Pacote de resgate: qual é o impacto para o setor de construção civil?

O governo federal apresentou em agosto o Plano Brasil Soberano, um pacote inicial de medidas voltado a reduzir os efeitos econômicos da decisão dos Estados Unidos, que no dia 30 de julho anunciaram aumento unilateral de até 50% nas tarifas de importação sobre produtos brasileiros. O plano reúne iniciativas distribuídas em três frentes: reforço ao setor produtivo, proteção aos trabalhadores e atuação diplomática com foco no multilateralismo. 

As ações preveem a destinação de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para oferecer crédito com taxas acessíveis, além da expansão das linhas de financiamento ao comércio exterior. Também incluem a prorrogação da suspensão de impostos para empresas exportadoras, o aumento da restituição de tributos federais por meio do Reintegra e a simplificação da aquisição de alimentos por órgãos públicos.

De acordo com Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG, o Plano “Brasil Soberano” foi criado para amenizar os efeitos das tarifas impostas pelo governo americano aos produtos exportados pelo Brasil.

“O objetivo é proteger os exportadores nacionais e preservar empregos. Dessa forma, seu impacto sobre setores produtivos, como a construção civil, tende a ser indireto, à medida que busca fortalecer a economia e manter postos de trabalho. Uma economia mais robusta gera empregos e investimentos, o que pode ampliar a demanda por infraestrutura, por exemplo. No entanto, neste momento, não é possível medir a dimensão desse impacto indireto, nem mesmo afirmar com certeza que ele ocorrerá. Vale destacar, porém, que o país já apresenta uma demanda consistente por habitação, com um déficit superior a seis milhões de moradias”, observa.

Marcos Pedro, economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário, destaca que o “pacote” tem como foco principal a preservação de empregos e a manutenção da renda.

“No entanto, a aquisição de habitação é um planejamento de longo prazo para as famílias, que envolve financiamentos de 10, 20 anos ou mais. Por isso, mais importante do que a manutenção momentânea do emprego e da renda é a expectativa de estabilidade futura, que permita esse planejamento e a confiança de que as famílias conseguirão honrar os financiamentos até o final”, afirma.

Pacote foi criado para amenizar os efeitos das tarifas impostas pelo governo americano aos produtos exportados pelo nosso país.
Crédito: Envato

Impactos na Selic

Para Ieda, se o aumento das despesas públicas gerar pressão inflacionária e comprometer a confiança na política fiscal do país, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter a Selic em patamar elevado por mais tempo ou até mesmo elevá-la.

“E uma Selic alta encarece o custo do crédito e, consequentemente, desestimula investimentos nos setores produtivos da economia, como a construção civil. No setor, crédito mais caro pode significar o adiamento de lançamentos imobiliários, o que se traduz em menor volume de obras, renda e empregos”, alerta.

Já Marcos Pedro ressalta que, se o governo encontrar dificuldades para equilibrar suas contas públicas devido às medidas previstas no “Pacote de Resgate”, a confiança dos agentes econômicos em relação à capacidade de cumprimento dos compromissos futuros pode diminuir, forçando uma nova elevação da taxa Selic, que já está em 15% ao ano.

“Caso esse movimento se confirme, os impactos sobre a construção civil ocorrerão de duas formas, dependendo do tempo de duração do pacote. A primeira será sobre a construção leve (imóveis residenciais), já que a alta da Selic encarece o financiamento imobiliário, elevando o valor das prestações. Assim, menos famílias conseguirão comprar imóveis e, mesmo aquelas que comprarem, terão de comprometer uma parcela maior de suas rendas, reduzindo o padrão de consumo. O segundo impacto será sobre o custo de aquisição de bens de capital para as empresas construtoras — como máquinas, equipamentos e veículos — que também ficarão mais caros de financiar”, explica.

Impactos na infraestrutura

Um cenário fiscal fragilizado poderia comprometer os investimentos públicos em infraestrutura? Para Marcos Pedro, caso o governo precise reorganizar o orçamento e redirecionar os poucos recursos hoje destinados a investimentos para auxiliar os setores mais afetados, será inevitável reduzir a verba destinada à infraestrutura.

“Para evitar isso, seria necessária uma redução de gastos em outras áreas. Mas devemos lembrar que estamos em um ano pré-eleitoral, em que a demanda por obras e inaugurações faz parte do calendário político — e esse é um ponto difícil de alterar”, conclui.

Entrevistados

Ieda Vasconcelos é economista pela PUC-MG, doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Fumec. Economista chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Sinduscon-MG.

Marcos Pedro é economista, cientista político e professor do UniBrasil Centro Universitário.

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Especialistas discutem impactos da inovação tecnológica e da segurança jurídica na construção civil

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realiza nos dias 18 e 19 de setembro, em Brasília, o 10º Seminário Jurídico, consolidado como o principal fórum do país sobre as questões envolvendo direito e construção civil. Com o tema “Direito em Construção: Inovação, Tecnologia e Negócios”, o encontro reflete sobre os efeitos da digitalização, da automação e das novas formas de organização contratual para o ambiente jurídico da construção civil, do mercado imobiliário e da infraestrutura.

Segundo Felipe Melazzo, presidente do Conselho Jurídico da CBIC, os maiores entraves para o setor continuam sendo a insegurança jurídica e a falta de previsibilidade. “O seminário é espaço para enfrentar esses desafios, aproximando operadores do direito e empresários e propondo soluções práticas”, afirma.

