Planejamento estratégico requer mergulho no DNA da empresa

Companhias despertam para esse modelo administrativo, onde buscam conjunto de ações táticas e operacionais para ficar alinhadas com as exigências do mercado

Por: Altair Santos

Atentas aos movimentos econômicos, construtoras e incorporadoras têm procurado projetar seus negócios a médio e longo prazo. Para obter respostas, buscam novos modelos administrativos. Entre eles, o planejamento estratégico. "As empresas recorrem a essa ferramenta para entender o ambiente externo, perceber as perspectivas da economia brasileira e projetar o mercado imobiliário pelo menos para os próximos três anos. Com ela, é possível detectar as virtudes e fraquezas da companhia, em comparação aos seus principais concorrentes, e implantar um plano de ação que vai balizar os caminhos da corporação", explica Roberto de Souza, diretor-presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações).

Roberto de Souza, presidente do CTE: "Sem o planejamento estratégico a empresa se comporta como um barco à deriva".

Atualmente, entre as construtoras que adotam políticas de planejamento estratégico estão Plaenge, Andrade Gutierrez, Odebrechet, Brookfield, Cyrela Brasil, Even, PDG, Tecnisa, Camargo Corrêa, MRV e Gafisa. No entanto, a construção civil não está entre os setores da economia que lideram o ranking de ações voltadas a esse modelo de gestão. As áreas financeiras e de tecnologia estão mais adaptadas ao conceito. E poder público também começa a mergulhar neste universo. "Percebe-se ainda um despertar das empresas de médio e pequeno porte", afirma Roberto de Souza.

No entanto, o especialista alerta que, embora as empresas reconheçam a necessidade desse planejamento, muitas delas esbarram em dificuldades para elaborá-lo. "Um dos empecilhos reside na cultura da maioria das incorporadoras e construtoras, que estão focadas muito mais na visão operacional que nas visões táticas e estratégicas. Por conta do crescimento acelerado do mercado, os esforços e o tempo dos executivos e gestores têm se concentrado na geração de negócios, na aprovação de projetos, no controle de prazos e custos e na qualidade das obras. A falta de dados e informações sistematizadas das operações empresariais dificulta a análise macro do mercado e dos negócios das empresas", destaca Roberto de Souza.

Independentemente do setor em que atua, a companhia que deseja adotar o planejamento estratégico em sua administração precisa envolver todos os seus setores e promover o autoconhecimento da organização, procurando descobrir suas vocações. "Trata-se de um verdadeiro mergulho no DNA empresarial, o que permitirá identificar seus pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades oferecidas pelo mercado, além de mapear a capacidade da empresa de criar valor para o seu negócio", cita o diretor-presidente do CTE, ressaltando que o que falta às corporações é fazer rodar o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) na gestão dos processos empresariais, ou seja, planejar, fazer, checar e agir. "Ele ajuda a identificar desvios e promover ações corretivas e preventivas."

Roberto de Souza enumera que atualmente as construtoras precisam cuidar dos seguintes ativos: profissionais qualificados, boas parcerias, gestão tecnológica, ações de sustentabilidade, tecnologia da informação, marketing e fidelização de clientes. São componentes que formam o planejamento estratégico, sem os quais a empresa se comporta como um barco à deriva. Por outro lado, a adoção do planejamento estratégico constitui-se em um grande passo para minimizar riscos e manter a empresa viva e competitiva", ressalta, lembrando, porém, que planejamento estratégico não é apenas adquirir softwares que permitam implantá-lo. "Tudo depende do envolvimento da alta e da média direção da empresa para que o conceito seja disseminado", completa.

O diretor-presidente do CTE avalia ainda que sempre é bom ter o apoio de consultores para dar o "start" no processo. "O especialista vai proporcionar aos acionistas e executivos uma visão objetiva dos fatores que devem ser considerados no desempenho competitivo da organização, assim como orientar quais devem ser os esforços de planejamento e gestão estratégica", cita, lembrando que há uma vasta literatura sobre o assunto para quem quiser saber mais sobre esse modelo gerencial.

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Entrevistado
Roberto de Souza, diretor-presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações)
Currículo

- Engenheiro civil, mestre e doutor em engenharia pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo)
- Atualmente é o diretor-presidente do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), empresa associada ao Instituto Ethos, USGBC, GBC Brasil e CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável)
- Em 2011, o CTE ganhou o prêmio Green Building Brasil como empresa sustentável de serviços
Contato: roberto@cte.com.br / http://www.cte.com.br

Créditos foto: Divulgação/CTE

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Mão de obra é o que mais encarece o metro quadrado

No acumulado dos últimos doze meses, segundo dados do IBGE, custo dos trabalhadores foi 85% maior que o dos materiais

Por: Altair Santos

Apesar de o nível de atividade da construção civil apresentar um viés de baixa em 2012, como mostra levantamento mensal realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor vive um paradoxo: o metro quadrado construído não para de ter seu preço valorizado. Segundo o índice FipeZap, que baliza o mercado nas principais capitais do país, no acumulado dos 12 meses (junho de 2011 a junho de 2012) a alta foi de 18,4%. Hoje, a média nacional está em R$ 6.661,00. Atualmente, neste valor, o peso maior é o da mão de obra.

