Caixa começa a oferecer crédito habitacional com novas regras
Desde o dia 13 de outubro, entraram em vigor as novas diretrizes da Caixa Econômica Federal, que ampliam as condições de acesso ao financiamento habitacional.
A CAIXA anunciou sua participação em um amplo pacote de medidas voltado a estimular o crédito imobiliário no país. As mudanças resultam da revisão das regras de direcionamento da poupança, que deve gerar um aumento estimado de R$ 40 bilhões nos recursos destinados ao financiamento habitacional pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) nos próximos dois anos.
As novas medidas devem ampliar significativamente a oferta de crédito, com expectativa de gerar um acréscimo de R$ 3 bilhões em 2025 apenas em razão do aumento das cotas de financiamento.
Elevação do teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
Dentre as principais mudanças está o aumento do limite do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões — medida regulamentada hoje pelo Conselho Monetário Nacional e que foi implementada em 13 de outubro. Além disso, o percentual máximo de financiamento foi ampliado para 80% na modalidade SAC e 70% na PRICE.

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Para Guilherme Werner, sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica, o teto dos imóveis financiados pelo SBPE, dentro do SFH, já estava defasado há algum tempo. “Foi um ajuste que já deveria ter ocorrido e que naturalmente fomenta o setor. Qualquer ajuste é bem-vindo no que se refere ao limite de teto. Isso é basicamente uma recomposição do processo inflacionário que a construção civil enfrentou nos últimos anos e da própria valorização dos ativos imobiliários no Brasil nesse período. Trata-se de uma recomposição já esperada, que não altera de forma exagerada esse teto — ele muda em um patamar razoável e vai colocar muitos imóveis no radar, lembrando que isso também fomenta o mercado de usados. E isso deve, naturalmente, ampliar a base de demanda de quem é elegível a uma compra dentro do SFH”, declara.
Werner acredita que essa é uma boa notícia, uma vez que amplia o universo potencial de pessoas que conseguem financiar dentro do SFH e do SBPE. “O setor vê com bons olhos esse aumento. Naturalmente, não dá para acreditar que, apenas por esse ajuste, ele será um catalisador do processo de lançamentos imobiliários no Brasil. Mas isso vai ajudar a favorecer a liquidez de produtos enquadrados no que se chama de padrão alto, ampliando, portanto, a base de quem pode comprar, já que esses imóveis agora podem estar dentro do SFH. Lembrando que isso vale tanto para novos quanto para usados”, afirma o sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), explica que o novo SFH prevê, em seu modelo, a utilização de 100% dos depósitos em poupança para financiamento imobiliário. “É uma diferença em relação ao que ocorre hoje, quando apenas 65% desses depósitos são utilizados no financiamento habitacional. Isso ocorrerá ao longo de 10 anos, sendo que os primeiros 5% de aumento, passando de 65% para 70%, ocorrerão já em 2026, como uma forma de teste do novo modelo. Dando tudo certo, em 2027 passará a haver um acréscimo de 1,5% ao ano nos depósitos até atingir o total de 100% em 10 anos. Isso traz mais recursos para o mercado imobiliário e vai atender, em especial, à faixa de apartamentos que se enquadram até R$ 2.250.000,00. Sob essa ótica, é muito positivo para o setor”, pontua.
De acordo com Correia, a medida ajudará a destravar parte do estoque existente e, certamente, impulsionará lançamentos de empresas que estavam receosas em lançar por falta de crédito para o cliente final.
Entrevistados
Guilherme Werner é sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica.
Renato Correia é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
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Paraná atrai investidores e compradores e se consolida como um dos mercados imobiliários mais promissores do país
Comprar um imóvel é uma das decisões mais importantes da vida e o Paraná vem se firmando como um dos destinos mais seguros e rentáveis para quem busca qualidade de vida e valorização patrimonial. Curitiba aparece em primeiro lugar no ranking nacional de atratividade para empreendimentos de padrão econômico, com nota 0,890 em uma escala de 0 a 1, superando todas as demais capitais brasileiras. Os dados são da pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), demonstrando que o estado vive um ciclo de expansão consistente.
“A capital liderou a atratividade nacional e isso não acontece por acaso. É resultado de qualidade urbana, segurança, mobilidade e uma cultura de planejamento que dá previsibilidade. No fim, o estado entrega consistência, e isso atrai capital de longo prazo”, afirma Maria Eugenia Fornea, diretora de Expansão da Ademi-PR e CEO da Weefor.
Ela destaca que o desempenho reflete um conjunto de fatores sólidos. “O Paraná reúne algo que o investidor valoriza muito: estabilidade e coerência. Temos cidades bem geridas, infraestrutura que funciona, diversidade econômica e um ambiente de negócios que reduz risco”, completa.
Curitiba mantém um ritmo de crescimento equilibrado, com redução de estoque e aumento expressivo de preços. O número de unidades disponíveis caiu 12% em um ano, passando de 10,9 mil para 9,5 mil, enquanto o valor médio do metro quadrado privativo subiu 15,4% no mesmo período. “A cidade segue aquecida porque tem fundamentos sólidos. Mas é um mercado que exige curadoria e coerência. Hoje, performa bem quem acerta o produto: localização, programa e diferenciais arquitetônicos. Curitiba continuará forte, mas será um mercado que premia inteligência e leitura de micromercados”, analisa Maria Eugenia.
Interior do Estado vive época de maturidade urbana
O interior do estado também mostra força. Maringá e Londrina aparecem, respectivamente, em 11º e 21º lugares no ranking nacional de atratividade. “O eixo Maringá–Londrina é um caso claro de maturidade urbana. São cidades com universidades fortes, setor de serviços robusto e gestão pública eficiente. Isso gera demanda qualificada e mercados com boa liquidez, onde produtos bem posicionados têm performance consistente”, destaca a executiva.
Para Nikolas Batista, diretor de Incorporação da Hype Empreendimentos, a capital paranaense vive um momento de forte vitalidade e consolidação. “O volume de lançamentos verticais permanece elevado, com destaque para o crescimento dos empreendimentos compactos e de médio padrão, que já representam mais de 70% dos novos produtos lançados na cidade”, afirma.

