Formas para concretagem ganham um aliado: o papelão
Equipamento, apesar de mais caro que concorrentes de madeira e metal, gera ganhos ambientais no canteiro de obras e economia com mão de obra
Por: Altair Santos
Tubos de papelão, impermeabilizados internamente e externamente, estão ganhando mercado junto às construtoras quando há necessidade de formas para concretagem. O aspecto positivo é que os equipamentos já vêm prontos, dispensando a montagem, como ocorre com as formas de madeira ou metálicas. “Nosso produto não requer o uso de desmoldantes e é entregue na medida para o cliente, evitando desperdício. Além disso, o material é leve, o que facilita o manuseio na obra, assim como o transporte”, explica Ana Luiza Lapa, gerente comercial da Dimibu, que detém a tecnologia das formas de papelão.

Versáteis, os tubos permitem várias aplicações. Entre elas, moldes para colunas de diversos formatos, execução de tetos abobadados, formação de peças pré-moldadas, forma perdida para tabuleiro de pontes, enchimento de rebaixos de lajes, formas para luminárias embutidas em lajes, execução de vãos e balanços elevados, além de formação de vazios maiores, com finalidade decorativa em lajes tipo grelha, e eliminação de rebaixos na passagem de canalização hidráulica. “Outra vantagem é que as formas podem receber qualquer tipo de concreto, desde os convencionais até os autoadensáveis”, reforça a representante da Dimibu.
Tanto obras imobiliárias quanto empreendimentos ligados à infraestrutura têm usado formas de papelão. “Atendemos desde construção de casas até viadutos e pontilhões”, cita Ana Luiza Lapa, elencando as principais construções em que a tecnologia foi usada recentemente: Biblioteca Brasiliana, estádio Maracanã, Centro Administrativo do DF, edifício Infinity, Parque Olímpico do Rio de Janeiro, Centro Paraolímpico de Treinamento, Shopping Cidade Jardim e WTorre Morumbi. “Entre estes clientes, concretamos colunas a partir de 8,50 metros. No entanto, em alguns casos, emendando as formas, tivemos concretagem de pilares livres com 25 metros de altura”, realça.

Construção sustentável
As formas de papelão permitem executar pilares de diferentes formatos: quadrados, retangulares, hexagonais e outros recortes específicos, além dos tradicionais cilíndricos. O equipamento também ganhou a simpatia dos certificadores de construção sustentável. “Após o uso, as formas podem ser redirecionadas às centrais de reciclagem. Sendo assim, a cadeia produtiva se fecha e a obra não fica com um volume de resíduos prejudiciais ao meio ambiente”, destaca Ana Luiza Lapa, completando que a condição ambientalmente correta do produto compensa o custo das formas de papelão, que são mais caras que as de madeira.
Para a representante da Dimibu, no custo final da obra o valor se dilui. “As formas de papelão possuem um valor mais caro que as formas de madeira. No entanto, é preciso quantificar os gastos com mão de obra e acabamento que as formas de madeira exigem. Além da questão ambiental, a madeira é um insumo muito agressivo e exige um descarte correto. Já o papelão é feito com papel reciclado e depois de utilizado pode retornar à cadeia. Em relação às formas de alumínio, o custo unitário da forma de papelão é superior, mas ela gera economia de tempo, pois são entregues no comprimento do pilar, ou seja, não é preciso montá-las, passar desmoldantes e esperar a cura do concreto para retirar a forma. Além disso, é infinitamente mais leve, economizando custo com caminhões-munck e guindastes”, finaliza.
Entrevistado
Ana Luiza Lapa, graduada em administração de empresas pela FEA-USP e gerente comercial da Dimibu
Contatos
dimibu@dimibu.com.br
www.dimibu.com.br
Crédito fotos: Divulgação/Dimibu
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Laboratório da Rio Bonito busca acreditação do Inmetro
Meta é prestar serviços de gestão de resíduos e análises laboratoriais para outros parceiros, além da Cia. de Cimento Itambé
Por: Altair Santos
Inaugurada em 19 de agosto de 2013, a Rio Bonito Soluções em Coprocessamento prepara-se para levar sua expertise para outros parceiros. Hoje, a empresa presta serviço exclusivamente à Cia. de Cimento Itambé, mas adquiriu know-how para expandir os conhecimentos adquiridos nas áreas de gestão de resíduos, licenciamento ambiental e análises laboratoriais de materiais com potencial para serem coprocessados. Por isso, uma das prioridades da Rio Bonito é buscar certificação do Inmetro para oferecer esses serviços ao mercado. “A acreditação nos dará a possibilidade de ofertar serviço nesta área e expandir nossos negócios”, avalia Alcione Rezende, superintendente industrial da Itambé.

Com uma equipe formada por 84 colaboradores, a Rio Bonito agrega todo o conhecimento adquirido ao longo de quase 22 anos pela cimenteira, na área de coprocessamento. Em 1993, a Cia. de Cimento Itambé foi pioneira no aproveitamento de resíduos industriais em fornos rotativos. Ao longo destas mais de duas décadas, qualificou profissionais nas tecnologias de coprocessar e de produzir combustíveis alternativos certificados para serem usados em fornos rotativos. “O que é um combustível certificado? É um combustível que tem características físicas e químicas controladas e adequadas para substituir o combustível principal, que no caso da indústria de cimento no momento, é o coque de petróleo”, explica Alcione Rezende.
Empresas com o perfil da Rio Bonito são fundamentais para a cadeia produtiva industrial, pois detêm o conhecimento de aproveitar uma grande maioria dos resíduos gerados, através do coprocessamento, ao contrário de outras alternativas - como a incineração e os aterros. “Para a sociedade, o coprocessamento é o mais recomendado. Ele destrói resíduos sem gerar outros resíduos. Já para a indústria cimenteira, a tecnologia permite fabricar cimento sem afetar a qualidade do produto, pelo fato de estar recebendo resíduos industriais. É uma economia para todos”, diz o superintendente industrial da Cia. de Cimento Itambé.

