Governo cataloga 150 mil unidades inacabadas do MCMV

Uma das prioridades do programa Casa Verde e Amarela é concluir as obras inacabadas de seu antecessor, o Minha Casa Minha Vida. Para isso, era necessário catalogar o volume de unidades que não tinham sido 100% executadas. Através do ministério de Desenvolvimento Regional, o governo federal chegou a esse número e estabeleceu como meta finalizá-las até 2022. Ao todo, há 150 mil unidades paralisadas.

Ministério de Desenvolvimento Regional assegura que já não ocorre mais nenhum atraso de pagamento em relação aos contratos do Minha Casa Minha Vida Crédito: MDR
Ministério de Desenvolvimento Regional assegura que já não ocorre mais nenhum atraso de pagamento em relação aos contratos do Minha Casa Minha Vida
Crédito: MDR

Destas, foram autorizadas a retomada de 50 mil, das quais 45 mil são em 1.895 municípios com população abaixo de 50 mil habitantes, em 23 estados. “São obras paradas desde 2018”, diz o secretário nacional de habitação do ministério do Desenvolvimento Regional, Alfredo Santos. Para cumprir esse objetivo, e ainda encaminhar as obras do MCMV que já estão em andamento, o ministério dispõe de 5 bilhões de reais.

Segundo o secretário, já não ocorre mais nenhum atraso de pagamento em relação a esses contratos. Quanto a novas contratações por meio do Casa Verde e Amarela, Alfredo Santos revela que é necessário que o programa seja aprovado pelo Congresso Nacional, onde 537 emendas já foram acrescidas à medida provisória encaminhada no final de agosto. Até que a votação avance na Câmara e no Senado, o governo faz apenas a gestão de contratos ligados ao Minha Casa Minha Vida.

A regra predominante, segundo determinação do ministro Rogério Marinho, é ampliar a oferta de habitações com menos recursos. “O Casa Verde e Amarela é um programa que leva em consideração a criatividade e a necessidade de utilizar os recursos com proficiência e cuidado. De tal maneira, que faremos muito mais com muito menos”, disse o ministro no lançamento do novo programa habitacional.

Próxima ação do Casa Verde e Amarela será atender favelas, palafitas e loteamentos informais

Por isso, a próxima ação do Casa Verde e Amarela, quando estiver efetivamente em operação, será atender a modalidade definida como UAP (Urbanização e Regularização de Assentamentos Precários). O objetivo é melhorar condições de moradia em favelas, palafitas e loteamentos informais. A UAP permite cinco tipos de intervenções: regularização fundiária, melhorias habitacionais, urbanização integral ou parcial e intervenção estruturante.

A modalidade vai operar em parceria com as prefeituras, que deverão indicar projetos com valor de financiamento entre 1 milhão de reais e 50 milhões de reais. O município que for atendido por uma UAP precisará aportar contrapartida de 5% do valor de investimento total. O governo federal espera atender até 2 milhões de moradias, já que o investimento para regularização fundiária e melhoria habitacional varia de 500 reais a 20 mil reais por habitação, enquanto que a construção de uma unidade habitacional dentro dos parâmetros da faixa 1 da MCMV custa, em média, 80 mil reais.

Com a regularização fundiária, o ministério de Desenvolvimento Regional pretende garantir o direito real sobre o lote das famílias, oferecer segurança jurídica e reduzir os conflitos fundiários em núcleos urbanos informais. Já a melhoria habitacional consiste na reforma e ampliação do imóvel, como construção de telhado, quarto extra, banheiro, instalações elétricas ou hidráulicas, colocação de piso e acabamentos em geral. Também poderão ser instalados equipamentos de aquecimento solar ou eficiência energética.

Entrevistado
Ministério do Desenvolvimento Regional (via assessoria de imprensa)

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imprensa@mdr.gov.br

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Europa é aconselhada a substituir asfalto por concreto nas estradas

O mais recente estudo da EUPAVE (European Concrete Paving Association [Associação Europeia de Pavimento de Concreto]) recomenda aos países-membros que, ao abrirem novas rodovias ou restaurarem as já existentes, optem pelo concreto em vez do asfalto. A sugestão está ligada às novas medições apresentadas pelo organismo, que mostram que 1 m2 de superfície de concreto, em comparação ao asfalto, ajuda a impedir a emissão de 22,5 kg de CO2 na atmosfera.