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Segundo ele, o valor médio do metro quadrado privativo atingiu R$ 14.500, após uma alta acumulada de cerca de 15% em dois anos, o que reforça o dinamismo do mercado. “Esse aquecimento está diretamente ligado às mudanças no estilo de vida urbano e ao aumento da demanda por imóveis bem localizados, funcionais e integrados à cidade. Jovens profissionais, investidores e famílias menores têm buscado localizações estratégicas com infraestrutura consolidada, mobilidade eficiente e soluções sustentáveis”, explica.
Batista destaca ainda que Curitiba vive um novo ciclo de reocupação do centro, impulsionado pela infraestrutura, vida universitária e novos empreendimentos residenciais. “Essa renovação urbana tem atraído tanto investidores quanto novos moradores e impulsionado a valorização imobiliária. O índice FipeZap mostra alta de 20% no último ano apenas na região central”, observa.
Além disso, a cidade se fortaleceu como destino de turismo e cultura, o que reflete positivamente no mercado imobiliário. “Curitiba voltou a pulsar cultural e economicamente. Pela primeira vez, o turismo de lazer superou o de negócios. Grandes eventos e shows internacionais, como Guns N’ Roses, Linkin Park e Bruno Mars, reforçam o papel da capital como centro de entretenimento e experiências urbanas”, comenta.
Perspectivas para 2026
O cenário para 2026 é de continuidade do crescimento, mas com amadurecimento do mercado. “Curitiba deve seguir liderando o ranking nacional de atratividade, enquanto o interior ganha ainda mais protagonismo”, projeta Batista. O Paraná vive um momento de expansão e consolidação. É um estado que entrega segurança, valorização e qualidade de vida, um dos ambientes mais atrativos do Brasil para morar ou investir.
Segundo Maria Eugenia, 2026 será um ano desafiador, com juros altos e crédito pressionado, que exigem disciplina e eficiência. “Será um ano de oportunidades para quem sabe ler o tempo. Vamos ver um mercado mais seletivo na escolha dos terrenos, produtos muito mais aderentes aos micromercados e um consumidor exigente”.
Segundo ela, o Paraná, e Curitiba em especial, entram nesse ciclo com vantagem competitiva: demanda consistente e qualidade urbana reconhecida. “Se o setor trabalhar com foco no cliente e inteligência coletiva, algo que a Ademi tem papel central em organizar, teremos um ano firme, mesmo em cenário adverso”, conclui.
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Maria Eugenia Fornea é diretora de Expansão da Ademi-PR e CEO da Weefor.
Nikolas Batista é graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atualmente é diretor de Incorporação na Hype Empreendimentos.
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Congresso do IBRACON destaca os desafios das edificações altas
Com o avanço da verticalização das cidades brasileiras, projetar e executar estruturas cada vez mais altas tornou-se um dos grandes desafios da engenharia contemporânea. No 66º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON, o Seminário de Edifícios Altos e Estruturas Protendidas reuniu especialistas para discutir soluções que unem inovação, segurança e durabilidade. Protensão, estruturas pré-fabricadas, incêndios e desempenho de materiais estiveram entre os assuntos mais debatidos, revelando o quanto a engenharia nacional está evoluindo para atender a essas novas demandas.
Protensão como solução estrutural
A protensão foi apresentada pela engenheira Micheli Mohr, da EVEHX Global Co., como uma das soluções estruturais mais importantes da atualidade. Em sua palestra, ela lembrou que a técnica, antes restrita a pontes e obras de infraestrutura, hoje é amplamente aplicada em arranha-céus e edifícios comerciais. “A protensão nasceu da necessidade de criar estruturas mais robustas e econômicas, e hoje é sinônimo de eficiência e sustentabilidade”, afirmou. Segundo Mohr, os avanços em aços de alta resistência, softwares e métodos construtivos impulsionaram a aplicação da protensão aderente e, mais recentemente, da não aderente, predominante no Brasil. Ela destacou ainda que o sistema reduz deformações, melhora o desempenho sísmico e eólico e aumenta a durabilidade das estruturas. “Nos edifícios superaltos, a protensão virou o arroz com feijão da engenharia moderna”, comentou.

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Lajes protendidas em situação de incêndio
Já o engenheiro Marcos Terra, diretor técnico na Atex Brasil, abordou um tema ainda pouco explorado: as lajes protendidas em situação de incêndio. Ele lembrou que, apesar da recente revisão da NBR 15200:2024, ainda há poucos ensaios e dados experimentais que permitam compreender melhor o comportamento dessas lajes sob altas temperaturas. “Faltam estudos específicos sobre o desempenho das lajes protendidas em incêndios. Precisamos de mais cooperação entre projetistas, universidades e associações técnicas para avançar nesse tema”, ressaltou. Terra explicou que a resistência ao fogo está diretamente ligada à profundidade do aço inferior (C1) e à espessura da laje, fatores que garantem integridade estrutural e compartimentação entre pavimentos. Ele também comentou sobre a possibilidade de incluir revestimentos aderidos, como contrapiso e gesso, no cálculo da resistência ao fogo — uma das novidades da norma.
Colapso progressivo em estruturas pré-fabricadas
A questão da segurança estrutural também foi destaque na palestra do engenheiro Carlos Melo, sócio-diretor na CMA Engenharia, que tratou do colapso progressivo em estruturas pré-moldadas. Segundo ele, o problema está menos no tipo de sistema construtivo e mais na qualidade do projeto e das ligações. “Não é o método construtivo que define o risco de colapso, mas sim o cuidado técnico durante o projeto e a execução”, afirmou. Melo lembrou que a fase mais crítica é a de montagem, quando a estrutura ainda não está totalmente solidarizada, e reforçou a importância de seguir corretamente as sequências construtivas. “Muitos acidentes poderiam ser evitados com planejamento e controle. O engenheiro precisa antecipar as condições reais da obra”, disse.
Argamassa para fachadas de grandes alturas
Por fim, o engenheiro Luiz Trevisol, gerente técnico do Grupo Hobimix Argamassa e Concreto, apresentou os resultados de dois anos de pesquisa sobre o desenvolvimento de argamassas de hidratação controlada para fachadas de grandes alturas, em conformidade com a NBR 13281. O objetivo foi criar um produto com baixo módulo de elasticidade (cerca de 6 GPa), alta aderência e estabilidade química, adequado a fachadas acima de 60 metros. “Buscamos um equilíbrio entre resistência, elasticidade e durabilidade”, contou Trevisol. O estudo envolveu uma análise detalhada de matérias-primas e resultou em uma argamassa capaz de reduzir fissuras e manter o desempenho por longos períodos. “O segredo está na integração entre indústria, laboratório e campo — é isso que garante o sucesso das obras”, concluiu.
