Projetos mostram como fazer mitigação de CO₂ na Prática
O ano de 2024 foi considerado o mais quente da história com cerca de 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A onda de calor intensa enfrentada por diversas cidades brasileiras tem desafiado os administradores públicos diante das consequências das mudanças climáticas. Durante o 9º Congresso Brasileiro de Cimento, alguns painéis discutiram soluções para reduzir impactos no ambiente urbano.

Crédito: 9º Congresso Brasileiro de Cimento
Conheça iniciativas discutidas:
Rede More: mensuração da pegada de CO2 em construções autogeridas
Um dos painéis do Congresso Brasileiro do Cimento destacou a Rede MORE, projeto que busca mensurar a pegada de carbono em construções autogeridas e propor caminhos para a descarbonização da habitação popular no Brasil.
“O cimento ensacado ainda predomina no mercado nacional, o que revela uma realidade muitas vezes ignorada: obras de pequeno porte, em diferentes níveis de autogestão — sobretudo informais — respondem por cerca de 60% do setor. Ou seja, não é possível falar em descarbonização sem incluir esses territórios e agentes”, afirmou Mayara Munaro, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Ela destaca que, para desenvolver estratégias de mitigação eficazes, é preciso antes entender como construímos, onde e quanto emitimos. “A missão da Rede MORE é justamente essa: criar métodos e indicadores que nos permitam estimar e acompanhar o uso de materiais e as emissões de CO₂ em construções informais, respeitando suas especificidades e buscando soluções alinhadas às necessidades locais”, completou.
Com apoio do hubIC e da Caixa Econômica Federal, e parcerias com instituições como a USP e a ABCP, o projeto realizou um estudo de caso na comunidade de São Remo (SP), aplicando tecnologias como sensoriamento remoto LiDAR (Light Detection and Ranging), que usa lasers para medir distâncias e gerar nuvens de pontos 3D) e modelagem BIM para estimar a pegada de carbono das moradias.
Foram analisadas 39 casas, identificando os principais emissores de CO₂ — alvenaria, estrutura e revestimentos — com destaque para cimento, aço e cerâmica. Os resultados mostraram que 50% das moradias apresentaram emissão em torno de 200 kg de CO₂ por metro quadrado, e 92% estavam abaixo de 350 kg/m², valores compatíveis com a construção formal.

Crédito: 9º Congresso Brasileiro de Cimento
A partir disso, a Rede MORE pretende expandir a metodologia para outras regiões do Brasil e propor rotas de mitigação adaptadas às realidades locais, contribuindo para uma construção mais sustentável e inclusiva.
Impressão 3D e Sustentabilidade
A impressão 3D na construção, embora não seja nova, está evoluindo rapidamente e tem se mostrado uma solução sustentável. Isso foi o que mostrou o painel “Impressão 3D – hubIC”, Rafael Pillegi, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
“A verdadeira conexão entre a impressão 3D e a sustentabilidade está em um conceito simples: usar apenas o material certo, no lugar certo. Isso é, por definição, sustentável — porque elimina o desperdício, dispensa o uso de formas e torna o processo mais rápido, já que não é necessário aplicar material onde depois será retirado. É uma mudança de paradigma: não se trata mais de encher uma forma, mas de construir com precisão. Imagine, por exemplo, que um mesmo bloco pode ser impresso em diferentes rotas. A depender do caminho adotado, o desempenho do bloco muda — seja térmico, acústico ou estrutural. Isso nos obriga a repensar o design dos elementos construtivos e aprender continuamente com o processo”, pontua Pillegi.
Do ponto de vista ambiental, o professor acredita que a impressão 3D não pode ser julgada apenas pelo teor de cimento em si, mas pelo conjunto da obra. “Há quem critique a impressão 3D por consumir muito cimento. No entanto, quando analisamos as estruturas produzidas com geometrias otimizadas e baixo consumo de material, vemos que é possível desmaterializar sem perder desempenho. E isso já é realidade. No início, nossos protótipos utilizavam até 1000 kg de cimento por metro cúbico. Hoje, já se imprime com 400 kg — e, no Brasil, desenvolvemos composições com apenas 300 kg/m³. É uma evolução acelerada”, pondera Pillegi.
Esse é um dos caminhos trilhados no Laboratório de Construção Digital, dentro do hubIC, onde busca-se aplicar a impressão 3D com foco em eficiência material, redução de impacto ambiental e inovação construtiva.
Fontes
Mayara Munaro é professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Rafael Pillegi, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Contato:
hubic@hubic.org.br
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Marina Pastore – DRT 48378/SP
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SIBRACIC reúne pesquisadores para discutir o futuro do concreto que se regenera e novidades sobre autocicatrização
Uma pequena fissura no concreto pode parecer inofensiva, em primeiro momento. Mas, ao longo do tempo, essas pequenas aberturas facilitam a passagem de água e outros agentes agressivos, comprometendo a durabilidade das estruturas. Pensando neste tipo de manifestação patológica, a engenharia já desenvolve soluções capazes de tornar o concreto “inteligente”, ou seja, capaz de se regenerar.
Foi justamente para debater esses avanços que nasceu o I Simpósio Brasileiro de Autocicatrização do Concreto (SIBRACIC), realizado em Porto Alegre (RS) nos dias 22 e 23 de maio, reunindo pesquisadores, profissionais da construção e representantes de empresas. “O Brasil faz pesquisa de ponta. Não estamos atrás de outros países, mas é importante unir esforços para avançar mais rápido e criar normas técnicas que possibilitem a transferência tecnológica para o mercado”, afirmou Denise Dal Molin, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das organizadoras do evento.
De acordo com a professora Edna Possan, professora da UNILA e que também participou como palestrante do simpósio, a autocicatrização do concreto acontece quando microfissuras são fechadas por mecanismos naturais do próprio material ou por meio da adição de agentes externos. “Com esse processo, é possível melhorar a estanqueidade e estender a vida útil das estruturas sem a necessidade de intervenções externas”, explica.
As técnicas incluem desde o uso de adições minerais já conhecidas ao concreto, como cinza volante e escória de alto-forno, até a utilização de aditivos cristalizantes e soluções biotecnológicas. Um dos destaques do simpósio foi justamente a autocicatrização por bactérias. “Ela tem mostrado ser a mais eficaz entre todas as tecnologias existentes hoje”, reforça Edna.