A análise diz ainda que o pavimento de concreto ajuda a minimizar a emissão causada pela indústria de cimento na Europa. “O concreto usado nas estradas compensa, em média, 45% do CO2 emitido pela mesma quantidade de cimento produzido nas fábricas”, afirma o relatório da EUPAVE intitulado “Estradas de concreto podem fortemente contribuir para a redução das emissões de CO do transporte rodoviário”. O estudo elenca outras vantagens relacionadas ao pavimento de concreto.

Entre elas, que em 1 quilômetro de uma rodovia asfaltada são necessários 20 postes de iluminação para que ela ofereça o mesmo nível de visibilidade de uma estrada com piso rígido. No pavimento de concreto, o trecho de 1 quilômetro requer 14 postes de iluminação. A EUPAVE se baseou em uma experiência realizada no Canadá. “A refletividade superior do concreto permite gerar economia nos custos de iluminação de ruas e rodovias. Em Quebec-Canadá, rodovias com pavimento de concreto geram economia de 30% a 35% no custo da iluminação pública”, cita o organismo europeu.

Uso de resíduos no pavimento rígido está em teste na Holanda, no Reino Unido e na Austrália

O estudo também avalia que o concreto é melhor para agregar resíduos em pavimentos, como borracha moída de pneus velhos, entulhos da construção e plástico reciclado. Pesquisa financiada pela Volvo Construction Equipment estima que até 2050 as rodovias e as avenidas espalhadas pelo mundo serão construídas em cima de conceitos rígidos de sustentabilidade. Por isso, precisarão incorporar resíduos em sua composição. Na Holanda, por exemplo, está em teste o PlasticRoad.

Rodovias europeias construídas com pavimento de concreto emitem bem menos CO₂ que as revestidas com asfalto Crédito: EUPAVE
Rodovias europeias construídas com pavimento de concreto emitem bem menos CO₂ que as revestidas com asfalto
Crédito: EUPAVE

Trata-se de plástico reciclado agregado a placas pré-moldadas de concreto para a construção de estradas modulares. O primeiro trecho foi instalado em 30 metros de uma ciclovia em Zwolle, cidade localizada no leste holandês. A expectativa é de que em 5 anos a mesma tecnologia possa ser transferida para as estradas, trazendo a construção industrializada e os pré-fabricados definitivamente para dentro da engenharia de rodovias.

Outra tecnologia em desenvolvimento avança no Reino Unido, em uma pesquisa em conjunto entre as universidades de Bath, Cardiff e Cambridge. O objetivo é construir estradas do futuro com concreto autocicatrizante, a fim de estender a vida útil de um pavimento para além de 50 anos. As projeções são de que a economia gerada pela baixíssima manutenção reduziria o custo de uma rodovia em até 50%.

Na Austrália, pesquisadores da RMIT University, localizada em Melbourne, estão focados no desenvolvimento de outra tecnologia que possa ser agregada ao pavimento de concreto. Ela envolve resíduos de pneus e entulhos da construção civil. O objetivo é criar um pavimento urbano alternativo para ruas onde predomina o tráfego de veículos leves.

Veja vídeo da EUPAVE sobre pavimento de concreto

Entrevistado
EUPAVE (European Concrete Paving Association [Associação Europeia de Pavimento de Concreto]) (via assessoria de imprensa)

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info@eupave.eu

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Paredes de concreto chegam aos projetos de edifícios altos

Recente webinar promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) mostra que a tecnologia de paredes de concreto é uma alternativa viável para projetos de edifícios altos. Em Brasília-DF, um prédio com mais de 20 pavimentos foi inaugurado no 1º semestre de 2020. Em Balneário Camboriú-SC, está em construção a maior edificação do país a utilizar o sistema. O empreendimento terá 50 pavimentos e 160 metros de altura.

Edifício em Santa Catarina será o maior do Brasil construído com a tecnologia de paredes de concreto: fôrmas trazidas da Coreia do Sul reduzem tempo de concretagem em 20% Crédito: S-Form
Edifício em Santa Catarina será o maior do Brasil construído com a tecnologia de paredes de concreto: fôrmas trazidas da Coreia do Sul reduzem tempo de concretagem em 20%
Crédito: S-Form

O uso de paredes de concreto cresceu no Brasil movido pelo Minha Casa Minha Vida. Até 2019, 65% dos projetos destinados ao programa utilizavam a tecnologia. Hoje, ela está incorporada também na construção de casas de alto padrão e agora chega aos prédios altos. A evolução dos sistemas de fôrmas e a qualidade do concreto autoadensável produzido no Brasil é que permitem esse avanço, analisam os participantes do webinar.

