Qual o perfil do novo profissional da construção civil?

Escolas do SENAI têm recebido profissionais qualificados de outras áreas industriais, que buscam especialização na construção civil Crédito: SENAI
Escolas do SENAI têm recebido profissionais qualificados de outras áreas industriais, que buscam especialização na construção civil
Crédito: SENAI

Com o avanço da engenharia 4.0 qual o perfil do profissional que o setor da construção civil procura? Para o professor Abilio Weber, diretor da Escola SENAI de Construção Civil localizada na cidade de São Paulo-SP, o mercado atualmente está focado em 3 tipos de profissionais: os especializados em construção imobiliária, os que têm conhecimento em obras de infraestrutura e os que buscam atuar no segmento de reformas.

Em entrevista ao canal da Concrete Show no YouTube, Abilio Weber ressalta que os fabricantes de material de construção atualmente têm dado atenção especial ao setor que presta serviço ao cliente final. “Esse segmento é imenso, pois é aquele ligado às reformas. O fabricante de materiais atualmente tem um foco muito grande nesse pessoal. Por quê? Os produtos desses fabricantes seguem normas muito rigorosas e a má aplicação na obra reflete na marca. Então, há uma intensa preocupação em qualificar esses profissionais”, ressalta.

Quanto aos que atuam na construção imobiliária e em obras de infraestrutura, o diretor da Escola SENAI de Construção Civil de São Paulo-SP os qualifica como “operacionais”. São aqueles profissionais treinados, que são contratados para executar uma função específica durante determinada etapa da obra. Eles são conhecidos como operacionais, e são valorizados pela qualidade do serviço e pela produtividade. Geralmente, atuam nas empresas terceirizadas contratadas pelas construtoras e incorporadoras por empreitada”, diz.

Formação de quem quer atuar na construção civil dá salto de qualidade

Abilio Weber afirma que recentemente o SENAI tem percebido um salto de qualidade no perfil dos profissionais que buscam seus cursos voltados para a construção civil. “De 2017 para cá, tem havido uma procura grande de pessoas que atuavam na indústria de transformação, e que perderam seus empregos no chão da fábrica por causa da automatização. Eles migraram para a construção civil e têm um elevado grau de formação. São diferenciados. São profissionais que buscam especialização na área de instalações, seja elétrica, hidráulica, serralheria, vidraçaria etc. Alguns deles possuem, inclusive, formação acadêmica em engenharia e arquitetura e têm o objetivo de aprender a parte operacional para montar pequenas empreiteiras”, comenta.

Na entrevista, o diretor da Escola SENAI de Construção Civil de São Paulo-SP alertou que engenheiros civis e arquitetos devem estar atentos ao BIM (modelagem de informação da construção) e aos movimentos de novas tecnologias na construção civil. “Para o profissional do tático, do planejamento e do operacional é relevante buscar formação que embase conhecimento técnico e tecnológico dos materiais e dos processos construtivos. Por quê? Primeiro, porque essas ferramentas vão diminuir muito as perdas por retrabalho. Segundo, porque a demanda por essas tecnologias vai crescer. Já estamos vendo a impressão 3D em concreto”, destaca.

Assista à entrevista do diretor da Escola Do SENAI ao Concrete Show

Entrevistado
Reportagem com base na entrevista do diretor da Escola SENAI de Construção Civil de São Paulo-SP, Abilio Weber, ao canal da Concrete Show no YouTube

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secretaria111@sp.senai.br

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
 


MIT filma hidratação do cimento e antevê futuro do concreto

Imagem colorida de alta resolução divulgada pelo CSHub mostra a hidratação de alita (branco) formando CSH (azul) e portlandita (vermelho). Outros componentes são belite (verde) e calcita (amarelo) Crédito: CSHub
Imagem colorida de alta resolução divulgada pelo CSHub mostra a hidratação de alita (branco) formando CSH (azul) e portlandita (vermelho). Outros componentes são belite (verde) e calcita (amarelo)
Crédito: CSHub

Pesquisadores do MIT Concrete Sustainability Hub – o braço do Massachusetts Institute of Tecnology que estuda a sustentabilidade do concreto -, conseguiram um avanço que, segundo o líder do estudo, o professor-doutor Franz-Josef Ulm, pode mudar a forma como se faz concreto. Usando a tecnologia conhecida como microespectroscopia Raman, a equipe filmou as reações moleculares que ocorrem durante a fase de hidratação do Cimento Portland, quando o material se junta a outros agregados para dar origem ao concreto 

Até então, o que as pesquisas haviam conseguido eram fotografias em preto e branco de momentos das reações moleculares. A tecnologia aplicada permite não apenas filmar toda a fase de hidratação como obter imagens coloridas. Segundo Franz-Josef Ulm, na prática a pesquisa levará a aditivos mais eficazes, assim como concretos que emitam menor volume de CO₂. “Também poderemos saber com precisão o tempo de cura de um concreto e seu grau de confiabilidade para determinada obra. Enfim, deixamos de pescar no escuro”, diz. 

