Expectativa do mercado imobiliário é crescer 6% em 2015

Nova presidente da Ademi-PR avalia que, apesar das indefinições da macroeconomia, quem aliar conhecimento com criatividade tende a manter vendas

Por: Altair Santos

A engenheira civil e diretora de marketing da Construtora San Remo, Aline Perussolo Soares, é a primeira mulher a assumir a presidência da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) - entidade que representa as construtoras e incorporadoras no Estado. Empossada em 24 de fevereiro de 2015, a empresária afirma que o objetivo de sua gestão (2015-2016) é trabalhar para que as empresas do setor mantenham a produtividade, a fim de que o lançamento de unidades novas cresça 6% em relação a 2014. Esta estimativa e outras análises estão na entrevista a seguir. Confira:

Aline Perussolo Soares: primeira mulher a presidir a Ademi-PR

Em um ano de estresse econômico, quais são os desafios para as construtoras e incorporadoras paranaenses?
O atual momento é de indefinições quanto às diretrizes da política econômica nacional. As construtoras e incorporadoras têm de esperar o cenário se estabilizar, especialmente quanto à opção que será feita pela equipe de governo: se por investimento ou por corte de custeio, para concluir o seu planejamento em definitivo. Na área empresarial, especificamente quanto ao mercado imobiliário, o desafio é as empresas manterem a produtividade ante a uma economia que se encontra em ritmo mais lento. Ainda assim, estamos numa situação mais favorável do que em épocas anteriores, marcadas por mudanças de planos econômicos, congelamentos, oferta de crédito restritiva, inflação descontrolada e em níveis estratosféricos. Além disso, se o momento apresenta desafios, também oferece oportunidades para as empresas usarem a criatividade e o conhecimento construído ao longo dos anos para buscar novas soluções, fazer diferente, inovar, sem desconsiderar as experiências anteriores, elevando a qualidade dos produtos e serviços colocados no mercado.

O setor de construção imobiliária no Paraná projeta crescimento para 2015, em relação a 2014?
Em função das indefinições da macroeconomia, nesse momento, é difícil elaborar previsões. É preciso que o cenário se estabilize para fazermos projeções mais alinhadas com a realidade do mercado. Entretanto, estamos otimistas, e acreditamos que o número de unidades lançadas em Curitiba nesse ano seja, no mínimo, 6% superior ao ano de 2014. Além disso, o imóvel novo tende a continuar em valorização, com índices muito próximos da inflação.

Sob o ponto de vista de ganhos de produtividade das construtoras, a senhora acredita que elas estão preparadas para obter ganhos nesta área?
Acreditamos, sim, que as construtoras e incorporadoras podem garantir produtividade nesse ano. Em alguns segmentos, como o da habitação econômica, isso se dará em termos de aumento de lançamentos, visto que esse é um setor em que a demanda é latente. No Paraná, muitas empresas diversificaram seus negócios nos últimos anos, inclusive expandindo a sua atuação para cidades do interior do Estado, que ainda não chegaram à fase de “pós-boom” imobiliário, o que, no conjunto das receitas apuradas, deve garantir o faturamento. O segmento de alto padrão e luxo é, naturalmente, mais estável quanto à relação oferta e demanda, visto que se trata de um nicho de mercado para atendimento das altas rendas da cidade, e deve-se manter constante. Já para as habitações de padrão standard, com preço de R$ 250 mil a R$ 400 mil, que atende a classe média e, proporcionalmente aos demais setores, ele apresenta maior concorrência. As oportunidades estão no desenvolvimento de projetos exclusivos, com menos unidades e com diferenciais que garantam maior valor agregado para a venda.

Em sua posse, a senhora disse que uma de suas metas é contribuir para que as associadas da Ademi-PR conquistem desenvolvimento técnico e profissional. A senhora poderia explicar melhor esse ponto?
A nova gestão da Ademi-PR pretende ampliar a qualificação técnica de seus dirigentes e profissionais do mercado de incorporação imobiliária, por meio de uma agenda de capacitação, que compreende a promoção de cursos e palestras exclusivos e periódicos aos associados. Na área estratégica, nosso objetivo é ampliar o escopo da pesquisa de mercado que é realizada pela entidade de classe, agregando novas categorias de monitoramento como, por exemplo, sobre a oferta e os preços dos terrenos comercializados na capital paranaense, otimizando o uso desse levantamento enquanto ferramenta de planejamento e de venda pelas empresas associadas.

Hoje é sabido que sistemas construtivos industrializados estão cada vez mais confiáveis e mostrando ser bem competitivos. A Ademi-PR pretende estimular que as empresas invistam em sistemas que garantem obras com cronogramas mais enxutos?
A construção civil brasileira avançou muito nos últimos anos em tecnologia, no que se refere a sistemas construtivos. Entretanto, é importante destacar que muitos deles ainda estão em processo de certificação junto aos organismos responsáveis, e até mesmo a agentes financeiros, para a concessão de crédito imobiliário, assim como alguns funcionam em caráter de projeto-piloto. O mesmo vale para os materiais empregados na construção. Ao mesmo tempo em que a nova Norma de Desempenho das Edificações aumentou as exigências de qualidade desses insumos na obra, também obriga que os materiais passem por ensaios laboratoriais ou contem com certificação por organismo autorizado para uso nas habitações, o que ainda está em processo de adequação pelos fornecedores. Esses avanços são altamente relevantes e terão uma participação cada vez maior no setor nos próximos anos. De modo geral, a construção civil no país ainda é bastante artesanal, não apenas em função do custo de incorporação das novas tecnologias, mas também por esses processos de certificação de qualidade. Enquanto entidade de classe, somos apoiadores e incentivadores das novas tecnologias na construção civil, desde que conjuguem produtividade e qualidade, sem onerar empreendedores e compradores, e na medida em que não gerem impactos sociais bruscos quanto à geração de emprego e renda no setor.

