Engenharia de materiais ganha espaço na cadeia produtiva da construção civil
Profissional atua na pesquisa de matérias primas, que resultem no desenvolvimento de produtos com maior valor agregado, tecnologia e sustentabilidade
Por: Altair Santos
Pesquisas para o desenvolvimento de cimentos especiais, estudos de viabilidade técnica para a aplicação de aditivos em concreto e testes de materiais para revestimentos cerâmicos são algumas das possibilidades dentro da cadeia produtiva da construção civil que têm sido abertas aos profissionais da engenharia de materiais. O especialista na área tem sido cada vez mais requisitado pelo setor. A ponto de atualmente a situação de quem deixa os cursos de graduação é de quase pleno emprego.

A busca de produtos que causem menor impacto ambiental também se reflete no mercado de trabalho do engenheiro de materiais. “Hoje a engenharia de materiais é interligada com práticas sustentáveis e voltadas a soluções para o meio ambiente. No nosso curso, a grade curricular foi alterada para acrescentar disciplinas que ensinem os alunos a pensar em produtos menos agressivos ao ambiente”, explica Adílson Luiz Chinelatto, coordenador do curso de engenharia de materiais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
A universidade no interior do Paraná tem seu curso de graduação de engenharia de materiais, assim como o de pós-graduação, entre os reconhecidos e recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Fundado nos anos 1990, trata-se do terceiro mais antigo do país em funcionamento, perdendo apenas para o da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), fundado nos anos 1970, e da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), fundado nos anos 1980.
A engenharia de materiais atua em três grandes áreas: pesquisa, desenvolvimento e formação. Até a metade da década passada, boa parte dos cursos de graduação (a Capes recomenda 27 deles) se concentrava em formar profissionais especialistas em transformar materiais cerâmicos, metálicos e poliméricos (plásticos). Com o crescimento de oportunidades na área da construção civil, as universidades estão revendo seus conceitos. “Há uma demanda forte no setor para a descoberta de componentes para os materiais já existentes”, explica Adílson Luiz Chinelatto.
A maioria dos cursos de engenharia de materiais existentes hoje no Brasil nasceu como apêndice dos cursos de engenharia civil das universidades. Na UEPG não foi diferente. “Quando o curso foi criado havia um debate forte no Paraná de que a indústria de transformação de matérias primas era estratégica para o estado. Em função disso, os professores do departamento de engenharia civil da universidade decidiram implantar o curso de engenharia de materiais e, com isso, contaram com a ajuda de professores que já haviam implantado no curso na UFSCar”, revela o coordenador.
Na Europa e nos Estados Unidos, os engenheiros de materiais estão muito ligados às inovações. Equipamentos como trens magnéticos (Maglev - Magnetic levitation transport) e monitores de LCD estão entre produtos que só foram possíveis ser desenvolvidos graças à participação destes profissionais em seus projetos. “O que permite isso é que o curso tem uma forte formação científica voltada para a pesquisa de novas tecnologias”, avalia o professor da UEPG.
Tanto na universidade paranaense quanto nas outras 26 indicadas pela Capes, o curso tem duração de cinco anos. Nos quatro primeiros semestres, as disciplinas são as que compõem a formação básica de todas as engenharias. A especialização começa a partir do terceiro ano e pode ser empregada nas seguintes áreas:
Mineralogia
Tratamento de Minérios
Termodinâmica dos Sólidos
Resistência de Materiais
Cálculo
Física
Química
Ciência dos Materiais Cerâmicos
Siderurgia

Entrevistado
Adilson Luis Chinelatto, coordenador do curso de Engenharia de Materiais da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Currículo
- Possui graduação em Física (bacharelado) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1989) e em Física (licenciatura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1989)
- Tem mestrado em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1992) e doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (2002)
- Atualmente é professor adjunto e coordenador do curso de Engenharia de Materiais na Universidade Estadual de Ponta Grossa.
- Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Cerâmicos, atuando principalmente nos seguintes temas: microestrutura, propriedades mecânicas, zircônia, terras raras e porcelanas triaxiais.
- É bolsista de produtividade da Fundação Araucária
Contato: adilson@uepg.br / ascom@uepg.br
Créditos Fotos: Divulgação/UEPG
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Mau uso do tempo traz prejuízo às empresas e aos funcionários
Especialista em gestão de tempo, Christian Barbosa ensina que o ideal é viver intensamente o trabalho, em vez de se “matar de trabalhar”
Por: Altair Santos
A expressão “estou me matando de trabalhar” já virou bordão no mundo corporativo. Ela sintetiza um problema que tem reduzido a produtividade das empresas e, ao mesmo tempo, afetado a qualidade de vida dos funcionários. Trata-se da má gestão de tempo, como ensina Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade. “Hoje, a gestão de tempo é essencial para as empresas que querem ter bons resultados e querem ter funcionários comprometidos. Só que as pessoas precisam aprender a viver intensamente o trabalho, em vez de se matar de trabalhar”, diz.

