Como serão os arranha-céus do futuro?

Uban Intercroping concentra-se na incorporação de indústrias agrícolas em edifícios de grande altura.
Crédito: eVolo

Recentemente, a revista eVolo anunciou os vencedores da Competição de Arranha-Céus 2024. O júri selecionou três vencedores e 14 menções honrosas entre os 206 projetos recebidos.

O prêmio anual, criado em 2006, celebra ideias visionárias que desafiam nossa compreensão da arquitetura vertical e sua interação com os ambientes natural e construído. Ele destaca projetos que utilizam de forma inovadora tecnologias, materiais, programas, estética e organização espacial.

“Uma coisa importante de ressaltar é que o concurso da eVolo Magazine tem como foco central a utopia, o pensamento disruptivo e as discussões relevantes para a arquitetura e o urbanismo do futuro. São projetos inovadores, mas, acima de tudo, são provocações saudáveis e necessárias, que desafiam o status quo e questionam temas essenciais”, informa Augusto Pereira, professor na FAE Centro Universitário e na FAE Business School e sócio fundador da M4Mais Arquitetura e Urbanismo.

Confira alguns projetos de destaque na competição:

Urban Intercropping 

O primeiro lugar foi concedido ao projeto Urban Intercropping, desenvolvido na China. De acordo com a eVolo, o projeto concentra-se na incorporação de indústrias agrícolas em edifícios de grande altura, adotando o modelo de plantio consorciado vertical para otimizar o uso do espaço, da energia solar e dos recursos disponíveis. 

Arranha-céu horizontal acompanha as margens do Rio Amarelo e propõe solução para erosão do solo.
Crédito: eVolo

Para Pereira, o Urban Intercropping segue o conceito de fazendas verticais, uma abordagem que tem sido amplamente considerada como um dos caminhos promissores para o futuro dos grandes centros urbanos. “Essa ideia abrange desde o abastecimento de cidades até o combate à insegurança alimentar, promovendo uma alimentação mais saudável nos ambientes urbanos. Além disso, contribui positivamente para a sustentabilidade, aumentando a cobertura verde nas cidades, seja nos andares, fachadas ou coberturas dos edifícios”, explica o professor.

Pereira acredita que, do ponto de vista técnico, a viabilidade desse conceito é plenamente possível. “No entanto, o principal desafio parece estar na viabilidade financeira, que é fundamental para transformar essa ideia em um modelo de negócio sustentável”, pondera.

Streamline Concerto

Em segundo lugar, ficou o projeto Streamline Concerto, um arranha-céu horizontal concebido para acompanhar a forma sinuosa do Rio Amarelo, na China. Integrado ao ambiente natural, o projeto busca solucionar os desafios ecológicos do Planalto de Loess, com foco na recuperação do solo e da água da região.

Nas áreas de erosão do solo, durante a fase de restauração, é implantada uma barreira ecológica entre o Planalto de Loess e o Rio Amarelo para conter a perda de solo. Na etapa seguinte, de regeneração, o próprio Loess é reaproveitado como uma camada protetora contra tempestades de areia. Braços mecânicos são utilizados para escavar e reforçar habitações em cavernas nas encostas de Loess da barreira ecológica. No lado mais próximo do rio, são criados espaços habitacionais para a população, enquanto no lado voltado para o Planalto de Loess são instalados laboratórios dedicados à melhoria da qualidade do solo. Na fase de sustentabilidade, essa infraestrutura se reintegra à natureza, transformando-se em solo fértil e evoluindo para comunidades habitáveis em cavernas.

Ocean Lungs propõe a criação de um arranha-céu subaquático com 1 quilômetro de profundidade.
Crédito: eVolo

Já na região do "rio suspenso", a jusante, a fase de restauração começa com a construção de uma barreira ecológica entre a cidade e o Rio Amarelo, reduzindo o risco de inundações urbanas durante os períodos de cheia. Em seguida, o sedimento do rio suspenso é convertido em matéria-prima para a fabricação de materiais de construção por meio de impressão 3D, promovendo uma abordagem sustentável e inovadora.

Ocean Lungs

Em terceiro lugar, ficou o Ocean Lungs, do Egito. Este projeto propõe a criação de um arranha-céu subaquático com 1 quilômetro de profundidade, desenvolvido para eliminar o excesso de CO2 dos oceanos por meio das mais avançadas tecnologias de captura de carbono. 

De acordo com os responsáveis pelo projeto, o edifício foi criado para resolver duas questões: o aumento dos níveis de CO2 e a devastação dos recifes de corais, problemas que estão intrinsecamente relacionados. “Este edifício contaria com segmentos submersos em forma de esfera, envolvidos em membranas poliméricas de alto desempenho (como o polifenilsulfona - PPSU) e microporosas. Essas membranas permitiriam a passagem do CO2, mas permaneceriam impermeáveis ao sal e a outros minerais, funcionando como purificadores do oceano ao remover CO2 e outros poluentes”, informam os responsáveis pelo projeto.

Pereira aponta que não existe um histórico significativo desse tipo de construção, mas que já existem práticas que mostram como os artefatos de concreto lançados no mar facilitam a vida marinha, formando novos habitats e promovendo o crescimento de corais ao redor desses elementos. 

No entanto, o professor sinaliza que a construção subaquática enfrenta desafios técnicos consideráveis. “Neste ambiente, a pressão é extrema e muda toda a lógica física — não temos mais a gravidade vertical tradicional, e a estrutura precisa ser pensada de maneira completamente diferente. Embora a tecnologia atual não permita alcançar profundidades tão extremas como 3 mil metros, já temos plataformas de petróleo e outras instalações submersas que mostram que é possível construir em grandes profundidades no mar. Essas estruturas, sejam flutuantes ou ancoradas ao fundo, são exemplos de como a engenharia subaquática pode ser viável”, pontua.

Para Pereira, a ideia de deslocar pessoas para o fundo do oceano parece antinatural, considerando que o nosso habitat original é a superfície. “Por isso, vejo esse projeto como algo mais utópico, uma provocação conceitual. Talvez a construção subaquática se torne realidade apenas em um cenário extremo, como em um futuro de catástrofes climáticas que tornassem a superfície inabitável”, justifica.

Vertical Mega Region

Vertical Mega Region apresenta uma rede urbana interconectada em uma estrutura vertical inovadora.
Crédito: eVolo

O Vertical Mega Region recebeu uma menção honrosa na premiação e visa criar um espaço residencial e funcional em uma estrutura urbana vertical inovadora. 

Neste conceito, o Vertical Mega Region representa uma rede urbana interconectada, onde a infraestrutura de transporte e logística é compartilhada, os vínculos econômicos e industriais são fortes e tanto as pessoas quanto o capital se concentram em um único espaço integrado.

Para Pereira, este é um conceito que, na verdade, não é novo. “Ele remonta aos anos 70, com os movimentos arquitetônicos dos metabolistas japoneses e o Archigram, um movimento britânico de arquitetos que também explorava essa ideia. É algo que, como arquitetos, já discutimos há bastante tempo: a ideia de verticalizar arranha-céus que replicam o comportamento de uma cidade, ou seja, que mimetizam a dinâmica urbana. Isso não é algo recente e já existe há muito tempo. Agora, o que estamos vendo são novas interpretações desse conceito”, pontua.

