Energia solar torna-se parceira da cura do concreto

Procedimento levado das universidades para o mercado procura garantir mais sustentabilidade à fabricação de artefatos à base de cimento

Por: Altair Santos

Pelo menos três universidades brasileiras se dedicam a estudos que procuram consolidar tecnologias que associem o uso de energia solar à cura do concreto. A pioneira foi a UFRGS, no Rio Grande do Sul, seguida do Centro de Tecnologia SENAI Ambiental, no Rio de Janeiro-RJ, e da Universidade de Federal de Goiás (UFG), em Goiânia-GO.

Nos EUA, parceria entre tecnologia da energia solar e construção civil industrializada já é realidade

A pesquisa no departamento de engenharia civil da universidade gaúcha teve como coordenador o engenheiro José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard. Ocorreu no começo da década passada e se inspirou no sistema dos radiadores dos veículos automotores. Os painéis solares alimentam uma bomba hidráulica e transferem calor para a água que circula por tubos de cobre. O líquido é levado a uma câmara, onde as peças de concreto são curadas.

Conforme a água contida na câmara evapora, novas remessas de líquido aquecido chegam ao local de cura dos artefatos. O processo de cura solar se aproxima da técnica conhecida como cura a vapor. “O modelo solar desenvolvido foi baseado nas definições e princípios da cura a vapor”, admite José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard.

Na cura solar, no entanto, o sistema depende de dias ensolarados. “O experimento simula a utilização para dias típicos de verão e dias típicos de inverno. No caso de condições climáticas não favoráveis, ele pode fazer o aporte de outro tipo de energia, como a elétrica”, diz o engenheiro.

Tecnologia em desenvolvimento
No Rio Grande do Sul não houve aplicabilidade prática da cura solar, pois o invento não despertou o interesse do mercado local que fabrica artefatos de concreto. No entanto, no Rio de Janeiro, o Centro de Tecnologia SENAI Ambiental, em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), conseguiu levar a tecnologia a sete empresas. Entre 2011 e 2012 - período em que foi testada -, a cura solar obteve êxito. Principalmente ao conquistar um ganho de 6 horas em relação aos processos convencionais de cura.

José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard: pioneiro ao pesquisar a cura solar no Brasil

Além disso, evoluiu em relação ao projeto desenvolvido na UFRGS. O experimento fluminense utiliza água da chuva e em períodos de baixa insolação se mantém ativo usando gás natural como combustível. Porém, um dos desafios da tecnologia, que ainda segue em desenvolvimento, é conseguir manter a água que entra na câmara de cura a 60°C, já que, acima desta temperatura, constatou-se que os blocos de concreto perdem resistência e apresentam microfissuras.

É este avanço que está se tentando também na Universidade Federal de Goiás. Além disso, na UFG, os pesquisadores buscam desenvolver um sistema que armazene a energia solar, fazendo que o equipamento não dependa de outras fontes, como energia elétrica e combustível fóssil, em dias em que não haja insolação para abastecer os painéis.

Essa tecnologia já opera fora do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, a energia solar é usada, durante o inverno, para ajudar na cura de grandes peças pré-fabricadas de concreto. O mesmo ocorre na Alemanha – nação que tem batido recordes mundiais de produção de energia solar. Atualmente, durante o verão, o sistema alemão consegue produzir diariamente até 22 gigawatts de eletricidade usando apenas a luz do sol.

Confira os estudos desenvolvidos na UFRGS e no Centro de Tecnologia SENAI Ambiental
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2118/000314558.pdf?sequence=1
http://www.advancesincleanerproduction.net/fourth/files/sessoes/4B/2/oestreich_et_al_report.pdf

Entrevistados
- José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard, engenheiro civil, com mestrado e doutorado, e professor da UFRGS
- Centro de Tecnologia SENAI Ambiental (via assessoria de imprensa)

Contatos
jl_iserhard@hotmail.com
cts.ambiental@firjan.org.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Novo concreto tende a tornar pontes imunes a patologias

Inovação desenvolvida na Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos EUA, dá resistência à prova d’água e durabilidade superior a 100 anos ao material

Por: Altair Santos

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Milwaukee (UWM) desenvolveram um concreto de alto desempenho que possui característica de resistência à água superior a outros materiais. O estudo conseguiu alterar o nível molecular do concreto, agregando compostos impermeáveis, como fibras polivinílicas e aditivos. Com isso, criou-se uma superfície microscópica pontiaguda que, quando em contato com a água a faz rolar para fora da placa de concreto, em vez de acomodá-la em cavidades e, posteriormente, ser absorvida pelo concreto.

Pesquisador Konstantin Sobolev (dir.) e estudante de doutorado Scott Muzenski, ambos da UWM, testam placa do concreto que repele água

Chamado de Compósito Cimentício Super-hidrofóbico (SECC, na sigla em inglês) o material da pesquisa ainda passa por testes. Uma laje do concreto foi instalada em uma estrada interna da UWM e, abaixo dela, foram incorporados eletrodos que estão ligados a um sistema de captura de dados sobre o comportamento da placa. "Isso vai nos dizer se a água está entrando no material e a qual profundidade ela vai. Os sensores também podem detectar íons de cloreto no interior do material, responsável por boa parte das patologias que afetam o concreto”, diz Scott Muzenski, precursor da pesquisa.

