Mercado livre de energia ganha espaço na construção civil e abre caminho para economia e sustentabilidade
Imagine poder escolher de quem comprar a energia elétrica de um empreendimento e ainda pagar menos por isso, com a possibilidade de utilizar exclusivamente fontes renováveis. Essa realidade, que até pouco tempo parecia distante, já é comum em diversos setores da economia e agora chega com força também à construção civil, impulsionando obras mais sustentáveis e competitivas.
O que é o mercado livre de energia
No modelo tradicional, chamado mercado cativo, o consumidor depende exclusivamente da distribuidora local, responsável por transmitir e repassar a energia adquirida, com tarifas reguladas pela agência nacional. Já no mercado livre, ou Ambiente de Contratação Livre (ACL), há a desintegração dessas funções: o consumidor pode negociar diretamente com o gerador de energia, definindo volume, preço e origem, muitas vezes de fontes renováveis. Essa flexibilidade permite ganhos financeiros expressivos, podendo chegar a mais de 30% de economia, além de contribuir para a agenda ESG de grandes corporações.
Nesse cenário, as construtoras começam a se beneficiar desse modelo. Para José Luiz Esteves, gestor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV&CO, a abertura do mercado acelera oportunidades. “Hoje já utilizamos energias renováveis em canteiros e obras de infraestrutura. Com a ampliação para o varejo, será mais fácil negociar ofertas e tornar os projetos ainda mais competitivos”, afirma.
A MRV&CO, por exemplo, aposta em geração distribuída renovável. “Temos duas usinas solares próprias, em Uberaba (MG) e Lapão (BA), que já suprem obras nesses estados. Nos demais, negociamos contratos de fornecimento de energia com empresas do mercado”, explica Esteves.

Crédito: Envato
A visão da indústria do cimento
Entre os setores que mais migram para o ACL, destacam-se as indústrias de grande porte. Segundo o engenheiro Dionísio Veiga Neto, gerente de Engenharia Elétrica, Automação e Energia da Cia. de Cimento Itambé, a tendência é irreversível. “O mercado livre começou a atrair novos consumidores em ritmo mais veloz, sobretudo aqueles com demanda inferior a 500 kW. Só em junho de 2025, o país já somava 77 mil unidades consumidoras livres, 57,7% a mais do que no mesmo período do ano anterior”, relata.
A economia na conta de luz é o principal atrativo. “Ao sair do mercado cativo, a redução no gasto com energia varia de 20% a mais de 30%, dependendo do perfil de consumo. É um ganho imediato e consistente”, destaca o engenheiro.
Itambé Energética: experiência de 25 anos
A Cimento Itambé é consumidora livre há mais de duas décadas e hoje utiliza essa expertise para apoiar outras empresas na migração. A Itambé Energética, pertencente ao mesmo grupo, atende não somente a Cimento Itambé, mas também consumidores livres no mercado, oferecendo além da energia elétrica, serviços e suporte técnico ao consumidor.
“Estamos aptos a oferecer suporte técnico, estudos de economia e acompanhar todo o processo de migração até a efetivação final. Para muitos consumidores, não há necessidade de investimento, desde que a entrada de energia esteja adequada às normas da distribuidora”, explica Dionísio. Esse know-how é estratégico para o setor da construção, já que muitas incorporadoras e construtoras buscam reduzir custos sem comprometer cronogramas.
Um caminho sem volta para a competitividade
O mercado livre de energia deixou de ser promessa para se tornar um dos pilares da competitividade empresarial no Brasil. Ao combinar redução de custos, previsibilidade de consumo e acesso a fontes renováveis, ele se apresenta como solução estratégica para a construção civil e para a indústria como um todo.
Para Esteves, trata-se de um diferencial que impacta diretamente o futuro das obras. “As construtoras que souberem utilizar energia limpa e mais barata terão vantagem tanto em custos quanto em reputação perante investidores e clientes”, resume.
Já para Dionísio, da Itambé, o recado é direto. “O ACL não é mais futuro, é presente. Quem não se preparar para migrar ficará em desvantagem”.
No cenário atual, o mercado livre de energia não é apenas uma opção, mas um caminho inevitável para empresas que desejam unir economia, sustentabilidade e inovação em seus projetos.
Entrevistados
Dionisio Veiga Neto é graduado em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia de Joinville (UDESC) e em Administração de Empresas pela Universidade de Joinville (Univille), pós-graduado e MBA nas áreas de Engenharia de Manutenção, Gestão Empresarial e Gestão de Negócios. Especialista na área de Gestão de Energia e Operações no Mercado livre das empresas do mesmo Grupo da Itambé e gerente de Engenharia Elétrica – Manutenção, Automação e Energia da Cia. de Cimento Itambé e Itambé Energética.
José Luiz Esteves da Fonseca é gestor executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV&CO.
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Ana Carvalho
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Rodovia SC-416 será duplicada com pavimento de concreto
Em agosto, os governadores Carlos Massa Ratinho Junior (PR) e Jorginho Mello (SC) firmaram um acordo judicial entre Paraná e Santa Catarina para encerrar uma disputa que se arrastava desde 1991, envolvendo o pagamento de royalties de petróleo da Petrobras. A quitação da dívida será feita por meio da execução de obras em Garuva (SC), que também trarão benefícios para Itapoá (SC), na divisa com Guaratuba (PR).