Franz-Josef Ulm, que é professor de engenharia civil e ambiental e diretor do MIT Concrete Sustainability Hub, define o estudo como um “momento Irmãos Lumière para a ciência do concreto”. Ele se refere aos dois irmãos que inauguraram a era da projeção de filmes no final do século 19. Da mesma forma, diz Ulm, a equipe do MIT conseguiu vislumbrar a hidratação do cimento em estágio inicial, o que também pode ser equiparado ao surgimento do cinema em Technicolor, em comparação com as fotos em preto e branco de pesquisas anteriores. 

Com melhor compreensão da química do cimento, os pesquisadores avaliam os próximos passos. “Poderemos saber com maior precisão em que grau os componentes do material podem ser alterados, a fim de que ele gere concretos com menor impacto nas emissões ou adicionar ingredientes que serão capazes de absorver ativamente o dióxido de carbono“, diz Admir Masic, professor-associado que integra a equipe de pesquisa do MIT Concrete Sustainability Hub. 

Indústria de impressão 3D em concreto pode ser a mais beneficiada 

De acordo com os pesquisadores, tecnologias de última geração usadas na construção civil, como a impressão 3D em concreto, devem ser as mais beneficiadas pelo estudo do MIT. “A impressão 3D em concreto depende da extrusão de camadas de concreto em um processo precisamente medido e coordenado, durante o qual a lama líquida se transforma em concreto sólido. Saber quando o concreto vai endurecer é a questão mais crítica da impressão 3D. Até chegar à composição ideal do material há muitas tentativas e erros. Esse estudo permitirá definir a especificação do concreto que será usado na impressora”, afirma a pós-doutora Hee-Jeong Rachel Kim, que também atua na pesquisa. 

Os cientistas explicam o porquê do entusiasmo com o estudo. “Antes, a hidratação do cimento só podia ser observada como um ponto no tempo. Agora conseguimos observar continuamente o que acontece no período de hidratação. Por exemplo, o silicato de cálcio hidratado (CSH) é o principal ingrediente de ligação do cimento. Porém, ele tem uma natureza amorfa. Com a tecnologia que estamos aplicando, verificar sua estrutura, distribuição e como se desenvolve durante o processo de cura é algo incrível de se observar”, finaliza Hee-Jeong Rachel Kim. 

Entrevistado
Concrete Sustainability Hub, do Massachusetts Institute of Tecnology (via departamento de comunicação) 

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cshub@mit.edu 

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Altair Santos MTB 2330
 


Tóquio 2021: conheça as principais obras das Olimpíadas

Estádio Olímpico: inaugurado em 2019, sua estrutura consumiu 113 mil m³ de concreto armado e custou 1,4 bilhão de dólares Crédito: Wikimedia Commons
Estádio Olímpico: inaugurado em 2019, sua estrutura consumiu 113 mil m³ de concreto armado e custou 1,4 bilhão de dólares
Crédito: Wikimedia Commons

Os jogos olímpicos de Tóquio começam dia 23 de julho. A pandemia de COVID-19 adiou o evento global em um ano. Das 43 instalações esportivas que serão usadas nas competições, a maioria é herança das Olimpíadas de 1964 e foi reformada. Só 8 foram recentemente construídas e entregues em 2019. A principal delas é o estádio olímpico, com capacidade para 68 mil pessoas. Também são novos o centro aquático, a arena para o torneio de voleibol, o ginásio para as competições de ginástica, o local das disputas de levantamento de peso, o espaço para os torneios de badminton e pentatlo moderno, a área para canoagem e remo e o estádio para as disputas de beisebol.  

Não haverá presença de público nas construções que irão sediar o evento esportivo em Tóquio. O motivo está relacionado com o fato de o Japão ainda estar em estado de emergência por causa da pandemia. No entanto, mais de 18 mil pessoas de 206 países, entre atletas, comissões técnicas e equipes de apoio, começam a desembarcar no país até o dia de abertura dos jogos. Por isso, os maiores recursos para a organização das Olimpíadas foram investidos no projeto da vila olímpica. Trata-se de um complexo de 21 edificações, com alturas que variam de 10 a 18 pavimentos. Após o fim do evento, eles irão se transformar em um bairro sustentável na região da Baía de Tóquio 

A construção da vila olímpica consumiu 2 bilhões de dólares. Por ocupar 44 mil m² de uma área nobre da capital japonesa, cada apartamento é vendido pelo equivalente a 1,5 milhão de dólares e boa parte já foi negociada. A prefeitura de Tóquio estima que o bairro sustentável estará 100% incorporado à cena urbana da cidade até 2024. Além da construção das edificações, a vila olímpica envolveu também a infraestrutura urbana, com a abertura de avenidas que ligam o local com outras regiões de Tóquio. A conexão dos atletas com as competições será feita exclusivamente por ônibus que trafegarão em vias exclusivas. 

