Durabilidade do concreto exige controle térmico rigoroso e formulações adequadas

A formação de etringita tardia, conhecida como DEF (Delayed Ettringite Formation), segue como um dos fenômenos mais estudados da patologia das estruturas de concreto. Seus efeitos podem comprometer a integridade e a vida útil das obras, especialmente quando não há controle adequado das temperaturas.

A durabilidade do concreto está diretamente associada ao controle da temperatura durante sua cura, especialmente em peças estruturais de grande volume. Embora a geração de calor seja inerente ao processo de hidratação do cimento, quando ultrapassa limites específicos, pode desencadear problemas graves, como a etringita tardia. Se a temperatura do concreto ultrapassa cerca de 65 °C, cria-se a condição ideal para a DEF, o que pode causar fissuras e comprometer a estrutura anos depois da obra.

Jorge Christófolli, gerente de Desenvolvimento Técnico da Cia de Cimento Itambé, afirma que concretos com potencial de desenvolver esse tipo de manifestação patológica recebem cuidados especiais desde a fase de formulação. “A empresa emprega modelos e algoritmos matemáticos para prever o comportamento térmico em elementos volumosos, garantindo que o pico de temperatura não exceda valores críticos. Se isso ocorrer, a estrutura pode sofrer expansões internas que comprometem sua integridade ao longo dos anos”, observa.

Em concretagens realizadas em clima quente, por exemplo, o risco se agrava porque o concreto em estado fresco já chega à obra em condições desfavoráveis, aumentando a possibilidade de fissuração e a perda de desempenho ao longo da vida útil. Nessas situações, medidas como resfriamento dos materiais e planejamento adequado são indispensáveis.

Concreto não deve ser tratado como matéria-prima padronizada, mas como sistema técnico complexo.
Crédito: Envato

As práticas adotadas pela Concrebras, empresa do grupo, incluem formulações que conciliam resistência mecânica, módulo de elasticidade e relação água/aglomerante com a necessidade de reduzir o calor de hidratação. “Quando essas medidas não são suficientes, a empresa adota técnicas complementares, como o uso de gelo ou nitrogênio líquido durante a mistura, diminuindo significativamente o pico térmico. Os equipamentos de monitoramento instalados na obra asseguram que os limites estabelecidos no projeto não sejam ultrapassados”, informa.

Christófolli cita que o planejamento logístico também é determinante, envolvendo desde a velocidade de descarga dos caminhões até a programação da concretagem em dias consecutivos, quando o volume de concreto supera a capacidade da central.  Essa condição ocorre quando há concretagens de grandes volumes em centros urbanos e com restrição de horários de construção.

Para garantir a continuidade da peça estrutural sem a formação de juntas de concretagem, as camadas de interface entre o término de um dia e a retomada no dia seguinte devem ser estabilizadas, ou seja, o concreto recebe aditivos estabilizantes de pega, que mantêm o concreto no estado plástico na região de interface com o concreto subsequente. Essa condição permite que a união entre as camadas ocorra de maneia eficiente e homogênea.

Ele explica que a combinação entre uma formulação adequada — com o uso de adições especiais que reduzem o calor de hidratação —, controle térmico e o monitoramento, assegura a durabilidade das estruturas. Segundo ele, o sucesso de uma concretagem depende de uma preparação minuciosa. “Todas as medidas tomadas na fase de planejamento são fundamentais, porque garantem que a obra seja executada sem intercorrências e que a estrutura alcance o desempenho esperado, sem comprometer sua qualidade ao longo do tempo”, esclarece.

O especialista destaca que, sem esse cuidado, o risco de manifestações patológicas aumenta, especialmente quando a concretagem ocorre em condições climáticas adversas ou envolve grandes volumes de material.

Durabilidade como resultado de conhecimento técnico

A soma das estratégias aplicadas pela Concrebras evidencia que a durabilidade do concreto não depende apenas de sua resistência inicial, mas é alcançada por meio de engenharia avançada, controle térmico, monitoramento contínuo e cura adequada. “Instalamos equipamentos de monitoramento de temperatura para garantir que os limites térmicos não sejam ultrapassados. Esse controle é decisivo para assegurar desempenho e durabilidade”, afirma Christófolli.

A Concrebras faz uso integrado de adições especiais, como sílica ativa, metacaulim, gelo e nitrogênio, aliadas a análises que consideram todos os fatores intervenientes no comportamento térmico. “Esses materiais são fundamentais para reduzir o pico térmico durante o endurecimento do concreto, mas sua utilização exige precisão e estudos aprofundados”, reforça. Nas obras com alto volume de concreto, cálculos prévios do comportamento térmico são obrigatórios. A partir deles, a Concrebras determina ajustes necessários para manter a temperatura dentro dos limites.

Isso demonstra que o concreto não deve ser tratado como matéria-prima padronizada, mas como sistema técnico complexo, cuja durabilidade depende de decisões conscientes e controle rigoroso em cada etapa. O entendimento correto da DEF, da influência da temperatura e da necessidade de medidas preventivas transforma o concreto, não apenas em material de construção, mas em estrutura segura, durável e confiável.

Entrevistado

Jorge L. Christófolli é engenheiro civil graduado pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP-SP), pós-graduado em Patologia das Construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Engenharia da Construção Civil pela UFPR. Recebeu o Prêmio Epaminondas Melo do Amaral Filho do Ibracon pelo Desenvolvimento do CAD (Concreto de Alto Desempenho). Participou no desenvolvimento do concreto CAD 90 (Recorde de fck no Brasil) e em obras como o Yachthouse By Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), com 81 andares, e do MON (Museu Oscar Niemeyer), entre outras obras importantes. Atualmente, é gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé.

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Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Tendência: a nova fronteira habitacional em que a IA aprende, antecipa e transforma a rotina dos moradores

As casas estão deixando de ser apenas espaços para morar e assumindo o papel de sistemas vivos, dinâmicos e capazes de aprender. A tendência agora é a consolidação dos lares generativos, constituídos por ambientes residenciais que utilizam inteligência artificial para observar comportamentos, compreender rotinas e antecipar necessidades. Inicia-se, assim, uma das transformações mais profundas já vistas no setor habitacional. Trata-se de um movimento que combina tecnologia, serviço e comportamento humano em uma nova arquitetura de viver.

De acordo com o especialista em ciência de dados Marcello Nicolielo, essa mudança inaugura um patamar inédito de autonomia doméstica. “A IA não é apenas um assistente que responde a comandos, mas passa a entender o padrão de vida das pessoas, aprendendo com interações e propondo soluções antes mesmo que o morador perceba o problema”, afirma. A lógica deixa de ser reativa e passa a ser preditiva, abrindo espaço para experiências personalizadas e sistemas que evoluem continuamente.

Uma casa que aprende: do comportamento aos micro-hábitos

Marcello Nicolielo, cientista de dados e especialista em IA.
Crédito: Antonio More

O lar adaptativo opera por meio de sensores, câmeras contextuais, sistemas de monitoramento e modelos avançados de IA capazes de mapear padrões diários. Desde o horário de acordar até o uso de eletrodomésticos, tudo se torna informação relevante para melhorar conforto, segurança e eficiência.

O conceito é descrito como um ecossistema que coleta dados em múltiplas camadas, incluindo informações ambientais, comportamentais e emocionais, para produzir respostas adaptativas. Esse conjunto é traduzido em ajustes automáticos de iluminação, climatização, segurança e até mesmo organização da rotina.