O pacote de intervenções contempla também a duplicação da SC-417, no trecho que vai da divisa entre Paraná e Santa Catarina até o entroncamento com a BR-101, abrangendo 19,18 quilômetros, incluindo o Contorno Sul de Garuva. Pelo acordo, serão duplicados 5,3 quilômetros da SC-417, entre a divisa interestadual e o entroncamento com a SC-416, no acesso a Itapoá, onde também está prevista a construção de um viaduto. Esse segmento será executado em pavimento flexível asfáltico, favorecendo o escoamento da produção pelo Porto de Itapoá. Como contrapartida, o governo catarinense ficará responsável por duplicar em concreto a SC-416, ligando o acesso a Itapoá diretamente ao porto.

Crédito: Felipe Henschel/AEN
Whitetopping
Segundo a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina, no trecho com duplicação com pavimento rígido de concreto, será utilizada a técnica de whitetopping, que consiste em recuperar o asfalto existente e aplicar uma nova camada de concreto sobre ele. Nesse ponto, também está prevista a construção de uma passagem elevada para melhorar o fluxo de veículos na bifurcação com o contorno. Ambos os segmentos já dispõem dos projetos executivos desenvolvidos pelo governo de Santa Catarina.
Desafios na obra
A Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina aponta que a gestão do tráfego será feita por meio de sinalização adequada, bloqueios parciais de pista, circulação alternada e dispositivos de segurança, de modo a evitar a interrupção total do trecho. “O relatório considera o aumento de tráfego sazonal, indicando que a duplicação deve amenizar os congestionamentos típicos da alta temporada”, explica o órgão.
Outra questão relacionada à obra são os impactos ambientais em áreas de preservação permanente e necessidade de mitigação, desapropriações e a manutenção da segurança no trânsito durante a execução, segundo a Secretaria.
Aumento no volume de cargas exportadas
Com essas modificações, haverá aumento no volume de exportações? A Secretaria afirma que o relatório destaca a importância da duplicação para melhorar o escoamento da movimentação do Porto de Itapoá e reduzir gargalos logísticos, mas não apresenta números ou estimativas quantitativas sobre aumento de volume exportado, redução de custos logísticos ou retorno econômico e fiscal. “Considerando que essas informações são constantes em documentos licitatórios, como DOD, ETP e Termo de Referência, tal estudo deverá ser realizado pelo Governo do Paraná, que será responsável pela contratação desta obra”, informa a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina.
Benefícios para o turismo
A Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina aponta que a duplicação deve reduzir os congestionamentos que ocorrem no acesso ao litoral, especialmente durante o verão, melhorando o tempo de deslocamento para turistas e aumentando a atratividade da região, além de estimular o desenvolvimento econômico dos municípios do entorno.
“Apesar de não haver projeções exatas quanto a redução de tempo, a duplicação irá proporcionar maior fluidez no tráfego regional, reduzindo o congestionamento e por consequência, a redução de tempo de viagem”, comenta o órgão
Previsão para as obras
Segundo a Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina, o plano de execução estima prazo de quinze meses consecutivos para a conclusão dos serviços e considera o ano de 2026 como referência de abertura nos cálculos de tráfego. “Entretanto, esse prazo é referente somente à execução física da obra, devendo ser considerado também o prazo de trâmites administrativos e burocráticos para contratação de empreiteira através de licitação”, conclui.
Fonte
Secretaria do Estado da Infraestrutura e Mobilidade do Governo de Santa Catarina
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Pacote de resgate: qual é o impacto para o setor de construção civil?
O governo federal apresentou em agosto o Plano Brasil Soberano, um pacote inicial de medidas voltado a reduzir os efeitos econômicos da decisão dos Estados Unidos, que no dia 30 de julho anunciaram aumento unilateral de até 50% nas tarifas de importação sobre produtos brasileiros. O plano reúne iniciativas distribuídas em três frentes: reforço ao setor produtivo, proteção aos trabalhadores e atuação diplomática com foco no multilateralismo.
As ações preveem a destinação de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para oferecer crédito com taxas acessíveis, além da expansão das linhas de financiamento ao comércio exterior. Também incluem a prorrogação da suspensão de impostos para empresas exportadoras, o aumento da restituição de tributos federais por meio do Reintegra e a simplificação da aquisição de alimentos por órgãos públicos.
De acordo com Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG, o Plano “Brasil Soberano” foi criado para amenizar os efeitos das tarifas impostas pelo governo americano aos produtos exportados pelo Brasil.
“O objetivo é proteger os exportadores nacionais e preservar empregos. Dessa forma, seu impacto sobre setores produtivos, como a construção civil, tende a ser indireto, à medida que busca fortalecer a economia e manter postos de trabalho. Uma economia mais robusta gera empregos e investimentos, o que pode ampliar a demanda por infraestrutura, por exemplo. No entanto, neste momento, não é possível medir a dimensão desse impacto indireto, nem mesmo afirmar com certeza que ele ocorrerá. Vale destacar, porém, que o país já apresenta uma demanda consistente por habitação, com um déficit superior a seis milhões de moradias”, observa.
Marcos Pedro, economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário, destaca que o “pacote” tem como foco principal a preservação de empregos e a manutenção da renda.
“No entanto, a aquisição de habitação é um planejamento de longo prazo para as famílias, que envolve financiamentos de 10, 20 anos ou mais. Por isso, mais importante do que a manutenção momentânea do emprego e da renda é a expectativa de estabilidade futura, que permita esse planejamento e a confiança de que as famílias conseguirão honrar os financiamentos até o final”, afirma.