Crédito: Envato
Pesquisa nacional conectada ao que há de mais avançado no mundo
O evento trouxe ao Brasil nomes internacionais, como o professor Paulo Monteiro (Berkeley/EUA), que estuda a autocicatrização baseada em técnicas inspiradas no concreto romano, e o professor italiano Liberato Ferrara, integrante de um consórcio europeu sobre o tema.
A presença desses especialistas serviu para reforçar que o Brasil está no mesmo patamar das pesquisas globais. “Trouxemos quem está liderando grupos de pesquisa em várias instituições, e isso valorizou o evento. Convidamos palestrantes que tivessem uma visão mais ampla e integrada sobre os avanços em suas universidades”, detalha Denise.
Integração entre ciência e mercado
Um dos diferenciais do SIBRACIC foi promover o diálogo entre academia e setor produtivo. Cerca de 40% dos congressistas eram profissionais de empresas, muitas delas fornecedoras de aditivos cristalizantes. Para Edna Possan, essa interação foi estratégica. “Cada vez mais, essa interlocução entre ciência e mercado se faz necessária e é bastante promissora”.
A programação também incluiu a apresentação de mais de 40 artigos técnicos, todos em sessões orais, promovendo um ambiente de debate e troca de experiências. Houve ainda premiações para os melhores trabalhos.
Próximos passos para um concreto mais sustentável
Os pesquisadores destacaram que as tecnologias de autocicatrização representam um avanço significativo para a sustentabilidade na construção civil, reduzindo a necessidade de manutenção e o consumo de recursos.
No entanto, para que algumas dessas soluções, como as bactérias cicatrizantes, cheguem ao mercado, ainda são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento. “É uma área interessante e que deixa muitas pessoas entusiasmadas quando se conhecem os resultados. Acreditamos que o SIBRACIC cumpriu seu papel de difundir esse conhecimento e mostrar o potencial da autocicatrização como um novo paradigma na construção civil”, conclui Denise.
Entrevistadas
Edna Possan é engenheira civil formada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenadora do Laboratório de Desempenho, Estruturas e Materiais (Ladema). Atualmente é membro de diversos comitês de estudos de normas relacionadas a construção civil e presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac). Atua na área de patologia das construções, materiais de construção e meio ambiente.
Denise Dal Molin é engenheira civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Engenharia Civil pela UFRGS e doutora em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é Professora Titular e pesquisadora (docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Construção e Infraestrutura) da UFRGS. Foi membro fundador da Associação Brasileira de Patologia das Construções (ALCONPAT Brasil). Atualmente é membro do núcleo docente estruturante do curso de engenharia civil e líder do Grupo de Pesquisa LAMTAC (Laboratório de Materiais e Tecnologia do Ambiente Construído) da UFRGS.
Contatos
epossan@gmail.com
dmolin@ufrgs.br
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Ana Carvalho
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Esferas de concreto no oceano são testadas para armazenar energia
Como armazenar a energia excedente gerada por painéis solares ou turbinas eólicas? A resposta pode estar no fundo do mar. Pesquisadores alemães desenvolveram um projeto inovador chamado Stored Energy at Sea (StEnSea), que utiliza esferas de concreto submersas para armazenar e gerar energia de forma eficiente.
A ideia foi concebida em 2011 pelos professores Horst Schmidt-Böcking e Gerhard Luther. O sistema é conectado à rede elétrica por meio de um cabo submarino, que pode se ligar tanto a uma subestação em terra quanto a uma estação transformadora flutuante de um parque eólico offshore. Para armazenar energia, a motobomba retira a água de dentro da esfera, bombeando-a contra a pressão da coluna d’água ao redor. Com isso, o reservatório fica pronto para um novo ciclo de geração.

Crédito: © Hochtief
Em um teste de campo realizado com uma esfera de três metros no Lago de Constança, pesquisadores do Fraunhofer Institute for Energy Economics and Energy System Technology (Instituto Fraunhofer de Economia de Energia e Tecnologia de Sistemas de Energia), em parceria com outras instituições, comprovaram que o conceito é tecnicamente viável e funciona de forma eficiente.
“Usinas hidrelétricas reversíveis são especialmente eficazes para o armazenamento de eletricidade por períodos que variam de algumas horas a alguns dias. No entanto, seu potencial de expansão é bastante limitado em escala global. Por essa razão, estamos adaptando seu princípio de funcionamento para o ambiente submarino — onde as restrições ambientais e ecológicas são consideravelmente menores. Além disso, a aceitação pública tende a ser muito mais favorável”, explica o Bernhard Ernst, gerente sênior de projetos do Instituto Fraunhofer.
Princípio de funcionamento
Segundo o Instituto Fraunhofer, o projeto utiliza esferas de concreto com 9 metros de diâmetro e aproximadamente 400 toneladas cada. Essas esferas são colocadas entre 600 e 800 metros de profundidade, onde a pressão da água é tão intensa que consegue girar turbinas com altíssima eficiência.
Essas unidades são dispostas em sequência e interligadas eletricamente em um sistema projetado para operar de forma semelhante ao armazenamento por bombeamento, que aproveita a força da água para gerar eletricidade, porém adaptado para o ambiente submarino.