Inteligência artificial e litígios na construção civil são alguns temas do Seminário Jurídico CBIC.
Crédito: Envato

Litigância habitacional e contratos de obras públicas

Entre os principais painéis, a litigância habitacional ganha destaque. O aumento das ações judiciais relacionadas a vícios construtivos e prazos de garantia, especialmente no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, pressiona o Judiciário, incorporadoras e construtoras. O debate traz propostas legislativas, diretrizes jurisprudenciais e boas práticas periciais, com o objetivo de racionalizar a judicialização e agilizar soluções.

Outro tema relevante é a alocação de riscos em contratos de obras públicas. O estudo elaborado pela Comissão de Infraestrutura da CBIC, reconhecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como referência de boas práticas, serve de base para a discussão sobre a matriz de riscos prevista na Lei nº 14.133/2021. A expectativa é reforçar a previsibilidade e a eficiência nas contratações, prevenindo litígios e melhorando a gestão contratual.

Mecanismos de resolução e novas tecnologias

Nas obras industriais e corporativas, os Dispute Boards e a arbitragem aparecem como mecanismos cada vez mais relevantes para garantir a continuidade de projetos e reduzir litígios complexos.

A programação também aborda a aplicação de novas tecnologias. A inteligência artificial se apresenta como ferramenta estratégica para a prevenção de litígios, a gestão de riscos e a conformidade regulatória, integrando dados técnicos, modelos digitais e contratos.

Já a tokenização no mercado imobiliário surge como alternativa de democratização do investimento, ao permitir o fracionamento de imóveis em ativos digitais registrados em blockchain, com liquidez e transparência ampliadas. Por esse processo, imóveis físicos são convertidos em tokens digitais, registrados em uma blockchain, permitindo que sejam fracionados e negociados de forma digital. Cada token representa uma fração do imóvel, e o investidor que adquire um token torna-se proprietário de uma fração proporcional do bem.

Perspectivas

Com a participação de nomes como Carlos Augusto Pires Brandão (STJ), Otávio Henrique Martins Port (CJF), Juan Pablo Correia Groisner (ONR), Rodrigo Badaró (CNJ), Nicola Espinheira da Costa Khoury (TCU) e Andreas Blazoudakis (Netspaces), o seminário reafirma sua posição como espaço de debate técnico de alto nível. A edição de 2025 destaca que o futuro do direito da construção se estrutura no equilíbrio entre segurança jurídica e inovação tecnológica, consolidando o evento como referência para juristas, acadêmicos e profissionais do setor.

Entrevistado

Felipe Melazzo é graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas de Goiás e especializado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (RJ). Possui 20 anos de experiência no ramo do direito imobiliário, tendo atuado em diversos segmentos e em demandas relevantes para o setor da Construção Civil, Incorporação e Empresarial (Membro da Comissão de Direito Imobiliário e da Comissão de Prerrogativas da OAB/GO; Diretor Comercial da Consciente Construtora; Membro da Comissão de Conciliação Prévia do Setor da Construção, dentre outros). Atualmente, é presidente do Conselho Jurídico da CBIC e presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). 

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Duplicação da PR-412 em Matinhos promete transformar mobilidade no litoral do Paraná

A PR-412, no trecho entre Matinhos e Pontal do Paraná, está passando por uma das maiores intervenções de infraestrutura viária do litoral paranaense. A obra, orçada em R$ 274 milhões, contempla a duplicação em pavimento rígido de concreto, implantação de vias marginais, iluminação em LED e construção de novas pontes e viaduto. Com prazo de execução de 36 meses, a conclusão está prevista para março de 2028.

Tráfego diário de mais de 15 mil veículos

A duplicação surge como resposta a um gargalo histórico do fluxo de veículos que acessam Matinhos e Praia de Leste, especialmente durante a temporada de verão. Segundo estimativa do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), mais de 15 mil veículos circulam diariamente pelo trecho nesta época, sendo cerca de 700 de carga.

“Essa obra vai atender tanto moradores e turistas quanto o transporte de empresas. É uma intervenção que amplia a capacidade da rodovia, reduz congestionamentos e aumenta a segurança de pedestres e ciclistas, pois também contará com ciclovias, passeios e iluminação”, explica Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica do DER/PR.

Leia também: Governador dá início à duplicação em concreto da PR-412 entre Matinhos e Pontal do Paraná

Mais de 15 mil veículos circulam diariamente pelo trecho na temporada de verão
Crédito:
Arnaldo Neto/AEN

Obras de arte e soluções técnicas

O projeto prevê a construção de duas novas pontes sobre o Rio Matinhos, um viaduto no acesso à Avenida Curitiba e duas pontes sobre o Rio Balneário. Os trabalhos começaram em abril deste ano com a implantação de marginais e, até julho, o avanço era de 1,2%. “Esse percentual inicial é natural, pois mobilizações de obras dessa magnitude exigem tempo para preparação. O cronograma segue dentro do previsto”, detalha Janice.

Outro destaque é a escolha pelo pavimento rígido de concreto, solução que garante maior durabilidade e reduz custos de manutenção. “O investimento inicial é mais elevado, mas ele se paga nos primeiros anos pela resistência e menor necessidade de reparos, o que significa economia para o Estado e mais conforto para os usuários”, ressalta a diretora técnica.

Em todo país, o uso de whitetopping tem sido a preferência em grande parte das rodovias por ter uma vida útil muito maior, frequentemente superior a 20 anos, enquanto o asfalto é projetado para durar entre seis e dez anos. Além disso, mesmo com custo inicial mais elevado, a implantação do pavimento de concreto pode custar até 20% menos do que o asfalto convencional, especialmente em vias de alto tráfego. Isso porque nos primeiros 20 anos as intervenções necessárias no pavimento de concreto são mínimas, representando apenas 2% a 5% do valor da obra.