Segundo Rubens Monge Silveira, gerente de edificações da ABCP, a tecnologia não é nova no Brasil. “Foi usada pontualmente nos anos 1980, mas o Minha Casa Minha Vida o transformou em um modelo muito relevante”, diz. O engenheiro civil também destaca a evolução do sistema. Principalmente, por causa das atualizações das normas técnicas ligadas à industrialização do concreto  e o surgimento da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575).

É importante destacar também o desenvolvimento de produtos e soluções específicas para o sistema construtivo, como kits hidráulicos e elétricos, esquadrias que podem ser instaladas antes da concretagem e a evolução das fôrmas. Parte desse avanço se deve ao grupo Paredes de Concreto - criado dentro da ABCP, em 2010 -, cuja missão é propagar as vantagens da tecnologia, que são:

- Rapidez de execução.
- Reduz uso de mão-de-obra.
- Custos globais mais baixos.
- Ótimo desempenho.
- Não gera entulho.
- Sistema industrializado.
- Produção em escala.

Concreto autoadensável e tecnologia de paredes de concreto são indissociáveis

No caso do edifício em Balneário Camboriú, a inovação está no sistema de fôrmas trazido da Coreia do Sul. Conhecida como Gang Forms (Fôrmas Trepantes) a tecnologia reduz em 20% o tempo para concretagem de cada pavimento e resulta em paredes de concreto espelhadas, ou seja, sem rebarbas ou riscos de desalinhamentos milimétricos entre um andar e outro. Com o uso de concreto autoadensável, o equipamento permite subir um pavimento a cada 3 dias, em média. Isso no caso de edifícios altos, pois em projetos T+3 ou T+4 (térreo mais 3 pavimentos ou térreo mais 4 pavimentos) é possível avançar um andar por dia.

Segundo Jairo Abud, presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) concreto autoadensável e tecnologia de paredes de concreto são indissociáveis. O dirigente também justifica o crescimento do sistema construtivo. “O autoadensável é um concreto sofisticado que proporciona alta produtividade, o que compensa a diferença de valor para o concreto convencional. Por isso, toda construtora que passa a utilizar paredes de concreto não retorna mais para sistemas tradicionais de construção, como a alvenaria”, diz.

Outro quesito que amplia a demanda pelo sistema está relacionado ao custo dos aditivos, que caiu significativamente nos últimos anos. A produtividade de bombeamento também aumentou a competitividade do autoadensável. Além disso, seu uso exige uma quantidade menor de mão de obra, desde que bem treinada. Esse elenco de vantagens fez o sistema de paredes de concreto chegar aos projetos de edifícios altos no Brasil.

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Paredes de concreto”, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)

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Concreto projetado possibilita túneis com grandes vãos

Considerado uma das sumidades mundiais em engenharia de túneis, o brasileiro David Oliveira palestrou recentemente no 62º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto). O evento aconteceu virtualmente por causa da pandemia de COVID-19 e, em sua exposição, o professor-doutor, que atualmente trabalha na Austrália, falou sobre a aplicação do concreto projetado reforçado com fibras de aço em túneis com grandes vãos.

Em Sydney, a maior cidade australiana, a tecnologia permite que novos complexos rodoviários tenham túneis com vãos de até 34 metros. “Ao estudar a geologia dos maciços rochosos, optou-se pelo revestimento primário e secundário com concreto projetado nessas obras”, diz David Oliveira. O processo aumenta a produtividade em túneis que utilizam a tecnologia de escavação conhecida como New Austrian Tunneling Method (NATM) e garante maior ductibilidade às paredes rochosas.

Na Austrália, a opção pelo uso do concreto projetado com fibras de aço também tem crescido por ser uma operação mecanizada e que requer um número bem menor de mão de obra, expondo os trabalhadores a poucos riscos. O presidente do IBRACON, o professor-doutor Paulo Helene, que acompanhou a palestra de David Oliveira, disse que a tecnologia seria muito bem-vinda no Brasil, principalmente para acelerar as obras subterrâneas do metrô de São Paulo-SP e em outras metrópoles do país.

David Oliveira recomenda, porém, que se faça um estudo criterioso da geologia da rocha por onde irá passar o túnel, a fim de que o concreto projetado com fibras de aço possa ser utilizado sem nenhum risco. Principalmente se forem detectadas fraturas no maciço rochoso. Neste caso, explica, é feita a ancoragem com tirantes de aço perfurando pontos estratégicos da rocha, para garantir estabilidade. O professor-doutor revela que há softwares que facilitam esse tipo de estudo e asseguram ações mais precisas.