Preço da mão de obra é determinante para definir valor do metro quadrado construído.

Dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) apurados mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que a mão de obra hoje tem um peso de 53% sobre o preço do metro quadrado construído, seguido de tributos, com 28%, equipamentos e maquinários (10%) e material de construção (9%). Só no acumulado dos 12 meses, o valor do trabalho formal que atua nos canteiros de obras teve reajuste de 9,57% contra 1,47% dos materiais.  

Segundo Augusto de Oliveira, gerente de pesquisas do Sinapi, recentemente esses custos da construção civil têm se refletido mais na região Sul. No acumulado dos 12 meses, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a alta foi de 7,01%. "Isso se deve à pressão exercida pelo reajuste salarial decorrente de acordo coletivo, que possui peso no cálculo do índice", destaca Oliveira, ressaltando que Santa Catarina é o estado que tem registrado as maiores variações no custo do metro quadrado construído. Só em Balneário Camboriú/SC, o metro quadrado construído chega a R$ 8 mil nas regiões mais valorizadas do município. Se equipara aos mais caros do país, que, segundo o índice FipeZap, estão no Distrito Federal e no Rio de Janeiro: R$ 8.280,00 e R$ 8.072,00.

Há indicadores que mostram que esses valores deverão ter uma aceleração mais lenta. O próprio Sinapi revela essa tendência. Entre as cidades que têm o metro quadrado mais caro do país, o Rio de Janeiro, em junho de 2012, registrou variação de apenas 0,05%. Porém, segundo especialistas, o avanço mais lento do preço do metro quadrado construído é um sinal de alerta, mas não significa que as construtoras estejam dispostas a reduzí-lo. Até por que, o peso da mão de obra seguirá influenciando fortemente esse custo. "Entre conceder reajuste e perder a mão de obra qualificada, as empresas preferem dar o aumento. Elas têm receio de não achar novos trabalhadores e isso influencia toda a cadeia do setor”, avalia o coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), Armando Castelar.

Entrevistados

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), CNI (Confederação Nacional da Indústria) e FGV (Fundação Getúlio Vargas)

Contatos:  comunica@ibge.gov.brimprensa@cni.org.br / ibre@fgv.br

Créditos foto: Arquivo/ABr

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Setor privado ajuda governo a dar velocidade ao PAC

Em 2012, performance de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento caiu quase 25% em relação ao ano passado

Por: Altair Santos

Um grupo de trabalho liderado pela Comissão de Obras Públicas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (COB/CBIC) uniu-se ao Ministério do Planejamento para viabilizar um projeto que consiga dar mais agilidade ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O setor entende que uma série de gargalos tornou-se ameaça a uma das principais ações governamentais para manter a economia brasileira aquecida. "Em 2012, a performance do PAC segue aquém do desejado: os investimentos caíram 24% no primeiro quadrimestre em relação ao quadrimestre anterior. Melhorar o ritmo do PAC será uma ferramenta importante e estratégica para alavancar o crescimento do país", avalia Arlindo Moura, que preside  a COB/CBIC e lidera o grupo de trabalho junto ao governo federal.

Arlindo Moura, da Comissão de Obras Públicas da CBIC: líder do grupo de trabalho que vai propor soluções ao governo federal.

Os esforços serão para destravar obras paralisadas nas áreas de transporte, saneamento, mobilidade urbana e energia. "Boa parte destes projetos encontram problemas na execução de seus contratos, fato que em boa medida explica o ritmo não adequado de vários empreendimentos", afirma Arlindo Moura, que completa: "A demora na licitação, a falta de projetos completos e as reprogramações junto à Caixa Econômica Federal são fatores que consomem de oito a dez meses no prazo para a ordem de início das obras." Por isso, segundo dados da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) dos R$ 125 bilhões empenhados para o PAC, entre 2007 e 2011, apenas R$ 86,7 bilhões foram efetivamente gastos no período.

Entre as obras que serão priorizadas pelo grupo de trabalho junto ao governo federal estão as ferrovias Transnordestina e Norte-Sul, a refinaria Premium I do Maranhão, a transposição do rio São Francisco e a usina hidrelétrica Belo Monte, bem como os atrasos registrados nas obras de saneamento. De acordo com números mostrados no 84º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção) com dados levantados pela ONG Trata Brasil, em maio de 2012, das 114 obras de saneamento contratadas em cidades com mais de 500 mil habitantes, apenas 7% estavam concluídas e 60% apareciam como atrasadas, paralisadas ou não iniciadas. "Para a COP/CBIC todas as obras do PAC são relevantes. Sobretudo, num país como o nosso em que são evidentes as carências em praticamente todas as áreas da infraestrutura social", enfatiza Arlindo Moura.