Leia também: Pavimento de concreto foi escolhido para obra de duplicação da PR-412

Expansão futura até Santa Catarina

O DER/PR também já planeja ampliar os benefícios da duplicação e lançou edital para a duplicação da PR-412 no trecho entre Guaratuba e a divisa com Santa Catarina. Em paralelo, Paraná e Santa Catarina discutem a formalização de um acordo para duplicar a SC-417, no lado catarinense, até a BR-101.

Para Janice, esse movimento é estratégico. “A integração entre os estados permitirá maior fluidez do tráfego e fortalecimento do corredor logístico e turístico, que é vital para a economia do litoral e para a qualidade de vida da população”, conclui.

Entrevistada

Janice Kazmierczak Soares é graduada em Engenheira Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduada em Infraestrutura de Transportes pela Universidade Paulista (UNIP) e em Obras Públicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atualmente, é diretora técnica do DER/PR.

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Como a realidade aumentada vem mudando a construção civil?

A realidade aumentada (RA) começa a se consolidar como uma ferramenta estratégica na construção civil, aproximando o digital do canteiro de obras e trazendo ganhos concretos em produtividade, precisão e comunicação. Se antes era vista como recurso futurista, hoje a tecnologia já se integra ao BIM e aos smartphones, permitindo que engenheiros, gestores e clientes visualizem projetos em escala real e tomem decisões mais seguras em todas as etapas, da execução ao pós-obra.

“O conceito de realidade aumentada — a inserção de elementos virtuais no mundo real — ganhou força com a popularização do BIM e dos smartphones. Muitas vezes é confundida com realidade virtual (imersão total por meio de óculos), mas a RA tem a vantagem de trazer o digital para dentro do ambiente físico da obra”, destaca Felipe Toledo Lima, CEO e Founder da Inbuilt S.A.

RA permite conferência e acompanhamento em tempo real, garantindo que o executado esteja fiel ao projetado
Crédito: Envato

Vantagens da realidade aumentada nas obras

Segundo Lima, a realidade aumentada possibilita antecipar detalhes críticos antes da obra. “Para análises mais sofisticadas, o uso de hardwares avançados, como iPhones da linha Pro com sensor LiDAR, aumenta a precisão”, explica.

No entanto, de acordo com o CEO da Inbuilt, os maiores ganhos estão na execução e no pós-obra:

 • Execução: a RA permite conferência e acompanhamento em tempo real, garantindo que o executado esteja fiel ao projetado. Além disso, nas vistorias de incorporadoras e clientes finais, a tecnologia dá mais transparência e segurança ao processo, reduzindo conflitos. 

• Pós-obra: a etapa menos explorada do setor. A RA oferece suporte direto ao manual do proprietário, permitindo que moradores visualizem instalações ocultas (como elétrica e hidráulica) e façam manutenções corretas, prolongando a vida útil da construção.

“A RA aumenta a clareza e o entendimento dos projetos pela equipe de obra, reduzindo erros que normalmente causam atrasos. Com menos retrabalhos, há ganhos diretos em produtividade e cumprimento de prazos. Além disso, ela traz mais confiança nas tomadas de decisão: ao visualizar o projeto em escala real, engenheiros, gestores e clientes têm mais segurança para avançar em cada etapa. Essa combinação de fatores transforma a RA em um aliado estratégico na gestão da obra”, descreve Lima.

Diante desse cenário, CEO da Inbuilt acredita que o principal ganho é a redução de retrabalhos, que impacta diretamente prazos e custos. “Outro ponto fundamental é a didática: com equipes cada vez mais enxutas e profissionais menos experientes em leitura de projetos, a RA simplifica a compreensão das informações técnicas. Além disso, a RA ajuda a demonstrar valor ao cliente. Incorporadoras que investem em BIM e tecnologia podem mostrar, de forma tangível, os benefícios desses investimentos, fortalecendo sua imagem e aumentando a satisfação do comprador”, pontua.

Obra do Hospital Unimed Itajaí com realidade aumentada.
Crédito: Inbuilt S.A.

Integração com o BIM

Qualquer modelo BIM pode ser convertido em realidade aumentada. O desafio está no peso dos arquivos — quanto mais detalhados, mais difícil para celulares processarem, segundo Lima. “Óculos de RA oferecem melhor desempenho, mas ainda são caros e pouco utilizados. Para superar isso, a Inbuilt desenvolveu um sistema próprio que otimiza e desserializa modelos, permitindo que o uso em smartphones seja fluido e acessível”, exemplifica.

Ao mesmo tempo, Lima também vê o BIM como uma barreira para adoção da realidade aumentada. “Hoje, ela é mais comum em arquitetura do que em engenharia. A segunda é a percepção de valor: muitos ainda enxergam a RA como algo secundário, e não como ferramenta estratégica. Por fim, há a baixa divulgação prática: o setor precisa de mais exemplos concretos para reconhecer a RA como solução de primeira ordem”, opina.

Futuro da realidade aumentada no Brasil

Na opinião de Lima, o futuro da realidade aumentada é muito promissor. “O Brasil historicamente demorou a incorporar novas tecnologias devido à abundância de mão de obra barata, mas esse cenário está mudando. A escassez de mão de obra qualificada está acelerando a busca por métodos mais inteligentes e industrializados de construção. Assim como aconteceu em países desenvolvidos, a industrialização da construção será inevitável aqui nos próximos anos. Com isso, o BIM vai se consolidar como padrão, e a realidade aumentada será um complemento natural e indispensável para trazer eficiência, sustentabilidade e competitividade ao setor de concreto e infraestrutura”, conclui.

