Premiado, “Rodoanel australiano” é executado em 3 anos

Com 41 quilômetros, Toowoomba Second Range Crossing começou a ser construído em 2016 e foi inaugurado em 2019 Crédito: Departamento de Transporte de Queensland
Com 41 quilômetros, Toowoomba Second Range Crossing começou a ser construído em 2016 e foi inaugurado em 2019
Crédito: Departamento de Transporte de Queensland

O Toowoomba Second Range Crossing é um anel rodoviário com 41 quilômetros de extensão, cujas obras começaram em abril de 2016 e foram inauguradas em setembro de 2019. Ele tira o tráfego pesado da área urbana de Toowoomba, cidade do estado de Queensland, na Austrália. O trecho rodoviário conta com 30 estruturas de pontes e viadutos, entre outras obras de arte. A complexidade do projeto e sua execução em tempo considerado recorde renderam o prêmio ENR Global Best Project Awards - o Oscar da engenharia de infraestrutura -, no segmento “rodovia e mobilidade urbana”.

Além de desviar o tráfego de quase 25 mil veículos por dia do perímetro urbano de Toowoomba, o novo trecho rodoviário australiano encurtou o percurso em 40 minutos em direção ao porto de Brisbane. A um custo de 1,6 bilhão de dólares, a obra conta com duas pistas, cada uma com duas faixas e acostamento, 2 rampas de emergência para caminhões, conexões com outras rodovias e 6 trincheiras para passagens de trens. Todo veículo pesado que for na direção de Toowoomba é obrigado a desviar pelo anel viário, que conta com apenas uma praça de pedágio ao longo de todos os 41 quilômetros.

Comparativamente, o Toowoomba Second Range Crossing equivale ao Rodoanel da cidade de São Paulo, cujas obras iniciaram em 1998 e ainda não foram 100% concluídas. Falta a alça norte, que começou a ser executada em 2013 e cuja previsão de término é 2023, a um custo de 9,7 bilhões de reais. Quando foi lançado, há 22 anos, o anel viário que tira o tráfego pesado da capital paulista estava orçado em 9,9 bilhões de reais. Atualmente, a obra não será finalizada por menos de 26 bilhões, contando os trechos oeste, sul e leste, já concluídos.

Obras do trecho norte do Rodoanel de São Paulo-SP serão retomadas em 2021

Obviamente, o Rodoanel paulistano é uma obra mais complexa que o “Rodoanel australiano”. Sua extensão é de 176,5 quilômetros, desviando um fluxo diário de 193 mil veículos pesados do perímetro urbano de São Paulo-SP. Quando estiver totalmente executado, o anel viário vai interligar 14 rodovias ao longo de seus quatro trechos. Também é superlativa a quantidade de obras de arte especiais e volume de concreto. Só o trecho sul - o maior de todos, com 57 quilômetros - tem 134 pontes, viadutos, passagens inferiores e superiores, que consumiram 348 mil m3 de concreto pré-moldado. Outros 458 mil m3 estão no pavimento de concreto que reveste o complexo rodoviário.

Trecho norte do Rodoanel de São Paulo-SP: obras começaram em 2013 e previsão é que sejam concluídas em 2023 Crédito: Artesp
Trecho norte do Rodoanel de São Paulo-SP: obras começaram em 2013 e previsão é que sejam concluídas em 2023
Crédito: Artesp

O trecho leste, com 43,5 quilômetros, consumiu 550 mil m3 de concreto, dos quais quase 45 mil m3 foram empregados no túnel Santa Luzia, a obra de arte mais complexa do percurso. O traçado também conta com 16 quilômetros de pista elevada. Já o trecho oeste - o primeiro a ficar pronto, em 2002 - tem 32 quilômetros, dos quais 75% são em pavimento rígido. O percurso consumiu 120 mil m3 de CCR (concreto compactado a rolo) e 230 mil m3 de revestimento em concreto para o tráfego de veículos.

O trecho norte, com 44 quilômetros, é o que terá o maior número de obras de arte, por cruzar setores urbanizados e áreas de proteção ambiental, entre elas a Serra da Cantareira. Serão 14 túneis, 44 pontes e 63 viadutos. As obras estavam paralisadas desde 2018 e serão retomadas em fevereiro de 2021, segundo o governo de São Paulo. Nesse percurso, o pavimento de concreto estará limitado aos trechos dos túneis.

Entrevistado
Departamento de Transporte de Queensland, na Austrália (via assessoria de imprensa)
DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S/A (via assessoria de imprensa)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Investimento em obras pode superar 1 trilhão em 10 anos

Segundo declaração do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, se o Brasil fizer a “lição de casa” terá condições de captar até 1,3 trilhão de reais para investimento em obras, nos próximos 10 anos. O que está faltando, de acordo com o próprio ministro, é o país apresentar uma carteira de projetos robusta para atrair o capital que está disposto a investir – sobretudo, o internacional.