Produtividade
Em 2014, a Rio Bonito e a Itambé coprocessaram 62,5 mil toneladas de resíduos industriais. Para 2015, em função da desaceleração econômica do país, a meta está em 64 mil toneladas. Isso resultará em uma economia de 17 mil toneladas/ano na importação de coque de petróleo.
Se o consumo de cimento estivesse em viés de alta no Brasil, a economia na importação de coque seria ainda maior. Atualmente, as linhas 2 e 3 da cimenteira têm capacidade instalada para coprocessar 90 mil toneladas/ano. “Quando a Itambé adquiriu a linha 3, que está operando desde maio de 2012, já o fez com essa finalidade: a de coprocessar um volume maior de resíduos industriais. Por isso temos condições de, até 2018, transformar as atuais 90 mil toneladas de capacidade instalada em 200 mil toneladas. Para isso, precisamos produzir clínquer. Para produzir clínquer, precisamos que haja consumo de cimento. Assim, precisamos que a economia se acelere um pouco”, lembra Alcione Rezende.

Além de buscar acreditação do Inmetro para seu laboratório, a Rio Bonito já começa a viabilizar outros objetivos. Um deles é investir na preparação de resíduos trituráveis (plástico e papel) como complemento e alternativa para os materiais pastosos (sobras de fabricação de tintas e vernizes e da indústria petroquímica, como exemplos). Outra meta é estar pronta para mudanças que tendem a ocorrer na Resolução Conama 264/99, que hoje regula o coprocessamento. Atualmente, a lei proíbe queimar resíduos de tratamento de efluentes domésticos, resíduos de agrotóxicos e resíduos de materiais radioativos. “Como já vêm ocorrendo no resto do mundo, em breve acreditamos que haverá mudanças nesta legislação, o que permitirá coprocessar resíduos de estações de tratamento de efluentes domésticos. Quando isso ocorrer, a Rio Bonito estará preparada para essa nova era no coprocessamento”, assegura o superintendente industrial da Itambé.
Entrevistado
Engenheiro químico Alcione Rezende, com especialização em segurança do trabalho, e superintendente industrial da Cia. de Cimento Itambé

Contato: rezende@cimentoitambe.com.br
Crédito fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Concreto de pós reativos rende prêmio à Unisinos
Universidade do Rio Grande do Sul é a primeira a desenvolver material para o mercado nacional. Fora do país, CPR está em várias obras
Por: Altair Santos
Na 20ª edição do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade, promovido em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance), vinculado à Unisinos-RS, conquistou uma das premiações com base em pesquisa sobre Concreto de pós reativos (CPR).

A partir do material, o ITT Performance conseguiu desenvolver estruturas de grande durabilidade, que podem ser aplicadas em construções militares, pontes e também em plataformas petrolíferas. O CPR surgiu nos anos 1990, na França, e passou a substituir o Concreto de Alto Desempenho (CAD) e, em algumas situações, até mesmo o aço. Suas especificações são bem superiores a de um concreto convencional.
O concreto convencional atinge em média valores na faixa de 60 MPa (600 kgf/cm²), enquanto o CAD atinge resistências entre 60 e 120 MPa (600 a 1.200 kgf/cm²). Já o CPR está numa faixa de resistência à compressão entre 180 MPa e 800 MPa (entre 2.000 kgf/cm² e 8.000 kgf/cm²). O concreto de pós reativos premiado pela CBIC conseguiu resistência à compressão de mais de 180 MPa e resistência à tração na flexão de 40 MPa, como explica o coordenador do ITT Performance, Bernardo Tutikian. Confira a entrevista:
A pesquisa envolveu quanto tempo e quantas pessoas do ITT Performance?
A pesquisa tem sido desenvolvida desde 2012, com a participação de alunos dos níveis de graduação, especialização e mestrado, em uma equipe, entre estudantes e profissionais, que envolve mais de dez pessoas. Além disso, é uma pesquisa aplicada, que foi desenvolvida dentro da Unisinos e levada ao mercado através da Indústria de Pré-fabricados Premold. Diretamente envolvidos na pesquisa estiveram Roberto Christ e Rafael Fávero, que desenvolveram mestrado em CPR no Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Unisinos; Fernanda Pacheco, Fabrício Bolina e Diego Schneider, que desenvolveram trabalhos em CPR em nível de especialização e graduação na Unisinos e ajudaram na execução da caixa na Premold; Newton Di Napoli, Carlos Zanetti e Luis Cavalieri, que desenvolveram a caixa de CPR pela Premold, e Luiz Carlos Pinto da Silva Filho e Maurício Mancio, que ajudaram a orientar muitos dos trabalhos citados.

No caso, foi desenvolvida alguma estrutura pelos pesquisadores e submetida a testes. Quais foram os resultados?
Ao longo do tempo, as pesquisas desenvolveram amostras para caracterização do material em relação a seu comportamento mecânico (resistência à tração e à compressão, tenacidade, módulo de elasticidade), comportamento durável (resistência do material à imersão em soluções ácidas, carbonatação, névoa salina, abrasão superficial) e aplicabilidade em indústria de pré-fabricado, viabilidade de substituição de parte do cimento por cinza volante, viabilidade do hibridismo de fibras metálicas e de polipropileno, entre outros. Os resultados destas pesquisas apontam o CPR como material consideravelmente superior aos concretos convencionais, com valores de resistência à compressão de mais de 180 MPa e resistência à tração na flexão de 40 MPa. Tudo isso, com consumos de cimentos menores de 300 kg/m3. Os ensaios de durabilidade apontaram o material como resistente à ação de ataques de agentes externos, apresentando níveis desprezíveis de carbonatação, corrosão das fibras metálicas ou outros danos. Quanto à viabilidade do hibridismo de fibras, aponta-se que a união de fibras metálicas e de polipropileno foi favorável para o comportamento do material. De modo prático, o material foi aplicado na indústria de pré-fabricados com a criação de um produto eficaz para unidades de tratamento de esgoto, mostrando o potencial de produção em grande escala. Esta última ação culminou no 1° lugar no Prêmio SindusCon-RS 2014 e no 3° lugar no Prêmio CBIC de Inovação de 2014.