Crédito: Envato
Impactos na Selic
Para Ieda, se o aumento das despesas públicas gerar pressão inflacionária e comprometer a confiança na política fiscal do país, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter a Selic em patamar elevado por mais tempo ou até mesmo elevá-la.
“E uma Selic alta encarece o custo do crédito e, consequentemente, desestimula investimentos nos setores produtivos da economia, como a construção civil. No setor, crédito mais caro pode significar o adiamento de lançamentos imobiliários, o que se traduz em menor volume de obras, renda e empregos”, alerta.
Já Marcos Pedro ressalta que, se o governo encontrar dificuldades para equilibrar suas contas públicas devido às medidas previstas no “Pacote de Resgate”, a confiança dos agentes econômicos em relação à capacidade de cumprimento dos compromissos futuros pode diminuir, forçando uma nova elevação da taxa Selic, que já está em 15% ao ano.
“Caso esse movimento se confirme, os impactos sobre a construção civil ocorrerão de duas formas, dependendo do tempo de duração do pacote. A primeira será sobre a construção leve (imóveis residenciais), já que a alta da Selic encarece o financiamento imobiliário, elevando o valor das prestações. Assim, menos famílias conseguirão comprar imóveis e, mesmo aquelas que comprarem, terão de comprometer uma parcela maior de suas rendas, reduzindo o padrão de consumo. O segundo impacto será sobre o custo de aquisição de bens de capital para as empresas construtoras — como máquinas, equipamentos e veículos — que também ficarão mais caros de financiar”, explica.
Impactos na infraestrutura
Um cenário fiscal fragilizado poderia comprometer os investimentos públicos em infraestrutura? Para Marcos Pedro, caso o governo precise reorganizar o orçamento e redirecionar os poucos recursos hoje destinados a investimentos para auxiliar os setores mais afetados, será inevitável reduzir a verba destinada à infraestrutura.
“Para evitar isso, seria necessária uma redução de gastos em outras áreas. Mas devemos lembrar que estamos em um ano pré-eleitoral, em que a demanda por obras e inaugurações faz parte do calendário político — e esse é um ponto difícil de alterar”, conclui.
Entrevistados
Ieda Vasconcelos é economista pela PUC-MG, doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Fumec. Economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG.
Marcos Pedro é economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário.
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Assessoria UniBrasil Centro Universitário - pauta@acciocomunicacao.com
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Especialistas discutem impactos da inovação tecnológica e da segurança jurídica na construção civil
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realiza nos dias 18 e 19 de setembro, em Brasília, o 10º Seminário Jurídico, consolidado como o principal fórum do país sobre as questões envolvendo direito e construção civil. Com o tema “Direito em Construção: Inovação, Tecnologia e Negócios”, o encontro reflete sobre os efeitos da digitalização, da automação e das novas formas de organização contratual para o ambiente jurídico da construção civil, do mercado imobiliário e da infraestrutura.
Segundo Felipe Melazzo, presidente do Conselho Jurídico da CBIC, os maiores entraves para o setor continuam sendo a insegurança jurídica e a falta de previsibilidade. “O seminário é espaço para enfrentar esses desafios, aproximando operadores do direito e empresários e propondo soluções práticas”, afirma.

Crédito: Envato
Litigância habitacional e contratos de obras públicas
Entre os principais painéis, a litigância habitacional ganha destaque. O aumento das ações judiciais relacionadas a vícios construtivos e prazos de garantia, especialmente no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, pressiona o Judiciário, incorporadoras e construtoras. O debate traz propostas legislativas, diretrizes jurisprudenciais e boas práticas periciais, com o objetivo de racionalizar a judicialização e agilizar soluções.
Outro tema relevante é a alocação de riscos em contratos de obras públicas. O estudo elaborado pela Comissão de Infraestrutura da CBIC, reconhecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como referência de boas práticas, serve de base para a discussão sobre a matriz de riscos prevista na Lei nº 14.133/2021. A expectativa é reforçar a previsibilidade e a eficiência nas contratações, prevenindo litígios e melhorando a gestão contratual.
Mecanismos de resolução e novas tecnologias
Nas obras industriais e corporativas, os Dispute Boards e a arbitragem aparecem como mecanismos cada vez mais relevantes para garantir a continuidade de projetos e reduzir litígios complexos.
A programação também aborda a aplicação de novas tecnologias. A inteligência artificial se apresenta como ferramenta estratégica para a prevenção de litígios, a gestão de riscos e a conformidade regulatória, integrando dados técnicos, modelos digitais e contratos.
Já a tokenização no mercado imobiliário surge como alternativa de democratização do investimento, ao permitir o fracionamento de imóveis em ativos digitais registrados em blockchain, com liquidez e transparência ampliadas. Por esse processo, imóveis físicos são convertidos em tokens digitais, registrados em uma blockchain, permitindo que sejam fracionados e negociados de forma digital. Cada token representa uma fração do imóvel, e o investidor que adquire um token torna-se proprietário de uma fração proporcional do bem.