Entrevistado

Felipe Toledo Lima é CEO e Founder da Inbuilt S.A.

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Mulheres lideram decisões de compra no mercado imobiliário e leva setor a repensar projetos e estratégias de venda

O Anuário DataZAP 2024 mostrou que 52% dos compradores que pesquisaram imóveis online no Brasil eram mulheres. A maioria delas pertence à geração X, entre 41 e 60 anos, com renda familiar média de R$ 7.512,64, casadas, com filhos e animais de estimação.

Para Maria Eugenia Fornea, diretora de Expansão da Ademi-PR e CEO da Weefor, os dados confirmam uma transformação estrutural. “O protagonismo feminino não é tendência, mas realidade consolidada. As mulheres são decisoras altamente preparadas, que pesquisam, analisam cenários e têm confiança em sua própria avaliação”.

A pesquisa indica que a tomada de decisão feminina vai além do imóvel em si. Ao pensar na compra para a família, elas analisam infraestrutura do entorno, acessibilidade, serviços próximos e flexibilidade da planta. “A confiança na própria intuição se soma aos dados técnicos para chegar a uma decisão segura e racional”, explica Maria Eugenia.

Público feminino busca dados sólidos, soluções inovadoras e segurança para suas famílias ou para seus investimentos
Crédito: Envato

Investimento com olhar estratégico

Quando o foco é investimento, o olhar torna-se ainda mais estratégico: liquidez, potencial de valorização, inovação arquitetônica e sustentabilidade são pontos decisivos. A reputação da incorporadora e a integração do projeto com a cidade também pesam.

O perfil da mulher decisora reflete experiência e múltiplos papéis sociais. Essa vivência, segundo Maria Eugenia, confere às consumidoras uma visão holística e atenta.

“Esse traço da intuição não é algo abstrato, mas deriva da experiência de vida marcada pelo exercício constante de múltiplos papéis. Isso aguça a capacidade de analisar o todo, tornando a mulher uma decisora especialmente atenta a detalhes, sem perder de vista o quadro maior”, assinala.

Esse estilo de decisão exige das incorporadoras mais consistência e transparência, já que o discurso de venda precisa ser sustentado por diferenciais reais. Na prática das construtoras, esse comportamento é visível. Charles Kan, diretor da Construtora CK, destaca que os diferenciais valorizados pelas mulheres já influenciam o desenvolvimento de empreendimentos. “As mulheres são protagonistas no processo de decisão e apresentam alto nível de informação e exigência na hora da compra. Mesmo quando a decisão é compartilhada, são elas que definem os critérios mais relevantes para a escolha do imóvel”, afirma.

Impacto no setor

A ascensão feminina como público decisor de compra também influencia dentro das empresas. Segundo Maria Eugenia, gestoras e consumidoras trazem questionamentos mais completos, conectam pontos muitas vezes despercebidos e exigem do setor melhores práticas.

“A presença feminina muda o padrão de decisão, seja na compra de imóveis, seja dentro das próprias empresas. Essa combinação de planejamento, análise e intuição confiante tem impacto direto na qualidade dos produtos que entregamos e no modo como nos relacionamos com o cliente”, aponta Maria Eugenia.

Kan observa que o público feminino alia emoção e racionalidade na compra. “As mulheres são bastante detalhistas e, além do lado emocional, priorizam acabamento de alto padrão, segurança, funcionalidade dos ambientes, bem-estar e áreas de lazer completas. Também valorizam localização estratégica, confiança na construtora, solidez do investimento e potencial de valorização patrimonial”, complementa.

Novos rumos para o mercado imobiliário

Com mais da metade das buscas e negociações conduzidas por mulheres, construtoras e incorporadoras começam a adaptar projetos, comunicação e atendimento. O desafio é compreender que as consumidoras não se deixam levar apenas por argumentos comerciais. Elas buscam dados sólidos, soluções inovadoras e segurança para suas famílias ou para seus investimentos.

Essa mudança já está no radar de construtoras e incorporadoras. Exemplo disso é o empreendimento Artefacto Towers by CK, primeiro empreendimento imobiliário com assinatura Artefacto no Brasil, que foi planejado para dialogar com o público feminino. “O projeto reúne atributos que conversam diretamente com o perfil de compra das mulheres: apartamentos amplos, interiores assinados e mais de 3 mil m² de lazer, incluindo wellness, pilates, cinema e áreas esportivas. Funcionalidade, design contemporâneo e conforto estão entre os pontos mais valorizados por elas”, ressalta Kan.

O protagonismo feminino, portanto, vai além da representatividade e consolida-se como força estratégica capaz de transformar a forma como o setor constrói, vende e se relaciona com o mercado.

Entrevistados

Maria Eugenia Fornea é economista formada pela UFPR, engenheira civil pela PUCPR, especialista em Planejamento e Desenho de Cidades pela PUCPR e em Cidades Responsivas pelo Responsive Cities Institute. Mestranda em Gestão Urbana pela PUCPR, atua há mais de 15 anos no mercado imobiliário. É fundadora e atual CEO da incorporadora curitibana Weefor e do Instituto WF, e diretora de expansão da ADEMI-PR.

Charles Kan é fundador e diretor da Construtora CK, referência no mercado imobiliário catarinense desde 2010 e atuação em Navegantes, Itajaí e Balneário Camboriú.