Como se define concreto de pós reativos, que é o principal material usado na pesquisa?
O concreto de pós reativos é definido como um concreto de ultra-alto desempenho, no qual faz-se o uso de pós que se unem em uma matriz com compacidade ideal, sem o uso de agregados graúdos. Portanto, sem a zona de transição entre agregados e pasta. Tal material possui características mecânicas superiores aos concretos especiais e visam usos específicos, como em casos de grandes carregamentos, em grandes vãos, com pequenas espessuras e, principalmente, para ambientes com grande agressividade (gases, soluções ácidas, poluição, entre outros).
Os pós reativos se referem a agregados em pó. No caso, quais elementos são usados para produzir o concreto de pós reativos?
São utilizados o pó de quartzo, a sílica ativa e o cimento, podendo ser utilizados ainda outros materiais pozolânicos, como cinza volante.
O concreto de pós reativos é aplicado em quais tipos de obras?
Pode ser usado como caixa de passagem de líquidos extremamente agressivos e em plantas de petróleo. O principal fator é que o CPR é armado com fibras, ou seja, não há armaduras em seu interior para serem corroídas. No Canadá, ele é utilizado na construção de estações de esgoto, em virtude de sua alta densidade e baixa porosidade (interessante ao trabalhar-se com contaminantes agressivos). No museu Rainha Sofia, na Espanha, seu uso foi para que os pilares pudessem apresentar seção reduzida e melhor design. No Japão, foi empregado na construção de uma passarela com 50 metros de comprimento e apenas 5 centímetros de espessura, capaz de resistir aos ciclos de gelo e degelo do local. Dessa maneira, pode caracterizar-se que o uso de CPR ocorre em construções com fins específicos e rigorosos de suporte de cargas, reduzidas seções e durabilidade.

Qual o custo para se produzir concreto de pós reativos, comparado, por exemplo, com o concreto convencional?
É difícil fazer esta comparação, pois o CPR é armado com fibras, portanto, deve ser comparado ao custo da estrutura de concreto armado, e não apenas ao concreto. Também diminui muito as espessuras necessárias para resistir a carregamentos similares. Desta forma, deve-se comparar o custo da estrutura de CPR versus o custo da estrutura em concreto convencional. Fizemos isto na execução da caixa em CPR na Premold. Chegamos a um aumento de custo de cerca de 50% da caixa de CPR frente à de convencional. Mas não quantificamos economia de equipamentos de transporte e montagem, nem economias de reposição, pois a durabilidade desta caixa é até quatro vezes maior. Logo, terá menos custo de substituição da caixa ao longo da vida útil.
No Brasil, há obras que já utilizaram concreto pós reativos?
Desconheço a aplicação do CPR em obras em território nacional, em virtude da não existência de normativas acerca dos concretos de alta resistência e ultra-alto desempenho. Claro que há o caso da caixa na Premold, e com a mesma empresa estamos com projeto de aplicação do material em viaduto que está sendo construído no Rio Grande do Sul.
Quem inventou ou produziu concreto pós-reativo pela primeira vez?
O CPR foi desenvolvido pela união de três empresas: a Lafarge, fabricante de materiais de construção; Bouygues, contratante na engenharia civil, e a Rhodia, fabricante de materiais químicos. Foi produzido primeiramente na França e registrado como Ductal. O material teve seu início de desenvolvimento em 1990, por Pierre Richards, sócio da empresa Bouygues.
Entrevistado
Bernardo Tutikian, engenheiro civil, professor-doutor e pesquisador. Coordenador do ITT Performance da Unisinos-RS
Contatos
bftutikian@unisinos.br
ittperformance@unisinos.br
Crédito fotos: Divulgação/ITT Performance-Unisinos
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Três Gargantas supera definitivamente usina Itaipu
Plenamente em operação, maior hidrelétrica do mundo influencia até na rotação da Terra, tornando o planeta 0,06 microssegundos mais lento
Por: Altair Santos
O ano de 2014 terminou com a hidrelétrica de Três Gargantas, na China, tornando-se definitivamente a maior usina do mundo. Até 2013, Itaipu ainda detinha esse posto, pois produzia mais megawatts que a concorrente chinesa. No ano que acaba de terminar, Três Gargantas superou a hidrelétrica brasileira também em geração de energia. Com capacidade instalada de 22,5 mil MWh, em 12 meses a hidrelétrica chinesa gerou 98,8 milhões de megawatts (MW) contra 98,5 milhões de MW de Itaipu, cuja capacidade instalada é de 14 mil MWh.