Perspectivas
Com a participação de nomes como Carlos Augusto Pires Brandão (STJ), Otávio Henrique Martins Port (CJF), Juan Pablo Correia Groisner (ONR), Rodrigo Badaró (CNJ), Nicola Espinheira da Costa Khoury (TCU) e Andreas Blazoudakis (Netspaces), o seminário reafirma sua posição como espaço de debate técnico de alto nível. A edição de 2025 destaca que o futuro do direito da construção se estrutura no equilíbrio entre segurança jurídica e inovação tecnológica, consolidando o evento como referência para juristas, acadêmicos e profissionais do setor.
Entrevistado
Felipe Melazzo é graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas de Goiás e especializado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (RJ). Possui 20 anos de experiência no ramo do direito imobiliário, tendo atuado em diversos segmentos e em demandas relevantes para o setor da Construção Civil, Incorporação e Empresarial (Membro da Comissão de Direito Imobiliário e da Comissão de Prerrogativas da OAB/GO; Diretor Comercial da Consciente Construtora; Membro da Comissão de Conciliação Prévia do Setor da Construção, dentre outros). Atualmente, é presidente do Conselho Jurídico da CBIC e presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO).
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Ana Carvalho
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Duplicação da PR-412 em Matinhos promete transformar mobilidade no litoral do Paraná
A PR-412, no trecho entre Matinhos e Pontal do Paraná, está passando por uma das maiores intervenções de infraestrutura viária do litoral paranaense. A obra, orçada em R$ 274 milhões, contempla a duplicação em pavimento rígido de concreto, implantação de vias marginais, iluminação em LED e construção de novas pontes e viaduto. Com prazo de execução de 36 meses, a conclusão está prevista para março de 2028.
Tráfego diário de mais de 15 mil veículos
A duplicação surge como resposta a um gargalo histórico do fluxo de veículos que acessam Matinhos e Praia de Leste, especialmente durante a temporada de verão. Segundo estimativa do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), mais de 15 mil veículos circulam diariamente pelo trecho nesta época, sendo cerca de 700 de carga.
“Essa obra vai atender tanto moradores e turistas quanto o transporte de empresas. É uma intervenção que amplia a capacidade da rodovia, reduz congestionamentos e aumenta a segurança de pedestres e ciclistas, pois também contará com ciclovias, passeios e iluminação”, explica Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica do DER/PR.
Leia também: Governador dá início à duplicação em concreto da PR-412 entre Matinhos e Pontal do Paraná

Crédito: Arnaldo Neto/AEN
Obras de arte e soluções técnicas
O projeto prevê a construção de duas novas pontes sobre o Rio Matinhos, um viaduto no acesso à Avenida Curitiba e duas pontes sobre o Rio Balneário. Os trabalhos começaram em abril deste ano com a implantação de marginais e, até julho, o avanço era de 1,2%. “Esse percentual inicial é natural, pois mobilizações de obras dessa magnitude exigem tempo para preparação. O cronograma segue dentro do previsto”, detalha Janice.
Outro destaque é a escolha pelo pavimento rígido de concreto, solução que garante maior durabilidade e reduz custos de manutenção. “O investimento inicial é mais elevado, mas ele se paga nos primeiros anos pela resistência e menor necessidade de reparos, o que significa economia para o Estado e mais conforto para os usuários”, ressalta a diretora técnica.
Em todo país, o uso de whitetopping tem sido a preferência em grande parte das rodovias por ter uma vida útil muito maior, frequentemente superior a 20 anos, enquanto o asfalto é projetado para durar entre seis e dez anos. Além disso, mesmo com custo inicial mais elevado, a implantação do pavimento de concreto pode custar até 20% menos do que o asfalto convencional, especialmente em vias de alto tráfego. Isso porque nos primeiros 20 anos as intervenções necessárias no pavimento de concreto são mínimas, representando apenas 2% a 5% do valor da obra.
Leia também: Pavimento de concreto foi escolhido para obra de duplicação da PR-412
Expansão futura até Santa Catarina
O DER/PR também já planeja ampliar os benefícios da duplicação e lançou edital para a duplicação da PR-412 no trecho entre Guaratuba e a divisa com Santa Catarina. Em paralelo, Paraná e Santa Catarina discutem a formalização de um acordo para duplicar a SC-417, no lado catarinense, até a BR-101.
Para Janice, esse movimento é estratégico. “A integração entre os estados permitirá maior fluidez do tráfego e fortalecimento do corredor logístico e turístico, que é vital para a economia do litoral e para a qualidade de vida da população”, conclui.
Entrevistada
Janice Kazmierczak Soares é graduada em Engenheira Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduada em Infraestrutura de Transportes pela Universidade Paulista (UNIP) e em Obras Públicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atualmente, é diretora técnica do DER/PR.
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Como a realidade aumentada vem mudando a construção civil?
A realidade aumentada (RA) começa a se consolidar como uma ferramenta estratégica na construção civil, aproximando o digital do canteiro de obras e trazendo ganhos concretos em produtividade, precisão e comunicação. Se antes era vista como recurso futurista, hoje a tecnologia já se integra ao BIM e aos smartphones, permitindo que engenheiros, gestores e clientes visualizem projetos em escala real e tomem decisões mais seguras em todas as etapas, da execução ao pós-obra.
“O conceito de realidade aumentada — a inserção de elementos virtuais no mundo real — ganhou força com a popularização do BIM e dos smartphones. Muitas vezes é confundida com realidade virtual (imersão total por meio de óculos), mas a RA tem a vantagem de trazer o digital para dentro do ambiente físico da obra”, destaca Felipe Toledo Lima, CEO e Founder da Inbuilt S.A.