O professor acredita que a verdadeira complexidade está em reproduzir a vida cotidiana urbana na dinâmica vertical de um prédio. “Afinal, a natureza das ruas urbanas é essencialmente diferente dos corredores de um edifício. Nas ruas, temos contato direto com o céu, a vegetação e diversas interações humanas e ambientais. Já os corredores de um prédio são um ambiente diferente por si só”, conclui.

Entrevistado

Augusto Pereira é professor na FAE Centro Universitário e na FAE Business School. É sócio fundador da M4Mais Arquitetura e Urbanismo, arquiteto e urbanista; doutor em Gestão Urbana; mestre em Gestão Urbana; master em Políticas Ambientais e Territoriais pela Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local pela Universidade de Ferrara, Itália (2012).

Contato: augusto.pereira@fae.edu 

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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Construção do primeiro hotel do mundo usando impressora 3D significa revolução na construção civil

Impressoras em 3D gigantes começam a erguer o hotel.
Crédito: Divulgação/Icon

O mundo da construção civil alcançou um novo marco com o projeto El Cosmico, o primeiro hotel do mundo construído com a tecnologia de impressão 3D, cuja obra já teve início e deve ser concluída em 2026. Localizado em Marfa, Texas (EUA), a iniciativa é fruto da colaboração entre a ICON, pioneira na tecnologia de impressão 3D, e o renomado escritório de arquitetura BIG (Bjarke Ingels Group).

Com um design inspirado nas formas orgânicas do deserto texano, o hotel une inovação arquitetônica e sustentabilidade. “O El Cosmico não só redefine o uso da tecnologia 3D na construção, mas também promove integração com o ambiente, garantindo funcionalidade e estética únicas”, explica Filipe Bender, arquiteto e especialista em inovação no setor. No total, estão sendo construídos 43 quartos e 18 casas residenciais. 

Concreto Lavacrete: fluidez para aplicação e cura rápida

A construção em 3D requer materiais específicos, como o concreto desenvolvido pela ICON, o Lavacrete, que possui alta fluidez para aplicação e cura rápida, permitindo a formação de camadas robustas que oferecem resistência estrutural e isolamento térmico.

“O Lavacrete é projetado para suportar cargas e garantir durabilidade, mesmo em condições climáticas extremas”, detalha Bender. Além disso, elementos internos, como divisórias e acabamentos, também são impressos, demonstrando a versatilidade da tecnologia, que não se restringe à construção das paredes.

Segundo Ballard, o concreto possui ótimo desempenho térmico e acústico, mostrando-se resiliente às ameaças climáticas e é quase imune às patologias que ameaçam concretos convencionais.

Impressão em 3D no Brasil: desafios e perspectivas

Embora países como Estados Unidos, China e Holanda estejam na vanguarda da construção 3D, o Brasil começa a explorar as possibilidades dessa inovação. Iniciativas experimentais já surgem em São Paulo, como projetos de habitação social e de infraestrutura.

Leia mais: Laboratório brasileiro planeja imprimir cozinha com tecnologia 3D

“A impressão 3D tem potencial para transformar a construção civil no Brasil, especialmente em regiões remotas onde o transporte de materiais é um desafio. Com ela, podemos imprimir estruturas diretamente no local, economizando tempo e reduzindo custos em até 30%”, ressalta o arquiteto.

No entanto, os desafios permanecem. O alto custo inicial das impressoras, a ausência de regulamentação específica e a resistência do mercado são barreiras para a adoção em larga escala. Apesar disso, Bender acredita que o Brasil tem capacidade para se tornar referência na tecnologia. “Precisamos investir em formação profissional e pesquisa, além de criar políticas públicas que incentivem o setor. Temos o cenário perfeito para isso: demanda por habitação social, busca por sustentabilidade e um mercado cada vez mais receptivo à inovação”, enumera.

Futuro promissor

Além das paredes, elementos internos, como divisórias e acabamentos, também são impressos, demonstrando a versatilidade da tecnologia.
Crédito: Divulgação/Icon

Com benefícios como redução de resíduos, maior velocidade na entrega e personalização, a impressão 3D aponta para um futuro sustentável e eficiente. Ferramentas como BIM e inteligência artificial podem integrar ainda mais essa tecnologia, permitindo a gestão de projetos complexos e desenvolvimento de materiais locais, como bioconcreto.

Enquanto o El Cosmico impressiona o mundo com sua arquitetura futurista e sustentável, o Brasil dá seus primeiros passos para aproveitar essa revolução. A integração entre inovação tecnológica e políticas estratégicas poderá posicionar o país como líder na construção 3D nos próximos anos.

Entrevistado
Filipe Bender é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), pós-graduado em Light Design e Interiores pela Universidade Positivo, com ampla experiência em projetos de interiores comerciais e residenciais, acompanhamento de obras, iluminação e marketing estratégico. Sócio de empresas referência no mercado, é fundador da Bender Arquitetura, Render Curitiba e IA Curitiba, unindo inovação, inteligência artificial e design. Também atua como supervisor de cursos no Centro Europeu.

Contato: filipebender@hotmail.com

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Ana Carvalho
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fib Symposium ReConStruct discute construções resilientes

Para Íria Doniak, o concreto é um material que se correlaciona de forma importante com os temas da sustentabilidade e da resiliência.
Crédito: fib Symposium ReConStruct

Entre 2010 e 2011, a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, foi atingida por um terremoto devastador, que destruiu o centro da cidade e resultou na demolição de centenas de prédios. Em resposta ao desastre, a cidade se reestruturou de forma ágil, implementando técnicas projetadas para resistir a abalos sísmicos e incorporando tecnologias inovadoras. Em novembro de 2024, Christchurch foi escolhida para sediar o evento fib Symposium ReConStruct – Resilient Concrete Structures, dedicado a discutir temas como construções resilientes, redução das emissões de carbono e design sustentável.

Construções resilientes

Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita da fib (2025-2026), que esteve presente no evento, relata que as recentes atividades sísmicas promoveram mudanças significativas no código de construção do país. “Pesquisas vêm sendo conduzidas constantemente para implementar desempenho no que diz respeito à resistência a sismos. Um dos trabalhos que mais me chamou a atenção é o estudo conduzido pela Universidade de Canterbury, ReCast Floors, um programa destinado a pesquisar o comportamento e a melhoria do desempenho de lajes pré-fabricadas, uma vez que a pré-fabricação em concreto é largamente utilizada no país devido às possibilidades de amortecimento nas ligações, que colaboram de forma positiva para a estrutura”, comenta.

Além disso, Íria aponta que o retrofit é outro tema relevante no que tange ao reaproveitamento das estruturas sempre que possível. “É um trabalho constante de investigação e pesquisa para endereçar as melhorias necessárias, tendo a resiliência como prioridade. É algo em constante movimento e que requer uma condução estratégica, com muita seriedade, bom senso e integração entre todos os envolvidos no processo.”