Nicolielo destaca que a personalização profunda será o grande diferencial. “A IA vai moldar a casa ao indivíduo, entendendo hábitos, preferências e gatilhos emocionais. Cada lar se tornará verdadeiramente único”, prevê.

Impacto no setor imobiliário

A adoção dos lares generativos cria uma nova oportunidade econômica, formada pelo mercado de dados residenciais. Para Nicolielo, trata-se de uma fronteira que amplia a relevância dos imóveis como ativos conectados. “As construtoras passam a entregar não apenas metragem, acabamento e área comum, mas um conjunto de serviços inteligentes que aumentam o valor percebido e geram novas receitas de longo prazo”.

Essa mudança conduz a um novo tipo de concorrência no setor, que inclui imóveis diferenciados não pelo material, mas pelo nível de inteligência embarcada. As residências passam a oferecer diagnósticos, automações personalizadas, atualizações contínuas e sistemas capazes de evoluir com o morador. A casa se torna uma plataforma e não apenas um produto. Além disso, a combinação entre IA, sensores e análise de dados geram estruturas de decisão mais eficientes, reduz desperdícios de energia e cria ambientes mais sustentáveis.

Engenheiro Euclides Ciruelos, fundador da SmartLy.
Crédito: Antonio More

Exemplo disso é a empresa SmartLy, que já soma mais de 19 mil dispositivos instalados em mais de 12 mil ambientes, combinando tecnologia, eficiência e sensibilidade para redefinir o significado de casa inteligente. São dispositivos como termostato inteligente, responsável pelo controle térmico, além de monitoramento de consumo e ajustes automáticos que criam um ciclo contínuo de eficiência e bem-estar. “Cada ambiente torna-se um reflexo da história de vida de quem o habita. A iluminação se adapta ao humor, o piso aquece nos momentos de recolhimento e o espaço reage à energia de cada instante. É o que transforma tecnologia em sensibilidade e faz do lar uma extensão da própria alma”, afirma o engenheiro e fundador da SmartLy, Euclides Ciruelos.

Da automação ao vínculo afetivo: a casa que se torna companhia

Um dos aspectos mais disruptivos desse movimento é o caráter relacional. De acordo com Nicolielo, a tendência aponta para lares que “irão conversar, orientar, lembrar, apoiar decisões e criar uma relação emocional com quem vive ali”. A casa deixa de ser cenário e se torna participante ativa da vida cotidiana.

O especialista afirma que essa conexão poderá reduzir estresse, aumentar o senso de segurança e apoiar pessoas com rotinas complexas. “A IA aprende o que é importante para cada indivíduo e atua como aliada diária. O lar se torna mais humano justamente por causa da tecnologia”, afirma.

Uma realidade mais próxima do que parece

Apesar de ainda em fase de adoção inicial, os indicadores dos materiais técnicos mostram que a tecnologia para lares adaptativos já existe e está evoluindo rapidamente. As plataformas de IA generativa, somadas à popularização de sensores acessíveis e à computação embarcada, colocam o conceito mais perto do mercado do que muitos imaginam.

Para o especialista, estamos apenas no início. “O lar com IA adaptativa será tão comum quanto hoje é a internet residencial. Em poucos anos, veremos casas que entendem e respondem ao morador em níveis jamais vistos”, vislumbra. A próxima revolução doméstica já começou e, ao que tudo indica, viver em casas que pensam, aprendem e cuidam está prestes a deixar de ser futuro para se tornar cotidiano.

Lares com IA adaptativa serão tão comuns quanto hoje é a internet residencial.
Crédito: Envato

Entrevistados

Euclides Ciruelos é engenheiro civil graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), pós-graduado em Análise de Sistemas pela PUC-PR e Mestre em Sustentabilidade. Foi o engenheiro responsável técnico pela construção do primeiro edifício no mundo a receber a Certificação Leed Zero Water em 2019 e segundo edifício no Brasil a receber a Certificação Leed Platinum em 2017, ambos concedidos pela USGBC (United State Green Building Council). É atual desenvolvedor e visionário em Inovação Sustentável da tecnologia adotada pela SmartLy - Fabricação de Dispositivos Inteligentes.

Marcello Nicolielo é gestor de Tecnologia pela Universidade Anhembi Morumbi, ⁠MBA em Ciência de Dados e Inteligência Artificial pela FIAP, especialista em Expansão de Negócios com foco em Inovação tecnológica, Comunicação Estratégica e Inteligência Artificial. Reúne experiência em mais de dez anos em Economia Criativa e Cultura Digital e Propriedades Intelectuais. ⁠Reconhecido como um dos principais nomes em Inteligência Artificial aplicada a negócios, liderança e carreiras.

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euclides.ciruelos@gmail.com
marcello.nicolielo@cognitaai.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Tendência: curadoria de imóveis redefine experiência de compra no mercado imobiliário para clientes de alto padrão

Antes ligada apenas ao universo das artes, a curadoria vem ganhando força no mercado imobiliário como uma resposta à oferta crescente de produtos e ao comportamento de um consumidor mais informado, exigente e sem tempo a perder. O conceito parte da ideia de que o imóvel deve ser tratado como uma peça única, selecionada com rigor técnico e sensibilidade, e não como mais um item exposto em vitrines digitais.

Essa abordagem vem obtendo destaque porque reduz o excesso de alternativas e conduz o comprador por um processo mais claro, qualificado e assertivo. Em vez de apresentar dezenas de unidades, o curador analisa o estilo de vida, a rotina, o momento de vida e os objetivos de quem busca um imóvel. O foco é orientar decisões e valorizar experiências, e é por isso que o modelo tem sido apontado como tendência no alto padrão e avança rapidamente em outros segmentos.

Precisão, arquitetura e escuta qualificada

Maria Eugenia Fornea, diretora de Expansão da Ademi-PR.
Crédito: Divulgação

A curadoria de imóveis reúne análise de mercado, leitura arquitetônica e entendimento profundo das necessidades do cliente”, explica Maria Eugenia Fornea, diretora de expansão da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR). Ela destaca que essa atuação difere da corretagem tradicional porque não trabalha com volume, mas com precisão. “Enquanto a corretagem apresenta o conjunto geral de opções, a curadoria seleciona alternativas alinhadas à rotina, à qualidade espacial e aos objetivos do comprador.”

Segundo Maria Eugenia, o profissional especializado combina repertório arquitetônico com sensibilidade técnica, compreendendo iluminação, proporção, fluxo e impacto urbano. “É como um curador de arte: ele indica o que tem coerência com a pessoa, não o que apenas circula mais no mercado. Curadoria é diminuir ruído e ampliar compreensão”, afirma. Para o cliente, o resultado é mais segurança na decisão; para o investidor, produtos com maior estabilidade e valorização no tempo.

Personalização como diferencial competitivo

No segmento de alto padrão, a curadoria tornou-se indispensável, especialmente para um público que exige agilidade e assertividade. “O cliente não quer perder tempo. Ele quer dizer o que busca e recebe três opções que façam sentido e comprar”, explica Henry Fukner, sócio-fundador da Zireh Imóveis.

Ele relata casos que exemplificam essa mudança de comportamento. “Atendi um cliente que estava há oito meses procurando imóvel. Bastou uma conversa profunda, entendendo o seu momento de vida, para apresentar três opções. E uma delas era exatamente o que ele buscava. Esse é o valor da curadoria”, afirma.