Em maciços rochosos estáveis, tecnologia é a mais barata e mais rápida para suportar túneis

Quando os maciços rochosos são estáveis, o uso de concreto projetado com fibras de aço é o sistema com menor custo e mais rápido para assegurar suporte ao túnel. “É óbvio que a seleção do suporte principal para a construção de um túnel requer planejamento cuidadoso e meticuloso. Mas quando pensamos em rapidez e em um suporte leve, o concreto projetado é a melhor opção”, revela o palestrante.

Entre os cases citados por David Oliveira está um túnel com junção em Y, que está em construção em Sydney, e que ficará pronto até 2022. De ponta a ponta, a escavação poderia abrigar um Boeing 737-300. “Em Sydney, por causa da boa qualidade da rocha, nosso foco está em dar suporte aos túneis com concreto projetado”, completa o engenheiro civil, com mais de 20 anos de experiência em estudos geológicos e escavações de túneis.

Nos anos 1950, a Austrália foi o primeiro país a usar o concreto projetado em obras de infraestrutura. O material é ideal para as seguintes intervenções:

- Revestimento de túneis e minas.
- Estabilização de taludes e encostas.
- Concretagem em áreas de difícil acesso ou muito altas.
- Execuções que não exigem fôrmas.
- Acabamentos arquitetônicos.
- Base para piscinas, obras de saneamento básico e paredes de retenção.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Concreto projetado com fibras para revestimento de túneis: mitos e verdades”, do professor-doutor David Oliveira, no 62º Congresso Brasileiro do Concreto

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Nos EUA, mobilização impede demolição de prédio em concreto aparente

Burroughs Wellcome: agregado fino de calcário dá textura especial ao concreto aparente usado no prédio de quase 50 anos Crédito: Foundation Paul Rudolph
Burroughs Wellcome: agregado fino de calcário dá textura especial ao concreto aparente usado no prédio de quase 50 anos
Crédito: Foundation Paul Rudolph

A edificação tem 1.143 m2 e a licença para a demolição foi conseguida pelo novo proprietário do prédio - a empresa de biotecnologia United Therapeutics - por causa do excesso de amianto no revestimento do piso e do teto do Burroughs Wellcome. Atualmente, materiais de construção com amianto estão banidos dos Estados Unidos e qualquer obra antiga que possua o elemento precisa se livrar dele sob pena de multas milionárias.

Engenheiros civis e arquitetos de grupos de preservação arquitetônica nos Estados Unidos se reuniram para apresentar soluções que permitam ao Burroughs Wellcome passar por um retrofit, livrando-o da demolição. Como o prédio é propriedade privada, a legislação da Carolina do Norte não permite que ele possa ser reconhecido como patrimônio cultural. Essa é uma prerrogativa apenas de edificações públicas no estado.

No Brasil, principal representante da arquitetura brutalista é Oscar Niemeyer

O Burroughs Wellcome, juntamente com o prédio da Escola de Arquitetura e Arte da Universidade de Yale - também nos Estados Unidos -, está entre as duas obras mais representativas de Paul Rudolph. Formado no Instituto Politécnico do Alabama, e com especialização na Escola de Design de Harvard, o arquiteto foi seguidor de Walter Gropius, que se formou na escola de arte vanguardista da Alemanha, a Staatliches Bauhaus - berço da arquitetura brutalista.

O movimento brutalista surgiu entre os anos 1950 e 1960. O propósito original era tornar o projeto e a construção mais baratos e acessíveis à população. O conceito que prevalece até hoje é deixar exposta a parte estrutural das edificações feitas em concreto armado, principalmente vigas e pilares. Daí o termo concreto aparente. No Brasil, o principal representante dessa escola é Oscar Niemeyer, com mais de 500 obras espalhadas pelo mundo.

Já Paul Rudolph usou a arquitetura brutalista principalmente na construção de residências, edifícios públicos e prédios de universidades. Além dos Estados Unidos, ele tem um volume grande de projetos assinados em Cingapura.