Antigo lixão flutuante na Baía de Tóquio foi transformado em parque linear  

Centro Aquático é a segunda obra que mais consumiu concreto entre as novas estruturas para os jogos olímpicos: cerca de 50 mil m³ Crédito: Wikimedia Commons
Centro Aquático é a segunda obra que mais consumiu concreto entre as novas estruturas para os jogos olímpicos: cerca de 50 mil m³
Crédito: Wikimedia Commons

Depois da vila olímpica, a obra que mais consumiu recursos foi o estádio olímpico. A execução do projeto custou 1,4 bilhão de dólares. O responsável pela construção foi o consórcio formado pelo escritório de arquitetura Kengo Kuma, a empreiteira Taisei Corporation e a empresa de projetos estruturais Azusa Sekkei Corporation. O estádio também foi o que mais consumiu concreto armado entre as obras para os jogos olímpicos. Foram 113 mil m³. A segunda construção em volume de concreto foi o centro aquático, com 50,3 mil m³. 

Outra obra que chama a atenção, entre as que compõem os equipamentos olímpicos, é a Sea Forest Waterway. No local serão disputadas as provas de remo e canoagem. A área era um lixão flutuante na Baía de Tóquio, que foi transformada em um parque linear de 2 km². A estrutura é composta por duas ilhas artificiais separadas pelas raias de competição. Aproximadamente 40% da energia consumida no local é gerada por usinas eólicas e placas fotovoltaicas. A Sea Forest Waterway se liga com a área urbana da cidade pela Tokyo Gate Bridge. A construção foi concluída em junho de 2019 

Entrevistado
Comitê Organizador Tóquio 2020/2021 (via departamento de comunicação)   

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pressoffice@tokyo2020.jp 

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
 


Tóquio 2021: conheça as principais obras das Olimpíadas

Estádio Olímpico: inaugurado em 2019, sua estrutura consumiu 113 mil m³ de concreto armado e custou 1,4 bilhão de dólares Crédito: Wikimedia Commons
Estádio Olímpico: inaugurado em 2019, sua estrutura consumiu 113 mil m³ de concreto armado e custou 1,4 bilhão de dólares
Crédito: Wikimedia Commons

Os jogos olímpicos de Tóquio começam dia 23 de julho. A pandemia de COVID-19 adiou o evento global em um ano. Das 43 instalações esportivas que serão usadas nas competições, a maioria é herança das Olimpíadas de 1964 e foi reformada. Só 8 foram recentemente construídas e entregues em 2019. A principal delas é o estádio olímpico, com capacidade para 68 mil pessoas. Também são novos o centro aquático, a arena para o torneio de voleibol, o ginásio para as competições de ginástica, o local das disputas de levantamento de peso, o espaço para os torneios de badminton e pentatlo moderno, a área para canoagem e remo e o estádio para as disputas de beisebol.  

Não haverá presença de público nas construções que irão sediar o evento esportivo em Tóquio. O motivo está relacionado com o fato de o Japão ainda estar em estado de emergência por causa da pandemia. No entanto, mais de 18 mil pessoas de 206 países, entre atletas, comissões técnicas e equipes de apoio, começam a desembarcar no país até o dia de abertura dos jogos. Por isso, os maiores recursos para a organização das Olimpíadas foram investidos no projeto da vila olímpica. Trata-se de um complexo de 21 edificações, com alturas que variam de 10 a 18 pavimentos. Após o fim do evento, eles irão se transformar em um bairro sustentável na região da Baía de Tóquio 

A construção da vila olímpica consumiu 2 bilhões de dólares. Por ocupar 44 mil m² de uma área nobre da capital japonesa, cada apartamento é vendido pelo equivalente a 1,5 milhão de dólares e boa parte já foi negociada. A prefeitura de Tóquio estima que o bairro sustentável estará 100% incorporado à cena urbana da cidade até 2024. Além da construção das edificações, a vila olímpica envolveu também a infraestrutura urbana, com a abertura de avenidas que ligam o local com outras regiões de Tóquio. A conexão dos atletas com as competições será feita exclusivamente por ônibus que trafegarão em vias exclusivas. 