Muzenski ainda era estudante de pós-graduação de engenharia civil quando uma trinca na estrada de concreto dentro da Universidade de Wisconsin-Milwaukee o estimulou a iniciar a pesquisa. O objetivo era encontrar um material impermeável, que impedisse a penetração da água e reduzisse parcial ou completamente o risco de patologias. Dez anos depois, a tese de Scott Muzenski – que hoje finaliza seu doutorado na UWM - materializou-se pelas mãos do professor Konstantin Sobolev. “Dados preliminares apontam que desenvolvemos um concreto capaz de durar até 120 anos sem precisar de reparos”, avalia Sobolev.

Ideal para pontes e viadutos
Para comparar, a vida útil das estradas de concreto em Wisconsin está entre 40 anos e 50 anos. Já os tabuleiros das pontes de concreto armado necessitam de reposição depois de 30 anos. Esses períodos são específicos para uma região com inverno rigoroso e onde as placas de concreto são submetidas constantemente a ciclos de congelamento e descongelamento. Por isso, o SECC desenvolvido na UWM tem uma ductilidade maior que o concreto convencional, o que permite que ele resista mais a dilatações e a contrações. Isso, segundo Sobolev, recomenda que o material possa vir a ser aplicado em construções de cabeceiras de pontes. "A ponte e a estrada não são projetadas para trabalhar em conjunto. É necessário algo entre elas que trabalhe esse estresse entre os materiais”, afirma.

Laje com o concreto desenvolvido na UWM é testada durante inverno rigoroso para que se verifique suas reações ao frio extremo

O professor da UWM avalia ainda que o material possa vir a ser usado na construção de estradas de concreto e em obras de usinas nucleares. “Com a tecnologia de monitoramento deste tipo de concreto será possível detectar vazamentos e atuar de forma mais eficaz na recuperação das usinas danificadas”, diz. O pesquisador também afirma que o custo do SECC – na fase de pesquisa sua produção requer desembolso 12 vezes maior por metro cúbico, em comparação ao concreto convencional – pode ser compensado pela redução de gastos com manutenção e reparos.

Veja vídeo com o experimento do concreto impermeável
https://youtu.be/5vvOKCyYQM8

 

 

 

Entrevistado
Konstantin Sobolev, engenheiro civil, Ph.D em estruturas de concreto e professor do departamento de engenharia civil e mecânica da Universidade de Wisconsin-Milwaukee
Contato: sobolev@uwm.edu

Créditos Fotos: Troye Fox/UWM

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Fachadas ventiladas vão além da função estética

Norma de Desempenho impulsiona sistema construtivo vinculado a construções industrializadas e faz grandes grupos investirem em tecnologias

Por: Altair Santos

Criadas nos países da Escandinávia, nos anos 1940, as fachadas ventiladas surgiram para cumprir desempenho térmico. O objetivo era conter os ventos gelados do rigoroso inverno sueco, dinamarquês e norueguês. Nos anos 1980, os ingleses lhes deram função estética e incorporaram também qualidade acústica. No Reino Unido, as fachadas ventiladas agregaram novos conceitos e fizeram dos britânicos os maiores exportadores desta tecnologia construtiva. Parte desta evolução pode ser vista na 13ª edição da Expo Revestir, realizada na primeira semana de março de 2015, na cidade de São Paulo, durante a palestra do arquiteto Brian G. Newell.

Brian G. Newell: Brasil começa a acompanhar as tendências internacionais

Criador de inovações, o especialista surpreendeu-se com os mais recentes projetos de fachadas ventiladas executados no Brasil. “Pelos cases apresentados no evento, percebo que engenheiros, projetistas e arquitetos brasileiros estão acompanhando as tendências internacionais. Também agradou as tecnologias desenvolvidas no país”, disse Brian G. Newell. O que impulsiona o uso deste sistema, principalmente em edifícios corporativos recentemente construídos, é a Norma de Desempenho. Os procedimentos da ABNT NBR 15575 - Edificações Habitacionais – Desempenho -, adequados às fachadas ventiladas tornaram exemplares construções como o shopping JK Iguatemi e o Edifício Odebrecht, ambos na cidade de São Paulo, assim como o prédio central do Sesc, em Goiânia-GO.

Em comum, essas edificações investiram em construções industrializadas do concreto ou em elementos mistos (concreto e aço ou aço e alvenaria). As obras, que foram executadas entre 2012 e 2013, também buscaram o selo de “prédio verde”. Por isso, além de requinte, as fachadas precisaram assegurar sustentabilidade aos empreendimentos. Para atingir os níveis exigidos, tanto o Edifício Odebrechet quanto o shopping JK Iguatemi apostaram em elementos de vitrocerâmica, os quais usam placas de crystalato importadas do Japão pela Eliane. “A vantagem deste material em relação ao vidro é que ele tem baixíssima absorção de água, não altera a cor por causa de raios UV (ultravioleta) e resiste a pichações”, explica Karina Campos, gerente da Eliane Técnica.