Crédito: © Fraunhofer IEE
O sistema StEnSea é composto por dois componentes principais: uma esfera oca de concreto, que funciona como reservatório de armazenamento, e uma unidade técnica cilíndrica, que abriga a bomba-turbina, uma válvula controlável e os componentes do sistema de Supervisão, Controle e Aquisição de Dados (SCADA). Essa unidade técnica é removível, podendo ser destacada separadamente, o que facilita a manutenção e os reparos.
Quando a esfera está vazia, a unidade de armazenamento é considerada totalmente carregada. Ao abrir a válvula controlável, a água do entorno flui pela unidade técnica para o interior da esfera. Esse movimento aciona a turbina e o gerador, que produzem energia elétrica para ser injetada na rede — caracterizando a fase de descarga do sistema. A recarga ocorre com o bombeamento da água para fora da esfera, contra a pressão do ambiente, utilizando energia da própria rede elétrica.
Resultados
Segundo pesquisadores do Fraunhofer, o potencial global de armazenamento dessa tecnologia chega a 817.000 gigawatts-hora. Em alguns locais da Europa, o potencial ainda alcança 166.000 gigawatts-hora. Para fins de comparação, a capacidade total das usinas hidrelétricas reversíveis em operação em terra na Alemanha é de menos de 40 gigawatts-hora.

Crédito: © Fraunhofer IEE
As estimativas do Instituto Fraunhofer apontam um custo de armazenamento em torno de 4,6 centavos de euro por quilowatt-hora. Já o investimento necessário é de aproximadamente 1.354 euros por quilowatt de potência instalada e 158 euros por quilowatt-hora de capacidade. A vida útil das esferas de concreto varia entre 50 e 60 anos, enquanto bombas-turbinas e geradores devem ser substituídos a cada 20 anos.
Próximos passos
Após o teste no Lago de Constança, o Departamento de Energia dos Estados Unidos investiu US$ 4 milhões no StEnSea. O Instituto Fraunhofer planeja implantar em 2026 um protótipo em escala real, impresso em 3D, na costa de Long Beach, Califórnia.
Os especialistas agora pretendem testar a aplicação da tecnologia em águas profundas, sob condições offshore, por meio de um novo projeto. O objetivo é investigar e avaliar todas as etapas envolvidas na fabricação, instalação, operação e manutenção em relação ao tamanho previsto da esfera — com 30 metros de diâmetro. A intenção é verificar se, e de que forma, as soluções desenvolvidas neste projeto podem ser aplicadas a uma esfera dessa dimensão.
“Com o armazenamento esférico StEnSea, desenvolvemos uma tecnologia de baixo custo, especialmente adequada para armazenamento de curto e médio prazo. Com o teste na costa dos Estados Unidos, estamos dando um grande passo rumo à escalabilidade e comercialização desse conceito de armazenamento”, conclui Ernst.
Fonte
Bernhard Ernst, gerente sênior de projetos do Fraunhofer Institute for Energy Economics and Energy System Technology.
Contato
web@iee.fraunhofer.de
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Verificação Independente traz controle sobre obras públicas e gera economia, transparência e eficiência
Com atuação técnica e imparcial, o verificador independente é um agente externo que acompanha continuamente contratos públicos, com foco em validar dados operacionais, calcular custos reais, apurar receitas e medir indicadores de performance. Em outras palavras, ele funciona como uma segunda camada de controle, embora não substitua a fiscalização tradicional, mas complementa com precisão técnica e autonomia.
Segundo Willian Keller, diretor técnico do Instituto Brasileiro de Estudos Técnicos Avançados (IBETA), o modelo contribui de forma decisiva para a governança pública. “Promove transparência, qualifica a tomada de decisão e protege o gestor público. Ainda é uma ferramenta subutilizada, mas seu fortalecimento depende da institucionalização nos contratos e do reconhecimento do seu valor técnico como instrumento permanente de controle e gestão”, afirma.
Case MG-050: pioneirismo e economia comprovada
A Rodovia MG-050, em Minas Gerais, foi o primeiro contrato de PPP rodoviária do Brasil a contar com um verificador independente. O modelo foi adotado pela concessionária Nascentes das Gerais em parceria com o governo mineiro. “Essa atuação foi central para validar periodicamente a performance da concessionária, por meio de indicadores objetivos definidos no contrato”, detalha Keller.

