNIPAR). Atualmente, é engenheiro da Engebel.

Contatos
rafael@engebel.com.br

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Como as mudanças climáticas impactam o saneamento?

As chuvas intensas sobrecarregam as redes de esgoto e drenagem, enquanto as secas tornam a operação de estações de tratamento muito mais difícil.
Crédito: Envato

As mudanças climáticas devem se acentuar até 2050. De acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado em 2024, secas, ondas de calor e tempestades podem impactar o abastecimento de água no país.

Ainda segundo o documento, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro são os Estados com mais risco de terem o seu abastecimento de água afetado por tempestades. Já o Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os Estados com maior risco de contaminação de águas superficiais (aquelas que se acumulam e escoam na superfície da terra, como rios, riachos, lagos, lagoas e pântanos) e impacto no sistema de esgotamento sanitário em tempestades. O Mato Grosso do Sul e Amazonas apresentam os maiores riscos de seu abastecimento de água ser afetado por ondas de calor. Por fim, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba possuem o sistema de abastecimento de água mais vulnerável a secas meteorológicas. 

“Essas variações climáticas não apenas afetam a infraestrutura física das companhias de abastecimento, mas também evidenciam a necessidade de planejamento estratégico baseado em cenários climáticos futuros. Para a população, estes riscos climáticos intensificam a desigualdade no acesso a serviços de saneamento básico de qualidade, especialmente em áreas urbanas periféricas e rurais, já que enfrentam dificuldades de infraestrutura”, informou o relatório “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”.

Desafios

Para Gustavo Leite, CEO da Ecossis Soluções Ambientais, as mudanças climáticas já estão pressionando muito os sistemas de saneamento no Brasil. “As chuvas intensas sobrecarregam as redes de esgoto e drenagem, enquanto as secas tornam a operação de estações de tratamento muito mais difícil. O que antes era exceção agora virou rotina. Isso compromete não só a eficiência dos sistemas, mas também a qualidade da água disponível para a população”, pontua.

Leite acredita que um dos grandes desafios é que a infraestrutura de saneamento das cidades foi, em sua maioria, pensada para um clima que já não existe mais. “Hoje, planejar soluções exige muito mais integração. Planos de Saneamento Básico, Planos de Bacia Hidrográfica, e outros instrumentos de gestão territorial são fundamentais para tornar as ações mais sinérgicas e sistêmicas. São eles que permitem enxergar o problema em toda a sua complexidade, porque o saneamento não pode mais ser tratado isoladamente — ele precisa dialogar com a gestão de recursos hídricos, com a ocupação do solo, com a preservação ambiental. E há as limitações orçamentárias e de capacidade de execução. Muitos municípios estão sem dinheiro para este projeto e acaba por restar apenas ações pontuais, paliativas ou de pequena escada, com o que "dá pra fazer". Isso é um problema real e sério”, alerta.

Outro ponto muito crítico é o conflito de competências entre municípios, Estados e a União. “Quando falamos de água, de mananciais e de infraestrutura, o dano nunca respeita fronteiras políticas. Um município a montante pode impactar todo o sistema de abastecimento a jusante, e o atual modelo de gestão fragmentada dificulta demais a construção de soluções efetivas. Precisamos de um debate sério sobre como superar esses conflitos de atribuição, para que as ações sejam integradas e realmente funcionem no território. Entender que o dano é sempre coletivo, que a poluição ou a escassez da água em uma região afeta todas as outras, é um passo essencial. Sem essa visão mais sistêmica e cooperativa, vamos continuar apenas reagindo a crises, e não construindo um sistema de saneamento resiliente e preparado para os desafios que o clima nos impõe”, destaca Leite.

Uso de tecnologias para enfrentar problemas de saneamento

Atualmente, o enfretamento dos problemas de saneamento passa muitas vezes pela mensuração de dados dos rios e chuvas. Veja alguns exemplos:

  • Rede de telemetria para monitorar em tempo real a vazão dos rios e as chuvas. O Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo mantém uma rede com 500 pontos de medição;
  • Uso de gêmeos digitais para prover dados em tempo real de sensores. Na Inglaterra, a Thames Water implementou um projeto com gêmeos digitais, que mostram uma representação digital do estado atual de um sistema do mundo real. Isso permite a tomada de decisões orientadas por dados e a identificação proativa de problemas.

Entrevistado

Gustavo Leite é CEO da Ecossis Soluções Ambientais.