Insertada não é ventilada
Outra empresa que tem atuado na fabricação de produtos para fachadas ventiladas é a Portobello. Desde 2013, Luiz Henrique Manetti gerencia a Portobello Técnica, a qual atua em parceria com a espanhola Favenk. “Quando decidimos criar a Portobello Técnica, já vínhamos de doze anos de desenvolvimento de elementos específicos para atender o mercado nacional de fachadas ventiladas. Considero que, antes dos cases citados neste fórum, 80% das fachadas que se dizem fachadas ventiladas no Brasil são, na verdade, fachadas insertadas, ou seja, fixadas diretamente na alvenaria. Isso traz problemas de desnivelamento, qualidade e segurança. Há muitos relatos de fachadas insertadas caindo semanalmente no país”, relata Manetti.

A Portobello Técnica atuou na fachada do prédio do Sesc, em Goiânia. Para Luiz Henrique Manetti, há um imenso mercado a ser conquistado no Brasil no que se refere a aliar fachadas ventiladas a construções industrializadas. O engenheiro, que é um dos integrantes da ABNT/CB-2 - comitê responsável pela elaboração da Norma de Desempenho -, avalia que a NBR 15575 tende a promover o crescimento deste tipo de sistema construtivo no país, mas ainda há obstáculos a serem superados. Entre eles, a falta de normas específicas para fachadas ventiladas e a pouca nacionalização de componentes. Mesmo assim, o vice-presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, estima que as crises hídricas e energéticas também servirão de estímulo ao avanço das fachadas ventiladas no Brasil. “Além de combinar funções estéticas com bom desempenho, elas contribuem para reduzir cargas de condicionamento de ar, um fator importante a ser levado em consideração em tempos de crise hídrica e energética”, finaliza.

Entrevistados
- Engenheiro civil Luiz Henrique Manetti, gerente da Portobello Técnica
- Engenheira civil Karina Campos, gerente da Eliane Técnica
Arquiteto Brian G. Newell, fundador e CEO da Shackerley e membro do British Standards Institute B539 Committee
Contatos
info@exporevestir.com.br
http://www.eliane.com/engenharia
http://www.portobello.com.br/contactForm
http://www.shackerley.com/contact-technical.asp

Créditos Fotos: Divulgação e Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sistema de paredes de concreto chega ao 20º andar

Método construtivo, aplicado na cidade de Barueri-SP, é utilizado pela primeira vez no Brasil para erguer torres com mais de dez pavimentos

Por: Altair Santos

Consagrado em obras do Minha Casa Minha Vida, para edifícios com até cinco pavimentos, o sistema construtivo de paredes de concreto é usado pela primeira vez no país para erguer torres com mais de dez andares. A iniciativa está a cargo da RICAM Incorporações e Empreendimentos Imobiliários, que em Barueri, na região metropolitana da cidade de São Paulo, constrói dois prédios – um com 20 e outro com 17 pavimentos.

Tecnologia de paredes de concreto gerou ganho de seis meses no cronograma da obra

O cronograma apertado e a racionalização do canteiro de obras é que levou a construtora a adotar esse modelo. “Entre as variáveis, pesaram rapidez de execução; diminuição do efetivo de funcionários; intenção da empresa em aprimorar e repetir as mesmas tipologias de plantas dos pavimentos; supressão de etapas consecutivas à estrutura, como revestimentos internos e externos, e diminuição de consumo de água na obra e também da quantidade de entulhos”, explica o engenheiro civil Paulo Cezar de Oliveira Marra, gerente de obras da construtora.

Para executar a obra, foram necessários superar desafios e contar com o apoio técnico da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). “Tivemos a ajuda da ABCP, através workshops e cursos sobre o tema paredes de concreto. Hoje, nosso empreendimento virou case e já foi visitado por cerca de 40 empresas da região de Recife e Belo Horizonte”, revela Paulo Marra, relacionando os principais obstáculos no canteiro de obras:

- Contratar mão de obra especializada para executar e fiscalizar a implementação do sistema construtivo.
- Desenvolvimento de um traço específico para o concreto.
- Criar interface para que o sistema recebesse paredes de dry wall, caixilhos de alumínio e instalações elétrica e hidráulica.

Concreto autoadensável
De acordo com o gerente de obras da RICAM, a solução para a mão de obra foi contratar empresas terceirizadas especializadas em atuar com o sistema construtivo de paredes de concreto. Quanto ao concreto, chegou-se a um consumo de 6.700 m³, utilizando material autoadensável e com resistência variando entre 30 MPa e 40 MPa. “Com as soluções encontradas, ganhamos aproximadamente seis meses no cronograma de obras, em relação à alvenaria convencional”, diz Paulo Marra.

Prédio Vista Bella: consumo de 6.700 m³ de concreto autoadensável

Para viabilizar as torres do Vista Bella Residencial Club, a construtora utilizou formas de alumínio que não possuem nem rebites nem emendas na face que faz contato com o concreto. Além disso, elas eram mais leves que as formas convencionais - pesando menos de 18 kg/m² -, e já vinham com vãos para janelas e portas. A tecnologia permitiu executar, em média, um pavimento a cada quatro dias.