Entrevistado
Fundação Paul Rudolph (via assessoria de imprensa)

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office@paulrudolphheritagefoundation.org

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Pandemia acelera inserção de novas tecnologias em EPIs

Os equipamentos de proteção individual (EPIs) usados na construção civil não serão mais os mesmos após a pandemia de COVID-19. Muitas tecnologias foram aceleradas para dar mais proteção aos trabalhadores. Algumas estão diretamente ligadas a questões de saúde e outras priorizam a produtividade de quem atua no canteiro de obras.

O capacete é o que tem agregado inovações mais rapidamente. No campo da segurança, o EPI ganhou halos (aros de luz) que facilitam a visualização em empreitadas noturnas. Já é realidade também o capacete inteligente. Específico para engenheiros de obras, possui recursos 4D e possibilita visualizar em tempo real detalhes de projeto concebidos na plataforma BIM.

Os avanços tecnológicos se estendem às roupas. Tecidos resistentes, que aumentam a proteção da pele contra alergias dermatológicas, infecções virais e bacteriológicas, começam a ser testados, assim como luvas que mudam de cor quando em contato com substâncias tóxicas.

Outra novidade é a acoplagem dos EPIs a softwares de produtividade. Isso transforma os drones em “mestres de obras do futuro”. Os equipamentos de proteção individual enviam dados aos drones, que conseguem rastrear o trabalhador dentro do canteiro de obras e verificar a execução correta da tarefa. Os softwares registram as informações e compartilham com a equipe de engenheiros de obras.

Essas tecnologias emergentes, que colocam a construção civil na rota da indústria 4.0, não surgem para mudar apenas a forma de trabalhar. A variedade de dispositivos acoplados ao canteiro de obras irá modificar também os trabalhadores do setor. Saem a destreza e as habilidades físicas e entra o conhecimento técnico para operar máquinas digitais e compartilhar tarefas com robôs.

Veja o que ainda precisa evoluir e o que avança rapidamente

A pandemia trouxe uma nova realidade para a construção civil. A obrigatoriedade da máscara no ambiente de trabalho mostrou que o uso em tarefas que exigem esforço dificulta a respiração, cria desconforto à região das orelhas por causa do uso contínuo e embaça os óculos de proteção, o que afeta o desempenho da tarefa. A solução virá através dos chamados tecidos inteligentes, cuja finalidade é oferecer proteção conjugada com conforto.

Na área da Internet das Coisas (IoT), os avanços já são visíveis. A tecnologia permite dividir o canteiro de obras em áreas de atuação e de risco. Através de leitores de QR Code, o acesso a determinados locais pode ser liberado ou vetado para o trabalhador. A IoT também desburocratiza o controle de EPIs. Com um simples escaneamento é possível saber se o equipamento está dentro de seu prazo de validade ou requer manutenção ou troca.

Os países mais avançados na inserção de tecnologias nos equipamentos de proteção individual são Reino Unido, China, União Europeia, Índia, países árabes, Austrália, Estados Unidos e Canadá. No Brasil, a burocracia ainda é um obstáculo às novidades. A certificação para o uso de novos EPIs precisa da autorização da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPT), vinculada ao ministério da Economia.

Entenda como funciona o capacete inteligente e sua conexão com projetos na plataforma BIM

Capacetes com halo ampliam a segurança em empreitadas noturnas

Drones acoplados a softwares de produtividade serão os “mestres de obra” do futuro

Entrevistado
Reportagem com base em análise da PlanGrid, desenvolvedora de softwares de produtividade para a construção civil

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Venda de imóveis novos supera período da pré-pandemia

Pequenas, médias e grandes construtoras alcançaram em agosto resultados melhores que os registrados em fevereiro de 2020, no período anterior ao da pandemia de COVID-19. As empresas com faturamento até 9 milhões de reais viram suas vendas crescerem de 39% para 80%. Já as com faturamento entre 9 milhões de reais e 100 milhões de reais tiveram um salto de 68% para 92%. Melhor ainda tem sido o desempenho das que faturam acima de 100 milhões de reais. Para essas, o crescimento saiu de 84% para 97%, na comparação entre o final de fevereiro e os números de agosto.

Imóveis que tenham varanda que possam abrigar um home office são os preferidos pelos compradores  Crédito: Pinterest
Imóveis que tenham varanda que possam abrigar um home office são os preferidos pelos compradores
Crédito: Pinterest

O público que mais tem procurado imóveis novos é o que possui renda familiar entre R$ 7.875,01 reais e R$ 13.492,00 reais. Esse comprador revelou uma mudança de hábito na escolha de sua nova residência: não dispensa a varanda com multifunções, e que possa abrigar, inclusive, um home office. É o que mostra a 4ª rodada da pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, que desde março analisa o comportamento do mercado imobiliário ao longo da pandemia. “Devemos esse crescimento ao fato de que as pessoas, obrigadas a ficarem reclusas em casa, começaram a ver a necessidade de mudança de imóvel”, avalia o economista Fábio Tadeu Araújo, que coordena o estudo.