Três Gargantas começou a ser construída em dezembro de 1992. Seu projeto cumpriu três propósitos: fornecer energia para 60 milhões de habitações chinesas, controlar as enchentes do rio Yang-Tsé e melhorar a navegação. A obra civil foi concluída em 2006, quando a hidrelétrica entrou em operação com 24 turbinas geradoras. Em dezembro de 2013 foi instalada a última das 32 turbinas previstas, fechando 100% do empreendimento. Por isso, foi possível estabelecer um novo recorde de produção de energia. Mais até do que o previsto inicialmente, que era 84,7 milhões de megawatts.
Durante os 21 anos em que esteve em obras, Três Gargantas consumiu 27,94 milhão m³ de concreto. Mais de duas vezes do que foi usado para construir Itaipu: 12,7 milhões de m³. Os números na casa dos milhões não param por aí quando se trata da hidrelétrica chinesa. A barragem com 175 metros de altura e dois quilômetros de extensão retém 22 bilhões de m³ de água. O volume retido pela represa equivale a 39 trilhões de quilos. O peso concentrado em uma única região do planeta levou a NASA a calcular que Três Gargantas alterou a rotação da Terra e fez o dia alongar em 0,06 microssegundos.

Nova Muralha da China
O reservatório de Três Gargantas tem uma extensão de 600 quilômetros e área de 1.084 km². O lago causou a inundação de 13 cidades chinesas e exigiu que 1,2 milhão de pessoas fossem deslocadas. A hidrelétrica chinesa usou seis usinas como referência para sua construção: Debdon, na Grã-Bretanha, construída em 1863; Mareges, na França, de 1935; Hoover, nos Estados Unidos, de 1936; Grand Coulee, também nos Estados Unidos, de 1941; Krasnoyarsk, na Rússia, de 1972, e Itaipu, que entrou em operação em 1984. “Estudamos os projetos mais ousados, em termos de construção de hidrelétricas, e construímos o maior projeto de engenharia da história recente da China”, diz Li Yong'an, gerente-geral da China Three Gorges Corporation (Companhia de Desenvolvimento do Projeto de Três Gargantas).
Com Três Gargantas, o rio Yang-Tsé tornou-se navegável para grandes embarcações. Navios com capacidade para transportar dez mil toneladas agora percorrem o trajeto entre Xangai, na costa Leste, e Chongqing, a dois mil quilômetros de distância. A China também reduziu sensivelmente a dependência de usinas de carvão e de petróleo e, através da China Three Gorges Corporation, assegura que a estrutura da usina suporta qualquer ataque terrorista e terremoto de até sete graus na escala Richter. “É a nossa nova Muralha da China”, garante Li Yong'na.
Entrevistado
Li Yong'an, gerente-geral da China Three Gorges Corporation (Companhia de Desenvolvimento do Projeto de Três Gargantas) (via site)
Contato: www.ctgpc.com
Crédito fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Para 20% da classe média, imóvel é prioridade em 2015
Pesquisa mostra consumidor atento aos movimentos da inflação e poupando dinheiro para concretizar sonho da casa própria
Por: Altair Santos
A Hibou, empresa especializada em monitoramento de mercado e consumo, divulgou pesquisa no final de 2014, onde apontava tendências para 2015. Realizado em cinco capitais (Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Brasília) o levantamento abrangeu desde expectativa de inflação até fidelidade a marcas, passando por mercado de trabalho e no setor imobiliário. Focado exclusivamente no comportamento da classe média, o estudo revela que 20% dos entrevistados priorizam a compra ou a troca de imóvel neste ano. Boa parte confidenciou que, para realizar esse sonho, está disposta a investir entre R$ 150 mil e R$ 500 mil. Para o coordenador da pesquisa, Marcelo Beccaro, isso demonstra busca de segurança, combinada com antecipação de compra para fugir de eventuais distorções econômicas. Confira a análise do especialista:

A pesquisa Hibou mostra uma classe média com os pés no chão para 2015. Mesmo assim, 20% dos entrevistados disseram que pretendem comprar um imóvel. Isso mostra a maturidade do consumidor?
Mostra que o brasileiro não desistiu. Imóvel é um permanente sonho de consumo. Seja primeira moradia, upgrade ou investimento, sempre existiu no brasileiro a intenção de comprar imóvel e ainda existirá por muitos anos. Para um país como o Brasil, é sinônimo de conquista. Já a segunda moradia é lazer e status associado a investimento. Deve-se lembrar que pretensão e realização são dois atos separados. Concretizar a compra depende de economia favorável, da aprovação de crédito e da oferta que venha de encontro à demanda.
Diante de um cenário com baixo crescimento, inflação e risco de desemprego, qual o perfil do consumidor de classe média que busca a compra de um imóvel?
Por experiência sabemos que não existe um único perfil consumidor para imóvel. Essa é uma compra que tem mais relação com o momento de vida do consumidor, e sua família, do que com um perfil específico. Se estivéssemos falando de "quem compra studio" ou "de quem compra apto de 56m², com dois quartos", existe sim perfis socioeconômicos razoavelmente bem definidos. O que vale ressaltar dentro da classe média é tipicamente uma compra pensada, voltada para a expansão da família. Seja sair da casa dos pais, criar um novo núcleo familiar ou a necessidade de outro quarto. No caso de um novo emprego ou promoção, a classe média não busca um upgrade de moradia sem necessidade, preferindo como segunda moradia uma casa de praia ou de campo. Nos anos recentes, temos visto a queda da segunda moradia em favor do primeiro imóvel para investimento (entre 7% e 14% das procuras) dentro da classe média.
Diante da incerteza econômica, o consumidor pode antecipar compras. Em vez de deixar para comprar um bem durável em 2016, comprar em 2015, mesmo não tendo todo o dinheiro?
Sim, dependendo da disponibilidade de crédito e da insegurança no governo, isso tem trazido de volta o medo da inflação. No Natal, foi possível ver lojas de varejo, e até incorporadoras, fazendo promoções que chamavam por "preços dos anos passados", mostrando que o desconto - que tem sido a grande arma da publicidade varejista nos últimos anos - mal consegue mitigar o aumento de preço do período.
Outro dado interessante da pesquisa é que 74% disseram que estão poupando dinheiro para comprar um bem durável. Isso também é um sinal positivo, correto?
Sim, e por dois motivos. Primeiro, por mostrar maturidade do consumidor, que está entendendo que juros de cartão de crédito, de empréstimo e de conta no vermelho saem mais caro que o produto. Segundo, por que mostra uma posição positiva em relação ao ciclo virtuoso de produção: poupança leva à compra, que leva à produção, que leva à contratação, que leva ao salário, que leva à poupança.
Houve a estratificação da pesquisa, ou seja, mostrando que em São Paulo há um percentual maior de interesse em comprar imóvel do que em Curitiba, por exemplo?
Não analisamos os dados separadamente, o objetivo foi entender o consumidor brasileiro por isso a seleção das 6 capitais que melhor refletem o cotidiano do Brasil. Para compra de imóveis não houve relevância percentual.
A pesquisa abrangeu Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Brasília. Mesmo assim, ela conseguiu refletir uma tendência nacional?
Sim. Estatisticamente, uma amostra aleatória e devidamente coletada consegue mostrar o panorama da população, dada sua significância e margem de erro. Considerando o quanto do consumo existe, e é puxado pelas capitais citadas, temos a maior parcela desta significância contemplada. E sendo estas cidades referência em comportamento do brasileiro para suas regiões, podemos ver a influência que a relação demanda-oferta nelas terá no restante do país.
Para a Hibou, qual dado da pesquisa chamou mais a atenção?
Os 41% dos brasileiros que pensam em atuar em outra área profissional, ou seja, que estão insatisfeitos com o seu momento de vida profissional. Eles querem buscar novos horizontes, mas o cenário do dia a dia não é compatível. Então, ele vai levando. Apenas 2% está efetivamente tentando mudar.
Pelo que a Hibou sentiu da pesquisa, quais setores da economia devem sentir mais a crise?
As primeiras marcas a sentir serão as afuniladas entre as multinacionais consolidadas com qualidade e preço e as populares de baixo custo. Isto porque, quando aumenta o preço, o que o consumidor faz é tentar manter seu padrão de vida, substituindo o produto de que gosta por similares de preço acessível. Por exemplo, poucos anos atrás vimos o suco pronto para beber substituindo o suco em pó na mesa do brasileiro. Esse upgrade será mantido enquanto possível, indo para faixas mais baratas de suco pronto para beber antes, de retornar ao suco em pó. Grosso modo, as grandes holdings são as capazes de ter tanto o menor custo produtivo quanto ter a maior qualidade aparente – isso consolidado em amplo gasto em comunicação. Já as empresas médias, e mesmo as grandes nacionais, acabam preenchendo esse espaço intermediário e, como é problema conhecido há décadas na indústria brasileira, sofrem com o peso dos custos altos, com a péssima malha logística e com o preço de insumos importados.
As marcas vão ter de se readequar para conquistar o consumidor? Caso sim, de que forma?
Isso já vem acontecendo mundialmente. O consumidor mudou, e cada vez a informação é uma arma. No Brasil, e em especial na situação econômica que passamos, marcas e agências já estão vendo que os olhos do consumidor mudaram. Paradoxalmente, o próprio consumidor brasileiro ainda não percebeu a dimensão do que deveria ser uma economia estável e funcional e nem se deu conta de todo seu potencial de consumo. Isso porque, ainda alimentamos hábitos passados e movimentos como tecnologia verde, custo-benefício real, aplicabilidade de impostos, vigilância de preço, entre outros, tratados no Brasil como modismos. Só incorporamos no consumo o que foi necessidade até hoje: como reciclagem e direitos do consumidor. Os dois lados do consumo, tanto oferta quanto demanda, ainda estão se readequando para o século 21.
Qual a conclusão que a Hibou tirou da pesquisa, sobretudo no interesse dos consumidores em adquirir imóveis?
Que a economia atual está colocando os brasileiros no sinal de alerta, onde eles veem uma possível última chance de aquisição do imóvel, mas se preocupam muito com o descontrole da economia e possível volta da inflação. Esse impasse, só a manutenção da estabilidade econômica poderá solucionar.
Clique aqui e confira a íntegra da pesquisa Hibou
Entrevistado
Marcelo Beccaro, graduado em engenharia naval, com especialização em logística e mais de 15 anos de atuação em pesquisa, análise mercadológica, marketing e inteligência aplicada
Contato: menina@lehibou.com.br
Crédito foto: Divulgação/Hibou
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Natureza inspira domo de concreto sem estrutura de apoio
Desenvolvida pela Universidade de Tecnologia de Viena, construção usou conceitos que sustentam as conchas das ostras e os cascos das tartarugas
Por: Altair Santos
Para resgatar a construção de cúpulas e abóbodas sem estruturas de apoio – algo que a engenharia considera obras artesanais e, por isso, demoradas –, a Universidade de Tecnologia de Viena, na Áustria, desenvolveu pesquisa para encontrar uma tecnologia à base de concreto que reinventasse essas modalidades arquitetônicas. Para chegar ao material ideal, os professores Johann Kollegger e Benjamin Kromoser inspiraram-se na natureza. Copiaram conceitos que mantêm as conchas e os cascos das tartarugas com o formato côncavo. A solução veio de um engenhoso sistema que envolve placas de concreto, barras metálicas e uma membrana inflável instalada embaixo destas estruturas.