Estima-se que o grupo de trabalho instalado pela COB/CBIC e o Ministério do Planejamento inicie os estudos no segundo semestre de 2012, podendo concluí-los até abril de 2013. A expectativa é que ele indique que as parcerias  público-privadas sejam a melhor solução para algumas obras travadas do PAC. "Não há recursos públicos suficientes para atender nossa demanda em infraestrutura. Diante disso, o poder público deve criar as condições mais atrativas e seguras para poder contar com a parceria do capital privado", cita Arlindo Moura, ressaltando que o PAC é prioritário para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. "Mas para que tais investimentos ocorram dentro do ritmo e da qualidade esperados, a administração pública precisa voltar-se para um melhor planejamento, melhorar a sua gestão, exigir projetos de qualidade e também substituir a cultura do menor preço pela valorização do melhor preço", conclui.

Entrevistado
Arlindo Moura, presidente da Comissão de Obras Públicas da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Currículo
- Graduado em engenharia mecânica pela Escola de Engenharia Mauá do Instituto Mauá de Tecnologia (1970)
- Presidiu a Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) durante o período de 2001 a 2009
- Foi conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi - 1981/1985)
- É vice-presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo (2011/2013)
- Atua na presidência da Comissão de Obras Públicas (COP) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2003
- É diretor da empresa Planova Planejamento e Construções S/A, que atua nas áreas de Edificações, Saneamento, Pavimentação, Energia e de Concessões Rodoviárias
Contato: cbic@cbic.org.brCréditos
foto: Divulgação/CBIC
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Burocracia atrapalha boas práticas de engenharia

Legislação faz com que construtoras invistam mais em seus departamentos jurídicos do que na área técnica, alerta setor da construção civil

Por: Altair Santos

A tradição da engenharia civil brasileira, de construir obras púbicas reconhecidas internacionalmente, como Brasília, Itaipu e a ponte Rio-Niterói, está ameaçada. O motivo: as exigências impostas às construtoras do país quando elas se envolvem com empreendimentos que têm origem no poder público. O tempo e a energia dispensados aos trâmites burocráticos têm comprometido as boas práticas de engenharia. Chega até a existir um consenso entre as empresas de que, atualmente, para se ganhar licitações, vale mais a atuação dos departamentos comerciais e jurídicos do que das áreas técnicas propriamente dita.

Ministra do Planejamento, Miriam Belchior: governo ouviu apelos do setor no seminário "Os Novos Paradigmas da Engenharia Brasileira".

Essa é a síntese do discurso do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão no seminário "Os Novos Paradigmas da Engenharia Brasileira", ocorrido em julho de 2012, em Brasília. O evento teve a participação dos principais agentes da construção civil brasileira. Houve uma cobrança ativa para que o governo federal resolva os gargalos que atrapalham as obras de infraestrutura no país e impedem a engenharia de exercer sua função primordial, que é construir. "Precisamos de um melhor ambiente de negócios. Esses gargalos representam um prejuízo que custa ao Brasil mais de 80 bilhões de dólares, por ano, segundo estudo da Fundação Dom Cabral. Isso equivale a 4% do Produto Interno Bruto brasileiro", destacou Safady.

Organismos como CBIC e ANEOR (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias) defendem que os processos de licitações precisam ser revistos para estimular a inovação entre os construtores. Para o setor, o foco na melhor qualidade dos projetos, e não no preço, deveria ser o ponto de partida de qualquer processo licitatório. "As tabelas de custo deveriam ser referência e não teto de preços. Nesse contexto, seria fundamental que as novas técnicas e processos construtivos fossem analisados dentro de uma visão muito mais ampla, que considerasse todos os benefícios que a inovação agrega para a sociedade, inclusive no aspecto da sustentabilidade", cita Paulo Safady Simão.

O governo não se mostrou refratário. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que participou do seminário, assumiu o compromisso de levar o apelo da construção civil ao Executivo e prometeu que, ainda em 2012, serão lançadas novas concessões na área de infraestrutura, para obras voltadas às rodovias, ferrovias e aeroportos. "A parceria com o setor privado é uma parceria importante na realização dessa estratégia”, disse, sinalizando que as parcerias público-privadas tendem a ser fortalecidas a partir de agora.

Defesa da lei 8.666

Mesmo com o discurso otimista da ministra, o setor mostrou preocupação com o novo modelo de licitações que o governo pretende imprimir, através do Regime Diferenciado de Contratação (RDC). O sistema foi criado para resolver problemas de urgência na execução das obras da Copa, mas passou a ser adotado em algumas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). "A medida pode ser um grande equívoco. É uma legislação que substitui a lei 8.666, que regula as licitações, e que só precisa de algumas mudanças de aperfeiçoamento. A RDC exclui 90% das pequenas e médias construtoras do mercado. De um total de 500 construtoras, só dez podem se beneficiar dessa nova legislação", alerta José Alberto Pereira Ribeiro, presidente da ANEOR.