De acordo com o levantamento, que ouviu consumidores nas cinco regiões do país, em agosto, 40% dos entrevistados manifestaram a vontade de adquirir apartamentos ou casas novas. Desse percentual, 32,5% já estavam no mercado à caça de oportunidades. Com isso, a intenção de compra atual está perto de retornar ao patamar pré-pandemia, quando o indicador estava em 43%. Os dados da pesquisa também mostram que 15% dos entrevistados apontaram que o isolamento interferiu no estilo de imóvel desejado. Por exemplo, 19% responderam que não comprariam uma unidade sem varanda.

Disposição dos bancos privados em baixar juros do crédito imobiliário reforça bom momento do mercado

Outro estudo que vai ao encontro do que detectou a 4ª rodada da pesquisa da Brain Inteligência Estratégica é o realizado pelo Banco BTG Pactual. Os analistas da instituição financeira entendem que o cenário positivo para as construtoras brasileiras está ainda mais reforçado, principalmente depois que os bancos privados decidiram competir com a Caixa Econômica Federal pela oferta de crédito imobiliário com juros baixos. A mais recente iniciativa foi do Itaú Unibanco, que anunciou uma nova linha atrelada à remuneração da caderneta de poupança.

O financiamento corresponderá ao rendimento da poupança mais uma taxa anual de 3,99%, totalizando 5,39% ao ano. “Esse é de longe o financiamento mais barato que já vimos no Brasil, o que é definitivamente uma notícia positiva para o setor”, afirmaram Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, autores do relatório divulgado pelo BTG Pactual. Os autores do estudo também entendem que, apesar do impacto causado pela pandemia, as construtoras tendem a fechar 2020 com solidez. “Acreditamos que as construtoras aproveitarão um ano sólido, com maiores vendas e crescimento da lucratividade”, finalizam.

Assista ao vídeo da Brain Inteligência Estratégica

Entrevistado
Reportagem com base na apresentação da 4ª rodada da pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, sobre o comportamento do mercado imobiliário na pandemia

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contato@brain.srv.br

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Aprisionamento de CO₂ pelo concreto atrai gigantes globais

Bill Gates , cofundador da Microsoft, abriu o caminho. O segundo homem mais rico do mundo tornou-se sócio da norte-americana CarbonCure, cuja especialidade é coletar o CO2 das indústrias, tratá-lo e vendê-lo para a construção civil, a fim de que o gás seja injetado no concreto e aprisionado. Agora é a gigante japonesa Mitsubishi Corporation quem adota a mesma estratégia, e vai além. A empresa iniciou pesquisa para conseguir injetar CO2 no concreto em estado fresco.

Atualmente, o aprisionamento de CO₂ pelo concreto é obtido em ambiente controlado e usado na indústria de pré-fabricados  Crédito: UCLA/CO2Concrete
Atualmente, o aprisionamento de CO₂ pelo concreto é obtido em ambiente controlado e usado na indústria de pré-fabricados
Crédito: UCLA/CO2Concrete

Hoje, a tecnologia se restringe à indústria de pré-fabricados de concreto. Em ambiente controlado, o CO2 é injetado dentro das fôrmas de moldagem e absorvido pelo material. O novo desafio é fazer com que o gás seja retido pelo material quando for lançado da betoneira diretamente na obra. A pesquisa, em parceria com a organização árabe Desenvolvimento de Nova Energia e Tecnologia Industrial (NEOM em inglês [New Energy and Industrial Technology Development Organization]) vai buscar cristalizar o CO2 para aprisioná-lo no concreto antes que ele endureça.

De acordo com os envolvidos no projeto, o sucesso da pesquisa pode baratear e disseminar o aprisionamento de CO2 no concreto. Só no Japão, a expectativa é que a tecnologia permita capturar 3 milhões de toneladas de gás carbônico por ano, o que equivale à emissão de 700.000 veículos que utilizam derivados de combustíveis fósseis em seus motores. No entender da NEOM, seria também um sinal claro da indústria da construção civil de que ela está comprometida com temas ambientais e de despoluição.