Para Henry, o processo exige duas habilidades fundamentais: ouvir e dominar o mercado. “O comprador fala tudo o que quer e basta saber perguntar e ter escuta ativa. E é preciso ter repertório, conhecer produto, entender regiões, lançamentos e qualidade de projeto”, enumera.

Imóveis vistos como ‘obras de arte’

Fukner reforça a visão que orienta a empresa. “Sempre valorizamos o imóvel como uma obra de arte. Ele precisa ser apresentado com respeito, posicionado como prazer e conquista. Nosso mercado vende sonhos, e a curadoria nasceu com essa alma”.

Para Henry Fukner, da Zireh Imóveis, curadoria significa preparo e aprofundamento.
Crédito: Antonio More

Além disso, o especialista aponta que o estudo profundo dos produtos é primordial para apresentar o imóvel certo para o cliente adequado. “Estudamos cada praça, cada legislação e cada parceiro. Curadoria é isso: preparo e aprofundamento”, diz.

A tecnologia também integra o processo, com uso de ferramentas de IA para análise de perfis e seleção de produtos, mas sempre como apoio ao profissional, nunca substituição da escuta humana.

Uma tendência que deve se consolidar

Para Fukner, o futuro do setor será dominado por quem souber se adaptar. “Quem oferecer atendimento personalizado e técnico vai dominar o mercado”, alerta. A curadoria de imóveis, portanto, deixa de ser apenas um diferencial e se consolida como uma evolução natural do mercado imobiliário, sendo mais seletivo, mais humano e mais orientado à experiência do cliente.

Entrevistados

Maria Eugenia Fornea é economista formada pela UFPR, engenheira civil pela PUCPR, especialista em Planejamento e Desenho de Cidades pela PUCPR e em Cidades Responsivas pelo Responsive Cities Institute. Mestranda em Gestão Urbana pela PUCPR, atua há mais de 15 anos no mercado imobiliário. É fundadora e atual CEO da incorporadora curitibana Weefor e do Instituto WF, e diretora de expansão da ADEMI-PR.

Henry Fukner é sócio-fundador da Zireh Imóveis.

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mef@weefor.com.br
henry@zireh.com.br

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Ana Carvalho
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COP30 destaca NET Zero do cimento e da habitação

Na COP30, realizada em Belém (PA), cidades foram destacadas como protagonistas da agenda climática global, com relatório da SB COP propondo transformação estrutural em energia, saneamento, mobilidade e habitação resiliente. A indústria do cimento, por sua vez, apresentou seu Roadmap Net Zero até 2050 com foco em eficiência, inovação e soluções baseadas na natureza. A Caixa também lançou a Coalizão pela Habitação Net Zero 2050 para descarbonizar a cadeia habitacional brasileira.

Confira os destaques e soluções propostas durante o evento:

Cidades Sustentáveis

Na COP30, as cidades — responsáveis por mais de 80% das emissões de CO₂, que concentram 57% da população mundial — foram destacadas como protagonistas da agenda climática. O grupo de trabalho Cidades Sustentáveis da SB COP apresentou relatório que propõe transformação estrutural em três áreas prioritárias: energia, saneamento e água; mobilidade urbana e logística; e habitação e infraestrutura resiliente.

O documento recomenda planejamento urbano baseado em dados, incentivo à construção sustentável, reformas de edifícios e uso de tecnologias verdes, além de zoneamento estratégico e soluções baseadas na natureza. A habitação adequada é apontada como essencial para justiça climática.

A metodologia classifica cidades em três arquétipos:

Grupo Azul: baixa maturidade e alta complexidade, foco em serviços básicos.

Grupo Amarelo: maturidade média, foco em eficiência e planejamento integrado.

Grupo Verde: alta maturidade e baixa complexidade, capazes de liderar inovação e economia circular.

Painel discutiu Roadmap Net Zero da Indústria do Cimento Brasileira.
Crédito: ABCP/SNIC

“Cada cidade tem um ritmo e um ponto de partida. As de baixa maturidade precisam primeiro garantir o básico, como saneamento, mobilidade e energia, antes de avançar em tecnologias de ponta. O desafio é oferecer caminhos graduais, mas contínuos, para todas. Precisamos de rotas diferenciadas que respeitem as condições locais e ampliem o impacto social das políticas públicas”, afirmou Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

No relatório, o setor privado é visto como catalisador de investimentos sustentáveis e de empregos verdes, em parceria com governos e sociedade civil.

Indústria do cimento na COP30

 Durante a COP30, foi apresentado o Roadmap Net Zero da Indústria do Cimento Brasileira, documento elaborado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

“A indústria brasileira do cimento tem uma longa trajetória de atuação em responsabilidade ambiental, social e econômica. Pouco depois de implementarmos o Roadmap de mitigação do setor em 2019, renovamos nosso compromisso com a descarbonização, lançando nossa proposta de neutralização de emissões até 2050. O novo Roadmap tem como base todo o ciclo de vida da cadeia do cimento apoiado no desenvolvimento de combustíveis e matérias-primas alternativas, eficiência energética, captura, estocagem e uso de carbono, além de Soluções baseadas na Natureza (SbN). Todo esse mapa do caminho incorpora fortemente tecnologia e inovação, com ativa participação da academia, agências de fomento e os diversos integrantes da cadeia da construção”, destacou Paulo Camillo Penna, presidente ABCP/SNIC.

O roadmap organiza a descarbonização em quatro pilares:

1. Reduções Diretas (30% do esforço total)

Envolvem emissões dentro da fábrica:

  • Clínquer - maior responsável por emissões (processo de calcinação).
  • Ações-chave:
    • Substituição de combustíveis fósseis por biomassa, resíduos urbanos (CDRU) e hidrogênio de baixa emissão.
    • Modernização dos fornos e aumento da eficiência térmica.

    • Redução do fator clínquer/cimento com aumento de adições, tais como: pozolanas, fíller calcário, escória, etc.

2. Reduções Indiretas (5%)

  • Ligadas à energia elétrica.
  • Meta: 100% eletricidade renovável até 2050.
  • Ganhos via eficiência energética e cogeração (WHR).

3. Desmaterialização (19%)

  • Construir com mais eficiência e melhorando desempenho.
  • Duas frentes:
    • Eficiência na produção do concreto (otimização de traços, redução de perdas no processo, uso de inteligência artificial).

    • Eficiência na construção (restruturação no planejamento e execução de obras, otimizar projetos, industrialização).

  • Tendência de migração do cimento ensacado para concreto industrializado.

4. Remoções e Compensações (46%)

Essenciais para neutralizar emissões residuais:

  • Recarbonatação natural do concreto (7%).
  • Soluções baseadas na natureza (SbN): reflorestamento, restauração.
  • CCUS (captura, utilização e estocagem de carbono) — necessário em larga escala pós-2040.
  • Metanização: contabilização das emissões de metano evitadas com uso de CDRU.

Além disso, o Roadmap também trouxe uma linha do tempo de transição para atingir o NetZero:

2020–2030 – Desenvolvimento

  • Modernização e eficiência industrial.
  • Ampliação do uso de combustíveis alternativos de baixa emissão.
  • Cimentos com menor fator clínquer.