Com relação a itens como sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, como sua gestão pretende atuar?
Buscar alternativas para diminuir os impactos da construção civil no meio ambiente já é prioridade na gestão das construtoras e incorporadoras. Não apenas pela implantação de procedimentos e práticas menos agressivas no canteiro de obras, como otimização de uso e reaproveitamento dos materiais, mas também em sistemas inteligentes quanto à utilização dos recursos naturais nos empreendimentos, como captação da água da chuva, sensores de iluminação e placas de captação da energia solar para aquecimento da água. Do mesmo modo, a descoberta e o repasse de informações sobre técnicas mais sustentáveis na construção civil estão entre as prioridades da nossa gestão. Inicialmente, vamos subsidiar a disseminação e adesão a esse conceito por meio da realização de ações, junto aos associados, que permitam o conhecimento e o intercâmbio de experiências sobre as novas soluções e tecnologias utilizadas no setor. Nosso intuito é que esse trabalho seja realizado em parceria com outras entidades representativas do setor, como SindusCon-PR, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e as demais Ademis do Brasil.

Em que patamar as construtoras e incorporadoras paranaenses encontram-se hoje, sob o aspecto de volume de obras e solidez nos negócios, em relação a outros estados?
Essa avaliação depende do referencial para comparação, que pode ser tanto uma cidade como São Paulo quanto Porto Alegre, que estão em situações bastante diversas. De modo geral, é possível afirmar que o mercado imobiliário paranaense, especialmente em Curitiba, atingiu a sua maturidade e encontra-se numa fase de adequação entre oferta e demanda, com a redução das unidades em estoque. Os dados mostram um salto na participação da incorporação imobiliária formal, ou seja, obras realizadas por construtoras e incorporadoras. Em 2007, um terço das unidades residenciais foi licenciada por meio da incorporação formal. No ano passado, metade das unidades residenciais foi licenciada pelas construtoras e incorporadoras, o que indica maior profissionalização do setor e mais qualidade técnica e confiabilidade dos empreendimentos imobiliários. Quanto aos preços, os dados mostram que os imóveis novos continuam a valorizar na capital paranaense, dentro de um patamar de regularidade.

Hoje, com quantos associados conta a Ademi-PR e com que áreas eles estão relacionados?
Atualmente, a Ademi-PR conta com aproximadamente 50 associados, entre construtoras, incorporadoras, imobiliárias e empresas com atuação diretamente relacionada ao mercado imobiliário do Paraná, sendo que a maioria das empresas está situada em Curitiba e região metropolitana. Entre os objetivos dessa nova gestão, está a ampliação do quadro associativo, inclusive com a adesão de construtoras e incorporadoras do interior do Paraná.

Ainda compensa investir em imóveis?
Adquirir um imóvel para investimento sempre é um bom negócio porque, mais do que uma alternativa de diversificar as aplicações financeiras, trata-se da constituição de um patrimônio. Mas é importante atentar-se que, somado ao seu baixo risco, é uma operação com resultados no longo prazo. O momento também é bastante favorável para quem busca um imóvel para moradia, pois, o mercado oferece uma gama ampla de opções, com condições de pagamento atrativas.

Veja como ficou a nova diretoria da Ademi-PR

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrevistada
Engenheira civil Aline Perussolo Soares, com pós-graduação em marketing, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) e diretora de marketing na Construtora San Remo
Contato: ademipr@ademipr.com.br

Crédito Foto: Divulgação/ Carol Sábio

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sistema protendido e concreto autoadensável dominam pré-fabricado

Pesquisa divulgada pela ABCIC mostra que setor aprimora suas linhas de produção, tanto no que se refere a materiais quanto a equipamentos

Por: Altair Santos

Recente balanço divulgado pela ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), intitulado “Sondagem de Expectativas da Indústria de Pré-fabricados de Concreto”, revela que sistemas protendidos de concreto e o concreto autoadensável passaram a dominar a linha de produção das empresas que atuam no setor. Em 2014, 59,5% das peças produzidas consumiram concreto com protensão e 58,1% utilizaram autoadensável como matéria-prima. Já o concreto armado foi usado por 40,5%. O estudo, organizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) revela ainda que, no ano passado, o segmento da construção industrializada absorveu 407 mil toneladas de cimento e produziu 1,063 milhão de m3 em estruturas pré-moldadas.

Em 2014, construção industrializada consumiu 407 mil toneladas de cimento e produziu 1,063 milhão de m³ em estruturas pré-moldadas

Os ganhos de produtividade é que passaram a dar protagonismo aos sistemas protendidos e ao concreto autoadensável dentro da indústria de pré-fabricados. No caso da técnica com protensão, ela oferece menor risco de fissuras, a possibilidade de construir peças mais esbeltas e resistentes e a oportunidade de vencer vãos maiores do que com o concreto armado convencional. Já o concreto autoadensável reduz custos por m³, garante melhor acabamento e permite bombeamentos à longa distância, além de otimizar a mão de obra.