O que Christian Barbosa quer dizer é que durante a jornada de trabalho muitas horas são desperdiçadas sem gerar resultados. Isso ocasiona perda de energia, tanto do funcionário quanto da empresa. “As pessoas vão ter de trabalhar mais, para compensar as horas desperdiçadas, vão perder qualidade de vida, e a empresa vai perder dinheiro”, resume o especialista, afirmando que corporações e colaboradores precisam desenvolver métodos conjuntos de gestão de tempo. “É preciso saber planejar e priorizar as urgências”, completa.
Na avaliação de Christian Barbosa, dois componentes hoje tomam muito tempo dos funcionários e, consequentemente, das empresas. São as reuniões e os e-mails. “É preciso fazer uma dieta de reuniões. Elas não devem acontecer por qualquer motivo. Quanto aos e-mails, eles consomem muito tempo e acabam impedindo a produtividade. Empresas que ensinaram seus colaboradores a eliminar as reuniões sem objetivo e a controlar melhor os e-mails fizeram bem aos próprios funcionários. As pessoas descobriram que têm tempo, mas que estavam fazendo uso errado dele”, afirma.
Outro aspecto que também resulta em desperdício de tempo são as multitarefas. “Uma pessoa que é multitarefada chega a perder de 10% a 30% a mais do seu tempo”, cita Christian Barbosa, que criou um software para substituir a antiga agenda. “Os colaboradores vão lá e colocam suas reuniões, seus projetos, e o software tem uma inteligência artificial para dizer o que dá para fazer e o que não dá para fazer, com base no próprio dia a dia das pessoas. Ele faz tanto o gerenciamento pessoal quanto o de equipes”, explica.
Consultor de empresas da construção civil, Barbosa avalia que o fato de algumas delas não estarem conseguindo cumprir os cronogramas de obras - principalmente as envolvidas com construções habitacionais - não está relacionado à gestão do tempo, mas à falta de mão de obra. “O problema é que está faltando gente para dar conta de tantas obras. Não envolve tanto gestão de tempo”, avalia, alertando, porém, que as corporações precisam tomar cuidado ao adotar métodos de gestão de tempo para não criar uma organização padrão para todos. “As pessoas funcionam diferente umas das outras e é preciso respeitar isso”, conclui.
- Impactos positivos da gestão do tempo
- Diminui o volume de horas extras
- Gera comprometimento
- Reduz custos com treinamento
- Aumenta a produtividade
- Impactos negativos do mau uso do tempo
- Queda na qualidade de vida dos profissionais
- Estresse
- Problemas de imagem com o cliente
- Retrabalho
Saiba mais
Pesquisa publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, na edição de 30 de agosto de 2011, mostrou que 33% dos profissionais brasileiros admitem gastar duas horas da jornada diária de trabalho sem fazer nada de efetivo e 52% admitiram deixar as atividades necessárias para a última hora. Os números são bem maiores, se comparados a Reino Unido, Estados Unidos e Austrália. Nestes países, a média dos profissionais que não fazem gestão de tempo é de 20%.
Leia a reportagem
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/966952-entenda-por-que-voce-deixa-tudo-para-a-ultima-hora.shtml
Entrevistado
Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade
Currículo
- Cientista da computação
- Abriu sua primeira empresa aos 15 anos e foi um dos profissionais mais jovens do mundo a receber o certificado da Microsoft.
- É fundador da Triad Consulting, empresa multinacional especializada em programas e consultoria na área de produtividade, colaboração e administração do tempo.
- Dá treinamento e palestras
- É facilitador do programa de empreendedores do Sebrae/ONU-Empretec e autor de quatro livros sobre o tema:
- A Tríade do Tempo
- Você, Dona do Seu Tempo
- Estou em Reunião
- Mais Tempo & Mais Dinheiro, em parceria com Gustavo Cerbasi
Contato: @christiantriad (Twitter) / imprensa@christianbarbosa.com.br / palestras@christianbarbosa.com.br
Crédito: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Nova fase do MCMV será mais rigorosa com a acessibilidade
Construtoras que aderirem ao programa terão que, obrigatoriamente, seguir normas governamentais, sob risco de não conseguir liberação de financiamento
Por: Altair Santos
O programa Minha Casa, Minha Vida 2 passou a vigorar desde 5 de agosto de 2011. Desta vez, a regulamentação prioriza as faixas de interesse social, entre elas portadores de deficiência física. Neste item, a nova fase do projeto habitacional tornou-se mais rigorosa. Além de estender o manual de acessibilidade para os pavimentos superiores das edificações, ele também obriga que os projetos a serem apresentados na Caixa Econômica Federal contemplem a norma técnica NBR 9050:2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, sob risco de não conseguirem liberação de financiamento.

Por lei federal (Programa Nacional de Habitação Urbana) 3% das unidades térreas de um condomínio devem ser construídas com adaptações para receber moradores com deficiência física. São vãos de portas medindo 80 centímetros de largura, banheiros que permitem um giro de 360 graus para cadeirantes e rampas com inclinação de 5 a 8 graus. O problema que ocorreu no Minha Casa, Minha Vida 1 é que boa parte das prefeituras estavam concedendo o habite-se sem que a exigência das adequações fossem cumpridas. “Estava acontecendo mais ou menos o que acontece com as garagens. Alguns prédios têm, outros não têm, e o comprador adquire de acordo com suas necessidades”, diz o diretor de obras da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Gueber Roberto Laux.
Agora, com o Minha Casa, Minha Vida 2, a Caixa Econômica Federal passa a impor o manual de acessibilidade como exigência para liberar financiamentos às construtoras. “O recurso federal, que normalmente é o FGTS, só poderá ser utilizado se atender a esta legislação. Isso será visto na própria Caixa. Quando o empresário for contratar e iniciar a produção, ele terá de ter cumprido o aspecto legal na apresentação do projeto”, explica Gueber Roberto Laux.
O diretor da Companhia de Habitação Popular de Curitiba avalia que com as novas regras o custo de uma obra padrão Cohab deva ficar até 5% mais cara. Isso porque, as adaptações antes exigidas apenas para o andar térreo foram estendidas para os pavimentos superiores. Segundo, terceiro e quarto andares também terão de ter vãos de portas com 80 centímetros e banheiros com larguras apropriadas aos cadeirantes, além de adaptações nas portas corta-fogo e nas rotas de fuga.
A Companhia de Habitação Popular de Curitiba já refez o projeto. Os apartamentos menores, que antes tinham 37 metros quadrados, passaram a ter 39. Além disso, as áreas comuns também sofreram adaptações, como banheiros, salão de festa e rampas de acesso. A Cohab da capital paranaense também criou um manual de procedimentos a ser seguido pelos construtores. O documento foi requisitado pelo ministério das Cidades para servir de modelo a outras prefeituras e companhias habitacionais. Além disso, Curitiba, no caso das habitações de interesse social, oferece isenção de pagamento de impostos municipais, como ITBI e ISS aos construtores, que podem acrescentar pavimentos aos projetos (chegando a quatro pisos) sem necessidade de pagar solo criado.
Em 2010, 45 famílias que estavam na fila da Cohab de Curitiba foram contempladas com habitações adaptadas. Segundo Gueber Roberto Laux, as ocorrências são maiores em caso de reassentamento e desfavelização. Neste caso, o cadastramento ocorre no local e a Cohab já detecta quem tem necessidades especiais. Dentro deste programa, no ano passado Curitiba entregou 151 moradias para famílias com portadores de deficiência. “Quando a Cohab faz uma demanda identificada ela já deixa uma unidade adaptada para a pessoa que é portadora de deficiência”, revela o diretor de obras da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).

Desde 2004
No Brasil, a acessibilidade tornou-se direito depois do decreto federal 5.296, de 2004, que trouxe referências mais seguras para a implantação de diretrizes e a eliminação de barreiras arquitetônicas em concordância com a norma técnica NBR 9050, da ABNT.
Veja o que diz a norma
Acesse também o manual de Acessibilidade da Caixa Econômica Federal
Entrevistado
Gueber Roberto Laux, diretor de obras da Companhia de Habitação Popular de Curitiba
Currículo
- Engenheiro de operações, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, onde se especializou em habitação
- Foi durante 15 anos gerente de habitação da instituição e, recentemente, gerente regional de construção civil
- Atualmente ocupa o cargo de diretor de obras da Companhia de Habitação Popular de Curitiba
Contato: glaux@cohab.curitiba.pr.gov.br
Créditos Fotos: Divulgação/Cohab-CT
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Industrialização permeou debates no Concrete Show
Megaevento sobre tecnologias envolvendo concreto ocorreu no começo de setembro de 2011, em São Paulo, e focou sistemas que deem competitividade e qualidade ao setor
Por: Altair Santos
Em sua 5ª edição, o Concrete Show apresentou números relevantes. A feira expandiu 342% em relação ao primeiro evento, realizado em 2007, e atraiu 500 expositores, além de um público estimado em mais de 28 mil visitantes. Durante três dias (de 31 de agosto a 2 de setembro de 2011) o maior encontro latino-americano da cadeia produtiva do concreto gerou negócios que ultrapassaram R$ 750 milhões. Paralelo ao Concrete Show também ocorreu o Concrete Congress, cujos debates convergiram para a necessidade de a construção civil brasileira industrializar-se.