Concreto e construções resilientes

A presidente da Abcic ressalta que o concreto, em suas diferentes aplicações, é um material que se correlaciona de forma importante com os temas da sustentabilidade e da resiliência.

“Esse fato se deve a uma de suas principais características de desempenho: a durabilidade. É ela que suporta as variações climáticas ao longo do tempo ou das fases da vida útil de uma estrutura. Por essa razão, de forma global, é um tema que tem sido cada vez mais aprofundado, discutido e enfatizado, como no recém-publicado MC 2020 (Código Modelo das Estruturas de Concreto), lançado pela fib (The International Federation for Structural Concrete)”, relata Íria.

Íria também acredita que, indiscutivelmente, o concreto é e continuará sendo o material de construção mais utilizado no mundo, devido ao seu custo, aos critérios de desempenho e à disponibilidade de materiais em todas as regiões do planeta. Além disso, a presidente da Abcic pontua que, com os avanços tecnológicos, o concreto se tornará cada vez mais “verde” e inteligente em suas distintas formas de aplicação, o que inclui projeto e construção das novas estruturas, mas também avaliação (diagnóstico), acompanhamento e manutenção das estruturas existentes. “É consenso que precisamos atuar em ambas as situações”, defende.

Smart Concrete

Na opinião de Íria, a indústria da construção civil, de forma geral, está passando por uma importante transformação no mundo, na qual o concreto tem um papel relevante e deve ser utilizado cada vez mais de forma inteligente – o “smart concrete”.

“Isso envolve todos os stakeholders, que devem estar unidos e alcançar importantes consensos. É preciso respeitar a história e a cultura da construção civil dos distintos países. Por essa razão, ter referências internacionais é muito relevante, mas é necessário ter cuidados ao implementá-las sem a análise adequada para cada país. É pensar globalmente, mas agir localmente. Temos desafios importantes a serem superados, como a produtividade, a escassez de mão de obra que, devido às transformações sociais, começa a afetar o mundo todo, os impactos geopolíticos que alteram os custos dos insumos, a nova geração que muda contextos e realidades de mercado, as mudanças climáticas e a busca pela neutralidade de carbono. Enfim, a agenda é ampla e demandará muitos esforços de todos, de forma globalizada e permanente, nos próximos anos”, conclui Íria.

Entrevistada

Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita fib (2025-2026).

Contato

Assessoria de imprensa Abcic - sylvia@meccanica.com.br

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Fundação é uma das etapas mais importantes de edificações e que garante segurança e estabilidade

Fundação não é apenas o começo, mas a garantia de que a estrutura suportará o tempo e as adversidades.
Crédito: Concrebras

A etapa de fundação é um dos pilares mais importantes na construção civil, sendo responsável por transferir as cargas de uma edificação para o solo, garantindo segurança e estabilidade. Luiz Antoniutti, diretor-executivo da incorporadora AGL e especialista em geotecnia, destaca que o sucesso de uma obra começa com a análise detalhada do terreno e o planejamento adequado das fundações.

Antes de iniciar qualquer projeto, é imprescindível uma análise criteriosa do terreno. “Além das condições do solo, é preciso considerar fatores como topografia, presença de rios ou lençóis freáticos e possíveis sobrecargas nos terrenos vizinhos. Esses elementos podem impactar diretamente na escolha da solução de fundação”, explica Antoniutti.

Ele também ressalta que terrenos complexos podem inviabilizar projetos devido aos altos custos de adaptação. “É recomendável realizar sondagens antes mesmo da compra do terreno. Em algumas situações, o custo de obras geotécnicas pode superar o valor do próprio empreendimento”, alerta.

Tipos de fundações e suas particularidades

As fundações podem ser diretas, como sapatas, ou profundas, como as estacas. A escolha depende das características do solo e das cargas que serão aplicadas.

  • Fundações diretas: utilizadas em solos competentes próximos à superfície. São soluções mais econômicas, mas exigem que o solo suporte altas tensões diretamente.
  • Fundações profundas: necessárias quando o solo superficial é inadequado. As estacas são cravadas até atingir camadas mais resistentes ou até a rocha. Elas distribuem a carga ao longo de seu comprimento, garantindo segurança.

Cada tipo de solo exige estratégias específicas. Solos orgânicos, comuns em áreas alagadas, muitas vezes precisam ser removidos. Já solos argilosos ou arenosos podem demandar contenções mais robustas para evitar deslizamentos ou infiltrações.

Leia mais: Conheça os desafios e as soluções inovadoras da concretagem do Edifício Marena executada pela Concrebras

Na região central de Curitiba, por exemplo, é comum encontrar rochas próximas à superfície. Isso pode facilitar o uso de sapatas, mas também pode exigir escavações complexas. Cada caso requer um estudo personalizado para garantir a viabilidade técnica e econômica do projeto”, explica Antoniutti.

Testes e controle de qualidade

A garantia da qualidade das fundações passa por ensaios específicos, como provas de carga estáticas e dinâmicas. Esses testes simulam as condições máximas de trabalho e avaliam a resistência das estacas. “Os ensaios dinâmicos utilizam um golpe de martelo para medir a competência da estaca. Já as provas estáticas aplicam cargas progressivas para avaliar deformações. Ambas as metodologias são essenciais para validar a segurança da fundação”, detalha Antoniutti.

Além disso, o acompanhamento técnico durante a execução é indispensável. “A auditoria de um profissional capacitado assegura que as condições reais do solo correspondem ao que foi planejado. É um processo contínuo de validação e ajustes”, ressalta.

Jorge Christófolli, gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé, explica que nos blocos de fundação onde há necessidade do controle térmico na fase inicial de endurecimento, equipamentos automatizados de monitoramento das temperaturas internas são instalados no próprio canteiro de obra. “Desta forma são acompanhadas durante uma ou duas semanas até alcançar a fase de resfriamento contínuo”, aponta.

Leia mais: Controle de picos térmicos e lançamento do concreto foram desafios na concretagem do edifício One Tower

O papel do concreto na estabilidade das estruturas

Christófolli destaca que o concreto bem estudado e formulado adequadamente possui estabilidade química e mecânica como característica intrínseca, além de alta durabilidade. “A alcalinidade elevada protege as armaduras de aço e prolonga a vida útil das estruturas por mais de 100 anos”, afirma. A Concrebras, empresa do mesmo grupo da Cimento Itambé, adota medidas como resfriamento prévio do concreto e controle térmico automatizado em blocos de fundação, evitando futuras reações químicas expansivas prejudiciais​.

Obras emblemáticas como o Yachthouse by Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), ilustram os desafios e a expertise da Concrebras. Na construção de fundações para estruturas de grande porte, a empresa utilizou simulações matemáticas e aditivos de alta performance para controlar picos térmicos e assegurar a durabilidade. Essa abordagem inovadora reforça o compromisso com a qualidade e segurança​.