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Nova norma define parâmetros para argamassas de hidratação controlada
A 66ª edição do Congresso Brasileiro do Concreto (IBRACON) apresentou, durante o Seminário de Argamassas, a NBR 17218:2024, primeira norma brasileira dedicada às argamassas de hidratação controlada (AHC) — anteriormente conhecida como argamassas estabilizadas.
A publicação, lançada oficialmente em dezembro de 2024, estabelece diretrizes básicas para coleta, transporte, recebimento e homogeneização de amostras para ensaios, dando início à padronização de um produto que já vinha sendo amplamente utilizado nas obras, mas sem respaldo normativo específico.
Durante a apresentação no congresso, a engenheira e professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fernanda Nepomuceno Costa, uma das responsáveis pela elaboração do documento, destacou que a norma surge como um marco regulatório. “A NBR 17218 nasceu porque o produto já é uma realidade consolidada nas obras. As construtoras e fabricantes perceberam ganhos expressivos em produtividade, redução de desperdício e uniformização do material”, afirmou.

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Segundo Fernanda, o novo texto também busca alinhar a terminologia técnica: o termo “hidratação controlada” substitui “estabilizada” por representar de forma mais precisa o funcionamento do sistema.“A reação do cimento é temporariamente bloqueada por aditivos, permitindo que a argamassa permaneça utilizável por períodos que variam de 12 a 72 horas, sem perda de desempenho”, explicou.
Apesar de concisa — com apenas quatro páginas —, a norma introduz conceitos relevantes para o controle de qualidade, como a lâmina de água e impurezas que não pertencem a argamassa, além de trazer outros parâmetros fundamentais, como tempo de início de uso, prazo de uso e janela de utilização, que deverão constar em notas fiscais. Esses parâmetros ajudam a garantir a rastreabilidade do produto e a evitar o uso fora do prazo, um problema comum em obras com alto volume de produção.“O objetivo é dar segurança técnica tanto para o fabricante quanto para o aplicador. A rastreabilidade é fundamental para que se possa identificar a origem e o comportamento do material em cada etapa”, reforçou Fernanda.
A palestrante também ressaltou que a publicação é apenas o primeiro passo de um processo de construção normativa mais amplo. “Ainda temos lacunas a preencher. Faltam diretrizes para a estocagem nas obras, para os ensaios de consistência e para o momento ideal de moldagem dos corpos de prova. É preciso criar um ecossistema normativo completo para garantir desempenho e segurança”, observou.
Ela defendeu ainda ofortalecimento do diálogo entre pesquisadores, fabricantes e construtoras para acelerar os avanços técnicos e destacou a importância de formar comissões complementares que possam desenvolver novos documentos, incluindo normas para chapisco e aplicação em campo.
Aplicações na Alvenaria
Ainda neste mesmo seminário, Elaine Guglielmi Pavei Antunes, professora e doutora da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), apresentou a palestra“Argamassa de Hidratação Controlada: Aplicações na Alvenaria”, na qual abordou o uso do produto em sistemas de alvenaria estrutural e de vedação. Elaine explicou que a AHC, produzida em concreteiras e armazenada em reservatórios no canteiro, pode ser utilizada por longos períodos — de 8 até 72 horas, conforme aespecificação do fabricante —, proporcionando maior flexibilidade de execução, controle e desempenho.
“O uso da argamassa de hidratação controlada é uma resposta às novas demandas do mercado. Diante da escassez de mão de obra e da necessidade de padronizar o desempenho das alvenarias, esse tipo de material garante qualidade e constância no canteiro”, destacou. Ela também detalhou como a AHC impacta diretamente no comportamento físico e mecânico da alvenaria, contribuindo para o isolamento térmico e acústico, além de reduzir a ocorrência de fissuras. “Quando aplicamos corretamente, conseguimos melhores resultados em segurança estrutural, conforto e eficiência. É um avanço técnico e produtivo para o setor”, afirmou.
Sobre a importância da normalização, Elaine reforçou que a NBR 17218 cria as bases para a consolidação de uma cadeia produtiva mais segura e eficiente. “As normas traduzem o que há de melhor entre pesquisa e prática. Elas estabelecem o mínimo necessário, mas o engenheiro pode — e deve — fazer melhor”, disse. Segundo ela, o desafio agora é ampliar o escopo normativo, incorporando novos parâmetros de desempenho e controle tecnológico. “Estamos em um momento de transição. A norma trouxe organização, mas ainda precisamos de instrumentos complementares que orientem desde o recebimento da argamassa até sua aplicação final”, completou.
As duas palestrantes concordaram que a argamassa de hidratação controlada representa uma tendência irreversível no setor, por unir tecnologia, sustentabilidade e produtividade. Ao reduzir desperdícios e retrabalhos, o sistema contribui diretamente para a racionalização da construção e para a redução de emissões de CO₂associadas à produção de materiais.
Fernanda Nepomuceno reforçou ainda a importância da colaboração entre todos os agentes da cadeia construtiva: “Temos desafios, mas já recebemos muitos feedbacks positivos das obras. Agora precisamos transformar essaprática consolidada em um sistema normativo completo e confiável, que garanta qualidade, segurança e durabilidade para o futuro da construção brasileira.”
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Inovação e tecnologia em concreto: como o futuro dos materiais está moldando a construção civil
A construção civil vive um momento de transformação profunda. Se antes o concreto era visto apenas como um material robusto e versátil, hoje ele também se consolida como um campo fértil para a inovação tecnológica. Modelagens computacionais, impressão 3D e novos aditivos químicos vem possibilitando o desenvolvimento de concretos sob medida para cada tipo de aplicação, conciliando desempenho, sustentabilidade e produtividade.