A preocupação dos organismos ligados à construção civil é que a dificuldade de acesso às obras públicas inviabilize a aplicação de novas tecnologias no setor. "Se a indústria da construção não tiver condições de investir em tecnologia, capacitação e inovação não conseguiremos responder aos desafios do país. Isso representa um enorme desestímulo ao setor. Se não rompermos com essa lógica, não alcançaremos o estágio de evolução de outros países. Vamos continuar construindo empreendimentos da mesma forma de sempre, sem incorporar novas tecnologias e gerando prejuízo ao erário público em médio ou longo prazos,  além de ficarmos sem condições de voltar a praticar o que fazemos melhor: engenharia", completou o presidente da CBIC.

Entrevistados
- Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
- José Alberto Pereira Ribeiro, presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (ANEOR)
Currículos

- Paulo Safady Simão é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1971
- Especializou-se em Administração de Empresas na Fundação João Pinheiro, em conjunto com a Graduate School of Business da Columbia University de New York
- Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (SindusCon-MG) no período de 1986 a 1992
- Vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) de 1989 a 1995
- Preside a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) desde 2003
- Também integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)
- É vice-presidente da Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC) e da Confederação das Associações Internacionais de Empreiteiras de Construção (CICA)
- Ocupa o cargo de diretor-presidente da Wady Simão-Construções e Incorporações LTDA
- José Alberto Pereira Ribeiro é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- É presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (ANOER) há 18 anos
- É vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e membro do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria e do Conselho Consultivo da Presidência da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo)
- Também preside a Sulbras Construtora
Contatos:  www.cbic.org.br / jornalista@cbic.org.br aneor@aneor.org.br

Créditos foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

SENAI inaugura escola só para a construção civil

Iniciativa surgiu no Rio de Janeiro e pode se propagar por todo o país. Preocupação é adequar mão de obra às inovações do setor 

Por: Altair Santos

A demanda por mão de obra na construção civil levou o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) a lançar um projeto exclusivo para o setor. Desde o começo do segundo semestre de 2012, entrou em funcionamento, na zona portuária do Rio de Janeiro, a primeira escola voltada exclusivamente para a qualificação de jovens que queiram atuar profissionalmente em canteiros de obras. 

Nova unidade inaugurada no Rio de Janeiro conta com seis laboratórios.

A nova unidade é um projeto-piloto que, se bem sucedido, pode ser estendido para outros estados. Com seis laboratórios-oficinas, que ocupam uma área de dois mil metros quadrados, a escola do SENAI tem capacidade de atender 2.500 estudantes por ano. Os cursos oferecidos são os seguintes: pedreiro de alvenaria, pedreiro de alvenaria estrutural, pedreiro de revestimento em argamassa, aplicador de revestimento cerâmico, pedreiro de concreto, armador de ferro, carpinteiro de obras, pintor predial e montador de divisória em drywall. 

Além do apoio da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) a escola também conta com as parcerias do SindusCon-RJ, da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e da Bloco Brasil (Associação Brasileira da Indústria de Bloco de Concreto). "Essas parcerias reforçam a qualidades dos cursos, pois permitem aos alunos assistir palestras ministradas por entidades técnicas, fabricantes e construtoras no decorrer do curso", explica o supervisor técnico de construção civil do SENAI-RJ, Roberto da Cunha. 

Uma das preocupações do SENAI ao lançar a nova escola foi equipá-la adequadamente para que ela possa formar profissionais conectados com as tecnologias atualmente aplicadas na construção civil. "A necessidade de produção em escala obriga o setor a investir em mecanização e industrialização, bem como em gestão, projeto, planejamento e logística. O SENAI acompanha essa necessidade da indústria em seus programas de qualificação profissional", ressalta Roberto Cunha. 

Mesmo com capacidade de formar 2.500 novos profissionais por ano, a escola do SENAI servirá apenas como paliativo para a demanda de mão de obra na construção civil do Rio de Janeiro. Estima-se que, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (CAGED) nos próximos dois anos o mercado formal no estado vai precisar de 3.900 trabalhadores por mês. 

Além de eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, a indústria da construção civil do Rio de Janeiro também será desafiada a atender atividades econômicas como petróleo e gás, saneamento básico, mercado imobiliário e infraestrutura. "Na escola, vamos procurar formar novos profissionais para atender todos esses segmentos", afirma o supervisor técnico de construção civil do SENAI-RJ. 