Outra característica do empreendimento é que ele utiliza um sistema misto, entre autoportante e com pilares e

estacas. “Nosso projeto é interpretado de forma autoportante, mas existem vários pontos da estrutura onde a armação é mais densa, por meio de armadura dupla, o que a deixa parecido com uma região de pilar”, relata Paulo Marra.

Com 294 apartamentos, todos com área útil de 53 e 55 m2 e dois dormitórios, as torres erguidas através do sistema de paredes de concreto serão concluídas no primeiro semestre de 2015.

Torres com 20 e 17 pavimentos transformaram-se em case para workshops da ABCP

Entrevistado
Engenheiro civil Paulo Cezar de Oliveira Marra, gerente de obras da RICAM Incorporações e Empreendimentos Imobiliários
Contato: paulomarra@ricam.com

Créditos Fotos: Divulgação/RICAM

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Até 2022, Brasil precisa de R$ 4,5 trilhões em obras

Demandas do país para os próximos sete anos foram elencadas no Construbusiness 2015. O fórum também realizou balanço do setor entre 2007 e 2014

Por: Altair Santos

Em sua 11ª edição, o Construbusiness fez um aceno para os governos, principalmente o federal, de que a retomada do crescimento passa, impreterivelmente, pela manutenção de estímulos à cadeia produtiva da construção civil. No relatório do fórum, intitulado de “Antecipando o Futuro”, o Departamento da Indústria da Construção (Deconcic), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostrou uma projeção de quanto o país precisa investir, até 2022, para manter programas como Minha Casa Minha Vida e PAC, além de implementar novos empreendimentos. Pelos dados do organismo, nos próximos sete anos será necessário um desembolso de R$ 4,5 trilhões, além de um novo modelo de gestão de obras públicas.

Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic: caminhos para que a cadeia da construção civil tenha crescimento sustentável até 2022

Segundo Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic, tanto a nível federal, quanto estadual e municipal, os empreendimentos vinculados à construção civil precisam estar centrados em quatro eixos: gestão, tributação, financiamento e cadeia produtiva. “Só com esses quatro pilares teremos um setor mais competitivo e inovador, e pronto para garantir um fluxo contínuo de obras. Por isso, é necessário planejamento, investimento, previsibilidade e respeito ao meio ambiente. Essas são ações urgentes, que envolvem os governos federal, estaduais e municipais, a fim de que a construção civil brasileira consiga manter o que a move, que é obra rodando”, diz Auricchio.

O diretor do Deconcic elencou os setores em que o país precisa de obras: transporte e logística, saneamento, mobilidade urbana, telecomunicações, energia e habitação. “Com investimentos nestas áreas, a construção civil fará sua parte na economia brasileira, que é participar com 9,8% no PIB nacional, empregar 13% da força de trabalho do país e devolver, para cada real aplicado, R$ 1,38 aos cofres públicos”, afirma, alertando que o ciclo virtuoso iniciado em 2007 se encerrou. “Para iniciarmos um novo ciclo, é preciso antecipar o futuro. Para isso, temos que aproveitar as boas experiências e aprimorar os projetos que deram certo”, completa Carlos Eduardo Auricchio.

 

Paulo Skaf, presidente da Fiesp e da Ciesp: não serão com mais impostos que se farão bem ao Brasil

Agenda positiva
O dirigente aproveitou o Construbusiness para fazer um balanço do setor entre 2007 e 2014. “Neste período, a construção civil aumentou em mais de 20% sua participação no PIB nacional, indo de 7,7% para 9,6%. Saiu de quatro milhões de carteiras assinadas para seis milhões. A média de remuneração no setor foi 11% maior que outros segmentos da economia, o que contribuiu para importantes conquistas sociais. Além disso, ajudou a modernizar os sistemas de financiamento. Em 2007, o setor habitacional era 85% dependente de recursos do FGTS e da poupança. Hoje, a diversificação dos fundos fez esse percentual cair para 49%”, assegura, pintando, no entanto, um cenário diferente para 2015.

De acordo com Carlos Eduardo Auricchio, o setor vive um momento de “crise de confiança” e de “desemprego”. “Construtoras e incorporadoras já fecharam 175 mil vagas. A indústria de materiais de construção eliminou 152 mil empregos e escritórios de engenharia e arquitetura perderam 13 mil postos de trabalho. Temos um portentoso acúmulo de capacidade indutora de crescimento, e precisamos retomar isso”, discursa o diretor do Deconcic, reforçado pelo presidente da Fiesp e da Ciesp, Paulo Skaf. “Não aceitamos que empresas da construção sejam mais oneradas do que já são. Não se pode matar a galinha dos ovos de ouro. Não será com mais impostos que se fará bem ao Brasil”, garante, defendendo que se crie uma agenda positiva para o setor, a partir dos dados apresentados no Construbusiness.