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Pesquisadores usam borra de café para substituir areia em concreto

Já pensou em utilizar café no lugar de areia para fazer concreto? A ideia veio de Pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT), que estão apostando nessa ideia para substituir parte da areia empregada para fazer concreto. 

Ao Massa Cinzenta, Rajeev Roychand, engenheiro estrutural e de materiais e responsável pela pesquisa, explicou que a técnica consiste na incorporação de resíduos de café pirolisado a 350 °C. “Este material apresenta uma combinação ideal de teor de carbono e estrutura porosa, permitindo que atue como reservatórios microscópicos de água dentro da mistura de concreto”, pontua. 

A arquitetura porosa do biochar de café funciona como um sistema integrado de gestão da água, liberando gradualmente a umidade armazenada para manter a cinética de hidratação à medida que a umidade relativa diminui, segundo Roychand. 

“Esse mecanismo controlado de liberação de água sustenta a hidratação das partículas de cimento além dos prazos convencionais, resultando em maior densidade microestrutural. As partículas de biochar formam ligações contínuas com a matriz cimentícia à medida que a pasta de cimento penetra em sua estrutura porosa, e essa hidratação aprimorada do cimento, combinada à formação de ligações contínuas, contribui para o aumento da resistência”, pontua Roychand.

Técnica consiste na incorporação de resíduos de café pirolisado a 350 °C.
Crédito: Envato

Desafios

De acordo com Roychand, os pesquisadores iniciaram os testes substituindo parte da areia do concreto por borra de café usada, sem nenhum tratamento. O resultado não foi animador: por conter muita matéria orgânica, o resíduo atrapalhou a hidratação do cimento e reduziu drasticamente a resistência do material. As substâncias presentes no café cru acabaram interferindo na química do concreto e comprometendo sua integridade.

Para resolver o problema, os cientistas recorreram à pirólise — processo de aquecimento sem oxigênio —, que elimina os compostos orgânicos indesejados e transforma a borra em biochar, um aditivo compatível com o cimento. Após vários testes, eles descobriram que a temperatura de 350 °C era a ideal: alta o suficiente para neutralizar a interferência orgânica, mas sem destruir a porosidade do material, fundamental para melhorar o desempenho do concreto. Além disso, o processo é mais eficiente em termos energéticos do que tratamentos em temperaturas mais elevadas, o que abre caminho para sua adoção em escala industrial.

Além do café

Roychand indica que a técnica de usar biochar de resíduos orgânicos no concreto pode ir muito além da borra de café. “Testes preliminares mostram que resíduos alimentares, subprodutos agrícolas e até resíduos orgânicos urbanos podem, após tratamento térmico adequado, melhorar significativamente a resistência e a durabilidade do concreto. Embora cada tipo de resíduo exija ajustes específicos de temperatura e processamento, os primeiros resultados sugerem que diversas fontes de biomassa podem gerar biochar com desempenho comparável ou até superior ao da borra de café”, relata o pesquisador. 

O grupo de pesquisa planeja publicar os dados completos em breve, abrindo caminho para aplicações mais amplas e sustentáveis na construção civil.

Escalonamento e adoção pelo mercado

Roychand aponta que, atualmente, a geração de resíduos de café na Austrália chega a aproximadamente 75 mil toneladas por ano, com a conversão via pirólise rendendo cerca de 22,5 mil toneladas de biochar produzido a 350 °C. “Nossos cálculos volumétricos demonstram que o aproveitamento integral desse resíduo poderia atender a 100% da demanda de substituição ideal por biochar, indicando uma disponibilidade de recursos favorável para a adoção em larga escala. A tecnologia já avançou além da validação em laboratório, por meio de extensas demonstrações em campo realizadas em parceria com empresas do setor e autoridades de infraestrutura. Esses testes em condições reais confirmaram o desempenho do concreto com biochar de café em aplicações construtivas, demonstrando ganhos consistentes de resistência e durabilidade”, afirma.

Atualmente, o RMIT está em fase final de um acordo exclusivo de comercialização com uma empresa de capital de risco. “Essa parceria estratégica estabelece a base necessária para a transição da pesquisa experimental para a aplicação no mercado, garantindo acesso a redes de produção e sistemas de distribuição já consolidados, indispensáveis para a implementação em larga escala”, comenta.

A expansão do uso do biochar de café no concreto depende da criação de uma cadeia estruturada, que inclui coleta organizada dos resíduos, produção padronizada do material por pirólise e integração às usinas de concreto, segundo Roychand. Os principais desafios estão na logística, no controle de qualidade e na instalação de unidades descentralizadas de produção. “O acordo de comercialização em andamento busca superar esses obstáculos, aproveitando redes industriais já existentes para acelerar a adoção em larga escala”, comenta o pesquisador.

Sustentabilidade

Um estudo comparou a pegada de carbono do biochar de café com a extração convencional de areia para o concreto e concluiu que a nova solução pode trazer ganhos ambientais expressivos. Ao passar pela pirólise a 350 °C, a borra de café não apenas evita a emissão de metano em aterros, como também reduz a necessidade de areia, cuja extração enfrenta limites ambientais cada vez maiores.

Além disso, o concreto com biochar apresentou até 30% mais resistência, permitindo diminuir a quantidade de cimento sem comprometer a performance. Roychand ressalta que, juntos, esses fatores criam uma dupla vantagem: menos resíduos, menor impacto ambiental e materiais de construção mais eficientes.