Ao participar de live no evento “Incorpora 2020”, Marinho listou as áreas que tendem a atrair mais recursos até 2030. São saneamento básico (700 bilhões de reais), mobilidade urbana (300 bilhões) iluminação pública (30 bilhões) e setor ferroviário (30 bilhões), além do Casa Verde e Amarela, infraestrutura rodoviária e infraestrutura hídrica. “Vencida a pandemia, não tenho dúvidas de que a construção será o carro-chefe para a retomada do crescimento”, diz Marinho.

Expectativa é de que marco legal do saneamento básico tenha potencial multiplicador em toda a cadeia produtiva da construção civil Crédito: Ministério do Desenvolvimento Regional
Expectativa é de que marco legal do saneamento básico tenha potencial multiplicador em toda a cadeia produtiva da construção civil
Crédito: Ministério do Desenvolvimento Regional

O ministro do Desenvolvimento Regional destacou no evento que o marco legal do saneamento básico, sancionado em julho de 2020, só precisa que o Congresso Nacional vote os 18 vetos da Presidência da República para efetivamente começar a valer no país. Rogério entende que esse grande gerador de obras irá mexer com toda a cadeia produtiva da construção civil. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirmam a tese do ministro.

Para alcançar a universalização do saneamento até 2033, o país precisa investir 753 bilhões de reais. Significa que de cada R$ 1 real investido há um retorno de R$ 2,50 reais para a economia, dos quais R$ 0,76 centavos diretamente para a construção civil. “Há um potencial multiplicador muito grande para a nossa economia a partir do saneamento”, ressalta Ilana Ferreira, superintendente técnica da ABCON (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto).

Setor voltado para grandes obras de infraestrutura teme falta de mão de obra

Segundo o economista Igor Rocha, diretor de planejamento e economia da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o marco do saneamento, de fato, tem grande potencial para impulsionar obras de infraestrutura no Brasil. Porém, ele faz uma análise mais realista do potencial da lei. “Acho que não atingiremos os estimados 700 bilhões de reais até 2033. Avalio que o volume de investimento ficará na metade disso, por volta de 300 bilhões de reais em 10 anos, o que já é muito. Isso daria uma média de 30 bilhões de reais por ano. Significa o dobro do investimento atual, que beira os 14 bilhões de reais por ano”, avalia.

Prevendo grande demanda de obras, a Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), que acompanha o mercado de máquinas e equipamentos para construção e mineração, estima crescimento do setor acima de 30% em 2020. “O pessoal passou o ano comprando máquinas, se preparando para a perspectiva de grande demanda por obras nos próximos 5 anos”, revela Eurimilson Daniel, vice-presidente da associação. O dirigente afirma que o aquecimento só não é maior porque a indústria não está conseguindo repor os estoques para pronta-entrega.

A avaliação dos organismos voltados para grandes projetos de infraestrutura é de que, além do mercado de máquinas e equipamentos, a mão de obra também comece a faltar nos próximos anos. “O mercado nacional não conseguiu qualificar trabalhadores e não será surpresa se houver a necessidade de importar mão de obra quando os projetos começarem a sair do papel”, estima Igor Rocha.       

Entrevistado
Reportagem com base na participação do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, dentro da Incorpora 2020 e no webinar M&T Expo, com o tema “As perspectivas do governo para infraestrutura na retomada da economia”

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Avenida híbrida em Vitória-ES é modelo à mobilidade urbana

Na recente edição da PavingExpo, que aconteceu virtualmente por causa da pandemia de COVID-19, o painel “Competitividade do Pavimento de Concreto” apresentou detalhes do projeto que fez com que a Avenida Vitória, em Vitória-ES, se transformasse em modelo para a readequação da mobilidade urbana em metrópoles brasileiras. A requalificação da via de 2,6 quilômetros contou com tecnologia inédita, como o escaneamento de 100% do percurso, a fim de aferir o IRI (International Roughness Index [Índice de Irregularidade Internacional]). Isso determinou que ela poderia ser concebida em conceito híbrido, com duas faixas de asfalto e uma terceira com pavimento de concreto para o tráfego exclusivo de ônibus.

Avenida Vitória incorpora conceitos atuais de mobilidade urbana: ciclovia no canteiro central, pista de concreto para ônibus e calçada cidadã, no nível da rua Crédito: Divulgação
Avenida Vitória incorpora conceitos atuais de mobilidade urbana: ciclovia no canteiro central, pista de concreto para ônibus e calçada cidadã, no nível da rua
Crédito: Divulgação

A faixa com pavimento rígido recebeu barras de transferência em sua estrutura e foi dimensionada com espessura de 22 centímetros, além de receber geogrelha de reforço do subleito. Apesar do acréscimo de 4,5% no custo do m2, isso garante à via uma vida útil de 20 anos, com baixíssimo custo de manutenção. Também houve a opção pelo modelo de pavimentação com placas de 1,67 m x 1,67 m cada uma. Esse tipo de pavimento é consagrado no Chile, na Argentina, no Uruguai, na Colômbia e no México, onde chega a representar 40% da malha viária urbana. Porém, a experiência na capital do Espírito Santo foi pioneira no Brasil, já que a tecnologia foi implementada pela primeira vez em uma via estrutural de uma metrópole.