Tendo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e a Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC) como âncoras, o Concrete Congress teve 17 seminários e 150 palestras proferidas - todas elas permeadas pela industrialização da construção civil. “A industrialização embasou todos os debates, assim como a competitividade e a qualidade de materiais aplicados nos sistemas industrializados”, resumiu Hugo Rodrigues, gerente nacional de comunicação da ABCP.
A opinião coincide com a do presidente da ABESC, Arcindo Vaquero y Mayor. “A construção civil não tem outra alternativa senão buscar a racionalização e a industrialização. Não tem como fazer com que a construção civil seja uma ação artesanal. Se a gente está buscando eficiência, produtividade e desempenho, não será com artesanato que será feito. Será feito com a industrialização do setor e a otimização dos recursos”, disse o dirigente.
Com o seminário Habitação Econômica, a ABCP focou a industrialização na área residencial. No núcleo dos debates esteve o programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo Hugo Rodrigues, foi a oportunidade de mostrar que a tecnologia a base de cimento, combinada com a industrialização, pode ajudar o programa avançar. “A grande maioria dos sistemas a base de cimento utilizam alvenaria estrutural com blocos de concreto, placas cimentícias, paredes monolíticas de concreto ou paredes de concreto. A ideia do seminário foi mostrar que estes sistemas são racionais e industrializáveis e, por isso, mais ágeis”, comentou.

Já a ABESC procurou difundir as construções baseadas em paredes de concreto. “O país tem uma necessidade enorme de atender o déficit habitacional e esse modelo de construção é econômica, rápida e eficaz, além de oferecer bom desempenho termoacústico. No Concrete Show promovemos um seminário só sobre paredes de concreto, voltado para construtoras de médio porte”, explicou Arcindo Vaquero y Mayor. A ABESC também coordenou um estande sobre pavimentos rígidos em concretos drenantes e o uso de concreto em calçadas.
Entrevistados
Hugo Rodrigues, gerente nacional de comunicação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Arcindo Vaquero y Mayor, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC)
Currículos
Hugo da Costa Rodrigues Filho é graduado em engenharia civil, com mestrado em Materiais de Construção, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) (1977 e 1993)
- Concluiu MBA em Comunicação e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) (2002)
- Atualmente integra comissões de institutos, como o de Comunicação e Produção de Cimento da Federação Interamericana del Cemento (FICEM). Também fez parte da coordenação executiva dos 4º, 5º, 6º e 7º seminários da Indústria da Construção e do Construbusiness da Comissão da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (DECONCIC/FIESP)
- Gerencia a área de Comunicação da ABCP
Arcindo Vaquero y Mayor é engenheiro civil formado na Universidade Mackenzie, em 1976
- Possui cursos de aperfeiçoamento nos Estados Unidos e na Suíça
- Consultor na área de tecnologia do concreto dosado em central e meio ambiente, desenvolvendo trabalhos para a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e a FIPH (Federación Ibero Americana de Hormigón Premezclado); Leão Engenharia
- Responsável por mais de 15 milhões de m³ de concretos aplicados
Contatos: hugo.rodrigues@abcp.org.br / arcindo@abesc.org.br
Crédito Fotos: Divulgação/Concrete Show/ABCP/ABESC
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Brasil terá 1º parque tecnológico para pesquisas da construção civil
Projeto vai custar R$ 25 milhões e conta com o apoio da CBIC, SindusCon-DF, Ademi, governo do Distrito Federal e a britânica Building Research Establishment
Por: Altair Santos
Foi no 83º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), ocorrido em agosto de 2011, que a construção civil brasileira recebeu uma boa notícia: a de que será erguido em Brasília o primeiro parque tecnológico voltado exclusivamente para pesquisas no setor. Batizado de Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído (Pisac), o novo centro de desenvolvimento nasce de uma parceria entre o setor produtivo (representado pela CBIC, SindusCon-DF e Ademi-DF), o governo do Distrito Federal, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a empresa inglesa Building Research Establishment (BRE) que tem 94 anos de experiência em desenvolvimento de pesquisa e inovação na área da construção.
O parque tecnológico vai abranger uma área de 20 mil m², dentro do campus da UnB (Universidade de Brasília) na cidade satélite do Gama, e as obras começam em 2012. O investimento inicial será de R$ 25 milhões. A ideia é que as pesquisas desenvolvidas no Pisac orientem a indústria para construções com materiais pouco poluentes, custo reduzido de água e energia e com geração de menos carbono na atmosfera. O projeto, que estará atrelado ao Laboratório do Ambiente Construído, Inclusão e Sustentabilidade (Lacis) da UnB, prevê também a necessidade de identificar fragilidades e gargalos na cadeia produtiva, além de prospectar novos métodos de engenharia e tecnologia para a construção civil.

O Pisac terá como modelo o parque tecnológico que a Building Research Establishment (BRE) mantém em Londres, na Inglaterra. Lá existe uma pequena vila, com dez casas, onde são feitas simulações de tecnologias de adaptação para os efeitos das mudanças climáticas, a fim de testar a resistência dos mais variados materiais. Também há experiências com diferentes modelos construtivos que contemplem os conceitos de sustentabilidade e inovação. No dia da assinatura do acordo, em 10 de agosto de 2011, o presidente da BRE, Peter Bonfield, esteve em Brasília para visitar a área em que será o Parque Tecnológico (PqT) voltado exclusivamente para a construção civil.
O Brasil atualmente tem 25 parques tecnológicos em operação, 17 em fase de implantação e 32 no papel, segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Por regiões do país, a Sudeste abriga 64% dos PqTs, enquanto Nordeste e Sul têm respectivamente, 32% e 13%. No Centro-Oeste, o primeiro a ser implantado será o Pisac, enquanto no Norte está em fase final de conclusão o Parque de Ciência e Tecnologia de Guamá, que vai ocupar uma área de 72 hectares dentro da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Belém. Os estudos deste PqT vão se concentrar em TI, energia, tecnologia do alumínio e biotecnologia.
No Brasil, o mais antigo parque tecnológico é o da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB) em Campina Grande. Fundado em 1984, sua especialidade é Ciência, Tecnologia e Informação (CT&I). Atualmente, estima-se que hoje os PqTs em operação no país abriguem quase 550 empresas incubadas, gerando faturamento médio de R$ 1,687 bilhão, R$ 116 milhões em exportação e R$ 119 milhões de geração de impostos para os cofres públicos, além de 26.233 postos de trabalho. Mesmo assim, o Brasil comparece com nem 1% dos parques tecnológicos existentes no mundo, que hoje ultrapassam a marca de 1.400.