Entrevistados
- Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da Fiesp
- Paulo Skaf, presidente da Federação e da Confederação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp)
Contato: deconcic@fiesp.com

Créditos Fotos: Divulgação/Fiesp e Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Alta de juros deixa mercado imobiliário preocupado

Medidas tomadas pela Caixa, aliadas à burocracia, dificultam desligamentos habitacionais, atrasam repasses a construtoras e frustram compradores

Por: Altair Santos

Recente anúncio da Caixa Econômica Federal sobre o aumento de juros dos financiamentos habitacionais passou a afetar alguns processos vinculados à compra de imóveis. Contratos aprovados até 19 de janeiro, e emitidos até 30 de janeiro deste ano, conservaram a taxa antiga e não foram atingidos. No entanto, aqueles que não tiveram seus processos aprovados estão sujeitos a novos obstáculos. Para o comprador, pode gerar frustração em relação ao sonho da casa própria. Já, para construtoras e incorporadoras, traduz-se em atraso dos recursos do financiamento, fazendo com que as empresas arquem com o ônus financeiro para a realização da obra. Isso, dependendo do tamanho da companhia, pode colocar em risco seu fluxo de caixa. É o que explica, na entrevista a seguir, a especialista em direito imobiliário, Lourdes Helena Rocha dos Santos. Confira:

Lourdes Helena Rocha dos Santos: aumento de juros encarece a parcela do financiamento

O aumento de juros por parte da Caixa, para financiar imóveis, tende a tornar mais lento o processo de liberação de financiamento aos compradores de imóveis?
Entendo que não deve aumentar o tempo para aprovação do crédito. Diferentemente de outros bancos que negociam taxa de juros caso a caso, a Caixa já tem os parâmetros definidos, cabendo ao proponente optar pela condição que melhor se enquadra para sua realidade. Embora a Caixa também tenha anunciado a redução da meta de concessão de empréstimos e financiamentos, a projeção é expandir o volume em 20% em relação a 2014, o que indica que a instituição não deve ser mais rigorosa no processo de análise de crédito do que no ano passado.

Que impacto isso deve ter para construtoras e incorporadoras?
O encarecimento do custo de captação de recursos no mercado financeiro limita o valor máximo de financiamento compatível com a renda do comprador e desestimula o acesso a esse mecanismo. Na prática, pode levar o comprador a optar por imóveis de menor valor e aumentar a parcela paga com recursos próprios.

É possível que esse aumento também dificulte a conquista da casa própria?
Sim, o aumento de juros encarece a parcela do financiamento, que é limitada a 30% da renda mensal do mutuário. O aumento do custo financeiro diminui o potencial de financiamento, dificultando a compra do imóvel.

Sobre processos de desligamento habitacional, como isso está impactando o setor de construtoras e incorporadoras?
A demora no desligamento da unidade habitacional traz consequências para comprador e construtora. O resultado é um retardamento do repasse dos recursos da parcela do financiamento, que tem como ônus os encargos financeiros sobre o valor do empréstimo que lhe foi concedido para a realização da obra. Para o comprador, o atraso faz com que tenha que esperar mais tempo para receber a chave do imóvel. Isto pode gerar uma frustração em relação à aquisição e até o desembolso de um valor maior de recursos do que o planejado, pois, em alguns casos, ele ainda terá que manter o aluguel.

Para tornar mais claro, a senhora poderia explicar o que é o processo de desligamento habitacional?
O processo de desligamento é a fase que compreende a assinatura do financiamento, em que o comprador toma empréstimo junto ao agente financeiro para quitar o saldo devedor do contrato e a construtora recebe este valor do banco, e dá a quitação ao comprador, transmitindo-lhe a propriedade do imóvel. O bem fica alienado ao banco até a conclusão do pagamento.

Construtoras menores podem sofrer maior impacto nesta demora nos processos de desligamento habitacional?
Sim, é comum que na venda de imóveis na planta a maior parte do preço seja paga através de financiamento imobiliário, e a demora no recebimento desse valor afeta principalmente as incorporadoras que dispõem de menor fluxo de caixa.

Em 2014, houve quantos processos de desligamento habitacional e qual a previsão para 2015?
Não temos como precisar essa informação, mas é possível ter uma ideia aproximada do tamanho desse mercado com base nos dados de unidades entregues monitorados pelas entidades de classe do mercado imobiliário. Em Curitiba, por exemplo, segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), no ano passado foram mais de 9 mil unidades entregues, em empreendimentos verticais. Para esse ano, a associação prevê a entrega de mais seis mil apartamentos.

A burocracia é a grande responsável por essa demora nos desligamentos habitacionais ou tem também o componente econômico?
O processo de desligamento passa pela análise de crédito do comprador, avaliação do imóvel feita por engenheiro habilitado pelo banco, análise jurídica do comprador, do vendedor e do imóvel e emissão, assinatura e registro do contrato de financiamento na matrícula do imóvel. Cada uma dessas etapas tem um prazo próprio, sendo a tramitação no registro de imóveis o principal deles. Atualmente, o prazo médio de realização de um desligamento, para que o processo seja considerado bom, é de 30 a 45 dias após a emissão do Habite-se e da averbação da conclusão das obras.

Habitações construídas dentro do programa Minha Casa Minha Vida também enfrentam esse problema?
No Minha Casa Minha Vida, o financiamento costuma ocorrer de forma antecipada, pelo modelo associativo da Caixa, durante a construção. Isto reduz o impacto da burocracia, mas não o elimina. Se houvesse menos burocracia, os processos seriam mais rapidamente analisados e aprovados e o cronograma das obras, sem dúvida, teria seu prazo reduzido com ganhos para os compradores e para a incorporadora.