Até 2030, expectativa é que aprisionamento de CO2 pelo concreto atinja 40%

Segundo o instituto de pesquisa britânico Chatham House, o concreto é fonte de 8% das emissões mundiais de CO2. Supera combustível de aviação (2,5%) e não está muito atrás do que é gerado pelo agronegócio global (12%). São dados que levam as concreteiras norte-americanas a se interessarem cada vez mais pelo aprisionamento. Atualmente, 225 empresas são parceiras da CarbonCure. O problema é que a tecnologia consegue reter apenas 7% do gás injetado no material, após o endurecimento. É pouco diante do volume de concreto consumido pelos Estados Unidos. Em 2019, a indústria da construção civil do país usou 370 milhões de m3. Vale lembrar que EUA e China são os maiores emissores de CO2 do planeta.

Se a pesquisa financiada pela Mitsubishi Corporation for bem-sucedida, a expectativa é que o percentual de aprisionamento pelo concreto atinja 40%. Os resultados devem começar a chegar ao mercado em 2030. Para Jeremy Gregory, diretor-executivo da Concrete Sustainability Hub, que atua em parceria com o Massachusetts Institute of Technology, a tendência é que todas essas iniciativas de aprisionamento de CO2 pelo concreto acabem em uma fusão de ideias, para que surja uma tecnologia consolidada no futuro. “Não vejo uma única tecnologia revolucionária, mas uma combinação de coisas”, diz. A prova é que existem outros estudos em cursos, como a da também norte-americana Blue Planet. A linha da pesquisa é conseguir reter o gás em areia sintética, e usá-la como agregado do concreto.

Entrevistado
Organização de Desenvolvimento de Nova Energia e Tecnologia Industrial (NEOM em inglês [New Energy and Industrial Technology Development Organization]) (via assessoria de imprensa)

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media@NEOM.com

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Mercado de caminhão-betoneira cresce mais de 70% em 2020

Dados da ANFIR (Associação Nacional de Fabricantes de Implementos Rodoviários) mostram que, em 2020, a venda de caminhões-betoneira no Brasil já cresceu 70,9% na comparação ao mesmo período de 2019. O levantamento compreende os meses de janeiro a agosto, quando foram emplacados 492 veículos para o transporte de concreto. O segmento é o 3º com maior volume de negócios no setor de implementos rodoviários. Fica atrás apenas de silos e tanques inox, que cresceram 141,67% e 123,33%, respectivamente.

Os números dos 8 meses de 2020 já superam o volume de vendas de caminhões-betoneira para o mercado nacional, em 2019. Ao longo de todo o ano passado, foram fabricadas 568 unidades, das quais 470 foram emplacadas no Brasil e as demais exportadas. Na época, esse número de emplacamentos foi muito comemorado pelos fabricantes, pois representou crescimento de 169% nas vendas, em comparação com 2018, quando o sistema RENAVAM (Registro Nacional de Veículos Automotores) apontou o registro de 175 caminhões-betoneira.

Aumento do concreto dosado em central em obras residenciais impacta diretamente na venda de caminhões-betoneira Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Aumento do concreto dosado em central em obras residenciais impacta diretamente na venda de caminhões-betoneira
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Em 2019, também chegou ao mercado brasileiro a betoneira ultraleve, que permite carregar 1  de concreto a mais que os equipamentos convencionais. Um ano após seu lançamento, o modelo em aço inox já vendeu 20 unidades no país e há encomendas do Uruguai, Chile e Argentina.

O bom desempenho dos negócios envolvendo caminhões-betoneira se deve a duas razões: às obras da construção imobiliária, que não paralisaram na pandemia - pelo contrário, o ritmo acelerou por causa de novos lançamentos - e ao aumento do volume de concreto dosado em central nas construções residenciais. Além disso, parte das empresas fornecedoras de concreto investiu na renovação da frota. Para Norberto Fabris, presidente da ANFIR, o segmento de betoneiras é um retrato de que a construção civil tem papel preponderante na recuperação do país. “A economia brasileira já dá sinais de reação”, complementa.

Impacto da pandemia no setor de implementos rodoviários será bem menor que o esperado

Somados todos os implementos rodoviários, os números do setor ainda estão em retração. Porém, são bem menores que os esperados quando a pandemia começou a afetar o desempenho econômico. De janeiro a agosto, segundo a ANFIR, o volume de emplacamentos atingiu 73,7 mil unidades ante 78,6 mil no mesmo período de 2019. Isso representa recuo de 6%. Mas a indústria tem a expectativa de emplacar 114 mil equipamentos em 2020. Se for confirmada, representará queda de 5% em relação ao comercializado no ano passado.