O estudo revela ainda que 18,6% das indústrias do segmento já implantaram em suas fábricas a ferramenta BIM (Building Information Modeling). Em relação às empresas que conhecem, e que pretendem implantar o sistema nos próximos anos, o percentual é de 27,9% - um pouco abaixo dos 31,2% registrado no levantamento anterior. Somando quem já utiliza e quem planeja adotar o BIM nos próximos dois anos, o total já equivale a 46,5%. Tal percentual, ao lado do maior uso de sistemas protendidos de concreto e do concreto autoadensável, confirma maior consonância do segmento com preceitos de sustentabilidade e do intenso desenvolvimento tecnológico do setor.

Outro dado relevante mostrado na pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas está no fato de que 44% das empresas do segmento de pré-fabricados de concreto investiram em 2014 mais do que em 2013. Deste percentual, 78% responderam que destinaram os recursos para a compra de equipamentos para produção; 53,7% disseram ter ampliado suas áreas de produção; 41,5% aplicaram em infraestrutura de equipamentos em geral; 36,6% expandiram as áreas de estocagem e 34,1% investiram em galpões e obras civis. O levantamento apurou ainda que 31,1% das empresas do segmento planejam investir mais em 2015 do que investiram no ano passado.

Shopping centers lideram
A sondagem da FGV também levantou os segmentos da construção civil onde mais foram utilizadas estruturas pré-fabricadas de concreto em 2014. Houve alterações no ranking, em comparação com 2013. A área de shopping centers assumiu a liderança, seguida de indústrias, área de infraestrutura e obras especiais, conforme atesta a maior presença do segmento na viabilização de obras em aeroportos e também em estádios. O ranking de 2014 é completado ainda por centros de distribuição e logística, edifícios comerciais, obras para a área de varejo e, por último, o segmento habitacional.

No que diz respeito ao nível de emprego gerado pelo segmento de pré-fabricado, a sondagem da FGV registrou, com base em dados de 2013, que a indústria empregava 12.066 pessoas, ou seja, 1,5% do contingente da indústria da construção civil e 9,2% do segmento de fabricação de artefatos de concreto. Na comparação com o ano anterior, houve uma queda de 9% no número de trabalhadores por empresa. Na média, 33% das empresas possuíam até 100 empregados; 53% delas registravam entre 101 e 500 trabalhadores, e 14% contavam com mais de 500 funcionários.

O estudo da FGV revelou ainda dados sobre o perfil de produção das empresas do segmento. Mostrou, por exemplo, que aumentou significativamente o percentual de pré-fabricadores que processam anualmente um volume entre 30,1 mil m3 a 100 mil m3 de estruturas. Esse percentual era de apenas 6,4% em 2012 e saltou para 16,3%, em 2013. A pesquisa, que teve a coordenação da economista Ana Maria Castelo, foi realizada entre os meses de agosto a novembro de 2014 e ouviu 45 das 53 empresas associadas da ABCIC. Esta foi a segunda edição do estudo voltado exclusivamente para o setor de pré-fabricados de concreto.

Entrevistado
ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) (via assessoria de imprensa)
Contato: meccanica@meccanica.com.br

Crédito Foto: Divulgação/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Minha Casa Minha Vida 3 valoriza arquitetura e urbanística

Nova etapa do programa habitacional quer destacar sistemas construtivos inovadores e incorporar construções de unidades de saúde e escolas ao projeto

Por: Altair Santos

Ao participar do Construbusiness 2015, a secretária nacional de habitação, Inês Magalhães, afirmou que a terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) procurará avançar nos projetos arquitetônicos e nos projetos urbanísticos, ou seja, terá como meta atender a Norma de Desempenho, incorporando sistemas construtivos inovadores e que garantam ganhos de produtividade.

Inês Magalhães: secretária mantém meta do MCMV3, que é construir 3 milhões de unidades até o final de 2018

Além disso, a representante do governo federal afirma que o programa passará a priorizar questões urbanísticas, como a implantação de comércio nos núcleos dos empreendimentos e a contratação de unidades de saúde e de educação junto com as unidades habitacionais, além de obras de mobilidade. No fórum que debateu o ambiente econômico da construção civil, Inês Magalhães assegurou também que a etapa 3 do MCMV entrará em operação ainda em 2015.

A meta do governo é construir três milhões de unidades em quatro anos, assegurando que os recursos estão garantidos para as famílias com renda até R$ 5.400,00 por mês, através do FGTS e da caderneta de poupança. O objetivo é lançar a nova etapa ainda neste semestre. “Não nos faltam recursos, que estão reservados, mas a nova etapa do Minha Casa Minha Vida nos permitirá corrigir rotas para imprimir uma nova modelagem ao programa”, diz Inês Magalhães.

Entre as novidades que o MCMV 3 trará, está o vínculo de empreendimentos comerciais acoplados a conjuntos habitacionais, assim como o compromisso do poder púbico municipal em instalar equipamentos básicos de saúde e de educação. “Aprendemos com as fases 1 e 2 que não pode haver esse descasamento. Então, na fase 3, uma das novidades será a previsão de comércio básico junto às unidades (pequenos comércios, farmácia, padaria e minimercados) ainda na etapa de contratação do projeto. Da mesma forma, serão incluídos postos de saúde, escolas e creches”, afirma a secretária nacional de habitação.