Entrevistado

Dr. Rajeev Roychand é um cientista de materiais e engenheiro estrutural nascido em Amritsar, na Índia, e atualmente atua como pesquisador na RMIT University, em Melbourne, Austrália. Ele lidera a equipe que desenvolveu o concreto de café, uma inovação que utiliza borra de café reciclada para melhorar a resistência do concreto e reduzir o impacto ambiental da construção civil. Esse trabalho lhe rendeu o prêmio nacional “Problem Solver 2024 – People’s Choice” no Parlamento australiano.

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rajeev.roychand@rmit.edu.au

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China inicia construção da maior hidrelétrica do mundo

A China deu início à construção daquela que promete ser a maior hidrelétrica do mundo. Em julho, o primeiro-ministro Li Qiang participou da cerimônia que marcou o início das obras da Usina Hidrelétrica de Motuo, empreendimento avaliado em US$ 167 bilhões e projetado para gerar até três vezes mais energia do que a Usina das Três Gargantas, de 22,5 GW.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, descreveu o projeto hidrelétrico como um “projeto do século”. A usina deverá produzir 300 bilhões de quilowatt-hora de eletricidade por ano, volume equivalente a todo o consumo energético do Reino Unido no ano passado. 

Hidrelétricas serão instaladas no trecho inferior do rio Yarlung Zangbo, onde o curso d’água apresenta uma queda de 2.000 metros em apenas 50 quilômetros.
Crédito: Envato

De acordo com o governo chinês, o complexo será formado por cinco usinas hidrelétricas em cascata, instaladas no trecho inferior do rio Yarlung Zangbo, onde o curso d’água apresenta uma queda de 2.000 metros em apenas 50 quilômetros — um dos pontos de maior potencial hidrelétrico do mundo. O projeto fornecerá eletricidade principalmente para consumo externo, ao mesmo tempo em que atende à demanda local em Xizang. 

A previsão é que a barragem entre em operação na década de 2030, possivelmente em um prazo menor do que o necessário para a construção da Usina de Três Gargantas, no rio Yangtzé.

O Governo da China também anunciou a criação de uma nova empresa, a China Yajiang Group, para supervisionar o desenvolvimento do projeto. Ele será financiado principalmente por recursos estatais e terá suas futuras receitas de energia como base para retorno.

Os preços das ações nos setores de construção de infraestrutura e hidrelétricas na China dispararam quando o pregão foi retomado na segunda-feira, após o anúncio. As ações da Power Construction Corporation of China, estatal envolvida no projeto, saltaram 10%, atingindo o limite diário tanto na segunda quanto na terça-feira. Empresas de equipamentos hidrelétricos, como a Dongfang Electric, e fabricantes de cimento, incluindo a Huaxin, também registraram ganhos expressivos.

Polêmicas na construção da hidrelétrica de Motuo

O Projeto Hidrelétrico de Motuo, no Tibete, é alvo de polêmicas por riscos ambientais, sociais e geopolíticos. O derretimento acelerado das geleiras aumenta a frequência de deslizamentos, já responsáveis por inundações e bloqueios no rio Yarlung Tsangpo, ameaçando a segurança da futura barragem. Além disso, o reservatório deve provocar alagamentos e o deslocamento de comunidades tibetanas, agravando tensões políticas e culturais na região — como já ocorreu em outros projetos, a exemplo da Barragem de Gangtuo.

O empreendimento também gera conflitos internacionais, por estar em uma bacia transfronteiriça que abastece Índia e Bangladesh, países que contestam a obra temendo impactos no fornecimento de água. A Índia chegou a cogitar erguer sua própria barragem em resposta.

Embora seja apresentado como alternativa ao carvão e alinhado à transição energética da China, especialistas alertam para a necessidade de equilibrar benefícios climáticos com os riscos de desastres naturais, deslocamentos populacionais e tensões diplomáticas.

Fonte

Governo da China

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Simpósio Paranaense de Patologia das Construções reforça integração entre academia e setor produtivo

Pesquisadores, profissionais da indústria e especialistas da construção civil reuniram-se no 5º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções, realizado pela Universidade Federal do Paraná entre os dias 20 e 22 de agosto. O objetivo do encontro, que se consolidou como fórum regional de referência, foi aprofundar a compreensão dos mecanismos de degradação do concreto e debater estratégias para aumentar a durabilidade e a segurança das edificações.

Professor Marcelo Medeiros, organizador do 5º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções.
Crédito: Divulgação

Segundo o professor Marcelo Medeiros, diretor do Centro de Estudos em Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a relevância do simpósio está na capacidade de traduzir conhecimento acadêmico em práticas aplicáveis ao mercado. “Discutir patologia das construções é militar a favor da durabilidade das edificações, da eficiência das estruturas e da segurança dos usuários. É compreender os mecanismos de degradação de modo a evitar falhas que podem culminar em acidentes”, afirmou.

A grade técnica do evento contemplou palestras que abordaram investigações microestruturais e aplicação de tecnologias avançadas no estudo do concreto. Entre os destaques, diversos temas de interesse, tanto da academia quanto do mercado. Além disso, as discussões também se voltaram a manifestações patológicas resultantes de incêndios em edificações, custos ocultos de falhas estruturais e novas metodologias para inspeção de pontes e sistemas de revestimento.

Etringita tardia: um desafio para a durabilidade

Entre os conteúdos apresentados, ganhou destaque a palestra do engenheiro Guilherme Bessornia, coordenador de Assessoria Técnica da Cimento Itambé, que tratou da relação entre composição do clínquer e formação de etringita tardia (DEF – Delayed Ettringite Formation).