Crédito: Envato
Vantagens da realidade aumentada nas obras
Segundo Lima, a realidade aumentada possibilita antecipar detalhes críticos antes da obra. “Para análises mais sofisticadas, o uso de hardwares avançados, como iPhones da linha Pro com sensor LiDAR, aumenta a precisão”, explica.
No entanto, de acordo com o CEO da Inbuilt, os maiores ganhos estão na execução e no pós-obra:
• Execução: a RA permite conferência e acompanhamento em tempo real, garantindo que o executado esteja fiel ao projetado. Além disso, nas vistorias de incorporadoras e clientes finais, a tecnologia dá mais transparência e segurança ao processo, reduzindo conflitos.
• Pós-obra: a etapa menos explorada do setor. A RA oferece suporte direto ao manual do proprietário, permitindo que moradores visualizem instalações ocultas (como elétrica e hidráulica) e façam manutenções corretas, prolongando a vida útil da construção.
“A RA aumenta a clareza e o entendimento dos projetos pela equipe de obra, reduzindo erros que normalmente causam atrasos. Com menos retrabalhos, há ganhos diretos em produtividade e cumprimento de prazos. Além disso, ela traz mais confiança nas tomadas de decisão: ao visualizar o projeto em escala real, engenheiros, gestores e clientes têm mais segurança para avançar em cada etapa. Essa combinação de fatores transforma a RA em um aliado estratégico na gestão da obra”, descreve Lima.
Diante desse cenário, CEO da Inbuilt acredita que o principal ganho é a redução de retrabalhos, que impacta diretamente prazos e custos. “Outro ponto fundamental é a didática: com equipes cada vez mais enxutas e profissionais menos experientes em leitura de projetos, a RA simplifica a compreensão das informações técnicas. Além disso, a RA ajuda a demonstrar valor ao cliente. Incorporadoras que investem em BIM e tecnologia podem mostrar, de forma tangível, os benefícios desses investimentos, fortalecendo sua imagem e aumentando a satisfação do comprador”, pontua.

Crédito: Inbuilt S.A.
Integração com o BIM
Qualquer modelo BIM pode ser convertido em realidade aumentada. O desafio está no peso dos arquivos — quanto mais detalhados, mais difícil para celulares processarem, segundo Lima. “Óculos de RA oferecem melhor desempenho, mas ainda são caros e pouco utilizados. Para superar isso, a Inbuilt desenvolveu um sistema próprio que otimiza e desserializa modelos, permitindo que o uso em smartphones seja fluido e acessível”, exemplifica.
Ao mesmo tempo, Lima também vê o BIM como uma barreira para adoção da realidade aumentada. “Hoje, ela é mais comum em arquitetura do que em engenharia. A segunda é a percepção de valor: muitos ainda enxergam a RA como algo secundário, e não como ferramenta estratégica. Por fim, há a baixa divulgação prática: o setor precisa de mais exemplos concretos para reconhecer a RA como solução de primeira ordem”, opina.
Futuro da realidade aumentada no Brasil
Na opinião de Lima, o futuro da realidade aumentada é muito promissor. “O Brasil historicamente demorou a incorporar novas tecnologias devido à abundância de mão de obra barata, mas esse cenário está mudando. A escassez de mão de obra qualificada está acelerando a busca por métodos mais inteligentes e industrializados de construção. Assim como aconteceu em países desenvolvidos, a industrialização da construção será inevitável aqui nos próximos anos. Com isso, o BIM vai se consolidar como padrão, e a realidade aumentada será um complemento natural e indispensável para trazer eficiência, sustentabilidade e competitividade ao setor de concreto e infraestrutura”, conclui.
Entrevistado
Felipe Toledo Lima é CEO e Founder da Inbuilt S.A.
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Mulheres lideram decisões de compra no mercado imobiliário e leva setor a repensar projetos e estratégias de venda
O Anuário DataZAP 2024 mostrou que 52% dos compradores que pesquisaram imóveis online no Brasil eram mulheres. A maioria delas pertence à geração X, entre 41 e 60 anos, com renda familiar média de R$ 7.512,64, casadas, com filhos e animais de estimação.
Para Maria Eugenia Fornea, diretora de Expansão da Ademi-PR e CEO da Weefor, os dados confirmam uma transformação estrutural. “O protagonismo feminino não é tendência, mas realidade consolidada. As mulheres são decisoras altamente preparadas, que pesquisam, analisam cenários e têm confiança em sua própria avaliação”.
A pesquisa indica que a tomada de decisão feminina vai além do imóvel em si. Ao pensar na compra para a família, elas analisam infraestrutura do entorno, acessibilidade, serviços próximos e flexibilidade da planta. “A confiança na própria intuição se soma aos dados técnicos para chegar a uma decisão segura e racional”, explica Maria Eugenia.

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Investimento com olhar estratégico
Quando o foco é investimento, o olhar torna-se ainda mais estratégico: liquidez, potencial de valorização, inovação arquitetônica e sustentabilidade são pontos decisivos. A reputação da incorporadora e a integração do projeto com a cidade também pesam.
O perfil da mulher decisora reflete experiência e múltiplos papéis sociais. Essa vivência, segundo Maria Eugenia, confere às consumidoras uma visão holística e atenta.