2030–2040 – Preparação para o Net Zero

  • Desenvolvimento de soluções para hidrogênio.
  • Marco legal para SbN, reconhecimento da recarbonatação.
  • Projetos-piloto de CCUS.
  • Avanço em desmaterialização e eficiência energética.

2040–2050 – Neutralidade

  • Uso em larga escala de hidrogênio e CDRU.
  • CCUS implementado industrialmente.
  • Adoção de SbN respaldada por marcos regulatórios.

Coalizão Habitação Net Zero 2050

Caixa Econômica Federal lançou o programa Coalizão pela Habitação Net Zero 2050.
Crédito: Beatriz Lobo/Caixa

Durante a COP 30, a Caixa Econômica Federal lançou o programa Coalizão pela Habitação Net Zero 2050. O objetivo é descarbonizar a cadeia habitacional brasileira até 2050, em alinhamento com o Acordo de Paris, a Declaração de Chaillot e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A Coalizão pela Habitação Net Zero 2050 promove a união entre governos, empresas, universidades e sociedade civil para desenvolver soluções de moradia sustentáveis e inclusivas. A iniciativa busca fortalecer políticas e práticas voltadas à neutralidade de carbono, inovação tecnológica, eficiência energética, habitação acessível e resiliência urbana, com base na cooperação multissetorial e na centralidade das pessoas.

A iniciativa se baseia em cinco pilares:

  • Mobilização e Aplicação de Recursos
  • Ecossistema de Habitação Sustentável
  • Cidades Sustentáveis e Resilientes
  • Suporte a Eventos Climáticos Extremos
  • Transição Climática Justa

Parcerias público-privadas

Para Yolanda Tanikawa, engenheira civil, o evento não é apenas um marco diplomático, mas uma oportunidade histórica para repensar como planejamos, financiamos e executamos infraestrutura pública. “Diante disso, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e as Concessões podem se tornar instrumentos capazes de transformar metas climáticas em resultados concretos, viabilizando investimentos sustentáveis e impulsionando a inovação no setor”, afirma.

Outra sugestão de Yolanda é a criação de mecanismos de incentivo para operadores e concessionárias que superem metas ambientais. “Modelos contratuais podem prever critérios de desempenho atrelados à eficiência energética, ao reuso de água ou à redução comprovada de emissões de carbono. Assim, a sustentabilidade deixa de ser um requisito burocrático e passa a ser um diferencial competitivo que estimula inovação e excelência operacional”, recomenda. 

Yolanda ainda traz como exemplo a PPP realizada em São Paulo para construção de novas escolas públicas. “Ela incorporou requisitos de eficiência energética e materiais sustentáveis, evidenciando que é possível unir metas sociais e ambientais em um mesmo contrato. O mesmo se observa em projetos de iluminação pública, saneamento ambiental e gestão de resíduos, nos quais indicadores de sustentabilidade começam a influenciar diretamente os resultados e a remuneração dos parceiros privados”, opina.

Fontes

Yolanda Tanikawa é engenheira civil, especialista em PPPs e Concessões pela FESPSP - London School of Economics. Atua desde 2007 na Vizca Engenharia e Consultoria com foco em estruturação de projetos, modelagem e gerenciamento de empreendimentos públicos e privados.

Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC.

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Assessoria de imprensa Yolanda Tanikawa - gabriel.soares@mention.net.br

Assessoria de imprensa ABCP/SNIC - daniela.nogueira@fsb.com.br

CBIC - imprensa@cbic.org.br

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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Desabamentos em edificações: como prever riscos e garantir a segurança estrutural

Os desabamentos continuam entre as ocorrências mais graves da construção civil, gerando impactos humanos, ambientais e econômicos que podem se estender por décadas. Embora estruturas bem projetadas apresentem, em condições normais, um risco extremamente baixo de falhas, esse cenário se altera significativamente diante de uso inadequado, erros de execução ou ausência de manutenção adequada.

Segundo o engenheiro Gilberto Luiz, especialista em patologia de obras, os desabamentos podem ocorrer sempre que o limite de resistência se iguala às solicitações, situação que representa o ponto de ruptura de qualquer sistema estrutural.

O engenheiro Henrique Palumbo, por sua vez, aponta para os sinais de alerta que muitas vezes aparecem antes do colapso. Trincas, recalques diferenciais, fissuras e corrosão de armaduras são alguns dos indícios de que a estrutura já apresenta manifestações patológicas relevantes. “A sobrecarga indevida, como adição de pavimentos sem reforço ou remoção de elementos estruturais em reformas, pode levar ao aumento excessivo das solicitações e comprometer a estabilidade global”, alerta.

Trincas, recalques diferenciais, fissuras e corrosão de armaduras são alguns dos indícios de que a estrutura já apresenta manifestações patológicas relevantes.
Crédito: Acervo Pessoal/Gilberto Luiz

As falhas de execução permanecem entre os fatores mais críticos, conforme destaca o engenheiro Gustavo Selig, CEO do Grupo Hestia. Ele reforça que nem mesmo um bom projeto é capaz de garantir segurança se a obra for mal executada, seja pelo uso de materiais inadequados, pela concretagem deficiente ou pela montagem incorreta das armaduras. “A falta de manutenção, somada a intervenções não acompanhadas por profissionais habilitados, completa o grupo de fatores que mais contribuem para desabamentos no Brasil”, aponta.


Como os riscos são calculados e controlados

A segurança estrutural é quantificada por métodos que buscam assegurar que as solicitações atuantes permaneçam sempre abaixo da capacidade resistente da estrutura. No Brasil, predomina o método determinístico, que estabelece margens de segurança por meio da majoração das cargas e da redução das resistências. “A segurança em projeto é alcançada a partir da administração prudente da diferença entre a resistência e a solicitação das estruturas, atendendo a critérios econômicos, sociais e culturais”, afirma Gilberto Luiz.

Há também metodologias mais recentes, como a análise probabilística, empregada em avaliações avançadas de confiabilidade. Selig observa que esse método representa o futuro, pois “permite uma avaliação mais precisa da probabilidade de falha, resultando em estruturas mais seguras e ao mesmo tempo mais econômicas”.

A etapa de projeto é determinante para o desempenho estrutural. Palumbo explica que é nesse momento que são definidos o sistema estrutural, a modelagem, o dimensionamento e o detalhamento de todos os elementos. Ele ressalta que a concepção preliminar envolve sondagem, definição das cargas atuantes e compatibilização com as demais áreas, além da emissão da ART que formaliza a responsabilidade técnica. Já na execução, o controle rigoroso da obra e o recebimento adequado de materiais garantem a conformidade com o projeto.

Para o engenheiro Sady Ivo Pezzi Júnior, especialista em gestão, engenharia e estratégia, os desabamentos são sempre resultado de uma cadeia de fatores que se acumulam ao longo do tempo. Ele reforça que a cultura da prevenção ainda precisa amadurecer no setor. “Os riscos de desabamento estão diretamente ligados ao não cumprimento dos projetos, às falhas de execução, ao uso de materiais fora das especificações e à ausência de manutenção periódica. São eventos evitáveis, desde que haja responsabilidade técnica em todas as fases, do estudo de solo à entrega da obra e manutenção ao longo dos anos”, informa.

No uso e operação, as inspeções periódicas são fundamentais. Palumbo recomenda intervalos de cinco anos para avaliações técnicas completas. Gilberto Luiz completa que o respeito ao manual do proprietário, às diretrizes da NBR 5674 e aos laudos necessários em reformas evita problemas cumulativos que, se ignorados, podem evoluir para colapso.