Guilherme Bessornia, coordenador de Assessoria Técnica da Cimento Itambé.
Crédito: Divulgação 

Na palestra intitulada “Controle do Teor de C3A e sua Influência na Formação de Etringita Tardia”, Bessornia detalhou como o teor de aluminato tricálcico (C3A) influencia a cinética da reação e as condições favoráveis ao surgimento da DEF. “Compreender a interação entre o teor de C3A e a formação da etringita é fundamental para mitigar riscos de expansão e fissuração em estruturas massivas, como barragens, pilares e fundações profundas”, destacou.

O especialista ressaltou ainda que medidas preventivas dependem de critérios rigorosos de especificação. “O controle da composição do cimento e a adoção de parâmetros técnicos internacionalmente reconhecidos permitem reduzir perdas econômicas e aumentar a vida útil das obras”, complementou.

Avanços e continuidade

Segundo Medeiros, a recorrência de falhas em marquises de concreto armado, registradas em diferentes capitais brasileiras nos últimos anos, evidencia a necessidade de uma agenda permanente de atualização técnica no setor. Para os organizadores, o simpósio reafirma o papel da universidade como ponte entre pesquisa aplicada e soluções práticas de engenharia.

Com os resultados positivos da edição de 2025, já está confirmada a realização da próxima edição em agosto de 2026, mantendo a patologia das construções como tema central de debate e avanço científico.

Organização do evento envolveu a colaboração da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Universidade de Pernambuco (UPE).
Crédito: Divulgação

Entrevistados

Guilherme Bessornia é bacharel em Engenharia Química (UNISO), especialista em Engenharia de Materiais (UMC) e mestrando em Ciência e Tecnologia de Materiais (UNESP), com experiência em pesquisa, desenvolvimento e assessoria técnica em materiais cimentícios e químicos aplicados à construção civil. Atualmente, é Coordenador de Assessoria Técnica na Cimento Itambé.
Marcelo Medeiros é professor da UFPR e diretor do CESEC (Centro de Estudos em Engenharia Civil).

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guilherme.bessornia@cimentoitambe.com.br
medeiros.ufpr@gmail.com

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Ana Carvalho
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Rodovias lideram expectativas de investimentos em infraestrutura até 2028

Pela primeira vez desde que o setor de saneamento básico despontou nos leilões nacionais, as rodovias passaram a liderar a expectativa de aportes em infraestrutura. O dado é do Barômetro da Infraestrutura, divulgado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).

Segundo Frederico Barreto, coordenador de Economia da Abdib, o setor vive um momento de forte expansão. “Só para 2025 estão previstos R$ 161 bilhões em 15 leilões do governo federal, alguns deles com realização em 2026. É um horizonte muito favorável a novos investimentos, inclusive com a entrada de novos players no setor”, afirmou. Entre os destaques estão os lotes 5 e 6 do Paraná, que somam investimentos da ordem de R$ 30 bilhões.

Infraestrutura rodoviária como motor econômico
Dados do Boletim de Infraestrutura de 2025, elaborado pelo FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) em parceria com o DNIT, reforçam a relevância do modal rodoviário para o país. Do total de R$ 259,3 bilhões investidos em 2024 em transportes, 76% vieram de concessões e PPPs.

Para a pesquisadora Isadora Osterno, da FGV, o impacto no mercado de trabalho é expressivo. “A construção de rodovias é um verdadeiro motor de geração de empregos. Só em 2024, o setor de infraestrutura empregava 2,858 milhões de trabalhadores, com mais de 110 mil novas vagas formais criadas, muitas delas ligadas a obras rodoviárias,” aponta. Além de engenheiros e operários, a cadeia mobiliza fornecedores de cimento, aço e serviços de transporte, ampliando o efeito multiplicador na economia.

Entre os investimentos em destaques, estão os lotes 5 e 6 do Paraná, que somam recursos da ordem de R$ 30 bilhões.
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Logística, competitividade e sustentabilidade
Atualmente, 69% das cargas do Brasil circulam pelas estradas. Apesar da dependência, a densidade da malha pavimentada nacional é de apenas 25 km por mil km², bem abaixo de países como China (447 km) e Estados Unidos (437 km).

Boas rodovias representam diminuição do custo logístico e aumento da competitividade do Brasil, especialmente em um cenário de incertezas comerciais”, explica Barreto. Exemplos recentes mostram esse efeito. Na recuperação da BR-235/BA, o custo de transporte caiu de R$ 100 para R$ 60, beneficiando diretamente cerca de 2 milhões de pessoas.

Segundo Isadora, os impactos vão além da economia. “Rodovias modernas reduzem acidentes, aumentam a segurança viária e contribuem para a sustentabilidade, ao diminuir emissões com trajetos mais eficientes”, observa.

Expectativas até 2028

A combinação entre leilões federais, expansão de concessões estaduais e entrada de capital privado deve consolidar as rodovias como o principal destino de investimentos em infraestrutura até 2028.

Ainda assim, especialistas defendem que o Brasil precisa equilibrar a matriz logística, ampliando a participação de modais ferroviário e aquaviário, além de manter o ritmo de investimentos públicos em trechos que não atraem concessões. “É imprescindível encontrar espaço no orçamento para ampliar e qualificar as rodovias públicas, ao mesmo tempo em que se fortalece o programa de concessões”, concluiu Barreto.