Crédito: Envato
O resultado foi concreto: uma economia de 45% no valor da contraprestação pública paga à concessionária ao longo de quatro anos. A análise rigorosa das medições, cruzamento de dados técnicos com inspeções em campo e a verificação das entregas reais impediram pagamentos indevidos e reequilíbrios sem fundamento técnico. “É a prova prática de que monitorar com critério técnico reduz desperdícios e dá segurança jurídica às partes envolvidas”, pontua o diretor do IBETA.
Indicadores sustentam decisões técnicas
Os indicadores utilizados variam conforme o tipo de contrato. Em obras públicas, destacam-se a validação das medições, o cumprimento de marcos contratuais, os desvios de custo e prazo e a conformidade técnica. Já em contratos de serviços, como transporte público, são acompanhados itens como quilometragem, consumo, receita e necessidade de subsídio.
O verificador atua analisando os dados reportados pelas concessionárias e validando sua consistência com documentos, evidências em campo e outras fontes técnicas. Com isso, fornece subsídios confiáveis ao poder concedente para decisões como pagamentos, reequilíbrios e auditorias.
Além da economia, a principal vantagem do método é elevar o nível de governança nos contratos. Com atuação técnica estruturada, o verificador confere rastreabilidade às informações, clareza nos critérios e base técnica às decisões públicas.
“Essa figura é fundamental para assegurar que os contratos reflitam a realidade técnica, financeira e operacional, proporcionando mais segurança para o poder público e confiança para os investidores”, afirma Keller. Ele defende a ampliação do uso do método para todos os contratos públicos, especialmente em áreas sensíveis como saúde, educação, mobilidade e saneamento.
Desafios para ampliar o uso no país
Apesar dos resultados, a verificação independente ainda é pouco utilizada no Brasil. “Falta institucionalização e clareza sobre como contratar e integrar esse serviço aos contratos. Muitos gestores ainda enxergam como custo, quando na verdade se trata de um investimento em controle e eficiência”, afirma o diretor do IBETA.
Para ampliar seu uso, o Instituto defende ações como a exigência em editais de concessão e PPPs, criação de marcos regulatórios, disseminação de boas práticas e capacitação de gestores públicos. “O que é monitorado tende a ser melhor executado. Ter um olhar técnico e imparcial constante é um investimento em governança pública”, finaliza Keller.
Entrevistado
Willian Keller é graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão de Projetos, com ampla experiência em análise de viabilidade econômico-financeira, modelagem econômica de projetos de alta complexidade, gestão de projetos de inovação e especialização nos Estados Unidos pela Baldwin Wallace University de Cleveland (OH). Atualmente, é diretor técnico do Instituto Brasileiro de Estudos Técnicos Avançados (IBETA)
Contato: w.keller@ibeta.tec.br
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Ana Carvalho
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Construção modular para a COP 30: é uma boa alternativa?
A quatro meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a capital do Pará enfrenta o desafio de lidar com a falta de leitos e acomodações para os visitantes do evento. Atualmente, toda a região metropolitana de Belém tem 24 mil leitos, enquanto a expectativa é que a cidade receba cerca de 50 mil visitantes durante o evento.
Diante deste cenário, algumas alternativas estão sendo consideradas como o uso de escolas, reformas de prédios antigos e a criação de hotéis em navios de cruzeiro.
“Como em todas as COPs, a questão acomodação é um desafio. Os hotéis estão de fato com suas ocupações máximas, e o governo está em fase de implantação de um programa de aluguel de moradias, onde um agente do governo vai na residência da pessoa e avalia por quanto pode ser locado o estabelecimento, seja um quarto ou toda casa. Esta medida está sendo tomada para controle da inflação de preços de hospedagem que está acima do normal”, afirma Bruna Siciliano, especialista em construções saudáveis e sustentáveis.
Desafios da construção em Belém
Para Bruna, com relação à forma de construção, é preciso levar em consideração que construir na Amazônia é diferente de construir na Paraíba, que ainda é diferente de construir em São Paulo e Rio de Janeiro. “Como engenheira coloco em pauta que em Belém ou Manaus, existem desafios operacionais e logísticos que fazem com que alguns insumos não sejam viáveis nestas regiões, a exemplo de agregados britados. Dessa forma, a brita passa a ser seixo de fundo de rio. Também temos de levar em conta que as estradas são os rios, tempos de seca e cheia afetam diretamente as obras. Com as mudanças climáticas no centro das discussões, tudo isso precisa ser colocado na ponta do lápis para tomada de decisão na construção de um projeto”, pondera.
Bruna acredita que a construção civil brasileira vai mostrar ao mundo sua capacidade de desenvolver tecnologias próprias para os canteiros de obras. “Um exemplo disso vem de Belém do Pará, onde se busca uma alternativa aos combustíveis fósseis por meio da exploração do látex”, aponta.
Outra questão latente é a crise de mão de obra – que atinge todo o Brasil. “A economia neste setor está aquecida, não somente em Belém por conta da COP, mas estamos em uma lacuna onde perdemos mão de obra para entregadores de delivery e aplicativos de transporte. É uma questão geracional, onde falta mão de obra, o que encarece o custo dos empreendimentos e demanda maior tempo de cronograma de execução. Além disto, a crise geopolítica e inflação em produtos utilizados na construção civil acaba sendo um grande desafio para garantir a sustentabilidade das obras, e saúde também financeira, pois manutenção e retrabalhos geram incompatibilidade com a descarbonização”, afirma Bruna.
Construção modular
Para atender esta demanda por leitos, como construir de forma sustentável e responsável? Seria possível deixar um legado de construções mais sustentáveis para a COP 30 e resolver a questão da falta de hospedagem?
Uma forma de fazer isto seria por meio da construção modular e o uso de pré-fabricados. Um exemplo do emprego desta técnica é a Vila COP, um conjunto modular de alto padrão que será destinado a líderes, chefes de Estado e representantes das 190 nações. Posteriormente, será transformado em centro administrativo do Governo do Pará, reunindo secretarias atualmente instaladas em imóveis alugados. “A construção da Vila COP faz parte da estratégia de ampliação da oferta de hospedagem desenvolvida pelos governos do Pará e Federal visando acomodar cerca de 50 mil pessoas que devem vir para Belém durante o evento. Depois da COP, este espaço será utilizado como centro administrativo pelo Governo do Pará, abrigando secretarias que hoje estão em prédios alugados. Isso representa economia para a administração pública e assegura que o investimento feito deixe um legado para o nosso Estado”, afirmou Hana Ghassan, vice-governadora e presidente do Comitê Estadual da COP 30.