Contato: gustavo.leite@ecossis.com.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Concrebras realiza concretagem de silo no Porto em Paranaguá (PR)

Por conta da oscilação de temperatura, foi necessária uma avaliação minuciosa para determinar qual traço deveria ser aplicado e em qual dosagem de aditivo. 
Crédito: Zortéa Construções

Em março de 2025, a Concrebras realizou a concretagem do primeiro silo de concreto para o cliente Rocha Terminais Portuários, em Paranaguá (PR). A concretagem foi executada utilizando a técnica de fôrma deslizante a qual exige lançamento ininterrupto ao longo de 10 dias de trabalho, 24 horas por dia, com o empenho e a colaboração de todos os setores envolvidos. Cada silo utilizará 1.876 m³ de concreto, totalizando três unidades de silo no projeto.

“O silo representa um avanço estratégico para o porto de Paranaguá. Locado para expedição no setor Cais Oeste, os silos ampliam a capacidade estática de armazenamento de grãos destinados à exportação. Sua estrutura em concreto proporciona maior durabilidade e segurança operacional ao setor agroindustrial, fortalece a logística portuária, gera empregos diretos e indiretos e contribui significativamente para a eficiência do escoamento da safra”, informou Ricardo Barcelos Couto, engenheiro supervisor da Zortéa Construções – empresa responsável pela obra.

Desafios da obra

Para Couto, um dos principais desafios da obra é conciliar a otimização do cronograma com a execução simultânea de diferentes frentes de trabalho, especialmente em um canteiro com espaço físico restrito. “Estamos conduzindo o deslizamento dos primeiros silos ao mesmo tempo em que ocorrem as escavações dos túneis, poços da moega e elevadores. O maior desafio, portanto, tem sido manter a obra alinhada às diretrizes do cronograma, com eficiência e segurança, sendo possível inclusive antecipar etapas do deslizamento graças à sinergia entre as equipes e à reavaliação contínua dos processos construtivos”, explica o engenheiro supervisor.

De acordo com Paulo Fernando de Oliveira, engenheiro e coordenador da Concrebras, o maior desafio foi determinar a composição do concreto para atender além das características da especificação técnica de projeto, as condições ambientais, do trânsito e da logística do fluxo de caminhões em sincronia com a velocidade de movimentação de subida da fôrma deslizante. “Conforme a mudança de temperatura e a chegada dos caminhões à obra, era essencial estabelecer qual ação realizar”, afirmou Oliveira.

Por ser uma concretagem com demanda constante durante 24 horas, outro desafio enfrentado foi o de compreender o fluxo de equipamentos na área portuária. “Além disso, a concretagem ocorreria em dias do feriado de Carnaval, o que intensifica o tráfego na área, o que exigiu um aumento na frota da central para evitar interrupções”, pontua Oliveira.

Detalhes técnicos do deslizamento de Silo Vertical de concreto

Cada silo utilizará 1.876 m³ de concreto, totalizando três unidades de silo no projeto.
Crédito: Zortéa Construções

Para esta obra, o concreto empregado foi do tipo estrutural, bombeável, com variações na quantidade de aditivo plastificante. “Cinco tipos foram usados: 100% de aditivo, 1/2, 1/4, 3/4 e 0,55% de aditivo, slump 10±2cm, que foram solicitados de acordo com a necessidade de acelerar ou retardar a subida da forma”, comenta Oliveira.

No período da concretagem houve grande oscilação térmica em diferentes momentos do dia e da noite, interferindo diretamente nas características do concreto. “Era necessária uma avaliação minuciosa para determinar qual traço deveria ser aplicado e em qual dosagem. Por isso, foi fundamental prestar atenção constante ao clima e ao horário de chegada das cargas na construção, somado às análises das características do concreto da carga anterior para evitar que isso impactasse no tempo de deslizamento da forma”, destaca Oliveira.

Outras ponderações também são relevantes para o êxito nas próximas etapas. “O planejamento da frota é fundamental para garantir um serviço contínuo e ininterrupto, considerando equipamentos, geradores de energia e outros dispositivos que possam ser utilizados em caso de emergência”, conclui Oliveira.

Integração entre as equipes

Para Couto, a integração com a equipe da Concrebras foi altamente colaborativa e estratégica durante todo o processo de deslizamento contínuo da estrutura. “O contato entre as equipes foi constante, com acompanhamento técnico para realização de ajustes no traço do concreto conforme as demandas da obra no período de deslizamento, medida que julgamos fundamental para garantir a continuidade e a qualidade do processo construtivo em regime 24h por 10 dias consecutivos”, conclui.

Assista ao vídeo do deslizamento do silo:

https://www.youtube.com/watch?v=KFzmw24gur8

Entrevistados

Ricardo Couto, engenheiro supervisor da Zortéa Construções.