As placas de concreto são ajustadas formando uma figura geométrica e mantêm-se conectadas por barras metálicas. Quando a membrana é inflada, o domo assume a forma desejada pelos engenheiros e as barras passam a funcionar com travas para que a estrutura não se desmonte. “É como um escudo que se arma. As lajes de concreto são montadas no chão, sobre a membrana plástica. Quando ela infla, as peças vão se ajustando, tensionando um cabo de aço, o qual trava as barras metálicas e encaixa uniformemente as lajes de concreto”, explica Johann Kollegger. Quando as placas de concreto se juntam, as membranas podem ser desinfladas sem prejudicar a estrutura.
De acordo com Johann Kollegger e Benjamin Kromoser, que são professores do Instituto de Estruturas de Construção da Universidade de Tecnologia de Viena, o importante era provar que é possível, com a nova tecnologia, produzir formas livres complexas. Por isso, eles se limitaram a fabricar um protótipo com cúpula com 2,90 metros de altura. Os pesquisadores, no entanto, asseguram que podem construir estruturas com até 50 metros de altitude. Outra vantagem, segundo os professores, é que, além do tempo extremamente curto para viabilizar estas estruturas, elas são bem mais baratas que a construção de domos pelo sistema convencional. “Imaginamos que o custo é 1/3 da construção tradicional”, estima Benjamin Kromoser.
Além de domos para shows e assembleias, as estruturas inventadas na Áustria podem servir também para fabricar conchas acústicas para recitais ao ar livre e passarelas para transpor linhas férreas. Nos testes, os pesquisadores detectaram que quando a concha de concreto se forma, as placas apresentam pequenas fissuras. Eles asseguram que isso não impacta na segurança. “Isto também ocorre em cúpulas construídas de forma convencional. Além disso, o revestimento com argamassa impermeável encobre as fissuras”, afirma Johann Kollegger, que após patentear a invenção agora tem a expectativa de que a o mercado se disponha a produzi-la em série.




Veja vídeo sobre a nova tecnologia para construir cúpulas
Entrevistados
Engenheiros Johann Kollegger e Benjamin Kromoser, professores do Instituto de Estruturas de Construção da Universidade de Tecnologia de Viena
Contatos
johann.kollegger@tuwien.ac.at
benjamin.kromoser@tuwien.ac.at
Crédito fotos: Divulgação/TU View
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Amigo do concreto, Lerner faz 50 anos de arquitetura
Exposição revela várias fases de seu legado: do projeto de uma casa, passando pelo urbanismo de Curitiba, até a idealização de um bairro sustentável
Por: Altair Santos
Engenheiro civil e arquiteto, Jaime Lerner notabilizou-se como urbanista. Principalmente pelas inovações que implantou em Curitiba, quando foi prefeito da cidade por três vezes (1971-1974, 1979-1982 e 1989-1992). Isso permitiu que sua aura pública de arquiteto sobrepusesse à de engenheiro, sem, no entanto, omitir que seu grande legado tem pés bem fincados na engenharia civil. É o que se constata na exposição “Das Vozes da Cidade”, que homenageia os 50 anos de arquitetura e urbanismo de Lerner. Ela mostra desde seu envolvimento com o retrofit, quando em 1971 transformou um antigo depósito de armamentos do exército no Teatro Paiol, até os seus mais recentes projetos, como o bairro sustentável Quartier, na cidade de Pelotas-RS. Em todas as obras, há uma marca: a sutileza com que Jaime Lerner explora o concreto em seus conceitos arquitetônicos.

Um exemplo clássico está na própria casa que ele projetou para morar com a família. Construída em 1963, a residência erguida no bairro Cabral, em Curitiba, caracteriza-se pelo emprego do concreto aparente, tanto na construção como no mobiliário. Além do material construtivo, destaca-se no projeto a utilização do teto-jardim - elemento pouco usual para obras dos anos 1960, mas hoje amplamente aplicado na arquitetura contemporânea. De tão inovadores, a arquitetura e os sistemas construtivos usados na casa tornaram-se alvo de estudo da pesquisadora Juliana Harumi Suzuki, que escreveu o trabalho “Um Conceito em Concreto: Residência Jaime Lerner em Curitiba”. A análise foi divulgada pela DOCOMOMO - organização não-governamental presente em mais de 40 países e sediada em Barcelona. Atualmente, a casa abriga a sede da Jaime Lerner Arquitetos Associados e do Instituto Jaime Lerner.
Escola francesa
No estudo, Juliana Harumi Suzuki revela que Jaime Lerner inspira-se na escola francesa de arquitetura, que se notabilizou principalmente pelo uso do concreto aparente e que também influenciou Oscar Niemeyer. Lerner, após concluir os estudos na Universidade Federal do Paraná (UFPR) morou um período em Paris e hospedou-se na Casa do Brasil – um marco da arquitetura na capital francesa e que, desde 1985, está tombado como monumento histórico francês. Lá, desenvolveu conceitos que preserva até hoje, como é possível ver em um de seus mais recentes projetos: o bairro sustentável Quartier. Planejada para receber 10 mil moradores, a área residencial terá 3 mil unidades habitacionais e irá explorar o concreto aparente e também o pavimento em concreto. Por dois motivos: a permeabilidade e a cor clara do material, que, respectivamente, ajudam na absorção da água da chuva pelo solo e reduzem a sensação de calor.
A relação de Jaime Lerner com o concreto, e também com as estruturas mistas (aço e concreto), está bem evidente na exposição “Das Vozes da Cidade”, que pode ser visitada até dia 15 de março de 2015, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Vídeos e áudios com a voz do engenheiro, arquiteto e urbanista explicam o porquê de seus trabalhos. “Tem uma linha do tempo que identifica programas, projetos e realizações, enquanto arquiteto e urbanista, e em parceria com demais profissionais”, revela Sandra Fogagnoli, coordenadora de planejamento cultural do Museu Oscar Niemeyer (MON). A mostra foi organizada pela curadora Valéria Bechara, reunindo desenhos, fotos, vídeos, depoimentos, croquis e maquetes.
Serviço da exposição “Das Vozes da Cidade”
Data: até 15 de março de 2015
Horário: 10h às 18h
Endereço: rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba - PR
Mais informações
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Museu Oscar Niemeyer
Sandra Fogagnoli, coordenadora de planejamento cultural do Museu Oscar Niemeyer (MON)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Lançado cinturão econômico que ligará China à Europa
Chamada de a “obra do século 21”, empreendimento contará com corredor marítimo, rodoviário e ferroviário para encurtar distâncias entre continentes
Por: Altair Santos
Dia 15 de dezembro de 2014 foi dado, em Istambul, na Turquia, o primeiro passo para aquela que alguns especialistas já chamam de a “obra do século 21”. Trata-se de três cinturões (rodoviário, ferroviário e marítimo) que ligarão a China à Europa, passando por 21 países. Batizados de Silk Road Economic Belt e Maritime Silk Road, os projetos se inspiram na antiga Rota da Seda - criada em 200 a.C -, e que foi a primeira ligação entre ocidente e oriente. Porém, agora as novas “rotas da seda” prometem encurtar distâncias, unindo as seguintes nações: China, Bangladesh, Malásia, Camboja, Laos, Mongólia, Mianmar, Cazaquistão, Paquistão, Azerbaijão, Índia, Irã, Iraque, Nairobi, Egito, Grécia, Turquia, Rússia, Alemanha, Áustria e Itália.