Leia mais: Concretagem do Yachthouse é finalizada pela Concrebras

Dessa forma, a fundação é a etapa que define a segurança e a longevidade de uma edificação. “Construir sem uma base sólida é comprometer todo o empreendimento. A fundação não é apenas o começo, mas a garantia de que a estrutura suportará o tempo e as adversidades”, assinala Antoniutti.

Com uma análise geotécnica detalhada e o uso de técnicas apropriadas, a construção civil pode continuar entregando obras cada vez mais seguras e eficientes. Afinal, o futuro das edificações começa, literalmente, no solo.

Entrevistados:

Luiz Antoniutti é engenheiro civil graduado pela Universidade Católica de Pelotas (RS), mestre em Geotecnia pela USP (Universidade de São Paulo) e MBA pela Fundação Dom Cabral. É fundador da In Situ Geotecnia e foi diretor no Brasil da multinacional holandesa Fugro Geotecnia. Foi presidente do Núcleo do Paraná e Santa Catarina da Associação Brasileira de Engenharia Geotécnica e Fundações e também professor de Mecânica dos Solos da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Desde 2015, é diretor-executivo da AGL Incorporadora.

Jorge L. Christófolli é engenheiro civil graduado pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP-SP), pós-graduado em Patologia das Construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Engenharia da Construção Civil pela UFPR. Recebeu o Prêmio Epaminondas Melo do Amaral Filho do Ibracon pelo Desenvolvimento do CAD (Concreto de Alto Desempenho). Participou no desenvolvimento do concreto CAD 90 (Recorde de fck no Brasil) e em obras como o Yachthouse By Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), com 81 andares, e do MON (Museu Oscar Niemeyer), entre outras obras importantes. Atualmente, é gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé.

Contatos:
luizantoniutti@agl.eng.br
jorge@cimentoitambe.com.br

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Saque do FGTS: entidades alertam para o desvio de funcionalidade do Fundo e a ameaça ao financiamento habitacional

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado para proteger o trabalhador em situações de desemprego e financiar a habitação popular, infraestrutura e saneamento, tem sido objeto de polêmica. Desde a implementação da modalidade saque aniversário, em 2019, que permite ao trabalhador retirar parte do saldo anualmente, mais de R$ 121 bilhões foram retirados do Fundo.

Entidades como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o Sinduscon-PR e o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) alertam para os riscos dessa prática, que compromete a sustentabilidade do FGTS e desvirtua sua função original.

Sem a preservação do FGTS como fonte de financiamento, déficit habitacional continuará crescendo.
Crédito: Envato

Instituído para estimular o consumo, o saque aniversário tem gerado preocupação entre especialistas e entidades do setor. Ao permitir que trabalhadores antecipem os valores de seus saldos por meio de empréstimos, essa modalidade reduz os recursos disponíveis para financiamentos habitacionais, afetando diretamente as famílias de baixa renda que dependem do FGTS para realizar o sonho da casa própria.

De acordo com dados da CBIC, a redução na utilização do FGTS para o programa Minha Casa, Minha Vida é expressiva: em 2020, 73% dos compradores usaram o fundo para a entrada do imóvel; em 2024, esse índice caiu para 30%. Essa queda evidencia como a modalidade saque-aniversário prejudica os objetivos fundamentais do FGTS.

A CBIC tem liderado essa discussão e aponta para o desvio de uso do fundo. “O conceito da antecipação do saque-aniversário é prejudicial, porque tira da liquidez R$ 35 bilhões a R$ 38 bilhões por ano. Isso representa cerca de 30% dos recursos hoje destinados a menos e, com a falta da cadeia de poupança, nós entendemos que esses recursos seriam ainda mais importantes para que pudesse abastecer aquela faixa de imóveis ao redor de R$ 350 mil”, observa o presidente da CBIC, Renato Correia.

O FGTS é um instrumento fundamental para financiar a construção de moradias populares e estimular a economia. Sem esses recursos, o setor perde capacidade de gerar impacto positivo na sociedade.

Impacto na habitação popular e no emprego

O impacto negativo do desvio de recursos do FGTS não se limita ao setor habitacional. Segundo a CBIC, desde 2019, a perda de recursos inviabilizou a construção de 580 mil moradias populares e a geração de 1,5 milhão de postos de trabalho. A construção civil, historicamente um dos principais motores da economia brasileira, enfrenta desafios crescentes para manter o nível de atividades e empregos.

Cenários desafiadores

As previsões para o próximo ano apontam para estabilidade no setor da construção, mas o cenário é desafiador. Marcos Kahtalian, vice-presidente de Banco de Dados do Sinduscon-PR, alerta que a alta na taxa de juros, a inflação e os custos crescentes da construção dificultam o crescimento do mercado imobiliário. “O FGTS está garantido, mas a demanda por crédito é muito maior do que a oferta. Em 2025, a construção deve ficar no mesmo patamar deste ano”, pondera Kahtalian.

Além disso, a elevação da Selic intensifica a competição entre ativos financeiros e imobiliários, tornando o crédito habitacional mais caro para o consumidor final. Essa conjuntura reforça a urgência de ampliar as fontes de financiamento para atender à crescente demanda habitacional.

Necessidade de ampliar o acesso ao crédito habitacional

Com o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) enfrentando restrições de recursos, é fundamental buscar alternativas para o financiamento imobiliário. Para entidades do setor, garantir a sustentabilidade do FGTS e ampliar o acesso a linhas de crédito habitacional são passos essenciais para atender às necessidades do mercado e fomentar a economia.

Sem a preservação do FGTS como fonte de financiamento, o déficit habitacional continuará crescendo, agravando desigualdades e comprometendo o desenvolvimento do país. Essa é uma das conclusões do manifesto divulgado pela CBIC e entidades parceiras. Assim, resgatar a finalidade original do fundo é um compromisso não apenas com o trabalhador, mas com o desenvolvimento sustentável do país.

Fontes:
Sinduscon-PR
Sindicato Nacional da Indústria da Construção Civil (SNIC)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) 

Contatos:dbarbara@sindusconsp.com.br
daniela.nogueira@fsb.com.br
ascom@cbic.org.br

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Setor da construção civil deve desacelerar em 2025, segundo CBIC

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) estima que o setor deve se consolidar com um crescimento de 4,1% em 2024. No entanto, para 2025, a expectativa é de desaceleração, com uma projeção inicial de expansão de 2,3%. Já o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) preveem um crescimento de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) da construção em 2025, ante os 4,4% estimados para 2024.

No Paraná, a previsão para o próximo ano é de estabilidade. “Há uma preocupação muito forte com a taxa de juros da economia brasileira, a tendência de alta também na inflação, o consequente aumento do custo de construção e, sobretudo, a dificuldade em obter mão de obra qualificada. Soma-se a esse cenário as incertezas quanto ao crédito habitacional, que não deve crescer em 2025 devido à escassez de funding, especialmente da Caderneta de Poupança”, pondera o vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR, Marcos Kahtalian.

Confira os fatores que devem influenciar o desempenho da construção civil em 2025:

Impactos do cenário internacional

No cenário externo, Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, destacou algumas preocupações e incertezas, como o novo governo nos Estados Unidos, as políticas da China, a guerra entre Ucrânia e Rússia, os conflitos no Oriente Médio e a oscilação nos preços das commodities, especialmente em função da nova política econômica americana.