Pagamentos dilatados
A etapa 3 do MCMV também terá a preocupação com a arquitetura de casas e blocos habitacionais. “Queremos melhorias arquitetônicas e concepções urbanísticas que livrem o Minha Casa Minha Vida dos conceitos de caixotes ou de depósitos de gente. Para isso, seremos rigorosos também quanto ao cumprimento da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575 - Edificações habitacionais – Desempenho), principalmente no que concerne aos desempenhos acústico e térmico”, completa Inês Magalhães.

Casas do MCMV: nova etapa do programa quer corrigir falhas detectadas nas fases 1 e 2

Do lado do setor privado da construção civil que atua no Minha Casa Minha Vida, os representantes que estiveram no Construbusiness reivindicaram realinhamento dos valores pagos atualmente pela Caixa Econômica Federal, que é o agente financeiro que banca quase integralmente o programa, e também a volta dos pagamentos em dia. Quanto ao reajuste, Inês Magalhães assegurou que isso será feito, mas admitiu que haverá uma dilatação dos pagamentos. “O Minha Casa Minha Vida já pagou R$ 10,4 bilhões. O programa vinha adotando como regra o prazo de D+2 (apresenta fatura e recebe em dois dias). Agora, quem apresenta a fatura recebe entre 15 e 30 dias, em um prazo médio de 20 dias”, comenta.

O vice-presidente de Assuntos Legislativos e Urbanismo Metropolitano do Secovi-SP, Ricardo Yazbek, contestou a secretária, afirmando que atualmente há um déficit de pagamento muito alto, da ordem de R$ 900 milhões, do governo federal para com as empresas do setor. “Isso está asfixiando, principalmente, as pequenas e médias construtoras que atuam no programa. Aguardamos o anúncio da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, mas é melhor que o governo acerte as fases anteriores”, cobra.

Entrevistada
Inês Magalhães, secretária nacional da habitação.
Contato: snh@cidades.gov.br

Créditos Fotos: Divulgação/Cia. de Cimento Itambé e Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sai falta de mão de obra, entra falta de demanda

Entre 2008 e 2013, construção civil procurou enfrentar o dilema da escassez de profissionais para atuar no canteiro de obra. Agora, cenário inverte

Por: Altair Santos

Induzido pelos números recentes da economia, o discurso dos empresários ligados à cadeia produtiva da construção civil brasileira mudou. Se antes pregava a busca de mão de obra qualificada para atender as vagas em aberto, atualmente a demanda é por obras. “Não podemos nos acomodar com o crescimento quase zero do PIB. A situação é grave, e se o governo não reagir, estimulando setores que impulsionam o desenvolvimento como o da construção, ela pode se agravar mais ainda”, afirma o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.

Paralisia e falta de contratação de obras, principalmente no setor público, preocupa organismos da construção civil

O dirigente reverbera opiniões de vários segmentos, além de cobrar o pagamento de obras atrasadas e o lançamento de empreendimentos prometidos – tanto no âmbito federal quanto estadual e municipal. “Os governos precisam acabar com os atrasos dos pagamentos das obras de infraestrutura e habitação popular, colocar em dia os cronogramas de execução que foram adiados e retomar a concessão de financiamentos. O mesmo vale para o programa Minha Casa Minha Vida, que ainda não iniciou a contratação das prometidas 350 mil unidades habitacionais da fase 2 nem iniciou a fase 3”, reitera.

O vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, avalia que a retomada das obras passa por concessões de obras públicas e PPPs (Parcerias Público-Privadas) desde que ofereçam contratos atrativos e segurança jurídica, além de procedimentos que estimulem a economia. “Precisamos destravar tudo o que bloqueia o aumento da produtividade, como o excesso de burocracia em aprovações de empreendimentos imobiliários, dificuldades nos registros de imóveis e falta de flexibilidade na legislação trabalhista”, opina.

Queda nos insumos
A constatação de que “mão de obra” foi substituída por “demanda por obras” se confirma nos dados recentemente apresentados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). No estudo “Construção civil: desempenho e perspectivas” detecta-se queda de 5,73% no volume de insumos, como cimento, areia, pedra brita e blocos, impactados, obviamente, pela baixa contratação de fundações e de estruturas. Para 2015, estima a análise, essa queda tende a se acentuar. Porém, a FGV vê crescimento nos insumos que envolvem a etapa do acabamento, haja vista que existem muitos empreendimentos iniciados em 2013, e que deverão ser entregues no primeiro semestre de 2015.

Obviamente, os reflexos da menor contratação de obras impactam no emprego. De acordo com os números levantados pela FGV, somando todos os segmentos, a redução de vagas na construção civil será de 6,47%. A maior queda, aponta o estudo, ficará com a infraestrutura, que deverá contratar 14,09% a menos, seguido do setor imobiliário, que tende a cair 7%. “Os dados que apontam queda nos setores imobiliários e de infraestrutura deixam evidentes que a preocupação futura dos empresários passou a ser a falta de demanda, superando os problemas com falta de mão de obra”, atesta Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV.