Entrevistada
Lourdes Helena Rocha dos Santos, especialista em direito imobiliário, sócia e advogada do escritório Santos Silveiro Advogados, com sede em Curitiba-PR e Porto Alegre-RS
Contato: lourdes@santossilveiro.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

 


Normas técnicas têm potencial para aliviar falta d’água

Para o especialista em gerenciamento de recursos hídricos, Plínio Tomaz, a ABNT precisa começar a pensar em uma normalização para o reúso

Por: Altair Santos

Boa parte das soluções para economizar água durante a crise hídrica está nas normas técnicas relacionadas à construção civil – tanto as voltadas para a execução de obras quanto às relacionadas a equipamentos que consomem água dentro das habitações, como chuveiros, torneiras e bacias sanitárias. Quem afirma é o professor Plínio Tomaz, consultor em saneamento e diretor-presidente da agência reguladora dos serviços públicos de saneamento básico da prefeitura de Guarulhos, em São Paulo. “Acho excelente, por exemplo, as normas relacionadas à construção industrializada do concreto, assim como a Norma de Desempenho e as que normalizam a fabricação de peças”, diz.

Plínio Tomaz: norma para reúso de água pede prioridade

Plínio Tomaz atuou em um fórum promovido pelo SindusCon-SP, dia 25 de fevereiro de 2015, na cidade de São Paulo, cujo tema era a crise hídrica. No debate, ele compartilhou da ideia de que o poder público precisa trabalhar na gestão da demanda de água, como já fizeram cidades como Nova York e Cidade do México. Nestas localidades, as prefeituras tomaram a iniciativa - entre outras ações práticas - de substituir vasos sanitários que consumiam mais de 6,8 litros de água por descarga. “No Brasil, desde 1995 estas peças vêm passando por um processo de normalização pela ABNT e economizam água, assim como torneiras de fecho automático e reguladores de vazões”, ressalta.

O especialista defende, no entanto, que é preciso ir um pouco mais além. Na opinião dele, é necessário pensar no reúso do esgoto para consumo humano. “A tecnologia nessa área avançou muito. Existem diversos sistemas de segurança que garantem a qualidade da água”, afirma, assegurando que em sua gestão Guarulhos já trata de 50% do seu esgoto e estuda atingir a meta de 100% em dois anos. Para tal, ele apoia a mobilização para que se crie uma norma para reúso de água em vários setores, incluindo o canteiro de obras. “Por faltar uma norma de reúso, hoje a utilização de água no canteiro de obras está limitada à produção de concreto não estrutural. Já com a obra pronta, restringe-se a limpeza de pisos, rega de canteiros e uso em bacias sanitárias”, explica.

Atualmente, para o aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis é usada a ABNT NBR 15527: 2007 (Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis).

Outras medidas
Na mesa redonda sobre crise hídrica, ocorrida no SindusCon-SP, além de propostas para uma norma técnica específica para o reúso da água, os debatedores também sugeriram que haja o incentivo ao IPTU Verde. A medida cria isenções tributárias para práticas de sustentabilidade.

Também se falou de estímulos às construções verdes, as quais podem gerar economia de até 40% no consumo de água. Na cidade de São Paulo, outros dois projetos em andamento na Câmara Municipal também tratam do tema. Um deles aborda o reúso de água da chuva para a cura de concreto não estrutural, para a limpeza de galerias e para a lavagem de caminhões de lixo. O mesmo tipo de água também poderia ser usado na limpeza de calçadas e para a lavagem de veículos em lava-car.

Entrevistado
Engenheiro civil Plínio Tomaz, diretor-presidente da agência reguladora dos serviços públicos de saneamento básico da prefeitura de Guarulho-SP

Contatos
pliniotomaz@uol.com.br
www.pliniotomaz.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

 


Escritórios com arquitetos e engenheiros viram tendência

Criado em 2011, Conselho de Arquitetura e Urbanismo ordena funções entre profissionais e facilita união para que obras tenham mais qualidade

Por: Altair Santos

Desde a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), em 2011, que ajudou a definir as funções exercidas por arquitetos e engenheiros, tornou-se tendência escritórios unirem os dois profissionais. A simbiose tem funcionado bem para projetos arquitetônicos e de interiores, combinados com serviços de reforma e gerenciamento das obras. “Esta é uma fórmula de trabalho eficiente, pois o arquiteto não se aprofunda na parte estrutural, como concreto armado, fundações e materiais, assim como engenheiros não conseguem atingir a mesma eficiência que os arquitetos têm no que diz respeito ao aproveitamento dos ambientes, espaços, conforto e beleza do projeto”, diz a engenheira civil Elaine C. Baggio Camargo que, em parceria com a arquiteta Fernanda Bittencourt, comanda o escritório Traço Final Arquitetura e Interiores, em Curitiba.