Há muito a ser fazer no Brasil, diz Anprotec
A vice-presidente da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), Francilene Garcia, avalia que o Brasil ainda tem muito a avançar na construção de parques tecnológicos. Segundo ela, há ainda muita dependência de recursos públicos. No entanto, reconhece que houve evolução a partir da década passada, principalmente com a entrada da iniciativa privada. É o que avalia na entrevista a seguir. Confira:
A maioria dos parques tecnológicos em operação no Brasil se concentra em que tipo de pesquisa?
Há uma grande sinergia deles nas áreas de tecnologia da informação, energia, eletroeletrônica, biotecnologia, mídia e audiovisual, tecnologias limpas, petróleo e derivados, nanotecnologia e químico farmacêutica.
Boa parte dos parques tecnológicos no Brasil tem vínculos com universidades públicas. Por que isso ocorre?
Praticamente todos eles possuem vínculos com universidades públicas ou privadas. A capacidade instalada de pesquisa e desenvolvimento nas universidades brasileiras é o maior atrativo para esta parceria, facilitando o acesso dos empreendimentos inovadores ao conhecimento gerado e aos ambientes, como laboratórios e equipamentos de alta complexidade. Outro fator bastante significativo é o acesso facilitado aos profissionais altamente qualificados egressos dos cursos de graduação e pós-graduação, o que é um diferencial para startups de pesquisas.
Falta ao Brasil ter o governo como um indutor maior de pesquisa e inovação?
Essa trajetória tem sido construída pelos governos, progressivamente desde a década passada, mas ainda há muito a construir. Alguns dos avanços já foram conquistados, como o marco legal com regulamentações que incentivam a inovação e a captação de recursos provenientes dos instrumentos de fomento do Sistema de CT&I (Ciência, Tecnologia e Informação) operacionalizados por agentes como FINEP, BNDES/FUNTEC e programas de investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) vinculados a legislações específicas, tais como Lei de Informática, Lei do Petróleo e Lei de P&D em Energia.
Em relação à iniciativa privada, ela participa de programas de pesquisa em um volume considerável?
Tratando-se de projetos e implantações de parques tecnológicos, percebe-se ainda uma forte dependência de recursos públicos, com poucos investimentos privados. Em alguns casos de parques tecnológicos em operação, progressivamente começamos a ver a chegada dos investimentos privados, com destaque para as áreas imobiliárias e financeiras. É importante destacar os incentivos atuais para que empresas de médio e grande porte (em termos de faturamento) passem a investir mais em P&D. Estamos ainda iniciando tal trajetória no Brasil. Neste sentido, estamos avançando no sentido de se definir uma política nacional de apoio a parques tecnológicos, estabelecendo claramente o papel dos vários atores: governo federal, governos estaduais, governos municipais, universidades e setores industriais e financeiros.
Há muitas empresas multinacionais vindo ao Brasil para fomentar a pesquisa. Isso tende a tornar sustentável a pesquisa e a inovação no Brasil?
O Brasil tem atraído em especial centros de P&D de importantes empresas multinacionais, a exemplo do Centro de P&D da GE (General Electric) que irá se instalar na Ilha do Fundão, no parque tecnológico do Rio de Janeiro. A implantação física de tais centros mobiliza outros investimentos em CT&I, acelerando o crescimento e a inserção internacional de empresas instaladas nesses ambientes, estimulando um incremento do investimento privado. Seguindo por este caminho, certamente teremos como alavancar empreendimentos inovadores mais sustentáveis.
Na América do Sul, o Brasil já é líder em volume de parques tecnológicos e pesquisas?
Sim, o movimento brasileiro de empreendedorismo inovador está bem posicionado globalmente. A Anprotec é uma das fundadoras da World Alliance for Innovation (WAINOVA). Uma importante fonte de pesquisa sobre a realidade mundial e na América do Sul é o recém lançado Atlas Mundial da Inovação (http://www.wainova.org).
A Anprotec realiza em outubro o 21º seminário nacional de parques tecnológicos e incubadoras de empresas. Qual será o foco dos debates que acontecerão no encontro?
Sob o tema “Nova Competitividade dos Territórios”, o 21º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e o XIX Workshop Anprotec abrem um espaço de reflexão onde se avalia o papel de parques e incubadoras na construção de um caminho pautado pela sinergia dos mecanismos de inovação e a conjugação de estratégias para uma sociedade mais criativa. Realizado pela Anprotec em parceria com o Sebrae, contará com a organização local do Parque Científico e Tecnológico da PUC-RS (Tecnopuc) e da Rede Gaúcha de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (Reginp). Reconhecido como um dos principais eventos do setor, o Seminário reúne os líderes e especialistas do movimento de inovação e empreendedorismo. Por meio de minicursos, palestras e debates sobre como tornar as ações em âmbito local mais integradas em um contexto regional e, ao mesmo tempo, mais competitivas, os participantes têm a oportunidade de trocar experiências e contribuir para o desenvolvimento nacional em bases sustentáveis. Outros detalhes podem ser encontrados no site do seminário: http://www.seminarionacional.com.br

Entrevistada
Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Currículo
- Graduada em Ciência da Computação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
- Tem mestrado em Informática e doutorado em Engenharia Elétrica
- Preside a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB), em Campina Grande (PB)
- É professora da Universidade Federal de Campina Grande desde 1989
- Integra o Conselho estadual de Ciência e Tecnologia da Paraíba
- Tem mais de 20 artigos técnico publicados e já visitou parques tecnológicos nos seguintes países: Argentina, Austrália, Bélgica, China, Cingapura, Coréia do Sul, EUA, França, Hong Kong, Reino Unido, Japão, Malásia, e Taiwan
Contato: francilenegarcia@gmail.com
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Falta de engenheiros pode comprometer crescimento
Alerta parte da Abenge (Associação Brasileira de Ensino de Engenharia) que demonstra preocupação com a alta evasão de estudantes nas universidades
Por: Altair Santos
Pela quantidade de vagas de que oferece nas universidades públicas e privadas, o Brasil poderia formar pelo menos 90 mil engenheiros por ano. No entanto, a média anual do país tem sido de 40 mil. Isso o deixa em penúltimo lugar, se comparado com os demais países do chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Sem termo de comparação com os chineses, que são quase 1,5 bilhão e formam 650 mil profissionais de engenharia por ano, o Brasil, que tem uma população de 193 milhões, está bem atrás da Índia (220 mil engenheiros formados por ano) e da Rússia (190 mil).