Paulo Fernando de Oliveira, coordenador da Concrebras (com informações dos engenheiros Júlio Benetti e Rafael Ivanoff, da construtora Zortéa, e Gustavo Correa Capete e o engenheiro Sergio Davidovicz, da Concrebras).

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


House Flipping: a estratégia de compra e revenda que ganha força no mercado imobiliário

Um dos cases é a venda de propriedade, que gerou valorização superior a 60% após house flipping
Crédito: Divulgação

A compra, reforma e revenda rápida de imóveis, conhecida como House Flipping, tem se consolidado como uma estratégia de investimento lucrativa no Brasil. O modelo, amplamente difundido nos Estados Unidos, atrai investidores que enxergam no setor imobiliário uma oportunidade para ganhos acelerados. 

Em um cenário onde grandes centros urbanos já não contam com muito espaço para novas construções, a renovação de prédios antigos surge como uma alternativa valiosa. Wilson Lustosa de Mello Pacheco Junior, CEO da Obra Prima, empresa especializada no segmento, explica que o sucesso da técnica está no planejamento e na execução eficientes. “O segredo do House Flipping está na capacidade de enxergar o potencial de valorização do imóvel, investir com eficiência e garantir que a revenda ocorra rapidamente”, afirma.

Desafios do setor

O House Flipping exige uma série de cuidados para evitar prejuízos. A escolha do imóvel certo é um dos pontos-chave para o sucesso do investimento. Segundo um levantamento da startup Archademy, o potencial de ganho com House Flipping varia entre 40% e 50%. Já o portal Inteligência Financeira aponta que um bom retorno líquido gira entre 15% e 20%.

A aquisição precisa ser feita por um valor abaixo do mercado, garantindo margem de lucro após a reforma”, destaca Wilson. O crescimento dos leilões online de imóveis tem sido uma das formas que investidores utilizam para encontrar oportunidades de compra com preços abaixo do mercado. Segundo a plataforma Superbid Exchange, houve aumento de 86% no volume dos leilões em 2024 e deve crescer 70% em 2025.

Além disso, o controle rigoroso dos custos e a seleção de uma equipe qualificada para a obra fazem toda a diferença. Quanto mais rápida for a conclusão do projeto, menor será o impacto de despesas adicionais, como impostos, manutenção e taxas administrativas.

Dicas para um House Flipping bem-sucedido

Para quem deseja entrar no mercado de House Flipping, Wilson Pacheco Junior lista algumas práticas importantes:

  • Escolha do imóvel certo: priorize imóveis abaixo do valor de mercado, com potencial de valorização e localizados em regiões estratégicas;
  • Planejamento detalhado da reforma: defina um escopo claro, focando em melhorias que elevam o valor percebido, como cozinha, banheiro e acabamentos;
  • Controle de orçamento e cronograma: utilize ferramentas de gestão para evitar desperdícios e garantir que a obra se mantenha dentro dos custos e prazos previstos;
  • Tenha um corretor de confiança: um profissional experiente pode ajudar a identificar boas oportunidades de compra e acelerar a revenda
  • Aproveite o financiamento como alavanca: linhas de crédito estratégicas permitem mais projetos simultâneos e maior lucratividade.

Tecnologia e gestão como diferenciais

A eficiência na execução de um House Flipping pode ser aprimorada por meio de soluções tecnológicas. O Obra Play, um marketplace criado pela Obra Prima, permite a cotação de preços de insumos com diversos fornecedores simultaneamente, otimizando as compras e reduzindo custos. “Um bom controle financeiro e operacional, aliado a uma cotação inteligente de insumos e à gestão remota, faz toda a diferença no sucesso do House Flipping”, destaca Wilson.

Potencial de crescimento

Com um mercado imobiliário aquecido e compradores cada vez mais exigentes, a tendência é que o House Flipping continue ganhando espaço. A estratégia se mostra atrativa não apenas pelo alto retorno financeiro, mas também pela agilidade na recuperação do investimento.

O tema foi um dos destaques do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC 2025), que aconteceu de 8 a 11 de abril, no São Paulo Expo. Wilson Pacheco Jr. ministrou a palestra "House Flipping: Reformar imóveis é rentável?", compartilhando estratégias e insights sobre o modelo de negócio. “Quando bem executado, o House Flipping não é apenas um negócio rentável, mas uma forma de transformar imóveis e gerar valor para o mercado”, conclui Wilson.

Entrevistado

Wilson Pacheco Jr. é graduado em Desenvolvimento de Sistema e acumula 14 anos de experiência no setor da construção civil. É CEO do Obra Prima, plataforma investida pela Senior Sistemas e especializada na gestão de obras para pequenas construtoras.

Contato

pacheco@01tec.com.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.