Arquiteta Fernanda Bittencourt e engenheira Elaine Baggio: união de profissionais gera obras com mais qualidade

Outra demanda que esse tipo de escritório atende é a personalização de apartamentos. Quando de comum acordo com a construtora, no momento da compra do imóvel na planta é dada a possibilidade de transformar o espaço para que ele fique de acordo com o que o proprietário deseja. Por isso, podem ser feitas alterações no layout, no tipo de piso, na disposição dos ambientes e nos pontos de energia elétrica e hidráulica. “Entre as vantagens, a personalização na planta evita a necessidade de reformas posteriores e conserva a garantia e a assistência técnica da construtora. Ela também dispensa serviços antes executados por terceiros, que poderiam danificar os realizados pela própria construtora, além de ajudar o meio ambiente, pois evita o descarte de entulho”, explica Fernanda Bittencourt.

Niemeyer é exemplo
Engenheira e arquiteta lembram que a criação do CAU, o qual desvinculou a arquitetura do CREA, lançou incertezas que agora começam a se dissipar. “Os conselhos estão esclarecendo este conflito e ordenando o que cada profissional pode fazer, através de resoluções. Por isso, parcerias como a nossa têm grandes chances de aumentar, protegendo a sociedade do exercício ilegal e incorreto das profissões”, define Fernanda Bittencourt. Já Elaine Baggio completa: “O futuro aponta para uma necessidade crescente de integração entre as áreas de arquitetura e engenharia, visando a redução de tempo de desenvolvimento dos produtos e o tratamento adequado de projetos complexos.”

A maior demanda para escritórios que unem os serviços de engenheiros e arquitetos é por reformas de casas para fins residenciais e comerciais, apartamentos e escritórios. “O projeto feito pelo arquiteto envolve menos cálculos e muita criatividade, mas ele depende das viabilidades técnicas propostas pelo profissional de engenharia. Um exemplo notório que podemos usar seriam as obras do arquiteto mais famoso do Brasil, Oscar Niemeyer. Elas não seriam viabilizadas sem a participação na concepção estrutural de engenheiros como Joaquim Cardoso. Ele (Niemeyer) tinha o conhecimento intuitivo e seus engenheiros traziam aquilo à compreensão cientifica”, analisa Elaine Baggio. Fernanda Bittencourt acrescenta que o trabalho em equipe permite o crescimento profissional, atualização de conhecimentos e troca de experiências e saberes. “Sem esta integração, os dois profissionais saem perdendo”, finaliza.

Entrevistadas
Fernanda Bittencourt, arquiteta formada pela PUCPR em 2002 (CAU A69276-0), e Elaine Baggio, engenheira civil formada pela TUIUTI-PR em 2004 (CREA PR94927/D). As profissionais são sócias da Traço Final Arquitetura e Interiores.

Contato: contato@tracofinal.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Brasil tem piso industrial de concreto premiado nos EUA

Obra construída pelo Grupo Zorzin, em parceria com a Concresul, ganha troféu Golden Trowel, na mais recente edição do World of Concrete

Por: Altair Santos

No World of Concrete 2015, uma obra brasileira ganhou reconhecimento internacional. Durante o evento recentemente ocorrido em Las Vegas, nos Estados Unidos, o piso industrial de concreto desenvolvido para o centro de distribuição do Grupo Tramontina, em Garibaldi-RS, conquistou o prêmio Golden Trowel, na categoria planicidade e nivelamento. O troféu contempla o trabalho do Grupo Zorzin, da cidade de Getúlio Vargas-RS. “Concorrer com obras do mundo todo, e obter a premiação, demonstra que estamos capacitados e seguindo as tendências tecnológicas internacionais para atender os altos padrões de exigência no que se refere a pisos de alto desempenho”, diz Ivan Roberto Zorzin, diretor da empresa.

Piso construído no centro de distribuição do Grupo Tramontina, em Garibaldi-RS, bateu recorde mundial de nivelamento

O piso premiado teve como fornecedor de concreto a Concresul, também do Rio Grande do Sul, e que tem entre seus fornecedores a Cia. de Cimento Itambé. Para o engenheiro da concreteira de Bento Gonçalves-RS, Airton Fontanive, a premiação internacional tende a alavancar o mercado de pisos industriais. “O reconhecimento da qualidade do produto fabricado no Brasil virá através do aumento de demanda e da comprovação de que o setor nacional de pisos industriais possui tecnologia, fornecedores e equipamentos capazes de produzir com qualidade internacional”, atesta, completando que a sinergia dos vários setores envolvidos na fabricação do piso vencedor foi fundamental para a conquista.

O piso construído pelo Grupo Zorzin bateu o recorde mundial de nivelamento, na categoria “Narrow Strip”, alcançando índices técnicos de Ff 155.1 (planicidade)/Fl 125 (nivelamento). O recorde anterior era de 2011, com planicidade (Ff) de 183.6 e nivelamento (Fl) de 100,1, também de uma empresa brasileira: a GNP Construtora, de Campinas-SP. Tanto para Ivan Zorzin quanto para Airton Fontanive, as características do concreto foram decisivas para se alcançar patamares tão elevados de qualidade. “A resistência do concreto permitiu acabamento e durabilidade adequadas ao que exigia o projeto”, define Zorzin. O material usado no centro de distribuição do Grupo Tramontina precisou de especificações especiais.

Características técnicas
A particularidade da obra exigiu que houvesse reforço estrutural do piso, que foi projetado com as seguintes características:
- Fibra de Vidro Estrutural Anti-Crak® HP 67/36, Álcali Resistente
- Módulo de Elasticidade > 72 GPa
- Resistência à Tração > 1.700 MPa
- Fator de Forma > 67
- Fibra da Owens Corning, que aumentou a resistência à flexão e ductilidade, adicionando dureza, resistência à fadiga e impacto ao concreto.