Antigo lixão flutuante na Baía de Tóquio foi transformado em parque linear  

Centro Aquático é a segunda obra que mais consumiu concreto entre as novas estruturas para os jogos olímpicos: cerca de 50 mil m³ Crédito: Wikimedia Commons
Centro Aquático é a segunda obra que mais consumiu concreto entre as novas estruturas para os jogos olímpicos: cerca de 50 mil m³
Crédito: Wikimedia Commons

Depois da vila olímpica, a obra que mais consumiu recursos foi o estádio olímpico. A execução do projeto custou 1,4 bilhão de dólares. O responsável pela construção foi o consórcio formado pelo escritório de arquitetura Kengo Kuma, a empreiteira Taisei Corporation e a empresa de projetos estruturais Azusa Sekkei Corporation. O estádio também foi o que mais consumiu concreto armado entre as obras para os jogos olímpicos. Foram 113 mil m³. A segunda construção em volume de concreto foi o centro aquático, com 50,3 mil m³. 

Outra obra que chama a atenção, entre as que compõem os equipamentos olímpicos, é a Sea Forest Waterway. No local serão disputadas as provas de remo e canoagem. A área era um lixão flutuante na Baía de Tóquio, que foi transformada em um parque linear de 2 km². A estrutura é composta por duas ilhas artificiais separadas pelas raias de competição. Aproximadamente 40% da energia consumida no local é gerada por usinas eólicas e placas fotovoltaicas. A Sea Forest Waterway se liga com a área urbana da cidade pela Tokyo Gate Bridge. A construção foi concluída em junho de 2019 

Entrevistado
Comitê Organizador Tóquio 2020/2021 (via departamento de comunicação)   

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Norma de Desempenho: onde ela acertou e onde precisa evoluir

Processo de revisão da Norma de Desempenho ocorre desde 2018 e a expectativa é que a ABNT publique o novo texto até 2022 Crédito: Wikimedia Commons
Processo de revisão da Norma de Desempenho ocorre desde 2018 e a expectativa é que a ABNT publique o novo texto até 2022
Crédito: Wikimedia Commons

Desde 2018, a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) encontra-se em processo de revisão. Existe a expectativa de que a atualização completa seja publicada em 2022. Recentemente, ocorreu a revisão da parte que trata de desempenho acústico, e que está em consulta pública. Na opinião do pesquisador-sênior do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), o doutor em engenharia civil Claudio Mitidieri, o processo de revisão traz avanços consideráveis. “Novos requisitos melhoraram a qualidade acústica dos blocos de concreto e cerâmicos, assim como das paredes de concreto e paredes de drywall. Com isso, foram alcançados melhores parâmetros de isolamento acústico para paredes de alvenaria, que saíram dos 38 dB (decibéis) para até 50 dB”, afirma.   

Mitidieri tratou da revisão da ABNT NBR 15575 em palestra virtual no AECweb Conference. Em sua análise, ele destaca os pontos em que a Norma de Desempenho está bem avaliada e onde ela precisa evoluir. O pesquisador-sênior do IPT cita que a parte revisada de desempenho acústico conseguiu, por exemplo, equalizar os problemas recorrentes que envolviam projetos de apartamentos tipo estúdio. Essas unidades, que aliam convivência, trabalho e repouso em um único espaço, tinham uma acústica mais adequada com escritórios do que com residências. “A resolução agora é que os estúdios tenham acústica adequada com dormitórios e não com escritórios”, explica. 

No IPT, Mitidieri atua no Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos. Por isso, ele acompanha o grupo de trabalho que promove a revisão da ABNT NBR 15575. Segundo o doutor em engenharia civil, a parte de acústica da norma ainda deve avançar nos pontos que tratam de impacto de pisos e ruídos entre ambientes dentro da mesma unidade habitacional. Além disso, entende Claudio Mitidierique é necessário evoluir na qualidade das paredes que separam as áreas comuns dos prédios residenciais e as paredes entre unidades geminadas – neste caso, a análise vale também para as casas térreas. 

Na parte sobre segurança ao fogo, outras normas vão influenciar a ABNT NBR 15575 

Quanto à parte da ABNT NBR 15575 que trata da segurança ao fogo, Mitidieri lembra que ela ainda não entrou em análise pela comissão revisora, mas afirma que, quando isso ocorrer, deverá ser observado um conjunto de normas específicas sobre o tema. São elas:

– ABNT NBR 16626 (Classificação da reação ao fogo de produtos de construção)
– ABNT NBR 16841 (Comportamento ao fogo de telhados e revestimentos de cobertura submetidos a uma fonte de ignição externa)
– ABNT NBR 16951 (Reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos de fachadas – Método de ensaio, classificação e aplicação dos resultados de propagação do fogo nas superfícies das fachadas)
– ABNT NBR 16945 (Classificação da resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações)
– ABNT NBR 14925 (Elementos construtivos envidraçados resistentes ao fogo para compartimentação)
– ABNT NBR 16755 (Requisitos de segurança para construção e instalação de elevadores -Inspeções e ensaios – Determinação da resistência ao fogo de portas de pavimento de elevadores). 