Case mostra competitividade do pavimento de concreto para vias urbanas

A obra de remodelagem da Avenida Vitória também ganhou uma ciclovia de pavimento rígido em seu canteiro central, além de calçadas no nível da rua, como recomendam os novos conceitos de mobilidade urbana. A readequação do trecho custou 20 milhões de reais, sem nenhum tipo de aditivo extra, e o cronograma da obra durou 10 meses - 1 mês a menos do previsto no projeto de execução. A obra foi entregue no dia 8 de setembro deste ano, no aniversário de Vitória-ES, e contou com a consultoria da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Segundo o engenheiro civil Kleber Pereira Machado, diretor-presidente da empreiteira que executou a obra, a Avantec Engenharia, o case é um divisor de águas quando se fala em pavimento de concreto para vias urbanas.

O modelo bem-sucedido na Avenida Vitória será estendido para o trecho de 1 quilômetro da avenida Cézar Hilal - outra via com tráfego intenso de veículos em Vitória-ES. O painel “Competitividade do Pavimento de Concreto” trouxe detalhes da obra e a expectativa é de que a readequação fique pronta em 6 meses, a um custo de 16 milhões de reais. Segundo o projeto executivo, as intervenções preveem “reabilitação da malha asfáltica (2 vias), urbanização, nova drenagem, sinalização, ciclovia no canteiro central, pavimentação em concreto da via exclusiva para ônibus e calçadas acessíveis”. “Esse é um bom modelo do que o pavimento urbano de concreto pode fazer pelas cidades”, resumiu o moderador do painel, o engenheiro civil Valter Frigieri, diretor de planejamento e mercado da ABCP.

Entrevistado
Reportagem com base no painel “Competitividade do Pavimento de Concreto”, realizado dentro da programação da PavingExpo 2020

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Construção supera pandemia e se destaca em emprego formal

Agronegócio e construção civil são os únicos setores da economia brasileira que, após 8 meses de pandemia de COVID-19, mantêm o nível de emprego formal em viés de alta. Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) publicados dia 30 de setembro, em 2020 a construção já gerou um saldo positivo de 58.464 vagas. Ou seja, mais contratou do que demitiu trabalhadores com carteira assinada. Já o agronegócio tem um saldo de 98.320 postos de trabalho.

Por enquanto, agosto é o mês com melhor desempenho da construção civil. O setor gerou 50.489 novas vagas e as projeções indicam que os números do Caged para os últimos meses de 2020 devem se manter positivos. Com os resultados até o momento, o total de trabalhadores com carteira assinada na construção civil chega a 2 milhões e 225 mil e atinge o maior patamar do ano. Segundo as estatísticas, o volume de geração de empregos para o mês de agosto foi a melhor desde 2010.

Os dados específicos sobre a abertura de vagas na construção civil, trazidos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, mostram que as obras de infraestrutura voltam a impulsionar a geração de empregos. Pela primeira vez em 2 anos, o segmento criou mais oportunidades que os empreendimentos imobiliários: 20.546 contra 17.044, em agosto. Já os serviços especializados empregaram 12.899 trabalhadores. Isso teve reflexo também na geração de empregos da indústria da construção. A abertura de vagas avançou 1,9%, em média.

No Paraná, construção civil lidera volume de novos empregos em 2020

Desempenho da construção civil em 2020 faz com que setor empregue um total de 2 milhões e 225 mil trabalhadores com carteira assinada Crédito: Agência Fiep
Desempenho da construção civil em 2020 faz com que setor empregue um total de 2 milhões e 225 mil trabalhadores com carteira assinada
Crédito: Agência Fiep

De acordo com os dados de agosto do Caged, todas as regiões do país apresentaram números positivos na construção civil. Destaque para a região sudeste, onde o volume de vagas criadas no setor chega a 21.714. Em seguida, vem a região nordeste, com 13.464 vagas; a região norte, com 5.590 novos postos; a região sul, com 5.174 vagas, e a região centro-oeste, 4.541. Em alguns estados, a construção civil está com desempenho melhor que o agronegócio em 2020. Como é o caso do Paraná, onde o setor tem saldo positivo de 12.536 vagas no ano, seguido pela indústria (6.041) e o agronegócio (3.798).

Para o economista da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) Evânio Felippe, os resultados da construção civil no estado são animadores. “O mercado de trabalho é um grande sinalizador de que a atividade produtiva está voltando a se movimentar com maior vigor. Essa retomada do emprego é gradual e está atrelada ao retorno da normalidade. A boa notícia é que mesmo setores fortemente impactados pela pandemia estão conseguindo abrir vagas, ou seja, há sinais de que aos poucos a economia retoma o ritmo e se movimenta com maior dinamismo a cada mês”, avalia.