Normas, prevenção e os impactos de um colapso

As normas técnicas brasileiras desempenham papel fundamental na prevenção de desabamentos. Entre as principais referências estão a NBR 6118 para estruturas de concreto, a NBR 8800 para estruturas de aço e mistas, a NBR 7190 para estruturas de madeira e a NBR 6120 para cargas variáveis. Complementarmente, a NBR 8681 define critérios gerais de segurança, enquanto a NBR 15575 estabelece requisitos mínimo de desempenho das edificações habitacionais. São documentos que, quando seguidos rigorosamente, asseguram que a obra receba o tratamento técnico adequado desde a concepção até a manutenção. “Erros de projeto, embora menos frequentes devido ao avanço das normas técnicas e ao rigor dos profissionais envolvidos, ainda constituem uma ameaça potencial à segurança das construções. Equívocos na etapa de dimensionamento ou na consideração das cargas atuantes podem resultar em estruturas vulneráveis ao colapso”, informa Palumbo.

Os prejuízos decorrentes de um colapso estrutural atingem proporções amplas. Selig destaca que os impactos humanos são sempre os mais graves, com mortos, feridos e perdas emocionais profundas. Os danos financeiros também são expressivos. “Em 2023, o Brasil gastou mais de R$ 260 milhões apenas com prejuízos relacionados a desabamentos, sem considerar perdas indiretas como interdições, ações judiciais e desvalorização imobiliária”, avalia. Há também efeitos sobre a reputação de construtoras, profissionais e até de órgãos fiscalizadores.

Para Gilberto Luiz, um desabamento envolve prejuízos que podem incluir perdas de vidas, danos ambientais, financeiros e a perda de credibilidade dos construtores. Os especialistas concordam que a maior parte desses eventos poderia ser evitada com planejamento adequado, execução responsável e manutenção contínua.

Colapso pode ser evitado com planejamento adequado, execução responsável e manutenção contínua.
Crédito: Envato

Mais do que um problema técnico, o desabamento é um alerta sistêmico que reforça a necessidade de rigor, transparência e compromisso em todas as etapas da construção civil. Quando cada fase é conduzida com responsabilidade, os riscos são reduzidos e a segurança dos usuários é efetivamente preservada.

Entrevistados

Henrique Augusto Palumbo é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduado em Georreferenciamento (UFPR), Engenharia Ambiental (UFAM), Engenharia de Segurança de Barragens (IDD), associado ao Comitê Brasileiro de Barragens.

Gustavo Selig é graduado em Engenharia Civil pela PUC-PR, mestre em Administração de Empresas e Negócios pela FGV-PR. Cofundador e presidente do Grupo Hestia, atuando há mais de 30 anos no mercado imobiliário paranaense.

Gilberto Luiz é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), especialista em Patologia nas Obras Civis e Engenharia de Estruturas, diretor técnico da empresa Ad Fiducia Avaliações e Perícias de Engenharia, professor de cursos de pós-graduação e extensão na área de ensaios tecnológicos, inspeção de estruturas e perícias de engenharia, membro do Instituto Catarinense de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape/SC).

Sady Ivo Pezzi Júnior é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduação em Qualidade pelo Tecpar e MBA em Gestão de Marketing pela FAE. Reúne vasta experiência e especialização em áreas de negócios, comercial, marketing, finanças e estratégia. Atualmente, é Head Comercial e Marketing na Geplan Gerenciamento, professor e orientador de Pós-graduação em diversas universidades (PUC-PR, POSITIVO, UNINTER, ESIC, EBS, entre outras).

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Túnel Santos-Guarujá: como fazer a impermeabilização e proteção do concreto?

Em novembro, o Governo de São Paulo homologou e adjudicou a PPP do Túnel Imerso Santos–Guarujá, confirmando a Mota-Engil Latam Portugal S.A. como vencedora da licitação e encerrando o processo. Avaliado em R$ 6,8 bilhões — com R$ 5,1 bilhões de aportes públicos —, o projeto prevê a construção de um túnel de 870 metros sob o canal portuário, com três faixas por sentido, passagem para pedestres e ciclistas e galeria técnica. O contrato de 30 anos inclui também a operação e manutenção da infraestrutura.

Fase atual

A Cetesb emitiu a licença ambiental prévia, confirmando a viabilidade do túnel e permitindo o avanço do projeto, mediante cumprimento de condicionantes ambientais. A próxima etapa será a definição da área da doca de fabricação dos módulos de concreto, cuja produção deve iniciar em 2027. A montagem do túnel está prevista para 2030, com conclusão da obra e início da operação em 2031.

Uso de concreto

O túnel Santos/Guarujá será construído com o método de construção por módulos pré-moldados. De acordo com o Governo Federal, serão produzidos seis módulos de concreto armado em uma doca seca, que depois serão deslocados por flutuação até o canal e submersos no leito portuário. Cada módulo será equipado com câmaras de ar para o transporte e, posteriormente, instalado a 21 metros de profundidade com o apoio de sistemas hidráulicos. Todo o processo de imersão é acompanhado por sensores eletrônicos e demanda rigor absoluto de estanqueidade desde a etapa de fabricação.

Projeto do túnel submerso envolve desafios técnicos ligados à impermeabilização e à proteção do concreto em um ambiente marítimo.
Crédito: Governo de SP

Tecnologia avançada de impermeabilização e proteção do concreto

Devido à sua dimensão, o projeto envolve desafios técnicos ligados à impermeabilização e à proteção do concreto em um ambiente marítimo. O local de instalação do túnel está classificado como Classe IV de agressividade ambiental, segundo a NBR 6118:2014 — um nível que indica elevado potencial de deterioração por ação de cloretos e sulfatos. A exposição contínua à água do mar tende a acelerar a degradação do concreto e a corrosão das armaduras de aço, o que pode comprometer a durabilidade e o desempenho estrutural da obra ao longo dos anos.

“As estruturas que têm contato direto com o ambiente marinho estão entre as mais suscetíveis à deterioração por ataque de cloretos e sulfatos. Por isso, em projetos de túneis imersos, é indispensável pensar também na impermeabilização e proteção química das estruturas no longo prazo, já que as intervenções de manutenção e reparos podem ser mais difíceis, além da necessidade de interromper a operação do túnel para realizá-las. Por isso, utilizar uma tecnologia capaz de tornar a estrutura estanque e, ao mesmo tempo, garantir a autocicatrização de fissuras passivas de até 0,5 mm é fundamental”, explica Cláudio Ourives, engenheiro e CEO da Penetron Brasil. 

O engenheiro afirma que, neste caso, a propriedade autocicatrizante, adicionada por aditivo, no momento da construção dos módulos pré-moldados, oferece permeabilidade zero da estrutura e ainda melhora o desempenho da estanqueidade ao longo dos anos. “Ou seja, a impermeabilização da estrutura se torna cada vez melhor, em vez de diminuir com o passar do tempo, como ocorre com as soluções impermeabilizantes convencionais”, expõe Ourives.

Para o engenheiro, a solução ideal deve ser um aditivo para impermeabilização por cristalização integral autocicatrizante, adicionado diretamente ao concreto durante a produção nas docas secas. “O sistema funciona a partir de compostos químicos ativos que reagem com a umidade do concreto fresco e com os produtos da hidratação do cimento, formando uma estrutura cristalina insolúvel nos poros e capilares. Essa cristalização torna o concreto permanentemente selado contra a penetração de água e outros líquidos, mantendo-se ativa durante toda a vida útil da estrutura”, conclui.