Crédito: Agência Pará
O local onde será construída a Vila COP tem 19 mil metros quadrados. O projeto prevê uma divisão em 5 blocos, dos quais, quatro serão destinados à hospedagem, totalizando 405 suítes, e um bloco será de serviço com lobby, maleiro, escritórios, gerência, salas de reunião, academia, vestiários, quiosques de artesanato e souvenires, conveniência, restaurante e bar-café.
Para o arquiteto Marcos Serrano Miralles, ao partir do princípio da praticidade no tempo de execução, a construção modular pode ser uma boa saída para lidar com a falta de leitos. “Ela traz benefícios como a otimização de tempo, redução de resíduos e sustentabilidade para obras mais conscientes e eficientes”, informa.
Esta alternativa vem sendo incentivada pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), que em 2024 apoiou a construção da sede de fábrica de estruturas modulares no Distrito Industrial de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. "Essa indústria é fundamental para o desenvolvimento do Pará. Além de impulsionar a criação de empregos, ela representa uma alternativa viável de hospedagem durante a COP-30”, justificou Lutfala Bitar, presidente da Codec.
Entrevistados/ Fontes
Bruna Siciliano especialista em construções saudáveis e sustentáveis, economia verde, soluções baseadas na natureza e descarbonização aplicadas a indústria da construção civil. Também é empreendedora e presidente do Grupo Siciliano Brasil, CEO Siciliano Ltda, Siciliano Tecnologia e Cofundadora Siciliano Pro.
Marcos Serrano Miralles é arquiteto. Ele já deixou sua marca em projetos em São Paulo, interior, litoral e outras regiões como Rio de Janeiro, Brasília e Gramado.
Transitando entre escritório próprio e multinacionais como a Asea Brown Boveri, no setor Real Estate, Miralles gosta de promover uma participação ativa dos clientes.
Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec)
Agência Pará
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Obras no Aeroporto de Congonhas avançam
Em abril de 2025, o Aeroporto de Congonhas completou 89 anos. Em abril de 2024, o aeroporto anunciou uma reestruturação e desde então vem avançando com as obras e reformas.
Com investimento de R$ 2,4 bilhões, a expectativa é que o aeroporto ganhe um novo terminal de passageiros com mais que o dobro do tamanho atual, novas pontes de embarque e diversas melhorias para a eficiência operacional, segundo informações da Aena, concessionária responsável pelo aeroporto. Congonhas também contará com 20 mil m² dedicados a áreas comerciais.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da Aena, obra é faseada e a construção do novo terminal ainda não começou. No momento, estão sendo realizadas algumas demolições e a construção de hangares provisórios. O prédio do terminal será iniciado numa próxima etapa.
Etapas da obra
A Aena anunciou que a construtora HTB será a responsável pela execução das obras. A previsão é que o novo terminal comece a operar em junho de 2028. Para reduzir os impactos nas atividades do aeroporto, os trabalhos serão divididos em fases. A etapa inicial abrangerá a demolição de estruturas existentes, a instalação dos canteiros de obras, intervenções no pátio de aeronaves e melhorias nas pistas de taxiamento.
Na segunda fase, as companhias aéreas serão realocadas para novos hangares, o que permitirá o início da construção do píer do novo terminal e das intervenções no hangar tombado.
Já na terceira etapa, serão instaladas as pontes de embarque do novo píer, assim como o sistema de triagem e transporte de bagagens. As fases finais envolvem a finalização do novo terminal de passageiros, incluindo a entrega das pontes, dos sistemas de bagagem e a modernização do terminal existente.
Melhorias já realizadas
No início deste ano, o terminal ganhou um dos maiores lounges voltados a voos domésticos no Brasil, com mais de 1.000 m². Uma nova sala, com dimensões equivalentes, está em construção e deve ser inaugurada nos próximos meses.

Crédito: Dilvugação – Aena
Com o objetivo de oferecer mais conforto aos passageiros e tornar o embarque mais ágil, a área de raio-X foi expandida, passando de 11 para 16 canais de inspeção. Os primeiros banheiros completamente reformados já estão em funcionamento, e a modernização do sistema de ar-condicionado está quase concluída.
Nos próximos meses, a sala de embarque remoto terá sua capacidade duplicada, e a sala principal também será ampliada. Além disso, uma nova área para embarque em carros de aplicativo, localizada no topo do edifício garagem, será aberta até o final do ano.
A sustentabilidade também é uma preocupação. De acordo com a Aena, toda a eletricidade utilizada no local já vem exclusivamente de fontes renováveis, e um novo sistema de reciclagem de resíduos foi colocado em prática.
Reformas até 2028
Com a conclusão das obras, a área de embarque e desembarque do terminal será duplicada, superando 100 mil m², com preservação de estruturas históricas e integração ao novo terminal. O embarque ocorrerá nas novas edificações, enquanto o terminal atual será destinado ao desembarque. O projeto inclui um novo salão de check-in com até 108 posições, 19 pontes de embarque, 10 portões remotos no hangar tombado, 13 leitores automáticos de bilhetes e até 17 canais de inspeção.
O pátio da aviação comercial será ampliado para 215 mil m², com 37 posições de aeronaves, todas adequadas aos padrões internacionais. Também estão previstas novas pistas de rolagem, reforço estrutural das áreas operacionais e melhorias na mobilidade, como uma nova praça de embarque para carros de aplicativo, ampliação da área de meio-fio e conexão direta com a futura estação da linha Ouro do metrô.
Fonte
Aena Brasil
Contato
Assessoria de imprensa - diana@massmedia.com.br
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Santa Catarina atrai investidores com projetos inovadores que transformam o litoral em vitrine mundial
Santa Catarina está consolidando sua posição como referência nacional em inovação no setor imobiliário, turístico e de lazer. Em breve, na região, serão inaugurados empreendimentos inovadores, entre os quais o maior shopping náutico do país, um complexo temático que promete ser o maior centro de neve indoor da América Latina e um dos maiores bairros urbanizados do Brasil.
Um dos exemplos mais ousados dessa transformação é o Boulevard Marina Itajaí, anunciado como o maior shopping náutico do país voltado diretamente para as águas. Com início das obras previsto para 2025 e entrega estimada para o verão de 2026/2027, o projeto irá ocupar um dos principais polos náuticos do país, promovendo uma experiência sofisticada integrada ao lifestyle marítimo.