Segundo dados nacionais do ministério da Economia, as atividades que mais abriram vagas na construção civil neste ano são as seguintes:
- Ajudantes de obras civis: 37.565.
- Trabalhador em estruturas de alvenaria: 10.215.
- Montador de estruturas de madeira, metal e compósitos em obras civis: 6.534.
- Operador de máquinas de terraplenagem e fundações: 4.150.

Entrevistado
Ministério da Economia (via assessoria de imprensa)
Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) (via assessoria de imprensa)

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imprensa@economia.gov.br
imprensa@sistemafiep.org.br

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Concreto estrutural com agregados reciclados: é possível?

Pesquisas que acontecem simultaneamente no Reino Unido, na Alemanha, na Suíça e na Índia buscam um concreto com bons índices de fck (resistência característica do concreto à compressão), capaz de ser utilizado em estruturas e fundações, mas que seja composto por maior porcentagem de agregados reciclados. Os estudos não pretendem substituir o Cimento Portland, mas torná-lo mais sustentável, fruto do coprocessamento (uso dos resíduos industriais e agrícolas), das pozolanas (inclusive cinzas volantes), das escórias de alto-forno e de um consumo menor de energia para ser produzido. Consequentemente, emitirá menor volume de CO2, o que lhe renderá o título de “cimento verde”.

Os avanços nesse sentido já impactam normas técnicas em países europeus. Um exemplo é a Alemanha, onde o comitê de concreto estrutural (DAfStb) está propenso a rever diretrizes. Principalmente, a que prescreve um limite de 45% na proporção de agregado reciclado para a produção de concreto estrutural. O que leva a essa mudança são os resultados dos testes ocorridos no ano passado, na Suíça. Pesquisadores conseguiram um concreto de 28 MPa com 90% de agregados reciclados. O estudo resultou no livro “Manual de Reciclagem: Construção como Fonte de Materiais” (Manual of Recycling: Building as Sources of Materials), publicado em 2019.

No Reino Unido, os testes foram além. Parceria entre a Universidade de Bath e a Goa Engineering College, da Índia, obteve um material com fck de 54 MPa, segundo estudo publicado na revista Construction and Building Materials. Em sua composição, o concreto utilizou 45% de brita reciclada e 30% de areia de plástico, além de cimento verde, que nada mais é que um Cimento Portland que gera menor emissão de CO2 e consome menos quantidade de energia para ser produzido. Isso é conseguido através da substituição parcial do clínquer.

Custo ainda restringe novos materiais a nichos de mercado

O professor-doutor do departamento de arquitetura e engenharia civil da Universidade de Bath, Richard Ball, explica para onde irá caminhar a pesquisa, principalmente no que se refere ao uso de areia de plástico. “Estamos aprofundando estudos sobre o tipo de plástico e o tamanho e forma das partículas. Quando identificarmos as propriedades mais favoráveis poderemos aumentar as adições sem comprometer as propriedades do concreto. Há também fatores importantes, como a reologia da mistura úmida, durabilidade ambiental e desempenho", cita.

O custo de um concreto estrutural com altos percentuais de agregados reciclados, e que ainda é uma exclusividade dos laboratórios, obviamente está fora da atual realidade do mercado. O próprio “cimento verde” esbarra no preço de produção. Da mesma forma que reduz a pegada de carbono em até 40%, um saco de 50 quilos pode custar o dobro do que é cobrado pela mesma quantidade de Cimento Portland convencional. Por isso, trata-se de material ainda restrito a nichos, apesar de os seus incentivadores estarem de olho em um mercado futuro - no caso, 2050. O mesmo ocorre com a areia de plástico.

Dos agregados reciclados, o único que já é realidade é a brita a partir de resíduos de concreto armado demolido. Só nos Estados Unidos, de acordo com a Associação de Reciclados da Construção (Construction & Demolition Recycling Association) 25% da brita usada em obras não-estruturais vêm da reciclagem. A aplicação é maior no subleito de rodovias secundárias com baixo tráfego de veículos pesados, na estabilização do solo, como camada para assentar tubulações e em artefatos pré-fabricados para mobilidade urbana e paisagismo. No Brasil, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o reaproveitamento ainda é baixo - em torno de 2% a 3%.

Entrevistado
Comitê Alemão de Concreto Armado
Departamento de arquitetura e engenharia civil da Universidade de Bath
Associação de Reciclados da Construção dos Estados Unidos

Contato
info@dafstb.de
ace@bath.ac.uk
info@cdrecycling.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Aeroporto de Porto Alegre ganha Oscar da engenharia

A expansão do aeroporto de Porto Alegre-RS foi a única obra brasileira a entrar na edição 2020 do ENR Global Best Project Awards - o Oscar da engenharia de infraestrutura. Privatizado em 2017, o terminal aéreo da capital gaúcha atualmente tem como concessionária a alemã Fraport. A reforma começou em 2018 e vai se estender até 2021. O projeto foi contemplado com o prêmio de honra ao mérito no segmento aeroporto e porto.