Entrevistado
Roberto da Cunha, supervisor técnico de construção civil do SENAI-RJ
Currículo
Graduado em engenharia civil, com mestrado em arquitetura e urbanismo
Contato:  rcunha@firjan.org.br / imprensa@firjan.org.br

Créditos foto:  Antônio Batalha/Firjan

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Saneamento oferece oportunidades ao setor privado

Para Abdib, poder público precisa se abrir a parcerias para universalizar a distribuição de água e esgoto no Brasil 
Por: Altair Santos

Considerado um dos principais gargalos da infraestrutura nacional, o  setor de saneamento básico enfrenta um dilema. Ao mesmo tempo que o governo federal projeta universalizá-lo em 15 anos, há falta de recursos para tal. O alcance da meta exige que sejam investidos R$ 20 bilhões por ano, quando o máximo de recursos disponibilizados pelo poder público é de R$ 7,5 bilhões. Para complementar esse investimento, o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, sugere que empreendimentos voltados ao saneamento básico sejam compartilhados com a iniciativa privada. 

Paulo Godoy, presidente da Abdib: universalização requer investimento de R$ 20 bilhões por ano.

 

Segundo ele, só assim o país conseguirá atingir o objetivo da universalização. Godoy destaca ainda que trata-se de uma questão de vontade política, já que existe uma legislação para balizar investimentos privados no saneamento básico. "A lei 11.445/2007, que ficou conhecida como o marco regulatório do setor, tenta incentivar os municípios a buscarem a universalização a partir de diversos mecanismos já existentes de financiamento e investimento. Então, cabe às cidades decidirem o modelo de investimento", destaca o presidente da Abdib. 

Paulo Godoy realça que as empresas privadas têm amplo interesse em investir em saneamento básico e prospectam, junto às prefeituras, negócios nesse sentido. Até por que, a lei 11.445/2007 estabeleceu um prazo para que os municípios elaborem um plano básico de saneamento, descrevendo a situação do atendimento local, as metas para oferecer o serviço para 100% da população, os investimentos necessários e as fontes de financiamento existentes. O limite vai até 31 de dezembro de 2013. "Vive-se um período de transição para o saneamento no país e o setor privado prospecta o mercado para conquistar novos contratos", afirma Godoy. 

Para o presidente da Abdib, só o poder público não conseguirá universalizar o saneamento básico no Brasil. O problema, de acordo com ele, é que muitas cidades não contam com equipes técnicas para elaborar projetos e executar os investimentos. "O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ofereceu R$ 40 bilhões mediante a apresentação de projetos bem estruturados, mas, no geral, os recursos não conseguiram ser plenamente utilizados. Só cidades com parcerias público-privadas conseguiram se beneficiar dos recursos", lembra Paulo Godoy.  

A Abdib entende ainda que a adoção de novos modelos de gestão na área do saneamento básico gera uma série de incentivos à cadeia produtiva da construção civil.  A associação se ampara nos números da pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, publicada há dois anos pela Fundação Getúlio Vargas, a qual mostra que a indústria de artefatos de cimento poderá ganhar um incremento mínimo de 35% na produção. Além disso, estima-se que possa ocorrer uma valorização de 18% no valor dos imóveis com a universalização da rede de esgoto. "Estamos falando de um setor com amplas oportunidades e com enorme potencial", finaliza Paulo Godoy. 

Entrevistado
Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)
Currículo
- Graduado em administração de empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie (1976), com diversos cursos de especialização no Brasil e no exterior
- Há muitos anos participa em entidades de classe. Entre elas, Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), Fórum Nacional da Construção Pesada, Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (APEOP) e Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), da qual é presidente desde 2004
Contato: pgodoy@abdib.org.br / jcasadei@abdib.org.br (assessoria de imprensa) 

Créditos foto: Divulgação/Abdib 

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Minas Gerais investe R$ 1,4 bi em grandes obras

Estádios, mobilidade urbana, aeroporto na Zona da Mata e habitações monopolizam os recursos do estado em infraestrutura

Por: Altair Santos

Minas Gerais canaliza boa parte de seus recursos em cinco obras que estão em pleno andamento. A principal delas é a reforma do estádio Mineirão, em Belo Horizonte, que sediará jogos da Copa do Mundo de 2014. Orçado em R$ 660 milhões, o empreendimento é o de maior valor entre os que mexem com a infraestrutura do estado. Também é o que consumirá a maior quantidade de concreto: 23.186 m³.

Estádio Mineirão: obra para a Copa do Mundo vai custar R$ 660 milhões.

Somadas todas as principais obras, o orçamento de Minas Gerais para concretizá-las chega a R$ 1,4 bilhão. Se o Mineirão é o principal empreendimento sob o ponto de vista turístico e de negócios, olhando sob o ângulo social a requalificação urbana e ambiental do Ribeirão Arrudas é a de maior relevância para o estado. Ela engloba obras de saneamento básico, recuperação ambiental, mobilidade e reassentamento de famílias na região metropolitana de Belo Horizonte.