Crédito: Divulgação
“O Boulevard Marina Itajaí une infraestrutura portuária, turismo, varejo e experiências em um mesmo ambiente com foco em alto padrão”, destaca Anderson Becker, CEO da ABecker Loteamentos, empresa que desenvolve o empreendimento ao lado da Marina Itajaí.
Serão mais de 120 operações entre lojas, gastronomia e serviços premium, distribuídas sobre um píer moderno e com paisagismo que respeita o ambiente natural. O investimento inicial de R$ 100 milhões deve gerar mais de 2.700 empregos diretos e indiretos. “Nosso objetivo é oferecer uma nova experiência de consumo e lazer premium para quem navega ou visita a Marina Itajaí”, completa Becker.
Barra Velha: um bairro planejado com impacto social
Outro projeto de destaque é a construção de um dos maiores bairros urbanizados do Brasil, que será implantado às margens da Lagoa de Barra Velha, no litoral norte de Santa Catarina. O empreendimento prevê a criação de 4.680 lotes destinados a áreas residenciais, comerciais e industriais.
Mais do que um bairro, a proposta é erguer uma nova centralidade urbana. “Buscamos criar um bairro com qualidade de vida, conforto e conexão com a natureza”, afirma. A estimativa é que o local beneficie cerca de 100 mil pessoas quando finalizado, gerando emprego, infraestrutura e novas possibilidades de desenvolvimento para a região.
Segundo Marcos Melchioretto, vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul, o município de Barra Velha se destaca entre os que mais crescem em Santa Catarina. “Sua ampla área de expansão territorial possibilita grandes investimentos urbanísticos de padrões internacionais, contemplando um mix de moradia, trabalho e lazer juntos”, afirma.

Crédito: Divulgação
Sky Planet: neve em pleno litoral catarinense
Outra grande aposta inovadora é o Sky Planet, complexo temático que promete ser o maior centro de neve indoor da América Latina. O projeto será construído no Morro do Boi, entre Balneário Camboriú e Itapema, e será inspirado nos Alpes Suíços. A estrutura contará com pistas de esqui e snowboard, resort de luxo, spa, piscinas aquecidas, restaurantes e até heliponto.
Com um investimento estimado em R$ 800 milhões e ocupando 166 mil m², o empreendimento irá funcionar o ano todo, atraindo turistas em todas as estações e ampliando a vocação da região para o turismo de alto padrão. “Estamos criando uma experiência inédita no Brasil e que pode colocar Santa Catarina no roteiro internacional de turismo de inverno”, diz Becker.
Para Marcos Melchioretto, esse é um projeto que vai além do entretenimento. “Fomentar o turismo também fora de temporada é um reflexo do incremento do Sky Planet, trazendo neve o ano todo para Balneário Camboriú e região. A estrutura completa, com hotel, restaurantes e pistas, é voltada tanto para adeptos quanto para amadores da prática de esqui”, destaca. Ele acrescenta ainda que “a qualidade de vida ligada à segurança vem incrementando cada vez mais investimentos no bem-estar de todos”.
Visão estratégica e valorização regional
Os três projetos revelam a atuação estratégica das incorporadoras, reafirmando a visão de longo prazo, sustentabilidade e foco em qualidade de vida que o setor da construção civil imprime em seus investimentos.
Além disso, os empreendimentos reafirmam a posição de Santa Catarina como uma das regiões mais inovadoras do país. "Nosso compromisso é entregar soluções que transformem a vida das pessoas e valorizem ainda mais o potencial de Santa Catarina como polo turístico, urbano e de lazer", conclui Becker.
Entrevistados
Marcos Melchioretto é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (FURB), é vice-presidente do Sinduscon Rio do Sul (SC) e sócio executivo da MS Empreendimentos.
Anderson Becker é CEO da ABecker Loteamentos.
Contatos
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Relacionamento pós-entrega: o novo valor das construtoras no mercado imobiliário para fidelizar clientes
A entrega das chaves de um imóvel não marca o fim do trabalho de uma construtora. Pelo menos não para empresas que apostam na construção de vínculos sólidos com seus clientes. O relacionamento pós-obra tem ganhado protagonismo como diferencial competitivo no setor da construção civil, unindo assistência técnica, apoio contínuo e escuta ativa das necessidades dos moradores.
“Hoje, o pós-venda nas construtoras deve ser tratado com muita responsabilidade. Ele muitas vezes é o diferencial de uma construtora”, afirma Thiago Pissetti, vice-presidente de Inovação do Sinduscon Paraná. Para ele, esse relacionamento precisa começar na entrega do imóvel, com uma comunicação clara sobre o funcionamento dos sistemas, manuais bem elaborados e suporte técnico presente nas etapas iniciais da ocupação.
Para ocorrer uma entrega de qualidade, não é suficiente apenas caprichar na pintura, na colocação do piso, luminária ou itens decorativos. Para o presidente da Ademi-PR, Thomas Gomes, a obra inteira precisa ser planejada e programada de tal forma que a experiência do cliente seja priorizada. “Esse deve ser o objetivo de uma construtora e isso passa pela questão estrutural, que tem que estar tudo no prumo, até a parte hidráulica e elétrica, que são os dois pontos onde ocorrem os maiores problemas”, alerta.