Durante a 66ª edição do Congresso Brasileiro do Concreto, realizado pelo IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) de 28 a 31 de outubro em Curitiba, especialistas apresentaram pesquisas e soluções que mostram como a ciência dos materiais pode revolucionar o setor. Todos trouxeram perspectivas que conectam teoria, academia e mercado em um cenário de evolução contínua.
Empacotamento de partículas e o método de Monte Carlo
Em duas apresentações, Jorge Christófolli, gerente de Desenvolvimento Técnico da Itambé e Concrebras, apresentou o uso do método de Monte Carlo como ferramenta para otimizar o empacotamento de partículas no concreto, uma técnica que busca o melhor aproveitamento do volume de sólidos, reduzindo os vazios e aumentando a compacidade da mistura. “O empacotamento ideal é aquele em que as partículas se distribuem de forma a ocupar o máximo de espaço possível, reduzindo o consumo de cimento e melhorando o desempenho mecânico”, explica Christófolli.

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Segundo ele, a Concrebras trabalha com mais de 3.600 produtos e 16 mil composições de traços em seu banco de dados, o que exige agilidade e precisão no desenvolvimento das misturas. “Não há mais tempo para receber a solicitação do cliente, ir ao laboratório, testar e esperar 28 dias pelo resultado. As decisões precisam ser tomadas em tempo real, e é aí que entra a simulação computacional”, afirma.
O método de Monte Carlo, originalmente desenvolvido durante o Projeto Manhattan em 1946, utiliza algoritmos que geram milhões de combinações aleatórias, que podem ser utilizadas para otimizar as composições entre os insumos do concreto (como areias, britas, adições e o cimento). A cada interação, o programa compara o resultado com a curva granulométrica de referência, ajustando probabilisticamente as proporções até encontrar a mistura de melhor desempenho. “Em vez de gastar tempo e material no laboratório, deixamos o computador calcular centenas de milhares de variações até encontrar a curva ótima”, detalhou.
Na prática, o método permite reduzir custos, aumentar a produtividade e acelerar o processo de dosagem, um diferencial competitivo num setor que demanda respostas rápidas e controle rigoroso de qualidade. “Com o modelo desenvolvido na minha tese de Doutorado, conseguimos elaborar um cimento com 50% de clínquer e resistência de 75 MPa, utilizando moagem de alta energia e controle fino da granulometria”, destacou.
Para o especialista, a adoção de ferramentas de cálculo tridimensionais e estatísticas não é apenas um avanço técnico, mas uma mudança de paradigma. “A inteligência computacional aplicada ao concreto permite criar materiais mais sustentáveis e eficientes, transformando a forma como as concreteiras formulam seus traços”, ressalta Christófolli.
Impressão 3D: o concreto que ganha forma camada a camada
Já a pesquisadora Luana Simão apresentou os avanços e desafios na caracterização mecânica do concreto impresso em 3D, aliando manufatura digital, automação e sustentabilidade. A impressão em 3D permite construir estruturas camada por camada, sem o uso de formas, com liberdade geométrica e rapidez de execução. “O concreto impresso 3D tem potencial de reduzir custos, tempo e desperdício, mas ainda enfrenta desafios reológicos e estruturais significativos”, explica Luana.
Segundo ela, o material precisa garantir fluidez, aderência e estabilidade durante a extrusão, o que exige controle rigoroso da mistura e dos parâmetros de impressão.

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A pesquisadora também chamou atenção para a anisotropia do material, ou seja, a variação de propriedades conforme a direção das camadas, o que torna complexa a padronização dos ensaios. “A ausência de normas específicas ainda dificulta a comparação de resultados. Precisamos avançar na padronização dos métodos de caracterização, especialmente quanto à geometria dos corpos de prova e à orientação dos cortes”, destaca.
Mesmo com essas dificuldades, os exemplos já são expressivos: casas impressas em 29 horas no Chile e protótipos habitacionais no interior de São Paulo comprovam o potencial da tecnologia. “A impressão 3D do concreto é disruptiva, e cada estudo nos aproxima de uma aplicação estrutural mais segura e eficiente”, completa.
Sustentabilidade química: aditivos que transformam o desempenho
A inovação também está presente na química do concreto. Marcelo Uchoa Alves, Coordenador de Serviços Técnicos Brasil da Saint-Gobain - Chryso, apresentou aditivos voltados para superar os desafios no uso de agregados complexos e reduzir o consumo de cimento e água. “Nossa metodologia permite trabalhar com materiais de britagem e altos teores de finos sem perda de desempenho. Esses aditivos atuam na mitigação dos efeitos da argila e na correção de descontinuidades granulométricas, possibilitando o uso de recursos locais de forma mais racional”, explica.
Ele também apresentou aditivos de última geração capazes de reduzir a quantidade de pasta no concreto, mantendo fluidez e elevadas resistências, resultados importantes em estruturas esbeltas e concretagens de grandes alturas. “Hoje bombeamos concretos a 400 ou 500 metros com desempenho que antes seria impensável. O segredo está na reologia e na combinação entre tecnologia química e conhecimento dos materiais”, observa.
Soluções personalizadas: inovação feita sob medida
Já Marcelo Coutinho Silva, gerente de Desenvolvimento de Negócios da MC Química, apresentou uma abordagem de solução customizada de aditivos desenvolvidos em parceria com cada cliente. “Nosso objetivo é entender as dores do mercado e transformar essas necessidades em soluções químicas específicas”, afirmou.
Segundo ele, o sistema permite adaptar a formulação conforme o processo produtivo e o tipo de aplicação, mitigando problemas recorrentes como fissuras, desplacamentos e baixa resistência superficial. “A inovação na construção civil ainda enfrenta barreiras culturais, mas a escassez de mão de obra qualificada está acelerando a adoção de processos automatizados e produtos de alto desempenho”, assinala.
Para Coutinho, o caminho da inovação passa pela colaboração entre fabricantes, concreteiras e construtoras. “O mercado se torna inovador quando precisa da inovação e esse momento chegou”, aponta.
A nova era do concreto
As pesquisas e soluções apresentadas demonstram que o concreto está longe de ser um material estático. Os estudos envolvendomodelagens matemáticas, impressão 3D e química avançada abrem caminho para uma construção mais eficiente, sustentável e inteligente. Dessa forma, o futuro do concreto se constrói sobre bases cada vez mais tecnológicas e inovadoras. E o resultado é evidente: um setor mais ágil, econômico e ambientalmente responsável, preparado para os desafios da construção do amanhã.