Com relação às partes da Norma de Desempenho que tratam de durabilidade e desempenho térmico, Mitidieri fez a seguinte observação. “O capítulo que aborda durabilidade ainda não entrou em processo de revisão, mas já houve avanços nos métodos de ensaio. Já o capítulo da norma que abrange desempenho térmico teve emendas publicadas em março de 2021, porém novas adequações ainda dependem do SiNAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) para que os requisitos cheguem aos sistemas construtivos”, finaliza. 

Assista à palestra do pesquisador-sênior do PIT, Claudio Mitidieri (entre 2h04min até 2h30min)

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Norma de Desempenho: onde avançamos e onde patinamos”, ocorrida no AECweb Conference 

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contato@email.aecweb.com.br 

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Norma de Desempenho: onde ela acertou e onde precisa evoluir

Processo de revisão da Norma de Desempenho ocorre desde 2018 e a expectativa é que a ABNT publique o novo texto até 2022 Crédito: Wikimedia Commons
Processo de revisão da Norma de Desempenho ocorre desde 2018 e a expectativa é que a ABNT publique o novo texto até 2022
Crédito: Wikimedia Commons

Desde 2018, a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) encontra-se em processo de revisão. Existe a expectativa de que a atualização completa seja publicada em 2022. Recentemente, ocorreu a revisão da parte que trata de desempenho acústico, e que está em consulta pública. Na opinião do pesquisador-sênior do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), o doutor em engenharia civil Claudio Mitidieri, o processo de revisão traz avanços consideráveis. “Novos requisitos melhoraram a qualidade acústica dos blocos de concreto e cerâmicos, assim como das paredes de concreto e paredes de drywall. Com isso, foram alcançados melhores parâmetros de isolamento acústico para paredes de alvenaria, que saíram dos 38 dB (decibéis) para até 50 dB”, afirma.   

Mitidieri tratou da revisão da ABNT NBR 15575 em palestra virtual no AECweb Conference. Em sua análise, ele destaca os pontos em que a Norma de Desempenho está bem avaliada e onde ela precisa evoluir. O pesquisador-sênior do IPT cita que a parte revisada de desempenho acústico conseguiu, por exemplo, equalizar os problemas recorrentes que envolviam projetos de apartamentos tipo estúdio. Essas unidades, que aliam convivência, trabalho e repouso em um único espaço, tinham uma acústica mais adequada com escritórios do que com residências. “A resolução agora é que os estúdios tenham acústica adequada com dormitórios e não com escritórios”, explica. 

No IPT, Mitidieri atua no Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos. Por isso, ele acompanha o grupo de trabalho que promove a revisão da ABNT NBR 15575. Segundo o doutor em engenharia civil, a parte de acústica da norma ainda deve avançar nos pontos que tratam de impacto de pisos e ruídos entre ambientes dentro da mesma unidade habitacional. Além disso, entende Claudio Mitidierique é necessário evoluir na qualidade das paredes que separam as áreas comuns dos prédios residenciais e as paredes entre unidades geminadas – neste caso, a análise vale também para as casas térreas. 

Na parte sobre segurança ao fogo, outras normas vão influenciar a ABNT NBR 15575 

Quanto à parte da ABNT NBR 15575 que trata da segurança ao fogo, Mitidieri lembra que ela ainda não entrou em análise pela comissão revisora, mas afirma que, quando isso ocorrer, deverá ser observado um conjunto de normas específicas sobre o tema. São elas:

– ABNT NBR 16626 (Classificação da reação ao fogo de produtos de construção)
– ABNT NBR 16841 (Comportamento ao fogo de telhados e revestimentos de cobertura submetidos a uma fonte de ignição externa)
– ABNT NBR 16951 (Reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos de fachadas – Método de ensaio, classificação e aplicação dos resultados de propagação do fogo nas superfícies das fachadas)
– ABNT NBR 16945 (Classificação da resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações)
– ABNT NBR 14925 (Elementos construtivos envidraçados resistentes ao fogo para compartimentação)
– ABNT NBR 16755 (Requisitos de segurança para construção e instalação de elevadores -Inspeções e ensaios – Determinação da resistência ao fogo de portas de pavimento de elevadores). 

Com relação às partes da Norma de Desempenho que tratam de durabilidade e desempenho térmico, Mitidieri fez a seguinte observação. “O capítulo que aborda durabilidade ainda não entrou em processo de revisão, mas já houve avanços nos métodos de ensaio. Já o capítulo da norma que abrange desempenho térmico teve emendas publicadas em março de 2021, porém novas adequações ainda dependem do SiNAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) para que os requisitos cheguem aos sistemas construtivos”, finaliza. 