Com a construção de 672 apartamentos para realocar moradores de uma área degradada de Contagem, o governo de Minas Gerais consolida o processo de desapropriação urbana para permitir a extensão da avenida Tereza Cristina em 2,7 quilômetros e a reurbanização da avenida Antônio Carlos. O objetivo é rearticular o sistema viário, desafogando a avenida Tito Fulgêncio, importante via de ligação com o Vetor Oeste de Belo Horizonte.

Segundo o secretário de transportes de Minas Gerais, Carlos Melles, essa obra de requalificação urbana e ambiental do Ribeirão Arrudas conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no ano passado foi classificada entre as 20 mais bem administradas com recursos do PAC, destacando-se em duas categorias: melhor prática em gestão local e trabalho social no PAC.

Na avaliação do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot) as obras do estado "englobam um grande volume de recursos e, por sua complexidade, capacitam a mão de obra e geram mais emprego e mais qualidade de vida para milhares de pessoas na capital". Estima-se que, diretamente, as principais obras de Minas Gerais gerem seis mil empregos na construção civil.

Recursos destinados às principais obras de MG:

Estádio Mineirão: R$ 660 milhões
Estádio Independência (já concluído): R$ 148 milhões
Aeroporto da Zona da Mata: R$ 91,7 milhões
Requalificação do Arrudas: R$ 258 milhões
Avenida Antônio Carlos: R$ 250 milhões

Entrevistado
Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais
Contato:
sec@transportes.mg.gov.br

Crédito: Divulgação/Secopa MG

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

MCMV inspira programas semelhantes em outros países

Venezuela, Argentina e Bolívia lançam projetos para combater déficit habitacional e seguem modelo do Minha Casa, Minha Vida
Por: Altair Santos

O ataque ao déficit habitacional promovido pelo governo brasileiro, através do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMC) estimula outros países a adotarem políticas semelhantes.  Argentina, Venezuela e Bolívia são os vizinhos sul-americanos que já desenvolveram modelos semelhantes de construção de moradias populares, mas o projeto pode se estender a outros continentes. A agência da Organização das Nações Unidas para Habitação (ONU-Habitat) visitou recentemente o Brasil para documentar práticas relacionadas ao programa.

Argentina lançou o PRO.CRE.AR para combater déficit de 2,5 milhões de moradias.

A ONU-Habitat coleta informações para, até 2016, publicar uma cartilha que sirva de instrumento para combater mundialmente o déficit habitacional. O que chamou a atenção da agência é que o Brasil achou um modelo de governança, com o poder público estabelecendo parceria com o setor privado e dinamizando a construção civil no país. “Essa flexibilidade não é usual em programas tão grandes e que envolvem tantos atores”, afirmou o representante da ONU-Habitat, Erik Vittrup.

Uma característica do MCMV é que, ao ser lançado em 2009, no auge da crise econômica desencadeada nos Estados Unidos, ele estimulou a economia interna. É o que a Argentina pretende com o Programa de Créditos Argentina Bicentenário (PRO.CRE.AR, em espanhol). O governo do país vizinho pretende construir 400 mil novas residências e gerar 100 mil postos de trabalho. No PRO.CRE.AR, como no Minha Casa, Minha Vida, a iniciativa privada pode participar do projeto, só que o governo argentino é quem determina em quais terrenos haverá obras. Foram designados 1.820 hectares de terras nas 23 províncias.

Na Argentina, onde o déficit habitacional é de 2,5 milhões de casas, estima-se que o PRO.CRE.AR vai beneficiar mais a classe média, como também ocorreu com a primeira etapa do Minha Casa, Minha Vida. Esse deve ser também o destino do programa Moradia Social, da Bolívia. O plano começou priorizando as habitações de interesse social, mas gerou desinteresse da iniciativa privada. O projeto foi revisado e haverá a construção de edifícios para atingir classes sociais que possam honrar com os financiamentos.

Na Venezuela, o programa "Gran Misión Vivienda" quer entregar 50 mil habitações até o final de 2012.

No entanto, nenhum plano habitacional inspirado no Minha Casa, Minha Vida segue tanto as características do brasileiro quanto o venezuelano "Gran Missión Vivienda". Lançado no começo de 2012, o objetivo inicial é construir 350 mil habitações em um ano. Já a meta final é zerar o déficit habitacional no país até 2018. Por isso, serão investidos US$ 16,3 bilhões (R$ 32,2 bilhões) nos próximos seis anos, para viabilizar três milhões de moradias.  O governo da Venezuela enviou uma comitiva ao Brasil para entender como a Caixa Econômica Federal operacionaliza o MCMV. Além disso, um bom número de agentes do setor imobiliário já atua na construção civil venezuelana.

Mas as referências do Minha Casa, Minha Vida não devem se limitar à América Latina. Países africanos e até o Japão programam visitas à Caixa Econômica Federal para estudar como o banco viabiliza os financiamentos para o programa. No caso japonês, o objetivo é implantar um projeto de habitação subsidiada para as regiões atingidas pelo tsunami de 2011.