Para Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, do ponto de vista dos custos e preços das commodities, o mundo enfrenta desafios cada vez maiores no campo da geopolítica. “A recente eleição de Trump, com promessas de uma política altamente protecionista, levanta questionamentos sobre como isso poderá impactar o crescimento econômico global e, consequentemente, os preços das commodities”, explica.

Tendências da economia nacional que impactam o setor de construção

Ieda destacou que, para 2025, pode-se esperar um menor dinamismo da economia. “A Pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central e divulgada em 06/12/2024, projetou alta de 2,0% do PIB Brasil para 2025, enquanto o incremento aguardado para 2024 é de 3,39%”, explica a economista.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a inflação. “A expectativa para a inflação é superior ao teto da meta inflacionária. O teto da meta para 2025 é o mesmo de 2024: 4,5%. 3% é o centro da meta, podendo variar 1,5% para cima, então temos o teto de 4,5%. Até agora as estimativas apontam que o IPCA aumentará 4,59% no próximo ano”, pontua Ieda.

Programa “Minha Casa, Minha Vida” deve ser um dos impulsionadores da construção civil em 2025.
Crédito: Envato

Ainda, outra questão é a taxa de juros em patamar muito elevado. “Em dezembro, tivemos o aumento de 1%, que já era esperado por uma menor parte do mercado financeiro, já que uma maioria aguardava uma alta de 0,75%. Mas o que chega a surpreender com muita força é a sinalização de mais duas altas de 1% na taxa Selic pelo Copom. Ou seja, ela poderá encerrar o primeiro trimestre de 2025 em 14,25%. Com isso, parte do mercado já começa a projetar juros entre 14,5% e 15% no fim do atual ciclo de alta. Isso aí certamente inibe planejamentos e iniciativas de novos lançamentos”, alerta Ieda. 

 “A inflação e os juros, com a elevação da taxa Selic, já começam a impactar diretamente o financiamento habitacional. Esse cenário tem reflexos significativos no mercado, especialmente em relação ao crédito imobiliário. Paralelamente, o mercado de trabalho segue aquecido, mas resta observar como esses fatores econômicos influenciarão o ritmo dos investimentos no setor.”, complementa Ana Maria.

Para o presidente da CBIC, Renato Correa, a taxa de juros é uma preocupação central para o setor. “Os recursos são divididos entre o financiamento à pessoa física e às construtoras. Quando há escassez, a tendência é priorizar a pessoa física, o que é fundamental para garantir que o cliente final tenha acesso ao crédito. No entanto, isso representa um aumento adicional nos custos. Quando precisamos recorrer a recursos de mercado para financiar a construção, essa despesa extra acaba sendo incorporada à conta”, alerta.

Correa destaca ainda que, no momento, o setor lida com uma soma de desafios: aumento nos custos de mão de obra, materiais, juros e na taxa Selic. “Além disso, pode ser necessário buscar alternativas de financiamento fora da caderneta de poupança e do FGTS, o que reduz ainda mais as margens das empresas. Com margens apertadas, as construtoras acabam recuando nos lançamentos. O empresário, ao fazer as contas, percebe que não é o momento de investir e prefere esperar até que o cenário se estabilize”, pondera.

Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, destacou que, no curto prazo, as taxas de juros elevadas não afetam diretamente as obras já contratadas. “No entanto, se houver um aumento significativo dos juros, os investimentos privados e as concessões tendem a ser adiados, o que pode resultar em uma desaceleração mais acentuada da atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Além disso, juros altos acabam concorrendo com a rentabilidade de novos investimentos”, ressaltou.

Mercado de trabalho 

Ana Castelo previu que, em 2025, a atividade do setor formal da construção deverá crescer, ainda como reflexo do recente ciclo de expansão, mantendo o mercado de trabalho do setor aquecido. “Em 2024, o mercado imobiliário permaneceu muito aquecido, com um volume significativo de vendas, o que, consequentemente, irá repercutir em novas obras, mantendo o mercado de trabalho aquecido em 2025”, afirma.

Um exemplo disso pode ser observado em Curitiba (PR). De acordo com o Sindicato da Construção Civil do Estado do Paraná (SindusCon-PR), o setor deve gerar 4.500 novas vagas de emprego na cidade em 2025. O órgão encomendou uma pesquisa sobre a intenção de contratação de mão de obra no setor da construção para o próximo ano. O levantamento, realizado pela Brain Inteligência Estratégica, envolveu 200 empresas paranaenses que atuam nas áreas de incorporação, obras públicas e prestação de serviços de engenharia.

Enquanto 31% das empresas manifestaram a intenção de aumentar o número de funcionários, 65% planejam manter o quadro funcional

Despesas das famílias

As despesas das famílias com obras e reformas apontam para uma desaceleração. “Em relação a essas despesas, que foram, digamos, uma surpresa positiva, ainda observamos sinais favoráveis. No entanto, dentro de um contexto mais desafiador, com desaceleração da atividade econômica, redução do consumo e aumento do custo do crédito, é provável que esse componente apresente uma desaceleração”, afirma Ana Maria.

Ritmo de lançamentos

De acordo com Ana Maria, uma mudança provável decorre justamente do cenário mais desafiador em relação ao financiamento para as classes média e alta. “O crédito para média e alta renda enfrentará mais dificuldades, tanto pela menor disponibilidade quanto pelo aumento do custo”, avalia.

Ieda lembra que o adiamento de lançamentos não impacta apenas o ritmo de 2025, mas também o de 2026 e 2027. “O desempenho da construção em 2025 já está condicionado pelos lançamentos realizados em 2023 e 2024. Quando os lançamentos de 2025 são prejudicados, isso afeta diretamente o ritmo da construção em 2026”, alerta.

Minha Casa, Minha Vida

Enquanto o crédito habitacional para os setores de média e alta renda da população deverá se contrair, o programa “Minha Casa, Minha Vida” deverá impulsionar o setor imobiliário no país, segundo Ieda e Ana Maria. “O MCMV deve se fortalecer como protagonista nesse cenário de negócios”, informa Ana Maria. 

No entanto, Renato destacou a importância de acompanhar o teto de preços do programa MCMV em relação aos custos crescentes. “Chega um momento em que o risco já não compensa o investimento. É preciso estar atento para, no momento certo, realizar os ajustes necessários e garantir a continuidade da produção”, aponta 

O presidente da CBIC também ressaltou a vigilância constante sobre essa correlação para evitar interrupções no programa. “Sempre que possível, contribuímos e sinalizamos quando é hora de ajustar os preços. Mas os números de lançamentos são o principal indicativo. É essencial monitorar tanto a faixa 1 quanto os financiamentos vinculados ao FGTS. Ambos precisam de atenção”, observa

Correa ainda destacou que os recorrentes aumentos nos custos de materiais, mão de obra e taxa de juros aceleram a necessidade de revisões no programa. “Um alerta que fazemos já para o início do ano é a necessidade de começar a avaliar essas questões, garantindo que o programa continue entregando resultados expressivos, como tem feito até agora”, conclui.