Assista à palestra do pesquisador-sênior do PIT, Claudio Mitidieri (entre 2h04min até 2h30min)

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Norma de Desempenho: onde avançamos e onde patinamos”, ocorrida no AECweb Conference 

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Universidade obtém patente para agregado leve de concreto

Corpos de prova de concreto leve com areia desenvolvida na Feevale, a partir de resíduos de couro Crédito: Feevale
Corpos de prova de concreto leve com areia desenvolvida na Feevale, a partir de resíduos de couro
Crédito: Feevale

Em abril de 2021, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu patente para o invento desenvolvido na Universidade Feevale, localizada em Novo Hamburgo-RS. Trata-se de areia leve especial à base de farelo de resíduos do couro wet-blue – rejeito dos curtumes que produzem matéria-prima para a indústria calçadista. O percentual de 25% da areia leve, junto a 75% de areia de rio, produz um agregado, que, segundo os pesquisadores da Feevale, pode substituir o EPS e a vermiculita 

“O invento é um agregado leve alternativo para argamassas à base de Cimento Portland e para a produção de componentes não-estruturais para a construção civil, como blocos de concreto para alvenaria de vedação, divisórias leves e forros”, explica a equipe formada por Patrice Monteiro de Aquim, Vanessa Scheffler Silveira, Alexandre Silva de Vargas e Luiz Carlos Robinson. 

A pesquisa aconteceu no âmbito do programa de pós-graduação em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais da Feevale. A região onde a universidade gaúcha está localizada, no Vale do Rio do Sinos, é conhecida nacionalmente como um polo da indústria calçadista. Por isso, o rejeito de wet-blue causa forte impacto ambiental devido ao grande volume que vai para descarte nos aterros industriais. 

Trata-se de resíduo sólido perigoso, como classifica a ABNT, através da norma técnica ABNT NBR 10004 (Resíduos Sólidos – Classificação). Por isso, antes de ser convertido em areia leve, o rejeito é submetido a um processo de hidrólise para a retirada do óxido de Cromo – substância usada para curtir o couro. 

Universidades públicas lideram pedidos de patentes no Brasil 

Brasil é um dos principais beneficiadores de couro do mundo. Há mais de 300 curtumes no país. A maior parte da produção é exportada para aproximadamente 80 países, gerando receita anual de 3 bilhões de dólares. Para cada tonelada de couro tratado, quase 40% vira resíduo. São 375 quilos que podem ser transformados em farelo e, consequentemente, servir de agregado leve para a construção civil. 

pesquisa que resultou em areia leve especial à base de farelo de resíduos do couro wet-blue foi a primeira patente obtida pela Feevale. De acordo com o INPI, no Brasil as universidades são as que mais fazem pedidos de depósitos de patentes junto ao instituto. Dos 25 que lideram o ranking, 19 são universidades públicas. Destaque para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que lidera a lista, com 358 solicitações no período 2014-2019, seguida da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 357, e Universidade de São Paulo (USP), com 325 

Na relação das 10 primeiras, ainda aparecem a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com 321 pedidos de patente; a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); com 258; a Universidade Federal do Paraná (UFPR), com 240; a Unesp (Universidade Estadual Paulista), com 227, e a Universidade Federal do Ceará (UFC), com 217. Apenas duas empresas estão no top 10: a Petrobras, na 5ª colocação, com 263 solicitações de patente, e a Whiripool, em 7º, com 246.  

Entrevistado
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da Feevale (via assessorias de imprensa)

Contatos
imprensa@inpi.gov.br
nitt@feevale.br
imprensa@feevale.br 

Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330


Universidade obtém patente para agregado leve de concreto

Corpos de prova de concreto leve com areia desenvolvida na Feevale, a partir de resíduos de couro Crédito: Feevale
Corpos de prova de concreto leve com areia desenvolvida na Feevale, a partir de resíduos de couro
Crédito: Feevale

Em abril de 2021, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu patente para o invento desenvolvido na Universidade Feevale, localizada em Novo Hamburgo-RS. Trata-se de areia leve especial à base de farelo de resíduos do couro wet-blue – rejeito dos curtumes que produzem matéria-prima para a indústria calçadista. O percentual de 25% da areia leve, junto a 75% de areia de rio, produz um agregado, que, segundo os pesquisadores da Feevale, pode substituir o EPS e a vermiculita 

“O invento é um agregado leve alternativo para argamassas à base de Cimento Portland e para a produção de componentes não-estruturais para a construção civil, como blocos de concreto para alvenaria de vedação, divisórias leves e forros”, explica a equipe formada por Patrice Monteiro de Aquim, Vanessa Scheffler Silveira, Alexandre Silva de Vargas e Luiz Carlos Robinson. 

A pesquisa aconteceu no âmbito do programa de pós-graduação em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais da Feevale. A região onde a universidade gaúcha está localizada, no Vale do Rio do Sinos, é conhecida nacionalmente como um polo da indústria calçadista. Por isso, o rejeito de wet-blue causa forte impacto ambiental devido ao grande volume que vai para descarte nos aterros industriais. 