Entrevistado
Assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal
Contato:
imprensa@caixa.gov.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Brasil precisa superar distorções dos cursos de MBA

Há poucas escolas no país que seguem as normas internacionais da Association of MBAs (AMBA). Isso limita a 25 os cursos acreditados

Por: Altair Santos

No Brasil, o conceito MBA (Master of Business Administration) está mal aplicado. O motivo é a falta de regulamentação por parte do Ministério da Educação (MEC). Com isso, segundo especialistas, há muitos cursos no país usando a sigla, mas sem corresponder às normas da Association of MBAs (AMBA) - organismo internacional que controla e faz a acreditação dos cursos mundo afora. "No exterior, seja nos Estados Unidos ou na Europa, o MBA é um programa de formação amplo para executivos. É encarado como um curso superior ao mestrado, com um foco profissional forte. Já, no Brasil, é visto como uma especialização relativamente simples", avalia o professor-doutor James Terence Wright, coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Armando Dal Colletto, da ANAMBA: “Muitas instituições mantêm seus cursos de MBA às custas de liminares".

Essas distorções levaram a presidente da AMBA, Sharon Bamford, a visitar recentemente o Brasil. Ela destacou o potencial do país para crescer nessa área, mas alertou que é preciso seguir as normas internacionais. Hoje, no Brasil, há 25 cursos acreditados pela AMBA e também pela ANAMBA (Associação Nacional de MBA). As escolas credenciadas são: Fundação Instituto de Administração (FIA), Ibmec, Fundação Dom Cabral, FGV (Fundação Getúlio Vargas), Insper (Instituto de Pesquisa e Ensino), BSP (Business School São Paulo da Universidade Anhembi Morumbi), FECAP (Fundação Escola de Comércio Alvarez Penteado), KATZ (Graduate School of Business - University of Pittsburgh) de São Paulo e Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EA/UFRGS).

Para os cursos de MBA no Brasil, o MEC impõe regras semelhantes aos de pós-graduação. Exige carga horária de 360 horas e corpo docente em que apenas 50% deve ser de mestres e doutores. Já, pelos padrões internacionais, os cursos de MBA exigem mais de 500 horas e corpo docente formado somente por professores-doutores. "O que se faz aqui é muito inferior ao padrão internacional de um curso MBA" realça James Terence Wright. "Algumas instituições no Brasil não têm isso, mas mantêm seus cursos de MBA às custas de liminares. Só as acreditadas têm o perfil dos professores com as devidas titulações e experiência reconhecida, assim como o perfil dos alunos", completa o  diretor-executivo da ANAMBA, Armando Dal Colletto.

Falta MBA para engenheiros

James Terence Wright: Brasil precisa seguir padrões internacionais.

Apesar de conceder acreditação aos cursos de MBA, a ANAMBA não tem como vetar o funcionamento de um curso. "Nossa atuação é como órgão independente de qualidade, que emite seu aval para aqueles cursos que se submetem a essa auditoria e são aprovados. O mercado, pouco a pouco, reconhece esse valor e passa a se beneficiar disso na hora da escolha de um curso de MBA", diz Armando Dal Colletto, que alerta que entre os países dos BRICS o Brasil começa a ficar atrás de Índia e China na formação de profissionais com MBA. "China e a Índia estão avançando internacionalmente e os governos destes países têm adotado padrões internacionais de exigência, o que não acontece no Brasil. Por isso, corremos o risco de ficar para trás, apesar de termos começado bem antes destes países a credenciar cursos de MBA."

Segundo o professor-doutor James Terence Wright, o que também falta aos cursos de MBA no Brasil é uma diversificação maior. Boa parte deles são voltados aos negócios. "Não há, por exemplo, um curso específico para engenheiros civis. Eu fiz o meu nos Estados Unidos e a FIA está preparando um para lançar especificamente para essa categoria profissional", destaca, lembrando ainda que faltam professores com doutorado para os cursos de MBA. "Nos grandes centros nem tanto, mas em outras regiões do país o que se ouve é que as escolas indicam que existe dificuldade para ter professores com qualificação de doutores e experiência prática nas empresas, o que é algo característico dos MBAs, onde não basta ter o título. Tem que ter vivência prática nas empresas para dar aula", finaliza.