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Sustentabilidade na construção: novos caminhos para a descarbonização e soluções para reduzir as emissões sem elevar custos
A construção civil vive um ponto de inflexão. Responsável por cerca de 40% das emissões globais de CO₂, o setor é desafiado a se reinventar diante da crise climática e da pressão por eficiência. Foi esse o ponto de partida de uma série de debates sobre sustentabilidade e descarbonização, que ocorreu durante o 66º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado em Curitiba de 28 a 31 de outubro, reunindo grandes pesquisadores da área.
De acordo com o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Vanderley John, os efeitos extremos do clima, tais como enchentes, secas e ondas de calor, já impõem custos sociais e econômicos crescentes. “O planeta está desorganizado, crescendo em média um grau e meio, e as consequências estão à vista. As seguradoras já mostram que os prejuízos com desastres naturais explodiram. É um custo que a sociedade paga, ainda que não perceba”, alerta.
Para ele, a precificação do carbono é um ponto de virada inevitável. “Quem emitir CO₂ vai pagar. Isso já é realidade na Europa e deve chegar em breve ao Brasil, impactando diretamente o preço do cimento e dos materiais de construção”, aponta.
Segundo John, não existe mais baixo custo sem baixo carbono. A equação econômica da construção mudou, e as empresas que não incorporarem práticas sustentáveis pagarão mais caro. “Construção de baixo custo só será possível se for de baixo carbono. O passado não volta mais. É preciso pensar no futuro”, defende.
Descarbonizar é medir, comparar e agir
Um dos gargalos do setor, explica Vanderley John, está na ausência de métricas consolidadas sobre a pegada de carbono dos edifícios brasileiros. “Não dá para reduzir o que não se mede. Precisamos de uma linha de base confiável, com dados reais por metro quadrado construído”.

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John integra a coordenação do projeto BIPc (Benchmark Interativo para Projetos de Baixo Carbono), desenvolvido entre diversas instituições de ensino em parceria com a Caixa Econômica Federal. A ferramenta desenvolvida no projeto tem como objetivo mensurar as emissões de carbono e apresentar um benchmark – isto é, uma referência de desempenho para projetos similares – permitindo comparar se um empreendimento está acima ou abaixo da média em termos de emissões. Dessa forma, o BIPc contribui para a criação de um sistema nacional de monitoramento e classificação em empreendimentos, estabelecendo parâmetros progressivos de mitigação das emissões de carbono.
“A ideia é que a Caixa incorpore o índice nos financiamentos imobiliários, premiando quem adota projetos de baixo carbono com juros menores”, explica. Na prática, o banco se tornará um agente indutor da sustentabilidade no setor, estimulando construtoras e fornecedores a revisar materiais, processos e escolhas estruturais.
Além disso, John enfatiza a importância da desmaterialização, ou seja, usar menos insumos sem comprometer o desempenho. “Projetos mais enxutos economizam materiais e reduzem emissões. Não precisamos saber a pegada exata de cada bloco de concreto para começar a reduzir a pegada total”, orienta.
O desafio global: inovação com realismo
No cenário internacional, a pesquisadora Karen Scrivener, chefe do Laboratório de Materiais de Construção da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL) na Suíça, tem sido uma das vozes mais influentes na busca por concretos de baixa emissão. Ela lembra que há um potencial de redução de até 50% no CO₂ dos materiais apenas com a otimização de processos e melhor uso dos recursos disponíveis.
“O melhor concreto tem três ou quatro vezes menos CO₂ do que o pior. Já temos a tecnologia, mas o que falta é escala e integração”, afirma. Segundo Karen, a transição exige superar resistências culturais e industriais. “Há uma inércia enorme no setor. As grandes empresas representam só 30% do mercado, enquanto o restante são produtores menores, que tendem a manter práticas antigas por hábito ou por custo”, assinala.
A pesquisadora destaca também que a solução não está em tecnologias milagrosas, mas em física e química aplicadas com eficiência. “Muitas ideias não são escaláveis. Precisamos focar em estratégias realistas, baseadas em dados e colaboração entre toda a cadeia produtiva”.

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Karen lidera a Global Consensus Initiative, que une instituições em um esforço para padronizar métricas e criar um protocolo global de dados de construção. “Todos precisam medir da mesma forma. É o único caminho para comparar resultados e acelerar a descarbonização”, reforça.
Baixo carbono e baixo custo: o equilíbrio possível
Os pesquisadores convergem em suas propostas, demonstrando que sustentabilidade e viabilidade econômica jánão são mais conceitos opostos. Com o apoio de ferramentas digitais, novos compostos cimentícios, uso de argilas calcinadas e controle reológico avançado, torna-se possível produzir concretos mais duráveis e de menor impacto ambiental – tudo isso sem comprometer o cronograma nem o orçamento das obras.
“A indústria já entende que reduzir carbono é reduzir risco. Quem começar agora, estará pronto para o que vem aí”, aconselha. A estratégia está na integração: dados confiáveis, precificação justa e inovação tecnológica. E, como concluiu Scrivener: “a busca pela perfeição não deve ser um obstáculo. Precisamos fazer agora o que é possível fazer”.
No horizonte da construção civil, o baixo carbono deixou de ser um diferencial e torna-se cada vez mais uma condição de sobrevivência.
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Home resort em Florianópolis adota estrutura off-site na construção
No bairro Novo Campeche, em Florianópolis (SC), está sendo erguido o primeiro empreendimento da região a adotar estrutura off-site. O home resort Makai Beachfront, da OAD Incorporações, está sendo construído em um sistema híbrido, com a estrutura industrializada desenvolvida em pré-fabricados de concreto.
O Makai Beachfront está sendo desenvolvido como um home resort com 63 mil metros quadrados, distribuído em cinco blocos e um total de 406 unidades. O projeto une o conforto residencial às conveniências de um resort, oferecendo 49 coberturas no ático e 357 apartamentos, entre estúdios e duplex.
O projeto também incluirá 32 unidades comerciais no térreo, integradas a uma praça boulevard e a um street mall abertos a moradores, turistas e à comunidade local. A área de convivência reunirá opções de gastronomia, comércio e serviços, enquanto a praça oferecerá acesso direto à praia do Novo Campeche.