Crédito: Envato
Ele também assinala que esquadrias e acústica também são itens que devem ser bem planejados com bons parceiros e boa execução. “A obra, se bem pensada, não precisa ter atropelos em nenhuma atividade, possibilitando dedicar tempo e esforço para cada uma das etapas”.
Além do serviço excelente, um pós atendimento de qualidade passa pela escolha dos materiais utilizados ao longo da obra. “De nada adianta ter um serviço excelente e um material de má qualidade, que vai apresentar problema depois. A experiência do cliente passa pela qualidade construtiva, mas passa também pelo nível de serviço prestado, pela construtora ter um canal de comunicação aberto e uma forma de você monitorar os seus chamados de assistência técnica de uma maneira clara e explícita. Isso tudo passa pela execução de obras e pelo nível de serviço prestado no pós-obra”, aponta.
Exemplo disso pode ser constatado em diversas iniciativas. Na FGR Incorporações, por exemplo, com mais de 30 empreendimentos entregues, o compromisso vai além do pós-venda tradicional. “Nós estabelecemos um relacionamento contínuo com os nossos clientes, mesmo após a entrega do empreendimento”, explica Felipe Hermano, coordenador de Relacionamento com o Cliente.
A empresa permanece atuando na gestão dos condomínios, implementando soluções que mantêm a identidade do “Jeito Jardins de Viver”, conceito exclusivo da incorporadora. Uma das inovações é o Serviço Fácil Jardins, uma rede de prestadores de serviços selecionados para atender exclusivamente os moradores, de diaristas a jardineiros e lavadores de estofados. “Selecionamos profissionais com experiência e confiança para melhor atender as várias comunidades que formam cada um dos condomínios”, relata Hermano.
Escuta ativa gera melhorias reais
A escuta ativa de moradores e administradores de condomínios também se tornou uma ferramenta estratégica para inovação e ajustes de projeto. Hermano destaca que muitos aprimoramentos vêm justamente dos feedbacks de quem vive o dia a dia dos empreendimentos. “Mais quadras de areia e pet places são melhorias que surgiram a partir do relacionamento com os clientes e da observação da rotina deles”, exemplifica.
Essa atenção ao cliente tem se convertido em confiança e fidelização. “Nosso maior patrimônio são clientes que compraram por ter sido recomendados por outra pessoa que vive em nossos empreendimentos”, afirma o coordenador.
Papel ativo da engenharia
Para o Sinduscon Paraná, a atuação da equipe de engenharia é essencial na manutenção da boa relação com os moradores. “A engenharia da construtora tem que estar sempre presente no condomínio, auxiliando, explicando como funciona o sistema construtivo e os cuidados necessários”, reforça Pissetti.
Além disso, a orientação sobre manutenções preventivas, como cuidados com telhados, bombas e pressurizadores, é indispensável para preservar o imóvel e evitar desgastes na relação com os moradores. E quando surgem problemas, a rapidez e clareza no atendimento são fundamentais: “Sempre com responsabilidade e velocidade, separando prioridades e deixando claro qual será o canal de comunicação com o cliente”, pontua.
Valorização do imóvel e confiança
O impacto desse cuidado vai além da experiência individual dos moradores. O relacionamento pós-obra contribui para a valorização dos imóveis, a longevidade dos empreendimentos e a imagem da marca no mercado. “Quando há ruptura nesse relacionamento, todos saem prejudicados. O prédio começa a se deteriorar, perde valor, e o apoio técnico desaparece”, alerta Pissetti.
Por outro lado, quando há proximidade, escuta e suporte técnico eficaz, todos ganham: moradores, administradoras e incorporadoras. “Um bom produto só é bom de verdade se houver um acompanhamento, um relacionamento para entender e melhor atender às necessidades dos clientes”, conclui Hermano.
Entrevistados
Felipe Hermano possui MBA em Administração e Estratégia pela Universidade Estácio de Sá, atua no mercado imobiliário desde 2008 e está há nove anos na FGR Incorporações, onde atua como coordenador de Relacionamento com Cliente.
Thiago Pissetti é vice-presidente de Inovação do Sinduscon-PR.
Thomas Gomes é graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Católica do Paraná (PUC-PR), possui especialização em Investimentos Imobiliários pela Insper (SP), cursou o Program for Leadership Development na Harvard Business School (EUA) e é head de Real Estate na Life Capital Partners. Atualmente é presidente da Ademi-PR.
Contatos
imprensa@sindusconpr.com.br (Assessoria de Imprensa)
felipe.castro@fgr.com.br
tgomes@lifecapitalpartners.com.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Setor imobiliário ganha guia prático sobre a Reforma Tributária
Foi lançado em maio de 2025 o Guia Orientativo da Reforma Tributária, voltado para o setor imobiliário. A publicação tem como objetivo de auxiliar os profissionais da área na transição para as novas regras fiscais estabelecidas pela legislação aprovada em 2024.