Confira a íntegra do estudo da FGV
http://www.sindusconsp.com.br/envios/2015/docs/conjuntura_1002.pdf

Entrevistados
Presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto; vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan e coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria Castelo
Contato: sindusconsp@sindusconsp.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Barreiras New Jersey: garantia de segurança nas estradas

No Brasil, artefatos de concreto predominam nas rodovias pedagiadas e atuam com mais eficiência contra acidentes, se comparadas às defensas metálicas

Por: Altair Santos

Estudo do LabTrans (Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina) revela que as barreiras New Jersey, usadas tanto para dividir vias quanto para definir barreiras laterais em pistas, pontes e viadutos, devem prevalecer nas rodovias brasileiras por uma razão primordial: a segurança. Artefatos pré-fabricados de concreto, elas atuam com mais eficiência em acidentes, se comparadas com as defensas metálicas, que ainda predominam em algumas estradas do país, principalmente as não pedagiadas.

Blocos têm medida padrão, com 6 metros de comprimento e 1 metro de altura, e cada um consome 1,5 m³ de concreto

A própria norma 109/2009 - PRO, do DNIT, ressalta a capacidade de impedir acidentes mais graves, proporcionadas pelas barreiras New Jersey. “Trata-se de dispositivo de proteção, rígido e contínuo, implantado ao longo das rodovias, com forma, resistência e dimensões capazes de fazer com que veículos desgovernados sejam reconduzidos à pista, sem brusca redução de velocidade nem perda de direção, causando o mínimo de danos ao veículo, seus ocupantes e ao próprio dispositivo, de modo que os acidentes não sejam agravados por fatores como, por exemplo, saídas de pista, colisão com objetos fixos (árvores, postes, pilares etc.) e colisão frontal com veículos trafegando na pista de fluxo oposto”, diz a norma.

Pré-fabricadas, as barreiras New Jersey normalmente são produzidas em indústrias específicas. No entanto, nos casos em que a logística encarece o transporte, elas podem ser fabricadas in loco, através de formas móveis montadas próximas da obra. “Com o avanço das tecnologias que chegaram ao Brasil nos últimos anos, as concessionárias e os organismos públicos estão migrando para os dispositivos pré-moldados, por causa de seu maior benefício na questão segurança”, explica Marco Biscaro, diretor da Segurvia, com sede em Florianópolis.

Normas europeia e brasileira
As barreiras New Jersey, que têm este nome por terem sido inventadas no estado de New Jersey, nos Estados Unidos, são produzidas no Brasil seguindo o padrão europeu estipulado pela norma UNI EN1317/98-2001. São artefatos com a resistência mínima de fck – 40 MPa, em conjunto com uma armadura de 105 kg de aço CA-50, distribuída em uma peça com 6 metros de comprimento e 1 metro de altura. Para fabricar barreiras com essas dimensões são consumidos 1,5 m³ de concreto por unidade.

Barreiras New Jersey: norma do DNIT as qualifica como mais seguras que as defensas metálicas

Além da UNI EN1317/98-2001, a produção de barreiras New Jersey no Brasil também segue a ABNT NBR 15486/2007 - Segurança no tráfego - Dispositivos de contenção viária – Diretrizes, que se baseia na norma europeia. “Atualmente, a norma da ABNT está em processo de revisão, a fim de melhorar os itens que preveem apresentação de certificados de homologação por meio de crash tests”, ressalta Marco Biscaro.

Quando não são moldadas in loco, as barreiras New Jersey chegam ao local transportadas por caminhões-munck - equipados com guindaste - e, normalmente, dois operadores treinados conseguem instalar até 500 metros por dia. No Brasil, os modelos mais usados em rodovias são os centrais-laterais, para a divisão do fluxo de veículos ou para proteger a lateral de pista, ou o borda-ponte, específico para pontes e viadutos. As instalações devem sempre seguir as indicações pré-determinadas pelo projetista da obra.

Veja estudo detalhado sobre barreiras New Jersey
http://www.labtrans.ufsc.br/psr/file.axd?file=2010/12/barreiras+new+jersey.pdf

Entrevistados
- LabTrans (Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina) (via assessoria de imprensa)
- Marco Biscaro, diretor da Segurvia

Contatos
segurvia@gmail.com
contato@labtrans.ufsc.br
comunicacao@labtrans.ufsc.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Bridges 2015 destaca monitoramento de pontes via satélite

Tradicional congresso britânico mostra avanços para medir efeitos dos ventos, das marés e até da rotação do planeta sobre estruturas elevadas

Por: Altair Santos

O congresso internacional Bridges 2015, que aconteceu dia 25 de março de 2015, em Manchester, na Inglaterra, apresentou uma série de inovações em relação à construção e à manutenção de pontes. Entre os trabalhos mostrados por especialistas europeus e norte-americanos, o que mais chama a atenção é o que permite o monitoramento de estruturas elevadas via satélite.

Forth Road Bridge, na Escócia: ponte de 50 anos é a primeira a ser monitorada por satélite

O sistema já é realidade para pelo menos uma ponte: a Forth Bridge Road, na Escócia. Construída há mais de 50 anos, a obra é monitorada pela Agência Espacial Europeia (ESA, da sigla em inglês) desde setembro de 2014. Em parceria com a Universidade de Nottingham, um equipamento chamado GNSS & Earth Observation foi instalado nas estruturas da ponte, que é o principal acesso para quem vem do norte escocês para a capital Edimburgo. São quatro receptores GNSS de alta sensibilidade, e dois anemômetros, que conseguem captar até minúsculos movimentos.