Trata-se de resíduo sólido perigoso, como classifica a ABNT, através da norma técnica ABNT NBR 10004 (Resíduos Sólidos – Classificação). Por isso, antes de ser convertido em areia leve, o rejeito é submetido a um processo de hidrólise para a retirada do óxido de Cromo – substância usada para curtir o couro. 

Universidades públicas lideram pedidos de patentes no Brasil 

Brasil é um dos principais beneficiadores de couro do mundo. Há mais de 300 curtumes no país. A maior parte da produção é exportada para aproximadamente 80 países, gerando receita anual de 3 bilhões de dólares. Para cada tonelada de couro tratado, quase 40% vira resíduo. São 375 quilos que podem ser transformados em farelo e, consequentemente, servir de agregado leve para a construção civil. 

pesquisa que resultou em areia leve especial à base de farelo de resíduos do couro wet-blue foi a primeira patente obtida pela Feevale. De acordo com o INPI, no Brasil as universidades são as que mais fazem pedidos de depósitos de patentes junto ao instituto. Dos 25 que lideram o ranking, 19 são universidades públicas. Destaque para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que lidera a lista, com 358 solicitações no período 2014-2019, seguida da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 357, e Universidade de São Paulo (USP), com 325 

Na relação das 10 primeiras, ainda aparecem a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com 321 pedidos de patente; a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); com 258; a Universidade Federal do Paraná (UFPR), com 240; a Unesp (Universidade Estadual Paulista), com 227, e a Universidade Federal do Ceará (UFC), com 217. Apenas duas empresas estão no top 10: a Petrobras, na 5ª colocação, com 263 solicitações de patente, e a Whiripool, em 7º, com 246.  

Entrevistado
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da Feevale (via assessorias de imprensa)

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Construção civil começa 2º semestre com bons indicadores de confiança

Construção civil já criou mais de 150 mil vagas de emprego em 2021 e empresários do setor demonstram confiança no 2º semestre Crédito: Dênio Simões/Agência Brasília
Construção civil já criou mais de 150 mil vagas de emprego em 2021 e empresários do setor demonstram confiança no 2º semestre
Crédito: Dênio Simões/Agência Brasília

Os indicadores de confiança que envolvem os setores de varejo e produção da construção civil começam o 2º semestre de 2021 em viés de alta. O Índice de Confiança do Comércio atingiu 95,9 pontos e o Índice de Confiança da Indústria chegou aos 107,6 pontos – ambos são medidos pela Fundação Getúlio Vargas 

Já o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção alcançou 58,9 pontos. Acima de 50 pontos, o indicador da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sinaliza otimismo, o que é confirmado pelo Índice de Confiança da Construção, medido pela FGV IBRE, e que chegou a 92,4 no final do 1º semestre 

“Essa consolidação de uma confiança mais alta, disseminada por toda a indústria (incluindo a da construção), é importante, pois aponta para um segundo semestre positivo. Empresários confiantes tendem a produzir, contratar e investir mais”, explica o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo. 

O que também reforça a tendência de viés de alta para o 2º semestre é a confiança do consumidor, que voltou ao patamar dos 80 pontos. A mesma medição da FGV IBRE detectou que a expectativa do consumidor também se recuperou e atingiu 88,3 pontos. Isso sinaliza o quanto está o ímpeto das pessoas de irem às compras. 

Todo esse cenário se confirma na projeção do Termômetro Abramat para o mês de julho, que aponta que 71% da indústria de materiais de construção confiam na melhora econômica no 2º semestre. Para o presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Rodrigo Navarro, o setor se mostra otimista, mas com os pés no chão. 

“Ainda que haja sinais de aquecimento do mercado, fatores como aumento da tarifa de energia, variação cambial, flutuação internacional do preço das commodities e alta nos fretes deixam o setor atento. Continuaremos trabalhando em conjunto com toda a cadeia da construção civil para apoiar a implementação de reformas estruturantes que ajudem a diminuir o Custo Brasil”, diz. 

Em 2021, dados oficiais mostram que setor já criou 156.693 postos de trabalho  

Outro dado que faz a construção civil entrar confiante no 2º semestre é o que se refere à geração de empregos formais. Neste ano, de acordo com dados mais recentes do Caged (Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) o setor criou 156.693 postos de trabalho. Atualmente, a construção emprega 2.430.363 pessoas 

Segundo a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) Ieda Vasconcelos, o setor segue criando novas vagas formais em seu mercado de trabalho e permanece em recuperação de seu processo produtivo, mas poderia ter um ritmo mais intenso. “A recuperação poderia ser maior se não houvesse a pressão exercida pelo aumento dos preços dos insumos”, destaca. 