No caso do Makai Beachfront, a superestrutura do empreendimento é em off-site e começou a ser montada em dezembro de 2024, enquanto o restante das obras ocorre no modelo convencional. Em outubro de 2025, está sendo realizada a etapa da concretagem, segundo o grupo OAD.
Como é o uso de pré-fabricados?
De acordo com a OAD, a obra do Makai adota um sistema construtivo híbrido — uma abordagem inovadora que integra diversos materiais para oferecer uma solução única e eficiente às edificações. A estrutura off-site é desenvolvida pela Cassol Pré-Fabricados.
Segundo a Cassol Pré-Fabricados, na construção off-site, elementos estruturais como vigas, pilares e painéis são produzidos em ambiente fabril e posteriormente levados ao canteiro de obras para a montagem. Assim, os profissionais em campo passam a atuar principalmente na etapa de montagem, seguindo as especificações do projeto.
Felipe Cassol, então diretor superintendente e CEO da Cassol Pré-Fabricados, destaca que o concreto pré-moldado já oferece ganhos claros, como a redução de resíduos, maior durabilidade e possibilidade de reuso dos elementos.
Desafios da industrialização
Para Felipe Cassol, hoje um dos desafios da industrialização no Brasil é a questão tributária. “Temos uma barreira importante que é o ICMS, hoje se você compra um elemento industrializado, há a incidência deste imposto. Não há uma isonomia tributária. O Brasil tem uma cultura de geração de emprego, então a partir das décadas de 70/80, era uma iniciativa do governo federal estimular a construção in loco. A partir de 2020, há uma escassez de mão de obra, que está pressionando o governo para que junto da reforma tributária possa incentivar este sistema”, comentou durante o Rio Construção Summit 2025.

Crédito: OAD Incorporações
Outro desafio importante é de criar um ambiente de mão de obra favorável. “Hoje vivemos um momento decisivo. A industrialização avança, mas ainda enfrentamos um grande desafio: a falta de profissionais qualificados. Precisamos de engenheiros civis preparados para projetar, planejar e gerenciar. Atualmente, há soluções industrializadas em toda a cadeia da construção. O papel do engenheiro civil é essencial — somos responsáveis por transformar ideias em obras viáveis, seguras e sustentáveis. Na industrialização, isso significa pensar desde o início em cada etapa: no projeto, na produção em fábrica, no transporte, na montagem e também na operação dos equipamentos. A inteligência artificial pode nos apoiar no detalhamento e na análise, mas jamais substituirá a criatividade humana”, ressalta Felipe Cassol.
Ainda de acordo com Felipe Cassol, a solução está no aprendizado contínuo, para acompanhar a velocidade da revolução digital, e integração multidisciplinar, unindo engenharia, arquitetura, indústria e gestão em torno de objetivos comuns.
“Mais do que calculistas ou projetistas, precisamos assumir o papel de protagonistas da inovação. É hora de dar nome a esse novo perfil de profissional que o setor demanda: o engenheiro industrializado — e o conceito também se estende ao arquiteto industrializado. Esse é o profissional que compreende toda a cadeia produtiva, projeta com visão de fábrica e de obra, e, ao mesmo tempo, equilibra tecnologia, sustentabilidade e produtividade”, destaca Felipe Cassol.
Obra sustentável
O canteiro de obras do Makai Beachfront conquistou a Certificação Compromisso “Lixo Zero”. Localizado em uma área privilegiada, entre a vegetação litorânea e a areia da praia do Campeche, em Florianópolis (SC), o empreendimento adota uma sólida política de ESG. De acordo com a OAD, a adoção da construção off-site também ajuda na minimização de geração de resíduos.
Além de cumprir rigorosamente todas as normas ambientais voltadas à preservação da natureza, o projeto alia essas práticas à inovação tecnológica — promovendo, entre outras ações, a reciclagem integral dos resíduos gerados na obra. A OAD disponibiliza uma calculadora ecológica em seu site, que apresenta números da preservação. Segundo a ferramenta, 99% dos resíduos foram destinados para reciclagem, 194,07 kg de resíduos orgânicos foram destinados para compostagem e mais de 12 mil bitucas de cigarro foram destinadas para reciclagem.
Fontes
OAD Incorporações
Felipe Cassol atualmente é diretor de vendas e marketing da Cassol Centerlar, mas atuou como diretor superintendente e CEO da Cassol Pré-Fabricados.
Contatos
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Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Luz que revela o concreto: o poder do síncrotron na engenharia de materiais
Nova fronteira da ciência aplicada à construção civil, o Sirius, uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo, vem revolucionando a pesquisa em materiais de construção. Trata-se de um acelerador de partículas capaz de produzir feixes de luz extremamente brilhantes, com foco e intensidade incomparáveis, revelando estruturas internas com nível de detalhe impossível de ser visto por outros métodos. Funciona como uma espécie de microscópio gigante, que permite investigar a estrutura interna de materiais com precisão inédita.
Durante a palestra “A luz que revela o concreto: novas fronteiras de pesquisas com o síncrotron no Sirius”, realizada durante o Simpósio Paranaense de Patologia, o professor doutor Rafael Dors Sakata, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), apresentou como essa tecnologia está abrindo novos caminhos para a engenharia civil.
“O Sirius permite analisar a estrutura dos materiais em escala atômica. Com ele, conseguimos entender melhor a patologia do concreto, como a degradação e as falhas estruturais que tanto impactam as construções”, explica Sakata.
Um novo olhar sobre o concreto
A principal vantagem do síncrotron é a possibilidade de realizar experimentos in situ, ou seja, observar os fenômenos de degradação em tempo real, enquanto eles acontecem. Essa capacidade de ver o concreto “por dentro” indica avanços significativos no entendimento de reações químicas e físicas que ocorrem ao longo do tempo nas estruturas.
Entre as técnicas disponíveis nas chamadas linhas de luz, Sakata destaca três:
Tomografia por Raios X na linha Mogno, que permite visualizar em 3D a microestrutura interna do concreto;
Difração de Raios X na linha Paineira, usada para estudar a formação e dissolução de compostos minerais durante a hidratação do cimento;
Análises sob condições extremas de pressão e temperatura na linha Ema, capazes de simular ambientes agressivos, como em casos de incêndio.