De trem será possível fazer o percurso entre China e Itália em 7 dias. Por estrada, o percurso dobra. Já pela rota marítima, um navio que saia da província de Fujian, na China, atracará no porto de Veneza, na Itália, em 30 dias. Hoje, as barreiras alfandegárias fazem com que esse percurso dure quase o dobro do tempo. O investimento para viabilizar esses novos cinturões econômicos são estimados em US$ 50 bilhões (R$ 135 bilhões). A obra, que inclui estradas, ferrovias, portos, pontes e túneis, ficaria pronta em 10 anos. Maior interessado no empreendimento, para conseguir escoar com mais facilidade sua produção industrial e agrícola, o governo chinês promete fazer um aporte de US$ 40 bilhões (R$ 108 bilhões). O resto do investimento seria financiado por bancos europeus.
Três bilhões de pessoas
O trecho terrestre da rota “Euro-Ásia” nascerá na cidade chinesa de Xi'na, no noroeste do país. Tanto a ferrovia quanto a rodovia cruzariam o Cazaquistão, o Iraque, o Irã e desembocariam na Turquia. O projeto ainda prevê ligação com Moscou, na Rússia, e Hamburgo, na Alemanha, antes de ir em direção ao porto de Veneza, na Itália, onde faria a conexão com a rota marítima. Já o trecho navegável abrange mais países e prevê a construção de portos exclusivos para atender a rota, além de uma ampliação no Canal de Suez, no Egito, para a passagem de supernavios. O ponto de partida do cinturão marítimo seria a província de Fujian, no leste da China, e o de chegada o porto de Veneza, na Itália.
Além de facilitar o comércio entre Europa e Ásia, os novos cinturões permitirão também avanços em áreas como telecomunicações, fornecimento de energia (gás e petróleo) e aproximação das duas culturas. “Esta nova Rota da Seda tem uma população de três bilhões e um mercado que não tem paralelo em termos de escala e potencial”, avalia o presidente chinês Xi Jinping. "O projeto é muito ambicioso e definitivamente destinado ao sucesso. Servirá como um motor de desenvolvimento da China, especialmente nas áreas que ainda não estão totalmente estruturadas", completa Cristiana Barbatelli, CEO da Pas Advisors, empresa de consultoria internacional com sede em Xangai.

Entrevistado
Governo da China (via site oficial)
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Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Cimento queimado é uma “arte” e requer técnica
Após migrar da área rural para os mais arrojados projetos arquitetônicos, piso agregou tecnologias como resinas acrílicas e concreto dosado em central
Por: Altair Santos
O piso de “cimento queimado” migrou das casas das áreas rurais para os mais arrojados projetos arquitetônicos. Hoje, desfila em eventos de decoração e virou sonho de consumo de arquitetos e decoradores. No entanto, para obter bons resultados é preciso dominar a técnica. Caso contrário, corre-se o risco de acontecerem erros no preparo da massa e na forma de “queimar” o cimento, o que resulta em imperfeições como manchas, fissuras e, consequentemente, infiltrações.

A opção pela aplicação do “cimento queimado” de forma artesanal exige, sobretudo, a contratação de mão de obra com experiência neste tipo de trabalho. Ele requer conhecimento no preparo da massa, no uso das ferramentas - principalmente da desempenadeira - e capricho. Afinal, o mau uso do material ou um desnivelamento podem comprometer o resultado. Para minimizar riscos, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) disponibiliza em seu site um documento que ensina como fazer e aplicar o “cimento queimado”.
Entre as principais recomendações, a ABCP orienta que a área de aplicação do “cimento queimado” fique isolada de 3 a 10 dias, para que se obtenha a cura do piso. “Um dos fatores que influencia a qualidade final do revestimento é a cura. Esse processo deve ser feito molhando-se a superfície logo após a execução”, sugere Rubens Curti, especialista da ABCP em tecnologia do concreto. Ele também recomenda que não se aplique “cimento queimado” em áreas submetidas a molhamento constante. “O piso queimado é muito liso”, alerta.
Como evitar a eflorescência