Investimento em infraestrutura

Os investimentos em infraestrutura realizados pelo setor privado devem continuar em alta. Contudo, há incertezas em relação aos investimentos públicos: enquanto os governos estaduais tendem a aumentar seus aportes, os do governo federal podem apresentar queda.

“Há muitas variáveis em jogo. Um novo ciclo eleitoral já está se desenhando, o que levanta dúvidas sobre o comportamento dos investimentos regionais. Muitos Estados, como São Paulo, por exemplo, já anunciaram orçamentos mais robustos de investimentos, mirando o ano eleitoral. Esse é um componente mais difícil de projetar, mas, sem dúvida, está no radar”, ressalta Ana Maria.

Em São Paulo, Estefan aponta que o plano de investimentos da Sabesp poderá gerar um aumento nas obras de infraestrutura.

Ieda, por sua vez, destacou que a infraestrutura está sendo impulsionada principalmente pelos investimentos privados já contratados.

Fontes
Marcos Kahtalian é vice-presidente do Banco de Dados do SindusCon-PR.
Ieda Vasconcelos é economista da CBIC.
Renato Correa é presidente da CBIC.
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre.
Eduardo Zaidan é vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
Yorki Estefan é presidente do SindusCon-SP.


Contatos

CBIC: ascom@cbic.org.br

Sinduscon-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br

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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Pesquisa mostra que 55% das rodovias apresentam condições insatisfatórias de pavimentação, sinalização e geometria

A Pesquisa CNT de Rodovias 2024, realizada pela Confederação Nacional do Transporte, avaliou mais de 110 mil quilômetros de estradas e 55% das vias apresentam condições insatisfatórias de pavimentação, sinalização e geometria. Este cenário reflete diretamente no número de acidentes, no custo operacional do transporte e na segurança dos usuários. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), parceira estratégica no monitoramento das rodovias, corrobora com o diagnóstico e aponta os desafios para reverter esse quadro.

Conforme o coordenador-geral de segurança viária da PRF, Jeferson Almeida, a infraestrutura rodoviária enfrenta limitações graves em trechos estratégicos, onde há grande concentração de veículos de carga.

"Esses pontos críticos comprometem a segurança viária e a eficiência logística, ressaltando a importância de intervenções urgentes", afirma Almeida. O mapeamento realizado pela PRF é essencial para guiar investimentos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e das concessionárias.

A pesquisa da CNT destaca também a desigualdade na qualidade das rodovias: enquanto trechos concedidos mostram avanços significativos, as estradas sob gestão pública continuam a sofrer com a precariedade. "Trechos reformados, especialmente os concedidos, apresentam pavimento em melhores condições, sinalização clara e dispositivos de proteção modernos", pontua Almeida. Ainda assim, a disparidade entre regiões desafia a integração nacional.

Whitetopping: a solução que ganha força no Brasil

Whitetopping apresenta benefícios como maior segurança de rolamento e menor necessidade de manutenção frequente.
Crédito: Envato

Uma das saídas para mitigar os problemas é a adoção de novas tecnologias de reforma, já implementadas em algumas vias. Segundo Almeida, o foco deve estar na aplicação de materiais que priorizem a segurança passiva. "Pavimentos de maior aderência, barreiras de contenção modernas e sinalizações retrorrefletivas são medidas eficazes que reduzem o impacto de falhas humanas no trânsito", explica.

Nesse aspecto, o whitetopping tem se destacado como uma tecnologia sustentável e econômica para a restauração de rodovias. A técnica consiste em sobrepor uma camada de concreto ao pavimento asfáltico deteriorado, aproveitando a base existente e reduzindo custos de reconstrução.

Em projetos como o da PR-280 no Paraná, o uso desse material proporciona maior durabilidade, com vida útil superior a 30 anos, e redução de emissões, já que elimina a necessidade de remoção de resíduos e transporte de novos materiais​

O sucesso do whitetopping em rodovias como a SC-114, primeira no Brasil a adotar a técnica, motivou sua aplicação em outros Estados, incluindo Paraná e Ceará. Além disso, a tecnologia apresenta benefícios extras, como maior segurança de rolamento, economia de energia com melhor visibilidade noturna e menor necessidade de manutenção frequente​.

A PRF participa ativamente na identificação de áreas críticas e no acompanhamento do impacto das reformas. Sob o conceito de Sistemas Seguros e alinhada à Visão Zero, a corporação reforça que as melhorias de infraestrutura devem caminhar em conjunto com ações educativas e fiscalização eficaz.

Desafios persistentes no modal rodoviário

Apesar dos avanços pontuais, o Brasil ainda enfrenta entraves estruturais no modal rodoviário. A Pesquisa CNT 2024 revelou que problemas de geometria, como curvas acentuadas e falta de acostamento, estão presentes em 61,8% das rodovias analisadas. Esses fatores ampliam o risco de acidentes e prejudicam o transporte de cargas e passageiros.

Almeida enfatiza a importância de rodovias bem projetadas e com manutenções periódicas. "Elas são determinantes para salvar vidas e reduzir custos operacionais", reforça. Contudo, a PRF aponta que o ritmo das melhorias é desigual, especialmente em regiões com menor densidade de tráfego, mas alta relevância econômica.

Caminhos para a transformação

Para a PRF, a solução dos problemas rodoviários brasileiros passa pela integração entre infraestrutura, fiscalização, veículos seguros e conscientização dos usuários. "O conceito de Sistemas Seguros propõe uma abordagem abrangente, onde todos os elementos do trânsito colaboram para minimizar o risco de sinistros graves", explica Almeida.

Além disso, a entidade defende um alinhamento mais estreito entre DNIT, concessionárias e órgãos de fiscalização. "Com ações baseadas na Visão Zero, podemos transformar nossas rodovias em ambientes mais humanos e resilientes, onde a vida é a prioridade máxima", conclui.

A Pesquisa CNT de Rodovias 2024 e as análises da Polícia Rodoviária Federal apontam a urgência de um reforço contínuo na infraestrutura viária brasileira. Combinando investimentos em tecnologia, planejamento estratégico e integração entre os atores do setor, o Brasil pode avançar rumo a um sistema rodoviário mais seguro e eficiente, essencial para o desenvolvimento econômico e social do país.

Fonte
Confederação Nacional do Transporte (CNT)

Entrevistado
Jeferson Almeida é coordenador-geral de segurança viária da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Contato:
imprensa@prf.gov.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
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Construções apostam em painéis que combinam concreto e isopor

Construir de forma mais rápida é o desejo de muitas construtoras – melhor ainda se puder combinar com conforto térmico e acústico, além de resistência. Algumas empresas no Brasil têm investido em uma tecnologia que traz painéis ou blocos que combinam concreto e isopor para construir, como forma de obter esses benefícios. 