Além do segmento de caminhões-betoneira, as linhas de implementos rodoviários que já registram variação positiva nas vendas são basculante, canavieiro, carrega-tudo, silo, tanque inox e baú lonado. “A crise econômica ainda existe, mas o mercado está buscando maneiras de se recuperar, com o auxílio das diversas medidas tomadas pelo governo federal“, diz Fabris.

Desde 2018, o mercado de reforma de balões-betoneira também vem crescendo. Os números mais atuais são de 2019 e, em dois anos, esse segmento cresceu 330%. O custo para a reforma do equipamento que transporta o concreto costuma ser 50% menor que o da compra de um caminhão-betoneira novo.

Entrevistado
ANFIR (Associação Nacional de Fabricantes de Implementos Rodoviários) e Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)

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contato@anfir.org.br
sobratema@sobratema.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção digital não está no dia a dia de 87% das empresas

Apesar de terminologias como construtechs, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, impressão 3D, robótica, BIM, IoT, drones e Construção 4.0 estarem cada vez mais presentes entre os assuntos que circundam a construção civil, o dia a dia das empresas do setor ainda é bem diferente no Brasil. Pesquisa do Portal AECweb mostra que 87% das construtoras, escritórios de engenharia e arquitetura, empreiteiras e incorporadoras não usam ou utilizam minimamente os processos de construção digital.

Para 32% dos que participaram da pesquisa, email e WhatsApp é o máximo que as aproxima do mundo digital. Por outro lado, o levantamento detectou que a pandemia está levando um número maior de empresas a buscar ferramentas que as conectem com a modernidade. No entanto, a adaptação não virá da noite para o dia. Algumas admitem prazos de 2 anos a 3 anos para aderirem a processos de construção digital. Entre os entraves, as empresas citaram os seguintes:

1. As novas soluções têm preço elevado (23,5%)
2. Faltam habilidades e conhecimento adequado aos funcionários (18,4%)
3. A direção da empresa não tem cultura digital (17,4%)
4. São muitas soluções, existe um software para cada assunto (15%)
5. Falta de tempo para dedicar à implantação (13,2%)
6. As novas soluções são muito difíceis de implantar (6,5%)
7. É muito difícil adequar os processos atuais (6%)

Entre as empresas em processo de transformação digital, o BIM é a ferramenta mais usada

Para 58% das empresas que atuam em projetos ou diretamente nos canteiros de obras, o BIM é ferramenta indispensável Crédito: BIM
Para 58% das empresas que atuam em projetos ou diretamente nos canteiros de obras, o BIM é ferramenta indispensável
Crédito: BIM

De acordo com o levantamento, 13% das empresas entrevistadas já se consideram digitalizadas e utilizam os meios digitais em todos os seus processos. Para elas, os principais benefícios dentro do canteiro de obras são: planejamento e controle (32%), gestão operacional e de processos (32%), integração entre escritório e obra (18%) e controle de custos (18%). Entre as ferramentas que os entrevistados citaram, o BIM é utilizado por 58%. Em seguida, vêm drones (9%) e Realidade Aumentada (9%).

Para aquelas empresas que admitem aderir a processos de construção digital entre 2 anos e 3 anos, a maioria (28%) pretende começar pelos projetos. Depois, planejamento (21%) e administração (18%). O objetivo é conseguir aumento de produtividade (26%), automatização dos processos (22%) e redução de custos (21%). Atualmente, as construtoras e os escritórios de engenharia são os mais conectados com a era digital. Para 35%, essa é uma transformação irreversível.

Quanto a usar a construção digital para superar os efeitos da pandemia sobre a construção civil, 54% dos entrevistados admitiram que “sem a transformação digital será muito difícil se recuperar da crise”. Para 30%, será “impossível se recuperar da crise” e 16% disseram que a transformação digital “não é importante para se recuperar da crise”. Em recente debate sobre construção digital, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) José Carlos Martins, fez a seguinte constatação: “Hoje, quem não interage digitalmente perde espaço. Não é questão de luxo, mas de sobrevivência.”

O levantamento da AECweb ouviu 500 empresas durante o mês de agosto. Confira a íntegra da pesquisa.

Entrevistado
Reportagem com base no relatório da pesquisa “A transformação digital na construção civil”

Contato
contato@aecweb.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330