A Fraport, concessionária do aeroporto de Porto Alegre-RS, entregou o novo terminal de passageiros em novembro de 2019 Crédito: ministério da Infraestrutura
A Fraport, concessionária do aeroporto de Porto Alegre-RS, entregou o novo terminal de passageiros em novembro de 2019
Crédito: ministério da Infraestrutura

A primeira etapa da ampliação do Salgado Filho foi executada sem interferir na operação normal do aeroporto, e entregue em novembro de 2019. A obra é de responsabilidade do consórcio HTBM - formado pelas empresas HTB, TEDESCO e Barbosa Mello -, com projeto da Pöyry, um dos braços do grupo de engenharia sueco AFRY. O pacote deu maior capacidade ao terminal de passageiros e agregou um novo edifício-garagem ao estacionamento.

A segunda etapa irá se concentrar na extensão da pista, que atualmente tem 2.280 metros e ganhará mais 920 metros, para chegar a 3,2 quilômetros. O principal impacto da ampliação do pavimento é que ele permitirá a aterrisagem de aeronaves de grande porte para o transporte de cargas. O investimento previsto é de 1 bilhão e 800 milhões de reais, com conclusão em dezembro de 2021.

Aeroporto Salgado Filho ganhou novo edifício-garagem, construído com elementos pré-fabricados de concreto Crédito: ministério da Infraestrutura
Aeroporto Salgado Filho ganhou novo edifício-garagem, construído com elementos pré-fabricados de concreto
Crédito: ministério da Infraestrutura

Essa fase da obra no Salgado Filho inclui melhorias nas vias de taxiamento com pavimento de concreto e a construção de cinco bacias para a captação de água das chuvas, além da construção de canais extravasores para conter as enchentes no entorno do aeroporto. Foram essas medidas de sustentabilidade que levaram ao reconhecimento da obra pela comissão julgadora do ENR Global Best Project Awards.

Em 2020, a premiação contemplou 30 projetos de 21 países. Os julgadores avaliam as obras dentro dos seguintes critérios: segurança do canteiro de obras, inovação, desafios à engenharia civil, qualidade do projeto e da execução e o impacto que a obra causa na comunidade local. O vencedor na categoria em que o aeroporto de Porto Alegre-RS foi contemplado com o prêmio de honra ao mérito foi a cidade inteligente de Colombo, construída na região portuária do Sri Lanka.


Veja as obras premiadas

Aeroporto e porto
Vencedor: cidade inteligente de Colombo, no Sri Lanka
Honra ao mérito: aeroporto de Porto Alegre, no Brasil

Ponte e túnel
Vencedor: ponte para pedestres sobre o rio Cisne, em Perth, na Austrália
Honra ao mérito: ponte Xin Shougang, em Pequim, na China

Educação e pesquisa
Vencedor: complexo médico de Macau, na China

Prédio público
Vencedor: consulado-geral dos Estados Unidos, na cidade de Matamoros, no México
Honra ao mérito: torre do ministério da tributação, localizada em Baku, no Azerbaijão
Honra ao mérito: anexo de escritórios de Amã, na Jordânia

Saúde
Vencedor: laboratório BioCork2, em Cork, na Irlanda
Honra ao mérito: Başakşehir Pine e Sakura City Hospital, localizados em Istambul, na Turquia

Edifício corporativo
Vencedor: filial do BEAC (Banque Des Etats de L'Afrique Centrale), em Bangui, na República Centro-Africana

Indústria
Vencedor: gasoduto de Basra, no Iraque
Honra ao mérito: sede da MeGlobal BOOKRAMEG, localizada em Freeport, Texas-EUA

Ferrovia
Vencedor: linha de metrô de Northwest, em Sydney, na Austrália
Honra ao mérito: linha 2 do metrô do Panamá, na Cidade do Panamá, no Panamá
Honra ao mérito: extensão da linha 7 do metrô de Pequim, na China

Recuperação urbana
Vencedor: urbanização da cidade de Cólon, no Panamá

Residência e hotel
Vencedor: Cantara Residences, em Petaling Jaya, na Malásia
Honra ao mérito: Four Seasons Astir Palace Hotel de Atenas, na Grécia

Varejo
Vencedor: Stantec Tower e JW Marriott, em Edmonton, no Canadá
Honra ao mérito: The Ridge & KL East Mall, em Kuala Lumpur, na Malásia

Rodovia e mobilidade urbana
Vencedor: Toowoomba Second Range Crossing, localizado em Toowoomba, na Austrália
Honra ao mérito: ciclovia do distrito de Changping, em Pequim, na China
Honra ao mérito: vias de acessibilidade de Iquique, no Chile

Construção Especializada
Vencedor: Grand Hall PVM, em Montreal, no Canadá

Esporte e entretenimento
Vencedor: VTB Arena, em Moscou, Rússia
Honra ao mérito: Kigali Arena, em Kigali, Ruanda