Tecnologia com pré-moldados formado por duas placas cimentícias
Crédito: Dilvugação/Lightwall

Uma das empresas que faz isso no Brasil é a Lightwall, que trabalha com pré-moldados formado por duas placas cimentícias e EPS (isopor). Cada peça tem até 3 metros e sistema de encaixe macho-fêmea. “A composição do nosso painel é formada por um núcleo de concreto leve com o EPS. Temos o encaixe macho-fêmea que estará em todo o perímetro do painel e temos a possibilidade de ter a placa cimentícia nas extremidades ou não. Temos dois tipos de painéis: o primeiro é o SP, sem a placa cimentícia, e o segundo é o 2P, que tem placas cimentícias nas duas extremidades. A 2P é utilizada para obter um melhor desempenho térmico e acústico ou quando for fazer uma laje, porque ele tem maior resistência”, informa Diogo Araújo, engenheiro e CCO da Lightwall.  

Já o Grupo ICF trabalha com a tecnologia ICF (Insulated Concrete Forms), que utiliza blocos de isopor e concreto. 

Benefícios

De acordo com a Lightwall, esta tecnologia permite maior velocidade na obra, podendo ser utilizada em alvenaria e lajes.  Ainda, estes painéis estão de acordo com a NBR 15.575 - Norma de desempenho, garantindo um bom desempenho contra impactos. 

Outro benefício é a eficiência térmica e acústica, o que se dá pelo núcleo preenchido por concreto leve e EPS, que por ser isolante minimiza a troca de ruídos e calor com o ambiente externo. O mesmo acontece no caso do ICF.

“O ICF oferece isolamento térmico e acústico superior, além de ser uma alternativa mais rápida e econômica”, afirma João Felipe da Rocha, fundador e CEO do Grupo ICF. 

Araújo ainda destaca que o painel Lightwall é corta-fogo, aprovado pelo Corpo de Bombeiros e laudado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) São Paulo. “Com duas horas com um maçarico incandescente, chegando a 1.036 °C, houve uma transferência de calor de 90 °C do outro lado e o painel saiu intacto”, pontua Araújo.  

Flexibilidade e resistência

Rocha destaca que o ICF pode ser aliado ao ICFLEX, uma argamassa elastomérica bi-componente, enriquecida com fibras que traz flexibilidade e resistência ao revestimento. Este material foi criado para ser utilizado em paredes e tetos em ambientes internos e externos. Por ser altamente resistente, elimina a necessidade de chapisco e permite uma aplicação ágil e eficiente.

“Ao aliarmos estas duas tecnologias, conseguimos transformar ainda mais a qualidade e a durabilidade das nossas construções", destaca Rocha.

Instalações elétricas e hidráulicas

No caso do Lightwall, é necessário que o projeto seja compatibilizado com os painéis da marca. Elas podem ser embutidas na fabricação ou realizadas na própria obra, sendo fixadas até na parte externa dos painéis. 

“No caso em que a pessoa esqueceu de fazer a tubulação hidráulica, por exemplo, é possível fazer um rasgo no painel utilizando um disco de corte para madeira, colocar a tubulação e depois fazer um fechamento com argamassa ACIII, colocar um basecoat (preparador de bases para regularização de placas cimentícias) e uma tela”, explica Araújo.

Se for um projeto em grande escala, a recomendação é embutir a tubulação dentro do painel, segundo Araújo.

Custos

O ICF oferece isolamento térmico e acústico superior, além de ser uma alternativa mais rápida e econômica.
Crédito: Dilvugação/Grupo ICF

Segundo o Grupo ICF, o custo médio de construção com o ICF varia entre R$ 250,00 a R$ 400,00 por . “Levando em consideração os blocos de isopor e concreto, que embora sejam ligeiramente mais caros, oferecem benefícios como redução do tempo de construção, menor necessidade de manutenção e uma significativa economia de energia ao longo da vida útil do imóvel”, pondera Rocha.

Exemplos do uso das placas cimentícias com isopor

A Lightwall participou de um projeto chamado de Casa Piloto, de 46 m2, para habitação popular. “Ela foi desenvolvida há oito anos em nossa casa de fábrica. Nós a montamos em apenas três dias, com uma equipe de três pessoas, e a produtividade média deste pessoal foi de 65,27 m2/dia. Acreditamos que foi muito rápido para uma equipe que nunca teve contato com a tecnologia. Com isso, vimos que a tecnologia se encaixaria muito bem para a realidade do Brasil”, afirma Araújo. Depois disso, fizemos 4.000 casas em Rio Claro, no interior de São Paulo.

Outro projeto de Casa Piloto da Lightwall entrou na Faixa 2 do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Araújo explica que a tecnologia foi aplicada em todos os elementos, com exceção no telhado e churrasqueira.

Os painéis também podem ser usados para a construção de muros, eliminando custos com andaimes e equipamentos auxiliares, reduzindo também a mão de obra.

Ainda, Araújo também mencionou o emprego da tecnologia para construção de casas de alto padrão em Fernando de Noronha, tornando a solução interessante pela facilidade de transporte das placas (com peso variando entre 40 e 60kg/m²), reduzindo também os custos com o frete marítimo para a região.

Fontes

Diogo Araújo é engenheiro e CCO da Lightwall.  

João Felipe da Rocha é fundador e CEO do Grupo ICF, pioneiro na construção com iForms ICF no Brasil.

Contato

Assessoria de imprensa do Grupo ICF - airamassessoria@gmail.com
Lightwall - marketing@lightwallbrasil.com 

Jornalista responsável:
Marina Pastore - DRT 48378/SP
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Obras da Linha 2 do Metrô de Belo Horizonte foram iniciadas

Em setembro de 2024, tiveram início as obras da Linha 2 do Metrô de Belo Horizonte. Com uma extensão de 10,5 km e sete novas estações, a linha conectará a Estação Nova Suíça ao Barreiro, atendendo a regiões estratégicas como Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre e Ferrugem. A previsão é de que as operações se iniciem em 2029.

https://www.youtube.com/watch?v=Ksjxq-BdIOk

A Estação Amazonas será a primeira a ser construída, simbolizando um avanço significativo na melhoria da infraestrutura de transporte local. Além dessa obra da linha 2, até 2025, 10 das 19 estações da linha 1 serão modernizadas, e as outras nove, até 2026. No entanto, o Metrô BH e o Governo de Minas estudam antecipar diversos marcos do projeto. “O objetivo é levar melhorias e conforto ao usuário do sistema no menor tempo possível”, informa o Metrô BH.

A implantação da estação Novo Eldorado, a 20ª estação da Linha Laranja, com mais 1,6 km de via permanente, está prevista para 2026. O Metrô BH, empresa do Grupo Comporte, é a concessionária responsável pela modernização e expansão da Linha 1, bem como pela implantação da Linha 2 do serviço de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Com uma extensão de 10,5 km, a linha atenderá regiões estratégicas como Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre e Ferrugem.
Crédito: Metrô BH

De acordo com o Metrô BH, para realizar as inovações e implantações tanto da Linha 1 quanto da Linha 2, o investimento previsto da concessionária é de R$ 3,9 bilhões. Atualmente, o metrô de Belo Horizonte transporta 100 mil passageiros por dia.