Fonte

Cláudio Ourives é engenheiro e CEO da Penetron Brasil. 

Contato Assessoria de imprensa - imprensa@wrcomunicacao.com.br

Jornalista responsável: 
Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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Paraná investe R$ 1,4 bi em pavimento rígido na região Central do Estado

O Governo do Paraná anunciou o investimento de cerca de R$ 1,44 bilhão a um conjunto de grandes intervenções que incluem duplicações, ampliações e restaurações em concreto em mais de 200 quilômetros de rodovias estaduais na região Central do Estado.

Ao todo são sete obras, duas ainda em fase de licitação, e o valor total deverá superar R$ 2 bilhões para modernizar quase 300 quilômetros de vias. Todas as intervenções adotam o whitetopping, técnica que aplica uma nova camada de concreto sobre o pavimento existente, aumentando a segurança dos usuários e oferecendo uma durabilidade até duas vezes maior que a de soluções tradicionais.

“Atualmente, cerca de 20% de toda a nossa malha está recebendo investimentos em infraestrutura, incluindo obras de ampliação de capacidade, duplicações, contornos e outras melhorias. É um grande orgulho afirmar que o Paraná é hoje o estado que mais realiza obras com esse tipo de estrutura. Temos diversos trechos em whitetopping, além de implantações e duplicações inteiras com pavimento rígido”, afirma Janice Soares, diretora técnica no Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR).

O processo começou na região Sudoeste, com a obra da PRC-280. “Inicialmente executamos 60 km de whitetopping em pista simples e, diante do sucesso, ampliamos a solução para toda a rodovia, totalizando 143 km já concluídos. Esse resultado levou o governo a expandir o uso do pavimento rígido para outras regiões”, explica Janice.

Após a intervenção entre Palmas e Pato Branco, o Governo decidiu realizar um investimento na região central, que possui um dos menores IDHs do estado. “Foi uma decisão do governador Ratinho direcionar recursos para melhorar a infraestrutura e impulsionar o desenvolvimento local. Nesse trecho, estamos executando 80 km de duplicação da PRC-466, de Guarapuava a Pitanga, divididos em três lotes, com pavimento rígido na pista nova e whitetopping na pista existente”, destaca a diretora técnica do DER.

Confira quais são as obras programadas para a região central do estado por rodovia, de acordo como DER/PR:

Todas as obras na região central do Paraná adotam o whitetopping.
Crédito: Ricardo Ribeiro / Agência de Notícias do Governo do Estado do Paraná

PRC-466 

Guarapuava - Palmeirinha 

Em novembro de 2025, a duplicação e restauração em concreto dos 11,52 km da PRC-466 entre Palmeirinha e Guarapuava já alcançou 73,76% de execução. De acordo com o Governo do Estado do Paraná, a obra deve ser entregue no primeiro semestre de 2026, com investimento de R$ 139,7 milhões. Os serviços mais adiantados são a melhoria do pavimento asfáltico existente e a terraplenagem da nova pista, enquanto o pavimento rígido de concreto avança nas duas faixas, utilizando whitetopping sobre o asfalto recuperado. Mais da metade da sinalização já foi implantada, junto com drenagem, iluminação e outros serviços, e a nova ponte sobre o Rio Coutinho já está concluída.

Palmeirinha – Turvo

A obra de duplicação em concreto da PRC-466, no trecho que liga Turvo ao distrito de Palmeirinha, em Guarapuava, abrange 27,02 quilômetros e recebe investimento de R$ 293,75 milhões. O projeto inclui também a recuperação da pista atual com pavimento rígido, a construção de dois viadutos e a edificação de uma nova ponte sobre o Rio Turvo.

Turvo – Pitanga

No final de outubro de 2025, o DER/PR alcançou 5,46% de execução da duplicação em concreto da PRC-466 entre Pitanga e Turvo, em um trecho de 45,5 quilômetros e investimento de R$ 514,2 milhões, com entrega prevista para 2027. As frentes de trabalho incluem terraplenagem, drenagem e a construção de um grande viaduto no entroncamento com a PR-239 e PR-460. A obra também contempla restauração da pista atual pelo método whitetopping, dois novos viadutos adicionais, uma passarela para pedestres em Pitanga e novas pontes sobre os rios Carazinho e Bonito.

Pitanga - Manoel Ribas 

Em outubro de 2025, o DER/PR homologou a licitação para restaurar e ampliar em concreto 43,05 km da PRC-466 entre Manoel Ribas e Pitanga, investimento de R$ 231,6 milhões. As obras incluem restauração total da pista com técnica whitetopping, faixas adicionais em trechos críticos, dois viadutos em desnível (em Manoel Ribas e Pitanga), melhorias de acessos – incluindo a subestação de Furnas – além de novos sistemas de drenagem, sinalização e dispositivos de segurança.

Manoel Ribas – Lidianópolis

No dia 18 de novembro, o DER/PR divulgou o resultado final da licitação para a restauração e ampliação em concreto da PRC-466, entre Lidianópolis e Manoel Ribas, em 51,86 quilômetros, confirmando como vencedor o Consórcio Construtor PR-466 – Porto Ubá, com proposta de R$ 558,59 milhões. Após a homologação, seguirá a formalização do contrato para uma obra que inclui restauração em whitetopping, 15,9 km de duplicação, 17,18 km de terceiras faixas, acostamentos, vias marginais, seis novos viadutos e o alargamento da ponte sobre o Rio Ivaí. O projeto contempla ainda rotatórias, retornos, iluminação, drenagem e sinalização.

PRC-272

Lidianópolis - Mauá da Serra

A intervenção mais extensa é a recuperação dos 54,8 quilômetros da PRC-272 entre Lidianópolis e Mauá da Serra, onde todo o trecho, incluindo acostamentos e terceiras faixas, receberá whitetopping. O projeto prevê ainda três viadutos — em Faxinal, Cruzmaltina e no acesso a Borrazópolis — além de cinco rotatórias alongadas. A obra também inclui a modernização da drenagem, nova iluminação e a instalação de dispositivos de segurança.

Rodovias PRC-487 e PR-460

O DER/PR também contratou a restauração em concreto das rodovias PRC-487 e PR-460, no trecho que liga Pitanga a Nova Tebas, no sentido oposto às demais obras. Com investimento de R$ 267,8 milhões e prazo de 27 meses, a intervenção abrangerá 51,52 quilômetros. O projeto inclui ainda a construção de terceiras faixas nos pontos de maior demanda e acostamentos, todos em pavimento rígido.

Fonte

Janice Kazmierczak Soares é graduada em Engenheira Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduada em Infraestrutura de Transportes pela Universidade Paulista (UNIP) e em Obras Públicas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atualmente, é diretora técnica do DER/PR.