Entrevistados

Isadora Osterno é doutora e Mestre em Economia pelo Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste (CAEN/UFC). Graduada com distinção Magna Cum Laude em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Já ocupou cargos na Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará, Professora Substituta em Métodos Quantitativos na UFC e pesquisadora em agências de fomento (Funcap, CAPES e CNPq). Atualmente leciona na Universidade de Fortaleza (Unifor). Atualmente, é pesquisadora do FGV Ibre.

Frederico Barreto é graduado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo com MBA em Infraestrutura (EAESP - FGV) e curso de extensão em Project Finance (FGV-SP). Atualmente, é coordenador de Economia da Abdib.

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Ana Carvalho
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Vendas de cimento e materiais de construção iniciam semestre em alta

A indústria brasileira de cimento começou o segundo semestre com desempenho positivo. Em julho, foram vendidas 6,1 milhões de toneladas do produto, registrando um crescimento de 3,1% em relação ao mesmo mês de 2024, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as vendas somaram 38,2 milhões de toneladas, representando uma alta de 3,7%.

O faturamento da indústria de materiais de construção subiu 1,9% em julho, comparado a junho, segundo a última edição do Índice ABRAMAT, uma pesquisa mensal feita pela ECCONIT. No entanto, houve uma queda de 2,7% em relação a julho do ano passado. Apesar disso, a projeção de crescimento para o setor em 2025 permanece otimista, com a expectativa de fechar o ano com um aumento de 2,8% no faturamento total.

Apesar do início do segundo semestre mais positivo, o PIB da construção civil registrou queda de 0,2% no segundo trimestre de 2025 (correspondente aos meses de abril, maio e junho) em relação ao trimestre anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o desempenho reflete os efeitos da taxa de juros, que estão no maior patamar em quase 20 anos e impactam diretamente um setor altamente dependente de crédito. Além disso, o resultado marca o segundo recuo consecutivo do setor, que já havia caído 0,6% nos três primeiros meses do ano. 

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as vendas de cimento somaram 38,2 milhões de toneladas.
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Razões para o avanço

De acordo com o SNIC, as principais razões para o avanço do consumo continuam sendo o setor imobiliário aquecido e o mercado de trabalho em expansão. “O primeiro impulsionado, principalmente pela ampliação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), cujo as contratações continuam em ascensão, projetando superar a meta de 2 milhões de unidades estimadas para 2023-2026. O mercado de trabalho tem apresentado recordes no número de empregos formais e na massa salarial, além de queda na taxa de desemprego”, informou a entidade.

Na avaliação por segmentos, o Índice ABRAMAT apontou um desempenho equilibrado entre as duas categorias principais. Os materiais básicos registraram queda de 2,7% na comparação com julho do ano passado, enquanto os materiais de acabamento tiveram contração de 2,8% no mesmo período. Frente a junho de 2024, com ajuste sazonal, os básicos cresceram 1,7%, e os produtos de acabamento avançaram 2,0%.

“O resultado de julho reflete sinais positivos de recuperação no curto prazo, com o setor registrando expansão de 1,9% no mês. Embora enfrentemos volatilidade nas comparações anuais, nossa projeção de 2,8% para o ano permanece sólida e realista”, explicou Paulo Engler, presidente da ABRAMAT.

Confiança do mercado

O Termômetro da Indústria de Materiais de Construção da ABRAMAT de julho mostra confiança moderada nas vendas: 50% dos associados esperam vendas regulares, 32% boas e 18% ruins. Para agosto, 41% projetam um bom desempenho e 45% regular, enquanto 14% esperam resultados ruins. Quanto às ações do governo para o setor nos próximos 12 meses, 50% estão pessimistas, 45% indiferentes e 5% otimistas. Sobre investimentos, 59% das indústrias planejam aplicar recursos no próximo ano, alta de 7 pontos percentuais em relação a junho. 

“O Termômetro mostra um setor que, apesar das incertezas no ambiente político e econômico, segue com desempenho equilibrado e com sinais claros de retomada na confiança, como o aumento da intenção de investimento. A estabilidade nas vendas, combinada à resiliência do setor, reforça a importância de políticas públicas mais eficazes e de um ambiente regulatório mais previsível para impulsionar a indústria de materiais de construção”, comenta Paulo Engler, presidente da ABRAMAT.

Por outro lado, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) do FGV IBRE caiu 2,0 pontos em julho, para 94,8 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 1,1 ponto, para 96,8 pontos.

“A combinação entre a contração da política monetária e o aumento da incerteza, intensificada pelas novas taxações sobre produtos brasileiros, configura um cenário desafiador para o setor”, comenta Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Ainda em julho, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE subiu 0,8 ponto, chegando a 86,7 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice subiu 0,6 ponto, atingindo 86,4 pontos.

“A alta modesta do ICC refletiu uma melhora moderada das avaliações sobre o presente e o futuro, e motivada, principalmente, pelos consumidores da faixa de renda mais baixa”, informou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.

Vendas de cimento na Região Sul

De acordo com o SNIC, a venda acumulada de cimento na região Sul, de janeiro a julho de 2025, foi de 6,49 milhões de toneladas. Esse volume representa o segundo maior crescimento no período, com alta de 5,2% em relação ao ano anterior, ficando atrás apenas do Nordeste, que teve uma expansão de 7,2%. 

Fontes

Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT).
FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Contatos

SNIC – Assessoria de Imprensa - luisa.rubbin@fsb.com.br
ABRAMAT – Assessoria de Imprensa - brunarodrigues@a4eholofote.com.br
FGV IBRE - Assessoria de Imprensa - assessoria.fgv@insightnet.com.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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