O engenheiro Airton Fontanive complementa ainda que, além das tradicionais especificações de resistência à compressão (fck) e resistência a tração na flexão (fctM,k) existiram especificações rígidas quanto ao tipo e o consumo de cimento por m³, módulo de elasticidade, consistência, fator água/cimento e quantidade de água por m³. “Todas essas atribuições influenciam na qualidade final de um piso de concreto, e elas envolvem soluções técnicas, projeto específico do piso, mão de obra qualificada, equipamentos, fornecedores e produtos de qualidade”, reitera Ivan Roberto Zorzin. A obra consumiu aproximadamente 2.900 m³ de concreto.

Antes de vencer o Golden Trowel, o piso executado pelo Grupo Zorzin também recebeu menção honrosa no 6º Prêmio ANAPRE de Planicidade e Nivelamento, disputado em 2014. A ANAPRE é a Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho, da qual a Zorzin é filiada. A empresa tem 15 anos de atuação e experiência no segmento.

Entrevistados
- Ivan Roberto Zorzin, gestor empresarial pela FGV-SP e diretor do Grupo Zorzin
- Engenheiro civil Airton Fontanive, responsável técnico da área de concreto da Concresul

Contatos
ivan@zorzin.com.br
airton@concresul.com

Créditos Fotos: Divulgação/Grupo Zorzin e Concresul

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

 


Minha Casa Minha Vida não contém déficit habitacional

Pesquisa encomendada pela CBIC, e realizada pela FGV, revela que programa deveria entregar 1,1 milhão de unidades habitacionais por ano

Por: Altair Santos

A pesquisa Políticas Permanentes de Habitação – A importância do programa Minha Casa Minha Vida, revelada no final de 2014 pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), traz dados que mostram que o MCMV está longe de cumprir seu papel: reduzir o déficit habitacional no país. Pelo contrário, ainda que tenha entregado pouco mais de 2 milhões de unidades desde que foi criado, em 2009, e com 1,5 milhão em fase de construção, o programa não consegue acompanhar a demanda da sociedade.

Volume de unidades habitacionais do MCMV não acompanha demandas da sociedade brasileira

O estudo, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), detecta que o Minha Casa Minha Vida só conseguiu reduzir cerca de 8% do déficit habitacional. Em 2009, a carência de moradias era de 5,7 milhões, baixando para 5,2 milhões em 2014. Os dados da pesquisa foram baseados em números fornecidos pela Caixa Econômica Federal e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ainda segundo o levantamento, até 2024 o Brasil ganhará mais 16,8 milhões de famílias. Para atender o déficit já existente, e ainda suprir o que será gerado nos próximos nove anos, o MCMV teria que entregar 1,1 milhão de habitações por ano.

Quatro categorias compõem o déficit habitacional brasileiro, de acordo com o estudo da FGV: habitações precárias (favelas), coabitação (famílias que dividem uma mesma casa), locatários e adensamentos populacionais. Destes grupos, apenas um reduziu significativamente desde o lançamento do MCMV: o de coabitação, que caiu 24,12%. O segmento de habitações precárias teve um recuo de 18,99%. O adensamento baixou 5,45%, enquanto o setor de locações não reduziu. Pelo contrário, aumentou 13,49% no período 2009 e 2014. A pesquisa deduz que esse crescimento se deve à elevação da renda, o que aumentou o número de casamentos e fez subir a quantidade de pessoas morando sozinhas.

Ponto de vista das construtoras
Para cumprir com a meta estimada de entregar 1,1 milhão de moradias a cada ano, o investimento do governo teria de ser de R$ 760,6 bilhões em um período de nove anos - até agora, foram investidos R$ 223 bilhões no programa. Boa parte deste dinheiro seria em forma de subsídios, já que as classes que mais dependem do MCMV estão na faixa de um a três salários mínimos. Para a FGV, o aumento no volume de unidades produzidas pelo Minha Casa Minha Vida só seria possível se houvesse mais oferta de terrenos, mais contrapartida de estados e municípios e mais investimento em produtividade por parte das empreiteiras.

Apesar de o MCMV não ter conseguido cumprir sua função, até o momento, as construtoras são praticamente unânimes em relação ao programa. Para 93%, ele é visto como “importante” para o setor da construção civil. As empresas também entendem que o Minha Casa Minha Vida teria produzido muito mais unidades não fossem gargalos como burocracia, carga tributária e falta de incentivos para a adoção de sistemas construtivos industrializados. Para a autora da pesquisa, a coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria Castelo, o país tem uma dívida enorme com uma parcela significativa da população que ficou à margem do mercado imobiliário, por causa das restrições de renda, mas avalia que são necessárias mudanças no programa. “É da máxima importância para as empresas que o programa se transforme em uma política de estado”, afirma.

Confira o estudo completo da FGV.

Entrevistado
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) (via assessoria de imprensa)
Contato: comunica@cbic.org.br

Crédito Foto: Olga Leiria/Cohapar-PR

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330