“Essas técnicas nos ajudam a investigar o concreto de forma detalhada, sem destruí-lo, observando o comportamento de cada componente. É uma ferramenta poderosa para entender processos de degradação e desenvolver materiais mais duráveis”, afirma o pesquisador.
Ciência aplicada à durabilidade das construções
O uso da luz síncrotron é capaz de investigar fenômenos fundamentais para a longevidade das obras. Entre eles, estão a hidratação do cimento, os ataques por sulfatos e cloretos, que levam à corrosão das armaduras, e a reação álcali-sílica, uma das principais causas de fissuras e danos estruturais em barragens, pontes e edificações de grande porte. Com a possibilidade de visualizar esses processos de degradação em níveis microscópicos, contribui no entendimento de como os materiais reagem e se deterioram.
Essas pesquisas, já realizadas em centros de referência internacionais, agora ganham força no Brasil. “Estamos aplicando as mesmas técnicas usadas por grupos de pesquisa de ponta no mundo, mas com a vantagem de ter acesso gratuito ao Sirius, uma instalação brasileira de altíssimo nível”, ressalta Sakata.

Crédito: Envato
Ele explica que qualquer pesquisador, seja de universidades, centros tecnológicos ou de indústrias, pode submeter um projeto para utilizar as linhas de luz. “O acesso é gratuito, desde que a proposta seja aprovada. Isso democratiza o uso da infraestrutura e impulsiona a inovação no setor da construção”, complementa.
Precisão e velocidade em escala inédita
Além da capacidade de observação microscópica, o síncrotron oferece velocidade e qualidade de análise sem precedentes. Sakata exemplifica. “Um ensaio de difração de raios X (DRX) que levaria cerca de duas horas em um bom laboratório, nós conseguimos realizar em apenas dois minutos no síncrotron, com uma intensidade de sinal bilhões de vezes superior”.
Essa agilidade abre espaço para pesquisas mais complexas e com maior número de variáveis, reduzindo o tempo entre a descoberta científica e sua aplicação prática nas obras. “Estamos falando de um salto gigantesco para a engenharia de materiais no Brasil”, destaca o pesquisador. “Com o síncrotron, conseguimos visualizar transformações que antes eram invisíveis. Isso nos ajuda a melhorar a forma como projetamos e diagnosticamos patologias nos materiais de construção”.
A luz que transforma a engenharia
Entre 2023 e 2025, Sakata participa de três projetos de pesquisa no Sirius, utilizando as linhas de luz Ema, Mogno e Paineira. Os estudos abordam o comportamento do concreto, com foco principalmente em relação às reações de hidratação do cimento, no aproveitamento de resíduos industriais em materiais cimentícios e na análise da porosidade das matrizes cimentícias.
Para o pesquisador, essa é uma oportunidade única de aproximar ciência e engenharia aplicada. “O Sirius representa um divisor de águas. Ele nos permite compreender o concreto em profundidade, enxergar suas fraquezas e, principalmente, desenvolver soluções mais duráveis e sustentáveis para o futuro da construção civil”, conclui.
Entrevistado
Rafael Dors Sakata é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, mestre e doutor em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é professor adjunto no Departamento Acadêmico de Construção Civil do Campus Curitiba (DACOC-CT) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Contato
rafaelsakata@utfpr.edu.br
Jornalista responsável
Ana CarvalhoVogg Experience
SINAPI faz atualização referente a requadros de parede em obras públicas
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Paraná (Sinduscon-PR) conseguiu que o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) esclarecesse, em seu caderno técnico, como devem ser considerados os serviços de requadros em obras públicas.

Crédito: Envato
Com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a entidade solicitou ao SINAPI que documentasse como os requadros são considerados na sua base de cálculo.
Carlos Cade, presidente do Sinduscon-PR, destaca que o SINAPI é amplamente utilizado como referência na orçamentação de obras públicas. “Entretanto, as construtoras enfrentam um grande obstáculo: os projetos fornecidos pelos contratantes públicos, em sua maioria, carecem do detalhamento necessário para permitir a identificação e quantificação precisas de determinados serviços na fase de proposta”, explica.
No entanto, sem essa previsão orçamentária ou reconhecimento formal, as empresas eram obrigadas a executar os trabalhos e absorver os custos, gerando prejuízos não previstos. “Essa atualização encerra uma prática injusta e traz mais equilíbrio às contratações”, opina Cade.
Após essa demanda, o SINAPI começou a registrar a questão de maneira explícita. A atualização estabelece que serviços como os requadros em meio de parede, quando não contemplados no projeto, podem ser considerados itens adicionais, possibilitando o reequilíbrio do contrato.
“A clareza nas regras de orçamento entre setor público e privado fortalece o ambiente de negócios, reduzindo o risco e a insegurança jurídica para as construtoras”, destaca Cade.
Exemplo prático
Um exemplo prático dessa situação foi relatado por uma empresa associada ao Sinduscon-PR, contratada para a execução de uma escola pública no Estado do Paraná. “No projeto apresentado constava apenas a indicação de paredes de alvenaria com reboco liso. No entanto, durante a execução, foram identificados inúmeros requadros em meio de parede, não especificados previamente no projeto. Esse tipo de requadro é mais oneroso do que o reboco liso convencional previsto em contrato. Ao solicitar o aditivo correspondente, a resposta da contratante foi negativa, sob a justificativa de que ‘os requadros já estão previstos pelo SINAPI’”, relata Cade.
Atualização do SINAPI
O SINAPI relatou que a contribuição do Sinduscon-PR foi encaminhada para avaliação da Instituição Aferidora, que revisou o texto do Caderno de Massa Única Interna para aprimorar as informações sobre as condições de contorno consideradas para efeitos das composições. Foram revisados os campos “Critérios de Aferição” das composições do caderno SINAPI-CT-MASSA-UNICA-INTERNA vigente a partir de 09/2025.
A atualização agora faz parte do caderno técnico, no item 6, que destaca os critérios de aferição:
- Para o levantamento dos índices de produtividade, foram considerados os oficiais e os serventes diretamente na execução do serviço;
- O esforço para realização das quinas entre duas paredes foi contemplado na composição;
- Não se considerou a existência de requadros, uma vez que as janelas são faceadas internamente e as portas possuírem batentes com espessura correspondente à da parede.