“Esse traço da intuição não é algo abstrato, mas deriva da experiência de vida marcada pelo exercício constante de múltiplos papéis. Isso aguça a capacidade de analisar o todo, tornando a mulher uma decisora especialmente atenta a detalhes, sem perder de vista o quadro maior”, assinala.
Esse estilo de decisão exige das incorporadoras mais consistência e transparência, já que o discurso de venda precisa ser sustentado por diferenciais reais. Na prática das construtoras, esse comportamento é visível. Charles Kan, diretor da Construtora CK, destaca que os diferenciais valorizados pelas mulheres já influenciam o desenvolvimento de empreendimentos. “As mulheres são protagonistas no processo de decisão e apresentam alto nível de informação e exigência na hora da compra. Mesmo quando a decisão é compartilhada, são elas que definem os critérios mais relevantes para a escolha do imóvel”, afirma.
Impacto no setor
A ascensão feminina como público decisor de compra também influencia dentro das empresas. Segundo Maria Eugenia, gestoras e consumidoras trazem questionamentos mais completos, conectam pontos muitas vezes despercebidos e exigem do setor melhores práticas.
“A presença feminina muda o padrão de decisão, seja na compra de imóveis, seja dentro das próprias empresas. Essa combinação de planejamento, análise e intuição confiante tem impacto direto na qualidade dos produtos que entregamos e no modo como nos relacionamos com o cliente”, aponta Maria Eugenia.
Kan observa que o público feminino alia emoção e racionalidade na compra. “As mulheres são bastante detalhistas e, além do lado emocional, priorizam acabamento de alto padrão, segurança, funcionalidade dos ambientes, bem-estar e áreas de lazer completas. Também valorizam localização estratégica, confiança na construtora, solidez do investimento e potencial de valorização patrimonial”, complementa.
Novos rumos para o mercado imobiliário
Com mais da metade das buscas e negociações conduzidas por mulheres, construtoras e incorporadoras começam a adaptar projetos, comunicação e atendimento. O desafio é compreender que as consumidoras não se deixam levar apenas por argumentos comerciais. Elas buscam dados sólidos, soluções inovadoras e segurança para suas famílias ou para seus investimentos.
Essa mudança já está no radar de construtoras e incorporadoras. Exemplo disso é o empreendimento Artefacto Towers by CK, primeiro empreendimento imobiliário com assinatura Artefacto no Brasil, que foi planejado para dialogar com o público feminino. “O projeto reúne atributos que conversam diretamente com o perfil de compra das mulheres: apartamentos amplos, interiores assinados e mais de 3 mil m² de lazer, incluindo wellness, pilates, cinema e áreas esportivas. Funcionalidade, design contemporâneo e conforto estão entre os pontos mais valorizados por elas”, ressalta Kan.
O protagonismo feminino, portanto, vai além da representatividade e consolida-se como força estratégica capaz de transformar a forma como o setor constrói, vende e se relaciona com o mercado.
Entrevistados
Maria Eugenia Fornea é economista formada pela UFPR, engenheira civil pela PUCPR, especialista em Planejamento e Desenho de Cidades pela PUCPR e em Cidades Responsivas pelo Responsive Cities Institute. Mestranda em Gestão Urbana pela PUCPR, atua há mais de 15 anos no mercado imobiliário. É fundadora e atual CEO da incorporadora curitibana Weefor e do Instituto WF, e diretora de expansão da ADEMI-PR.
Charles Kan é fundador e diretor da Construtora CK, referência no mercado imobiliário catarinense desde 2010 e atuação em Navegantes, Itajaí e Balneário Camboriú.
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Pesquisadores usam borra de café para substituir areia em concreto
Já pensou em utilizar café no lugar de areia para fazer concreto? A ideia veio de Pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT), que estão apostando nessa ideia para substituir parte da areia empregada para fazer concreto.
Ao Massa Cinzenta, Rajeev Roychand, engenheiro estrutural e de materiais e responsável pela pesquisa, explicou que a técnica consiste na incorporação de resíduos de café pirolisado a 350 °C. “Este material apresenta uma combinação ideal de teor de carbono e estrutura porosa, permitindo que atue como reservatórios microscópicos de água dentro da mistura de concreto”, pontua.
A arquitetura porosa do biochar de café funciona como um sistema integrado de gestão da água, liberando gradualmente a umidade armazenada para manter a cinética de hidratação à medida que a umidade relativa diminui, segundo Roychand.
“Esse mecanismo controlado de liberação de água sustenta a hidratação das partículas de cimento além dos prazos convencionais, resultando em maior densidade microestrutural. As partículas de biochar formam ligações contínuas com a matriz cimentícia à medida que a pasta de cimento penetra em sua estrutura porosa, e essa hidratação aprimorada do cimento, combinada à formação de ligações contínuas, contribui para o aumento da resistência”, pontua Roychand.

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Desafios
De acordo com Roychand, os pesquisadores iniciaram os testes substituindo parte da areia do concreto por borra de café usada, sem nenhum tratamento. O resultado não foi animador: por conter muita matéria orgânica, o resíduo atrapalhou a hidratação do cimento e reduziu drasticamente a resistência do material. As substâncias presentes no café cru acabaram interferindo na química do concreto e comprometendo sua integridade.