O problema brasileiro se concentra no baixo interesse dos estudantes de ensino médio pelos cursos de engenharia, principalmente os oferecidos pelas universidades privadas, e no elevado nível de evasão dos cursos de graduação. Por isso, ao longo de 2011 a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) tem realizado reuniões, através do Grupo de Trabalho (GT) das Engenharias, para analisar a situação da formação de engenheiros no Brasil e propor medidas que tornem os cursos mais atrativos.
Na visão do diretor da Abenge (Associação Brasileira de Ensino de Engenharia), Vanderli Fava de Oliveira, que integra o GT-Engenharias, essa falta de engenheiros, principalmente na área engenharia civil, pode comprometer o crescimento do país. É o que ele analisa na entrevista a seguir. Confira:
Recentemente, o Grupo de Trabalho (GT) das Engenharias, ligado ao Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) constatou alta evasão dos cursos de engenharia. Como a Abenge vê isso, e mais: está sendo feito algo para reverter esse quadro?
De fato, a evasão é bastante alta. Participei do núcleo de pesquisa que forneceu estes dados para o grupo de trabalho da Capes, que é apoiado pela Abenge. Verificamos que a evasão nos cursos de engenharia (abrangendo todas as especialidades) está em torno de 54%. Essa é uma média dos últimos dez anos e só recentemente essa evasão começou a decrescer. Evidentemente, que nas universidades públicas a evasão é um pouco menor, cerca de 41%. Nas escolas privadas passa de 60%. É um número muito alto, dadas as necessidades atuais de engenheiros.
Há motivos que expliquem essa evasão?
Vemos isso com muita preocupação, pois o Brasil carece de gente para trabalhar em tecnologia e, ao mesmo tempo, convive com alunos que um dia quiseram fazer engenharia, chegaram a passar no vestibular, mas logo nos dois primeiros anos abandonaram o curso. Por isso, a Abenge tem participado de atividades e tem reivindicado, junto ao MEC, que sejam desenvolvidos programas para despertar vocações e para reter o aluno nas universidades, quer dizer, criar condições e melhorar os projetos pedagógicos dos cursos de engenharia para que o aluno não os abandone. Uma das razões do abandono é a dificuldade que o estudante tem de levar o curso na parte de matemática e física, principalmente. Ele não é bem preparado no ensino médio para o grau de exigência dos primeiros anos do curso de engenharia. Mas isso pode ser resolvido facilmente com novas metodologias, utilizando melhor os meios de ensino e aprendizagem disponíveis. Enfim, com melhorias de processamento de ensino e aprendizagem dá para reduzir bastante esta evasão assustadora.
Especificamente sobre engenharia civil, constata-se também evasão grande dos cursos pelo país afora?
A civil, até pouco tempo, era uma das que mais tinha índice de evasão. Aliás, além da evasão nós temos outro problema: a retenção. A média é maior que seis anos e meio. Em muitas escolas, o aluno leva até sete anos para se formar, ou seja, ele fica retido além da expectativa do curso, que é de ser concluído em cinco anos.
Outro dado preocupante apurado pelo GT das Engenharias é que boa parte das vagas oferecidas em vestibular não são preenchidas. A que se deve isso?
Nas públicas, 94% das vagas são ocupadas. Nas privadas, não. O que ocorre é que as privadas abrem em média 140 vagas por curso. Nós não temos nenhum documento oficial que diga isso, mas percebemos que as privadas abrem muitas vagas no início, porque já sabem do índice de evasão. Então, fazem isso com a expectativa de aumentar o número de concluintes, pois se abrissem um pequeno número de vagas correriam o risco de formar menos alunos ainda. Por isso, abrem em média 140 vagas. São muitas vagas e aí, muitas vezes, não encontram alunos suficientes para preenchê-las. Houve um crescimento bem grande de cursos de engenharia, hoje estamos com cerca de 2.500 cursos funcionando em todo o país.
Há algum trabalho da Abenge ou de outro organismo para disseminar o interesse pelos cursos de engenharia?
O nosso trabalho é em conjunto com outros organismos como, por exemplo, este caso da Capes. Tem ainda o projeto Nova Engenharia, que é patrocinado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pelo sistema CONFEA/CREA. Enfim, são ações, mas que precisam de um apoio oficial do governo, no sentido de fomentá-las. Senão, elas não têm grande alcance. É essencial para a questão do desenvolvimento. O país cresce, mas a base da economia são as commodities. O Brasil não tem tecnologia de ponta. Nosso único produto competitivo a nível internacional são os aviões da Embraer. Em questão de automóveis e eletroeletrônicos, ficamos para trás. O país vai bater num ponto em que não vai conseguir se desenvolver mais, pois não apostou em tecnologia, não apostou em desenvolvimento tecnológico. E o ator principal do desenvolvimento tecnológico é o engenheiro.
Não seria o caso de rever a grade curricular, para tornar os cursos mais atraentes, mais práticos e menos teóricos?
Mais do que isso, é rever os projetos pedagógicos do curso. O problema central hoje está no processamento das atividades, quer dizer, nós encontramos muitas aulas sendo dadas hoje iguais às que eram ensinadas no começo do século passado, onde o professor ficava na frente falando para uma porção de alunos sentados nas carteiras. Isso está superado. Isso não forma. Outra questão é a atividade prática ou atividade contextualizada, onde o aluno deve aprender em situações o mais próximo possível do real. Hoje, o que as empresas querem? As empresas não estão muito interessadas no que o aluno sabe, mas no que ele sabe fazer com o que aprendeu na escola. Isso só se desenvolve através de atividades de contextualização do conhecimento que ele vai adquirindo, ou seja, o aluno ao estudar um conceito tem de ver como este conceito é aplicado na prática, como é que ele acontece dentro de uma empresa ou numa situação real ou num problema real de engenharia.
De qualquer forma, por causa da oferta de trabalho, parece ter crescido o volume de alunos que procuram os cursos de engenharia, correto?
Nas universidades públicas, sim. Quanto às privadas, elas ainda têm dificuldade em fazer o aluno entender que tem muitas de boa qualidade também. Então o estudante fica pensando que só as públicas têm qualidade, mas tem muitas privadas com cursos excelentes.
Dos países do chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) o Brasil forma menos engenheiros que China, Rússia e Índia. O que precisaria ser feito?
Primeiro fomentar vocações. Quer dizer, despertar vocações no ensino fundamental ou médio, mostrando que matemática e física não são bichos de sete cabeças. Segundo, investir pesadamente na mudança dos projetos pedagógicos dos cursos para que eles possam melhorar a forma como o conhecimento de engenharia é disponibilizado por aluno.
O crescimento sustentável da construção civil brasileira depende da formação de mais engenheiros. Esse paradoxo pode atrapalhar o setor?
Pode sim. Qualquer setor que queira crescer depende, antes de tudo, da engenharia civil. O engenheiro civil é aquele que monta a infraestrutura, é aquele que vai criar as condições para que um empreendimento aconteça. É ele que vai criar as condições infraestruturais para que o produto seja distribuído e gerado, seja através de estradas, aeroportos, portos e usinas. Tudo isso passa pela engenharia civil. Se tivesse que escolher por onde começar a melhoria, deveríamos começar pela engenharia civil.
Em função da falta de engenheiros, o Brasil não corre o risco de ver essas vagas ociosas serem absorvidas por estrangeiros?
É um fenômeno que está batendo nas nossas portas. O Brasil hoje tem convênio com países do Mercosul. Trata-se de um intercâmbio entre muitas universidades brasileiras, que podem receber alunos de fora para que venham cursar disciplinas aqui. Estamos a caminho da dupla diplomação. Nós já temos muitos engenheiros chilenos, uruguaios e argentinos trabalhando no Brasil. Não é de todo ruim. Por quê? Se o Brasil não consegue formar o suficiente, vai trazer de fora. Por exemplo, os Estados Unidos precisam de 100 mil engenheiros por ano. Trinta mil ele importa e setenta mil ele forma. Mas o bom seria que, para a demanda interna, o Brasil formasse seus próprios engenheiros, o que hoje não acontece.
Entrevistado
Vanderli Fava de Oliveira, diretor de comunicação da Abenge (Associação Brasileira de Ensino de Engenharia)
Currículo
- Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 1979
- Tem Mestrado (1993) e Doutorado (2000) em Engenharia de Produção pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE/UFRJ
- Pós-Doutorado (2009) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
- Atualmente é Professor Associado III da UFJF, Secretário de Avaliação Institucional da UFJF e Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Formação e Exercício Profissional da Faculdade de Engenharia da UFJF (NUPENGE)
- Membro designado (portaria 747/2009-MEC) da Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação (CTAA) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (INEP), Avaliador de Cursos do Sistema ARCU-SUR (Sistema de Credenciamento Regional de Cursos de Graduação em Engenharia dos Estados Partes do MERCOSUL e Estados Associados)
- Membro da Comissão do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - ENADE 2005, 2008 e 2011 - INEP/MEC
- Membro da Equipe Técnica do Programa Regional de Educación para el Desarrollo de Capacidades en Innovación Tecnológica y Emprendedorismo en Carreras de Ingeniería (PRECITYE) - Argentina, Brasil, Chile e Uruguai - financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
- Diretor da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia (ABENGE)
- Membro do Grupo de Trabalho de Graduação da Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO)
- Membro da Comissão de Especialistas em Engenharia de Produção do CONFEA/MEC
- Coordenador das Sessões Dirigidas do ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção) e do COBENGE (Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia) desde 2007
- Membro do Comitê Científico dos periódicos: Revista de Educação em Engenharia (0101-5001) - Produto & Produção (1516-3660) - Graf & Tec (1413-6481), - Revista Educação Gráfica - Revista GEPROS (1809-614X) - Revista Eletrônica Produção & Engenharia
Contato: vanderli@acessa.com / vanderli.fava@ufjf.edu.br
Crédito Foto: Divulgação/Abenge
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Principal norma de treinamento ainda encontra resistência das empresas
A NBR ISO 10015 completa dez anos e foi criada para qualificar a gestão com base no investimento em pessoas. Quem a adotou, hoje comemora com produtividade e eficiência
Por: Altair Santos
Se a década que passou pertenceu à China, o país deve muito à ISO 10015:2001. A norma que define diretrizes para treinamento tornou-se fundamental para que a indústria chinesa se tornasse competitiva e agregasse qualidade aos seus produtos. Hoje, quase todas as grandes companhias da maior nação do mundo já adotam a ISO 10015, que foi lançada há dez anos, mas no Brasil ainda encontra resistência das empresas.