Saneamento e abastecimento
Vencedor: Al Mahsama Water Reclamation Plant, em Nova Ismailia, no Egito
Honra ao mérito: usina de dessalinização El Alamein, no Egito
Honra ao mérito: melhoria do sistema de abastecimento de água da cidade de Hyderabad, no Paquistão

  

Entrevistado
Revista Engineering News-Record, que promove anualmente o ENR Global Best Project Awards

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ENR.com@bnpmedia.com
imprensapoa@fraport-brasil.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Em 10 anos, Brasil vai precisar de 30 milhões de moradias

Pesquisa encomendada pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) mostra que nos próximos 10 anos o Brasil vai precisar atender uma demanda por 30,7 milhões de moradias. Quase metade (14,4 milhões) será para abrigar famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos. As famílias com renda até 3 salários mínimos vão demandar por 13 milhões de novos domicílios. Já aquelas com mais de 10 salários de renda familiar estimularão a construção de 3,7 milhões de habitações.

Déficit habitacional sofre redução de 1,5% e país carece de 7 milhões e 797 mil moradias. Crédito: Agência Brasil
Déficit habitacional sofre redução de 1,5% e país carece de 7 milhões e 797 mil moradias.
Crédito: Agência Brasil

O estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e coordenado pelo economista Robson Gonçalves, leva em consideração o crescimento da população brasileira e, consequentemente, das famílias até 2030. O levantamento faz projeções a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A previsão de que o país vai necessitar de 30,7 milhões de moradias está na estimativa de crescimento médio de 3% ao ano na formação de famílias.

O levantamento também revela que, entre 2017 e 2019, o déficit habitacional brasileiro teve redução de 1,5%. O país atualmente carece de 7 milhões e 797 mil unidades contra os 7 milhões e 918 mil de 2017. Para Robson Gonçalves, a construção civil tem papel importante no combate à falta de moradias. “A construção civil fez um excelente trabalho, apesar de todas as dificuldades. A participação do setor no processo de redução e, mais recentemente, de estabilização do déficit de moradias é notável e ganha contornos ainda mais significativos diante da taxa de formação de famílias no Brasil, que é alta”, destaca.

Em uma década e meia, construção de moradias superou formação de novas famílias

Segundo o economista, a queda do déficit habitacional só acontece porque, desde 2004, o volume de construções de moradias tem superado o de formação de famílias. “Se formos observar, nesse período (2004-2019) o crescimento médio do número de domicílios foi da ordem de 5,2% ao ano, enquanto a taxa de formação de famílias chegou a 4,7% ao ano. Então, o desempenho da construção civil é algo bastante significativo do ponto de vista social”, frisa Robson Gonçalves.

O Nordeste foi a região com a maior queda no déficit habitacional. A região passou de um déficit de 2 milhões e 800 mil moradias para 2 milhões e 300 mil. “A queda reflete o efeito das políticas públicas para a expansão de casas populares no país, com foco na redução do déficit para famílias mais pobres. É importante que o Estado brasileiro tenha acesso a esse tipo de informação para seguir subsidiando a construção de habitação popular no país”, afirma o presidente da Abrainc, Luiz Antônio França.

O único dado mais alarmante da pesquisa é que houve crescimento de 2,01% na categoria chamada “ônus excessivo com aluguel”. Significa que famílias sem casa própria, e com renda de até 3 salários mínimos, vêm comprometendo mais de 30% da renda mensal para locar uma moradia. Em 2019, essa situação abrangeu 3 milhões e 345 mil famílias diante de 3 milhões e 279 mil em 2017. Um dos objetivos do Casa Verde e Amarela, que ainda aguarda tramitação no Congresso para ser executado, é atacar esse problema.

Veja os dados completos da pesquisa.

Entrevistado
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias

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comunicacao@abrainc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Saiba quais são as gigantes do varejo da construção no Brasil

Três empresas multinacionais, grandes redes de São Paulo e comércios regionais com capilaridade nos estados do sul estão entre as 11 maiores do varejo da construção no Brasil. É o que aponta a recente edição do ranking sobre as 300 maiores do varejo brasileiro, organizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). A lista leva em consideração os dados de faturamento em 2019 - antes, portanto, da chegada da pandemia.

Essa é a 6ª edição do ranking e somente 11 empresas do varejo da construção aparecem na lista das 300. São elas, Leroy Merlin (França), Telhanorte/Saint-Goban (França), Quero-Quero Casa e Construção (Rio Grande do Sul), Sodimac (Chile), C&C (São Paulo), Todimo (Mato Grosso), BR Home Centers (Goiás), Balaroti (Paraná), Cassol (Santa Catarina), Redemac (Rio Grande do Sul) e Joli (São Paulo). Juntas, as gigantes do varejo da construção no Brasil alcançaram faturamento bruto de 15 bilhões e 441 milhões de reais no ano passado.