Os sinais são transmitidos para o satélite Copernicus, que capta dados não apenas da ponte, mas também dos efeitos dos ventos, da maré e até da rotação da Terra sobre as estruturas da Forth Bridge Road. “Com base em nossas experiências com o Forth Bridge Road, descobrimos que o monitoramento via satélite é uma poderosa ferramenta para avaliar componentes de grandes estruturas", disse Barry Colford, líder da GeoSHM Xiaolin Meng – empresa líder do consórcio que detém os direitos sobre a tecnologia.

Rumo à China
O pesquisador, que palestrou na Bridge 2015, disse estar impressionado com o potencial do equipamento. "Isso nos permite fechar a ponte em condições climáticas adversas, com base em informações precisas. Por exemplo, eu sabia que a ponte pode mover-se de forma significativa sob alta carga de vento, mas pela primeira vez soube que ela move-se 3,5 metros lateralmente e 1,83 metros verticalmente, sob velocidade do vento de 41 m/s. Assim, temos parâmetros precisos para emitir alarmes de segurança", completa.

Conferência Bridges 2015 atraiu engenheiros especialistas em ponte, vindos de diversos países

O monitoramento da Forth Bridge Road também demoveu o governo escocês de pôr abaixo a velha estrutura e construir outra – mais moderna – em seu lugar. Os dados fornecidos pelo satélite comprovam que a ponte pênsil de 2,5 quilômetros, e com vão livre de 1.006 metros, suporta ainda mais algumas décadas de uso. A estrutura chega a suportar um tráfego de 2,5 milhões de veículos por mês. Durante sua construção, entre 1957 e 1964, ela recebeu 39 mil toneladas de aço e 125 mil m³ de concreto.

Com a comprovada precisão do GNSS & Earth Observation, o próximo passo será levar o sistema para algumas das mais longas pontes chinesas. “Vemos um enorme potencial para a implantação destes recursos espaciais neste tipo de monitoramento de estruturas mistas ou construídas apenas em concreto ou aço”, avalia Beatrice Barresi, engenheira de telecomunicações da ESA, que também falou sobre a tecnologia na Bridges 2015.

 

Entrevistado
Assessoria de imprensa da Bridges 2015 (via e-mail)

Contatos
conferences@hgluk.com
info@forthroadbridge.org

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Rua mais bonita do mundo clama por reurbanização

Gonçalo de Carvalho é considerada “túnel verde” de Porto Alegre, mas ONG luta por calçada com blocos permeáveis de concreto para preservar árvores 

Por: Altair Santos

Há dez anos, o projeto para construir um edifício-garagem na Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre-RS, tornou a rua conhecida mundialmente. Mais do que isso: a fez ganhar o título de “rua mais bonita do mundo”. A obra, que acabou não se concretizando, por conta da pressão dos moradores, iria derrubar árvores do principal “túnel verde” da capital gaúcha. O apelo da comunidade caiu nas redes sociais e o blog catalão Amics arbres (Amigos das árvores) o propagou mundo afora. Foi a senha para que o blog português A Sombra Verde desse à Gonçalo de Carvalho o título de “a rua mais bonita do mundo”.

Rua Gonçalo de Carvalho: referência mundial de rua arborizada, mas carente de modernas intervenções urbanas

Um ano depois, em 2006, a prefeitura de Porto Alegre decretou a rua como patrimônio histórico, cultural, ecológico e ambiental do município. As árvores foram catalogadas e descobriu-se que nove espécies formam o “túnel verde”: tipuana, chuva-de-ouro, cerejeira-do-mato, jacarandá, chal-chal, pitangueira, paineira, ligustro e uva-do-japão. Nasceu também uma ONG (Organização Não-Governamental) - Amigos da Gonçalo de Carvalho -, que reivindica uma atuação mais efetiva do poder público junto à rua. A principal delas, é de que o espaço ganhe uma urbanização adequada.

Segundo o arquiteto Marcelo Ruas, que é o porta-voz da ONG, um dos apelos é que as calçadas sejam adequadas às necessidades das árvores. “Existe a ditadura do calçamento com pedras de basalto, ainda que a legislação aceite blocos de concreto permeáveis. Porém, isso não é incentivado na cidade. É necessário que se adapte o calçamento às necessidades da vegetação”, defende. Através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a prefeitura defende que a calçada e a rua com paralelepípedos ajuda a não impermeabilizar o terreno, contribuindo com a preservação das árvores.

Potencial turístico
Outra reivindicação da ONG é que a prefeitura explore o potencial turístico da Gonçalo de Carvalho. Estima-se que 40% dos que visitam Porto Alegre anualmente passam pelo local, desde que ela foi intitulada a “rua mais bonita do mundo”. “Ela poderia receber cafés e pontos de encontro, mas isso infelizmente não é incentivado. A linha de ônibus turístico, por exemplo, não passa pela rua, apesar de já termos solicitado isso à prefeitura inúmeras vezes”, diz Marcelo Ruas.

Prefeitura de Porto Alegre afirma que análises técnicas estimulam a manutenção do pavimento com pedras de basalto

Mais um apelo é de que o poder público autorize que a iniciativa privada adote as árvores, promovendo a poda, o tratamento contra plantas parasitas e a reurbanização do calçamento. A Gonçalo de Carvalho tem um percurso de 500 metros e fica no bairro Independência, na capital gaúcha. Ainda que paisagistas e arquitetos defendam a reurbanização, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente defende que análises técnicas mostram que o calçamento e o pavimento da rua são compatíveis com as características do solo da região e sua respectiva permeabilidade.