A norma nasceu como um desdobramento da família NBR ISO 9000, que enfatiza a importância da gerência de recursos humanos e a necessidade de treinamento adequado. Com a ISO 10015:2001, os instrumentos para gerir os processos de T&D (Treinamento e Desenvolvimento) ficaram mais detalhados. “Ela permite a alavancagem do desempenho por via da supressão dos gaps (lacunas) de competências, ou seja, reduz ou anula a diferença entre o que o cargo contempla e exige, em termos de padrões de desempenho, e a efetiva performance de quem o ocupa”, explica o diretor-técnico da ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento), Benedito Milioni.
Como não tem obrigatoriedade de certificação e nem é exigido no Brasil como diferencial competitivo em contratos ou concorrências, a ISO 10015:2001 teve pouca adesão no país. Estima-se que mais de 50% das companhias nacionais ainda desconheçam a norma, apesar de seus 10 anos. “Ela foi pouco ou nada absorvida pelas nossas empresas”, lamenta Milioni, avaliando que quem aderiu à norma hoje faz grande diferença no mercado. “São corporações em sintonia com a modernidade na área de gestão de pessoas e que assumem um papel estratégico da maior importância dentro do país, no qual a educação é a única saída para seus problemas atuais e futuros”, completa.
Milioni ressalta ainda que empresas com colaboradores mal treinados arriscam-se a cair num círculo vicioso cruel, que é: baixa produtividade e rentabilidade, resultando em empregados mal remunerados, com baixo desempenho e que geram mais perdas e mais despesas. “Essas empresas precisam entender a diferença entre custo, despesa e investimento, bem como as perspectivas da relação custo/benefício, de valor agregado e de retorno dos investimentos na esfera da educação empresarial. Só assim entenderão que o melhor investimento a ser feito é no talento humano”, enfatiza o diretor-técnico da ABTD.
Ideal para a construção civil
Diante do atual momento da construção civil brasileira, que sente a carência de mão de obra qualificada, Benedito Milioni avalia que o setor deveria investir na 10015:2001 para obter ganhos de produção e reduzir acidentes de trabalho e a alta rotatividade nos canteiros de obras. “A NBR 10015:2001 é uma poderosa ferramenta para o restabelecimento da cientificidade nos processos industriais”, afirma, destacando que a norma não pode, no entanto, ser aplicada com amadorismo, empirismo ou apenas para se atingir a meta de homens/hora/treinamento ou para satisfazer as exigências da auditoria de qualidade. “Isso gera uma combinação perversa: dinheiro jogado fora, insatisfação dos que passam pelas ações de treinamento e perda de credibilidade dos gestores e técnicos da área de Treinamento e Desenvolvimento”, alerta.
Fundamentos básicos da ISO 10015:
Definir necessidades de treinamento
Projetar e planejar treinamento
Executar treinamento
Avaliar resultados do treinamento
Objetivos da ISO 10015:
Aumentar a produtividade, as vendas, o lucro e o retorno do investimento
Reduzir custos, desperdícios, acidentes e rotatividade do pessoal
Melhorar continuamente a gestão da qualidade