Contato
comunicacao@der.pr.gov.br (Assessoria de Imprensa)

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Marina Pastore – DRT 48378/SP 
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Mercado imobiliário avança em lançamentos no 3º trimestre mesmo sob pressão dos juros

O terceiro trimestre de 2025 confirmou a força de um mercado imobiliário que segue avançando, mesmo enfrentando um dos ambientes macroeconômicos mais desafiadores dos últimos anos, especialmente no que diz respeito à taxa de juros. A avaliação é de Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, que apresentou os dados nacionais do setor residencial vertical em coletiva promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Mesmo diante de um cenário marcado por juros de 15% ao ano, Petrucci ressalta que o comportamento do mercado surpreende. “O mercado se mostra extremamente resiliente, apesar de todas as adversidades macroeconômicas”, afirmou. Ele lembrou, contudo, que a taxa de juros é um inibidor muito grande de uma expansão ainda maior, especialmente no segmento de classe média.

Lançamentos seguem em ritmo forte

O trimestre registrou crescimento de lançamentos na comparação com o trimestre anterior e com o mesmo período de 2024. No acumulado dos nove primeiros meses de 2025, foram 307 mil unidades lançadas, e em 12 meses o total chegou a 433 mil unidades. Petrucci destacou o salto histórico do setor: “Há poucos anos acumulávamos menos de 250 mil unidades lançadas. Hoje passamos de 430 mil. É um crescimento significativo e constante”, observa. Os valores também impressionam: só no terceiro trimestre foram R$ 68 bilhões lançados, e o acumulado de 12 meses atingiu R$ 280 bilhões.

Indicadores mostram que as vendas ficaram abaixo dos lançamentos.
Crédito: Envato

O volume vendido mantém patamar elevado, com cerca de 105 mil unidades por trimestre, mas o setor já percebe os primeiros sinais da pressão do crédito caro. As vendas do terceiro trimestre caíram 4,2% frente ao trimestre anterior e 6,5% ante o mesmo período de 2024. Além disso, pela primeira vez, o número de unidades lançadas superou o de unidades vendidas no acumulado de 12 meses. “É a primeira vez que apresentamos indicadores em que as vendas ficam abaixo dos lançamentos”, aponta Petrucci.

A desaceleração ocorre, principalmente, no segmento de classe média, entre R$ 350 mil e R$ 2 milhões. “É nesse público que sentimos a inversão na tendência de velocidade de vendas, especialmente no Sudeste”, explica.

Minha Casa, Minha Vida mantém tração e ganha recursos

Enquanto a classe média sente mais o peso dos juros, o programa Minha Casa, Minha Vida continua sendo o motor do mercado. Nos nove primeiros meses do ano, os lançamentos cresceram 7,9% e as vendas saltaram 15,5%.

A oferta final do programa permanece baixa e o escoamento é mais rápido, em torno de sete meses, contra quase nove meses no mercado geral. “O Minha Casa, Minha Vida continua muito mais aderente que os demais padrões”, destaca. Ele cita ainda o orçamento robusto aprovado para 2026: R$ 144,5 bilhões para habitação e R$ 12,5 bilhões em subsídios. “Temos preservação dos recursos, o que garante continuidade e segurança ao programa”, afirmou.

Intenção de compra em alta indica confiança do consumidor

Mesmo com juros elevados, o desejo de comprar imóvel permanece entre os maiores da série histórica. Levantamento realizado pela Brain Inteligência mostra que 48% das famílias pretendem adquirir um imóvel nos próximos meses, e 6% já estão visitando unidades. Isso é equivalente a 2,6 milhões de famílias prontas para fechar negócio em até 12 meses.

Para Petrucci, isso confirma o comportamento observado. “A empregabilidade e o aumento de renda têm levado as famílias a olharem muito mais para sua realidade do que para o cenário macroeconômico”, conclui.

Fonte
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Contato
ascom@cbic.org.br (Assessoria de Imprensa)

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Concreto lapidado ganha espaço na construção civil e se consolida como solução de desempenho e sustentabilidade

A busca por soluções construtivas mais duráveis, sustentáveis e esteticamente qualificadas tem impulsionado a adoção do concreto lapidado em obras de diferentes portes no Brasil. O material, que combina desempenho técnico e apelo arquitetônico, tem se destacado como alternativa a revestimentos tradicionais, sobretudo em edificações que priorizam manutenção reduzida e longa vida útil.

De acordo com pesquisa recente desenvolvida pelos engenheiros Nereu Teixeira Rodrigues Takeda e Hinoel Ehrenbring, o concreto lapidado não apenas entrega ganhos estéticos perceptíveis, como também amplia significativamente o desempenho da superfície. O estudo analisou diferentes níveis de lapidação abrasiva e trouxe resultados consistentes sobre resistência, durabilidade e comportamento químico.

O que é concreto lapidado

Combinação de desempenho técnico, menor impacto ambiental e acabamento arquitetônico coloca a lapidação entre as técnicas mais versáteis da engenharia contemporânea.
Crédito: Arquivo Pessoal.

O processo de lapidação pode ser descrito como um polimento técnico, capaz de transformar a superfície do concreto após o endurecimento. O engenheiro Nereu Takeda explica que “O concreto lapidado é o termo dado a uma peça de concreto com a superfície tratada por meio de máquinas politrizes com discos diamantados de diversas granulometrias. Esse tratamento regulariza e sela a peça, podendo ou não gerar brilho, sem a necessidade de revestimentos adicionais”.

Além do acabamento uniforme e da valorização da textura original, a técnica reduz a necessidade de materiais complementares, como cerâmicas, porcelanatos ou resinas, contribuindo para uma obra mais econômica e ambientalmente responsável.

Avanços em resistência e durabilidade

A pesquisa realizada pelos dois especialistas analisou como diferentes níveis de lapidação afetam características fundamentais do concreto. Segundo Takeda, os resultados em resistência, desempenho e durabilidade foram bastante satisfatórios. “Conforme o aumento da granulometria dos abrasivos, observou-se melhora na resistência à abrasão, ao manchamento, ao ataque químico, além de ganho de dureza e redução de rugosidade”, enumera.

Esses avanços resultam em superfícies mais robustas e menos suscetíveis ao desgaste diário, o que pode reduzir ciclos de manutenção e aumentar a vida útil dos pavimentos. O estudo também avaliou brilho, rugosidade e dureza superficial, consolidando a lapidação como processo eficiente de qualificação do concreto.

O professor Hinoel Ehrenbring destaca que a pesquisa contribui diretamente para o avanço tecnológico do setor. Segundo ele, “a importância está tanto nos ganhos estéticos quanto na durabilidade e nas propriedades mecânicas e químicas, que tornam o concreto lapidado uma solução competitiva para diferentes tipos de obras”.

Sustentabilidade como diferencial

Pesquisa avaliou resultados em resistência, desempenho e durabilidade do concreto lapidado.
Crédito: Arquivo Pessoal.

Além de melhorar o desempenho técnico, o concreto lapidado tem um papel relevante na agenda ambiental da construção civil. Takeda ressalta: “A lapidação traz benefícios ao meio ambiente, reduzindo a extração de rochas ornamentais e a aplicação de revestimentos cerâmicos e porcelanatos”.

Ao reduzir etapas de revestimento, elimina-se também a necessidade de argamassas, rejuntes e placas de revestimento final,elementos que historicamente elevam o impacto ambiental do setor,tanto pelas emissões associadas à sua produção, quanto pela geração de resíduos em eventuais processos de reforma e descarte.