Mesmo com um ou outro obstáculo, o setor inicia o 2º semestre mantendo a projeção de que o PIB da construção crescerá 4% em 2021. É o que confirma a economista Ana Maria Castelo, coordenadora das pesquisas sobre construção civil do FGV IBRE. “Estão mantidas as projeções do PIB da construção, de crescimento de 4%, o que seria o melhor resultado desde 2013, mas é preciso observar os custos que estão impactando as obras. De qualquer forma, se mantém a posição de otimismo”, finaliza.  

Veja webinar promovido pela FGV IBRE sobre o panorama atual da construção civil

Entrevistados
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) e ministério da Economia (via assessorias de imprensa) 

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Edifício que colapsou em Miami “colecionava” patologias do concreto

Prédio com 12 pavimentos e 136 unidades residenciais nunca recebeu manutenção ao longo de seus 40 anos e tinha uma série de problemas nas estruturas de concreto, o que causou o desabamento parcial Crédito: National Institute of Standards and Technology/NIST
Prédio com 12 pavimentos e 136 unidades residenciais nunca recebeu manutenção ao longo de seus 40 anos e tinha uma série de problemas nas estruturas de concreto, o que causou o desabamento parcial
Crédito: National Institute of Standards and Technology/NIST

A torre do condomínio Champlain Towers South, que teve parte de sua estrutura colapsada dia 24 de junho de 2021, tinha uma coleção de patologias do concreto. Quem revela é a empresa de engenharia estrutural que, em 2018, havia sido contratada para inspecionar a edificação e fornecer um diagnóstico sobre os problemas detectados no prédio. “Concluímos nossa inspeção e fornecemos nosso relatório à associação do condomínio em 8 de outubro de 2018, detalhando nossas conclusões e recomendações. Na ocasião, também fornecemos uma estimativa dos custos prováveis ​​para fazer a extensa recuperação necessária. Entre outras coisas, nosso relatório detalhou rachaduras e rupturas significativas no concreto, que exigiriam reparos para garantir a segurança dos moradores e do público”, diz nota divulgada pela Morabitos Consultants.

No documento divulgado pela empresa de engenharia estrutural (clique no final da reportagem para ver) há o detalhamento das patologias encontradas durante a inspeção. O que se detectou é que o edifício, construído em 1981, nunca havia passado por manutenção. Segundo relato da engenharia, existiam danos estruturais na laje que sustentava a piscina. As infiltrações também comprometeram a laje da garagem subterrânea. Todas as patologias do concreto foram encontradas nas estruturas avaliadas. De corrosões de armadura a carbonatação, de fissuras a lixiviação, além de desplacamentos. Por isso, a recomendação deixada no relatório aos responsáveis pelo condomínio é bem clara: “Se reparos não forem feitos em tempo hábil, a deterioração do concreto se expandirá exponencialmente.” 

Laudos conclusivos sobre o desabamento devem sair no prazo de 6 meses 

As obras de recuperação do edifício com vida útil de 40 anos, e que fica de frente para o mar na localidade de Surfside – região metropolitana de Miami, na Flórida-EUA – até foram iniciadas. Porém, priorizaram os reparos no telhado. A recuperação estrutural viria na sequência, mas não houve tempo. O resultado foi o colapso da área que abrigava quartos e banheiros do edifício. O prédio com 12 pavimentos e 136 unidades residenciais pode resultar na maior tragédia dos Estados Unidos depois do 11 de setembro de 2001, desde que os desaparecidos sob os escombros tenham suas mortes confirmadas. As buscas foram encerradas dia 3 de julho e os números oficiais contabilizam 24 mortes e 124 pessoas desaparecidas. A parte da edificação que ainda estava em pé foi implodida na noite de 4 de julho. 

Um grupo de engenheiros especializados em colapsos de estruturas está investigando a causa principal do desabamento. “É possível que a falha tenha começado em um ponto mais alto do prédio no interior e se espalhado para baixo”, diz Jack Moehle, professor de engenharia estrutural da Universidade de Berkeley, na Califórnia. “Provavelmente, houve um desequilíbrio de carga devido à perda de suporte de parte do prédio, o que arrastou o restante. Deduz-se isso porque os pisos estão um pouco deslocados uns dos outros, o que é característica desse efeito”, acrescenta Glenn Bell, engenheiro forense estrutural e diretor do Collaborative Reporting for Safer Structures (CROSS-US) – divisão do Instituto de Engenharia Estrutural da Sociedade Americana de Engenheiros Civis.  

Estima-se que os laudos conclusivos sobre o desabamento do edifício na Flórida sejam divulgados no prazo de 6 meses. 

Veja o relatório elaborado pela Morabitos Consultants

Entrevistado
Empresa de engenharia estrutural Morabitos Consultants, departamento de engenharia estrutural da engenharia estrutural da Universidade de Berkeley e Instituto de Engenharia Estrutural da Sociedade Americana de Engenheiros Civis [American Society of Civil Engineers] (via assessorias de imprensa) 

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