Quem trabalha com esse material também não orienta que ele seja aplicado sobre outros revestimentos. O ideal é que o piso antigo (madeira, cerâmica ou porcelanato) seja retirado e que o contrapiso seja refeito e nivelado, com a aplicação do “cimento queimado” em seguida. Para reduzir o risco de que surjam trincas, recomenda-se o uso de juntas de dilatação com, no máximo, um metro de distância entre elas. Estas juntas podem ser de madeira, de plástico ou de metal.
Da mesma forma, manchas também podem ser evitadas. A mudança da coloração se deve a um fenômeno conhecido como eflorescência, em que o cimento libera gases que chegam à superfície do piso. A opção por materiais de qualidade é essencial para que esse processo não ocorra. A escolha do cimento, a seleção de uma areia final, clara e lavada e a aplicação de resinas acrílicas com filtros que combatem raios UV (ultravioleta) tendem a evitar o “desbotamento” do revestimento.
Outra solução para se conseguir um piso de “cimento queimado” uniforme é a opção pelo concreto dosado em central ou a compra de argamassas pré-fabricadas que já vêm prontas para a aplicação. Há quem prefira também dar sofisticação ao piso. Neste caso, a substituição do cimento comum pelo cimento branco estrutural, revestido por resina plástica, transmite um efeito semelhante ao do porcelanato. Há ainda quem opte pelo tecnocimento – revestimento com espessura de 2 mm, que usa pó de limestone (espécie de pó de pedra), pó de mármore ou pó de quartzo no lugar da areia, e que dispensa juntas de dilatação.
Confira aqui as orientações técnicas da ABCP para pisos de “cimento queimado”


Entrevistado
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) (via assessoria de imprensa)
Contato: dcc@abcp.org.br
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Taxas e burocracia desafiam construção civil em 2015
Em Curitiba e outras capitais brasileiras, reajustes aplicados ao ITBI e ao IPTU, além da demora na liberação de alvarás, travam setor
Por: Altair Santos
Entre 2013 e 2014, boa parte das prefeituras das capitais reajustou o valor do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis). Hoje, a maioria cobra 3%. No final do ano passado, Curitiba e São Paulo seguiram a tendência: os paranaenses, além de elevar a alíquota da taxa sobre compra de imóveis de 2,4% para 2,7% também reajustaram o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana). Já a prefeitura paulistana elevou o ITBI para 3% do valor do imóvel. Os aumentos lançaram desafios para a indústria da construção civil em 2015. “A elevação do ITBI será mais um fator a dificultar a aquisição de imóveis e a retomada do crescimento do setor. Não é justo penalizar o adquirente do imóvel no momento em que a indústria imobiliária busca produzir produtos acessíveis”, reclama o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.

Na mesma linha de pensamento segue o presidente do SindusCon-PR, José Eugênio Gizzi. “O ITBI representava, alguns anos atrás, 20% do que era arrecadado com o IPTU. Hoje, representa 70%. O imposto teve um aumento real de 20,33%, mas entendemos que há outros caminhos para ampliar receita. Uma delas é desburocratizar o licenciamento de obras. Já mostramos que o excesso de burocracia eleva o custo do imóvel em 12%, além de atrasar o início de obras entre 18 meses e 24 meses. Com a desburocratização, a prefeitura anteciparia receitas. Burocracia na esfera do município eleva o tempo da obra entre 18 meses a 24 meses. O aumento do ITBI e do IPTU em Curitiba aumentará a receita da prefeitura em cerca de 50 milhões de reais. Já a desburocratização renderia até 300 milhões de reais por ano”, considera Gizzi.
Para o presidente do SindusCon-PR, a Prefeitura de Curitiba poderá compensar eventuais desacelerações no setor da construção civil que atua na cidade se viabilizar três medidas: estimular as PPPs (Parcerias Público-Privadas), acelerar a revisão do plano diretor e manter em dia o pagamento de empresas contratadas para obras públicas. “Hoje o governo municipal é incapaz de investir. Se adotar uma nova modelagem para PPPs, principalmente para atrair construtoras e empreiteiras de menor porte, estimularia muito o segmento. Da mesma forma, se o plano diretor atacar a questão do custo dos terrenos. Se a revisão disponibilizar mais áreas, será possível construir imóveis com menor custo. Por fim, seria interessante que os contratantes de obras públicas cumprissem os contratos e pagassem em dia”, avalia.

Secovi e ABRAINC
Em São Paulo, no entanto, o diagnóstico é mais crítico. “O aumento do ITBI inibirá tanto a produção e a comercialização de novas unidades quanto as vendas de imóveis usados, ou seja, os segmentos de incorporação, de compra e venda e os consumidores serão fortemente penalizados. Só para exemplificar, o comprador de um imóvel de R$ 500 mil terá de recolher, com a nova alíquota, R$ 15 mil aos cofres públicos. Essa medida, aliada a tantas outras voltadas à arrecadação de impostos e contrapartidas do setor, é como o tiro de misericórdia na atividade imobiliária e de construção, que tem sido permanentemente desestimulada a crescer e a atender a demanda”, protesta o presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes.
A ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), que reúne 27 companhias, entre elas Brookfield, Cury, Cyrela, Direcional, Emccamp, Even, Eztec, Gafisa, HM, Homex, JHS-F, MRV, Odebrecht Realizações Imobiliárias, PDG, Rodobens, Rossi, Tecnisa, Trisul e Viver, faz avaliação semelhante ao do Secovi-SP. “O setor já está bastante atingido por outros fatores, como falta de confiança na economia, inflação alta, aumento do valor dos terrenos e outorga onerosa dos custos de construção. O aumento de impostos impõe mais desafios para 2015”, complementa o diretor-executivo da ABRAINC, Renato Ventura.
Entrevistados
Engenheiro civil José Eugênio Gizzi, presidente do SindusCon-PR
Engenheiro civil José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP
Engenheiro civil Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP
Engenheiro civil Renato Ventura, diretor-executivo da Abrainc
Contatos
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Créditos Fotos: Divulgação/Cohab-Ctba/SindusCon-PR