Para resolver o problema, os cientistas recorreram à pirólise — processo de aquecimento sem oxigênio —, que elimina os compostos orgânicos indesejados e transforma a borra em biochar, um aditivo compatível com o cimento. Após vários testes, eles descobriram que a temperatura de 350 °C era a ideal: alta o suficiente para neutralizar a interferência orgânica, mas sem destruir a porosidade do material, fundamental para melhorar o desempenho do concreto. Além disso, o processo é mais eficiente em termos energéticos do que tratamentos em temperaturas mais elevadas, o que abre caminho para sua adoção em escala industrial.
Além do café
Roychand indica que a técnica de usar biochar de resíduos orgânicos no concreto pode ir muito além da borra de café. “Testes preliminares mostram que resíduos alimentares, subprodutos agrícolas e até resíduos orgânicos urbanos podem, após tratamento térmico adequado, melhorar significativamente a resistência e a durabilidade do concreto. Embora cada tipo de resíduo exija ajustes específicos de temperatura e processamento, os primeiros resultados sugerem que diversas fontes de biomassa podem gerar biochar com desempenho comparável ou até superior ao da borra de café”, relata o pesquisador.
O grupo de pesquisa planeja publicar os dados completos em breve, abrindo caminho para aplicações mais amplas e sustentáveis na construção civil.
Escalonamento e adoção pelo mercado
Roychand aponta que, atualmente, a geração de resíduos de café na Austrália chega a aproximadamente 75 mil toneladas por ano, com a conversão via pirólise rendendo cerca de 22,5 mil toneladas de biochar produzido a 350 °C. “Nossos cálculos volumétricos demonstram que o aproveitamento integral desse resíduo poderia atender a 100% da demanda de substituição ideal por biochar, indicando uma disponibilidade de recursos favorável para a adoção em larga escala. A tecnologia já avançou além da validação em laboratório, por meio de extensas demonstrações em campo realizadas em parceria com empresas do setor e autoridades de infraestrutura. Esses testes em condições reais confirmaram o desempenho do concreto com biochar de café em aplicações construtivas, demonstrando ganhos consistentes de resistência e durabilidade”, afirma.
Atualmente, o RMIT está em fase final de um acordo exclusivo de comercialização com uma empresa de capital de risco. “Essa parceria estratégica estabelece a base necessária para a transição da pesquisa experimental para a aplicação no mercado, garantindo acesso a redes de produção e sistemas de distribuição já consolidados, indispensáveis para a implementação em larga escala”, comenta.
A expansão do uso do biochar de café no concreto depende da criação de uma cadeia estruturada, que inclui coleta organizada dos resíduos, produção padronizada do material por pirólise e integração às usinas de concreto, segundo Roychand. Os principais desafios estão na logística, no controle de qualidade e na instalação de unidades descentralizadas de produção. “O acordo de comercialização em andamento busca superar esses obstáculos, aproveitando redes industriais já existentes para acelerar a adoção em larga escala”, comenta o pesquisador.
Sustentabilidade
Um estudo comparou a pegada de carbono do biochar de café com a extração convencional de areia para o concreto e concluiu que a nova solução pode trazer ganhos ambientais expressivos. Ao passar pela pirólise a 350 °C, a borra de café não apenas evita a emissão de metano em aterros, como também reduz a necessidade de areia, cuja extração enfrenta limites ambientais cada vez maiores.
Além disso, o concreto com biochar apresentou até 30% mais resistência, permitindo diminuir a quantidade de cimento sem comprometer a performance. Roychand ressalta que, juntos, esses fatores criam uma dupla vantagem: menos resíduos, menor impacto ambiental e materiais de construção mais eficientes.
Entrevistado
Dr. Rajeev Roychand é um cientista de materiais e engenheiro estrutural nascido em Amritsar, na Índia, e atualmente atua como pesquisador na RMIT University, em Melbourne, Austrália. Ele lidera a equipe que desenvolveu o concreto de café, uma inovação que utiliza borra de café reciclada para melhorar a resistência do concreto e reduzir o impacto ambiental da construção civil. Esse trabalho lhe rendeu o prêmio nacional “Problem Solver 2024 – People’s Choice” no Parlamento australiano.
Contato
rajeev.roychand@rmit.edu.au
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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China inicia construção da maior hidrelétrica do mundo
A China deu início à construção daquela que promete ser a maior hidrelétrica do mundo. Em julho, o primeiro-ministro Li Qiang participou da cerimônia que marcou o início das obras da Usina Hidrelétrica de Motuo, empreendimento avaliado em US$ 167 bilhões e projetado para gerar até três vezes mais energia do que a Usina das Três Gargantas, de 22,5 GW.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, descreveu o projeto hidrelétrico como um “projeto do século”. A usina deverá produzir 300 bilhões de quilowatt-hora de eletricidade por ano, volume equivalente a todo o consumo energético do Reino Unido no ano passado.

Crédito: Envato
De acordo com o governo chinês, o complexo será formado por cinco usinas hidrelétricas em cascata, instaladas no trecho inferior do rio Yarlung Zangbo, onde o curso d’água apresenta uma queda de 2.000 metros em apenas 50 quilômetros — um dos pontos de maior potencial hidrelétrico do mundo. O projeto fornecerá eletricidade principalmente para consumo externo, ao mesmo tempo em que atende à demanda local em Xizang.
A previsão é que a barragem entre em operação na década de 2030, possivelmente em um prazo menor do que o necessário para a construção da Usina de Três Gargantas, no rio Yangtzé.