Ranking comprova que varejo da construção no Brasil ainda é dominado pelas empresas regionais Crédito: Banco de Imagens
Ranking comprova que varejo da construção no Brasil ainda é dominado pelas empresas regionais
Crédito: Banco de Imagens

No ranking geral das 300, que engloba todos os setores do varejo nacional, a Leroy Merlin aparece na 22ª colocação. “A presença bastante modesta do segmento de materiais de construção reflete a principal característica desse mercado brasileiro: sua pulverização. Além disso, a entrada de redes de grande porte é relativamente nova no cenário nacional, o que explica o fato de nenhuma delas estar no top 20 do ranking 300”, diz relatório da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.

Para a SBVC, apesar das multinacionais se destacarem entre as maiores do setor, o varejo da construção no Brasil ainda é dominado pelas empresas regionais. “A estrutura de capital fechado e o controle nacional são características do setor, apesar da liderança ser ocupada por duas empresas francesas e o grupo chileno Falabella, que no Brasil comanda a Sodimac, ser um player importante”, analisam os organizadores do ranking.

Transformação digital vai mexer com as estruturas do varejo brasileiro

Para o presidente da SBVC, Eduardo Terra, a pandemia de COVID-19 era o que faltava para o varejo em geral sofrer uma transformação digital de seus negócios, e que irá refletir no próximo ranking. No caso do setor de material de construção o dirigente faz a seguinte observação: “Se o e-commerce puro faz pouco sentido no varejo de materiais de construção, o setor avançará nos próximos anos em suas iniciativas omnichannel, incorporando tecnologia no PDV (Ponto De Venda) para aumentar a eficiência das operações e a lucratividade das empresas. O coronavírus chacoalhou o setor e acelerou a transformação digital das redes.”

Eduardo Terra acredita que no prazo de 5 anos será possível visualizar as alterações que a transformação digital causará no varejo brasileiro. “Em alguns anos, teremos a perspectiva necessária para enxergar todas as mudanças e detectar quem focou em entender seus consumidores, entregar melhores soluções e se tornar mais relevante. Essas empresas, com certeza, vão avançar mais rápido”, afirma.

Veja o ranking completo, com destaque para o setor da construção na página 74.

Assista ao vídeo que analisa os dados do ranking da SBVC

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Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo

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Megaobra futurista, metrô de Doha é 100% concluído

As 3 linhas do metrô de Doha vão interligar 6 estádios da Copa do Mundo de 2022 e permitirão conexões com outros 6 estádios Crédito: Qatar Rail
As 3 linhas do metrô de Doha vão interligar 6 estádios da Copa do Mundo de 2022 e permitirão conexões com outros 6 estádios
Crédito: Qatar Rail

As 3 linhas do metrô de Doha, capital do Catar, estão 100% concluídas. A Gold, liga leste e oeste da cidade; a Red, norte e sul, e a Green, com o noroeste da metrópole e cidades do entorno. As novas rotas vão conectar 6 estádios para a Copa do Mundo de 2022. Outros 6 estádios estão no interior do país e serão acessados por linhas de trem, que, por sua vez, se interligam com as novas linhas de metrô de Doha.

As obras começaram em 2013 e envolvem números superlativos, como o maior volume de concreto já consumido nos países árabes. Para as 3 linhas foram produzidos mais de 2,5 milhões de  de concreto, com fck variando entre 50 e 120 MPa. Em termos de comparação, o Burj Khalifa, que é o edifício mais alto do mundo, com 160 andares e 828 metros de altura, consumiu 330 mil  de concreto.

As 37 estações que integram o sistema do metrô de Doha foram construídas com elementos modulares parametricamente projetados Crédito: Qatar Rail
As 37 estações que integram o sistema do metrô de Doha foram construídas com elementos modulares parametricamente projetados
Crédito: Qatar Rail

A linha Gold, com 23,3 quilômetros de trechos em túneis, é a que consumiu maior volume de concreto. A rota exigiu a produção de aproximadamente 1 milhão de do material, incluindo 108.892 elementos pré-moldados para o revestimento das escavações. A segunda linha com mais escavações é a Green, que conta com 16,6 quilômetros de túneis e consumiu cerca de 850 mil  de concreto. Já a linha Red tem 11,6 quilômetros de túneis e necessitou de 725 mil  de concreto.

Somados os trechos subterrâneos, em nível e elevados, as 3 linhas do metrô de Doha abrangem 76 quilômetros e 37 estações, cuja arquitetura foi concebida pelo escritório holandês UNStudio. Para atender as demandas de cada estação, foram concebidos elementos modulares parametricamente projetados, a fim de que pudessem ser montados em uma grade triangular. “Assim, a estrutura de cada peça de concreto se adapta ao projeto de cada estação. Também foi criado um manual de design que aponta as muitas variantes possíveis que a montagem dos elementos proporciona”, explica o CEO do UNStudio, Ben van Berkel.