Crédito: ABRAINC
O guia apresenta, de maneira clara e aprofundada, os regimes tributários específicos aplicáveis às operações com imóveis, os mecanismos de redução de alíquotas, as normas de transição, além de outras alterações previstas na nova legislação.
O guia é uma iniciativa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Associação das Empresas de Loteamento Urbano (Aelo) e do Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis (Secovi-SP).
Para Ely Wertheim, presidente da Aelo, é fundamental que o setor permaneça atento e coeso durante o processo de regulamentação. “Tudo que foi conquistado para reduzir os impactos ao setor agora será regulamentado. A complexidade aumentou, e as empresas precisam estar preparadas. Essa cartilha foi criada justamente para isso”, destacou Wertheim.
Conquistas do setor imobiliário
Entre as conquistas alcançadas pelo setor, estão o regime tributário diferenciado, com redução de 50% na alíquota para atividades de incorporação e de 70% para locação, além da inclusão de pautas importantes, como o redutor social, a exclusão do valor do terreno da base de cálculo e o tratamento específico para a atividade de locação.
“O setor imobiliário obteve alguns dos maiores avanços na reforma, resultado do trabalho técnico consistente e qualificado desenvolvido pelas entidades”, afirmou o advogado tributarista Rodrigo Dias.
De acordo com o Ministério da Fazenda, as vendas eventuais de imóveis por pessoas físicas não serão tributadas, como já acontece hoje. A nova tributação para a incorporação e venda de imóveis prevê que:
- O imposto incidirá apenas sobre o valor de venda menos o custo do terreno;
- Haverá um redutor social de R$ 100 mil para tornar a tributação progressiva, beneficiando imóveis populares;
- A alíquota será reduzida em 50%, ficando em torno de 14%;
- Todo o imposto pago na compra de materiais e serviços poderá ser recuperado pela incorporadora.
Com essas mudanças, o custo de imóveis populares (R$ 200 mil) deve cair cerca de 5,5%, enquanto o de imóveis de alto padrão (R$ 2 milhões) pode subir 2,3%. Ainda assim, a recuperação de créditos deve aumentar a eficiência do setor, permitindo até queda nos preços dos imóveis de alto padrão.
Para empresas que compram e vendem imóveis, a tributação será sobre a margem de lucro, com alíquota reduzida e possibilidade de recuperar créditos sobre despesas administrativas.
Na locação, a alíquota será reduzida em 70% (equivalente a 8,4%) e haverá um redutor social de R$ 600 mensais. A não cumulatividade também valerá para esse segmento, diminuindo o impacto dos tributos.
Fontes
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC)
Ministério da Fazenda
Contato: comunicacao@abrainc.org.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Construção 3D revoluciona setor com casas erguidas no próprio canteiro de obras e sistemas modulares
A nova fronteira da construção: casas impressas em 3D diretamente no canteiro de obras. Em um subúrbio de Moscou, uma casa de 38 metros quadrados foi erguida em apenas 24 horas, a um custo inferior a US$ 10 mil. O feito, protagonizado pela startup americana Apis Cor, chamou atenção do mundo para uma revolução silenciosa que está em curso na construção civil: a impressão 3D de estruturas habitacionais com concreto extrudado.
Diferentemente dos sistemas modulares ou pré-fabricados, a tecnologia permite que as paredes e elementos estruturais sejam impressos diretamente no local da obra, camada por camada, como em um grande "plotter de concreto". A impressora, controlada por software, segue um modelo digital 3D que orienta a deposição do material, possibilitando a execução de formas complexas, com precisão, rapidez e mínimo desperdício.
“É uma mudança de paradigma. A impressão 3D permite geometrias mais livres, com economia de recursos e maior controle do processo”, afirma o arquiteto Orlando Ribeiro, vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná). “Ela reduz drasticamente o desperdício de materiais e é ideal para obras de baixo custo, personalizadas ou automatizadas”, complementa.

Crédito: Divulgação/Apis Cor
Concreto sob medida para um novo tempo
No centro dessa transformação está uma fórmula de concreto desenvolvida especialmente para o processo de impressão. O chamado concreto extrudado apresenta propriedades reológicas e mecânicas específicas, como alta coesão, pega rápida e tixotropia (capacidade de recuperar a viscosidade após o bombeamento), garantindo a integridade da estrutura desde as primeiras camadas.
“É um material que precisa fluir com facilidade e, ao mesmo tempo, manter a forma ao ser depositado. Um equilíbrio técnico muito sofisticado”, explica Ribeiro. A precisão permite o uso exato da quantidade de concreto necessária, o que resulta não apenas em economia, mas também em menor impacto ambiental.
Brasil começa a explorar potencial da tecnologia
Apesar de ainda emergente no Brasil, a construção 3D já inspira iniciativas em universidades e empresas. O Instituto SENAI de Inovação, na Bahia, por exemplo, desenvolveu em parceria com uma startup local um projeto de habitações populares impressas, adaptadas às condições climáticas e aos materiais regionais.
Na USP e no ITA, pesquisas avançam no desenvolvimento de misturas e impressoras de grande porte, visando aplicações que vão desde casas sustentáveis até estruturas militares. Outro destaque é o InovaHouse3D, startup nascida na Universidade de Brasília (UnB), que projeta impressoras e misturas de concreto adaptadas à realidade nacional.
Já a UTFPR investiga o uso de resíduos industriais em formulações sustentáveis, combinando inovação com responsabilidade ambiental. Além do meio acadêmico, startups brasileiras vêm apostando na impressão 3D como solução para obras emergenciais e personalizadas. “Essa tecnologia tem enorme potencial para atender demandas habitacionais urgentes, com qualidade e eficiência”, avalia o arquiteto da AsBEA-PR.

Crédito: Divulgação/Apis Cor
Um futuro moldado em camadas
A Apis Cor, startup americana, continua a expandir seus projetos nos Estados Unidos, alcançando marcos significativos em sua jornada. A empresa construiu o maior edifício impresso em 3D do mundo, que é um edifício administrativo de dois andares. Além disso, imprimiu um edifício comercial em Boca Chica, Texas, que se tornou o primeiro edifício impresso em 3D com permissão comercial na América.
No âmbito residencial, a Apis Cor construiu uma casa impressa em 3D no Missouri, sendo esta a primeira casa da empresa a implementar paredes 3D comparáveis a paredes de blocos de concreto, projetadas e testadas pela própria empresa. Ela também é reconhecida por ter construído a "primeira" casa impressa em 3D, descrita como "pequena, mas poderosa" e a mais reconhecida do mundo.
Em 2022, a empresa construiu a Eden Village, uma comunidade de pequenas casas com 31 unidades, projetada especificamente para fornecer moradia permanente e vitalícia para pessoas em situação de rua em Wilmington, Carolina do Norte (EUA). “Além disso, foi premiada em desafios da NASA voltados à habitação espacial. Seu portfólio é um indicativo de que a impressão 3D já não pertence apenas ao campo da experimentação e trata-se de uma solução viável, escalável e cada vez mais acessível”, assinala.
No Brasil, os avanços ainda ocorrem em ritmo moderado, mas o interesse cresce. “Estamos diante de uma tecnologia que não só transforma a forma de construir, como redefine o papel da arquitetura e da engenharia. É um caminho sem volta”, conclui Ribeiro.
Entrevistado
Orlando Ribeiro é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/PROPAR) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/PROPUR). É atualmente vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná).
Contato
arq.orlandoribeiro@gmail.com
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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