Entrevistados
- Arquiteto Marcelo Ruas, porta voz da ONG Amigos da Gonçalo de Carvalho
- Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (via assessoria de imprensa)
Contatos
imprensa@smam.prefpoa.com.br
goncalodecarvalho@yahoo.com.br
mruas149@hotmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Placas de concreto pré-fabricadas agilizam conclusão do Rodoanel

Trecho norte da megaobra utiliza 51 mil lajes em seus 44 quilômetros. Tecnologia atende demandas ambientais impostas ao projeto

Por: Altair Santos

O emprego de tecnologias inovadoras já é uma marca registrada do Rodoanel – obra que envolve o entorno da cidade de São Paulo. Foi assim nos trechos sul, leste e oeste, e não é diferente na etapa norte. Prevista para ser inaugurada em 2017, está é considerada a fase mais desafiadora do megraempreendimento. Sua construção envolve restrições ambientais e, por isso, requer a execução de número significativo de obras de arte sem que haja a instalação de grandes canteiros no local. Uma das soluções foi produzir placas pré-fabricadas de concreto armado para compor os tabuleiros das pontes.

Os quatro trechos do Rodoanel que circunda a cidade de São Paulo agregam tecnologias inovadoras da construção civil

Por causa das limitações impostas por licenças ambientais, essa tecnologia está cada vez mais frequente em obras. Também conhecida como pré-lajes para tabuleiros, o sistema conquista projetistas por que otimiza processos. As placas são autoportantes e eliminam o serviço de cimbramento e de madeiramento. Também agilizam a armação e a concretagem, pois os operários podem se locomover sobre elas durante a execução. Além disso, as placas pré-fabricadas podem receber a concretagem complementar diretamente e, em seguida, a pavimentação.

No caso do trecho norte do Rodoanel, cuja extensão é de 44 quilômetros, a empresa M3SP Engenharia industrializou 51 mil peças de pré-lajes. O desafio foi imposto pela contratante - a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa vinculada ao governo do Estado de São Paulo) -, que exigiu placas com geometrias específicas, o que levou à execução de formas especiais. Cada pré-laje foi confeccionada com 50 centímetros de largura, 7 centímetros de espessura e 2 metros de comprimento. Entre a fábrica e o local da obra, as peças percorreram 70 quilômetros.

Cimento CP V-ARI
Outra característica peculiar das pré-lajes diz respeito aos agregados que as compõem. Eles foram selecionados de acordo com elementos menos propensos a causar reações álcali-agregado e, consequentemente, proteger as placas de patologias do concreto. Para a fabricação das lajes usou-se cimento CP V-ARI. Segundo a M3SP, foram consumidos 43 mil m³ de concreto. “O cimento escolhido tem alta resistência inicial, ideal para a fabricação de elementos pré-moldados em concreto, que exigem rápido manuseio”, disse o corpo técnico da empresa, através de sua assessoria de comunicação.

Para atender a demanda no trecho norte do Rodoanel, a M3SP Engenharia produziu peças de pré-lajes sob medida

Quanto à armação, as placas receberam aço positivo de tração incorporado às peças, com armações treliçadas para estabilizá-las. Também foram fixadas alças para facilitar o içamento através de gruas. “O sistema elimina etapas de escoramento e de armação de grande parte do aço positivo, pois todas essas fases estão incorporadas às pré-lajes. Isso eleva também o compromisso com a sustentabilidade, assumida pela obra, além de minimizar atrasos no cronograma e exigir menos mão de obra no canteiro”, complementa a M3SP.

Entrevistado
Corpo técnico da M3SP Engenharia (via assessoria de comunicação)
Contato: marketing@m3sp.com.br

Créditos Fotos: Edson Lopes Jr./DERSA e Divulgação/M3SP

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Mercado imobiliário investe em venda de estoque

Comprador pode obter até 30% de desconto por esse tipo de unidade, que em tempos de crise se transforma em protagonista nas cidades do país

Por: Altair Santos

Sabe aquelas unidades que sobram em um prédio recentemente construído, e pronto para ser entregue aos proprietários? São elas que o mercado imobiliário chama de estoque. Normalmente, trata-se de apartamentos no nível térreo, próximos da porta de entrada ou da área de lazer; ou então aqueles com pouca insolação ou com defeitos de acabamento. Há ainda os que foram alvo de distrato, quando o primeiro comprador desiste do negócio antes mesmo de tomar posse do imóvel. Antes, eram unidades rejeitadas. Hoje, se transformaram em protagonistas em tempos de crise.

Nos estandes, imóveis em estoque chamam a atenção tanto de quem compra quanto de quem vende

Para vendê-las, construtoras e incorporadoras estão dispostas a dar até 30% de desconto. Isso torna esse tipo de negócio bom para quem busca um imóvel para morar e para quem pretende investir. “Se bem escolhido, pode ser um ótimo negócio para todas as pontas do mercado. O investidor tende a garantir uma liquidez maior, dependendo da localização e do que há no entorno do empreendimento”, explica Rogério Santos, diretor da RealtON – empresa com expertise em outlet de imóveis em estoque. O especialista ressalta ainda que essa é uma tendência verificada principalmente nas capitais brasileiras. São Paulo, por exemplo, fechou 2014 com 27 mil unidades em estoque.