Inteligência Artificial substitui os condutores na pilotagem das composições

Peças pré-moldadas de concreto revestem os trechos em túnel do metrô de Doha, que consumiu mais de 2,5 milhões de m³ de concreto Crédito: Qatar Rail
Peças pré-moldadas de concreto revestem os trechos em túnel do metrô de Doha, que consumiu mais de 2,5 milhões de m³ de concreto
Crédito: Qatar Rail

Além de usar o que há de mais complexo em termos de construção industrializada, o metrô de Doha também é futurista por utilizar trens que são pilotados por um sistema de Inteligência Artificial, dispensando o uso de condutores. A tecnologia foi desenvolvida exclusivamente para a obra, através do consórcio Mitsubishi Heavy Industries (MHI), formado pela Mitsubishi Corporation, Hitachi, Kinki Sharyo e Thales. A ausência de mão de obra humana não se limita às composições. Não há guichês no metrô de Doha e a cobrança de tarifas é automatizada.

Após a Copa do Mundo de 2022, o Catar vai iniciar as obras da linha Blue do metrô. O trecho terá um percurso semicircular, unindo-se com a Gold, a Green e a Red. O custo estimado das 4 linhas é de 130 bilhões de euros. O plano é integrar o metrô de Doha com todas as linhas de trem de alta velocidade que partem do Catar em direção a Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait e Bahrein. O complexo, batizado de Ferrovia do Golfo, totaliza uma rede ferroviária com 2.177 quilômetros.

Assista ao vídeo de como funciona o metrô de Doha

Entrevistado
Qatar Rail Doha Metro (via assessoria de imprensa)

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Confiança da construção atinge maior patamar após pandemia

Os números de setembro de 2020 da Sondagem Indústria da Construção, divulgados dia 23 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostram que o Índice de Confiança do Empresário Industrial da Construção (ICEI-Construção) atingiu seu maior nível após a pandemia. Chegou a 56,7 pontos percentuais, registrando a quinta alta consecutiva.

A mais recente medição mostra que o ICEI-Construção se distancia de sua média histórica (53,5 pontos) e da linha divisória de 50 pontos, que separa confiança de falta de confiança. O índice também aponta que o empresário do setor ainda percebe o impacto da pandemia em seus negócios, mas nutre uma expectativa otimista com relação ao futuro, principalmente 2021.

A ponto de um item específico da sondagem - o Índice de Expectativa - ser superior ao do ICEI-Construção, atingindo 62 pontos percentuais. Esse Índice de Expectativa é formado por outros indicadores. Entre eles, o nível de expectativa para novos empreendimentos, que alcançou 56,1 pontos. Também há expectativa positiva pela compra de insumos e matérias-primas, com 55,6 pontos.

Confiança no setor da construção civil segue em alta pelo quinto mês seguido, após auge da pandemia de COVID-19 Crédito: CNI
Confiança no setor da construção civil segue em alta pelo quinto mês seguido, após auge da pandemia de COVID-19
Crédito: CNI

De acordo com a economista da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) Ieda Vasconcelos, o sentimento de confiança está maior e mais disseminado entre os empresários. “À medida que os indicadores mais positivos da economia são divulgados, os empresários ficam mais otimistas”, afirma.

O que o setor espera é que nas próximas sondagens a confiança se estenda ao indicador de emprego. Apesar de seguir em recuperação, após a forte queda registrada em abril, o índice ainda não atingiu a linha de 50 pontos. Na medição de setembro cresceu 2,7 em relação aos dados de agosto e alcançou 49,5 pontos.

Existe a expectativa de que a geração de emprego no setor siga em alta, pois o indicador Utilização da Capacidade Operacional (UCO) aumentou 2 pontos percentuais e chegou a 60. Esse índice mostra que a indústria da construção está disposta a ampliar a produtividade e, para isso, terá que buscar mais mão de obra - principalmente, a qualificada.

Aprovação de reformas garantirão sustentabilidade aos índices de confiança, diz CNI

Na avaliação da CNI, essa posição é uma tendência que deve se manter pelo menos no médio prazo. "Os empresários da indústria da construção mostram confiança cada vez maior e expectativas mais positivas para os próximos seis meses”, diz trecho da análise que acompanha a mais recente sondagem.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, para que essa confiança se torne sustentável e avance ao longo de 2021 são necessárias reformas estruturantes. “O Brasil precisa trabalhar um ambiente que favoreça o consumo, negócios e investimentos para sair da crise. É preciso criar um ambiente favorável para empresas estimularem a busca por recursos nacionais e internacionais, e isso passa pelas reformas tributária e administrativa, além da redução da burocracia e de maior segurança jurídica”, diz.

Por fim, o dirigente avalia que o país precisa pensar em como retomar o crescimento quando passar o auxílio emergencial. “O grande problema da pandemia para todos os países foi o desemprego. Com o auxílio emergencial houve uma movimentação importante na economia, promovendo, por exemplo, pequenas reformas e melhorias nos lares. Por outro lado, as medidas trouxeram desajuste fiscal e um grande aumento de gastos públicos. Temos que acreditar que ano que vem a economia vai voltar a crescer e que mais empregos serão gerados”, alerta.

Entrevistado
Reportagem com base no mais recente boletim da Sondagem Indústria da Construção, publicado pela Confederação Nacional da Indústria

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