Entrevistado
Benedito Milioni, diretor-técnico da ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento)
Currículo
- Tem 38 anos de carreira, em cargos executivos de Recursos Humanos e Vendas e Marketing
- É professor universitário nas cadeiras de Teoria Geral da Administração, Gestão Estratégica e Recursos Humanos. Atualmente, é professor especialista em cursos MBA.
- Palestrante e expositor em eventos nacionais e internacionais. Professor convidado de diversas entidades públicas e privadas de países íbero e latino-americanos.
- Articulista em jornais e revistas.
- Diretor Técnico da ABTD-Nacional (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento)
Coordenador científico e geral do CBTD (Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento) em 2001, 2002 e 2003
Contato: miriam@milioni.com.br (assessoria de imprensa)
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Patrimônio da arquitetura de SP, prédio da FAU será restaurado
Edifício abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e foi construído em concreto aparente. Obras levarão dois anos para ficar prontas
Por: Altair Santos
Em 1969, na inauguração do prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, o arquiteto João Batista Vilanova Artigas, que realizou o projeto, definiu sua obra com a seguinte frase: “Pensei-o como a espacialização de democracia, em espaços dignos, sem portas de entrada, porque o queria como um templo, onde todas as atividades são lícitas”, disse. Para passar esse conceito, Artigas apostou em um edifício todo em concreto aparente, com grandes espaços para materializar sua ideia. Passados mais de 40 anos, o edifício da FAU tornou-se patrimônio da arquitetura paulistana, mas também foi vítima do tempo. Quase sem manutenção, ganhou várias patologias. Por isso, uma ampla restauração está em curso.
De acordo com a arquiteta Eunice Aparecida Rosa Bruno, coordenadora executiva do GEEF (Grupo Executivo de Gestão dos Espaços Físicos da FAU) as intervenções para recuperar o edifício vão durar no mínimo dois anos. Os trabalhos irão se concentrar mais no teto. A cobertura tem infiltrações que causam goteiras em várias áreas do prédio e já levaram à interdição de alguns setores. Por se tratar de um prédio tombado, as reformas propostas pelo GEEF tiveram de passar pelo crivo do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) e do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). “Como a recuperação propõe revitalização, e não mudança de uso, não teve problema para a liberação”, diz a arquiteta.
Em processo final de licitação, as obras serão bancadas pela própria Universidade de São Paulo e deverão custar pelo menos R$ 6 milhões. A logística para que as intervenções aconteçam preveem horários alternativos para não atrapalhar as aulas. Aliás, os estudantes usaram a reforma como laboratório. Na elaboração do plano diretor, eles incorporaram sugestões. “Atualmente, três alunos seguem vinculados ao projeto”, diz Eunice Aparecida Rosa Bruno, que avalia o porquê de a recuperação ter demorado tanto. “Teve o período de falta de verba e teve o período dos debates sobre novas alternativas para a cobertura. Agora, é premente esta reforma”, completa.
O prédio Artigas, como também é chamada a sede da FAU, tem 18.600 m² de área e abriga oito pavimentos, interligados por rampas, escadas e um elevador. A laje de cobertura em grelha é recoberta por domos translúcidos, que permitem que o edifício priorize a luminosidade natural. As obras previstas para esse setor do edifício vão contar com a aplicação de poliuréia - produto químico que será aplicado no teto como isolante. A fachada da FAU também receberá reformas. “A empena, que é a fachada, vai sofrer uma recuperação, mas vamos preservar ao máximo a estrutura original. Desde a coloração do cimento até a manutenção das juntas, por que ali o concreto é aparente e como tem muitos problemas por falta de manutenção vamos retirar tudo o que está solto e refazer de novo, da mesma forma que foi feito no original”, explica a coordenadora executiva do GEEF.



Saiba mais
O prédio da FAU levou três anos para ficar pronto. A construção começou em 1966 e foi finalizada em 1969. O arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) recebeu a encomenda do projeto em 1961 e o fez em parceria com o também arquiteto Carlos Cascaldi. O engenheiro Figueiredo Ferraz foi o responsável pela execução da obra.
Entrevistada
Eunice Aparecida Rosa Bruno, coordenadora executiva do GEEF (Grupo Executivo de Gestão dos Espaços Físicos da FAU)
Currículo: Graduada em Arquitetura, Eunice Aparecida Rosa Bruno integra o COCESP (Coordenadoria do Campus da Capital do Estado de São Paulo)
Contato: faugeef@usp.br
Créditos Fotos: Divulgação/ Cláudia Oliveira /USP
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Empresas ligadas à construção civil são líderes de crescimento no Brasil
Edição 2011 do tradicional ranking da revista O Empreiteiro mostra que em cinco anos a receita bruta do setor teve expansão média de 160%
Por: Altair Santos
Apesar de o investimento em infraestrutura não ser o ideal - estudo apresentado em seminário da Fundação Getúlio Vargas aponta que em 2010 chegou a 2,54% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, quando o ideal seria 6% - as construtoras brasileiras têm conseguido, desde 2005, obter um ritmo de crescimento inigualável. É o que aponta o tradicional ranking da revista O Empreiteiro, cuja versão 2011 foi recentemente lançado.

Elaborado com base em dados de 2010, o levantamento mostra que desde 2005 houve expansão de 160% da receita bruta das cem maiores construtoras do Brasil. Só em 2008 - considerado o melhor ano da década para o setor -, o crescimento atingiu 49,59%. Somando o desempenho, essas empresas faturaram no ano passado mais de R$ 69 bilhões. “Comparando as curvas de crescimento, percebe-se que a construção civil expandiu mais do que o PIB do país de cinco anos para cá”, analisa Leonardo Young, diretor da revista O Empreiteiro.
Ainda segundo Leonardo Young, o cenário seguirá positivo, principalmente para aquelas empresas da “construção pesada”. “Como tem muitas obras de infraestrutura a serem feitas, como aeroportos, rodovias e de transporte público, a avaliação é que para os próximos anos existam fundamentos sólidos para acreditar que este crescimento vai continuar”, avaliou, ancorado por uma pesquisa que acontece há 41 anos e que consulta 2.500 empresas no país para formar o ranking da revista O Empreiteiro.
Em comparação com a lista de 2010, o grupo das dez maiores construtoras se manteve inalterado até a 5ª posição. A Norberto Odebrechet segue líder, seguida de Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS. A Delta Construções inverteu de posição com a Galvão Engenharia, que agora é a 7ª. Houve também mudanças na 8ª colocação, ocupada pela MRV; na 9ª posição, onde está a Construcap CCPS, e na 10ª, posto da Mendes Júnior. No entanto, quem deu um grande salto foi a A.R.G, de Minas Gerais, que ganhou 25 posições e aparece em 12ª.
O ranking 2011 também traz as empresas que tiveram as maiores variações de receita de um ano para o outro. Entre as seis que deram saltos importantes está a paranaense Cobec, cuja receita variou positivamente 220% de 2009 para 2010. A maior variação, no entanto, foi da paulista Terran Engenharia - 669% em relação a 2009. ”Todas as cem construtoras do ranking tiveram variações positivas de receita. Isso mostra que não dá para falar em crise no setor de construção”, resume o diretor da revista O Empreiteiro.
A publicação analisa que os eventos Copa do Mundo 2014, Olimpíadas 2016, PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e Minha Casa, Minha Vida fizeram parte de um primeiro ciclo de crescimento e que uma nova etapa de negócios para a construção civil deve avançar pelos setores de mineração, siderurgia, agronegócios e petróleo. “Eles prometem um fluxo contínuo de novos empreendimentos para atender a demanda doméstica e global”, diz editorial da revista O Empreiteiro.
Região Sul
Dentro de seu ranking, a publicação também separa as empresas por região. No Sul, entre as cinco primeiras quatro são do Paraná. Quem lidera a lista é a Toniolo, Busnello, do Rio Grande do Sul, que no ranking nacional é a 32º. Depois vêm C.R. Almeida Engenharia de Obras, J. Malucelli Construtora, Ivaí Engenharia e Plaenge Engenharia. A lista da revista O Empreiteiro selecionou 28 empresas da região. Treze são do Paraná, onze do Rio Grande do Sul e quatro de Santa Catarina. “A representatividade do Sul do país tem crescido ano a ano no ranking”, cita Leonardo Young.
De acordo com o editor da revista, a edição que traz o ranking funciona atualmente como um guia de consulta para as empresas. “A visibilidade é enorme e serve de referência para negócios. A revista fica o ano todo nas mesas de muitos diretores e presidentes das maiores empresas de engenharia do país”, garante.
Confira
Veja o ranking completo da revista O Empreiteiro
Entrevistado
Leonardo Young, diretor da revista O Empreiteiro
Currículo: Fundador da revista O Empreiteiro, e graduado em Administração de Empresas
Contato: leonardo@revistaoempreiteiro.com.br
Crédito: Divulgação/O Empreiteiro
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Prédios corporativos deixam de ser exclusividade de Rio e São Paulo
Cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Distrito Federal perdem a timidez e também passam a atrair investimentos imobiliários comerciais
Por: Altair Santos
Grandes torres comerciais tendem a deixar de ser exclusividade das duas principais cidades do Brasil – São Paulo e Rio de Janeiro. Outros centros urbanos do país decidiram perder a timidez e revelar seu potencial para os negócios, atraindo investimentos imobiliários comerciais. Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Distrito Federal são capitais que querem mostrar que também têm vocação para receber prédios corporativos.