Entrevistados
Professor-doutor James Terence Wright, coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA (Fundação Instituto de Administração)
Armando Dal Colletto, diretor-executivo da Associação Nacional de MBA (Anamba)

Currículos
- James Terence Wright é graduado em engenharia civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1975)
- É mestre em Engineering Management pela Vanderbilt University, EUA (1977) e doutor em Administração pela USP (1990)
- Também é professor da FEA-USP e conferencista em Universidades como City University (Reino Unido), MIT, Wharton, Illinois, Vanderbilt, Fordham, EM Lyon e outras
- Coordenador do MBA Executivo Internacional da FIA, desde 1993
- Pesquisador em previsão de tecnologia, estratégia e processos, com diversas publicações no Brasil e no exterior

- Armando Dal Colletto é engenheiro metalurgista pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado pela EAESP/FGV e detentor de cursos de aperfeiçoamento pelo MIT e pelo INSEAD
- Atuou em empresas nacionais, multinacionais e de economia mista como IBM, Banco Safra, Editora Abril, Círculo do Livro e Sabesp
- Na área de consultoria atuou na GV-Consult e na Geografia de Mercado, onde dirigiu projetos em empresas como Chrysler, Accor, AGF, Net, TV Cidade e Avon
- Foi professor da EAESP/FGV e do IBMEC em programas de graduação, especialização e de MBA.
- Foi professor e Diretor Acadêmico da FASP (Faculdades Associadas de São Paulo) e conselheiro do ITS (Instituto de Tecnologia de Software) e do ITSM fórum. Desde 1998 é professor de Tecnologia da Informação da BSP – Business School São Paulo
- Em 2010, tornou-se membro eleito do Conselho Diretor do Executive MBA Council e Diretor-Executivo da ANAMBA

Contatos: jamest@fia.com.br / adm@anamba.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Material de construção ganha certificado nacional

Fundação Vanzolini lança o selo RGMat, para atender demanda do mercado e impulsionar as construções sustentáveis no país

Por: Altair Santos

Responsável pela certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) no Brasil, a Fundação Vanzolini passa a fornecer agora o primeiro certificado de sustentabilidade para materiais de construção do país. Com o selo RGMat, o objetivo é atender uma demanda do próprio mercado, que busca reposicionar seus produtos sobre os critérios de construção sustentável. "Hoje, o consumidor leva muito em conta se o material, além de conformidade e durabilidade, tem baixo impacto ambiental e adequação ao conforto e à saúde das pessoas. São esses os aspectos primordiais levados em conta para a concessão do selo RGMat", explica o diretor de certificação da Fundação Vanzolini, Manuel Carlos Reis Martins.

Manuel Carlos Reis Martins: dois anos para elaborar o RGMat.

As normas do RGMat foram elaboradas em dois anos. O selo entrou em vigor em março de 2012 e passou por estudos e definições de critérios, como Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Neste caso, o produto só poderá requerer a certificação se preencher requisitos desde a extração mineral de matérias primas, passando por produção, transporte, montagem, utilização, manutenção e capacidade de reuso ou reciclagem. O RGMat segue parâmetros da ABNT NBR ISO 14024, que estabelece princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental. "O selo segue todas as normas internacionais e nacionais referentes à construção sustentável", afirma o diretor da Fundação Vanzolini.

As principais referências para o RGMat foram sistemas de declarações ambientais para produtos da França (Inies) e da Alemanha (Institut Bauen und Umwelt e V.) que são específicos para produtos da construção civil. Outros sistemas também serviram de modelo, tais como o sueco (The International EPD system Sweden), o chinês (Environmental Certification Center of China State Environmental Protection China) e o japonês (JEMAI). A elaboração do selo contou também com o auxílio de softwares criados especificamente para a construção sustentável, como o BEES (Building for Environmental and Economic Sustainability) desenvolvido pelo NIST (National Institute of Standards and Technology).

Para os fabricantes interessados em requisitar o RGMat, a Fundação Vanzolini leva de 60 a 90 dias para a análise inicial e a elaboração das regras da categoria do produto, desde que nenhum similar dele já não tenha sido avaliado. Para conseguir o selo, o material de construção precisa comprovar sua avaliação do ciclo de vida e ter uma declaração ambiental. Em seguida, a Fundação Vanzolini verifica a declaração e, se ela atender aos critérios, emite o certificado e autoriza o uso da marca RGMat no produto em um prazo de 30 dias. "O selo pode ser impresso no produto ou na embalagem, bem como ser exibido nos pontos de venda e em todo material de divulgação. Além disso, a declaração ambiental de produto será incluída numa base de dados de livre acesso, podendo ser consultada por projetistas e consumidores que buscam o menor impacto ambiental em construções e reformas”, completa Manuel Carlos Reis Martins.

Saiba mais sobre o RGMat: Clique aqui

Qual o procedimento para requisitar o selo? Saiba mais

Entrevistado
Manuel Carlos Reis Martins, diretor de certificação da Fundação Vanzolini
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1969)
- Possui mestrado e doutorado em fundações de plataformas pelo Imperial College London (1980)
- Já ocupou os cargos de diretor de engenharia civil e coordenador do programa de qualidade do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)
- Foi diretor de certificação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
- Desde 1996 está na Fundação Vanzolini, como diretor de certificação
Contato: manuel.martins@vanzolinicert.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330