O Governo da China também anunciou a criação de uma nova empresa, a China Yajiang Group, para supervisionar o desenvolvimento do projeto. Ele será financiado principalmente por recursos estatais e terá suas futuras receitas de energia como base para retorno.
Os preços das ações nos setores de construção de infraestrutura e hidrelétricas na China dispararam quando o pregão foi retomado na segunda-feira, após o anúncio. As ações da Power Construction Corporation of China, estatal envolvida no projeto, saltaram 10%, atingindo o limite diário tanto na segunda quanto na terça-feira. Empresas de equipamentos hidrelétricos, como a Dongfang Electric, e fabricantes de cimento, incluindo a Huaxin, também registraram ganhos expressivos.
Polêmicas na construção da hidrelétrica de Motuo
O Projeto Hidrelétrico de Motuo, no Tibete, é alvo de polêmicas por riscos ambientais, sociais e geopolíticos. O derretimento acelerado das geleiras aumenta a frequência de deslizamentos, já responsáveis por inundações e bloqueios no rio Yarlung Tsangpo, ameaçando a segurança da futura barragem. Além disso, o reservatório deve provocar alagamentos e o deslocamento de comunidades tibetanas, agravando tensões políticas e culturais na região — como já ocorreu em outros projetos, a exemplo da Barragem de Gangtuo.
O empreendimento também gera conflitos internacionais, por estar em uma bacia transfronteiriça que abastece Índia e Bangladesh, países que contestam a obra temendo impactos no fornecimento de água. A Índia chegou a cogitar erguer sua própria barragem em resposta.
Embora seja apresentado como alternativa ao carvão e alinhado à transição energética da China, especialistas alertam para a necessidade de equilibrar benefícios climáticos com os riscos de desastres naturais, deslocamentos populacionais e tensões diplomáticas.
Fonte
Governo da China
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Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Simpósio Paranaense de Patologia das Construções reforça integração entre academia e setor produtivo
Pesquisadores, profissionais da indústria e especialistas da construção civil reuniram-se no 5º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, realizado pela Universidade Federal do Paraná entre os dias 20 e 22 de agosto. O objetivo do encontro, que se consolidou como fórum regional de referência, foi aprofundar a compreensão dos mecanismos de degradação do concreto e debater estratégias para aumentar a durabilidade e a segurança das edificações.

Crédito: Divulgação
Segundo o professor Marcelo Medeiros, diretor do Centro de Estudos em Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a relevância do simpósio está na capacidade de traduzir conhecimento acadêmico em práticas aplicáveis ao mercado. “Discutir patologia das construções é militar a favor da durabilidade das edificações, da eficiência das estruturas e da segurança dos usuários. É compreender os mecanismos de degradação de modo a evitar falhas que podem culminar em acidentes”, afirmou.
A grade técnica do evento contemplou palestras que abordaram investigações microestruturais e aplicação de tecnologias avançadas no estudo do concreto. Entre os destaques, diversos temas de interesse, tanto da academia quanto do mercado. Além disso, as discussões também se voltaram a manifestações patológicas resultantes de incêndios em edificações, custos ocultos de falhas estruturais e novas metodologias para inspeção de pontes e sistemas de revestimento.
Etringita tardia: um desafio para a durabilidade
Entre os conteúdos apresentados, ganhou destaque a palestra do engenheiro Guilherme Bessornia, coordenador de Assessoria Técnica da Cimento Itambé, que tratou da relação entre composição do clínquer e formação de etringita tardia (DEF – Delayed Ettringite Formation).

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Na palestra intitulada “Controle do Teor de C3A e sua Influência na Formação de Etringita Tardia”, Bessornia detalhou como o teor de aluminato tricálcico (C3A) influencia a cinética da reação e as condições favoráveis ao surgimento da DEF. “Compreender a interação entre o teor de C3A e a formação da etringita é fundamental para mitigar riscos de expansão e fissuração em estruturas massivas, como barragens, pilares e fundações profundas”, destacou.
O especialista ressaltou ainda que medidas preventivas dependem de critérios rigorosos de especificação. “O controle da composição do cimento e a adoção de parâmetros técnicos internacionalmente reconhecidos permitem reduzir perdas econômicas e aumentar a vida útil das obras”, complementou.
Avanços e continuidade
Segundo Medeiros, a recorrência de falhas em marquises de concreto armado, registradas em diferentes capitais brasileiras nos últimos anos, evidencia a necessidade de uma agenda permanente de atualização técnica no setor. Para os organizadores, o simpósio reafirma o papel da universidade como ponte entre pesquisa aplicada e soluções práticas de engenharia.
Com os resultados positivos da edição de 2025, já está confirmada a realização da próxima edição em agosto de 2026, mantendo a patologia das construções como tema central de debate e avanço científico.

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Entrevistados
Guilherme Bessornia é bacharel em Engenharia Química (UNISO), especialista em Engenharia de Materiais (UMC) e mestrando em Ciência e Tecnologia de Materiais (UNESP), com experiência em pesquisa, desenvolvimento e assessoria técnica em materiais cimentícios e químicos aplicados à construção civil. Atualmente, é Coordenador de Assessoria Técnica na Cimento Itambé.
Marcelo Medeiros é professor da UFPR e diretor do CESEC (Centro de Estudos em Engenharia Civil).
Contatos
guilherme.bessornia@cimentoitambe.com.br
medeiros.ufpr@gmail.com
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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