Um aspecto crucial que faz essas cidades passarem a disputar o mercado com São Paulo e Rio é que elas têm ofertas de terrenos para grandes empreendimentos comerciais. “São Paulo e Rio de Janeiro já enfrentam dificuldades para encontrar espaços que permitam construir edifícios corporativos, principalmente de alto padrão”, explica Viviane Guirao, diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC - Informações da Construção.
Na capital paulista, por exemplo, a região da avenida Berrini, que é a que mais atrai empreendimentos AAA (alto padrão) no setor de construções comerciais, a taxa de vacância de terrenos caminha para ser zero – atualmente é de 5%. “São Paulo já tem uma demanda enorme de escritórios sendo feitos e eu acho que vai dar uma segurada nos próximos anos”, avalia Viviane Guirao.
No entanto, as construtoras especializadas em prédios corporativos já pressionam a prefeitura paulistana para criar um novo pólo para edifícios comerciais na cidade, que seria a extensão da avenida Chucri Zaidan, na zona sul de São Paulo, com potencial para atender 872 mil m² até 2016, segundo a consultoria imobiliária Jones Lang La-Salle. Essa seria a quarta mudança do centro financeiro da capital paulista, que já saiu do centro histórico para a avenida Paulista, depois Faria Lima e agora superlota a avenida Berrini.
No Rio de Janeiro, acontece algo semelhante. Bairros como Campo Grande, Jacarepaguá e Barra da Tijuca são as opções recentes para atrair empreendimentos comerciais. Aliás, a construção de edifícios corporativos não para de crescer na capital fluminense. Segundo balanço da Secretaria Municipal de Urbanismo, o aumento de concessões de licenças para projetos de imóveis comerciais cresceu 6.000% este ano.
Por ser um negócio em aquecimento é que outras regiões do Brasil buscam também mostrar seu potencial para receber prédios corporativos. “Na região de Curitiba já tem alguns empreendimentos comerciais sendo lançados. Existe uma tendência de que a região da Linha Verde torne-se um pólo de empreendimentos comerciais. No nordeste, Pernambuco e Bahia também têm investimentos no setor de edifícios corporativos, em função de que estão surgindo muitas indústrias na região e com elas vêm os escritórios”, diz Viviane Guirao.
Segundo a diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC - Informações da Construção, “as outras cidades do país estão perdendo a timidez para conseguir disputar empreendimentos comerciais com São Paulo e Rio de Janeiro”. “A ITC fez um levantamento do primeiro semestre e as obras de edifícios coorporativos, além de São Paulo e Rio de Janeiro, cresceram muito em Minas Gerais, na região sul, no Espírito Santo e no Distrito Federal”, completou Viviane Guirao.
O Brasil não é o único que vem correndo atrás de crescimento no setor comercial. As transações imobiliárias no mundo quase dobraram no primeiro semestre de 2011, voltando aos níveis pré-crise. Os investimentos imobiliários comerciais globais totalizaram US$ 132 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, ante US$ 76 bilhões em igual período do ano passado, ainda segundo a Jones Lang La-Salle. A consultoria estima que o volume global no fim deste ano deva ficar entre US$ 275 bilhões e US$ 300 bilhões, bem acima do resultado registrado no ano passado, de US$ 209 bilhões.
Investidor prefere o pré-moldado
Diferentemente dos imóveis residenciais, os empreendimentos imobiliários comerciais têm nos investidores e nos bancos privados suas principais fontes de financiamento. Por isso, as construções são expostas a um cronograma rígido para que não frustrem a expectativa de retorno financeiro. Assim, o pré-moldado é o sistema construtivo que avança na preferência das construtoras especializadas em prédios corporativos. “Ainda não tem uma cultura completa de uso do pré-moldado, mas ele está crescendo bastante, pois é um sistema construtivo que tem ajudado a diminuir o prazo das obras destes empreendimentos”, comenta Viviane Guirao.
Além disso, os edifícios novos deste segmento costumam agregar muita tecnologia. A automação predial tem objetivos claros com a economia de energia e reuso da água. Conceitos como sustentabilidade também estão presentes nos projetos, valorizando a luminosidade, o aproveitamento do calor e as áreas verdes. “Os prédios são muito diferentes hoje, em relação aos edifícios de escritório do passado. Até porque, naquela época não havia tanta tecnologia disponível. Por isso, atualmente o metro quadrado de um edifício corporativo é no mínimo 30% mais caro que um imóvel residencial. É o que tem atraído os investidores”, conclui a diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC - Informações da Construção.

Entrevistada
Viviane Guirao, diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC - Informações da Construção.
Currículo
- Graduada em Engenharia Civil pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo.
- Pós-Graduada em Negócios Imobiliários pela FAAP
- Ocupa o cargo de diretora de marketing e pesquisa de mercado da ITC - Informações da Construção
Contato: viviane@itc.etc.br / marketing@itc.etc.br
Créditod Fotos: Divulgação/ITC