Uma solução em expansão

Com resultados experimentais positivos e crescente valorização estética, o concreto lapidado tende a ganhar ainda mais espaço no mercado brasileiro. Sua aplicação é especialmente vantajosa em edificações corporativas, residenciais de alto padrão, obras industriais e espaços comerciais que exigem resistência intensa ao tráfego. Para Ehrenbring, o caminho é promissor: a combinação de desempenho técnico, menor impacto ambiental e acabamento arquitetônico coloca a lapidação entre as técnicas mais versáteis da engenharia contemporânea.

Entrevistados

Nereu Teixeira Rodrigues Takeda é graduado em Engenharia Civil pela Faculdade Politécnica Unisinos (Rio Grande do Sul), mestre no campo Gerenciamento de Resíduos pelo PPGEC Universidade Unisinos Rio Grande do Sul e sócio-diretor da Construtora Takeda Engenharia e Construção.

Hinoel Ehrenbring é graduado em Engenharia Civil pela Faculdade Politécnica Unisinos (Rio Grande do Sul), doutor em Engenharia Civil, professor do curso de graduação de Engenharia Civil da Unisinos, responsável técnico do itt Performance, diretor regional do IBRACON-RS e autor de livros e artigos relacionados à tecnologia do concreto.

Contatos
nereu.takeda@takedaengenharia.com.br

hzamis@unisinos.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Indústria do cimento prevê crescimento entre 2,0% e 3,0% para 2025

Em setembro de 2025, o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) divulgou a projeção de crescimento de 2,0% no consumo do produto em 2025. Em outubro, a entidade destacou que esse crescimento deve ficar entre 2,0% e 3,0%. Em julho de 2025, a projeção era de um crescimento de 2,1% para o ano. Em março deste ano, a expectativa era de um crescimento de 1%.

As vendas de cimento atingiram 6,3 milhões de toneladas em outubro, resultado que representa um avanço de 7,1% em comparação com o mesmo mês de 2024, de acordo com dados do SNIC.

No acumulado de janeiro a outubro, o setor registrou 56,6 milhões de toneladas comercializadas, alta de 3,5% frente ao mesmo período do ano anterior.

Outro dado apresentado pelo SNIC é o volume médio vendido por dia útil. Em outubro, foram comercializadas 252,3 mil toneladas/dia, aumento de 5,0% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, observa-se um crescimento de 4,0% em comparação ao mesmo período de 2024.

Para Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC, a indústria do cimento demonstra resiliência ao manter uma performance positiva, sob uma base de recuperação de vendas iniciada em 2024. “Contudo, o aumento das incertezas na economia cria um ambiente de cautela. Nossas projeções para 2025 refletem essa moderação, mas o foco em habitação social (MCMV) e soluções de infraestrutura sustentáveis, como o pavimento de concreto, são vetores cruciais que continuarão a contribuir com o consumo e o desenvolvimento econômico, social e ambiental do país”, ponderou.

No acumulado de janeiro a outubro, o setor registrou a comercialização de 56,6 milhões de toneladas de cimento.
Crédito: Divulgação Itambé

Vendas por região

Em outubro de 2025, todas as regiões apresentaram crescimento, com destaque para o Norte e o Nordeste que, ao comparar com outubro de 2024, tiveram um aumento de 17,3% e 12,1% respectivamente. Vale lembrar que, em 2025, o governo federal destinou mais de R$ 4 bilhões em obras para a COP30, que aconteceu no Pará.  As intervenções incluíram a modernização do aeroporto, do terminal hidroviário e do complexo Ver-o-Peso, drenagem de canais, reestruturação de parques e melhorias na mobilidade urbana.

No acumulado do ano (de janeiro a outubro), todas regiões apresentaram crescimento quando o resultado é comparado com o mesmo período de 2024. O Nordeste se destaca novamente, com crescimento de 7,1%.

Fatores positivos: mercado de trabalho aquecido

Um dos fatores que contribuiu positivamente para o crescimento, foi a queda da taxa de desemprego para o menor nível recente (a taxa segue no menor patamar da série histórica, que iniciou em 2012) — 5,6% em setembro — acompanhada de recordes na população ocupada nos postos com carteira assinada e massa salarial chegando a 102,4 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), do FGV Ibre, o indicador registrou alta de 1,3 ponto em novembro, atingindo 89,8 pontos — o maior patamar desde dezembro de 2024 — impulsionado pela melhora no mercado de trabalho e pela desaceleração da inflação.

Desafios para a indústria do cimento

A incerteza macroeconômica tem afetado diretamente o setor da construção, que adotou uma postura mais pessimista no terceiro trimestre. Segundo a Sondagem da Construção, realizada pelo FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia, o Índice de Confiança da Construção subiu 0,7 ponto em setembro, para 92,3 pontos. Entretanto, caiu 0,7 ponto em outubro, fechando o mês em 91,6 pontos. Este aumento observado em setembro veio após dois meses seguidos de retração. Em novembro, o índice voltou a subir 1,0 ponto, para 92,6 pontos, maior nível desde julho deste ano (92,7 pontos). Na média móvel trimestral, o índice avançou 0,4 ponto.

“De fato, a sondagem de outubro não captou qualquer mudança positiva na percepção das empresas. Assim, o Índice de confiança retornou ao patamar de agosto, puxado pelas expectativas que não sustentaram o crescimento do mês anterior. Na comparação com setembro, o sinal positivo veio do indicador de evolução recente da atividade, que engatou duas melhoras consecutivas, sugerindo retomada. Mas, em relação ao início do ano, houve redução do ritmo de crescimento. Em novembro, a recuperação da confiança foi bem disseminada entre os principais segmentos setoriais, ainda assim, insuficiente para recuperar o patamar do início do ano. Pode-se dizer que, na média, as empresas permaneceram acusando um pessimismo moderado. O indicador de Evolução Recente continuou a trajetória de recuperação, alcançando o melhor resultado desde março, quando iniciou o movimento recente de queda. Ou seja, nos últimos meses do ano, o setor voltou a ganhar ritmo e projeta também aumento da demanda por mão de obra nos próximos meses”, observou Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.

De acordo com a Sondagem da Construção Civil, a melhora das expectativas foi alavancada pelos segmentos de Infraestrutura e Serviços Especializados, que também indicaram maior intenção de contratar trabalhadores nos próximos meses. Na avaliação de Ana Maria, o segmento de Serviços é o mais intensivo em mão de obra dentro da construção e o que já apresenta maiores dificuldades em contratar trabalhadores qualificados. “Portanto, a retomada do crescimento significa também um mercado de trabalho mais estressado e custos pressionados,” declara Ana Castelo.

Outro desafio para a indústria da construção civil e, consequentemente, do cimento, é a Selic elevada, que pressiona o setor ao tornar os investimentos financeiros mais atrativos do que os imobiliários.

No terceiro trimestre de 2025, os lançamentos imobiliários tiveram leve crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionados sobretudo pelo Sudeste, onde a alta foi de 13,1%. Já as vendas sentiram mais fortemente o impacto dos juros elevados: apesar de permanecerem acima de 100 mil unidades, caíram 6,5% na comparação anual. As únicas exceções foram as Regiões Norte e Sul, que registraram aumentos de 46,7% e 1,3%. O programa Minha Casa, Minha Vida também apresentou queda nas vendas, embora mantenha participação expressiva de 44% no total comercializado, com destaque para o Norte (61% das vendas) e o Sudeste (54%).

Fontes

Paulo Camillo Penna é presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.

Contatos

SNIC - daniela.nogueira@fsb.com.brAna Maria Castelo - assessoria.fgv@insightnet.com.br

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