- Consideram-se os pilares e vigas faceadas nas paredes (sem ressaltos);
- A espessura média real inclui as perdas incorporadas, às quais foram adicionadas as perdas por resíduos gerados.
Fonte
Carlos Cade é presidente do Sinduscon-PR.
Contato:
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Imóveis seguem como aposta sólida para quem busca segurança e rentabilidade
Diversificar a carteira de investimentos é uma tendência em crescimento no Brasil. Dados da pesquisa O Brasil que Investe, realizada pela B3 em parceria com a Bridge Research, mostram que seis em cada nove perfis de investidores têm intenção de adquirir novos ativos.
Nesse cenário, o mercado imobiliário se consolida como uma das opções mais seguras e atrativas, combinando estabilidade, potencial de valorização e geração de renda passiva. “O brasileiro tem uma relação histórica com o ‘tijolo’. A casa própria e o terreno sempre foram símbolos de segurança”, afirma o consultor financeiro Altemir Farinhas.
Segundo ele, mesmo com a evolução do mercado financeiro e a chegada de novas opções, o imóvel continua sendo o preferido dos investidores porque oferece uma proteção concreta contra a volatilidade.
Rentabilidade que supera a Selic

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A alta da taxa básica de juros (Selic) nos últimos anos impulsionou a busca por aplicações financeiras de curto prazo. Ainda assim, especialistas afirmam que os imóveis seguem oferecendo retornos competitivos, especialmente quando o investimento é feito de forma estratégica. “O imóvel é um tipo de investimento que, além de liquidez, constrói patrimônio. Mesmo com Selic alta, vemos resultados que superam a taxa básica de juros. Dependendo da tipologia e localização, a rentabilidade média de um imóvel em cinco anos pode facilmente ultrapassar a Selic”, observa Augusto Pereira, professor da pós-graduação em Gestão Estratégica para Incorporação Imobiliária da FAE Business School.
De acordo com ele, imóveis compactos, como os estúdios residenciais, têm apresentado taxas de retorno acima da média, especialmente quando destinados à locação. “Os estúdios que estão sendo entregues hoje estão gerando uma taxa de aluguel muito superior à dos imóveis tradicionais. Esse é o motivo da ‘bolha’ de estúdios: são unidades pequenas, com alto padrão e grande demanda de locatários”, explica o professor.
Imóvel físico ou fundo imobiliário
A escolha entre comprar um imóvel ou investir em fundos imobiliários (FIIs) depende do perfil e do tempo disponível do investidor. Farinhas lembra que quem busca retorno sem precisar lidar com inquilinos, manutenção e burocracia pode optar pelos fundos, que oferecem rendimento mensal e diversificação. “Nos fundos imobiliários, você é dono de uma fração de vários imóveis e recebe como se fosse um aluguel, sem se preocupar com contratos, taxas ou inadimplência”, destaca.
Já quem prefere investir diretamente precisa avaliar se dispõe de tempo e estrutura para gerenciar o patrimônio, especialmente quando há vários imóveis sob sua responsabilidade.
“Em geral, o aluguel para pessoa jurídica tende a ser mais vantajoso do que o residencial, por gerar menos problemas de inadimplência e desgaste do imóvel”, aponta.
Ele também chama atenção para o aquecimento dos leilões imobiliários, uma alternativa que tem atraído investidores. “Hoje há oportunidades de comprar imóveis com até 40% de desconto. Mesmo com os custos de reforma, é possível ter ganhos de 30% em um ano, algo difícil de obter em outras aplicações”, ressalta Farinhas.
Valorização regional e novas tendências
Cidades litorâneas e polos de desenvolvimento urbano estão entre os destinos mais promissores. “Estamos observando uma valorização média de 12% a 15% em regiões como Itapema (SC) e Vitória (ES), impulsionada pela demanda e pela quantidade de empreendimentos em andamento”, afirma Farinhas.
Já o professor Augusto Pereira reforça que o segredo está em escolher bem o produto e o horizonte de investimento. “Investir em imóveis exige visão de médio e longo prazos. É fundamental analisar o histórico da construtora, a confiabilidade do empreendimento e o potencial de valorização da região. Ciclos imobiliários são longos e requerem planejamento”, alerta.
Ele acrescenta que investidores mais estruturados também podem participar de empreendimentos desde a fase de incorporação, aproveitando tabelas que oferecem descontos e margens iniciais de até 25%. “Em alguns casos, é possível alcançar ganhos de 20% a 25% logo na entrada, além da valorização natural da obra”, explica.
O novo perfil do investidor imobiliário
O avanço da digitalização e o surgimento de novos modelos de moradia têm transformado o perfil do investidor. Jovens profissionais, entre 25 e 35 anos, estão ingressando no mercado com foco em imóveis compactos, próximos de centros comerciais e voltados para locação por temporada ou curta duração. “Essa geração busca praticidade e retorno rápido. Estúdios com áreas compartilhadas, coworking e academia são os preferidos”, observa Farinhas.
Já para quem busca renda passiva e estabilidade, Pereira indica investir em aluguel comercial ou multipropriedade, modelos que oferecem previsibilidade e gestão profissionalizada.
Em comum, ambos os especialistas concordam que o investimento imobiliário continua sendo uma das formas mais consistentes de proteger o patrimônio. “O imóvel traduz segurança. É um ativo real, que valoriza com o tempo e pode gerar renda recorrente. Para quem pensa em longo prazo, é sempre uma boa aposta”, conclui Farinhas.
Entrevistados
Altemir Farinhas é graduado em Administração pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (FESP), pós-graduado em Administração e Economia pela FAE Business School e MBA em Responsabilidade Social Corporativa pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, é consultor e palestrante na área de finanças.
Augusto Pereira é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), mestre em Gestão Urbana e doutor em Gestão Urbana pela mesma instituição. Master em Políticas Ambientais e Territoriais pela Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local pela Universidade Ferrar (Itália). É professor de Viabilidade Técnica de Produtos Imobiliários da pós-graduação em Gestão Estratégica para Incorporação Imobiliária da FAE Business School.
Contatos
contato@altemirfarinhas.com.br
augusto.pereira@fae.edu
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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