Desafios da obra

O Metrô BH informou ao Massa Cinzenta que os principais desafios de uma obra desse porte envolvem a realização de intervenções no espaço urbano pré-existente.

Tecnologias

Atualmente, a previsão é de que 16 mil metros cúbicos de concreto sejam utilizados para a construção da Linha 2, segundo o Metrô BH.

O Metrô BH destaca também que, entre as inovações, está um novo sistema de Operação Automática do Trem (ATO) na fase final de implementação do sistema de sinalização, permitindo intervalos menores e maior regularidade entre as composições. Também será instalado um sistema de transmissão de dados de alta capacidade para maior controle operacional, além de câmeras de videomonitoramento com possibilidade de uso da tecnologia de reconhecimento facial e sistemas de contagem de passageiros e frequência dos trens.

“Além disso, os trens terão monitores com mapas digitais e informações úteis, proporcionando uma experiência moderna e eficiente aos passageiros”, ressalta o Metrô BH.

Fonte
Metrô BH, Empresa do Grupo Comporte, é a concessionária responsável pela modernização e expansão da Linha 1, bem como a implantação da Linha 2 do serviço de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

Contato: imprensa@metrobh.com.br 

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Construção civil deve encerrar com crescimento de 4,1% em 2024 e superar a média nacional do PIB

O ano de 2024 marcou um período de crescimento expressivo para a construção civil no Brasil. Segundo o IBGE, o setor cresceu 4,1% no acumulado dos três primeiros trimestres, superando a média nacional. Essa expansão foi impulsionada por programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, e pela retomada econômica pós-pandemia, que aqueceu o mercado imobiliário e de infraestrutura, conforme análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) e do Sinduscon-SP. “Do início da pandemia até agora, final do terceiro trimestre de 2024, o setor cresceu 21,2%. Mas nós ainda estamos distantes cerca de 16% em relação ao pico das nossas atividades, que foi alcançado lá no início de 2014”, afirma Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC.

Ano de 2024 foi marcado pela retomada e consolidação da construção civil brasileira.
Crédito: Envato

Durante coletiva do Sinduscon-SP, Ana Castelo, economista da FGV Ibre, afirmou que o crescimento da construção é robusto. “O setor voltou a ser um dos protagonistas da economia brasileira, com impactos diretos no emprego e na geração de renda”.

De acordo com o presidente do Sinduscon-SP, Yorki Estefan, o ano foi muito favorável para o setor da construção civil, mas também trouxe muitos desafios. “A gente encarou o desafio também da remuneração da folha gradual, da folha de pagamento, e temos o desafio ainda da votação da reforma tributária”, aponta.

Mercado de trabalho: novos empregos e remuneração competitiva

O setor também recuperou sua relevância no mercado de trabalho, alcançando 3 milhões de empregados formais, um crescimento de 4,7% em relação a 2023, segundo a CBIC. No Paraná, conforme dados do Sinduscon-PR, o número de trabalhadores formais chegou a 180 mil, com Curitiba concentrando 53 mil desses postos.

Entre janeiro e outubro de 2024, mais de 230 mil novas vagas formais foram criadas, com destaque para jovens entre 18 e 29 anos, que representaram cerca de 52% das novas contratações. O número total de trabalhadores com carteira assinada atingiu 2,978 milhões, equivalente ao nível de 2014. O salário médio de admissão em outubro foi de R$ 2.335,69, o segundo maior entre os setores econômicos, superando a média nacional de R$ 2.153,18.

Além do aumento na empregabilidade, os salários médios de admissão na construção civil ficaram acima da média nacional, alcançando R$ 2.335,00, refletindo a valorização do setor. “Esse dado surpreende quem não conhece a dinâmica da construção, que paga bem e oferece oportunidades”, destaca Ieda.

Mercado imobiliário e insumos: expansão acelerada

O mercado imobiliário registrou uma expansão expressiva em 2024. No Brasil, foram vendidas 292 mil unidades novas de janeiro a setembro de 2024, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2023, enquanto os lançamentos superaram 260 mil unidades, alta de 17%. De acordo com o Sinduscon-PR, em Curitiba, os lançamentos aumentaram 70%, totalizando mais de 11 mil unidades, enquanto as entregas subiram 40%, consolidando o avanço do setor.

O financiamento imobiliário também avançou: o FGTS financiou 516.207 unidades (alta de 28,1%) nos primeiros dez meses de 2024 em relação a igual período de 2023. Isso movimentou R$ 107,3 bilhões, um crescimento de 37,8%. Já o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) financiou 469.531 unidades (alta de 12,7%), somando R$ 154,1 bilhões (aumento de 22,6%).

Crescimento no consumo de cimento destaca aquecimento do setor

Um dos indicadores mais evidentes do crescimento do setor em 2024 foi o aumento expressivo no consumo de cimento. De dezembro de 2023 a novembro de 2024, foram vendidas 64,5 milhões de toneladas no mercado interno, um crescimento de 4% em relação ao período anterior.

Entre janeiro e outubro de 2024, o crescimento foi de 5,3% na produção de insumos típicos da construção. “Os números mostram o fortalecimento da cadeia produtiva. O aumento no consumo de cimento reflete o avanço de obras habitacionais e de infraestrutura em todo o país”, ressaltou Ieda.​

Desafios que se mantém para o setor

Apesar dos resultados positivos, o setor continua enfrentando desafios significativos, como a elevação da taxa Selic e a escassez de funding da caderneta de poupança, que devem dificultar o acesso ao crédito imobiliário, especialmente para classes média e alta. “Embora o FGTS continue a financiar habitações populares, a demanda por crédito supera a oferta, limitando a expansão do mercado”, alerta Marcos Kahtalian, vice-presidente de banco de dados do Sinduscon-PR.

Outro ponto crítico é o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que mede os custos da construção, que registrou alta de 6,34% nos últimos 12 meses, superando a inflação oficial de 4,87%. “A falta de mão de obra qualificada, o aumento dos custos e a elevação nas taxas de juros são fatores que merecem atenção e podem arrefecer o otimismo do setor”, analisa o presidente da CBIC, Renato Correia.

Há um clima de otimismo moderado. Segundo pesquisa do Sinduscon-PR, 60% das empresas pretendem lançar novos empreendimentos em 2025. A manutenção do dinamismo do Minha Casa Minha Vida e os investimentos em infraestrutura, especialmente em ano pré-eleitoral, podem sustentar o desempenho do setor.

Todas as entidades do setor concordam que 2024 foi um ano de retomada e consolidação para a construção civil brasileira, marcada por crescimento significativo e resultados expressivos. Contudo, a elevação dos custos e as incertezas econômicas apontam para um 2025 desafiador. Com o fortalecimento de programas habitacionais e a busca por maior qualificação da mão de obra, o setor se prepara para enfrentar os obstáculos e aproveitar as oportunidades do novo ano.

Fontes
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) 
Sinduscon-PR
Sinduscon-SP

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ascom@cbic.org.br
presidencia@sindusconpr.com.br
dbarbara@sindusconsp.com.br

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