Diferentemente do que ocorreu entre 2009 e 2013, durante os anos em que mais se vendeu imóveis no Brasil, os prédios prontos passaram a ter mais unidades em estoque. Isso, de acordo com Rogério Santos, é bom por que permite ao comprador ver fisicamente o que está em negociação. “O estoque que temos hoje conta com um número maior de imóveis prontos, já entregues. Assim, o comprador pode visitar a unidade, verificar acabamento e outros itens. Também permite ter maior poder para negociar valores e formas de pagamento”, afirma, lembrando que o comprador de imóvel em estoque não costuma comprar por impulso.

Cuidados na compra
Normalmente, o que seduz esse consumidor é o preço. Porém, Rogério Santos alerta que é preciso estar atento aos mitos que envolvem os imóveis em estoque para não realizar maus negócios. “Descontos muito acima da média devem ser vistos com desconfiança pelo consumidor”, garante. Entre os principais cuidados que se deve ter ao comprar um imóvel em estoque, o especialista destaca três: desconfiar de descontos impossíveis; visitar a unidade, se o imóvel estiver pronto, e verificar a documentação para saber se há impedimentos quanto à escritura definitiva.

Rogério Santos: consumidor de imóvel em estoque não compra por impulso

Com a demanda maior por apartamentos compactos - entre um e dois quartos -, os imóveis com três quartos também passaram a entrar em estoque. Pelo menos essa é uma tendência que se verifica em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o número de compradores que moram sozinhos os faz descartar empreendimentos com muitos cômodos. “Cada empreendimento tem, pela sua conjuntura, um tipo de imóvel que desperta menor interesse. Hoje, os de três quartos estão neste grupo”, avalia Rogério Santos, convicto de que esse será o ano do imóvel em estoque. “Arriscaria dizer que este é um dos momentos mais propícios para o consumidor. Quem tiver recursos para uma boa entrada fará excelentes negócios”, finaliza.

Entrevistado
Rogério Santos, CEO da RealtON. Graduado em marketing, é especialista em venda de imóveis em ponta de estoque

 

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Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sistemas construtivos sustentáveis viram estrelas na FEICON

Abramat estimula uso de componentes pré-fabricados, a fim de que obras ganhem velocidade e ajudem o setor a cumprir metas de produtividade

Por: Altair Santos

Construções a seco, canteiro de obras enxuto, aumento de produtividade e o conceito “faça você mesmo” levaram a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) e a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) a concentrar esforços em torno de sistemas construtivos industrializados na recente edição da FEICON BATIMAT- Salão Internacional da Construção.

Walter Cover, presidente da Abramat: feira procurou aprofundar conhecimento técnico sobre produtos pré-fabricados

O evento, que de 10 a 14 de março de 2015 atraiu 118 mil pessoas e gerou R$ 600 milhões em negócios, contou até com um espaço exclusivo para mostrar as novidades do segmento: a Ilha da Industrialização na Construção. “Por um lado, quisemos romper uma barreira cultural que existe no Brasil contra os sistemas construtivos industrializados. Isso começa na própria tributação que recai sobre esse modelo. Além disso, o momento é uma oportunidade para o país subir um degrau e acelerar a construção de casas populares”, diz Walter Cover, presidente da Abramat.

O dirigente avalia que só com a ajuda da construção industrializada será possível duplicar a produção anual do Minha Casa, Minha Vida – hoje em torno de 450 mil unidades por ano. “Para que o país enfrente mesmo o déficit habitacional, o MCMV precisa pelo menos dobrar sua produção. E esses sistemas se encaixam nesta meta. Outra questão que nos faz incentivar a industrialização é a sustentabilidade. Os pré-fabricados de concreto, aço, madeira e gesso geram baixíssimos níveis de resíduos no canteiro de obras e também economizam no consumo de água”, afirma Cover.

Ano das reformas
O presidente da Abramat ressaltou que o avanço tecnológico dos produtos industrializados já permite, em alguns casos, construções muito melhores do que as de alvenaria – sistema convencional que predomina no Brasil. “As paredes externas em concreto pré-fabricado e as paredes internas em drywall possibilitam obras muito mais rápidas”, garante, lembrando ainda que a questão da acessibilidade também incentiva trabalhar com produtos pré-fabricados. “Eles podem ser de grande valia em calçadas e em banheiros”, completa.

Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco: expectativa é de que busca por baixo consumo de água e de
energia estimule reformas e faça setor crescer em 2015

Endossando o comentário de Walter Cover, o presidente da Anamaco, Cláudio Elias Conz, cita que o conceito do “faça você mesmo” também compartilha da industrialização. “Nestes tempos de estresse econômico, as pessoas podem querer elas mesmas promover a reforma da casa. Para isso, já existem itens que saem prontos do fabricante para serem instalados. Eles vão desde argamassas prontas até elementos de acabamento”, reforça.

Cláudio Conz destaca ainda que o setor de comerciantes de material de construção espera fechar o 1º trimestre com crescimento de 3% em relação ao mesmo período de 2014. Segundo ele, a crise hídrica e o aumento do custo da energia elétrica são as alavancas para essa previsão. “Tem havido muitas reformas em fiações e em pontos elétricos nas casas, assim como a revisão de encanamentos e a troca ou a incorporação de novas caixas d’água. E uma reforma, quando começa, sempre chama outras reformas. Acredito que as reformas é que vão impulsionar nosso setor em 2015”, ressalta.

 

Entrevistados
- Walter Cover, Engenheiro agrônomo, Ph.D em economia agrícola e presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
- Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)
Contatos
abramat@abramat.org.br
presidencia@anamaco.com.br

Créditos Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330